SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
original
Técnica
transtibial
versus
duas
incisões
na
reconstruc¸ão
do
ligamento
cruzado
anterior:
posicionamento
dos
túneis,
isometricidade
e
avaliac¸ão
funcional
夽
Ricardo
Hideki
Yanasse,
Alisson
Amoroso
Lima,
Rodrigo
Silveira
Antoniassi
∗,
Danilo
Abu
Ezzedin,
Marcos
Henrique
Ferreira
Laraya
e
Roberto
Ryuiti
Mizobuchi
Servic¸odeOrtopediaeTraumatologia,FaculdadedeMedicinadeMarília(Famema),Marília,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem10defevereirode2015 Aceitoem24deabrilde2015 On-lineem9deoutubrode2015
Palavras-chave: Joelho
Reconstruc¸ãodoligamentocruzado anterior
Radiografia
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Compararastécnicastranstibialededuasincisõesnareconstruc¸ãodoligamento cruzadoanterior(LCA)combandaúnica.
Métodos:Foifeitoumestudoprospectivoerandomizadoembloco.Ospacientesforam sub-metidosareconstruc¸ãodoLCApormeiodeduastécnicas:transtibial(grupo1:20pacientes) oudeduasincisões(grupo2:20pacientes).Foramavaliadosoposicionamentoradiográfico dostúneis,ainclinac¸ãodoenxerto,aisometricidadedoenxertoeosresultadosfuncionais (IKDCeLysholm).
Resultados:OposicionamentodotúnelfemoralnaradiografiaemAPexpressoem porcen-tagememrelac¸ãoà bordamedialdoplanaltotibialnogrupo1foi emmédia de54,6% eno grupo2 foide 60,8% (p<0,05).Oposicionamentodotúnel femoralnaradiografia em P expressoem porcentagem em relac¸ãoà borda anterior da linha de Blumensaat nogrupo1foiemmédiade68,4%enogrupo2foide58%(p<0,05).Ainclinac¸ãodoenxerto nogrupo1foiemmédiade19grausenogrupo2foide27,2graus(p<0,05).A isometrici-dadedoenxertonogrupo1foiemmédiade0,96mmenogrupo2foide1,33mm(p>0,05). Ogrupo2apresentoumelhoresresultadospelamanobradePivot-Shift(p<0,05).
Conclusão:Atécnicadeduasincisõespermitiuumposicionamentodotúnelfemoralmais lateralizadoe anteriorizado e que oenxerto ficassemais inclinado e demonstrou cli-nicamenteum melhorresultadopela manobra de Pivot-Shift.Não houvediferenc¸ana isometricidadeenoresultadofuncionalfinalnocurtotempodeseguimentoavaliado.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
夽
TrabalhodesenvolvidonoServic¸odeOrtopediaeTraumatologia,FaculdadedeMedicinadeMarília(Famema),Marília,SP,Brasil. ∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:ronibas@hotmail.com(R.S.Antoniassi). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2015.04.027
Transtibial
technique
versus
two
incisions
in
anterior
cruciate
ligament
reconstruction:
tunnel
positioning,
isometricity
and
functional
evaluation
Keywords: Knee
Anteriorcruciateligament reconstruction
Radiography
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: Tocomparethe transtibialandtwo-incisiontechniquesforanterior cruciate ligament(ACL)reconstructionusingasingleband.
Methods:Aprospectiveandrandomizedstudywasconductedinblocks.Patientsunderwent ACLreconstructionbymeansoftwotechniques:transtibial(group1:20patients)ortwo incisions(group2:20patients).Theradiographicpositioningofthetunnel,inclinationof thegraft,graftisometricityandfunctionalresults(IKDCandLysholm)wereevaluated. Results: Thepositioningofthefemoraltunnelontheanteroposteriorradiograph, expres-sedasameanpercentagerelativetothemedialborderofthetibialplateau, was54.6% ingroup1and60.8%ingroup2(p<0.05).Thepositioningofthefemoraltunnelonthe lateralradiograph,expressedasameanpercentagerelativetotheanteriorborderof Blu-mensaat’sline,was68.4%ingroup1and58%ingroup2(p<0.05).Themeaninclinationofthe graftwas19degreesingroup1and27.2degreesingroup2(p<0.05).Themeangraft isome-tricitywas0.96mmingroup1and1.33mmingroup2(p>0.05).Group2hadbetterresults fromthepivot-shiftmaneuver(p<0.05).
