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Estudo da adesão à antibioticoterapia profilática em crianças portadoras de doença falciforme: estudo prospectivo no Hemocentro de Belo Horizonte (2005-2006)

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(1)

ENIO LATINI BITARÃES

ESTUDO DA ADESÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA

PROFILÁTICA EM CRIANÇAS PORTADORAS DE

ANEMIA FALCIFORME: ESTUDO PROSPECTIVO NO

HEMOCENTRO DE BELO HORIZONTE (2005-2006)

(2)

ENIO LATINI BITARÃES

ESTUDO DA ADESÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA

PROFILÁTICA EM CRIANÇAS PORTADORAS DE

ANEMIA FALCIFORME: ESTUDO PROSPECTIVO NO

HEMOCENTRO DE BELO HORIZONTE (2005-2006)

Dissertação apresentada ao curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde − Área de Concentração – Saúde da Criança e do Adolescente, da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre.

Orientador: Dr. Marcos Borato Viana, Professor Titular do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de Minas Gerais. Co-orientadora: Drª Benigna Maria de Oliveira,

Professora Adjunta do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de Minas Gerais.

(3)

Bitarães, Enio Latini

B624e Estudo da adesão à antibioticoterapia profilática em crianças portadoras de anemia falciforme: estudo prospectivo no Hemocentro de Belo Horizonte (2005-2006)/Enio Latini Bitarães. Belo Horizonte, 2006.

107f.

Dissertação.(mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. .

Área de concentração: Saúde da Criança e do Adolescente Orientador: Marcos Borato Viana

Co-orientadora: Benigna Maria de Oliveira

1.Anemia falciforme/quimioterapia 2.Anemia falciforme/prevenção & controle 3.Antibioticoprofilaxia 4.Penicilinas/urina 5.Cooperação do paciente 6.Fatores socioeconômicos 7.Fatores culturais 8.Pré-escolar 9.Lactente I.Título NLM: WS 300

(4)
(5)
(6)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Reitor: Prof. Ronaldo Tadêu Pena

Vice-Reitora: Profa. Heloisa Maria Murgel Starling

Pró-Reitor de Pós-Graduação: Prof. Jaime Arturo Ramirez

Pró-Reitor de Pesquisa: Prof. Carlos Alberto Pereira Tavares

Diretor da Faculdade de Medicina: Prof. Francisco José Penna

Vice-Diretor da Faculdade de Medicina: Prof. Tarcizo Afonso Nunes

Coordenador do Centro de Pós-Graduação: Prof. Carlos Faria Santos Amaral

Subcoordenador do Centro de Pós-Graduação: João Lúcio dos Santos Júnior

Chefe do Departamento de Pediatria: Profa. Cleonice de Carvalho Coelho Mota

Subchefe do Departamento de Pediatria: Profa. Maria Aparecida Martins

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – Área

de Concentração em Saúde da Criança e do Adolescente: Prof. Joel Alves

Lamounier

Subcoordenador do Programa de do Programa de Pós-Graduação em Ciências

da Saúde – Área de Concentração em Saúde da Criança e do Adolescente:

Prof. Eduardo Araújo de Oliveira

Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – Área de

Concentração em Saúde da Criança e do Adolescente:

Prof. Joel Alves Lamounier

Prof. Eduardo Araújo de Oliveira

Prof. Francisco José Penna

Profa. Regina Lunardi Rocha

Profa. Ivani Novato Silva

Prof. Marco Antônio Duarte

Prof. Marcos Borato Viana

Prof. Roberto Assis Ferreira

(7)

Aos meus familiares

Às Técnicas em Enfermagem

Jane Fonseca Reis

Tânia Maria Ferreira Dias

Valéria de Freitas Xavier

... pela dedicação às crianças na Unidade de Internação

(8)

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Marcos Borato Viana, com seu estilo peculiar de orientador. Sua enorme

dedicação, disponibilidade, firmeza e paciência para me ensinar foram decisivas

para a realização deste trabalho e me fizeram, cada vez mais, admirá-lo e

respeitá-lo. Os meus mais sinceros agradecimentos.

À Prof. Benigna Maria de Oliveira que conheci quando ainda residente e pude

vê-la tornar-se uma profissional da maior competência e dedicação. Quero agradecer

pela grande contribuição e dedicação neste trabalho e pela enorme

disponibilidade para também me orientar. Muito obrigado pelo apoio, amizade e

contribuição essenciais neste trabalho.

Às bioquímicas Dalva, Denise, Fátima e aos técnicos de laboratório do Laboratório

de Microbiologia do HC/UFMG, pela valiosa contribuição na realização dos testes

de urina.

Às minhas colegas da VDTE/HC, Amália Augusta, Dionéia Bodevan, Magda

Vilela, Vanilda Borges, Tereza Barros, Luciana Santos e Claudia Janaíra, pela

amizade, incentivo e pela cobertura de minhas atividades quando estive na chefia

do Serviço de Enfermagem, meu muito obrigado.

À equipe de Enfermagem da Esterilização do HC/UFMG, pela grande ajuda no

preparo do material para a realização dos testes de urina.

Às funcionárias do setor de cadastro do ambulatório do Hemocentro de Belo

Horizonte, Aline, Ângela, Cristiane, Sandra (NUPAD), Silvia e Vera, pela ótima

receptividade, amizade e enorme ajuda durante a coleta de dados; meu especial

agradecimento.

À Enfermeira Thaís de Souza Borges, coordenadora da área de enfermagem do

(9)

ajudar-À Dra. Ana Cerqueira, coordenadora médica do ambulatório do Hemocentro de

Belo Horizonte, pela receptividade.

À equipe médica do ambulatório do Hemocentro de Belo Horizonte, pela valiosa

contribuição na coleta de dados e informações sobre as crianças deste estudo.

À Dra Mitiko Murao, que abriu para mim as portas do ambulatório do Hemocentro

de Belo Horizonte, pela disponibilidade e pela valiosa contribuição desde a

realização do meu projeto de pesquisa.

À Enfermeira e amiga Marta Magda Martins, com quem me iniciei na enfermagem

pediátrica, meu agradecimento pela contribuição também neste trabalho.

Aos bolsistas de Iniciação Científica, Aline, Ed Wilson, MarcosVinícius, Fabiano

Wendel e Stefânia Barros, que me acompanharam com dedicação neste trabalho.

Aos meus amigos e amigas, pelo incentivo, sempre, e amizades valiosas, meu

especial agradecimento.

Às crianças e seus pais que aceitaram participar deste estudo, sempre muito

receptivos. Meu especial agradecimento.

(10)

SUPORTE FINANCEIRO

Os alunos Ed Wilson Vieira, Marcos Vinicios Figueiredo e Stefãnia

Barros receberam Bolsa de Iniciação Científica financiada pelo Programa

(11)

RESUMO

Analisou-se a adesão à prescrição de antibiótico profilático, penicilina na

maioria dos casos, em 108 crianças com anemia falciforme, seguidas por 15

meses no Hemocentro de Belo Horizonte, Brasil. Avaliou-se a adesão por meio de

questionário aplicado aos cuidadores em três entrevistas e de dados retirados dos

prontuários médicos das crianças; a ingestão de antibiótico foi verificada em 81

crianças por meio de teste de atividade antibacteriana em uma amostra de urina.

A urina foi coletada pelas mães no domicílio, imersa em fita de papel-filtro e

enviada pelos correios em envelope selado para os pesquisadores. Os antibióticos

prescritos eram gratuitos para todos os pacientes. Os pais de 78% das crianças

escolheram a via oral para administração do antibiótico; os outros penicilina

intramuscular a cada 21 dias, exclusivamente ou alternadamente com a via oral.

Os meninos representaram 45% da casuística. A idade mediana foi de 25,3

meses. As mães foram responsáveis pela administração do antibiótico oral na

maioria dos casos. O antibiótico foi detectado na urina em 56% das crianças; 48%

dos cuidadores afirmaram nas entrevistas que nenhuma dose do medicamento

deixou de ser administrada. Em 89% das crianças não teriam ocorrido falhas na

administração do antibiótico, de acordo com as anotação do prontuário médico.

