AVALIAÇÃO HISTOMORFOLÓGICA DA
RESPOSTA DA POLPA DE DENTES DE CÃES
SUBMETIDA AO CAPEAMENTO COM SISTEMA
ADESIVO, CIMENTO DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO E
DOIS TIPOS DE AGREGADO DE TRIÓXIDO
AVALIAÇÃO HISTOMORFOLÓGICA DA RESPOSTA
DA POLPA DE DENTES DE CÃES SUBMETIDA AO
CAPEAMENTO COM SISTEMA ADESIVO, CIMENTO
DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO E DOIS TIPOS DE
AGREGADO DE TRIÓXIDO MINERAL
Tese apresentada à Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de Araçatuba, para obtenção do título de Doutor em Odontologia (Área de Concentração: Odontopediatria).
Orientador: Prof. Titular Roberto Holland
F219a Avaliação histomorfológica da resposta da polpa de dentes de cães submetida ao capeamento com sistema adesivo, cimento de hidróxido de cálcio e dois tipos de agregado de trióxido mineral / Italo Medeiros Faraco Junior. – Araçatuba : [s.n.], 1999
256 f. : il.
Tese (Doutorado) – Universidade Estadual de Paulista, Facul- dade de Odontologia, Araçatuba, 1999
Orientador : Prof. Dr. Roberto Holland
1. Capeamento da polpa dentária 2. Adesivos dentinários 3. Ci- mento de hidróxido de cálcio 4. Agregado de trióxido mineral
Black D243
AVALIAÇÃO HISTOMORFOLÓGICA DA
RESPOSTA DA POLPA DE DENTES DE CÃES
SUBMETIDA AO CAPEAMENTO COM SISTEMA
ADESIVO, CIMENTO DE HIDRÓXIDO DE CÁLCIO E
DOIS TIPOS DE AGREGADO DE TRIÓXIDO
MINERAL
COMISSÃO JULGADORA
TESE PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR
Presidente e Orientador: Prof. Dr. Roberto Holland
2o Examinador: Prof. Dr. José Carlos Pereira
3o Examinador: Profa. Dra. Léa Assed Bezerra da Silva
4o Examinador: Profa. Dra. Marly de Campos Russo
5o Examinador: Prof. Dr. Célio Percinoto
ITALO MEDEIROS FARACO JUNIOR
NASCIMENTO ... 11.03.1968 – Porto Alegre / RS
FILIAÇÃO ... Italo Medeiros Faraco Ivette Poli Faraco
1987 – 1991 ... Curso de Graduação em Odontologia pela
Faculdade de Odontologia de Porto Alegre – UFRGS.
1993 – 1995 ... Curso de Pós-Graduação em Odontopediatria, nível de Mestrado, na Faculdade de Odontologia de
Araçatuba – UNESP.
1996 ... Professor das disciplinas de Odontopediatria I e II do Curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA.
Ao nosso Senhor
Jesus Cristo
, sempre presente
em minha vida, pelo seu imenso amor e
disposição em nos presentear com a vida eterna.
Aos meus pais,
Italo
e
Ivette
, exemplos de
amor, carinho, simplicidade e honestidade,
que sacrificaram seus momentos pela
a apoiar e incentivar os percursos de minha
vida, sempre com amor e dedicação.
À
Bettina
,
Christiane,
Márcio
e
Fred
, pela paciência,
Ao Prof. Dr.
Roberto Holland
, pela orientação
séria e criteriosa. Seu exemplo de dedicação e
seriedade no ensino e na pesquisa muito me
motiva . Chefe, muito obrigado por todos os
ensinamentos, pela simplicidade, grande
bons momentos durante o curso de Pós-Graduação,
o meu agradecimento e reconhecimento.
À Profa. Dra.
Marli de Campos Russo
, pela
amizade, incentivo e oportunidades que me
Aos docentes da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP, Profs. Rosângela Santos Nery, José Devides de Oliveira, Sandra Ávila Aguiar, Robson Frederico Cunha e Marcelo
Gonçalves, pela convivência tão agradável durante o nosso curso.
Aos Professores do curso de Pós-Graduação da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP, pelos ensinamentos e experiências transmitidas.
Ao Prof. Eloi Dezan Junior, pelo auxílio no planejamento e realização da parte estatística deste trabalho.
À Profa. Sandra Rahal Mestrener, pela importante contribuição na parte experimental.
Ao Prof. Mohamoud Torabinejad, da Universidade de Loma Linda – EUA, pela concessão do material Agregado de Trióxido Mineral utilizado neste estudo.
Aos amigos Alberto, Ana Júlia e Giovana Delbem, minha família
Araçatubense, pela maneira acolhedora que me receberam.
Aos Docentes da Disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP, Professores Mauro Juvenal Nery, Valdir de Souza e José Arlindo
Otoboni Filho, pela possibilidade de realização dos experimentos deste trabalho em seus laboratórios.
Aos funcionários da Disciplina de Endodontia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP, Hermelinda Brefore, Nelci Vieira e Neusa dos Santos,
pelo auxílio na parte experimental e no processamento laboratorial.
Aos funcionários da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP, Aparecida Rosa da Christofano,Cleide Silva de
Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP, Francisco Inácio Pinheiro, Marina Sakamoto Kawagoe e Adélia
Barreto da Silva, pela amizade e auxílio administrativo.
Aos funcionários do Biotério da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP, Odair Vicenti e Camilo Roberto Venâncio, pelo carinho
com que cuidaram dos animais necessários a essa pesquisa.
Aos Professores e amigos Carlos Alberto Feldens e Paulo Floriani Kramer, pelas sugestões e críticas apresentadas.
Aos Colegas da Disciplina de Odontopediatria da Universidade Luterana do Brasil - ULBRA, Eliane Feldens, Henrique Ruschel, Luis Alberto
Kramer e Simone Ferreira, que viabilizaram a minha ausência nas atividades profissionais da referidainstituição, dando
condições para a realização deste trabalho.
Às Bibliotecárias Helena e Izamar, pela revisão bibliográfica deste trabalho.
Aos funcionários da Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP, Isabel, Ivone, Cláudio, Sadako, Luzia, Edson, Cláudia,
Fátima, Maria, Marta, Elizabeth e Iara pelo carinho, alegria e presteza com que sempre nos acolheram.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Ministério da Educação e Cultura, pela concessão da Bolsa de Estudos.
Aos pacientes, indispensáveis ao meu aprendizado.
Àqueles que contribuiram de certa forma para a consecução deste trabalho e não tiveram seus nomes mencionados,
1 I n t r o d u ç ã o
... 13
2 R e v i s ã o d a L i t e r a t u r a
.... 19
3 P r o p o s i ç ã o ... 85
4 M a t e r i a l e M é t o d o ... 87
5 R e s u l t a d o s
... 116
6 D i s c u s s ã o
... 162
7 C o n c l u s õ e s
... 204
8 R e f e r ê n c i a s
B i b l i o g r á f i c a s
... 207
R e s u m o
... 241
1 I N T R O D U Ç Ã O
Nas últimas duas décadas, tem ocorrido uma significativa
redução na incidência da doença cárie na maioria dos países
industrializados, na América, África e Ásia. No Brasil, a transformação no
perfil de cárie dentária também vem ocorrendo, o que foi confirmado por
dois estudos epidemiológicos recentemente realizados (Brasil. Ministério
da Saúde, 1988;12 Serviço Social da Indústria, 1995).136
Entretanto, mesmo com os conhecimentos atuais sobre a
etiopatogenia da doença cárie e a utilização de medidas de promoção de
saúde, a experiência de cárie em crianças, adolescentes e adultos ainda é
bastante alta, estando longe das metas determinadas pela Organização
Mundial de Saúde para o ano 2000 (Federation Dentaire Internationale,
1982).38 Desta forma, e tendo em vista que o principal objetivo da
Odontologia é a preservação dos dentes no arco, o profissional necessita
aprimorar cada vez mais os procedimentos restauradores e assegurar-se dos
princípios biológicos que os balizam.
