E F E I T O S D E C A L A G E M E A D U B A Ç Ã O M I N E R A L E M S I R A T R O C U L T I V A D O E M S O L O D E C E R R A D O (1)
Luiz A. C. LOVADINI, EDUARDO A. BULISANI (2
) e HIPÓLITO A. A. MASCARENHAS (2
), Seção de Leguminosas, Instituto Agronômico
(') Trabalho apresentado na 29.a
Reunião Anual da SBPC, 6 a 13 de julho de 1977, São Paulo, SP. Recebido para publicação em 26 de dezembro de 1976.
(-) Com bolsa de suplemcntação do C N.Pq SINOPSE
São apresentados resultados de ensaio permanente de níveis de calcário, fósforo e potássio, conduzido durante três anos com siratro (Macroptüium atropurpureum D O , em latossolo vermelho-amarelo, fase arenosa, sob vegetação de cerrado.
Na produção de matéria seca foram observadas respostas apenas ao calcário e fósforo. O melhor tratamento foi 4,0 t de calcário em presença de 100 kg/ha de P205 e
60 kg/ha de K20, produzindo o máximo de matéria seca (21 t/ha) e maior quantidade de
proteína total (3137 kg/ha). O mesmo tratamento mostra a maior absorção de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio, nas quantidades de 502, 25, 340, 167 e 64 kg/ha respectivamente.
1 — I N T R O D U Ç Ã O E m 1958, Morris (11) levantou
a hipótese de que as leguminosas de clima temperado, p o r se desenvolve-rem em solos férteis, de altos valores de p H e ricos em cálcio, característi-cas próprias dos centros de origem, possuem baixo p o d e r de extração de nutrientes, particularmente de cálcio, que é altamente necessário a o fenô-meno da simbiose. As leguminosas forrageiras de clima tropical apresen-tam alta capacidade de extração de
nutrientes, por terem surgido e desen-volvido em solos ácidos e pobres. E m 1961, Andrew e Norris (1) compro-varam tal hipótese a o demonstrarem que a produção de matéria seca de leguminosas de clima temperado di-minuiu na ausência da aplicação de
es-tas últimas possuem a capacidade de extrair cálcio mesmo em solo com baixo teor desse elemento.
No Estado de São Paulo, Neme (9), Lovadini (7) e Lovadini e colab. (8), demonstraram efeito positivo da aplicação de calcário e de fósforo em soja-perene cultivada em solo sob vegetação de cerrado. Na Flórida, Snyder e Kretschmer Jr. (12) è Sny-der e colab. (13) observaram o efeito positivo de fósforo e calcário na pro-dutividade de matéria seca de siratro.
O propósito deste trabalho é avaliar as respostas de siratro ao calcário, fósforo e potássio em latos-solo vermelho-amarelo, fase arenosa de cerrado.
2 _ MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido em latossolo vermelho-amarelo, fase are-nosa sob vegetação de cerrado, locali-zado no Centro Experimental de Campinas e cuja análise química apresentou os seguintes resultados: pH 5,0; C 1,30%; e.mg/lOOml de T.F.S.A.: P04-3 0,02; K+ 0,24, Ca2+
+ Mg2+ 1,00 e Al3+ 1,00.
Utilizou-se o delineamento fato-rial 33 com confundimento de inte-rações tríplices e duas repetições. Os tratamentos consistiram de: calcário dolomítico, nas doses de 0, 1,5 e 4.0 t/ha: fósforo na forma de super-fosfato simples, nas doses de 0,50 e
10p kg/ha de P205, e potássio na
forma de cloreto de potássio, nas doses de 0, 40 e 60 kg/ha.
O calcário dolomítico (27% de CaO e 18% de MgO), aplicado 30 dias antes do plantio, foi distribuído sobre a área das parcelas e
incorpo-rado imediatamente. O fósforo e o potássio foram aplicados no sulco, na época do plantio.
