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Dinâmica populacional de bruquíneos (Coleoptera, Chrysomelidae) em Senna multijuga (Rich.) H. S. Irwin & Barneby (Caesalpinaceae).

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Academic year: 2017

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Sennamultijuga (Rich.) H. S. Irwin & Barneby (Caesalpinaceae) é uma espécie nativa utilizada na arborização de ruas, parques e jardins, principalmente na região sudeste do Brasil (LORENZI 1992). Além disso, tem sido recomendada para utilização em projetos que visam a recuperação de áreas degradadas, pois como espécie pioneira é essencial para o sucesso de refloresta-mentos, fornecendo condições necessárias ao estabelecimento de outras espécies (BOTELHOetal. 1996). Apesar da importância potencial de S.multijuga, suas sementes sofrem a predação por coleópteros bruquíneos (Chrysomelidae), o que pode afetar seu poder reprodutivo. Na literatura, são citados apenas os

coleópteros que ocorrem em suas sementes (JOHNSON & SIEMENS 1995, CASARI & TEIXEIRA 1997, RIBEIRO-COSTA & REYNAUD 1998), sendo pouco o conhecimento agregado a outros parâmetros das populações ou interações com plantas hospedeiras.

Este trabalho é o primeiro de uma série resultante do estudo de diferentes aspectos da entomofauna relacionada aos frutos de Sennamultijuga, no Jardim Botânico Municipal de Curitiba, Paraná. Nesta contribuição, serão reconhecidas as espécies de bruquíneos predadoras de sementes, o comporta-mento de oviposição de cada uma delas, bem como a dinâmi-ca das populações.

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S. Irwin & Bar

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11111

Lisiane Taiatella Sari

2

, Cibele Stramare Ribeiro-Costa

2

& James J. Roper

3

1 Contribuição número 1496 do Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná.

2 Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Paraná. Caixa Postal 19020, 81531-980 Curitiba, Paraná, Brasil. Bolsista do CNPq. E-mail: lisi515@yahoo.com.br, stra@ufpr.br

3 Departamento de Biologia, Universidade Tuiuti do Paraná. Rua Marcelino Champagnat, 505, 80710-200, Curitiba, Paraná, Brasil. E-mail: jjroper@uol.com.br

ABSTRACT. PopulationPopulationPopulation dPopulationPopulationdddynamicsdynamicsynamicsynamicsynamics ofofof brofofbrbrbrbruchinesuchines (Coleopteruchinesuchinesuchines(Coleopter(Coleopter(Coleopter(Coleopteraaaaa, ChrChrysomelidae)ChrChrChrysomelidae)ysomelidae)ysomelidae)ysomelidae) ininin ininSennaSennaSennaSennaSennamultijugamultijugamultijugamultijugamultijuga (Rich.)(Rich.)(Rich.)(Rich.)(Rich.) H.H.H.H.H. S.S.S.S.S. Irwin

Irwin Irwin Irwin

Irwin &&&& Bar&BarBarBarBarnebnebnebynebnebyyyy (Caesalpinaceae).(Caesalpinaceae).(Caesalpinaceae).(Caesalpinaceae).(Caesalpinaceae). Senna multijuga (Rich.) H. S. Irwin & Barneby (Caesalpinaceae) is a native ornamental tree common in southeastern Brazil and susceptible to seed damage due to bruchines. To identify seed predators and determine their population cycles, fruits from five trees were collected in 2000 and 2001 and stored in a green house until adult emerged. Seed beetles were then identified as Sennius crudelis Ribeiro-Costa & Reynaud, 1998, S.puncticollis (Fåhraeus, 1839) and S.nappi Ribeiro-Costa & Reynaud, 1998. Senniuscrudelis was the most abundant species in 2000 followed by S.puncticollis and S.nappi. In 2001, Senniuscrudelis was followed by S.nappi and S.puncticollis. Differences were observed among trees relating to fruiting period which reflected in the oviposition. Adult emergence begins in July in the green house and in the field. These results show that bruchine beetles have complex population dynamics, and understanding those dynamics is important to answer other ecological questions of the group.

KEY WORDS. Bruchinae, population dynamics, seed predators, Sennius.

