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Efetividade dos exercícios em cadeia cinética aberta e cadeia cinética fechada no tratamento da síndrome da dor femoropatelar

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Academic year: 2017

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1. M estrando em Cirurgia – Departamento de Ortopedia e Traumatologia – FCM /Unicamp, Laboratório de Biomecânica e Reabilitação do Apare-lho Locomotor HC-FCM /Unicamp, Universidade Estadual de Campi-nas – Unicamp – CampiCampi-nas – São Paulo.

2. Professor Titular do Departamento de Ortopedia e Traumatologia – FCM / Unicamp, Chefe do Laboratório de Biomecânica e Reabilitação do Apa-relho Locomotor HC-FCM /Unicamp, Universidade Estadual de Campi-nas – Unicamp – CampiCampi-nas – São Paulo.

3. M estre em Cirurgia – FCM – Unicamp, Laboratório de Biomecânica e Reabilitação do Aparelho Locomotor HC-FCM /Unicamp.

4. Professor Doutor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia – FCM /Unicamp, Coordenador do Grupo de Cirurgia do Joelho – HC-FCM / Unicamp, Universidade Estadual de Campinas – Unicamp – Campinas – São Paulo.

Recebido em 10/5/05. Versão final recebida em 30/10/05. Aceito em 3/11/05.

Endereço para correspondência: Guilherme Lotierso Fehr, Rua João de Bortoli, 354, Jardim Flórida – 14026-330 – Ribeirão Preto, SP. Tel.: (16) 3911-1345. E-mail: guifehr@yahoo.com.br

Efetividade dos exercícios em cadeia cinética

aberta e cadeia cinética fechada no tratamento

da síndrome da dor femoropatelar

Guilherme Lotierso Fehr1, Alberto Cliquet Junior2, Ênio Walker Azevedo Cacho3 e João Batista de M iranda4

A

RTIGO

O

RIGINAL

Palavras-chave: Joelho. Eletromiografia. Exercício. Recuperação funcional. Keyw ords: Knees. Electromyography. Exercise. Functional recovery. Palabras-clave: Rodilla. Eletromiografia. Ejercicio. Recuperación funcional.

RESUMO

O objetivo deste estudo foi analisar os efeitos terapêuticos dos exercícios em cadeia cinética aberta (CCA) e cadeia cinética fe-chada (CCF) no tratamento da síndrome da dor femoropatelar (SDFP). Para tanto, 24 voluntários portadores de SDFP foram alea-toriamente divididos em dois grupos: grupo I (n = 12): realizou exercícios em CCA; grupo II (n = 12): realizou exercícios em CCF. Os grupos foram submetidos a oito semanas consecutivas de tra-tamento, que consistiu de três sessões semanais realizadas em dias alternados. Para análise dos padrões de ativação dos múscu-los vasto medial oblíquo (VM O) e vasto lateral (VL) os sinais ele-tromiográficos (EM G) foram adquiridos com eletrodos bipolares de superfície, quantificados pela raiz quadrada da média (root mean square – RM S) e normalizados pela contração isométrica voluntá-ria máxima do quadríceps. Por meio de escalas avaliou-se a inten-sidade da dor e funcionalidade dos voluntários. A análise dos valo-res da razão VM O/VL nos grupos I e II demonstrou que não houve diferenças significativas entre os tempos pré e pós-tratamento nas fases concêntrica (p > 0,05) e excêntrica (p > 0,05) dos exer-cícios em CCA e CCF. Apesar disso, o músculo VM O apresentou menor taxa de ativação em relação ao VL na fase excêntrica do exercício em CCF. Foram encontrados aumentos significativos na funcionalidade (p < 0,05) e redução da intensidade da dor (p < 0,05) entre os tempos pré e pós-tratamento em ambos os grupos, porém, o grupo II mostrou-se superior ao grupo I nestas duas va-riáveis. Os resultados deste estudo sugerem que, de acordo com as condições experimentais utilizadas, os exercícios em CCA e CCF não provocaram mudanças nos padrões de ativação EM G dos músculos VM O e VL; entretanto, promoveram melhora da funcio-nalidade e redução da intensidade da dor após oito semanas de intervenção, sendo que os exercícios em CCF foram superiores aos em CCA.