Em 7 de dezembro de 1967 foi efetuado o plantio de siratro
(Ma-croptilium atropurpureum DC), no
espaçamento de 0,50 m entre linhas e colocando-se 1 g de sementes por metro linear. Cada parcela era posta de seis linhas de 3 m de com-primento, sendo consideradas como área útil as quatro linhas centrais.
Durante a condução do experi-mento foram executados cinco cortes para determinação de produção de matéria seca, em 15-1, 2-5, 27-11, 26-12-69 e 27-5-70. Esta determi-nação foi efetuada a 60°C, em estufa. Devido a dificuldades na análise química, foi selecionada apenas uma repetição dos seguintes tratamentos: a) testemunha; (b) 60 kg/ha de K20;
(c) 100 kg/ha de P205; (d) 1,5 t / h a
de calcário em presença de 50 kg/ha de P205 e 30 kg/ha de K20; (e)
4,0 t/ha de calcário; (f) 4,0 t / h a de calcário em presença de 100 kg/ha de P205 e 60 kg/ha de K20. Estas
amostras foram submetidas a moagem e posterior análise química para de-terminação de teores de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio, conforme a metodologia adotada por Bataglia e colab. (3).
3 — DISCUSSÃO DOS RESULTADOS E CONCLUSÕES
No quadro 1 encontram-se os resultados de produções obtidas por corte em função dos níveis de calcário dolomítico, superfosfato simples e cloreto de potássio.
produção de matéria seca. A dose de 1,51 e a testemunha foram se-melhantes. Quanto ao fósforo, a dose máxima foi superior à dose intermediária ou testemunha no pri-meiro e terceiro cortes e igual para segundo e quinto cortes. Para o po-tássio não foi apresentado nenhum efeito positivo na produção. As rea-ções para calcário, fósforo e potássio na produção de matéria seca coinci-dem com dados semelhantes aos obtidos por Snyder e Kretschemer Jr. (12) e Snyder e colab. (13) na
Fló-rida, Andrews e Robbins (3) na Aus-trália, e por Carvalho e colab. (4),
Jones e Freitas (5), Neme e Lova-dini (10) e LovaLova-dini e Bulisani (7) no Brasil.
No quadro 2 são apresentadas as produções de matéria seca obtidas em cinco cortes e as quantidades nelas contidas de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio para al-guns tratamentos previamente sele-cionados.
A maior produção observada e sistematicamente a maior absorção de nutrientes corresponderam ao tra-tamento com 4,01 de calcário em presença de 100 kg de P2O5 e 60 kg de K20 por hectare. Os tratamentos
P205 e 30 kg de K20/ha. O menor
valor de matéria seca foi obtido para 60 kg/ha de K20. Estes resultados
coincidem com os obtidos por Lova-dini e colab. (8), com soja-perene em solo semelhante.
No quadro 3 são apresentadas concentrações e quantidades de pro-teína produzida nos cinco cortes. A concentração média de proteína não apresenta grande variação segundo os tratamentos, mas existe diferença no primeiro corte apenas entre 4,0 t/ha de calcário e 4,01 de calcário em presença de 100 kg de P2O5 e 60 kg de K20/ha. Na produção
acumulada de proteína observa-se que o tratamento completo (4,01 de calcário em presença de 100 kg de P205 e 60 kg de K20/ha) produziu
65% a mais do que a testemunha; 26% a mais do que a aplicação de 4,01 de calcário, e 19% a mais do
que o tratamento com 100 kg de P2O5. No entanto, os efeitos isolados de superfosfato simples e calcário foram de 3 8 % e 3 1 % respectiva-mente a mais do que a testemunha.
Os trabalhos de Andrews e Norris (1) e Carvalho e colab. (4) têm
E F F E C T O F LIMING, P H O S P H O R U S AND P O T A S S I U M ON S I B A T R O CULTURE I N " C E R R A D O S O I L "
SUMMARY
Results a r e discussed of a t h r e e year e x p e r i m e n t o n levels of liming, p h o s p h o r u s a n d potassium with S i r a t r o (MajcroptUlium a t r o p u r p u r e u m DC) on a Red Yellow Latosol s a n d y phase u n d e r " c e r r a d o " vegetation.