Neste sentido, tem havido uma grande preocupação da
Odontologia com os procedimentos de proteção do complexo
dentino-pulpar, cujo sucesso é a base para que o elemento dentário exerça na
capeamento pulpar, caracterizado pela aplicação de um agente protetor
diretamente sobre o tecido pulpar exposto com a finalidade de mantê-lo
vital. São executados para promover o restabelecimento da polpa dentária,
estimular o desenvolvimento de um tecido calcificado e proteger o tecido
pulpar de irritações adicionais posteriores.
O tratamento de polpas dentárias expostas tem sofrido grandes
modificações desde a segunda metade do século XVIII. A primeira menção
a respeito de capeamento pulpar remonta ao ano de 1756, quando Pfaff113
recomendava recobrir a polpa exposta com uma placa côncava de ouro
puro, colocando sobre esta um material restaurador.
A partir de então o tratamento em apreço se difundiu em
vários países. Novas técnicas foram idealizadas e experimentaram-se
numerosas substâncias capeadoras, provenientes de fórmulas conhecidas
ou não. Cada uma das diversas técnicas contava com ardorosos defensores
que proclamavam a excelência dos resultados clínicos obtidos pelos meios
de tratamento de sua eleição. No entanto, não existia sequer um trabalho
experimental comprovando resultados clínicos satisfatórios.
Pouco a pouco, profissionais mais observadores começaram a
registrar freqüentes insucessos com capeamento pulpar. Em 1922, Rebel123
sinônimo de polpa perdida. Em função do prestígio e influência científica
deste autor, por muitos anos a utilização de técnicas conservadoras da
polpa foi desencorajada.
Mesmo com o descrédito do tratamento conservador, alguns
pesquisadores continuavam realizando estudos e gradativamente ficou
evidenciado que a polpa dental apresentava poder de recuperação e
reparação como qualquer outro tecido conjuntivo do corpo.
Com o passar do tempo, começou-se a pesquisar materiais
menos irritantes e que induziam à reparação. Dentre eles, Hermann
(1920)52 introduziu uma fórmula de hidróxido de cálcio denominada de
Calxyl£
. Essa pasta, apesar do pH alcalino, revelou boa tolerância tecidual.
Entre os primeiros trabalhos histológicos sobre a reação da polpa dental ao
hidróxido de cálcio, destaca-se o de Teuscher & Zander (1938).156 Estes
autores demonstraram que o hidróxido de cálcio estimulava a formação de
ponte de tecido duro sobre a exposição pulpar. Desde então, esse material
tem sido aceito como o mais adequado para proteção de polpas vitais
expostas.
A partir então, iniciou-se uma nova era no tratamento
conservador das exposições pulpares. Apesar do sucesso com esse
primeiro produto à base de hidróxido de cálcio, foi observado que suas
a solubilidade em água, consistência e baixa resistência mecânica. As
ótimas características biológicas do hidróxido de cálcio estimularam o
desenvolvimento de novas formulações que apresentassem melhores
propriedades. Surgiram então os cimentos de hidróxido de cálcio
auto-ativados e, posteriormente, os cimentos foto-auto-ativados (Sekine et al.,
1971;133 Stanley & Pameijer, 1985).147
Por outro lado, a preocupação com a proteção do complexo
dentino-pulpar começou a ser questionada a partir do trabalho de
Brännström & Vojinovic (1976).11 Estes autores demonstraram que a
maior causa de inflamação pulpar é a microinfiltração de componentes
bacterianos através de falhas na interface dente/restauração e não a
biocompatibilidade dos materiais. A partir deste conceito, e devido ao
desenvolvimento e aprimoramento de materiais restauradores adesivos,
começou-se a utilizar materiais restauradores diretamente sobre o tecido
pulpar.
Na linha de substâncias biocompatíveis, cujos procedimentos
devem ser orientados e executados com base nos fundamentos biológicos,
novos materiais vem sendo utilizados para proteção de polpas expostas. As
proteínas morfogenéticas e o agregado de trióxido mineral são exemplos
deste grupo de materiais (Rutherford et al., 1993;128 Pitt Ford et al.,
É evidente que a comunidade científica deve estar atenta e
receptiva a novos achados. Entretanto, é indispensável uma meticulosa
análise dos mesmos para que não se cometa, em nome de uma euforia
apressada, atropelos que possam ferir a ética, levar a iatrogenias ou
conduzir o profissional a falsas esperanças.
Assim, o caminho para a busca do melhor tratamento,
inclusive com relação à polpa exposta, segue sendo a investigação
científica bem conduzida. Neste sentido, este trabalho procurou analisar
histomorfologicamente a resposta da polpa de dentes de cães após
capeamento com sistema adesivo, cimento de hidróxido de cálcio e dois
2 R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A
A revisão da literatura será subdividida e apresentada,
cronologicamente, em três partes referentes aos materiais estudados. Com
relação ao agregado de trióxido mineral (MTA), serão incluídos neste
capítulo todos os trabalhos, pois existem poucas pesquisas publicadas, por
se tratar de um material recentemente desenvolvido. Os estudos referentes
à ação do cimento de hidróxido de cálcio e à ação de adesivos sobre a
polpa serão incluídos, apenas, os que utilizaram metodologia semelhante
ao da presente investigação.
2.1 AGREGADO DE TRIÓXIDO MINERAL (MTA)
Recentemente um novo cimento, agregado de trióxido mineral
(MTA), foi desenvolvido na Universidade de Loma Linda (USA), com o
primordial objetivo de selar comunicações entre o dente e as superfícies
externas. Além do tratamento de perfurações radiculares, o MTA está
sendo pesquisado nas cirurgias parendodônticas como material de
retrobturação, como material de apecificação e nas terapias conservadoras
da polpa como material capeador. Os principais componentes deste
material são o silicato de tricálcio, aluminato tricálcio, óxido tricálcio e
óxido de silicato. Além dos trióxidos, há pequenas quantidades de outros
físicas. O pó consiste em finas partículas que são hidrofílicas e na presença
da água tomam presa.
Lee et al. (1993)87 avaliaram a capacidade seladora do MTA
em reparar perfurações de raízes de 50 molares superiores e inferiores
extraídos. Foram realizadas perfurações nas raízes mesiais e os dentes
permanecerem em solução salina. As perfurações foram preenchidas com
amálgama, IRM£
e MTA e após 4 semanas foram imersas em azul de
metileno por 48 horas. Os resultados demonstraram que o MTA teve
estatisticamente menos infiltração quando comparado aos outros materiais
testados. Os autores atribuem esta ocorrência ao fato do MTA ter a
característica hidrofílica.
Torabinejad et al. (1993)159 utilizaram o MTA,
amálgama e Super EBA£
como materiais de retrobturação e avaliaram
suas capacidades seladoras. Após o preparo e obturação de 30 canais de
dentes monorradiculares, os ápices foram removidos e as cavidades seladas
com os materiais experimentais. Todos os dentes permaneceram por 24
horas em corante para posteriormente serem seccionados
longitudinalmente e avaliados quanto à extensão da infiltração. A análise
estatística dos resultados demonstrou que o MTA obteve menos infiltração
do que o amálgama e o Super EBA£
Estudando também a capacidade seladora de alguns materiais,
Torabinejad et al. (1994)160 utilizaram 90 dentes monorradiculares. Após a
remoção dos ápices, foram preparadas cavidades padronizadas e
preenchidas com MTA, amálgama, IRM£
ou Super EBA£
. Para cada
material, metade do número de raízes foi seca antes da colocação do
material. Na outra metade, as raízes foram contaminadas com sangue antes
da inserção do material obturador. Todas as raízes foram imediatamente
colocadas em solução de azul de metileno por 72 horas e posteriormente
medida a quantidade de penetração do corante. A presença ou ausência de
contaminação por sangue não teve efeito significante na quantidade de
infiltração. Entretanto, os resultados demonstraram que o MTA obteve
estatisticamente menos infiltração do que os outros materiais testados, com
ou sem contaminação por sangue.
