w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
original
Resultado
funcional
relacionado
ao
posicionamento
do
enxerto
na
reconstruc¸ão
do
ligamento
cruzado
anterior
夽
Otávio
de
Melo
Silva
Júnior,
Bruno
do
Nascimento
Ohashi,
Murilo
Oliveira
de
Almeida
∗e
Murilo
Reis
Gonc¸alves
HospitalRegionaldeSobradinho,Brasília,DF,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem1denovembrode2013 Aceitoem7denovembrode2013 On-lineem17dedezembrode2014
Palavras-chave: Joelho/cirurgia
Ligamentocruzadoanterior Resultadodetratamento Traumatismosematletas
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Averiguarqualaangulac¸ãocoronaldostúneisfemoraletibialqueproporciona omelhorresultadono pós-operatóriode cirurgiade reconstruc¸ãodoLCA.Asvariáveis avaliadasforamosquestionáriosIKDCeLysholm-TegnereoHop-Test.
Métodos:Foramanalisados16pacientescompós-operatórioentre24e36meses,comlesão isoladaunilateraldoLCA.Foramdivididosemquatrogrupos,nosquaisosângulosdostúneis tibialefemoralforammenoresoumaioresdoque65◦
noplanocoronal.
Resultados: Aangulac¸ãodotúneltibialmaisverticalizada(72◦)edotúnelfemoralmais
hori-zontalizada(60◦)comoalinhamentoemvalgode12◦relacionou-secomosmelhoresvalores
paraasvariáveisestudadas,oquepodeindicarumresultadoótimoparaacirurgiaemlongo prazo.
Conclusão:Aangulac¸ãofemoralmaishorizontalizadaeaangulac¸ãotibialmaisverticalizada têmmelhoresavaliac¸õesnostestesaplicadosenosresultadosfuncionaisavaliados.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
Functional
result
relating
to
the
positioning
of
the
graft
in
anterior
cruciate
ligament
reconstruction
Keywords: Knee/surgery
Anteriorcruciateligament Treatmentresult
Traumaamongathletes
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective:Toascertainthecoronalanglesforthefemoralandtibialtunnelsthatprovide thebestpostoperativeresultfromanteriorcruciateligament(ACL)reconstructionsurgery, throughassessingthevariablesoftheIKDCandLysholm-Tegnerquestionnairesandthe hoptest.
Methods:SixteenpatientswithasingleunilateralACLinjurywhounderwentthissurgery between24and36monthsearlierwereevaluated.Theyweredividedintofourgroupsin whichthetibialandfemoraltunnelanglesweregreaterthanorlessthan65◦
inthecoronal plane.
夽
TrabalhofeitonoServic¸odeOrtopediaeTraumatologia,HospitalRegionaldeSobradinho,Brasília,DF,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:ortopediamurilo@gmail.com(M.O.d.Almeida).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2014.11.001
Results: Theresultsdemonstratedthatamoreverticalangleforthetibialtunnel(72◦
)anda morehorizontalangleforthefemoraltunnel(60◦),withvalgusalignmentof12◦correlated
withthebestvaluesforthevariablesstudied.Thismayindicatethatthelong-termresults fromthissurgeryareexcellent.
Conclusion:Amorehorizontalfemoralangleandamoreverticaltibialangleproducedbetter assessmentsintheteststhatwereappliedandinthefunctionalresultsevaluated.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
A lesão ou ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) ematletasouindivíduosfisicamenteativosémuitocomum napráticaortopédica.Estudosepidemiológicosdemonstram incidênciaaproximadade80.000lesõesporano.1
OsprimeirosrelatosdelesãodoLCAaparecemnaliteratura doséculoIX;2jáosregistrosdereconstruc¸ãocirúrgicasãodo
iníciodoséculoXX.3Nosúltimos30anos,váriastécnicas
cirúr-gicasforamdescritasparareconstruc¸ãodesseligamentocom ousodediversasestruturascomofontedeenxerto. Percorreu--se umgrandecaminhoaté retornaràtécnica descritapor Campbell,4em1939,queusouoligamentopatelar.Também
nomesmoano,Macey5descreveuaprimeiratécnicaqueusou
ostendõesflexores:semitendíneoegrácil(ST-G).