ABSTRACT

Effectiveness of the open and closed kinetic chain exercises in the treatment of the patellofemoral pain syndrome

The aim of this study w as to analyze the therapeutic effects of the open kinetic chain (OKC) and closed kinetic chain (CKC) exercis-es to treat the patellofemoral syndrome (PFSD). For this, 24 volun-teers, bearers of the PFSD w ere randomly divided in tw o groups: group I (n = 12) performed the OKC exercises; group II (n = 12) performed the CKC exercises. Both groups w ere submitted to eight consecutive w eeks of treatment consisting of three w eekly ses-sions performed in alternate days. To analyze the activation pattern of the vastus medialis oblique (VM O) and the vastus lateralis (VL) muscles, the electromyographic signals (EM G) w ere collected us-ing bipolar surface electrodes quantified by the root mean square (RM S) normalized by the maximal voluntary isometric contraction of the quadriceps. The pain intensity and the functionality of the volunteers were assessed using scales. The analysis of the amounts of the VM O/VL ratio in both groups I and II show ed no significant differences as to the pre- and post-treatment times in the concen-tric (p > 0.05) and eccenconcen-tric (p > 0.05) phases of the OKC and CKC exercises. Despite of this, the VM O muscle presented a low er acti-vation rate compared to the VL in the eccentric phase of the CKC exercise. It w as found significant increases in the functionality (p < 0.05), and a reduction in the pain intensity (p < 0.05) betw een the pre- and post-treatment times in both groups, but group II show ed higher amounts compared to group I in both variables. The results found in this study suggest that according to the conditions of the trial, the OKC and CKC exercises provoke no changes in the pat-terns of the EM G activation in the VM O and VL muscles. How ever, they promoted an improvement in the functionality and a reduction in the pain intensity after the eight w eek intervention, and the CKC exercises presented better performances than OKC exercises.

RESUMEN

La efectividad de los ejercicios en cadena cinética abierta y la cadena cinética cerrada en el tratamiento del síndrome femo-ropatelar de dolor

(2)

seña-les electromiográficas (EM G) adquiridas con los electrodos bipola-res de superficie, cuantificaron por la raíz cuadrada del promedio (la raíz el cuadrado – RM S) y se normalizó por el máximo de la reduc-ción isométrico voluntario del cuádriceps. A través de balanzas se evaluó la intensidad del dolor y la funcionalidad de los voluntarios. El análisis de los valores de la razón VM O/VL en los grupos I y II demostramos que no había diferencias significantes entre la veces de tiempos pre y post-tratamiento en las fases concéntricas (el p > 0,05) y excéntricas (el p > 0,05) de los ejercicios en CCA y CCC. A pesar de eso, el músculo VM O presentó un punto de activación más pequeño respecto a VL en la fase excéntrica del ejercicio en CCF. En ellos se encontraron aumentos significantes en la funcio-nalidad (p < 0,05) y en la reducción de la intensidad del dolor (p < 0,05) entre veces de tiempo y post-tratamiento en ambos grupos, sin embargo, el de grupo II se mostraron superiores al grupo I en estas dos variables. Los resultados de este estudio sugieren que, de acuerdo con las condiciones experimentales usadas, los ejerci-cios en CCA y CCC no provocaron los cambios en los modelos de activación EM G de los músculos VM O y VL, sin embargo, ellos pro-movieron mejora de la funcionalidad y reducción de la intensidad del dolor después de ocho semanas de intervención, y los ejerci-cios en CCC eran superiores al de en CCA.

INTRODUÇÃO

A síndrome da dor femoropatelar (SDFP) é afecção comum na prática ortopédica, acometendo principalmente atletas e adultos jovens. Sua etiologia permanece desconhecida; entretanto, o de-sequilíbrio de forças entre os músculos vasto medial oblíquo (VM O) e vasto lateral (VL), principais estabilizadores dinâmicos da patela, é considerado fator preponderante no surgimento dos sintomas. Esse desequilíbrio altera a cinemática patelar e contribui para o aumento das forças de reação e compressão femoropatelares(1).

Os padrões de ativação eletromiográfica (EM G) desses múscu-los têm sido amplamente investigados(2,3). Alguns autores apon-tam diminuição da atividade EM G do VM O em relação ao VL em indivíduos portadores de SDFP e buscam exercícios que promo-vam sua ativação seletiva(1,4).