Considerando-se aderente a criança que não apresentasse falhas em nenhum ou

em apenas um dos métodos utilizados, a taxa de adesão foi de 67%. O grau de

concordância entre os três métodos para medir a adesão foi baixo. Cerca de 10%

dos cuidadores relataram dificuldades para administrar o antibiótico oral. Quando

os cuidadores foram questionados sobre o entendimento das orientações

(12)

conhecimento sobre a doença falciforme em si mais do que à importância do

antibiótico profilático. Somente nove cuidadores relataram algum tipo de

abordagem educacional feita pelo corpo de enfermagem. Não se demonstrou

qualquer associação entre a taxa de adesão e o gênero, estado nutricional, renda

familiar per capita, nível educacional dos cuidadores ou número de membros da

família. A adesão é um tema complexo que não pode ser entendido apenas em

termos de medidas diretas ou indiretas das taxas de adesão à prescrição médica.

Devem ser devidamente levados em consideração o comportamento dos

pacientes e de suas famílias em relação aos regimes prescritos, suas crenças e

conhecimento sobre a doença em questão, sua vida cotidiana e os papéis sociais

desempenhados pelos profissionais de saúde, pacientes e familiares no processo

global de saúde-doença. Os resultados do presente estudo sugerem a

necessidade de programas educacionais abrangentes para os profissionais de

(13)

ABSTRACT

Compliance with prophylactic antibiotic, mainly penicillin, was studied in 108

children with sickle cell anemia who were followed-up for 15 months at a

Hematology Center in Belo Horizonte, Brazil. Compliance was assessed through

three interviews and reports from medical records; antibiotic intake was checked in

81 children through its antibacterial activity in a single sample of urine. The urine

was collected by mothers at home dipping it on a filter paper strip, inserted into

glassine envelope and then into a prepaid reply envelope that was mailed to the

researchers. Prescribed antibiotic was free of charge for all patients. The oral route

has been chosen by parents of 78% of children; the other had 21-day

intramuscular penicillin, exclusively or alternating with the oral route. There were

45% boys and 55% girls; the median age was 25.3 months. Children’s mother was

responsible for the administration of antibiotic in the majority of families. 56% of

urines tested positive for the antibiotic; 48% of caregivers assured that all doses

had been given during the interviews. No doses were missed in 89% of cases

according to medical files. If a child was considered compliant when none or just

one of these three methods detected missing doses, the rate of compliance was

67%. The agreement between methods on assigning a child as compliant or not

was low. About ten percent of caregivers said that they had some difficulty in

getting the child to take the medicine. When caregivers were asked about

understanding doctor’s advices, most answers were based on their knowledge of

the disease itself rather than the importance of prophylactic antibiotic. Only 9

caregivers had some educational approach from the nursing staff. No significant

(14)

demonstrated. Compliance is a complex subject that cannot be understood only in

terms of indirect or direct measurement of adhesion rates to medical prescription.

The behavior of patients and their families towards the prescribed regimens, their

beliefs and knowledge about their disease, their daily life, and the designated role

of health professionals, patients and families in the whole process of health and

disease should be taken into due account. The results of the present study suggest

the need for a comprehensive educational program for health professional staff

(15)

ÍNDICE GERAL

Agradecimentos v

Suporte financeiro vii

Resumo viii

Abstract x

Lista de abreviaturas xv

Índice de figuras xvi

Índice de tabelas xvii

1. Introdução 1

2. Revisão da literatura 4

2.1. Diagnóstico da doença e prevenção de infecções. 6

2.2. Resumo do metabolismo da penicilina e da eritromicina 11

2.3. Adesão ao tratamento 14

2.3.1. Por que existem indivíduos que não aderem ao tratamento? 16

2.3.2. Fatores determinantes da adesão 18

2.3.2.1. A educação dos pais ou cuidadores e dos pacientes 21

2.3.2.2. Fatores ligados aos medicamentos 22

2.3.2.2.1. Palatabilidade 22

2.3.2.2.2. O regime terapêutico 24

2.3.2.2.3. Custos e aquisição dos medicamentos 25

2.3.2.2.4. Vias de administração 26

2.3.2.3. Interação dos profissionais com pacientes e família 28

2.3.2.4. Fatores relacionados à família 31

2.3.2.5. Fatores ligados à doença 33

2.3.3. Métodos de avaliação da adesão 33

2.3.3.1. Entrevistas 34

2.3.3.2. Estimativa dos profissionais de saúde 35

2.3.3.3. Monitoração dos resultados clínicos 35

(16)

2.3.3.5. Identificação de drogas ou metabólitos e

marcadores inativos nos líquidos corporais

36

2.4. Adesão à profilaxia contra infecção na anemia falciforme 39

3. Objetivos 46

3.1. Objetivo geral 46

3.2. Objetivos específicos 46

4. Casuística e métodos 47

4.1. Casuística 47

4.2. Esquema profilático 50

4.3. Avaliação da condição sócio-econômico-familiar 51

4.4. Avaliação da adesão à profilaxia com antibiótico 51

4.4.1. Entrevista com o cuidador da criança 52

4.4.2. Anotações em prontuários 53

4.4.3. Registros de dispensação de antibiótico pela farmácia do

hemocentro

53

4.4.4. Verificação de atividade antibiótica na urina 54

4.4.4.1. Teste de sensibilidade utilizando a técnica de

disco-difusão em ágar

56

4.4.4.2. Testes- pilotos 58

4.5. Definição de variáveis 60

4.6. Métodos estatísticos 63

5. Resultados 65

6. Discussão 84

7. Conclusões 95

(17)

9. Anexos 104

9.1 Termo de Consentimento 104

9.2 Parecer da Câmara Departamental 105

9.3 Comitê de Ética do HBH 106

9.4 Entrevista de Adesão 107

9.5 Ficha de Consulta Médica 108

(18)

LISTA DE ABREVIATURAS

AF : Anemia Falciforme

Anvisa : Agência Nacional de Vigilância Sanitária

HAZ: Escore padronizado z da estatura para a idade e sexo, à primeira

entrevista

HBH: Hemocentro de Belo Horizonte

HBM : Health Beliefs Model

HC-UFMG: Hospital das Clínicas da UFMG

ID: Identificação

MASCOT: Pakistan Multicentre Amoxycillin Short Course Therapy

MMM : Meio de Manutenção de Microorganismos

n: número de pacientes

NUPAD : Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico da UFMG

OMS : Organização Mundial da Saúde

WHZ: Escore padronizado z do peso em relação à estatura e sexo, à primeira

(19)

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Distribuição etária das 108 crianças com anemia falciforme 47

Figura 2: Distribuição das 108 crianças, portadoras de anemia

falciforme, de acordo com a renda familiar per capita.

48

Figura 3: Distribuição das 108 crianças, portadoras de anemia

falciforme, de acordo com o número de membros da família.

48

Figura 4: Testes de atividade antibiótica na urina utilizando a técnica

de disco-difusão em ágar. Observam-se três halos de inibição,

reveladores da presença de penicilina na urina (teste positivo), e

um teste negativo. A bactéria utilizada foi o e o Micrococus spp.

57

Figura 5: Tipo de antibioticoterapia profilática em 108 crianças com

anemia falciforme

(20)

ÍNDICE DE TABELAS

TABELA 1: Pesquisas realizadas sobre adesão ao tratamento com

Penicilina

38

TABELA 2: Associação entre falhas de adesão detectadas pelas

entrevistas (variável com três categorias) e pelo teste de

presença do antibiótico na urina de 81 crianças com

anemia falciforme em uso profilático de antibiótico.

69

TABELA 3: Associação entre falhas de adesão detectadas pelas

entrevistas (variável com duas categorias) e pelo teste de

presença do antibiótico na urina de 81 crianças com

anemia falciforme em uso profilático de antibiótico.

70

TABELA 4: Associação entre falhas de adesão detectadas por consulta

aos prontuários médicos e pelo teste de presença do

antibiótico na urina de 81 crianças com anemia falciforme

em uso profilático de antibiótico.

71

TABELA 5: Associação entre falhas de adesão detectadas pelas

entrevistas (variável com três categorias) e pela consulta

aos prontuários médicos de 108 crianças com anemia

falciforme em uso profilático de antibiótico.