Hong et al. (1994),70 utilizando 32 dentes de 6 cães, estudaram
microscopicamente a resposta dos tecidos frente a perfurações de furca
seladas com MTA e amálgama. Após o preparo e obturação dos canais,
foram realizadas perfurações experimentais na região de furca e seladas
com os materiais experimentais. Após 4 meses, os animais foram
sacrificados. Análises histomorfométricas demonstraram que as
perfurações seladas com amálgama obtiveram significativamente mais
Kettering & Torabinejad (1995)82 investigaram a
mutagenicidade do MTA, IRM£
e Super EBA£
, que são materiais
utilizados para retrobturação. Para este estudo, os autores utilizaram o teste
de mutagenicidade de AMES, e concluíram que os materiais testados não
possuem potencial carcinogênico.
Pitt Ford et al. (1995)118 avaliaram a ação do MTA e
amálgama em perfurações de furca de 30 pré-molares inferiores de 7 cães.
Após a instrumentação e obturação dos canais, foram realizadas
perfurações na região de furca. Na metade dos dentes, as perfurações
foram preenchidas imediatamente com MTA ou com amálgama. Na outra
metade, as perfurações foram deixadas expostas à contaminação pela saliva
antes de serem tratadas. Os animais foram sacrificados após 4 meses e a
análise microscópica mostrou que, no grupo onde foi feita a colocação
imediata do material, todos os espécimes do amálgama estavam inflamados
ao passo que somente 1 dos 6 dentes com MTA apresentou inflamação.
Além disso, os 5 espécimes não inflamados do MTA apresentavam algum
cemento sobre o material. No grupo deixado contaminar, todos os
espécimes do amálgama estavam associados com inflamação. Ao contrário,
somente 4 dos 7 revestidos com MTA estavam inflamados. Os autores
concluíram que o MTA é um material melhor do que o amálgama para o
Torabinejad et al. (1995)166 estudaram a composição química,
pH, radiopacidade, tempo de presa, solubilidade e resistência à compressão
do MTA. Os resultados demonstraram que as principais elementos
presentes no MTA são os íons de cálcio e fósforo. O material estava
dividido em óxido de cálcio e fosfato de cálcio e a análise revelou que o
primeiro se apresenta como cristais discretos e o último como uma
estrutura amorfa, com aparência granular. A composição média dos
prismas foi de 87% de cálcio, 2,47% de sílica e o restante oxigênio. A
estrutura amorfa continha 49% de fosfato, 2% de carbono, 3% de cloreto e
6% de sílica. O pH inicial foi de 10,2, o qual aumentou para 12,5 três horas
após ser misturado e então permaneceu constante. O MTA apresentou
maior radiopacidade do que o Super EBA£
e do que o IRM£
. O amálgama
mostrou o menor tempo de presa (4 minutos) e o MTA o maior (2 horas e
45 minutos). Em 24 horas o MTA revelou a menor resistência à
compressão (40 MPa) que aumentou para 67 MPa após 21 dias. Nas
condições experimentais deste estudo, exceto o IRM£
, nenhum dos
materiais testados mostrou solubilidade.
Para avaliar a resposta dos tecidos periapicais ao MTA e
amálgama, Torabinejad et al. (1995)165 provocaram lesões em 46 raízes de
6 cães. Na metade das amostras, os canais foram instrumentados e
MTA. Os canais restantes foram instrumentados e obturados com
guta-percha, sem cimento, e as cavidades deixadas abertas. Após a remoção
cirúrgica dos ápices, as cavidades apicais foram retrobturadas com
amálgama ou MTA e os animais foram sacrificados após 2, 5, 10 e 18
semanas. Os resultados microscópicos demostraram pequena quantidade de
células inflamatórias e cápsulas fibrosas em maior número nos dentes
tratados com MTA. Outro achado freqüente foi a presença de cemento
sobre a superfície do MTA. Os autores atribuíram essa ocorrência ao fato
de que o MTA seria provavelmente capaz de atrair os cementoblastos e
produzir uma matriz para a formação de cemento o que seria determinado
pela sua capacidade seladora, seu elevado pH ou pela liberação de
substâncias que ativariam os cementoblastos a formar uma matriz para a
cementogênese.
Torabinejad et al. (1995)164 avaliaram a citotoxicidade do
MTA, amálgama, Super EBA£
e IRM£
. Para este estudo, foram utilizados
os métodos de cobertura com ágar e radiocromo. A análise estatística dos
resultados com a técnica da cobertura com ágar evidenciou que o
amálgama recém misturado e após tomar presa, foi significativamente
menos tóxico do que os outros materiais, seguido pelo MTA. Também
citotoxicidade foi testada pelo radiocromo. O menos tóxico foi o MTA,
seguido pelo amálgama, Super EBA£
e IRM£
.
Torabinejad et al. (1995)167 avaliaram a reação tecidual do
MTA e Super EBA£
implantados em mandíbulas de porcos. Os materiais
testados foram colocados em tubos de Teflon£
e implantados nas
mandíbulas. Duas cavidades ósseas foram deixadas vazias e serviram como
controles negativos. Decorridos 60 dias, os animais foram sacrificados e as
peças processadas para análise microscópica. A reação tecidual ao MTA
foi visivelmente menor do que a observada com implante de Super EBA£
.
O estudo revelou que os materiais testados são biocompatíveis.
Torabinejad et al. (1995)161 verificaram a atividade
antimicrobiana do MTA, óxido de zinco e eugenol, Super EBA£
e dois
tipos de amálgama sobre nove bactérias facultativas e sete bactérias
anaeróbias estritas. Após o crescimento das bactérias em meio de cultura
sólido, os materiais experimentais foram manipulados e deixados tomar
presa por 24 horas. Em seguida, foram colocados sobre os meios de cultura
e incubados em atmosfera apropriada por 24 a 48 horas. Os resultados
demonstraram que os discos impregnados com o líquido do Super EBA£
causaram vários graus de inibição para bactérias facultativas e estritas. Os
dois tipos de amálgama não apresentaram efeito antibacteriano. O MTA
apesar do elevado pH, nenhum efeito sobre bactérias anaeróbias estritas.
Os cimentos de óxido de zinco e eugenol e Super EBA£
demonstraram
algum efeito bactericida em ambos os tipos de bactérias testados. Os
autores concluíram que nenhum dos materiais testados apresenta efeito
antibacteriano desejado para os materiais de obturação retrógrada.
Torabinejad et al. (1995)163 investigaram sob microscopia
eletrônica de varredura a adaptação marginal de 4 materiais utilizados para
retrobturação. Foram utilizados 88 dentes monorradiculados extraídos.
Após a obturação convencional com guta percha e cimento, os ápices
foram removidos e as cavidades preenchidas com MTA, Super EBA£
,
IRM£
e amálgama. A análise estatística comparando as fendas encontradas
entre os materiais estudados e a dentina evidenciaram que o MTA obteve
melhor adaptação marginal.
Através de uma revisão da literatura, Abedi & Ingle (1995)1
analisaram diversos estudos sobre as características físicas e
biocompatibilidade do MTA. Os autores concluíram que os resultados são
promissores e acreditam que, pela primeira vez, chegou-se a um material
capaz de proporcionar mais do que o reparo, possibilitando a regeneração.
Torabinejad et al. (1995)162 avaliaram in vitro o período
necessário para infiltração bacteriana em canais radiculares onde foram
realizadas obturação retrógrada com MTA, amálgama, Super EBA£
IRM£
. Os resultados demonstraram que o grupo obturado com MTA não
apresentou infiltração bacteriana durante todo o período de observação que
foi de 90 dias. Entretanto, nos outros materiais experimentais, a infiltração
iniciou-se entre 6 e 57 dias em muitos espécimes, não havendo diferenças
estatísticas entre os grupos.