Com a finalidade de recuperar o equilíbrio e função dos múscu-los extensores do joelho e restituir estabilidade à articulação, os exercícios em CCA e CCF têm sido empregados em programas de reabilitação dos distúrbios femoropatelares. Durante a realiza-ção de exercícios em CCA o músculo quadríceps femoral atua de forma isolada, favorecendo o aumento das forças de compressão femoropatelares(5). Os exercícios em CCF geram co-contração mus-cular e proporcionam maior estabilidade artimus-cular, além de repro-duzirem movimentos funcionais comumente executados nas ati-vidades de vida diária(6).

Apesar da crescente predileção aos exercícios em CCF e desu-so dos exercícios em CCA no tratamento de indivíduos acometi-dos pela SDFP, são escassos relatos científicos que demonstram qual método é mais eficaz quando empregado na forma de treina-mento muscular.

O objetivo deste estudo foi analisar o efeito terapêutico dos exercícios em CCA e CCF na intensidade da dor e função femoro-patelar em portadores da SDFP. Para tanto, foram avaliados os padrões de ativação EM G dos músculos VM O e VL, intensidade da dor e funcionalidade dos participantes.

M ÉTODOS Casuística

Participaram do estudo 24 voluntários (17 mulheres e sete ho-mens) portadores da SDFP. Os critérios de inclusão adotados fo-ram: dor no joelho de início insidioso há mais de dois meses, in-tensidade da dor maior que três e menor que oito na escala análoga

visual (EAV) e relato de dor ou desconforto ao menos em duas das seguintes situações: subir e descer escadas, ajoelhar, correr, aga-char e permanecer sentado por tempo prolongado. Foram excluí-dos do estudo indivíduos que apresentaram sinais ou sintomas de qualquer outra doença na articulação do joelho.

O estudo foi conduzido segundo a Resolução 196/96 do Conse-lho Nacional de Saúde e obteve aprovação do comitê de ética em pesquisa com seres humanos da Faculdade de Ciências M édicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os voluntários assinaram termo de consentimento livre e esclarecido também aprovado por este comitê.

Os voluntários foram aleatoriamente distribuídos, através de sorteio, em dois grupos denominados grupo I (n = 12) e grupo II (n = 12), como mostra a tabela 1.

TABELA 1

Dados antropométricos dos grupos I e II

Grupo I (N = 12) Grupo II (N = 12)

M édia D.P. M édia D.P. P

Idade 022,50 ± 2,94 023,83 ± 2,62 0,23 Peso 067,00 ± 5,51 68,4 ± 4,46 0,77 Altura 167,0 ± 3,81 168,20 ± 3,56 0,39 IM C 024,01 ± 1,71 024,23 ± 1,94 0,54 Legenda: Grupo I: tratamento com exercícios em CCA; grupo II: tratamento com exercícios em CCF.

Programas de intervenção

O protocolo de tratamento consistiu de três sessões de fisiote-rapia semanais durante oito semanas, realizadas em dias alterna-dos. A tabela 2 apresenta os exercícios que fizeram parte dos pro-gramas para os grupos I e II. Para realização dos exercícios isométricos em CCA e CCF foram efetuadas quatro séries de 10 repetições e cada repetição sustentada por oito segundos segui-da de um minuto de descanso. Para os exercícios isotônicos em CCF (pressão das pernas a 45 graus) e CCA (mesa flexo-extenso-ra), inicialmente foi avaliada qual a repetição máxima (RM ) do qua-dríceps femoral (QF) de cada participante e então efetuadas três séries de 10 repetições, sendo a primeira série com 20% , a se-gunda com 40% e a terceira com 60% da RM .

Os exercícios em CCA foram realizados com ADM do joelho compreendida entre 90 e 50 graus de flexão (considerando zero grau a extensão completa do joelho). Para os exercícios em CCF a ADM do joelho foi de zero a 50 graus de flexão (considerando zero grau a extensão completa do joelho). Estes critérios foram adota-dos de acordo com os trabalhos de Steinkamp et al.(7) e Escamilla et al.(8), que sugeriram estas angulações como mais seguras para execução de exercícios em CCA e CCF.

Com intuito de avaliar isoladamente os efeitos do treinamento muscular, os voluntários foram instruídos a não realizar atividades envolvendo exercícios de flexibilidade ao longo do período de tra-tamento(9).