RESUMO. Sennamultijuga (Rich.) H. S. Irwin & Barneby (Caesalpinaceae) é uma planta ornamental comum no sudeste do Brasil, suscetível ao dano por bruquíneos predadores de sementes. Com o objetivo de identificar os predadores de suas sementes e determinar seus ciclos populacionais, frutos de cinco árvores foram coletados em 2000 e 2001 e acondicionados em casa de vegetação até a emergência de adultos. Os bruquíneos foram identificados como Senniuscrudelis Ribeiro-Costa & Reynaud, 1998, S.puncticollis (Fåhraeus, 1839) e S.nappi Ribeiro-Costa & Reynaud, 1998. Senniuscrudelis foi a espécie mais abundante em 2000, seguida por S.puncticollis e S.nappi. Em 2001, Senniuscrudelis foi seguida por S.nappi e S.puncticollis. Diferenças foram observadas entre as árvores com relação ao período de frutificação, refletindo na oviposição. O período de emergência dos adultos se inicia em julho tanto em casa de vegetação quan-to no campo. Os resultados demonstraram que as dinâmicas populacionais dos bruquíneos são complexas e a compreensão desses processos contribui para responder a muitas outras questões ecológicas do grupo.

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MATERIAL E MÉTO DO S

Foram escolh id os cin co exem p lares d e Sennam ultijuga, d e m esm o p orte, situ ad os n o Jard im Botân ico Mu n icip al d e Cu ritiba, Paran á, Brasil. A d istân cia m ín im a en tre as árvores é d e 5,6 m e m áxim a d e 10,6 m . No d ecorrer d o texto as letras A, B, C, D e E in d icam os exem p lares selecion ad os.

As coletas foram realizad as a cad a 10 d ias em 2000, a p artir d e 31 d e m arço, q u an d o os fru tos en con travam -se im a-tu ros e fin alizad as em 10 d e ou a-tu bro, q u an d o n ão h aviam m ais fru tos em d u as árvores (D e E). Nas ou tras três (A, B e C) as coletas con tin u aram até 30 d e n ovem bro. Em cad a coleta, fo-ram retirad os aleatoriam en te 20 fru tos p or árvore.

As vagen s d as seis p rim eiras coletas foram m en su rad as em seu m aior com p rim en to e largu ra com u m p aq u ím etro e an otad o o n ú m ero d e ovos. Em segu id a, cad a fru to foi p reso p elo p ed ú n cu lo p or barban te, in d ivid u alizad o em em balagem p lástica in flad a e m an tid o em casa d e vegetação.

Em 2001, foram realizad as coletas d e fru tos com o ob-jetivo d e com p arar a d iversid ad e d as esp écies em d ois an os con secu tivos. As coletas in iciaram -se em 11 d e ju n h o, q u an d o os fru tos en con travam -se m ad u ros, p orém sem orifícios d e em ergên cia d e in setos e term in aram em 8 d e ou tu bro, q u an d o ain d a h aviam vagen s su ficien tes p ara coleta em tod os os exem -p lares (m ais d e 20 fru tos). A-p ós este -p eríod o, as coletas con ti-n u aram p ara as árvores q u e aiti-n d a coti-n titi-n h am fru tos (A e E até o d ia 28 d e ou tu bro e B e C até 19 d e n ovem bro).

Em in tervalos d e 20 d ias foram retirad os aleatoriam en te 25 fru tos p or p lan ta, sen d o cad a lote acon d icion ad o em frasco plástico (15 cm X 12 cm ), fech ado com tam pa con ten do abertu -ra coberta p or filó e m an tid o em casa d e vegetação.

Fru tos abertos com sem en tes foram coletad os d o ch ão, a p artir d a sétim a coleta, d e 8 d e ou tu bro até 9 d e d ezem bro. As sem en tes com ovos d e bru q u ín eos foram colocad as em p laca d e Petri, a fim d e observar q u al esp écie d e Bru ch in ae realiza a ovip osição em sem en tes m ad u ras, ain d a p resas às vagen s.

Os fru tos coletad os em 2000 foram observad os três vezes p or sem an a e os colh id os em 2001 d u as vezes p or sem an a. Par-te d os exem p lares foram an exad os à Coleção d e En tom ologia Pe. J.S. Mou re, Dep artam en to d e Zoologia, Un iversid ad e Fed e-ral d o Paran á (DZUP).