Conclusion: The technique of twoincisions allowed positioning ofthe femoral tunnel thatwasmorelateralizedandanteriorized,suchthatthegraftwasmoreinclinedandthere wasa clinicallybetterresultfromthepivot-shiftmaneuver.Therewasnodifferencein isometricityandnofinalfunctionalresultovertheshortfollow-uptimeevaluated.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Historicamenteosparâmetrosdeposicionamentodostúneis na reconstruc¸ãodo ligamento cruzado anterior (LCA) com banda única foram ajustados e modificados em busca de umresultadoclínicoideal.Oposicionamentoisométricono planosagitalfoi aprincipalpreocupac¸ãodasreconstruc¸ões intrarticularesiniciaisdoLCA.Determinou-sequeazonade áreaisométrica nofêmur seriapequena comparadacom a datíbia,quepermaneceamesmaparaumpontolocalizado tantonabordaanteriorcomonabordaposteriordainserc¸ão doLCA.1-3Oposicionamentoexcêntriconatíbia,ouseja,na
porc¸ãomaisanteromedialdainserc¸ãodoLCA,assimcomoo posicionamentonocentrodainserc¸ãodoLCA,chegouaser recomendadonareconstruc¸ãodoLCAporalgunsautores.4,5
Howelletal.,1 comatécnicatranstibial,associaramo
posi-cionamento no centro da inserc¸ão do LCA na tíbia com a ocorrênciadeimpingementnotetodointercôndiloe,poressa razão,recomendou-sepormuitotempoqueoenxertofosse posicionadonaáreadeinserc¸ãoposteromedialnatíbiaena áreadeinserc¸ãoposteriornofêmur.6-8
Apreocupac¸ãocomainstabilidaderotacionalresidualnas reconstruc¸õesdoLCA émaisatual.Lohetal.9
demonstra-ramqueoposicionamentofemoralàs10horasresistemais efetivamenteàscargasrotatóriasquandocomparadocomo posicionamentoàs11horas.Pinczewskietal.6
correlaciona-ramoposicionamentoradiográficodostúneiseaangulac¸ão doenxertocomosresultadosclínicoseestabeleceram parâ-metros radiográficos ideais para um melhor resultado em longo prazo. Demonstraram também uma relac¸ão entre a verticalizac¸ão doenxerto e umaincidência aumentada de
existência dedeslocamento noPivot-Shifteanormalidades radiográficas.6
Há controvérsias se a técnica transtibial permitiria um posicionamento mais horizontal do túnel femoral e mui-tosautores recomendamatécnica com duas incisões10 ou
a feitura do túnel femoralpelo portal medial. Apesar dos diversos estudos que correlacionam o posicionamento do túnel femoralcomresultados clínicose biomecânicos,não encontramos na literaturaestudosque correlacionassem o posicionamentocomaisometricidadeobtidano intraopera-tório.
Oobjetivodesteestudoécompararoposicionamento radi-ográficodostúneis,ainclinac¸ãodoenxerto,aisometricidade doenxertonointraoperatórioeoresultadofuncionalfinalna reconstruc¸ãodoLCAcombandaúnica,pelastécnicas transti-bialededuasincisões.
Método
Foi feito um estudo prospectivo com randomizac¸ão em bloco, com 40 pacientes que fizeram consecutivamente a reconstruc¸ão doLCA desde dezembro de 2009 até outubro de2011.Todosospacientesforamoperadoscomtécnicade banda única, comenxerto de tendõessemitendíneoe grá-cil,fixac¸ãopormeiodeparafusosdeinterferênciametálicos. Otúnelfemoralfoifeitopormeiodeduastécnicas:técnica transtibial(grupo1:20pacientes)oudeduasincisões(grupo 2:20pacientes).
Figura1–A-B,ilustrac¸ãodamensurac¸ãodotúnelfemoraletibialnaradiografiaemperfilnastécnicastranstibialededuas incisõesrespectivamente.