TABELA 2

Protocolos de intervenção para os grupos I e II

Grupo I (N = 12) Grupo II (N = 12)

Isométrico de quadríceps Isométrico de quadríceps com joelho a 90°* com joelho a 20°* * Isométrico de quadríceps Isométrico de quadríceps com joelho a 70°* com joelho a 40°* *

Isométrico de quadríceps Semi-agachamento (0 a 50 graus) com joelho a 50°*

M esa flexo-extensora (90 a 50 graus) Pressão das pernas (0 a 50 graus)

Legenda: Grupo I: tratamento com exercícios em CCA; grupo II: tratamento com exercícios em CCF.

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Dor e funcionalidade

Com escopo de mensurar a intensidade da dor em repouso e durante atividades funcionais foram aplicadas respectivamente a EAV e escala de Kujala(10,11).

Avaliação eletromiográfica

A atividade elétrica dos músculos VM O e VL foi obtida por meio de um eletromiógrafo M yosystem 2000 (Noraxon, Scottsdale, Ari-zona) de oito canais. O mesmo apresenta razão de rejeição em modo comum de 114dB, impedância de entrada entre 20MΩ e 1GΩ e largura de faixa entre 16 e 500Hz. Os sinais eletromiográfi-cos foram coletados a uma freqüência de 1.000Hz através do pro-grama de aquisição de dados M yoResearch versão 2.10 (Nora-xon, Scottsdale, Arizona). Esses sinais foram armazenados em um computador para posterior visualização e análise. Para captação da atividade elétrica dos músculos foram utilizados eletrodos bi-polares de superfície constituídos de Ag/AgCl (Duo-Trode, M yo-tronics Inc.) e com distância entre os sítios de detecção igual a dois centímetros. Os eletrodos sobre os músculos VM O e VL fo-ram fixados sobre o ventre muscular e orientados a 55 e 15 graus em relação ao eixo longitudinal do fêmur, respectivamente(12,13). Um eletrodo de referência (terra) foi fixado na tuberosidade da tíbia. Para reproduzir a mesma posição dos eletrodos na avaliação eletromiográfica realizada após o programa de tratamento foram aferidas a distância e angulação entre os mesmos e o centro da patela. Dessa forma, os valores obtidos inicialmente para cada voluntário foram anotados e repetidos na avaliação final.

O controle da variação angular do joelho durante a realização dos exercícios foi realizado com um eletrogoniômetro de duplo eixo NorAngle (Noraxon, Scottsdale, Arizona) acoplado ao módulo condicionador de sinais eletromiográficos. Para sua fixação utiliza-ram-se duas hastes plásticas que foram posicionadas nas regiões lateral da coxa (haste superior) e lateral da perna (haste inferior) dos voluntários(14). A posição articular e a atividade EM G foram registradas simultaneamente e com a mesma freqüência de amos-tragem (1.000Hz).

A velocidade de execução dos exercícios foi controlada por meio de um metrônomo, ajustado para efetuar trinta toques por minu-to. Antes do início da coleta dos dados os voluntários foram fami-liarizados com o experimento e orientados quanto à execução correta dos exercícios.

Para o grupo submetido ao protocolo em CCF as coletas foram realizadas durante o exercício de semi-agachamento, em sua fase excêntrica (descida) e em fase concêntrica (subida). Partindo da posição ereta os voluntários executaram cinco repetições do mo-vimento de agachar e levantar, sendo concedido um minuto de descanso entre cada repetição. Cada repetição teve duração de quatro segundos.

No grupo submetido ao protocolo em CCA as coletas foram realizadas numa mesa flexo-extensora. Os voluntários permane-ceram sentados, coluna lombar e torácica apoiadas, quadris e joe-lhos flexionados a noventa graus. A seguir, realizaram cinco repe-tições do movimento de extensão (fase concêntrica) e flexão do joelho (fase excêntrica), sendo concedido também um minuto de descanso entre cada uma delas. A carga utilizada durante o exer-cício foi de 40% da RM e cada repetição teve duração de quatro segundos.

Normalização dos sinais EM G

Diversos estudos sugerem a normalização do sinal EM G pela contração isométrica voluntária máxima (CIVM )(15). Para tanto, é preciso determinado exercício que promova CIVM dos músculos estudados e então ser obtido o valor médio da raiz quadrada da média (root mean square – RM S) deste exercício, que representa-rá a máxima atividade elétrica que estes músculos podem gerar(16). Assim, as médias dos valores em RM S dos demais exercícios são quantificadas como percentagem deste valor.