72

TABELA 6: Associação entre falhas de adesão detectadas pelas

entrevistas (variável com duas categorias) e pela consulta

aos prontuários médicos de 108 crianças com anemia

falciforme em uso profilático de antibiótico.

73

TABELA 7: Associação entre gênero e falhas de adesão detectadas

pelas entrevistas (variável com três categorias) de

cuidadores de 108 crianças com anemia falciforme em uso

profilático de antibiótico.

74

TABELA 8: Associação entre escolaridade dos cuidadores e falhas de

adesão detectadas pelas entrevistas (variável com três

categorias) de cuidadores de 108 crianças com anemia

falciforme em uso profilático de antibiótico.

(21)

TABELA 9: Associação entre escolaridade dos cuidadores e falhas de

adesão detectadas pelas entrevistas (variável com duas

categorias) de cuidadores de 108 crianças com anemia

falciforme em uso profilático de antibiótico.

76

TABELA 10: Associação entre número de membros da família e falhas

de adesão detectadas pelas entrevistas (variável com duas

categorias) de cuidadores de 108 crianças com anemia

falciforme em uso profilático de antibiótico.

77

TABELA 11: Associação entre desnutrição aferida pelo índice escore Z

da estatura (HAZ) e falhas de adesão detectadas pelas

entrevistas (variável com duas categorias) de cuidadores

de 108 crianças com anemia falciforme em uso profilático

de antibiótico.

78

TABELA 12: Associação entre desnutrição aferida pelo índice escore Z

do peso em relação à estatura (WHZ) e falhas de adesão

detectadas pelas entrevistas (variável com duas

categorias) de cuidadores de 108 crianças com anemia

falciforme em uso profilático de antibiótico.

78

TABELA 13: Associação entre gênero e falhas de adesão

considerando-se os métodos de entrevista, anotações em

prontuário e atividade do antibiótico na urina em 81

crianças com anemia falciforme em uso profilático de

antibiótico.

80

TABELA 14: Associação entre desnutrição aferida pelo índice escore Z

da estatura para a idade (HAZ) e falhas de adesão

considerando-se os métodos de entrevista, anotações em

prontuário e atividade do antibiótico na urina em 81

crianças com anemia falciforme em uso profilático de

antibiótico.

(22)

TABELA 15: Associação entre desnutrição aferida pelo índice escore Z

do peso em relação à estatura (WHZ) e falhas de adesão

considerando-se os métodos de entrevista, anotações em

prontuário e atividade do antibiótico na urina em 81

crianças com anemia falciforme em uso profilático de

antibiótico.

81

TABELA 16: Associação entre a escolaridade do cuidador e falhas de

adesão considerando-se os métodos de entrevista,

anotações em prontuário e atividade do antibiótico na urina

em 81 crianças com anemia falciforme em uso profilático

de antibiótico.

81

TABELA 17: Associação entre número de membros da família e falhas

de adesão considerando-se os métodos de entrevista,

anotações em prontuário e atividade do antibiótico na urina

em 81 crianças com anemia falciforme em uso profilático

de antibiótico.

(23)

1. INTRODUÇÃO

O desenvolvimento dos meios de diagnóstico e tratamento tem

possibilitado uma variedade de regimes terapêuticos que vão desde os mais

simples e baratos até os mais complexos e de alto custo financeiro. Os regimes

terapêuticos possuem indicações mais ou menos precisas, pressupõem doses

corretas de medicamentos, prevêem uma determinada duração, necessitam da

aceitação e adesão do paciente e familiares ao tratamento em questão e não

podem prescindir da monitorização dos resultados desejados.

A prescrição do regime terapêutico e sua realização até que se alcancem

os resultados pretendidos nem sempre acontecem de forma “natural”, como seria

de se supor. Os profissionais de saúde parecem não estar atentos, ou mesmo

instrumentalizados, para identificar falhas no tratamento que advêm da

não-adesão pelos pacientes e familiares.

A não-adesão, portanto, pode ser a expressão de resultados esperados

que não foram alcançados e, assim, levar a repetições desnecessárias de

exames, a alterações de esquemas terapêuticos e a gastos adicionais.

O Conselho Federal de Farmácia dos Estados Unidos estimou que a

não-adesão ao tratamento custa, anualmente, 8,5 bilhões de dólares em consultas

médicas e hospitalizações desnecessárias (WINNICK, 2005). Parece não haver

esse tipo de estimativa no Brasil.

A adesão ao tratamento não é um fenômeno simples. Ela vem

acompanhada de múltiplos aspectos sociais, comportamentais, culturais e de

relação do paciente e familiares com os profissionais de saúde, dentre outros. A

(24)

prescrições médicas ou de outros profissionais, supondo que o tratamento deva

sempre ser seguido, mecanicamente, pelo paciente e familiares.

Chama a atenção o fato de que a adesão é muito pouco abordada pelos

profissionais de saúde na sua relação com a clientela, sendo, na maioria das

vezes, apenas constatada a ocorrência de não-adesão. Em nosso meio, a

literatura é escassa em relação à preocupação dos profissionais com a

abordagem da adesão a regimes terapêuticos.

Os atendimentos e consultas de Enfermagem, por exemplo, parecem não

considerar os aspectos relativos à adesão. Isso tem uma importância fundamental

quando se sabe que faz parte da natureza do trabalho da enfermagem a presença

constante desses profissionais junto de sua clientela e, ainda assim, a abordagem

à adesão ao tratamento não é feita de forma sistemática, de modo a possibilitar

algum tipo intervenção nesse processo.

Observa-se que a monitoração da adesão tem-se restringido, muitas vezes,

apenas a uma simples pergunta sobre a ingestão, ou não, de medicamentos.

Estudos já demostraram a eficácia do uso de penicilina na profilaxia contra

infecções graves às quais as crianças portadoras de anemia falciforme são

altamente suscetíveis até os cinco anos de idade. Além disso, os programas de

triagem neonatal têm possibilitado o diagnóstico e o início precoce da profilaxia

antibiótica com notável queda nos índices de morbi-mortalidade. O sucesso do

controle das infecções nas crianças com anemia falciforme vai depender da

adesão ao uso de penicilina e, apesar disso, pouco se conhece ainda sobre o

nível de conscientização da necessidade da profilaxia antibiótica entre os pais e

profissionais de saúde, o que torna a não-adesão um problema comum nos

(25)

É necessário incluir nos protocolos das instituições de saúde uma

abordagem mais minuciosa sobre a adesão, as causas da não-adesão, o papel

designado aos profissionais, pacientes e familiares nesse processo como parte

integrante do tratamento e não apenas adotar-se o raciocínio de que um regime

terapêutico não está sendo eficaz pelo simples fato de que os resultados positivos

não estão sendo alcançados.

Esta é a motivação para a presente pesquisa, feita com crianças

portadoras de anemia falciforme, diagnosticadas pelo Programa de Triagem

Neonatal do Estado de Minas Gerais e atendidas segundo o protocolo clínico

(26)

2. REVISÃO DA LITERATURA

A anemia falciforme (AF) é uma hemoglobinopatia qualitativa hereditária

caracterizada por uma dupla homozigose do gene da hemoglobina S (ROCHA,

2004). A causa da doença é uma mutação no gene que codifica a cadeia beta da

globina, na qual há substituição do ácido glutâmico por valina na posição 6 da

globina-beta originando, assim, a hemoglobina anormal S. Essa hemoglobina

anormal, quando desoxigenada, tende a formar polímeros de HbS. As hemácias,

então, tomam uma forma afoiçada, resultante de alterações da estrutura da

hemoglobina e da membrana eritrocitária. Os polímeros, por serem viscosos,

tornam os eritrócitos menos deformáveis, o que diminui a velocidade de trânsito

na microcirculação (ANVISA, 2002).

O fenômeno da falcização aumenta na proporção em que aumenta o

tempo de trânsito das hemácias pela microcirculação, havendo uma maior

tendência a se falcizarem nos locais onde a circulação através do sinusóides é

mais lenta, como ocorre no baço, por exemplo. A conseqüência desse processo é

o encurtamento da vida média das hemácias, fenômenos vasoclusivos, episódios

de dor e lesão de órgãos e sistemas.