Foramconsideradoscomocritériosdeinclusão:pacientes comausênciadeoutraslesõesligamentaresassociadas,sem alterac¸õesdealinhamentodoeixomecânicoquenecessitem decorrec¸ão,faixade18a45anos,ausênciade intercorrên-ciasduranteo pós-operatório,como artrofibroseeinfecc¸ão profunda, sem histórico de cirurgias prévias no joelho, de acordocomtermodeconsentimentolivreeesclarecidoecom níveldeatividadefísicaclassificadacomoTegner≥4préviaà lesão.11–13
Admitiram-se como critérios de exclusão do estudo: pacientequereferiugravidez,abandonououpediuparaser excluído, não retornou para fazer radiografias adequadas eavaliac¸ãopelo IKDC,não seguiu reabilitac¸ãofisioterápica de acordo com o protocolo de reabilitac¸ão. Segundo esses critérios,oitopacientes foramexcluídos, seis dogrupo 1e doisdogrupo2.
Todosospacientesforamavaliadosentreoitoa22meses (médiade13)apósacirurgia.Foisolicitadoadois ortopedis-tasespecialistasemjoelho,quenãotinhamparticipadodo procedimentocirúrgico,paraavaliaremospacientesdemodo anão reconheceremas incisões feitas,pormeio de cober-tura da ferida operatória com atadura de crepe durante o exame.
Ostestesestatísticosforamfeitosnoníveldesignificância de5%(p<0,05).
O trabalho foi aprovado pelo comitê de ética de nossa instituic¸ãosobonúmero1440/11.
Avaliac¸ão
radiográfica
A mensurac¸ão radiográfica foi feita com radiografias não identificadas,foramavaliadasindependentemente pordois autores/pesquisadores treinados, as mensurac¸ões foram
confrontadasenocasodediscordânciaumterceiro pesquisa-dortreinadoeraconsultado,paraquehouvesseconfiabilidade nasanálisesradiográficas.
Asradiografiasforamsolicitadas entreseismesesedois anosdepós-operatório.Asseguintesincidênciasradiográficas foramfeitaseusadasparaaavaliac¸ão:anteroposterior(AP), perfil(P)eincidênciadetúnelcomflexãoem30◦.O
posici-onamento docentrodotúnelfemoralnaradiografialateral foi feitopormensurac¸ãodocomprimentoda linha de Blu-mensaat,foramidentificadasasbordasanterioreposteriordo túnelefoideterminadoocentrodotúnelfemoral.Emseguida aposic¸ãodocentrodotúnelfoiexpressaemporcentagem docomprimentoda linhade Blumensaatapartirdolimite anteriordessa(fig.1AeB).14,15
Oposicionamentodotúnelfemoralfoiavaliadona radio-grafiaemincidênciadetúnel,comoporcentagemdalargura doplanaltotibialapartirdamargemmedial,comodescrito porKhalfayanetal.16(fig.2AeB).
Oposicionamentodotúneltibialfoimesuradona radiogra-fialateraledeterminaram-seocomprimentodoplanaltotibial easbordasanterioreposteriordotúnelrelativasaoplanalto tibial.Ocentrodotúneltibialfoiexpressoemporcentagemdo comprimentodoplanaltotibial(fig.1AeB).17Naradiografia
emAPfoimensuradoocomprimentototaldoplanaltotibial e foramdeterminadas as bordas medialelateral dotúnel. Aposic¸ãodocentrodotúneltibialfoiexpressaem porcenta-gemrelativaaocomprimentototaldoplanaltotibial(fig.2A eB).
Ainclinac¸ãodoenxertofoimensuradadeacordocomo métodousadoporPinczewskinaradiografiaAPemincidência detúnelcom30grausdeflexão.6Oânguloformadopelalinha
Figura2–A-B,mensurac¸ãodoposicionamentodostúneistibialefemoralnastécnicastrantibialededuasincisões respectivamente.
Figura3–A-B,mensurac¸ãodainclinac¸ãodoenxertopelométododePinczewskinatécnicatranstibialededuasincisões respectivamente.
Técnica
cirúrgica
Areconstruc¸ãopelatécnicatranstibialfoifeitapormeiode pequena incisão na região da inserc¸ão dos tendões flexo-res(semitendíneoegrácil)comretiradadessesepreparodo
Figura4–A-B,imagensdosguiastibialefemoral paratécnicatranstibial.
retrógadaefixadoprimeiramentenofêmurcomumparafuso deinterferênciapormeiodepequenavialateraleentãofixado natíbiacomojoelhoemposic¸ãode30grausdeflexão,discreto estresseemvalgoediscretarotac¸ãoexternadatíbiacomoutro parafusode interferência.Posteriormentefizemosostestes ligamentares(Lachmanegavetaanterior)paraverificac¸ãoda estabilidade.