Neste estudo utilizou-se para normalização dos dados a CIVM de extensão do joelho, posicionado a 90 graus de flexão, e tíbia em posição neutra. As coletas da CIVM foram feitas em uma mesa flexo-extensora e cada contração teve duração de quatro segun-dos.

Análise estatística

Para comparações intergrupos dos valores obtidos nas escalas de Kujala e EAV nos tempos pré e pós-tratamento, assim como verificar a homogeneidade dos grupos, utilizou-se o teste de M ann-Whitney. No que concerne à análise intragrupos da razão VM O/ VL, escala de Kujala e EAV entre os tempos pré e pós-tratamento, foi utilizado o teste de Wilcoxon para amostras relacionadas. O nível de significância adotado para os testes estatísticos foi de 5% .

RESULTADOS

Verificam-se na tabela 3 os valores das médias e desvios-pa-drões da atividade EM G normalizada dos músculos VM O e VL, assim como da razão VM O/VL referentes ao grupo I durante as fases concêntrica e excêntrica do exercício de flexo-extensão do joelho (CCA). Não houve diferenças estatisticamente significati-vas na razão VM O/VL entre os tempos pré e pós-tratamento nas fases concêntrica (p = 0,79) e excêntrica (p = 0,85) do exercício.

TABELA 3

Atividade EM G normalizada dos músculos VM O e VL em contração concêntrica (CC) e excêntrica (CE) nos tempos

pré e pós-tratamento referentes ao grupo I

Grupo I (N = 12)

M édia D.P. P

Pré Pós Pré Pós

VM O CC 51,57 53,31 ± 8,47 ± 8,83 –

VL CC 55,18 56,67 ± 8,26 ± 8,24 –

VM O/VL CC 00,93 00,94 ± 0,06 ± 0,07 0,79

VM O CE 33,33 35,32 ± 8,25 ± 9,26 –

VL CE 35,65 38,04 ± 8,55 ± 8,71 –

VM O/VL CE 00,93 00,92 ± 0,03 ± 0,07 0,85 M édias e desvios-padrões (DP) da atividade EM G em RM S (expressa como percentagem da CIVM ) e da razão referentes aos músculos VM O e VL em contração concêntrica (CC) e excêntrica (CE) no exercício de flexo-extensão do joelho em CCA (n = 12).

Em relação ao grupo II, a tabela 4 mostra as médias e desvios-padrões da atividade EM G normalizada dos músculos VM O e VL, bem como da razão VM O/VL nas fases concêntrica e excêntrica do exercício de semi-agachamento (CCF). Estes dados mostram que não houve diferenças significativas nos valores da razão VM O/ VL nas fases concêntrica (p = 0,56) e excêntrica (p = 0,26) do exercício após o tratamento.

TABELA 4

Atividade EM G normalizada dos músculos VM O e VL em contração concêntrica (CC) e excêntrica (CE) nos tempos

pré e pós-tratamento referentes ao grupo II

Grupo II (N = 12)

M édia D.P. P

Pré Pós Pré Pós

VM O CC 22,57 23,51 ± 7,99 ± 7,50 –

VL CC 25,31 26,79 ± 8,00 ± 7,87 –

VM O/VL CC 00,89 00,88 ± 0,10 ± 0,10 0,56

VM O CE 15,38 16,37 ± 5,87 ± 5,33 –

VL CE 22,09 22,01 ± 8,04 ± 6,37 –

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As tabelas 3 e 4 demonstram ainda que os valores da razão VM O/VL foram sempre menores que 1, indicando diminuição da ativação do VM O em relação ao VL. Esta diminuição foi observada tanto na fase concêntrica quanto excêntrica nos dois exercícios avaliados, sendo detectada maior discrepância entre os valores da percentagem de ativação destes músculos na fase excêntrica do exercício em CCF.

As figuras 1 e 2 são representações gráficas na forma de box-plots dos valores da EAV e escala de Kujala encontrados nos gru-pos I e II, nos temgru-pos pré e pós-intervenção.

final do tratamento evidenciou melhores resultados para o grupo II (p = 0,03). Quanto à análise intragrupos, ambos apresentaram ganhos significativos na funcionalidade após o tratamento (p = 0,0005 grupo I; p = 0,0005 grupo II).