As an álises estatísticas foram realizadas com base n os da-dos obtida-dos das coletas realizadas em 2000, até 10 de outubro. O program a u tilizado foi o JMP, versão 3.2 (SAS INSTITUTE 1997).

Para testar se h á p referên cia n a ovip osição em d eterm i-n ado período do desei-n volvim ei-n to das vagei-n s, procedeu-se um a an álise d e variân cia sim p les (a = 0,05) e teste de Tu key, com base n o n ú m ero d e ovos con tad os sobre os fru tos d as seis p ri-m eiras coletas d e 2000. Aléri-m d isso, foi realizad a a An álise d e Correlação d e Pearson en tre o com p rim en to d as vagen s e n ú -m ero d e ovos.

Para testar a h ip ótese de p referên cia p elas fêm eas em ovi-p ositar em d eterm in ad os exem ovi-p lares d a ovi-p lan ta h osovi-p ed eira,

re-alizou -se a an álise d e variân cia sim p les (a = 0,05) e teste d e Tukey, com base n o n ú m ero d e ovos con tad os sobre as vagen s n a p rim eira coleta, em 31 d e m arço d e 2000.

Com o objetivo d e verificar se h á com p etição en tre as esp écies, foi realizad a u m a an álise d e in d ep en d ên cia u san d o as freq ü ên cias d as esp écies n as vagen s. No total foram u tiliza-d os tiliza-d atiliza-d os p roven ien tes tiliza-d e 1251 vagen s, ou seja, aq u elas tiliza-d as q u ais em ergiram bru q u ín eos.

Para avaliar se h ou ve d iferen ça en tre os exem p lares d e S. m ultijuga em relação ao in ício d o p eríod o d e fru tificação, foi realizad a u m a an álise d e variân cia sim p les (a = 0,05) e teste d e Tu key com os d ad os d e com p rim en to e largu ra d e 100 vagen s, d a p rim eira coleta em 2000.

RESULTADO S E DISCUSSÃO

O viposição

As vagen s d a p rim eira coleta, 31 d e m arço d e 2000, en -con travam -se im atu ras e com gran d e n ú m ero d e ovos, q u e fo-ram id en tificad os com o sen d o d e bru q u ín eos, p elo asp ecto m orfológico extern o, com filam en tos n os bord os (FORISTER &

JOHNSON 1970, CENTER & JOHNSON 1973, TERÁN & L’ARGENTIER 1979,

CARONetal. 2004). O com p ortam en to d e ovip osição em vagen s em d esen vo lvim en t o fo i o bservad o em esp écies d e Sen n ius Brid well, 1946 (CENTER & JOHNSON 1973), e p rovavelm en te

ocor-re n este p eríod o p ela textu ra d a vagem ser m ais m acia, o q u e facilita a en trad a d a larva d e p rim eiro ín star. OTT (1991)

obser-vou q u e as larvas d e Acanthoscelidesalboscutelatus (Horn , 1873) são in cap azes d e p en etrar n a p ared e d o fru to q u an d o estes es-tão p arcialm en te ou com p letam en te lign ificad os.

Após a em ergên cia dos adu ltos, con statou -se qu e os ovos com filam en tos perten ciam a Senniuscrudelis Ribeiro-Costa & Reyn aud, 1998 e S.puncticollis (Fåh raeus, 1839). Segun do FORISTER

& JOHNSON (1970), os filam en tos teriam a fu n ção de preven ir o

despren dim en to dos ovos quan do depositados sobre frutos im a-turos, ain da em crescim en to, porém RIBEIRO-COSTA & COSTA (2002)

n ão corroboraram esta idéia, pois n o decorrer do tem po, verifi-caram q u e os ovos de Senniusleptophyllicola Ribeiro-Costa & Costa, 2002 despren diam -se da superfície da vagem .