Areconstruc¸ãopelatécnicadeduasincisões(Chambat)foi feitadamesmamaneiraqueatécnicaanteriorcomdiferenc¸a apenasnaconfecc¸ãodotúnelfemoral,quefoifeitopormeio doguia(Chambat)deforaparadentro(fig.5).10,18
Mensurac¸ão
da
isometricidade
do
enxerto
no
intraoperatório
Após a fixac¸ão femoraldo enxerto foi feita flexo-extensão repetidadojoelho paraacomodac¸ãodesseeentão fizemos
Figura5–Imagemdoguiafemoralusadonatécnica deduasincisões.
amensurac¸ãodaisometricidadepormeiodemanobra intrao-peratóriaquetracionaopolodistaldoenxerto,partedeflexão máxima,naqualerafeitaumamarcanoenxertononívelda bordaanteriordotúneltibialcomazuldemetileno.Amarca eradepequenaespessura,atéextensãocompleta,naqualera feitanovamarca.Comoauxíliodeumaréguamensuramosse houveounãomovimentodoenxerto.Oprocedimentofoifeito omaisbrevementepossívelparaevitardifusãodopigmento pelotecidodoenxerto,eassim,prezarpelamaiorprecisãoda marcac¸ão.
Avaliac¸ão
clínica/funcional
FoifeitacomdousodeIKDC,LysholmKneeScaleeescalade Tegner.11,12,19-22
Aavaliac¸ãoclínicafuncionalfoifeitapordoisortopedistas especialistasemjoelhodemaneiraindependente.Os resulta-dosforamconfrontadosenocasodediscordânciaumterceiro pesquisadortreinadoeraconsultado,paraquehouvesse con-fiabilidadenasanalisesclínicas.
Análise
estatística
OtesteUdeMann-Whitneyfoiusadoparaascomparac¸ões entreosgrupos1e2emrelac¸ãoaidade,tempodecorridoentre alesãoeacirurgia,posicionamentodostúneis,espessurado enxerto,inclinac¸ãodoenxertonoplanocoronale isometri-cidade,IKDC,manobrasdeLachmanePivot-Shift,Lysholme Tegner.
Arelac¸ãoentreasvariáveisfoianalisadacomocoeficiente decorrelac¸ãodeSpearman.
Asanálisesestatísticasforamfeitascomosoftware Statis-ticaversão8.0.
Oníveldesignificânciafoiestabelecidoem5%(p<0,05).
Resultados
Nãohouvediferenc¸aentreosdoisgruposcomrelac¸ãoaidade (p=0,8),tempodecorridoentrealesãoeacirurgia(p=0,78), níveldeatividade(Tegner)antesdalesão(p=0,62)eescorede Lysholmantesdacirurgia(p=0,61).
Umpacientedogrupo2apresentouroturadoenxertoefoi excluídodasanálisesderesultadosfuncionais(IKDC,exame Pivot-ShifteLachman,LysholmeTegnerpós-operatório)eoito pacientes(seisdogrupo1edoisdogrupo2)nãoretornaram paraavaliac¸õesclínicaseradiográficas.
Posicionamentodotúnelfemoraletúneltibial nasradiografiasemanteroposterioreperfil
OposicionamentodotúnelfemoralnaradiografiaemAPno grupo1foiemmédiade54,6%(DP4,1)enogrupo2foiem médiade60,8%(DP4,5)(p=0,0004)(tabela1).
Tabela1–Valoresmédiosdoposicionamentodostúneis expressoemporcentagemeodesviopadrão(DP) nosgrupos1e2
Média(DP) Valor-p
Grupo1 -Transtibial
Grupo2-Duas incisões
(Mann--Whitney)
TúnelfemoralAP(%) 54,6(4,1) 60,8(4,5) 0,0004 TúnelfemoralP(%) 68,4(10,9) 58,0(9,9) 0,005 TúneltibialAP(%) 45,4(6,4) 45,2(4,9) 0,11 TúneltibialP(%) 43,5(9,3) 38,1(9,8) 0,12
AP,mensurac¸ãofeitanaradiografiadeincidênciaanteroposterior; P,mensurac¸ãofeitanaradiografiadeincidênciadeperfil.