DISCUSSÃO

Os resultados deste estudo revelaram que após oito semanas de tratamento os grupos obtiveram redução significativa na inten-sidade da dor e melhora no desempenho de atividades funcio-nais. O grupo II mostrou-se superior ao grupo I nas duas variáveis investigadas. Estes achados estão de acordo com os de Witvi-rouw et al.(17), que após submeterem 60 indivíduos a cinco sema-nas de tratamento utilizando exercícios em CCA ou CCF observa-ram aumento no pico de torque dos músculos QF e isquiotibiais, redução da dor e ganho funcional em ambos os grupos estuda-dos. Em outro estudo, Witvirouw et al.(18) relataram excelentes resultados referentes à dor e funcionalidade após tratamento de indivíduos com dor femoropatelar. Porém, não evidenciaram qual-quer efeito desse tratamento sobre o tempo de resposta reflexa dos músculos VM O e VL. Da mesma maneira, Stiene et al.(19) con-cluíram que, após oito semanas de tratamento, exercícios em CCF foram mais eficazes do que exercícios em CCA na recuperação funcional de sujeitos com disfunção femoropatelar.

Bennett & Stauber(20) inicialmente avaliaram 41 indivíduos com SDFP e identificaram redução no torque extensor do joelho duran-te a fase excêntrica do exercício em CCA. Assim, aplicaram pro-grama de tratamento utilizando apenas exercícios em CCA realiza-dos no dinamômetro isocinético e evidenciaram que, em média após quatro semanas, os indivíduos tiveram redução da dor, resta-beleceram o torque extensor do joelho e retornaram às atividades desportivas.

O exposto acima sugere que tanto exercícios em CCA quanto em CCF podem ser empregados no tratamento da SDFP. No en-tanto, antes da prescrição de atividades para fortalecimento do QF é necessário compreender os princípios biomecânicos da arti-culação femoropatelar para programação de exercícios que com-binem efetividade e segurança. No presente estudo, limitou-se a ADM do joelho durante a realização dos exercícios que integraram os programas de tratamento, ao contrário dos estudos citados an-teriormente. De acordo com Steimkamp et al.(7) durante a execu-ção de exercícios em CCA devem ser evitados os últimos graus de extensão do joelho, já que nesta angulação há menor contato articular, porém as forças compressivas são distribuídas sobre uma pequena área, aumentando o estresse femoropatelar. Quanto aos exercícios em CCF os autores sugerem que sejam evitados ângu-los acima dos 45 graus de flexão do joelho, pois apesar de maior estabilidade articular com incremento da flexão há também au-mento das forças compressivas e maior estresse femoropatelar. Resultados similares foram descritos por Doucette & Child(21), que sugerem a realização de exercícios em CCA com ângulos superio-res a trinta graus de flexão do joelho, enquanto exercícios em CCF devem ser realizados em ângulos próximos de sua extensão total. Os resultados relativos à atividade EM G mostraram que após o tratamento não houve diferenças significativas na razão VM O/VL nas fases excêntrica e concêntrica dos exercícios em CCA e CCF. Contudo, comparações destes achados com estudos prévios tor-nam-se difíceis, visto que não foram encontrados na literatura tra-balhos que avaliam os efeitos isolados do treinamento muscular em CCA e CCF sobre os padrões de ativação EM G dos músculos estabilizadores da patela em portadores de SDFP. Entretanto, mes-mo não sofrendo influência do tratamento os padrões de ativação EM G dos músculos VM O e VL mostraram-se distintos nas fases concêntrica e excêntrica dos exercícios avaliados. Os valores em RM S relativos à razão VM O/VL nos tempos pré e pós-tratamento revelaram redução acentuada da ativação do VM O na fase excên-trica do exercício em CCF. Estes achados corroboram os encon-Figura 2 – Comparação da funcionalidade entre os grupos I (n = 12) e II (n

= 12), mensurada pela escala de Kujala, nos tempos pré e pós-tratamento

Figura 1 – Comparação da intensidade da dor entre os grupos I (n = 12) e II (n = 12), mensurada pela escala análogo-visual de 10cm, nos tempos pré e pós-tratamento

Na figura 1 verificam-se os resultados referentes à intensidade da dor mensurada pela EAV antes e após o tratamento. A análise intergrupos demonstrou que previamente ao início do programa não havia diferença estatisticamente significativa entre as médias dos grupos I e II para EAV de dor (p = 0,82). Entretanto, ao término do programa o grupo II obteve melhora acentuada quando compa-rado ao grupo I (p = 0,02). A comparação intragrupos revelou que ambos apresentaram melhora estatisticamente significativa após oito semanas de tratamento (p = 0,0005 grupo I; p = 0,0005 grupo II).