Responses were observed for lime a n d phosphorus. T h e best t r e a t m e n t was 4.0t
of lime i n t h e presence of 100 k g of P205 (simple superphosphate) a n d 60 k g / h a of Ky)
(potassium chloride) w h i c h gave t h e m a x i m u m dry m a t t e r 2 1 t / h a , t h e h i g h e s t t o t a l protein 3137 k g / h a , a n d t h e greatest u p t a k e of nitrogen, phosphorus, potassium, calcium, a n d magnesium which were 502, 25, 340, 167 a n d 62 k g / h a respectively.
LITERATURA CITADA
1. ANDREWS, C. S. & N O R R I S , D. O. Comparative responses to calcium of five tropical a n d four t e m p e r a t e legumes. Aust. J. Agric. R e s e a r c h 12:40-55, 1961. 2 . ANDREWS, C. S. & R O B B I N S , M. F. T h e effect of potassium on growth a n d
chemical composition of some tropical a n d t e m p e r a t e legume. I - G r o w t h a n d critical p e r c e n t a g e n s of potassium. I I - P o t a s s i u m , calcium, magnesium, sodium,
nitrogen, phosphorus, a n d chloride. Aust. J . Agric. Res. 20:999-1007, 1949. 3 . BATAGLIA, O. C.; T E I X E I R A , J. P . F.; FURLANI, P . R. FURLANI, A. M. &
GALLO, J. R. Métodos de análise química de p l a n t a s , (a publicar)
4 . CARVALHO, M. M.; FRANÇA, G. E. de.; BAHIA F I L H O , A. F . C. & MOZER, G. L. Ensaios exploratórios de fertilização de seis leguminosas tropicais e m u m latossolo vermelho-escuro, fase a r e n o s a de cerrado. V R e u n i ã o L a t i n o Americana de
Rhizobium. Rio de J a n e i r o , 1970. (mimeo)
5 . J O N E S , N. B. & F R E I T A S , L. M. M. Respostas de q u a t r o leguminosas tropicais a fósforo, potássio e calcário n u m latossolo vermelho de campo cerrado. Pesq. agropec. bras. 5:91-99, 1970.
6. LOVADINI, L. A. C. C o m p o r t a m e n t o da soja perene (Glycine wightii Verdec.) e m solos ácidos, em função das variações d e pH, Al trocável e do fósforo aplicado como fosfato solúvel. Piracicaba, ESA. " L u i z de Queiroz". 1972, 94p. (Tese de doutoramento)
7. & BULISANI, E. A. Nutrição m i n e r a l da soja p e r e n e (Glycine wightii Verde). I-Ensaio de a d u b a ç ã o em solo de cerrado. B r a g a n t i a 30:125-134, 1971. & MASCARENHAS, H. A. A. Efeito de níveis d a calagem, fósforo e potássio n a p r o d u ç ã o de m a t é r i a seca de soja-perene (Glycine wightii Verde.) e m solos de cerrado. Rev. bras. ci. Solo, Campinas 1:31-34, 1977. 9. NEME, N. A. Adubos fostatados e calcário n a produção de forragem de soja-perene
(Glycine wightii) e n t e r r a roxa m i s t u r a d a . Anais do II Congresso I n t e r . de P a s t a g e n s . São P a u l o , D. P . A. 1:677, 1965.
10. & LOVADINI, L. A. C. Efelitos de adubos fosfatados e calcário n a produção de forragem d a soja-perene (Glycine javanica) e m t e r r a de cerrado. B r a g a n t i a 26:365-372, 1967.
11. N O R R I S , D. O. Lime i n t h e relation to t h e nodulation of tropical legumes. I n Hallsworth, E. C. ed. Nutrition of t h e legumes, 1958. p.164-182.
12. SNYDER, G. H. & K R E T S C H M E R , J r . A. E. Tropical l e g u m e response t o lime a n d superfosphate i n Oldswar fine sand. Soil a n d Crop Sci. Soc. of Fla. Proc.
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