Tabela2–Valoresmédiosedesviopadrão(DP)de inclinac¸ãodoenxertoeisometricidadenosgrupos1e2
Média(DP) Valor-p
Grupo1 -Transtibial
Grupo2-Duas incisões
(Mann--Whitney)
Inclinac¸ãoenxerto (graus)
19,0(3,7) 27,2(5,7) 0,0005
Isometricidade(mm) 0,96(0,8) 1,33(1,6) 0,69
Emrelac¸ãoaotúneltibialnãohouvediferenc¸aentreosdois grupos.
Inclinac¸ãodoenxerto
Nogrupo1foiemmédiade19graus(DP3,7)enogrupo2foi emmédiade27,2graus(DP5,7)(p=0,0005)(tabela2).
Isometricidadedoenxerto
Nãohouvediferenc¸aentreosdoisgrupos(tabela2).
Resultadosfuncionais-IKDCeLysholm
Nãohouveentreosdoisgruposcomrelac¸ãoaIKDC(tabela3), escore de Lysholm pós-operatório e escala de Tegner (tabela4).
AnálisedasmanobrasdeLachmanePivot-Shift
Nãohouvediferenc¸aentreosdoisgrupospelamanobrade Lachman(p=0,87).
Ogrupo2apresentoumelhoresresultadospelamanobra dePivot-Shiftemrelac¸ãoaogrupo1(p=0,04)(tabela5).
Correlac¸ãodoposicionamentodostúneiscomos resultadosfuncionais
Emambososgrupos,osparâmetrosindividuaisde posicio-namentodostúneis(túnelfemoralAP,túnelfemoralP,túnel tibialAP,túneltibialP)nãosecorrelacionaram(p>0,05)comos
Tabela3–ResultadodoInternationalKnee DocumentationComittee(IKDC)nosgrupos1e2
Gupo1 -Transtibial
Grupo2-Duas incisões Valor–p (U-Mann--Whitney) Númerode pacientes(%) Númerode pacientes(%) IKDCsubjetivo
A 12(85,7%) 11(64,7%) 0,16 B 2(14,3%) 4(23,5%)
C 0(0,0%) 2(11,8%)
A 10(71,4%) 6(35,3%) 0,09
B 3(21,4%) 11(64,7%)
C 1(7,2%%) 0(0,0%)
IKDCexameligamentar
A 2(14,3%) 6(35,3%) 0,19
B 12(85,7%) 11(64,7%)
C 0(0,0%) 0(0%)
IKDCfinal
A 2(14,3%) 3(17,6%) 0,96
B 11(78,6%) 12(70,6%)
C 1(7,1%) 2(11,8%)
Obs:Emnenhumdosgruposhouvegraduac¸ão“D”.
Tabela4–Médiaedesviopadrão(DP)pós-operatóriado escoredeLysholmedaescaladeTegnernosgrupos1e2
Gupo1 -Transtibial média(DP)
Grupo2 -Duasincisões
média(DP)
Valor-p (U-Mann--Whitney)
EscoredeLysholm pós-operatório
96,6(4,5) 94,6(4) 0,09
Tegnerpós-operatório 5,9(1,4) 5,2(1,9) 0,32
Tabela5–Resultadoscomparativosdasmanobras deLachmanePivot-Shiftnosgrupos1e2
Gupo1 -Transtibial
Grupo2 -Duasincisões Valor-p (U-Mann--Whitney) Númerode pacientes(%) Númerode pacientes(%) Lachman
0-2mm 7(50%) 8(47,1%) 0,87 3-5mm 7(50%) 9(52,9%)
6-10mm 0(0,0%) 0(0%)
PivotShift
negativo 4(28,6%) 11(64,7%) 0,04 +glide 10(71,4%) 6(35,3%)
++clunk 0(0%) 0(0%)
resultadosfuncionais(IKDC,manobrasdePivot-Shifte Lach-man,LysholmeTegner).
Correlac¸ãodainclinac¸ãodoenxertonoplanocoronal comosresultadosfuncionais
Nogrupo2amaiorinclinac¸ãodoenxertoestáassociadaa melhoresresultadosdeIKDCetemcorrelac¸õessignificativas comoIKDCtestefuncional(r=0,56,p=0,02).
Naanálisedosdoisgruposemconjunto,ainclinac¸ãodo enxertotemcorrelac¸ãosignificativacomamanobrade Pivot--Shift(r=0,38,p=0,04).