(5)

trados por Shenny et al.(22), que relataram diminuição da ativação do VM O em relação ao VL em indivíduos com dor femoropatelar durante a descida de escada (contração excêntrica). Souza & Gross(23) reportaram achados semelhantes após avaliarem a razão VM O/VL durante contração isométrica, isotônica concêntrica e iso-tônica excêntrica do QF, demonstrando redução da atividade EM G do VM O em relação ao VL em indivíduos sintomáticos. Ow ings & Grabiner(1) identificaram maior atividade EM G do VL quando com-parado ao VM O na fase excêntrica do exercício de extensão da perna em CCA, sugerindo déficit no controle motor dos estabiliza-dores patelares em portaestabiliza-dores de SDFP.

Por outro lado, Pow ers et al.(24) identificaram padrões de ativa-ção semelhantes dos músculos VM O e VL em indivíduos com dor femoropatelar, não observando comprometimento na ativação do VM O durante atividades em CCF. Resultados similares foram des-critos por Cerny(25), que não observou diferenças significativas na razão VM O/VL em indivíduos portadores de SDFP durante execu-ção de exercícios em CCF. Uma possível explicaexecu-ção para as dife-renças nos resultados desses estudos diz respeito à diversidade de métodos utilizados na aquisição e processamento dos sinais eletromiográficos(26). Além disso, a variabilidade inerente dos su-jeitos acometidos pela SDFP permanece como desafio na deter-minação de padrões específicos de ativação dos músculos estabi-lizadores da patela nesta população.

M esmo não causando alterações nos padrões de ativação mus-cular os programas de intervenção adotados neste estudo mos-traram-se efetivos no tratamento da SDFP. Tal fato pode ser atri-buído ao fortalecimento do QF como um todo, uma vez que os músculos extensores do joelho absorvem parte das forças impos-tas à articulação durante atividades que a sobrecarregam. Desta forma, acredita-se que a recuperação da função quadricipital é capaz de restabelecer as propriedades biomecânicas das articula-ções femoropatelar e femorotibial, aumentar o torque extensor do joelho e melhorar o quadro clínico e funcional de indivíduos portadores da SDFP(17,20). Pow ers et al.(27) identificaram que junta-mente com a redução do torque gerado pelo QF houve compro-metimento da função locomotora em indivíduos sintomáticos, destacando a importância do fortalecimento quadricipital no trata-mento da SDFP. Em recentes revisões, Wilk & Reinold(28) e Cross-ley et al.(29) mostraram evidências que apontam exercícios de for-talecimento do QF como parte indispensável dos programas de reabilitação envolvendo disfunções femoropatelares. Porém, ape-sar destes relatos, o mecanismo pelo qual o fortalecimento do QF promove aumento da funcionalidade e redução dos sintomas em indivíduos com dor femoropatelar não está totalmente esclarecido. Frente à escassez de estudos que avaliam os efeitos do treina-mento muscular no tratatreina-mento da SDFP, são necessários estudos futuros envolvendo maior número de sujeitos como amostra, pe-ríodo de intervenção mais prolongado e utilização de diferentes formas de exercícios, que virão auxiliar a coleta de informações que propiciem elaboração e aplicação de um programa de reabili-tação mais eficaz e que favoreça a melhoria da qualidade de vida dos indivíduos acometidos por esta afecção.

CONCLUSÃO

Nas condições experimentais utilizadas, os exercícios em CCA e CCF promoveram redução da intensidade da dor e melhora da funcionalidade nos portadores da SDFP. Os exercícios em CCF mostraram-se mais eficazes comparados com os em CCA.

Quanto aos padrões de ativação EM G, os exercícios não foram capazes de alterar os valores da razão VM O/VL; no entanto, o mús-culo VM O apresentou acentuada redução de ativação em relação ao VL na fase excêntrica do exercício em CCF.

Todos os autores declararam não haver qualquer potencial confli-to de interesses referente a este artigo.

REFERÊNCIAS

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Figura 1 – Comparação da intensidade da dor entre os grupos I (n = 12) e

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