Arens & Torabinejad (1996)6 apresentaram 2 casos clínicos
onde utilizaram o MTA para selar perfurações de furca. Os autores
optaram por um tratamento não cirúrgico pelas propriedades biológicas do
MTA, tais como a biocompatibilidade, a capacidade seladora e
estimuladora de formação de cemento. Os resultados dos dois casos foram
muito positivos, e os autores acreditam que este material é bastante
promissor.
Abedi et al. (1996)2 compararam a eficácia do MTA e do
cimento de hidróxido de cálcio como agentes capeadores pulpares diretos.
Foram realizadas perfurações padronizadas em pré-molares de 6 cães e em
incisivos de 4 macacos e imediatamente recobertas com MTA ou Dycal£
e
os dentes restaurados com amálgama de prata. Os animais foram
sacrificados após 2 a 5 meses e os dentes preparados para análise
histomorfológica. Os resultados demonstraram estatisticamente maior
formação de tecido calcificado e menor inflamação no grupo do MTA
Pitt Ford et al. (1996)119 estudaram a resposta pulpar de
macacos ao MTA e ao cimento de hidróxido de cálcio (Dycal£
), utilizados
como materiais capeadores diretos. Decorridos 5 meses, os animais foram
sacrificados e as peças processadas para análise microscópica. Os autores
observaram formação de ponte de tecido duro em todos os espécimes do
grupo do MTA e em apenas um espécime foi observada inflamação pulpar.
Em contraste, todas as polpas tratadas com cimento de hidróxido de cálcio
exibiram inflamação pulpar e a ocorrência de ponte de tecido duro em
apenas 2 espécimes.
Soares (1996)139 avaliou microscopicamente a resposta
pulpar de dentes de cães ao MTA e ao hidróxido de cálcio. Foram
realizadas 12 pulpotomias cujas polpas foram protegidas com os materiais
experimentais e os dentes restaurados com amálgama. Decorridos 90 dias,
os animais foram sacrificados e as peças processadas para análise
microscópica. Os autores observaram que a formação da barreira de tecido
duro ocorreu em 91,66% dos dentes tratados com hidróxido de cálcio e em
96,43% dos casos em que foi utilizado o MTA. Os percentuais de casos
que apresentaram, simultaneamente, barreira de tecido duro e tecido pulpar
normal foi de 66,66% dos espécimes tratados com hidróxido de cálcio, e
Torabinejad & Pitt Ford (1996),158 através de uma
revisão da literatura, discorreram sobre vários estudos que analisaram a
citotoxicidade, adaptação marginal, microinfiltração e biocompatibilidade
do MTA. Os autores concluíram que os excelentes resultados dos trabalhos
até aqui realizados suportam o desenvolvimento do MTA para ser utilizado
como material de retrobturação em dentes humanos.
Torabinejad et al. (1997)168 avaliaram a resposta do
tecido periapical após a retrobturação com MTA e amálgama. Foram
utilizados 12 dentes de 3 macacos. Os animais foram sacrificados após 5
meses e os espécimes preparados para análise histomorfológica. Dos 6
espécimes preenchidos com MTA, apenas um demonstrou inflamação
periapical. Foi observado em todos os 5 espécimes, sem sinais de
inflamação, uma camada completa de cemento sobre o MTA. Em
contraste, todos os 6 espécimes preenchidos com amálgama demonstraram
inflamação periapical e a camada de cemento não foi formada junto ao
material.
Tang et al. (1997)153 compararam a capacidade do
MTA, IRM£
Super EBA£
e amálgama em prevenir a microinfiltração de
endotoxinas bacterianas, quando utilizados como material de obturação
retrógrada. Foram utilizadas 104 raízes extraídas, sendo que após a
preparadas no ápice foram preenchidas com os materiais experimentais. A
avaliação da microinfiltração foi realizada após 1, 2, 6 e 12 semanas. Os
resultados demonstraram que o MTA mostrou-se superior em todos os
períodos de tempo comparado ao IRM£
e o amálgama. Com relação ao
Super EBA£
, o MTA também comportou-se melhor, mas apenas nos
períodos experimentais de 2 e 12 semanas.
Moretton et al. (1997)99 avaliaram a reação dos tecidos moles
de 60 ratos após o implante subcutâneo de MTA e Super EBA£
. Após 15,
30 e 60 dias, os animais foram sacrificados e as peças foram preparadas
para análise histomorfológica. O exame microscópico do tecido
subcutâneo revelou vários graus de inflamação para ambos os materais
testados.
Fischer et al. (1998)39 avaliaram a infiltração bacteriana
em canais radiculares de dentes que sofreram apicectomia e obturação
retrógrada com MTA, amálgama, Super EBA£
e IRM£
. Após o selamento
apical com os materiais experimentais, os canais radiculares foram
contaminados com S. Marcensces por via coronária. A infiltração
bacteriana foi constatada após 10 a 63 dias nos espécimes tratados com
amálgama, 28 a 91 dias com IRM£
, 42 a 101 dias com Super EBA£
e nos
infiltração bacteriana demonstraram que o MTA apresentou-se como o
melhor material de retrobturação.
Koh et al. (1998)85 investigaram a possível participação do
MTA em estimular a ativação da resposta celular. Os materiais MTA e
IRM£
foram manipulados e colocados separadamente em meios de cultura
contendo osteoblastos e incubados por 1 a 7 dias. Os resultados,
observados através de microscópio eletrônico de varredura, demonstraram
que o MTA proporcionou uma estimulação na produção de citoquinas em
osteoblastos humanos, permitindo a aderência das células ao material.
Nakata et al. (1998)102 compararam a efetividade do
MTA e amálgama em selar perfurações de furca. Foram realizadas
perfurações em 39 molares humanos extraídos e colocados em um modelo
anaeróbico de infiltração de bactérias. Após 45 dias, 8 dos 18 espécimes de
amálgama tiveram penetração de bactérias, enquanto que em nenhuma
amostra do MTA foi encontrado infiltração.
Torabinejad et al. (1998)169 implantaram na mandíbula e
tíbia de porcos os materiais MTA, IRM£
, amálgama e Super EBA£
.
Decorridos 80 dias, os animais foram sacrificados e as peças processadas
para análise microscópica. Os autores avaliaram a reação tecidual através
da quantidade de inflamação, tipo de célula e espessura de tecido
demonstraram, tanto na tíbia como na mandíbula, que o MTA apresentou
um menor índice de inflamação comparado aos outros materiais estudados.
Osorio et al. (1998)106 estudaram a citotoxicidade de
alguns materiais obturadores de canal (Endomet£
, CRCS£
e AH26£
) e de
retrobturação (MTA, amálgama, Gallium GF2£
, Ketac Silver£
e Super
EBA£
). Para esta análise, foi utilizado um modelo de cultura de
fibroblastos gengivais humanos. Os resultados demonstraram que o
CRCS£
foi o material obturador menos tóxico, seguido pelo Endomet£
e
AH26£
. Entre os materiais de retrobturação, o MTA foi o que apresentou a
menor citotoxicidade.
Wu et al. (1998)182 analisaram a microinfiltração de
alguns materiais de retrobturação. Os materiais MTA, amálgama,
hidróxido de cálcio, óxido de zinco e eugenol, Cavit£
e Fuji II£
foram
acondicionados em tubos de silicone e dentina e as suas extremidades
imersas em 0,8ml de solução de azul de metileno a 1%. A densidade óptica
do azul de metileno foi analisada nos períodos de 24 horas, 3, 6 e 12
meses, através de espectrofotômetro. Os resultados demonstraram que o
MTA e o cimento de ionômero de vidro (Fuji II£
) foram os materiais que
apresentaram menor microinfiltração, inclusive diminuindo com o passar
Utilizando 63 dentes de 4 cães, Junn et al. (1998)75
avaliaram a quantidade de formação de ponte de dentina quando utilizado
o MTA ou a pasta de hidróxido de cálcio em exposições pulpares. Após 1,
2, 4 e 8 semanas os animais foram sacrificados e as peças preparadas para
análise histomorfológica. Os resultados demonstraram estatisticamente que
os espécimes tratados com MTA obtiveram menos inflamação e maior
formação de ponte de dentina quando comparados com o grupo tratado
com pasta de hidróxido de cálcio.