Correlac¸ãodaisometricidadecomoposicionamento dostuneis,ainclinac¸ãoeosresultadosfuncionais
Nogrupo1amaiorisometricidadedoenxertoestáassociada amelhoresresultados deIKDCetemcorrelac¸ões significa-tivascomamanobradePivot-Shift(r=0,59,p=0,03),oteste funcional(HopTest)(r=0,64,p=0,01)eoIKDCfinal(r=0,67, p=0,009).
No grupo 2 a maior isometricidade do enxerto tem correlac¸ãosignificativaapenascomoIKDCsubjetivo(r=0,58, p=0,01).
Naanálisedosdoisgruposemconjunto,amaior isome-tricidadetem correlac¸ãosignificativacom oIKDCsubjetivo (r=0,53,p=0,02)eotestefuncional(r=0,36,p=0,04).
Nãohouvecorrelac¸ãodaisometricidadecomainclinac¸ão doenxerto(p>0,05).
Nosgrupos1e2enaanálisedosdoisgruposemconjunto, aisometricidadedoenxertonãosecorrelacionoucomo posi-cionamentodostúneis(p>0,05).
Nosgrupos1e2enaanálisedosdoisgruposemconjunto, nos pacientes com isometricidade ideal(< 2mm)o posici-onamento dostúneisnãofoi estatisticamentediferente do restantedospacientes(p>0,05).
Discussão
Areconstruc¸ãodoLCApelatécnicadeduasincisõessurgiu anteriormenteà técnica transtibial,quepassou a sermais usadapelaconveniênciadesefazerumaúnicaincisãodurante oprocedimentoartroscópico.18Atualmenteatécnicadeduas
incisõesvoltouaserpraticadapelapossibilidadedeum posici-onamentodotúnelfemoralindependentementedaangulac¸ão dotúneltibial,comoobjetivodeposicionaroenxerto ana-tomicamente(nocentrodainserc¸ãoproximaldoLCA).10Há
controvérsias se é possível posicionar o túnel femoral de maneiraanatômica natécnica transtibial,umavezqueno posicionamentoanatômicodotúneloenxertoficainclinado (maishorizontalizado),oquedificultasuaconfecc¸ãoporessa técnica.9
Nopresenteestudodemospreferênciaàtécnica transti-bial parafeitura dotúnelfemoraldevido àsua localizac¸ão anatômica.Posicionamosoguiatibialmaismedialmentepara queaentrada dotúnelficasse maispróxima doligamento colateralmedial.23Noentanto,observamosqueo
posiciona-mentodotúnelfemoralfoisignificativamentediferenteentre asduastécnicas,provavelmentedevidoàsdificuldades des-critasacima.Natécnicadeduasincisõesotúnelfemoralnas radiografiasemAPficoumaislateralizado,noperfilmais ante-riorizadoenaincidênciadetúnelmaisinclinado.Acreditamos queesseposicionamentosejarealmentemaisanatômico.
Os resultados funcionais não demonstraram diferenc¸a entre as duas técnicas, porém na avaliac¸ão isolada do
teste Pivot-Shift a técnica de duas incisões apresentou resultados significativamente melhores, possivelmente por reproduzir melhor a anatomia doLCA. O melhor controle rotacional na técnica de duas incisões ocorreu sem pre-juízo do controle da estabilidade anteroposterior, o que confirma o relatado na literatura.24 Pelo conhecimento
dos autores, até o presente momento apenas estudos biomecânicos25,26eretrospectivos27demonstrarama
superi-oridadedareconstruc¸ãoanatômicanocontrolerotacionale issoaindanãohaviasidoreportadonumensaioclínico ran-domizado.
Pormuito temponatécnica transtibiala isometricidade foi considerada fundamental na reconstruc¸ão do LCA e a obtenc¸ãode umponto isométricoesteverelacionadaaum posicionamento do túnel na área de inserc¸ão da banda posterolateral na tíbia e anteromedial no fêmur. Com a reconstruc¸ãoanatômica,oposicionamentonocentrodaárea de inserc¸ãopassou a serde maiorimportância. Quanto à isometricidade doenxerto, opresenteestudonãoobservou diferenc¸as estatísticassignificativasentreasduastécnicas. Issomostraconcordânciacomestudosrecentes,emquea dis-tensãodurantemáximaextensãoésemelhanteemambasas técnicas.28-30
Em ambososgrupos houve correlac¸ãoda inclinac¸ãodo enxerto com osresultados funcionaisequandoanalisados emconjunto,quantomaiorainclinac¸ãodoenxertomelhor oresultadodoPivot-Shift.Issoconfirmaahipótesedequeo posicionamentoanatômicoemaisinclinadodoenxertoleva aumamaiorestabilidaderotacional.