O fenômeno da vasoclusão ocorre, inicialmente, pela interação entre os

vasos e as alterações morfofuncionais das hemácias falciformes. Mudanças na

fisiologia vasomotora e presença de determinados fatores humorais na região

afetada exercem influência na adesão das células falciformes ao endotélio. Os

episódios de vasoclusão, ao longo do tempo, causarão lesões em tecidos, órgãos,

ossos, articulações, vasos cerebrais, etc, de grande importância clínica. Os

(27)

pelo sistema monocítico-fagocitário, levando esses pacientes à anemia hemolítica

crônica (ROCHA, 2004).

O gene da HbS pode combinar-se com outros genes de outras

hemoglobinopatias hereditárias, como a hemoglobina C, hemoglobina D e

beta-talassemia, entre outras, resultando nas hemoglobinopatias SC, SD e

S/beta-talassemia, respectivamente. Essas formas sintomáticas do gene da HbS, em

homozigose ou em associação, são denominadas, em conjunto, doença

falciforme. Reserva-se a denominação “anemia falciforme” para a forma

homozigótica SS. A herança de apenas um gene alterado denomina-se traço

falcêmico e seus portadores não apresentam sintomas vasoclusivos em

condições fisiológicas e possuem uma expectativa de vida normal. No Brasil, os

afro-descendentes têm uma prevalência de 8% do traço falcêmico (ROCHA,

2004).

O estado de Minas Gerais incluiu a doença falciforme na triagem neonatal

a partir de março de 1998. Até fevereiro de 2005, haviam sido triados 1.899.343

recém-nascidos, tendo sido detectados 1.383 casos de doença falciforme. A

incidência de anemia falciforme (hemoglobina S em homozigose) foi de,

aproximadamente, um caso para 2.500 recém-nascidos (FERNANDES et al.,

2006).

A variabilidade clínica é uma das características dessas doenças, levando

a quadros desde os mais leves até os mais graves, sujeitos a várias complicações

e hospitalizações freqüentes. Contribui para as variações clínicas, como fator

adquirido, o nível sócio-econômico que pode implicar numa melhor ou pior

condição nutricional, habitacional, de prevenção de infecções e acesso à

(28)

determinados, estão o nível de hemoglobina fetal e os haplótipos associados ao

gene S.

Apesar de a mutação da HbS ser a mesma entre os doentes falcêmicos, há

diferenças na seqüência das bases nitrogenadas nos genes da beta globina,

embora essas diversas seqüências não influenciem na síntese da hemoglobina

anormal S. Essa diferenciação genética, que é específica para determinadas

populações ou grupos étnicos, é conhecida como haplótipos, que são: Bantu,

Benin, Senegal, Camarões, Árabe–indiano e atípicos (ANVISA, 2002; NAOUM &

NAOUM, 2004).

Os haplótipos Bantu e Benin são os mais comuns no Brasil, os quais

estão, geralmente, associados a quadros mais graves da doença. A persistência

hereditária de hemoglobina fetal associada à HbS diminui a gravidade clínica da

anemia falciforme, o que pode ser verificada nos diferentes haplótipos.

A doença falciforme originou-se na África e foi trazida para a América com

a escravidão negra, por isso sua predominância entre negros e pardos.

Tratando-se de uma doença crônica, hereditária e de grande impacto na família, a

abordagem pelos profissionais da saúde deve incluir um importante componente

de educação aos indivíduos e à comunidade (ANVISA, 2002).

2.1. DIAGNÓSTICO DA DOENÇA E PREVENÇÃO

DE INFECÇÕES.

Não existindo tratamento específico para a anemia falciforme, a abordagem

é baseada no diagnóstico precoce através da triagem neonatal e na prevenção de

(29)

As crianças com anemia falciforme apresentam susceptibilidade

aumentada às infecções bacterianas; o S. pneumoniae é responsável por

aproximadamente 70% das infecções (ZARKOWSKY et al., 1986).

Os processos infecciosos constituem a principal causa de

morbi-mortalidade das crianças. São mais freqüentes e graves nas crianças com idade

abaixo de cinco anos. Podem manifestar-se inicialmente com febre e levar à

morte da criança em até 12 horas. O risco de meningite pneumocócica é estimado

em 600 vezes maior que na população geral e a freqüência de bacteremia em até

300 vezes maior que o esperado para a idade; 90% dos casos ocorrem nos três

primeiros anos de vida (GASTON et al., 1986; NAOUM & NAOUM, 2004).

A susceptibilidade às infecções se deve à atrofia e disfunção esplênica

precoce, com conseqüente diminuição da capacidade de opsonização de

bactérias encapsuladas que, provavelmente, relaciona-se a uma baixa produção

de anticorpos pelo baço da criança doente.

A mortalidade ligada à doença falciforme varia de acordo com a região

geográfica, a qualidade do tratamento dispensado às crianças, a origem étnica e

a gravidade da doença. O pico de freqüência de mortalidade das crianças com

doença falciforme está entre um e cinco anos. Para as crianças homozigotas

(SS), essa taxa diminui a partir dos cinco anos de idade até a adolescência e

cresce após os vinte anos (THOMAS et al., 1996).

GASTON et al. (1986) demonstraram que o uso da penicilina profilática

levou a uma redução de 84% na incidência de infecções em crianças portadoras

de anemia falciforme quando comparadas ao grupo placebo. A queda na

incidência de septicemia no grupo de crianças que receberam penicilina foi

(30)

admissão, 71,6% das crianças do grupo que receberam placebo e 67% do grupo

que receberam penicilina tinham também recebido vacina antipneumocócica. A

partir desse estudo, passou-se a recomendar o uso de penicilina profilática dos

quatro meses até os cinco anos visando à queda da morbidade e mortalidade

associadas à septicemia pneumocócica.

O tratamento antibiótico profilático consiste de duas doses diárias de 125

mg, via oral, de penicilina V para crianças até 3 anos de idade ou 15 kg e duas

doses de 250 mg, via oral, para crianças de 3 a 6 anos de idade ou com 15 a 25

kg. Para as crianças com mais de 25 kg, administram-se duas doses diárias de

500 mg. Alternativamente, penicilina benzatina é administrada, via intramuscular,

a cada 21 dias, 300.000 UI para crianças até 10 kg de peso, 600.000 UI de 10 a

25 kg de peso e 1.200.000 UI para crianças com mais de 25 kg. Para as crianças

alérgicas à penicilina, utiliza-se a dose de 10 mg por kg de peso de eritromicina,

via oral, duas vezes ao dia (ANVISA, 2002).

Verificando a incidência de bacteremia entre crianças com doença

falciforme hospitalizadas por episódios febris, PEGELOW et al. (1991)

compararam dois períodos distintos. No primeiro período do estudo, com duração

de um ano, apenas algumas crianças recebiam penicilina profilática. No segundo

período, de 1985 a 1990, todas as crianças tinham prescrição do antibiótico

profilático. A ocorrência de bacteremia por S. pneumoniae nos episódios febris foi

maior no primeiro período de observação do que no segundo. Os autores

concluíram que o uso profilático de penicilina reduziu a freqüência de bacteremia

grave por S. pneumoniae. Entretanto, os profissionais deveriam estar cientes de

que, apesar da profilaxia antibiótica, esses episódios ainda podem ser causa de

(31)

ZARKOWSKY et al. (1986), em um estudo multicêntrico, demonstraram

que a taxa de incidência de bacteremia foi significativamente mais alta entre as

crianças com anemia falciforme (SS) menores de 6 anos e maiores de 19 anos

em comparação às crianças portadoras de hemoglobinopatia SC. Além disso,

enquanto a taxa de bacteremia decrescia abruptamente nas crianças portadoras

de hemoglobinopatia SC após os dois anos de idade, nas crianças com

hemoglobinopatia SS essa taxa decrescia mais lentamente até os seis anos de

idade. O S. pneumoniae foi o agente responsável por 67% dos casos de

bacteremia em crianças abaixo de seis anos, mas por apenas 19% das

bacteremias naquelas com idade acima de seis anos. A incidência de bacteremia

pneumocócica em crianças SS com idade inferior a 3 anos foi de 6,1 eventos por

100 pacientes-anos e a letalidade foi de 24%. Demonstrou-se, também, que o

grupo de crianças que não desenvolveu bacteremia pneumocócica teve uma

probabilidade quatro vezes maior de ter recebido penicilina profilática.