Embora o grande avanc¸o das técnicas cirúrgicas tenha reduzidootempoderetornoàsatividadesdospacientes sub-metidosàreconstruc¸ãodoLCA,6nãoforamencontradosna
literaturatrabalhosquerelacionema angulac¸ãodostúneis comoresultadopós-operatório.
Nãoháconsensosobreasváriastécnicas descritaspara reconstruc¸ãodoLCAquandocomparamososresultados pós--operatórios.Torna-senecessário, portanto,estudarmelhor quaisas possíveis variáveisque secorrelacionam com um melhorresultadofinal.
Atualmenteostúneistibiaissãoconfeccionadosapartir de guiaspré-fabricados eajustáveis conformeaangulac¸ão desejada.
Oobjetivodoestudoéaveriguarqualaangulac¸ãocoronal dostúneisfemoraletibialqueproporcionaomelhor resul-tadono pós-operatóriode cirurgiade reconstruc¸ãodoLCA comosseguintescritériosdeavaliac¸ão:queixasdopaciente, satisfac¸ão com o resultado, questionários Lysholm-Tegner (anexo1)eIKDC(anexo2),exameclínicoesaltocomapoio monopodálico.
Material
Foramavaliadosjoelhosde16pacientes(tabela1) provenien-tesdoambulatóriodecirurgiadojoelhodoHospitalRegional deSobradinho(DF)submetidosàreconstruc¸ãodoligamento cruzadoanterior,feitapelomesmomédico,especialistaem cirurgiadojoelho.
Ascaracterísticasdemográficas(gênero,idade,IMC,perna dominante)estãolistadasnatabela1.
Tabela1–Característicadaamostra
n(%)
Gênero
Masculino 13(83,25)
Feminino 3(17,75)
Idade(anos)
Até20 1(6,25)
21a30 9(56,25)
31a40 4(25)
Acimade40 2(12,5)
Média=29,7
IMC(kg/m2)
18,5-24,9(Normal) 10(62,5)
25-29,9(Sobrepeso) 6(37,5)
Média=24,96
Pernadominante
Direita 11(68,75)
Esquerda 3(18,75)
Ambidestro 2(12,5)
Oscritériosdeinclusãoforam:pós-operatórioentre24e
48meses,lesãoisoladadoLCA confirmadaporressonância
magnética no pré-operatório, ter feito fisioterapia no pós--operatórioeestardealtadareabilitac¸ão(comretornoounão àmesmaatividadepréviaàlesão).
Oscritériosdeexclusãoforam:lesõesassociadasde liga-mentos,meniscosoucartilagemarticular,cirurgiaderevisão, sinais inflamatórios, desordens neuromusculares, infecc¸ão, artrofibrose, fraturas nos membros inferiores, osteoartrose avanc¸adanasarticulac¸õesfemoropatelaroutibiofemoralcom evidentedesviodeeixoarticular.
Na tabela2foram detalhadosfatoresqueserelacionam comotipodepráticaesportiva,soloecondic¸õesemque ocor-reramaslesõeseareabilitac¸ão.
Todos os pacientes foram submetidos àmesma técnica cirúrgica padrão,com enxertode banda únicadostendões semitendinosoegrácil(ST-G),ecomoimplantesdefixac¸ão ocrosspinproximaleparafusodeinterferênciaabsorvívelcom postecorticaldistal(fig.1).
Método
Ospacientesforamesclarecidossobreosobjetivosdo traba-lhoeapósconcordânciaassinaramtermodeconsentimento livreeesclarecido(TCLE).