Queiroz et al. (1998)121 analisaram a capacidade
seladora do MTA, IRM£
, Super EBA£
, cimento de ionômero de vidro e
amálgama. Foram empregados dentes humanos recentemente extraídos,
onde na porção apical, após apicectomia, foram confeccionadas
retro-cavidades. As mesmas foram preenchidas com os materiais experimentais.
O selamento marginal foi avaliado através de infiltração do azul de
metileno. Os resultados demonstraram diferenças significativas entre os
materiais empregados, onde o MTA apresentou o melhor resultado.
Holland et al. (1999)67 implantaram no tecido
subcutâneo de ratos tubos de dentina preenchidos com MTA ou hidróxido
de cálcio. Após 7 e 30 dias os animais foram sacrificados e os espécimes
preparados para análise histomorfológica. Os resultados foram semelhantes
estavam depositadas granulações birrefringentes a luz polarizada. Próximo
a estas granulações, foi encontrado um tecido calcificado irregular. Os
autores acreditam que as estruturas birrefringentes à luz polarizada,
observadas nos túbulos dentinários implantados e preenchidos com MTA,
sejam semelhantes àquelas observadas com o emprego do hidróxido de
cálcio, ou seja, possivelmente são cristais de calcita. Afirmam que é
possível que o mecanismo de ação do MTA, estimulando a deposição de
tecido duro, seja similar ao que ocorre com o hidróxido de cálcio.
Morandi (1999)98 avaliou a resposta dos tecidos
periapicais de cães ao óxido de zinco e eugenol, MTA, IRM£
e Super
EBA£
utilizados como material de retrobturação. Após a apicectomia e
preparo das cavidades apicais, os materiais experimentais foram utilizados
para obturação retrógrada. Decorridos 180 dias, os animais foram
sacrificados e as peças processadas para análise histomorfológica. Os
resultados demonstraram que o MTA, IRM£
e o Super EBA£
obtiveram
resultados semelhantes entre si, superiores àqueles apresentados com o
óxido de zinco e eugenol. Dos quatro materiais utilizados, o único que
estimulou a deposição de tecido cementário, em íntimo contato com o
material selador, foi o MTA.
Holland et al. (1999)68 estudaram a reação dos tecidos
MTA ou cimento de ionômero de vidro. Os canais foram instrumentados e
obturados pela técnica da condensação lateral com os materiais
experimentais. Decorridos 6 meses, os animais foram sacrificados e as
peças preparadas para análise histomorfológica. Os resultados
demonstraram ausência de reação inflamatória nos tecidos periapicais e
formação completa de selamento biológico nos dentes tratados com MTA.
Os autores concluíram que o MTA obteve propriedades biológicas
superiores que o cimento de ionômero de vidro.
A utilização do MTA, hidróxido de cálcio e OP-1 como
material de apecificação foi verificado por Shabahang et al. (1999).138
Foram utilizados 64 dentes de cães que apresentavam rizogênese
incompleta. Após a indução de lesões periapicais, os canais foram
instrumentados e preenchidos com hidróxido de cálcio. Decorridos 7 dias,
o hidróxido de cálcio foi removido e os canais preenchidos com os
materiais experimentais. Os animais foram sacrificados após 12 semanas
do término dos procedimentos clínicos e as peças processadas para análise
histomorfológica. Os resultados demonstraram que o MTA formou
significativamente mais tecido duro apical do que os outros materiais
estudados. Com relação à resposta inflamatória, não houve diferença entre
Através de uma revisão da literatura, Torabinejad &
Chivian (1999)157 descreveram os procedimentos clínicos para a aplicação
do MTA, bem como suas indicações. Com base nos excelentes resultados
de pesquisas referentes principalmente à capacidade seladora e à resposta
tecidual, os autores concluíram que o MTA pode ser aplicado em diversas
situações clínicas, como capeamento pulpar, reabsorção interna,
apicificação, cirurgia parendodôntica, como material formador de um
tampão apical e como material de reparação de perfurações .
2.2 SISTEMA ADESIVO
O advento de sistemas adesivos que se aderem à
superfície dentária, sem necessidade de retenção mecânica adicional, tem
proporcionado uma revolução nos conceitos de Dentística Operatória,
tanto pela abordagem extremamente conservadora que eles caracterizam
quanto pela complexidade de suas interações químicas com os tecidos
dentários, bem como pela variedade de produtos disponíveis
comercialmente (Mondelli, 1998).96
A conquista da adesão de materiais restauradores à
superfície do esmalte foi alcançada após Buonocore (1955)15 descrever a
técnica do condicionamento ácido do esmalte. A partir de então, o enfoque
mais conservador. Este pesquisador condicionou com ácido o esmalte com
a finalidade de criar microporosidades aumentando a adesão das resinas.
Introduzida como uma possível técnica viável no fim dos anos 60, foi
universalmente aceita como um procedimento rotineiro desde o início da
década de 70. Apesar desta técnica haver mudado os rumos da
Odontologia Restauradora, a profissão continuou ansiosa pelo
desenvolvimento de um método através do qual as resinas também
aderissem à superfície dentinária, como acontece com o esmalte.
O mecanismo de adesão à dentina se torna complexo
quando comparado ao esmalte. Estes tecidos são substratos fisiológica e
estruturalmente diferentes. Enquanto o esmalte apresenta uma estrutura
prismática e um alto conteúdo mineral, a dentina apresenta-se tubular, com
conteúdo mineral menor e maior componente líquido, o que representa um
dos principais obstáculos na união de um sistema adesivo. Além disso, a
dentina é um tecido vivo, pois abriga em sua intimidade prolongamentos
de células do tecido pulpar. Assim, o conceito que passa a viger é o de um
complexo dentino-pulpar, em detrimento da antiga análise estanque
dentina e polpa. Conseqüentemente, o mecanismo de adesão à dentina é
bem mais complexo quando comparado ao do esmalte (Ten Cate, 1988).155
Os primeiros adesivos dentinários foram indicados para
dentina com ácido cítrico, o qual removia a lama dentinária e abria os
túbulos dentinários permitindo que a resina fluísse para seu interior. A
resina composta continha um agente quelante, com um potencial para se
unir ao cálcio da dentina. Porém, os adesivos utilizados não eram
hidrofílicos e comprometiam a adesão dos materiais com a dentina úmida,
e em pouco tempo o material desunia-se da superfície condicionada e a
restauração se soltava do dente (Lanza, 1997).86
Com a expectativa de resolver o problema de união à
dentina, foi desenvolvido um material que se unia quimicamente a este
tecido. Em função do baixo nível de resistência de união, este agente não
correspondeu ao esperado. O “primer” sofria uma decomposição
hidrolítica e era menos efetivo para possibilitar clinicamente uma união de
longa duração da resina composta às superfícies dentinárias (Mondelli,
1998).96
Um grande passo no desenvolvimento dos sistemas
adesivos foi dado na década de 80, quando estes materiais apresentaram
significantes melhoras na resistência de união. Quando comparados com
seus predecessores, que exibiam uma resistência de união de apenas 3 a 4
MPa, estes materiais apresentavam força de união que variava de 10 a 13
MPa, o que constituia uma significante melhora. Tais resultados foram
combinação de união química e micromecânica. O “primer” deste sistema
era composto por várias formas de ácido em concentrações suficientes para
remover a lama dentinária, provocando também pequenos defeitos ou
microfissuras na superfície dentinária. A resina, por sua vez, infiltrava-se
nesses pequenos defeitos, assim como no interior dos túbulos dentinários
parcialmente abertos, proporcionando retenção micromecânica (Lanza,
1997).86
O desenvolvimento mais significativo em matéria de
adesivos dentinários ocorreu recentemente. Estes sistemas inicialmente
removem a lama dentinária, descalcificam superficialmente a dentina inter
e peritubular e expõem a rede de fibras colágenas para posterior
impregnação desta área descalcificada por monômeros hidrofílicos. A
existência de uma zona de interdifusão entre a camada mais profunda da
dentina e a resina composta caracteriza a camada híbrida. Esta é, portanto,
identificada como sítio primário da adesão à dentina através do
embricamento micromecânico de resina composta com as fibras colágenas
exposta pelo condicionamento ácido (Nakabayashi, 1992).101
Atualmente a impermeabilidade da camada híbrida tem
sido questionada. Estudos em microscopia eletrônica de varredura e de
transmissão demonstram infiltração nos microespaços existentes entre as
Na literatura atual, verifica-se que a maioria dos estudos
avaliam o potencial de adesão dos sistemas adesivos, mas poucos se
preocupam com a compatibilidade biológica destes materiais.