FONSECA et al. (2005), com o objetivo de demonstrar a prevalência de

colonização nasofaríngea por pneumococos em crianças com doença falciforme,

em uso de penicilina, encontraram 3 delas com cepas de pneumococo resistentes

à penicilina entre 98 estudadas, embora nenhuma dessas cepas apresentasse

resistência elevada ao antibiótico. A idade foi o único fator de risco para a

colonização; as crianças com idade até 24 meses foram as mais colonizadas.

Quando foram consideradas as crianças menores de 6 anos, observou-se uma

prevalência de colonização nasofaríngea menor do que 20%, o que, segundo os

autores, foi inferior à encontrada em outros estudos que envolveram crianças

normais. Baseados nesses achados, concluíram que as crianças com idade

(32)

prolongado profilático da penicilina não determinou o aumento da resistência do

pneumococo a esse antibiótico.

O efeito da interrupção da profilaxia com penicilina, preconizada até os

cinco anos de idade, foi estudado por FALLETA et al. (1995) em crianças com

mais de cinco anos de idade. As crianças foram divididas em um grupo que

continuou recebendo a profilaxia antibiótica e outro que recebeu placebo. Os

grupos foram seguidos por, aproximadamente, três anos. A taxa observada de

bacteremia pneumocócica ou meningite por 100 pessoas-ano foi de 0,33 para o

grupo de crianças que continuaram a receber penicilina e de 0,67 para as

crianças que recebiam placebo, taxas essas que não são diferentes, sob o ponto

de vista estatístico. Os autores compararam estas taxas com aquelas obtidas no

estudo de GASTON et al. (1986), que foram de 1,5 por 100 pessoas-ano no grupo

que recebeu penicilina profilática e de 9,8 por 100 pessoas-ano no grupo que

recebeu o placebo. Considerando que todas as crianças receberam a vacina

pneumocócica 23-valente e que em todos os casos de bacteremia as cepas de S.

pneumoniae isoladas das culturas (sangue ou líquor) eram de sorotipos incluídos

na vacina, os autores atribuíram a ocorrência da bacteremia pneumocócica, pelo

menos em parte, a falha de eficácia da vacina. Esse estudo concluiu que as

crianças com anemia falciforme que não tiveram infecções pneumocócicas graves

ou que não foram esplenectomizadas podem, seguramente, interromper o uso da

profilaxia aos cinco anos de idade se receberem atenção médica contínua e seus

pais forem bem orientados a procurar o serviço de saúde quando seu filhos

(33)

Além do uso da penicilina, a prevenção de infecções é realizada através

de imunizações, com ênfase na vacinação contra o pneumococo, Haemophillus

influenzae, meningococo e hepatite B.

LOGETTO et al. (1999) avaliaram a resposta à imunização

anti-pneumocócica em crianças com anemia falciforme na cidade de São Paulo.

Observou-se produção adequada de anticorpos aos sorotipos testados e

presentes na vacina anti-pneumocócica 23-valente. A intensidade da resposta foi

maior nas crianças acima de seis anos de idade. As crianças com anemia

falciforme responderam com produção de anticorpos de forma semelhante aos

controles sadios.

2.2. RESUMO DO METABOLISMO DA PENICILINA E DA

ERITROMICINA

As penicilinas têm como núcleo formador o ácido penicilânico.

Adicionando-se diferentes grupos químicos a sua molécula, obtém-se as várias

famílias de penicilinas. É um antibiótico que interfere na biossíntese de

componentes da parede celular bacteriana e tem ação bactericida.

A penicilina benzatina libera a droga ativa muito lentamente a partir do local

da injeção intramuscular; resulta em níveis baixos, porém prolongados do

antibiótico.

A penicilina V foi desenvolvida para eliminar a desvantagem de outras

preparações que são inativadas pelo suco gástrico, podendo, assim, ser

administrada pela via oral. Sua absorção é rápida e obtêm-se concentrações

máximas no sangue 30 a 60 minutos após ingestão; o sal de potássio tem melhor

(34)

minutos, sendo metabolizada em derivados do ácido penicilóico e rapidamente

eliminada pelos rins (SILVA, 2002).

Em estudo sobre a influência da alimentação nas concentrações séricas,

salivares e lacrimais de penicilina em crianças com mediana de idade de 19

meses, McCRACKEN et al. (1978) encontraram concentrações de penicilina V de

2,1 microgramas/ml, 30 minutos após administração oral, em jejum. Quando

administrada com leite, a mediana da concentração da droga teve uma redução

de 40% no nível sérico, medido entre 30 e 60 minutos após administração.

Concentrações de penicilina V maiores que 0,01 microgramas/ml foram

detectadas na saliva de todas as crianças estudadas. Essa concentração excede

à concentração inibitória mínima para o pneumococo. De forma semelhante, 47%

das crianças tinham concentrações maiores ou iguais a 0,01 microgramas/ml na

secreção lacrimal, pelo menos até 4 horas após administração do antibiótico.

Esses dados sugerem que a penicilina V deva ser administrada em jejum.

Em estudo para testar as concentrações séricas de penicilina (GINSBURG

et al., 1982), 26 crianças foram divididas em três grupos, todas recebendo dose

única intramuscular de penicilina. No primeiro grupo, sete crianças com peso

abaixo de 27 kg receberam 600.000 UI de penicilina benzatina; no segundo, seis

crianças com peso acima de 27 kg receberam 1.200.000 UI. Num terceiro grupo,

foram tratadas 13 crianças com uma associação de penicilina benzatina e

penicilina procaína. Os picos médios de concentração sérica do antibiótico 24

horas após administração da penicilina benzatina foram de 0,16 e 0,15

microgramas/ml para aquelas que receberam 600.000 UI e 1.200.000 UI,

respectivamente. Penicilina ainda foi detectada no soro até o 18º dia em 8 de 12

(35)

administração associada de penicilina benzatina e penicilina procaína (3.º grupo)

foi 25 vezes maior que aquele correspondente à administração de penicilina

benzatina isolada. Em nenhuma das 10 amostras de soro analisadas no 30.º dia

foi detectada penicilina. Entretanto, demonstrou-se penicilina na urina em 8 de 9

pacientes testados no 30.º dia. Isso reforça a observação de outros autores de

que a penicilina benzatina mantém níveis baixos, porém sustentáveis no soro.

A eritromicina pertence à família dos antibióticos macrolídeos. É

adequadamente absorvida pelo trato gastrointestinal e bem distribuída nos

tecidos, principalmente sob a forma de seu éster estolato. Sua absorção não é

influenciada pela presença de alimentos. Concentrações máximas do antibiótico,

quando administrado na forma de éster estolato, são obtidas após 2 horas. Sua

meia-vida situa-se em torno de 1,6 hora. Entre 2% e 5% da dose oral são

(36)

2.3. ADESÃO AO TRATAMENTO

A adesão ao tratamento medicamentoso tem despertado preocupação

entre os profissionais de saúde nas últimas décadas, ao mesmo tempo em que se

discute, em vários estudos, o alto consumo de medicamentos. O tema é complexo

e multifacetado, envolvendo comportamentos do indivíduo, da família e da

comunidade, o que leva muitos profissionais a ignorá-la completamente (LEITE &

VASCONCELOS, 2003; MATSUI,1997; WRIGHT, 1993).

O termo usado na língua inglesa, “compliance”, pode ser traduzido como

obediência e pressupõe um papel passivo do paciente. “Adherence”, isto é,

aderência, é utilizado para identificar uma escolha livre do indivíduo em adotar, ou

não, certa recomendação, podendo significar também, “seguir sem desviar”

(LEITE & VASCONCELOS, 2003; LA GRECA, 1990).

Para STEINER & EARNEST (2000), esses termos são problemáticos, pois

eles superestimam o controle do profissional sobre o processo de ingestão de

medicamentos e impõem ao paciente tomar seus medicamentos tal como

prescritos. Além disso, cria distinções entre as pessoas que ingerem todos os

seus medicamentos e aquelas que, de alguma forma, não os ingere

rigorosamente.