Tabela2–Fatoresrelacionadosàlesão
n(%)
Idade(anos)nomomentodalesão
Até20 4(25)
21a30 9(56,25)
31a40 2(12,5)
Acimade40 1(6,25)
Média=26,2
Ambientedurantealesão
Práticaesportiva(lazer) 13(81,25)
Outros 3(18,75)
Esportepraticadodurantealesão
Futebol 10(62,5)
Outros 6(37,5)
Pavimentonomomentodalesão
Gramadosintético 6(37,5)
Gramadonatural 4(25)
Taco 2(12,5)
Tatame 2(12,5)
Outros 2(12,5)
Intervaloentrelesãoecirurgia(meses)
<6 8(50)
6a12 2(12,5)
13a24 4(25)
>24 2(12,5)
Média=13,85
Ladooperado
Direita 7(43,75)
Esquerda 9(56,25)
Relac¸ãoladodominanteXoperado
Ipsilateral 6(37,5)
Contralateral 8(50)
Ambidestro 2(12,5)
Saúde(Fepecs)efoiaprovadopeloreferidoórgãosoboparecer 0018/2010,protocolo211/2010.
Foramatribuídosnúmerosnãosequenciaisacadajoelho
submetidoàcirurgia.
Aavaliac¸ãoclínicafoifeitainicialmenteemconsultório,
onde os pacientes responderam à anamnese sobre o
pós--operatórioeforamaplicadasasperguntasdosquestionários subjetivosdoComitêInternacionaldeDocumentac¸ãodo Joe-lho(IKDC,2000)edoTegnerLysholmKneeScoringScale,esse últimovalidadoparaalínguaportuguesa,7paraosquaisfoi
atribuídaumapontuac¸ão.Fez-seoexameclínico,para veri-ficarapresenc¸aounãodederramearticular,crepitac¸ão,dor, frouxidão(testesdeLachman,pivot-shiftegavetaanterior),e mensurou-seagoniometriadosjoelhos.Todososdados obti-dosforamregistradosemformuláriopróprio(anexo3).
Ospacientesfizeramhoptest,noqualfoiobtidooíndicede simetriadomembroinferior(ISM),constituídopelarelac¸ãoda medidadadistânciadeumsaltocomapoiomonopodálicodo ladosubmetidoàcirurgiacomparativamentecomoladonão operado.
ISM=(distânciamembrooperado/distânciamembro con-tralateral)x100
Ospacientesposteriormentesubmeteram-searadiografia (RX)dojoelho operado,nasincidênciasemanteroposterior (AP)ortostáticacomapoioeraiosparalelos,nosquaisforam
Figura1–Radiografiadejoelhosubmetidoà técnica-padrão.
trac¸adosalinhaarticulartangenteaoscôndiloseoseixosdos túneisconfeccionadosparainserc¸ãodoenxerto,enoplano coronalefoiatribuídoovalorencontradoemgraus(fig.2).
A partir dos valores encontrados, foram calculadas as médiaseospacientesforamentãoagrupadosemcategorias, acimaeabaixodovalormédio,conformeoângulodostúneis femoraisetibiaisnaradiografiadosjoelhosemAP(tabela3).
Tabela3–Distribuic¸ãodospacientesemgruposde
acordocomaradiografiaemanteroposterior(plano
coronal)
TTC≤65◦ TTC>65◦
TFC≤65◦ GRUPOI GRUPOII
Figura2–A=ângulofemoralcoronal/B=ângulotibial coronal.
Paracadagrupofoiavaliadooresultadopós-operatório,que tevecomovariáveisestudadasisoladamente,emrelac¸ãoaos túneisobtidos:
• Satisfac¸ãosubjetivadopacientecomoresultadocirúrgico;
• Pontuac¸ãonosquestionáriosdeLysholm-TegnereIKDC;
• Índicedesimetriadomembro,comsaltomonopodálico(hop
test).
Resultados
Aangulac¸ãomédiadostúneistibiaisnoplanocoronal(TTC) foide64,81◦edostúneisfemorais(TFC)foide67,68◦.Amaioria dospacientesteveseusvaloresmensuradosentre61e70◦em ambosossítios.Adiferenc¸adoalinhamentoentreostúneis tibialefemoral(TTC-TFC)édemonstradanatabela4.