Em 1987, Cox et al.28 avaliaram o efeito de alguns
materiais restauradores diretamente sobre o tecido pulpar de macacos.
Foram preparadas 84 cavidades de classe V, com exposição mecânica da
polpa e capeadas com resina composta, amálgama, cimento de fosfato de
zinco, cimento de silicato, cimento de óxido de zinco e eugenol e cimento
de hidróxido de cálcio (Life£
). Em metade dos dentes de cada grupo, o
selamento da cavidade foi realizado com o próprio material capeador,
enquanto que a outra metade foi selada com óxido de zinco e eugenol. Os
animais foram sacrificados após 7 e 21 dias e os dentes foram preparados
para análise microscópica. A resposta reparadora das polpas ocorreu não
apenas com o cimento de hidróxido de cálcio, mas também com o
amálgama, resina composta, cimento de fosfato de zinco, cimento de
silicato, quando estas foram seladas com óxido de zinco e eugenol. Os
resultados demonstraram que os materiais testados, com exceção ao
cimento de óxido de zinco e eugenol, quando selam as margem do preparo
cavitário, são bem aceitos pelo tecido pulpar e não afetam negativamente o
processo de reparo da polpa. Nos espécimes onde foi observada
autores concluíram que fatores químicos, como componentes dos materiais
ou ácidos, são menos relevantes em causar agressões ao tecido pulpar do
que a infiltração de bactérias nas margens da restauração, embora os
resultados com o cimento de óxido de zinco e eugenol não tenham sidos
favoráveis.
Kashiwada & Takagi (1991) 81 investigaram o efeito
direto de um sistema adesivo no tecido pulpar. Foram utilizados 70 dentes
humanos, sendo que 64 para avaliação clínica e 6 para análise
microscópica. Após o preparo cavitário, foi aplicado sobre o tecido pulpar
exposto o sistema adesivo e os dentes foram restaurados com inlay e onlay,
cimentados com cimento resinoso. As avaliações clínicas foram realizadas
após um ano, através de eletrodiagnóstico. Dos 64 casos, 60 apresentaram
vitalidade, sem desconforto. Os 4 casos restantes desenvolveram dor
imediatamente após o tratamento e dor espontânea após 2 semanas. Para o
exame microscópico, 2 dentes foram examinados para cada intervalo de 1,
6 e 12 meses. Os achados histomorfológicos após 1 mês não apresentaram
infiltrado de células inflamatórias, mas apenas leve hiperemia. Na
avaliação após 6 meses, foi verificada a formação de uma fina camada de
tecido calcificado na superfície da polpa exposta, não existindo infiltração
ponte dentinária formada sobre a polpa exposta e uma espessa dentina
secundária formada na parede da cavidade.
Kanca III (1993)79 descreveu um caso clínico onde um
paciente de 13 anos de idade fraturou o incisivo central superior com
exposição pulpar. A colagem do fragmento ao dente foi realizada com a
utilização do sistema adesivo All Bond 2£
. Para isto, o esmalte, dentina e
a exposição pulpar foram condicionados por 20 segundos com ácido
fosfórico à 32%. Até o segundo dia após a colagem, o paciente relatou um
suave desconforto. Após um ano de acompanhamento, o dente
apresentou-se com vitalidade pulpar e ausência de alterações periapicais, obapresentou-servadas
através de testes elétricos e exames radiográficos. O autor afirmou que o
sucesso do condicionamento ácido da polpa se deve ao perfeito selamento
biológico da restauração.
Cox (1993)24 avaliou a biocompatibilidade de um
sistema adesivo (Optibond£
) na polpa de 60 dentes de macacos. Os dentes
foram divididos em 24 preparos com exposição do tecido pulpar e 24 sem
exposição, onde posteriormente aos preparos foi aplicado o sistema
adesivo e procedeu-se o selamento com resina composta. Nos dentes
restantes, o cimento de hidróxido de cálcio (Life£
) foi utilizado como
procedimentos clínicos e os dentes processados para avaliação
microscópica. Aos 7 dias, o grupo controle apresentou pequena
desorganização dos odontoblastos. Com 25 dias uma nova dentina
reparadora foi detectada, não se observando a presença de abscesso. Para o
grupo experimental, aos 7 dias foi observado pequena desorganização do
tecido pulpar. Após 25 dias, nenhuma célula inflamatória estava presente,
tendo ocorrido uma disposição de nova matriz de ponte de dentina
adjacente à interface do material. Aos 90 dias, foi observada ponte
dentinária completa em 7 espécimes capeados com sistema adesivo.
Snuggs et al. (1993)142 estudaram a capacidade de
cicatrização e formação de ponte dentinária da polpa de 105 dentes de
macacos, expostos mecanicamente e capeados com materiais de
composição ácida. Após os preparos cavitários de classe V e a exposição
pulpar, 40 dentes foram capeados com cimento de silicato e 40 dentes com
cimento de fosfato de zinco. Em metade dos dentes de cada grupo, o
selamento da cavidade foi realizado com o próprio material capeador,
enquanto a outra metade foi selada com óxido de zinco e eugenol. Nos 25
dentes restantes, as polpas foram capeadas com cimento de hidróxido de
cálcio (Life£
) e as cavidades seladas com amálgama. Os animais foram
sacrificados 3, 5, 10, 14 e 21 dias após a realização dos procedimentos
os dentes capeados com cimento de hidróxido de cálcio apresentaram
migração e organização celular na polpa aos 5 dias, e deposição de matriz
dentinária aos 10 dias. Aos 21 dias já se observava formação total de
barreira mineralizada e ausência de inflamação da polpa subjacente. Para
os grupos do cimento de silicato e cimento de fosfato de zinco, foi
observada ponte de dentina logo abaixo dos materiais, sendo que aos 21
dias os dentes apresentavam reparação pulpar semelhante ao grupo do
hidróxido de cálcio. Esses achados foram observados quando após o
capeamento, as cavidades foram seladas com óxido de zinco e eugenol,
porém quando foram seladas com o próprio material capeador, ocorreram
respostas inflamatórias severas incluindo necrose pulpar. Os autores
relacionaram estes quadros à presença de bactérias e concluíram que os
componentes ácidos dos cimentos avaliados não são responsáveis pela
resposta inflamatória e necrose pulpar quando a restauração é biológica e
hermeticamente selada. A biocompatibilidade dos cimentos ácidos
testados foi diretamente afetada por infiltração bacteriana.
Chain (1994)18 avaliou e descreveu as fases do processo
de reparo de polpas expostas mecanicamente e capeadas com 3 tipos de
sistemas adesivos, cimento de hidróxido de cálcio (Life£
) e cimento de
ionômero de vidro. Cavidades de classe I e V foram preparadas em 124
materiais experimentais. Após 3, 5, 10, 14 e 21 dias, os animais foram
sacrificados e os dentes processados para análise histomorfológica. Os
autores concluíram que os sistemas adesivos estudados foram
biologicamente compatíveis com o tecido pulpar e que as características do
processo de reparo são semelhantes ao do hidróxido de cálcio.