HAYNES (1979) definiu adesão como o grau de concordância entre o

comportamento do indivíduo em relação ao uso de medicamentos, prescrições

dietéticas ou mudanças no estilo de vida, e as prescrições médicas. Atualmente,

um conceito mais amplo define a adesão como um processo ativo, intencional e

responsável, no qual o indivíduo trabalha para manter sua saúde, tendo como

colaboradores próximos os profissionais da área da saúde (KINGÄS et al.,

(37)

Problemas relacionados à adesão são reconhecidamente mais freqüentes

quando a medicação é administrada em regime ambulatórial. Já foi demonstrado

que 50% das orientações médicas são esquecidas quase que imediatamente

após a consulta (SHOPE, 1981; TEBBI, 1993).

Alguns dados mostram que a adesão pode variar de 11% a 83% entre os

pacientes pediátricos (SHOPE, 1981); pelo menos um terço deles não completa

tratamentos relativamente curtos (WINNICK, 2005). A não-adesão entre a

população pediátrica é comparável à da população adulta (MATSUI, 1997).

A baixa ou inadequada adesão ao tratamento compromete a eficácia dos

regimes terapêuticos, leva a erros na interpretação dos resultados alcançados e a

alterações inadequadas nos regimes de tratamento, além de hospitalizações e

investigações desnecessárias. Pode manifestar-se de várias maneiras. As mais

comuns são omissão de doses, uso de dosagens incorretas, intervalos

inadequados entre as doses, resistência da criança, má compreensão das

orientações médicas, interrupção precoce do tratamento, não-aquisição do

medicamento, demora em procurar tratamento e recusa em participar de

programas de cuidados à saúde (MATSUI, 1997; SHOPE, 1981; TEBBI, 1993;

DAWSON & NEWELL, 1994).

A não-aquisição de medicamentos é chamada de não-adesão primária.

LOONG (1999), em seu estudo, observou que a taxa de não-adesão primária em

uma policlínica foi de 6,1% entre os pacientes com doenças agudas e de 0,6%

entre os pacientes que tinham doenças crônicas e faziam consultas regulares. A

possível explicação do autor para essa baixa taxa entre os doentes crônicos foi a

localização da farmácia no mesmo setor onde eram realizadas as consultas. De

(38)

de subsídio financeiro podem aumentar as taxas de não-adesão primária. Por

essa razão, BEARDON et al. (1993) recomendam que a exposição a drogas seja

estimada a partir de sua dispensação em vez de suas datas de prescrição.

Estimou-se que a não-adesão a medicamentos custa em torno de 7 a 9

bilhões de dólares ao sistema de saúde canadense e que, igualmente por

não-adesão, 8,5 bilhões de dólares são gastos, desnecessariamente, com

hospitalizações e consultas médicas nos Estados Unidos (MATSUI, 1997;

WINNICK et al., 2005).

É importante que sejam diferenciadas as falhas intencionais, que fazem

parte da adaptação do paciente à sua doença, daquelas não-deliberadas e que

acontecem devido ao esquecimento ou modificações na rotina diária (STEINER &

EARNEST, 2000).

2.3.1. Por que existem indivíduos que não aderem ao

tratamento?

BUCHER (1992) observa que, mesmo existindo na população brasileira o

assim denominado “folclore hipocondríaco”, ainda assim muitas pessoas ou não

aderem ao tratamento ou o fazem de forma inadequada; “a não-adesão, em

algum grau, é universal” e “o normal é não aderir” (JORDAN et al, 2000).

Um estudo entre pacientes com diabetes ou insuficiência cardíaca

demonstrou que apenas 42% deles tomavam corretamente seus medicamentos,

concluindo que nem a gravidade da doença nem a característica dos pacientes

determinam a dimensão dos erros na medicação (WRIGHT, 1993). Resultados

(39)

freqüência de falhas na adesão ao tratamento em mais de 50% das crianças

portadoras de leucemia linfoblástica.

Essa grande variação documentada nas taxas de adesão origina-se dos

métodos de avaliação, dos critérios utilizados para determinar uma adesão

aceitável, do regime terapêutico e do local onde a avaliação da adesão foi

realizada (MATSUI, 1997). Na população, a não-adesão ao tratamento prescrito

por profissional vai depender de alguns fatores que funcionam como uma espécie

de triagem, um pré-requisito para que a adesão possa acontecer. Já a indicação

de tratamentos feita por vizinhos costuma ser bastante aceita (LEITE &

VASCONCELOS, 2003).

Além de avaliarem as recomendações médicas, os pacientes também

incorporam conhecimentos, sugestões dos membros da família e influências da

mídia (STEINER & EARNEST, 2000).

THORNE (1990) identifica dois tipos de não-adesão. O primeiro que

envolve simples modificação do esquema de tratamento, sem consulta prévia ao

profissional de saúde, e o segundo tipo, uma adesão seletiva na qual alguns itens

do tratamento são seguidos e outros, não. A esse respeito, WRIGHT (1993)

discute que quando os pacientes percebem que há necessidade de sacrifícios

para realizarem o tratamento e os efeitos colaterais dos medicamentos são mais

perturbadores que a doença, eles, inevitavelmente, não serão aderentes ao

tratamento.

A ingestão de medicamentos por períodos longos pode trazer um estigma

de “doente crônico” ao indivíduo, levando-o a alterar as doses ou mesmo

interromper o tratamento na tentativa de superar esse estigma mostrando, assim,

(40)

2.3.2. Fatores determinantes da adesão

Antes de compreender os fatores que podem influenciar a adesão, é

preciso saber o que, realmente, se quer estudar.

Partindo-se da definição enciclopédica de adesão “seguir sem desviar” −

citada por LA GRECA (1990) − e do conceito de HAYNES (1979) de que a

adesão seria definida pela “extensão com que o comportamento das pessoas

coincide com a prescrição médica”, nota-se que tal entendimento implica na

existência de critérios contra os quais se comparam as ações e comportamento

do indivíduo. Nos serviços de saúde, o critério seria o regime terapêutico

prescrito. Uma contradição, entretanto, fica logo evidente: o fato de que a maioria

dos instrumentos para aferir a adesão não mede, realmente, o comportamento do

indivíduo em relação à prescrição médica. Além disso, diferentes prescrições

podem ser feitas para pacientes com a mesma doença, obscurecendo o conceito

de adesão (LA GRECA, 1990).

A maioria das teorias tende a identificar as fontes de não-adesão na

relação profissional-paciente, no conhecimento do paciente ou em suas crenças

no tratamento e, em menor extensão, na natureza do esquema terapêutico ou da

doença. Grande parte dos estudos pressupõe a centralidade da relação

profissional de saúde-paciente para que ocorra adesão (CONRAD, 1985).

A esse respeito, STEINER & EARNEST (2000) advertem que os

profissionais de saúde controlam a ingestão de medicamentos apenas quando

eles, diretamente, os administram. No entanto, o paciente mantém o seu “poder

de veto”. A não-adesão é definida como falhas em seguir o tratamento prescrito,

(41)

percentagem da droga ingerida é estabelecida como ideal e algo a partir deste

ponto é considerado adesão. Em geral, estabelece-se 70% de droga ingerida

como um parâmetro aceitável (CONRAD, 1985; MATSUI, 1977; SHOPE, 1981).

Mas qual seria a quantidade mínima para obter efetividade terapêutica aceitável?

Isso varia entre doenças e tratamentos diversos. Outros estudos têm considerado

boa adesão quando a taxa de ingestão de medicamentos é igual ou maior que

80%, apesar de não haver consenso nesse parâmetro (JORDAN et al., 2000). Há

relato de que pacientes que consumiram mais do que 33% das doses de

penicilina prescrita tiveram risco reduzido para a febre reumática recorrente,

entretanto trata-se de alguns casos de drogas e condições específicas (STEINER

& EARNEST, 2000). Outros autores preferem situar a adesão numa escala

contínua, da não-adesão à adesão completa, evitando o uso de pontos arbitrários

de corte (LA GRECA, 1990).