Osfatoresrelacionadosaopós-operatórioeasavaliac¸õesde acordocomostestesaplicadosestãorelacionadosnatabela5.
Grupo
I
(túneis
femorais
≤
65
◦e
túneis
tibiais
no
plano
coroal
≤
65
◦)
Ondogrupofoidecincoindivíduos,dosquaisquatrohomens eumamulher.Aidademédiafoide29,6anos,omaisjovem com22eomaisvelhocom.
Nesse grupo foram incluídos os pacientes com ângulos tibialefemoralmaishorizontalizadosnoplanocoronal.Tanto ostúneisfemoraisquantoostibiaismediramentre55◦e64◦
Tabela4–Angulac¸ãodostúneis
n(%)
Angulac¸ãocoronaldotúneltibial(TTC)
≤60◦ 4(25)
61a70◦ 9(56,25)
>70◦ 3(18,75)
Média=64,81◦
Angulac¸ãocoronaldotúnelfemoral(TFC)
≤60◦ 2(12,5)
61a70◦ 11(68,75)
>70◦ 3(18,75)
Média=67,68◦
TTC-TFC(o)
<-10◦(varo) 1(6,25)
–10a–1◦(varo) 11(68,75)
1a10◦(valgo) 3(18,75)
>10◦(valgo) 1(6,25)
Média=–2,87◦(varo)
commédiade61,2◦paraosfemoraise61◦paraostibiais.A
diferenc¸aentreosângulosdoseixostibialefemoralvariou desde9◦devaroaté9◦devalgo.
Todos os pacientes do grupo sofreram lesão durante a
prática esportiva, cada um delesem um tipo diferente de
pavimento.Umdelesinformounãoterretornadoàatividade esportivaedeclarou-seinsatisfeitocomoresultadoda cirur-gia.
OIKDCmédiofoide86,4(entre72e96)eoLysholm encon-tradofoide85a100,commédiade94,4.
Duranteoexamefísicodoispacientesapresentaramteste
deLachmanpositivo.
Tabela5–Fatoresrelacionadosaopós-operatório
n(%)
Tempodepós-operatório(meses)
24a36 10(62,5)
36a48 6(37,5)
Média=34,5
IKDC
95-100(Excelente) 5(31,25)
84-94(Bom) 9(56,25)
65-83(Regular) 2(12,5)
Média=89,94
Lysholm-Tegner
<91 4(25)
91-99 5(31,25)
100 7(43,75)
Média=95,5
Hop-Test(ISM)
<0,9 2(12,5)
0,91-0,99 6(37,5)
1,00 7(43,75)
>1,00 1(6,25)
Média=0,968
Satisfac¸ãocomoresultadodacirurgia
Sim 14(87,5)
Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV Média
86,4 97 91,2 92,2 90,375
95,5 97,8 93,4 100 94,4 105 100 95 90 85 80 75 IKDC Lysholm Pontuaçã o Questionários
Figura3–Pontuac¸ãonosquestionáriosIKDCeLysholm-Tegner.
NoHop-Test,osvaloresoscilaramentre0,87e1eamédia doISMfoide0,95.
Grupo
II
(túneis
femorais
≤
65
◦e
túneis
tibiais
no
plano
coroal
>
65
◦)
Oscritériosdeinclusãonessegrupoforampreenchidospor apenasumindivíduodosexomasculino,com25anos.
Essepacienteapresentouoângulotibialmaisverticalizado eofemoralmaishorizontalizado,ouseja,comprincípio seme-lhanteaodatécnicadeconfecc¸ãodotúnelfemoraltransportal artroscópico.
Oângulodiáfise-túnelnofêmurfoide60◦eotibialde72◦. Adiferenc¸aentreosângulosdoseixostibialefemoralfoide 12◦emvalgo.