Acreditamosqueafaltadeisometricidadedoenxertopode ocasionar um afrouxamento com os movimentos repetiti-vosdeflexo-extensão.Observamosnogrupotranstibialque os pacientes commenor isometricidadeapresentaram pio-resresultadosfuncionais,aténamanobradePivot-Shift.No grupodeduasincisõesamenorisometricidadese correlaci-onacomoIKDCsubjetivoapenasepensamosquesejadevido aoposicionamentoanatômicodoenxertonessatécnica.
Existem limitac¸ões no estudo relacionadas à amostra pequena eaopouco tempode seguimentopara avaliac¸ões clínicas.Nãoforamfeitasavaliac¸õespeloKT-1000.
Conclusão
Atécnicadeduasincisõespermitiuumposicionamentodo túnelfemoralmaislateralizadoeanteriorizadoequeoenxerto ficassemaisinclinadoedemonstrouclinicamenteummelhor resultadopelamanobradePivot-Shift.Nãohouvediferenc¸ana isometricidadeenoresultadofuncionalfinalnocurtotempo deseguimentoavaliado.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimentos
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
1. HowellSM,ClarkJA,FarleyTE.Arationaleforpredicting anteriorcruciategraftimpingementbytheintercondylar roof.Amagneticresonanceimagingstudy.AmJSportsMed. 1991;19(3):276–82.
2. BradleyJ,FitzPatrickD,DanielD,ShercliffT,O’ConnorJ. Orientationofthecruciateligamentinthesagittalplane. Amethodofpredictingitslength-changewithflexion.JBone JointSurgBr.1988;70(1):94–9.
3. SidlesJA,LarsonRV,GarbiniJL,DowneyDJ,MatsenFA3rd. Ligamentlengthrelationshipsinthemovingknee.JOrthop Res.1988;6(4):593–610.
4. GillquistJ,OdenstenM.Arthroscopicreconstructionofthe anteriorcruciateligament.Arthroscopy.1988;4(1):5–9. 5. GoodL,OdenstenM,GillquistJ.Precisioninreconstruction
oftheanteriorcruciateligament.Anewpositioningdevice comparedwithhanddrilling.ActaOrthopScand.
1987;58(6):658–61.
6. PinczewskiLA,SalmonLJ,JacksonWF,vonBormannRB, HaslamPG,TashiroS.Radiologicallandmarksforplacement ofthetunnelsinsingle-bundlereconstructionoftheanterior cruciateligament.JBoneJointSurgBr.2008;90(2):172–9. 7. JacksonDW,GasserSI.TibialtunnelplacementinACL
reconstruction.Arthroscopy.1994;10(2):124–31.
8. MorganCD,KalmanVR,GrawlDM.Definitivelandmarksfor reproducibletibialtunnelplacementinanteriorcruciate ligamentreconstruction.Arthroscopy.1995;11(3): 275–88.
9. LohJC,FukudaY,TsudaE,SteadmanRJ,FuFH,WooSL.Knee stabilityandgraftfunctionfollowinganteriorcruciate ligamentreconstruction:Comparisonbetween11o’clockand 10o’clockfemoraltunnelplacement.2002RichardO’Connor Awardpaper.Arthroscopy.2003;19(3):297–304.
10.GarofaloR,MouhsineE,ChambatP,SiegristO.Anatomic anteriorcruciateligamentreconstruction:thetwo-incision technique.KneeSurgSportsTraumatolArthrosc.
2006;14(6):510–6.
11.TegnerY,LysholmJ.Ratingsystemsintheevaluationofknee ligamentinjuries.ClinOrthopRelatRes.1985;(198):43–9. 12.MarxRG,JonesEC,AllenAA,AltchekDW,O’BrienSJ,Rodeo
SA,etal.Reliability,validity,andresponsivenessoffourknee outcomescalesforathleticpatients.JBoneJointSurgAm. 2001;83(10):1459–69.