Tsuneda et al. (1995)171 estudaram microscopicamente a
resposta pulpar a 4 diferentes sistemas adesivos aplicados diretamente
sobre o tecido pulpar de ratos. Foram preparadas cavidades na superfície
oclusal de 80 molares e sobre as polpas expostas foram aplicados os
sistemas adesivos (Superbond C&B£
, Clearfil Liner Bond£
, Tokuso Light
Bond£
e Scotchbond M.P.£
). Os dentes foram restaurados com resina
composta e os animais sacrificados após 3, 7, 30 e 90 dias. A análise
histomorfológica demonstrou que, para o período de 3 dias, não foram
observadas diferenças quanto à resposta pulpar para os materiais, que se
caracterizou por suave dilatação capilar, hiperemia, congestão e infiltrado
de células inflamatórias. Porém, diferenças foram observadas para os
demais períodos, sendo que aos 30 e 90 dias puderam ser verificados casos
de necrose em toda polpa coronária com significante degeneração vacuolar
e ausência da formação dentinária, com excessão do grupo do Superbond
C&B£
C&B£
foram atribuídos à sua capacidade de formação de um perfeito
selamento marginal.
Heitmann & Unterbrink (1995)51 avaliaram
clinicamente 8 dentes de 6 pacientes, cujas exposições pulpares foram
seladas diretamente com sistema adesivo. Os dentes selecionados foram
isolados e o tecido cariado foi completamente removido. A exposição
pulpar foi protegida com uma pasta de hidróxido de cálcio. Após o
condicionamento ácido do esmalte e dentina, foi removida a pasta de
hidróxido de cálcio e aplicado o sistema adesivo. Os dentes foram
restaurados com resina composta. Os períodos de avaliação foram de 3, 7,
60 e 180 dias, quando foi realizado teste de vitalidade pulpar com dióxido
de carbono, testes elétricos e radiografias. Nenhum paciente relatou
sintomatologia pós-operatória, exceto um moderado desconforto no dia do
tratamento.
Dezan Jr. et al. (1995)32 analisaram o comportamento da
polpa dental exposta diante do tratamento com o sistema adesivo All-Bond
2£
. Foram realizadas exposições padronizadas nas polpas coronárias ou
pulpotomias em dentes de cães e o tecido pulpar capeado com o sistema
adesivo. Os dentes foram restaurados com resina composta. Decorridos 30
microscópica. Os resultados evidenciaram polpas inflamadas, em
degeneração ou necrosadas.
Cox et al. (1996)29 estudaram o processo de reparo e a
formação de ponte de dentina de polpas expostas e capeadas com
diferentes materiais. Utilizaram 178 dentes de 7 macacos onde prepararam
cavidades de classe V com exposição do tecido pulpar. Cada polpa exposta
foi capeada diretamente com um material específico e controlada em
intervalos de 3, 5, 10, 14, 21, 35 dias e em seguida processada para exame
microscópico. Os materiais utilizados foram os seguintes: compósito
quimicamente ativado, cimento de hidróxido de cálcio (Life£
), cimento de
silicato, cimento de fosfato de zinco e amálgama. Em metade da amostra,
os dentes foram selados com o próprio material capeador e na outra metade
com óxido de zinco e eugenol. Os resultados demonstraram que as polpas
dentais expostas possuem uma capacidade de cicatrização inerente ao tipo
de material capeador, permitindo a reorganização celular e formação de
uma ponte de dentina quando adequadamente selada para prevenir a
microinfiltração bacteriana.
Kanca III (1996)80 publicou o acompanhamento de um
caso clínico onde, após a fratura de esmalte e dentina com exposição
pulpar, foi realizado o condicionamento ácido e colagem do fragmento
ortodônticos, o fragmento soltou e o tecido pulpar exposto novamente. As
características da polpa ao exame clínico demonstraram que ela
apresentava vitalidade. A colagem do fragmento foi novamente realizada
com o condicionamento ácido total e aplicação de um sistema adesivo (All
Bond 2£
) direto sobre o tecido pulpar. Após um ano e meio da última
colagem, o dente respondeu aos testes elétricos e de percussão.
Pereira Filho et al. (1996)112 avaliaram clínica e
microscopicamente a resposta pulpar frente à utilização de um sistema
adesivo diretamente sobre a polpa. Utilizaram 10 pré-molares hígidos com
indicação ortodôntica para extração. Após o preparo das cavidades e a
exposição do tecido pulpar, foi aplicado o sistema adesivo (Scotchbond
M.P.£
) e os dentes foram restaurados com resina composta. Os dentes
foram extraídos 6 dias após o procedimento clínico. A avaliação clínica
neste período mostrou ausência de sintomatologia dolorosa.
Microscopicamente foram observados vasos sanguíneos dilatados e
congestos, extravasamento de eritrócitos, alteração na camada
odontoblástica, edema, inflamação crônica localizada com predominância
de células mononucleares e alguns leucócitos polimorfonucleares,
neutrófilos e zona hemorrágica. Entretanto, os autores afirmam que este
procedimento não provoca necrose pulpar e as alterações encontradas são
Costa et al. (1997)21 avaliaram a capacidade de
reparação e formação de ponte de dentina de polpas de ratos
mecanicamente expostas e capeadas com sistema adesivo (Scothbond
M.P.£
) e com cimento de óxido de zinco e eugenol. As cavidades foram
restauradas com resina composta e os animais sacrificados 7, 15, 30 e 60
dias após o término dos procedimento clínicos e as peças processados para
análise microscópica. Aos 7 dias, os resultados do grupo do sistema
adesivo demonstraram necrose do corno pulpar adjacente ao material. Com
o decorrer dos períodos, o tecido pulpar não apresentou capacidade de
reorganização e formação de ponte de dentina. Aos 60 dias a polpa estava
completamente necrosada. No grupo onde os dentes foram capeados com
cimento de óxido de zinco e eugenol foi verificada reparação pulpar e
formação de ponte de dentina, a qual estava completa no último período de
avaliação.
Pereira et al. (1997)110 compararam a resposta
pulpar ao capeamento direto com um sistema adesivo (Scothbond M.P.£
) e
com o hidróxido de cálcio. Foram utilizados pré-molares com indicação
ortodôntica para extração. Após o preparo de cavidades de classe I, foram
realizadas exposições pulpares, das quais 3 capeadas com sistema adesivo
e 3 com hidróxido de cálcio, e os dentes restaurados com resina composta.
período longo de observação (92 a 175 dias) e processados para análise
microscópica. Os resultados do período curto demonstraram que as polpas
capeadas com sistema adesivo apresentaram moderada inflamação e
degeneração hialina e hidrópica das células pulpares. No último período
foi verificada hiperemia e vasodilatação combinada com um processo
inflamatório persistente, não sendo observado reparo. Também foram
observados micro-abscessos no tecido pulpar associados à presença de
bactérias. O hidróxido de cálcio estimulou o processo de reparo.
Com o objetivo de avaliar a biocompatibilidade do
sistema adesivo All Bond 2£
sobre o tecido pulpar, Hebling (1997)50
confeccionou 92 cavidades classe V em pré-molares humanos hígidos. Em
metade da amostra, o tecido pulpar foi exposto e capeado com pasta de
hidróxido de cálcio ou sistema adesivo, aplicado após o condicionamento
ácido. Para os dentes sem exposição da polpa, o assoalho da cavidade foi
protegido com cimento de hidróxido de cálcio ou recebeu aplicação de
sistema adesivo. Os dentes foram restaurados com resina composta.
Decorridos 7, 30 e 60 dias após a realização dos procedimentos clínicos, os
dentes foram extraídos e preparados para análise microscópica. Os
resultados demonstraram que o sistema All Bond 2£
em contato com a
polpa promoveu resposta inflamatória de variada intensidade e
alteração hialina do interstício, degeneração hidrópica das células pulpares
e inibição da formação de ponte de dentina junto à área de exposição
pulpar. Com relação à presença de bactérias e reação celular inflamatória,
a correlação foi de apenas 11,2%, embora muitos acreditem que as reações
inflamatórias do tecido pulpar são causadas exclusivamente pela presença
de bactérias. Os autores concluíram que o sistema adesivo testado não foi
biocompatível quando aplicado diretamente sobre o tecido pulpar.