Ovos com filam en tos d ep ositad os n a su p erfície d e fru tos im atu ros foram observad os p or TERÁN & L’ARGENTIER (1979) em

Sennius lam inifer (Sh arp , 1885), p or CENTER & JOHNSON (1973)

em Senniusm orosus (Sh arp , 1885), S.sim ulans (Sch aeffer, 1907) e S.m edialis (Sh arp , 1885) e p or RIBEIRO-COSTA & CO STA (2002)

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filam en tos e são depositados sobre sem en tes m aduras (CENTER &

JOHNSON 1973). Com base n as guildas de oviposição de

bruquí-n eos, recebruquí-n tem ebruquí-n te revisad as p or JOHNSON & RO MERO (2004),

Sennius crudelis Ribeiro-Costa & Reyn aud, 1998, S.puncticollis (Fah råeus, 1839) e S.nappi perten cem à guilda A, e S.nappi à C, pois esta últim a ovipõe sobre sem en tes presas às vagen s abertas e caídas n o ch ão, con sideradas com o dispersas.

Das sem en tes coletadas dos frutos do ch ão em 2001 em er-giu S.nappi. Provavelm en te, esta esp écie p ossu i, n o m ín im o, dois períodos de oviposição, poden do ser con siderada bivoltin a, en q u an to S. crudelis e S. puncticollis seriam u n ivoltin as, p ois ovip ositaram ap en as n o in ício d o p eríod o d e fru tificação. Ain -d a -d eve-se con si-d erar a p ossibili-d a-d e -d e ter si-d o registra-d o n o local ou tra p op u lação d e S.nappi, o q u e d ificu ltaria a in terp re-tação d os resu ltad os.

O n ú m ero d e ovos d im in u iu p rogressivam en te ap ós a p rim eira coleta (Tab. I). Hou ve alta correlação n egativa en tre o com p rim en to d as vagen s e o n ú m ero d e ovos (r = - 0,88), in d i-can d o q u e fêm eas d e Senniuscrudelis e S.puncticollis p referem ovip ositar em vagen s im atu ras, em d esen volvim en to, e ain d a ligad as à p lan ta-m ãe.

árvores B e E, 10,40 e 12,45, resp ectivam en te. Estas m éd ias d i-feriram estatisticam en te com relação às das ou tras árvores, m as n ão d iferiram en tre si p elo Teste de Tukey.

O fato d e serem en con trad os m ais ovos sobre as vagen s d as árvores B e E, n ão in d ica n ecessariam en te q u e ten h a ocor-rid o p referên cia p elas fêm eas em ovip ositar n os fru tos d essas árvores. Os exem p lares B e E ap resen taram vagen s com ten -d ên cia -d e serem , n a p rim eira coleta, u m p ou co m en ores (Tab. II). Assim , é p ossível q u e os ovos ain d a estivessem firm em en te p resos às m esm as n a ocasião d a con tagem . As árvores A, C e D apresen taram frutos m ais desen volvidos e m en or m édia de ovos. Este fato p od e in d icar q u e q u alq u er au m en to n as d im en sões d as vagen s, p rin cip alm en te n o com p rim en to, cau saria a q u e-d a e-d os ovos, com o citae-d o em RIBEIRO-COSTA & CO STA (2002).

A árvore D foi a q u e ap resen tou vagen s m ais d esen volvi-d as volvi-d esvolvi-d e a p rim eira coleta, e as m évolvi-d ias volvi-d e com p rim en to e lar-gu ra d as vagen s d iferiram estatisticam en te p elo Teste de Tukey com relação às ou tras árvores (Tab. II). No q u e se refere à largu -ra, além d a árvore D, a m éd ia d as vagen s d a árvore C tam bém d iferiu .

Tabela I. M édia (± EP) do comprimento e largura das vagens de

Sennamultijuga e número médio (± EP) de ovos de bruquíneos nas

seis primeiras coletas de 2000. N = 100 vagens por coleta. Data Comprimento (cm) Largura (cm) Número de ovos

31/ 03 10,27 ± 0,22 a 0,85 ± 0,04 a 6,53 ± 0,84 a 10/ 04 11,91 ± 0,20 b 1,27 ± 0,02 b 4,47 ± 0,52 b 20/ 04 11,96 ± 0,18 b 1,36 ± 0,01 b 0,92 ± 0,14 c 30/ 04 12,51 ± 0,18 b 1,36 ± 0,01 b 0,83 ± 0,18 c 10/ 05 12,07 ± 0,17 b 1,37 ± 0,01 b 0,37 ± 0,10 c 20/ 05 12,33 ± 0,20 b 1,37 ± 0,01 b 0,09 ± 0,04 c M éd i as seg u i d as d e m esm a let ra n a co lu n a n ão d iferem sig n ificat ivam en t e p elo t est e d e Tukey (a = 0,05). F5,594 (com p rim ent o) = 17,26; F5, 594 (largura) = 83,89; F5,594 (número de ovos) = 40,51.