Esse paciente apresentou pontuac¸ão máxima nos ques-tionários do IKDC e Lysholm-Tegner (100 e 97 pontos, respectivamente) e ao exame físico apresentou Lachman, gaveta anterior epivot-shift negativos. Seu ISM foi de 1ao Hop-Test.Esse pacientenãoapresentouqueixaespontânea quandoindagadoduranteoestudo.Declarou-sesatisfeitocom oresultadodacirurgiaeretornouàatividadefísicacomoito semanasdepós-operatório.
Grupo
III
(túneis
femorais
>
65
◦e
túneis
tibiais
no
plano
coroal
≤
65
◦)
Ondogrupofoidecincoindivíduos,dosquaisquatrohomens eumamulher.Aidademédiadogrupofoide30,4anos,omais jovemcom23eomaisvelhocom40.
Nessegrupo foram incluídos os pacientes com ângulos tibialmaishorizontalefemoralmaisverticalizadonoplano coronal.
Osângulosformadospeloseixosdasdiáfisesedostúneis foram:nofêmurentre68◦ e70◦ (média69,2◦)enquanto na tíbiavariaramentre60◦e64◦(média61,8◦).Adiferenc¸aentre osângulosdoseixosfemoraletibialvarioudesde–10◦ a–4◦, ouseja,sempreemvaro.
Todosospacientesdogruposofreramlesãodurantea prá-ticaesportiva,trêsemgramasintéticaedoisemtatame.
Apontuac¸ãonoquestionáriodoIKDCoscilouentre85e97, comvalormédiode91,2enoLysholmentre88a100eamédia de93,4.
Duranteoexamefísicoumpacienteapresentoutestede Lachmann positivo e umpivot-shift positivo. Um indivíduo informou não ter retornado à atividade esportiva, porém considera-sesatisfeitocomoresultadodacirurgia.
NoHop-Test,ovalormédiodoISMfoide0,94commínimo de0,85emáximode1.
Todos os pacientes declararam-se satisfeitos com o resultadodopós-operatório,entretantohouvequeixas espon-tâneas,comodoraoagachamento,estaloseinseguranc¸apara executarsaltoscomapernaoperada.
Grupo
IV
(túneis
femorais
>
65
◦e
túneis
tibiais
no
plano
coroal
>
65
◦)
Ondogrupofoidecincoindivíduos,dosquaisquatrohomens eumamulher.Aidademédiafoide30anos,omaisjovemcom 20eomaisvelhocom45.
Osângulosformadosentreoseixosdasdiáfisesedostúneis nospacientesdessegrupoforamosmaisverticaisnoplano coronal.Nofêmurosvaloresvariaramentre70◦e82◦(média 74,2◦)enquantonatíbiavariaramentre66◦e73◦(média70,2◦). Adiferenc¸aentreosângulosdostúneisfemoraletibial varia-ramdesde–12◦a+3◦,commédiade–4◦(emvaro).
Todosospacientesdogruposofreramlesãodurantea prá-ticaesportiva,trêsemgramanatural,umemtacoeumem gramasintética.
Apontuac¸ãonoquestionáriodoIKDCvariou de89a96, comvalormédiode92,2,enoLysholmde95a100,commédia de97,8(fig.3).
Tabela6–Médiasdosvaloresdasvariáveisanalisadasporgrupo
Grupo TFC(o) TTC(o) Coronal(o) IKDC Lysholm ISM
I 61,2 61 -0,2 86,4 94,4 0,956
II 60 72 12 97 100 1,00
III 69,2 61,8 -7,4 89,8 93,4 0,946
IV 74,2 70,2 -4 92,2 97,8 0,996
TFC,ângulodotúnelfemoralnoplanocoronal;TTC,ângulodotúneltibialnoplanocoronal;Coronal,resultadodasubtrac¸ãoTTC-TFC;ISM, índicedesimetriadomembro(Hop-Test).