Lanza (1997)86 analisou em nível clínico, radiográfico e
microscópico a utilização de um sistema adesivo na polpa dental. Após o
preparo de cavidades de classe I em terceiros molares humanos, foram
realizadas exposições pulpares, das quais 24 capeadas com sistema adesivo
(All Bond 2£
) e 24 com hidróxido de cálcio em pó (grupo controle). Os
dentes foram restaurados com resina composta e permaneceram na
cavidade bucal sob controle clínico e radiográfico por 7, 45, 90 e 120 dias,
e depois de extraídos foram processados para a análise microscópica. Os
resultados do grupo experimental revelaram que a camada odontoblástica
não se reconstituiu e, conseqüentemente, não houve formação de barreira
dentinária mineralizada. O sistema adesivo em contato com o tecido
pulpar causou inflamação crônica, com características de uma reação de
corpo estranho. Os autores concluíram que o sistema adesivo não deve ser
Araújo et al. (1997)5 avaliaram por um ano a resposta clínica,
radiográfica e microscópica da polpa de dentes decíduos submetidos ao
capeamento pulpar direto com sistema adesivo (Scotchbond M.P.£
). Após
a proteção do tecido pulpar, os dentes foram restaurados com resina
composta. Dos 20 molares decíduos avaliados, 3 apresentaram insucesso
clínico e radiográfico. Com relação ao aspecto histomorfológico verificado
em 4 dentes, os autores concluíram que a técnica não induziu a formação
de ponte dentinária. Entretanto, proporcionou a formação de dentina
reacional, mostrando um estado de viabilidade pulpar.
Akimoto et al. (1998)3 compararam a resposta pulpar à
aplicação de dois sistemas adesivos e um cimento de hidróxido de cálcio
na polpa de dentes de macacos. Foram preparadas cavidades de classe I e
V, onde na metade da amostra o preparo limitou-se à dentina e na outra
metade foi estendido até a exposição do tecido pulpar. Os sistemas
adesivos testados foram o Clearfil Liner Bond 2£
e AP-X System£
,
enquanto que o cimento de hidróxido de cálcio utilizado foi o Life£
. Os
dentes capeados com sistema adesivo foram restaurados com resina
composta, enquanto que foi utilizado o óxido de zinco e eugenol para selar
as cavidades onde o tecido pulpar foi protegido com cimento de hidróxido
de cálcio. Os animais foram sacrificados 7, 27 e 97 dias após o ato
resultados demonstraram que não ocorreram diferenças com relação à
inflamação pulpar entre os sistemas adesivos e o cimento de hidróxido de
cálcio. Os materiais testados permitiram que as células pulpares se
reorganizassem, estraficassem e diferenciassem em novos odontoblastos,
formando uma nova ponte de dentina.
Pameijer & Stanley (1998)107 estudaram o efeito da técnica do
condicionamento ácido total na polpa de dentes de macacos. Após a
exposição da polpa de 147 dentes, as cavidades foram intencionalmente
contaminadas e foi aplicada solução de clorexidina a 2%. Em 5 grupos
experimentais foi realizado o condicionamento ácido e a aplicação dos
materiais capeadores (All Bond 2£
, ProBond£
, Permagen A&B£
,
Ultrablend£
e Dycal£
). Nos 2 grupos controles, as polpas foram capeadas
diretamente com Dycal£
e Ultrablend£
. As cavidades foram restaurados
com resina composta e os animais sacrificados após 5, 25 e 75 dias do
término dos procedimentos clínicos. A análise microscópica dos resultados
demonstrou que 45 % dos dentes capeados com sistemas adesivos
necrosaram a polpa e apenas 10 % exibiram formação de ponte de tecido
duro. Nos grupos controles, apenas 7% dos dentes perderam a vitalidade,
enquanto que 82 % exibiram formação de ponte de tecido duro. Os autores
afirmaram que bactérias foram encontradas tanto em dentes vitais como em
Concluíram que a presença de microrganismos não tem um significado
direto no percentual de sucesso do capeamento pulpar.
Cox et al. (1998)31 analisaram microscopicamente a resposta
pulpar a 9 diferentes sistemas adesivos aplicados na dentina e diretamente
sobre o tecido pulpar de macacos. Cavidades na superfície oclusal foram
realizadas e sobre a dentina (332 dentes) e o tecido pulpar (127 dentes)
foram aplicados os sistemas adesivos e cimento de hidróxido de cálcio
(Life£
- grupo controle). Todas as cavidades foram seladas com resina
composta. Os animais foram sacrificados em um período curto (3 a 10
dias), um período intermediário (21 a 35 dias) e num longo período (90 a
97 dias). Para o grupo experimental com exposição pulpar, os resultados
demonstraram que em todos os períodos de observação não foi constatada
resposta inflamatória do tecido pulpar. No período intermediário, foi
verificado início de formação dentinária, que estava completa no último
período de análise. Os autores concluíram que todos os sistemas adesivos
testados foram biologicamente compatíveis em cavidades com ou sem
exposição pulpar.
Santos & Barbosa (1998)130 avaliaram o efeito de materiais
restauradores colocados em contato e a 1mm do tecido pulpar de cães. A
análise foi realizada em polpas sadias e em polpas inflamadas, onde foi
tecido pulpar, foram aplicados os seguintes sistemas adesivos: Scotchbond
M.P.£
e One Step£
. Os dentes foram restaurados com resina composta.
Metade dos animais foi sacrificada em 30 dias e a outra metade em 60 dias.
A análise microscópica demonstrou que nenhum material testado foi
biologicamente compatível, mesmo quando distante da polpa em 1 mm. As
reações se acentuaram com o aumento do tempo de observação, e o
Scotchbond M.P.£
mostrou-se mais tóxico do que o One Step£
.
Tarim et al. (1998)154 estudaram a biocompatibilidade de dois
sistemas adesivos (Optibond£
e XR-Bond£
) na polpa de 128 dentes de
macacos. Os dentes foram divididos em 56 preparos com exposição do
tecido pulpar e 72 sem exposição, onde posteriormente aos preparos foram
aplicados os sistemas adesivos e restaurados com resina composta. Nos
dentes restantes, os cimentos de hidróxido de cálcio (Dycal£
e Life£
)
foram utilizados como grupo controle e selados com cimento de óxido de
zinco e eugenol. Os animais foram sacrificados em um período curto (7
dias), um período intermediário (21 a 27 dias) e num longo período (90 a
97 dias) e os dentes processados para avaliação microscópica. Para o grupo
experimental com exposição da polpa, os resultados demonstraram que a
resposta pulpar foi semelhante ao grupo controle, não havendo diferenças
significativas com relação à inflamação aos 7 e 22 dias. No período longo,
capeados com sistema adesivo. Os autores constataram no último período
de avaliação, tanto no grupo experimental como no grupo controle,
formação de dentina reparadora e ponte de tecido duro.
O comportamento da polpa dental diante do capeamento
pulpar direto e pulpotomia com o sistema All Bond 2£
foi avaliado por
Holland et al. (1999).69 Foram empregados dentes de cães adultos jovens,
cujas polpas foram expostas experimentalmente ou submetidas à remoção
de sua porção coronária. Após a hemostasia, o tecido pulpar foi protegido
com sistema adesivo e os dentes restaurados com resina composta.
Decorridos 60 dias, os animais foram sacrificados e as peças processadas
para análise microscópica. Os autores verificaram que as polpas
apresentavam-se inflamadas ou necrosadas, sendo os resultados da
pulpotomia piores que os do capeamento . Em nenhum espécime foi
observada a formação de ponte de tecido duro.
Porto Neto et al. (1999)120 analisaram o comportamento da
polpa dental exposta diante da aplicação de um sistema adesivo (Prime
Bond 2.0£
). Foram utilizados pré-molares com indicação ortodôntica para
extração. Após o preparo de cavidades de classe I, foram realizadas
exposições pulpares padronizadas. Sobre o tecido pulpar exposto, foi