No in ício do período de frutificação, 78% dos ovos en -con travam -se aderidos às lin h as de un ião das valvas, in dican do que a postura n ão foi realizada aleatoriam en te. TERÁN & L’ARGENTIER

(1979) tam bém observaram que a oviposição de Senniuslam inifer (Sh arp, 1885) é realizada n as lin h as de deiscên cia das vagen s. Este fato ocorre, provavelm en te, devido à espessura m ais delga-d a o u t ex t u ra m ais m acia n essa região . A p referên cia delga-d e bru qu ín eos por determ in ados sítios de oviposição pode ser u m a m an eira para sobrepor as barreiras im postas pela plan ta h ospe-deira, ou m esm o u m a estratégia para preven ir a m ortalidade dos ovos pela ação de in im igos n aturais, com o parasitóides (RI -BEIRO-COSTA & COSTA 2002).

Em relação ao n ú m ero d e ovos sobre a su p erfície d as va-gen s (Tab. II), os m aiores valores m éd ios foram observad os n as

Tabela II. M édia (± EP) do comprimento e largura de vagens e número médio (± EP) de ovos de bruquíneos da primeira coleta (31/ III/ 2000). N = 20 vagens/ árvore.

Árvores Comprimento (cm) Largura (cm) Número de ovos

A 10,30 ± 0,45 a 0,59 ± 0,03 a 3,60 ± 1,15 a B 8,85 ± 0,36 a 0,62 ± 0,06 a 10,40 ± 1,76 b C 10,15 ± 0,41 a 1,08 ± 0,09 b 3,40 ± 1,17 a

D 12,86 ± 0,43 b 1,45 ± 0,19 c 2,80 ± 0,61 a E 9,19 ± 0,24 a 0,50 ± 0,14 a 12,45 ± 2,83 b M édias seguidas de mesma letra não diferem significativamente (p < 0.05) pelo teste de Tukey. F4, 95 (comprimento) = 16,57; F4, 95 (largura) = 51,75; F4, 95 (número de ovos) = 7,27.

As diferen ças observadas in dicam qu e, m esm o ten do sido selecio n ad as árvo res d e m esm o p o rt e, p ro vavelm en t e co m m esm a id ad e e q u e receberam m esm a in cid ên cia d e raios lu m in osos, du as in iciaram o período de fru tificação an teriorm en -te às ou tras, ofertan do p rem atu ram en -te fru tos p ara ovip osição, p od en d o ocorrer in clu sive m aior p red ação d e sem en tes n esses exem p lares.

Emergência de adultos

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Dos fru tos d a p rim eira e segu n d a coletas d e 2000, ap esar d o alto n ú m ero d e ovos (Tab. I), n ão em ergiu n en h u m bru q u í-n eo, p rovavelm eí-n te p orq u e os fru tos eí-n coí-n travam -se d em asi-ad am en te im atu ros e sem os recu rsos m ín im os n ecessários à sobrevivên cia d as larvas d e p rim eiro ín star.

Os exem p lares q u e em ergiram d as coletas segu in tes p er-ten cem à Senniuscrudelis, S.puncticollis e S.nappi, q u e tam bém h aviam sid o coletad os em Sennam ultijuga p or RIBEIRO-COSTA &

REYNAUD (1998) em área u rban a d e Cu ritiba. Segu n d o JOHNSON

(1984), Sennius Brid well é restrito a Senna Miller, em bora exis-tam referên cias aos gên eros Cassia L. e Cham aecrista Moen ch . com o p lan tas h osp ed eiras.