13.LeeDY,KarimSA,ChangHC.Returntosportsafteranterior cruciateligamentreconstruction-areviewofpatientswith minimum5-yearfollow-up.AnnAcadMedSingapore. 2008;37(4):273–6.
14.BernardM,HertelP,HornungH,CierpinskiT.Femoral insertionoftheACL.Radiographicquadrantmethod.AmJ KneeSurg.1997;10(1):14–21.
15.ZantopT,WellmannM,FuFH,PetersenW.Tunnelpositioning ofanteromedialandposterolateralbundlesinanatomic anteriorcruciateligamentreconstruction:anatomicand radiographicfindings.AmJSportsMed.2008;36(1): 65–72.
16.KhalfayanEE,SharkeyPF,AlexanderAH,BrucknerJD,Bynum EB.Therelationshipbetweentunnelplacementandclinical
resultsafteranteriorcruciateligamentreconstruction.AmJ SportsMed.1996;24(3):335–41.
17.StäubliHU,RauschningW.Tibialattachmentareaofthe anteriorcruciateligamentintheextendedkneeposition. Anatomyandcryosectionsinvitrocomplementedby magneticresonancearthrographyinvivo.KneeSurgSports TraumatolArthrosc.1994;2(3):138–46.
18.HarnerCD,MarksPH,FuFH,IrrgangJJ,SilbyMB,MengatoR. Anteriorcruciateligamentreconstruction:endoscopyversus two-incisiontechnique.Arthroscopy.1994;10(5):502–12. 19.IrrgangJJ,HoH,HarnerCD,FuFH.UseoftheInternational
KneeDocumentationCommitteeguidelinestoassess outcomefollowinganteriorcruciateligamentreconstruction. KneeSurgSportsTraumatolArthrosc.1998;6(2):107–14. 20.HeftiF,MüllerW,JakobRP,StäubliHU.Evaluationofknee
ligamentinjurieswiththeIKDCform.KneeSurgSports TraumatolArthrosc.1993;1(3-4):226–34.
21.KocherMS,SteadmanJR,BriggsK,ZurakowskiD,SterettWI, HawkinsRJ.Determinantsofpatientsatisfactionwith outcomeafteranteriorcruciateligamentreconstruction. JBoneJointSurgAm.2002;84(9):1560–72.
22.PeccinMS,CiconelliR,CohenM.Questionárioespecíficopara sintomasdojoelhoLysholmKneeScoringScale:traduc¸ão evalidac¸ãoparaalínguaportuguesa.ActaOrtopBras. 2006;14(5):268–72.
23.RueJP,GhodadraN,BachBRJr.Femoraltunnelplacementin single-bundleanteriorcruciateligamentreconstruction:a cadavericstudyrelatingtranstibiallateralizedfemoraltunnel positiontotheanteromedialandposterolateralbundle femoraloriginsoftheanteriorcruciateligament.AmJSports Med.2008;36(1):73–9.
24.HarnerCD,PoehlingGG.Doublebundleordoubletrouble? Arthroscopy.2004;20(10):1013–4.
25.ScoppJM,JasperLE,BelkoffSM,MoormanCT3rd.Theeffect ofobliqúefemoraltunnelplacementonrotationalconstraint ofthekneereconstructedusingpatellartendonautografts. Arthroscopy.2004;20(3):294–9.
26.DriscollMD,IsabellGPJr,CondittMA,IsmailySK,JupiterDC, NoblePC,etal.Comparisonof2femoraltunnellocations inanatomicsingle-bundleanteriorcruciateligament reconstruction:abiomechanicalstudy.Arthroscopy. 2012;28(10):1481–9.
27.KimMK,LeeBC,ParkJH.Anatomicsinglebundleanterior cruciateligamentreconstructionbythetwoanteromedial portalmethod:thecomparisonoftransportalandtranstibial techniques.KneeSurgRelatRes.2011;23(4):213–9.
28.LeeJS,KimTH,KangSY,LeeSH,JungYB,KooS,etal.How isometricaretheanatomicfemoraltunnelandtheanterior tibialtunnelforanteriorcruciateligamentreconstruction? Arthroscopy.2012;28(10):1504–12.
29.YonetaniY,ToritsukaY,YamadaY,IwahashiT,YoshikawaH, ShinoK.Graftlengthchangesinthebi-socketanterior cruciateligamentreconstruction:comparisonbetween isometricandanatomicfemoraltunnelplacement. Arthroscopy.2005;21(11):1317–22.