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Mel Amargo de Breu (Protium sp., Burseraceae).

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Academic year: 2017

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339 Mel amargo de breu...

Existem méis com vários sabores, odores e cores, qualidades essas determinantes do preço do produto. Há alguns méis, como o das flores do caju (Anacardium occidentale L.,

Anacardiaceae) e o de apaga-fogo (Alternathera

tenella Colla, Amaranthaceae), cujo odor é

desagradável mas pode ser usado na confecção de balas, bolos, biscoitos perdendo esta característica ao ser fervido ou assado. O mel de Hortia brasiliana Vand. (Rutaceae),planta do Cerrado do Brasil Central, é muito amargo, bem como o de Mimosa scabrella Benth (Mimosaceae) da região Sul (Barth, 1989). O mel das flores de Anacardium officinale Pritz. (Anacardiaceae) é de sabor muito forte (Kerr

et al. 1986/87).

Uma amostra de mel amargo proveniente da Floresta Apiaú, Mucajaí, Roraima foi analisada palinologicamente, utilizando-se a metodologia adaptada de Barth (1989). Retirou-se 20 ml de mel que foram diluídos em água destilada, com o auxílio de um misturador marca VORTEX-GENIE e centrifugados a 1.500 rpm. O sedimento foi lavado uma vez em água destilada e montado em lâminas com auxílio de gelatina glicerinada. A identificação dos tipos polínicos foi feita por comparação com lâminas de referência da Palinoteca do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

NOTAS E COMUNICAÇÕES

MEL AMARGO DE BREU

(Protium

sp., Burseraceae)

Antonio Carlos MARQUES-SOUZA

1

, Warwick Estevam KERR

1

1INPA-Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Caixa Postal 478, CEP 69.083-100, Manaus- AM, Brasil. e-mail: msouza@inpa.gov.br

RESUMO – Foi analisada uma amostra de mel amargo procedente do Município de Mucajaí (Roraima, Brasil), Floresta de Apiaú. A análise polínica constatou a dominância de pólen de breu

(Protium sp.) compreendendo 60,9% do total de grãos de pólen.

Palavras-chaves: Mel, análise polínica, breu, Protium sp., Roraima, Brasil.

Bitter honey from

Protium

sp., Burseraceae

ABSTRACT – A sample of bitter a honey collected in the Mucajaí county (Roraima, Brazil) forest of Apiaú, was analysed. The pollen analysis revealed a predominance of Protium pollen, comprising 60,9% of the total of pollen grains.

Key-words: Bitter honey, pollen analysis, Protium sp., Roraima, Brazil

Foram contados 1000 grãos e os resultados expressos em porcentagem.

O resultado da análise está apresentado na Tabela 1. O pólen identificado como o pertencente ao gênero Protium sp. (Burseraceae) responde por 60,9% dos grãos de pólen encontrados. O gênero Protium

compreende as plantas denominadas de breu ou almécega.

O sabor do breu puro é amargo. Silva & Rebouças (1998) encontraram, em méis amargos de Roraima pólen de Protium sp. e

Vochysia guianensis Aubl. A presente amostra, não apresentando pólen de Vochysia, sugere

que Protium seja o único responsável pelo

sabor amargo deste mel.

Absy et al. (1984) estudaram 122 espécies poliníferas visitadas por meliponíneos nas regiões do baixo rio Tapajós, do rio Trombetas e do baixo Uatumã. Encontraram doze espécies de meliponíneos que trouxeram pólen de Protium para as respectivas colônias. São elas: Melipona rufiventris, M. paraensis, M. fulva, M. interrupta, M. tumupasae, M. seminigra pernigra, Trigona cilipes cilipes, T. chanchamayonensis, Partamona

pseudomusarum e P. mourei. Todos estas

espécies, em época de florescimento dos

Pro-tium, podem fornecer méis amargos. Absy et

(2)

340 Marques-Souza & Kerr

al. (1980) constataram que no período de um ano, as operárias de Melipona seminigra

merrillae e M. rufiventris paraensis

transportavam o néctar dessa espécie de várias espécies de Protium durante onze meses. Apis mellifera também visita flores de Protium sp. para coleta de pólen (Marques-Souza et al.,

1993).