Para compreender a não-adesão, devem-se explicar alguns fatores que

são, com freqüência, ignorados nos estudos sobre o assunto. Segundo CONRAD

(1985), os pacientes ou familiares têm suas próprias concepções sobre ingestão

de medicamentos e somente uma parte dessa concepção vem do médico. Os

indivíduos avaliam tanto as ações do médico como as drogas que ele prescreve e

comparam-nas com aquilo que eles sabem sobre doenças e medicamentos,

inclusive julgando alguns medicamentos ineficazes quando o principal efeito

terapêutico não é alcançado. A decisão, a partir daí, de interromper o tratamento

é um método empírico-racional para testar sua visão de eficácia da droga. A

não-adesão pode resultar, também, de uma incompatibilidade do regime terapêutico

(42)

O tema não-adesão assume formas difererentes se analisado sob a

perspectiva centrada no médico ou no paciente e família. A maioria dos doentes

crônicos despende apenas uma pequena fração de suas vidas no “papel de

paciente”. Torna-se pouco provável, portanto, que a relação médico-paciente seja

o único − ou mesmo o mais relevante − fator a influenciar a decisão do

indivíduo-paciente a seguir tal ou qual recomendação médica. Na verdade, esses indivíduo-pacientes

necessitam viver o seu cotidiano como um todo, do qual o regime terapêutico é

apenas uma parte. A partir de uma perspectiva centrada no paciente, o significado

da medicação no seu cotidiano torna-se mais importante que a interação

médico-paciente, o que ajudaria a entender por que as pessoas alteram o regime

terapêutico prescrito (CONRAD, 1985). Tal perspectiva propõe, em síntese, que

os profissionais de saúde examinem o significado da medicação do

paciente-indivíduo na vida cotidiana do paciente-indivíduo-paciente.

Não está claro se existe alguma diferença entre a possibilidade e a

disposição do adulto em administrar o medicamento a si mesmo ou à criança

(SHOPE, 1981). A adesão a medicamentos em pediatria torna-se singular, pois

deve-se levar em consideração os pais que são os responsáveis pela

administração do medicamento (MATSUI, 1997) e, portanto, a atenção deve ser

dirigida principalmente a eles, embora o papel da criança seja igualmente

relevante (SHOPE, 1981).

Para DAWSON & NEWELL (1994), os problemas de adesão no adulto

permanecem os mesmos quando estes são os responsáveis pelos cuidados às

crianças, embora outros elementos façam parte do processo de adesão, como a

não-compreensão exata, por parte da criança, dos objetivos do tratamento, medo

(43)

MENAHEM & HALASZ (2000) explicam que podem aparecer conflitos entre

a percepção dos pais e dos profissionais de saúde em relação ao que seria os

“interesses” da criança. A não-adesão pode surgir a partir da dificuldade dos pais

de enfrentar a tensão emocional que o tratamento pode trazer, tornado-os

vulneráveis a reações de ansiedade, defesa, rejeição e medo, dentre outras. A

ansiedade dos pais pode surgir, por exemplo, a partir da apresentação, pelo

médico, de um diagnóstico que pode ser diferente daquilo que eles pensavam ou

que não queriam aceitar, ou pelo aparecimento repentino de uma “nova agenda”

de cuidados a serem dispensados à criança, inesperada, desconhecida e

não-planejada.

2.3.2.1. A Educação dos Pais ou Cuidadores e dos Pacientes

De acordo com FRIEDMAN & LITT (1986), a educação pode influenciar em

atitudes e crenças através da informação. A relação entre o grau de informação e

adesão pode ser sintetizada em alguns ítens como: conhecimento sobre certos

detalhes do regime terapêutico prescrito como essencial para a adesão; que os

pacientes, freqüentemente, não têm todas as informações de que necessitam

para serem aderentes; e que o fornecimento de informações necessárias, por si

só, não garantirá subseqüente cooperação. O conhecimento sobre a doença e o

tratamento é essencial, mas não suficiente, para a adesão, pois mudanças no

comportamento possuem determinantes muito mais complexos do que a simples

informação (KINGÄS et al., 2000-a).

Para BERGMAN & WERNER (1963), o correto tratamento e a explicação

ao paciente sobre a necessidade de aderir nem sempre influenciarão o

(44)

insatisfeitos com as explicações sobre a doença e o tratamento tendem a ser

menos aderentes (MATSUI, 2000).

2.3.2.2. Fatores ligados aos medicamentos

2.3.2.2.1. Palatabilidade

A palatabilidade é um fator muito importante para a adesão ao tratamento,

particularmente em crianças, nas quais a aceitação do medicamento e a

facilidade de administração podem ser grandemente afetadas pelo paladar do

medicamento (DAGAN et al., 1994). Fatores, além dos aromatizantes adicionados

aos medicamentos, tais como a aparência, textura e a percepção pós-paladar

podem desempenhar um papel importante na avaliação pela criança sobre o

sabor dos medicamentos. Deve ser também considerado que a avaliação feita

quando de uma única dose do medicamento pode ser alterada pela administração

prolongada (MATSUI et al., 1997).

Estudando a aceitação de cinco formulações pediátricas de penicilina,

SJÖVALL et al. (1984) utilizaram o método de opinião verbal e espontânea da

criança e uma escala de expressão facial. A primeira avaliação do paladar foi

realizada imediatamente após a deglutição do medicamento e a segunda, 4 a 5

minutos depois. Os resultados mostraram que crianças com idade inferior a 6

anos são menos capazes de discriminar os sabores das cinco formulações do que

as demais. As crianças abaixo de 6 anos de idade, ao serem avaliadas pela

escala de expressão facial, mostraram reações similares para todas as

formulações, inclusive no segundo julgamento, 4 a 5 minutos após ingestão. Os

(45)

acima de 6 anos e que o método de avaliação da expressão facial não é

recomendável para crianças menores de 6 anos.

BAGGER-SJÖBÄCK & BONDESSON (1989) avaliaram o paladar e suas

diferenças estudando a aceitação de duas formulações de penicilina V,

relacionadas à idade de 348 crianças que estavam sendo tratadas para otite

média. A duração do tratamento foi de 5 a 10 dias com duas doses diárias do

antibiótico. A formulação padrão foi adoçada com sacarina e tinha essência de

cacau e a formulação-teste adoçada com aspartame ou frutose e tinha essências

de vários sabores. A avaliação foi realizada por meio de opinião verbal das

crianças dando-se um escore que variou de 1, “muito bom” a 5 “muito ruim”. Nas

visitas domiciliares os pais deram suas opiniões sobre a aceitação da suspensão,

utilizando-se o mesmo escore anterior. Eles foram também questionados sobre a

aceitação da criança, da primeira e da última dose administrada em domicílio.

Entre as crianças mais jovens (3 a 5 anos de idade), não houve diferença

significativa quanto aos escores relacionados ao paladar entre as duas

formulações. A diferença foi significativa entre as crianças mais velhas, com

idades entre 6 e 10 anos. Esse estudo mostrou, à semelhança do estudo

anteriormente citado, que as crianças com idade abaixo de 5-6 anos não são

capazes de fazer avaliação de paladar. Esses autores advertem para o fato de

que as infecções concomitantes como amigdalites, sinusites ou mesmo rinites,

podem influenciar na avaliação do paladar.

Alguns artifícios comumente utilizados pelos cuidadores para

administrarem medicamentos via oral podem influenciar a biodisponibilidade das

drogas. São exemplos a trituração de comprimidos (WINNICK et al., 2005) e a

(46)

al., 2002) ou leite (MacCRACKEN et al., 1978). Uma redução substancial da

absorção gastrointestinal da penicilina V foi constatada quando ela foi

administrada com leite. O mesmo não ocorreu com o estolato de eritromicina.

Esses artifícios podem influenciar a biodisponibilidade das drogas, mas também a

adesão ao tratamento, necessitando, ainda, de estudos adicionais.

2.3.2.2.2. O regime terapêutico

A duração e o tipo de tratamento têm sido implicados no grau de adesão.