Grupo I Grupo II Grupo III Grupo IV Média 1,01 1 0,99 0,98 0,97 0,96 0,95 0,94 0,93 0,92 0,91 ISM (Hop-Test) ISM
Figura4–Índicedesimetriadosmembros(ISM) aoHop-Test.
NoHop-Test,ovalormédiodoISMfoide0,99commínimo de0,92emáximode1,07(fig.4).
Asqueixasespontâneasforamaumentodeflexibilidadee parestesianafacelateralnapernaoperada.
Asmédiasobtidasnasavaliac¸õesdasvariáveisdotrabalho estãodispostasnatabela6.
Discussão
O presenteestudo foi feitocom o objetivo de relacionar a angulac¸ãodostúneisósseoscomoresultadopós-operatório da reconstruc¸ão do ligamento cruzado anterior. Algumas considerac¸ões devem ser feitas quanto aos critérios que motivaramaescolhadessetema,bemcomo ametodologia empregada.
Emestudosde pacientes comreconstruc¸ãodo LCA que compararamdois tipos de enxertos,ST-Getendãopatelar (TP),comamesmatécnicadefixac¸ão,mostrou-sequenãohá diferenc¸asignificativanaanteriorizac¸ãodatíbia.Aescolhado enxertopermanece,portanto,acritériodocirurgião.8Nãofoi
objetivodoestudocompararfontesdeenxerto.Dessaforma, nopresenteestudoforamselecionadosapenaspacientes sub-metidosàtécnicacomST-G.
Quanto à fixac¸ão do enxerto, não foi nosso objetivo a comparac¸ãoentrediferentesmétodosdefixac¸ão.A preferên-ciapessoal docirurgião envolvido notrabalho, o qualtem grandeexperiência, épara ouso docrosspinproximalcom parafusodeinterferênciaabsorvívelepostecomparafusoe arruelametálicosdistais.
Oscritériosdeinclusãoeexclusãotiveramcomoobjetivo limitar osindivíduos estudadosàqueles que apresentavam lesãoexclusivamentedoLCAunilateraledessaforma elimi-naroviésrelacionadoàslesõesassociadas;entretanto,entre 300 pacientes submetidos à cirurgia em três anos, apenas 26preenchiamtodososcritériose,desses,somente16 com-pareceramparaafeituradapesquisa.
Aaferic¸ãodosângulosdostúneisfoifeitaporummesmo pesquisador, pormeio deradiografiassimples,umatécnica barata e disponível,mas que podepossibilitar variac¸ão do ângulo aferido conformea incidênciado raio.Novos estu-doscomusoderessonânciamagnéticapodemreduzirouaté mesmoeliminartalviés.
Os grupos foram divididos em func¸ão dos valores médios dos túneis confeccionados. Dessa forma, apenas um paciente pôde ser incluído no Grupo II. Justamente esseindivíduoapresentouosmelhoresíndicesderesultado pós-operatórionasvariáveisestudadas.Nofuturo,mais paci-entespoderãoserincluídosemnovosestudos,afimdeobter umaamostra maioreverificarsetaisachados semantêm, bemcomosehásignificânciacomumnúmeromaisrelevante deindivíduosestudados.
Estudosbiomecânicosemcadáveresdemonstraramquea confecc¸ãodotúnelfemoralemumângulode60◦ noplano coronalminimizaoimpactodoenxertocontraoLCPereduza tensãodoenxertoemflexão.Elesdemonstraramqueaperda deflexãoeafrouxidãoanteriorsãomaioresquandootúnel tibialéperfuradocomângulo≥75◦ noplanocoronaleque
seotúnelfemoralforconfeccionadomaisverticalmentepor via transtibial(entre70◦ e80◦)ocorreráoimpactocontrao LCP. Tais túneisaumentamatensãodoenxerto emflexão, oqueexplicaalimitac¸ãodaflexãoobservadaclinicamente. EsseimpactocontraoLCPestiraoenxerto,oquepodeexplicar oaumentodafrouxidãoanterior.9
Sugere-senosestudosinvitroque,parareduziratensãoem flexão,deve-seposicionarotúneltibiala60◦ noplano coro-nal,porqueoângulodotúnelfemoraleatensãonoenxerto seriamcontroladosporesseânguloeissomelhorariaaflexão efrouxidãoanterior.10
Dessa forma, justifica-se o entusiasmo em fazer novos estudoscom oobjetivodeencontrar aangulac¸ãoidealdos túneistibialefemoral.