Carreira & Jardim (1994) ao analisarem amostras de mel de Apis mellifera provenientes de quatro regiões do Pará, identificaram também a presença do pólen de Protium sp. concluindo que se tratava de pólen isolado ocasional (0,1%), fato que não contribuiu para alterar as características organolépticas dos produtos.

Tabela 1. Tipos polínicos encontrados em uma amostra de mel da abelha Apis mellifera L. proveniente de Mucajaí, Roraima, Brasil.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos ao CNPq pelo equipamento utilizado, aos srs.: André Di Manso, Antonia Goss Pereira, Armandina Di Manso, Míriam Di Manso e Valteni Nunes de Almeida pelo envio da amostra de mel e a Cleonice de Oliveira Moura pela preparação das lâminas.

BIBLIOGRAFIA CITADA

Absy, M.L.; Bezerra, E.B.; Kerr, W.E. 1980. Espécies nectaríferas utilizadas por duas espécies de Melipona da Amazônia. Acta Amazonica, 10(2): 271-281.

Absy, M.L.; Camargo, J.M.F.; Kerr, W.E.; Miranda, I.P.A. 1984. Espécies de plantas visitadas por Meliponinae (Hymenoptera; Apoidea) para a coleta de pólen na região do médio Amazonas. Rev. Brasil. Biol.,

44(2): 227-237.

Barth, M.O. 1989. O pólen no mel brasileiro. Gráfica Luxor, Rio de Janeiro (RJ). 150p.

Carreira, L.M.M.; Jardim, M.A.G. 1994. Análise polínica dos méis de alguns municípios do Estado do Pará – II. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi, sér. Bot., 10(1): 83-89.

Kerr, W. E.; Absy, M.L.; Marques-Souza, A.C. 1986/87. Espécies nectaríferas e poliníferas utilizadas pelas abelha Melipona

compressipes fasciculata (Meliponinae,

Apidae), no Maranhão. Acta Amazonica,

16/17(no único): 145-156.

Marques-Souza, A.C.; Absy, M.L.; Condé, P.A.A.; Coelho, H.A. 1993. Dados da obtenção do pólen por operárias de Apis mellifera no município de Ji-Paraná (RO), Brasil. Acta Amazonica, 23(1): 59-76. Silva, S. J.R.; Rebouças, M.A.P. 1998. Plantas

melíferas de Roraima – Parte II. Bol. Mus. Integrado de Roraima (Boa Vista),

4:31-38. r a il í m a

F Espécie Nomevulgar Freqüência

e a e c a i d r a c a n

A Tapirirasp. Pau-pombo 0,4%

e a e c a c e r

A Mauritiaflexuosa L. Buriti 0,8%

a p i r a m a n a i l i m i x a

M Karst. Inajá,anajá,najá 8,0%

e a e c a i n o n g i

B Tabebuia sp. Ipê,paud'arco 2,3%

e a e c a r e s r u

B Protiumsp. Breu,almécega 60,9%

e a e c a i p o r c e

C Cecropiasp. Imbaúba,embaúba 0,9%

e a e c a i t r u o c a l

F CaseariaarboreaUrb. Piabinha,cafezinho 2,5% e a e c a r h t y

L Lythraceae --- 1,2%

e a e c a i h g i p l a

M Byrsonimasp. Murici,muruci,mirixi 6,7%

e a e c a v l a

M Hybiscussp. Hibisco 1,2%

e a e c a t a m o t s a l e

M Miconiasp. Buxixu,tinteira 2,9%

e a e c a r o

M Morussp. Amoreira 1,2%

e a e c a t r y

M Psidiumsp. Araçá,araçádomato 0,5%

e a e c a o

P Poaceae Capim,grama 9,3%

e a e c a d n i p a

S Talisiasp. Pitombadomato 1,2%

Recebido: 29/08/2002

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Tabela 1. Tipos polínicos encontrados em uma amostra de mel da abelha Apis mellifera L

Referências

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