Tratamentos medicamentosos de longa duração apresentam diminuição gradativa

da adesão ao longo do tempo. Tratamentos de curta duração para doenças

agudas com penicilina oral mostraram diminuição nas taxas de adesão entre o 5º

e o 9º dia, sendo que as melhores taxas foram para aqueles que não excederam

a sete dias (MATSUI, 1997; SHOPE, 1981; HOPE & WAHRENBERGER, 1999).

Pacientes sob regimes de tratamentos de longa duração devem ter seus horários

de medicamentos reavaliados periodicamente (DAWSON & NEWELL, 1996).

PALANDUZ et al. (2003), estudando a adesão ao tratamento com três

tuberculostáticos em um grupo de 277 crianças e seus controles, encontraram

uma taxa de adesão de 67%. Os autores atribuíram a baixa taxa de adesão ao

baixo nível sócio-econômico-cultural das famílias, ao tempo do tratamento e ao

número de drogas do regime terapêutico. Foi observado, também, diferentes

taxas de adesão para cada droga prescrita. O método utilizado para medir a

adesão foram testes de presença de rifampicina, izoniazida e pirazinamida na

(47)

Em trabalho de revisão, SHOPE (1981) relatou taxas de adesão que

variaram de 7% a 89% para tratamentos de curta duração e de 11% a 83% para

os de longa duração.

Reconhecendo que os pacientes tendem a interromper o tratamento

quando os sintomas melhoram ou desaparecem e que o tratamento, a partir daí,

poderia resultar em não-adesão, um estudo patrocinado pela OMS (PAKISTAN

MULTICENTRE AMOXYCILLIN SHORT COURSE THERAPY GROUP, 2002)

testou a possibilidade de diminuição de regime terapêutico em algumas

circunstâncias. Foram estudadas 2000 crianças de 2 a 59 meses de idade, em

Bangladesh, em tratamento ambulatorial para pneumonias não-graves. Foi

verificado que o regime terapêutico com amoxacilina por três dias foi tão eficaz

quanto o de 5 dias. Geralmente, a adesão é melhor quando um menor número de

medicamentos é prescrito e quando o intervalo entre as ingestões do

medicamento é maior (TEBBI, 1993; MATSUI, 1997; WINNICK et al., 2005).

Alguns estudos demonstraram que os pais preferem os tratamentos com

formulações líquidas dos medicamentos ao invés de comprimidos, porém poucos

desses estudos avaliaram a adesão (WINNICK et al., 2005).

2.3.2.2.3. Custos e aquisição dos medicamentos

Estudos têm demonstrado que o custo dos medicamentos é uma barreira à

adesão ao tratamento e, portanto, a dispensação gratuita do medicamento

constitui um fator facilitador da adesão (WINNICK et al., 2005).

Conforme já citado anteriormente, LOONG (1999), ao comparar taxas de

não-adesão primária do Reino Unido e Austrália com as taxas encontradas em

(48)

realizada a consulta médica é um fator favorável à aquisição do medicamento e à

adesão ao tratamento. De modo inverso, a longa espera para adquirir os

medicamentos na farmácia e a falta de subsídios financeiros podem aumentar as

taxas de não-adesão primária.

PESSOA et al. (1996), estudando a adesão após prescrição de

medicamentos em um pronto-atendimento pediátrico, encontraram que 39,1% dos

familiares de pacientes não-aderentes deram como motivo a falta de dinheiro para

adquirir o medicamento.

2.3.2.2.4. Vias de administração

A maioria dos casos de não-adesão ao tratamento ocorre com

medicamentos administrados por via oral (HAGGERT & ROGHMANN, 1972).

BERGMAN & WERNER (1963), ao estudarem a adesão ao tratamento

domiciliar com penicilina oral em três doses diárias para infecções estreptocócicas

em 59 crianças, verificaram que 80% das famílias relataram, por meio de

entrevistas em domicílio, que haviam entendido adequadamente o diagnóstico

médico e a razão do tratamento; 83% afirmaram não ter esquecido de administrar

nenhuma das doses. Utilizando-se do método de contagem de comprimidos ou do

restante da solução nos frascos de medicamento, verificou-se que 56% das

crianças haviam interrompido o tratamento próximo do terceiro dia e 46% não

tiveram penicilina detectável na urina nesse mesmo período. A questão que surge

freqüentemente quando o medicamento é administrado pela boca é se,

realmente, ele atinge o estômago da criança, sobretudo na quantidade prescrita.

(49)

tratamento domiciliar destas infecções e que as formas injetáveis de penicilina

eram mais baratas, mais convenientes e mais efetivas.

GINSBURG et al. (1982), analisando concentrações séricas após

administração intramuscular de penicilina benzatina, afirmaram que esse tipo de

preparação produziu concentrações baixas, porém sustentáveis, de penicilina por

três ou quatro semanas em crianças com impetigo. Esses autores afirmaram que

a administração parenteral desse antibiótico elimina a possibilidade de

não-adesão que pode ocorrer quando o medicamento é administrado por via oral.

Entretanto, deve-se salientar que o tratamento consistiu-se de apenas uma única

dose da penicilina benzatina.

Comparando as taxas de adesão entre crianças com hemoglobinopatia,

esplenectomizadas, foi verificado por BABIKER (1985) que as crianças do grupo

A do seu estudo, que recebiam profilaxia com penicilina oral, apresentaram uma

taxa de 44% de adesão verificada por meio de testes de atividade antimicrobiana

na urina. Nas crianças do grupo B, que recebiam penicilina benzatina via

intramuscular, houve 100% de detecção do antibiótico em suas amostras de

urina. A freqüência de comparecimento às consultas foi de 92,7% das crianças do

grupo A e de 94,9% das crianças do grupo B, devendo ser salientado, entretanto,

que a administração da penicilina benzatina foi realizada no mesmo local onde

eram realizados os atendimentos.

A esse respeito, BORGNA-PIGNATTI et al. (1984) concordam que a

penicilina via intramuscular favorece uma melhor adesão, uma vez que todas as

crianças que foram tratadas com penicilina intramuscular foram 100% aderentes

ao tratamento. Esses autores também admitem que o tratamento via

(50)

O tipo de antibiótico parece também influenciar a adesão de crianças.

HOPPE et al. (1999), em estudo envolvendo 584 crianças e 42 pediatras da

Alemanha, encontraram associação significativa entre melhor taxa de adesão e o

uso de antibióticos macrolídeos (89%), em contraste com as penicilinas (62%) ou

com as cefalosporinas (66%). Dentre os macrolídeos, a claritromicina e o estolato

de eritromicina apresentaram taxas de adesão de 94% e 90%, respectivamente.

Além do tipo de antibiótico, a idade da criança maior ou igual a 6 anos e uma

duração de tratamento igual ou inferior a 7 dias foram, também, fatores preditivos

de adesão. Esta foi verificada por meio de entrevistas por telefone no penúltimo

dia de tratamento e por teste de atividade antibiótica na urina no último dia. A taxa

global de adesão, definida pelo teste urinário, foi de 69,5%.

2.3.2.3. Interação dos Profissionais com Pacientes e Família

A qualidade da relação dos profissionais de saúde com pacientes e/ou

família tem sido sugerida como fator positivo para a adesão (DiMATTEO, 2004).

Os pacientes que são atendidos pelo mesmo médico mostram-se mais aderentes

ao tratamento do que aqueles tratados por diferentes médicos em ocasiões

diferentes. Uma maior empatia do médico com a família possibilita a

compreensão dos interesses e expectativas dos pais. A não-adesão dos pais a

uma orientação ou prescrição médica pode refletir ignorância ou má compreensão

do que lhes é explicado, mas também pode significar, conforme anteriormente

mencionado, dificuldade dos pais de lidar com o estresse emocional resultante da

recomendação dada pelo médico. A não-adesão pode ser, na verdade, proteção

psicológica dos pais contra medo e ansiedade insuportáveis. A não-adesão

Imagem

Tabela 1: Pesquisas realizadas sobre adesão ao tratamento com Penicilina*
Figura 1: Distribuição etária das 108 crianças com anemia falciforme
Figura 2: Distribuição das 108 crianças, portadoras de anemia falciforme, de  acordo com a renda familiar per capita
Fig. 4: Testes de atividade antibiótica na urina de quatro crianças, pela técnica de  disco-difusão em ágar
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Referências

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