94,4)eISM(média=0,956).NogrupoII, noqualse vertica-lizouotúneltibial(72◦)esemanteveotúnelfemoralmais oblíquo (60◦), encontraram-se os melhores resultados eos valoresforamosmáximospossíveisparaasvariáveisIKDC, LyshholmeISM. NogrupoIII,no qualseverticalizaramos túneisfemorais(média69,2◦)esehorizontalizaramos tibi-ais(61,8◦),encontrou-seosegundopiorIKDC(média91,2),os pioresvaloresparaasvariáveisLysholm(93,4)eISM(0,946). JánogrupoIV,noqualostúneistibial(70,2◦)efemoral(64,2◦) foramosmaisverticalizados,observamosossegundos melho-resresultadosnastrêsvariáveis:Lysholm(97,8),IKDC(92,2)e ISM(0,996).
Conclusão
A partir dos dados obtidos no presente estudo, conclui-se queos resultados dos grupos IIe IVforam superiores aos
dosgruposIeIII.Osdoisgruposcommelhoresíndicessão aquelescomostúneistibiaismaisverticalizados.Asmaiores pontuac¸õesparaoIKDC,LysholmeISMforamobtidasno paci-entesubmetidoaumaangulac¸ãode60◦dotúnelfemorale72◦ notúneltibial,oqueconfiguraumalinhamentoemvarodos túneis.Ospioresresultadosparaasvariáveisestudadasforam encontradoscomogruponoqualotúneltibialencontrava-se maishorizontalizadoeoalinhamentodostúneis encontrava--se maisvalgo,porém maisestudossãonecessáriosparaa confirmac¸ãodessesachados.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Anexo
1.
Questionário
Lysholm
–
Traduc¸ão
validada
para
a
língua
portuguesa
Mancar(5pontos) Dor(25pontos)
Nunca=5 Nenhuma=25
Leveouperiodicamente=3 Inconstanteouleveduranteexercíciospesados=20
Intensoouconstante=0 Mancadaduranteexercíciospesados=15
Marcadaduranteouapóscaminharmaisde2km=10
Apoio(5pontos) Marcadaduranteouapóscaminharmenosde2km=5
Nunca=5 Constante=0
Bengalaoumuleta=2
Impossível=0 Inchac¸o(10pontos)
Nenhum=10
Travamento(15pontos) Comexercíciospesados=6
Nenhumtravamentoousensac¸ãodetravamento=10 Comexercícioscomuns=2
Temsensac¸ão,massemtravamento=10 Constante=0
Travamentoocasional=6
Frequente=2 Subindoescadas(10pontos)
Articulac¸ão(junta)travadanoexame=0 Nenhumproblema=10
Levementeprejudicado=6
Instabilidade(25pontos) Umdegraudecadavez=2
Nuncafalseia=25 Impossível=0
Raramente,duranteatividadesatléticaseoutrosexercícios pesados=20
Agachamento(5pontos)
Frequentementeduranteatividadesatléticaseoutros exercíciospesados(ouincapazdeparticipac¸ão)=15
Nenhumproblema=5
Levementeprejudicado=4 Ocasionalmenteematividadesdiárias=10 Nãoalémde90graus=2
Frequentementeematividadesdiárias=5 Impossível=0
Emcadapasso=0
Pontuac¸ãototal:
Anexo
2.
Questionário
Subjetivo
IKDC.
FORMULÁRIO
DE
AVALIAÇÃO SUBJETIVA
DO JOELHO
IKDC 200
0
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
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s
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