O n ú m ero d e bru q u ín eos registrad os foi d e 1535, sen -d o Sen n iu s cru -d elis a esp écie -d om in an te, com 1249 exem p la-res (81%), segu id a d e S. puncticollis com 187 exem p lares (12%) e S. nappi com 99 exem p lares (7%) (Fig. 1). Em 2000 as coletas h aviam cessad o em o u t u b ro ; en t ret an t o , co n sid eran d o o s bru q u ín eos q u e em ergiram d os fru tos d as árvores A, B e C ap ós esta d ata, ou seja, até 30 d e n ovem bro, verificou -se q u e Sennius crudelis con tin u ou a ser a esp écie d om in an te, com 71% d o to-tal; S.nappi p assa a ser a segu n d a esp écie d om in an te, 19%, segu ida de S.puncticollis, 10%.

Em 2001, o n ú m ero d e bru q u ín eos foi d e 381 exem p la-res. As esp écies foram as m esm as d o an o an terior, sen d o S. crudelis, m ais u m a vez, a m ais abu n d an te, com 219 exem p lares (58%), segu id o d e S. nappi, com 134 exem p lares (35%) e S. puncticollis, com 28 exem p lares (7%) (Fig. 2). As coletas cessa-ram em 8 d e ou tu bro, en tretan to, con sid eran d o-se os bru q u í-n eos q u e em ergiram d os fru tos rem aí-n esceí-n tes d as ou tras árvo-res até 19 d e n ovem bro, Sennius crudelis n ão seria a esp écie d om in an te, m as S.nappi, com 51% d o total d e bru q u ín eos coletad os, segu id a d e S.crudelis, com 43% e S.puncticollis, 6%. Vários fatores p od em ju stificar a d om in ân cia d e S.nappi n este segu n d o an o d e coleta, com o baixo p ercen tu al d e p arasitism o ou m esm o a existên cia d e m ais u m a p op u lação d e S.nappi.

Realizan d o-se a an álise d e in d ep en d ên cia, p od e-se n otar q u e, q u an d o u m a esp écie em erge d e u m a vagem , ou tra tem m en or p robabilid ad e d e em ergir d a m esm a vagem (S.crudelis X S.puncticollis, G = 31,65; GL = 1; p < 0,05; S.crudelis X S. nappi, G = 145,42; GL = 1; p < 0,05; S.puncticollis X S.nappi, G = 7,06; GL = 1; p < 0,05). Isso p od e ser u m in d icativo d e q u e h aja com p etição en tre as esp écies, tan to en tre fêm eas d isp u -tan d o sítios d e ovip osição, com o larvas com p etin d o p elo re-cu rso alim en tar d en tro d e u m a m esm a sem en te. A existên cia d e com p etição in traesp ecífica em bru q u ín eos já h avia sid o co-m en tad a p or JANZEN (1971) e PARNELL (1966). Este ú ltim o au tor

con statou ain d a a com p etição in teresp ecífica en tre Bruchidius ater (Marsh am , 1802) e u m cu rcu lion íd eo.

Observan d o-se a em ergên cia d os bru q u ín eos n as d ife-ren tes árvores em 2000 (Fig. 3), p od e-se n otar q u e tod as as esp écies em ergiram d as vagen s d e tod as as árvores. As árvores B e E, q u e ap resen taram m aior n ú m ero de ovos com filam en tos n as seis p rim eiras coletas, rep resen tan d o ovos d e S.crudelis e S.

puncticollis, foram as árvores d as q u ais em ergiu m aior n ú m ero d estas d u as esp écies. A árvore D foi a exceção, com 501 exem -p lares d e S. crudelis. Nesta, obteve-se a m aior m éd ia d e com p ri-m en to de frutos n a priri-m eira coleta, diferin do sign ificativari-m en te d as ou tras, levan d o a crer q u e m u itos ovos já teriam se d es-p ren d id o an teriorm en te à con tagem e q u e esta foi a es-p rim eira árvore a ofertar fru tos. Neste caso, p od e-se con sid erar ain d a q u e S.crudelis m ostra acen tu ad a p referên cia p or vagen s im atu -ras.

No an o de 2000, S.crudelis foi d om in an te em tod as as árvores; em 2001 (Fig. 4) esta esp écie foi m ais abu n d an te ap e-n as em A e B. Observae-n d o-se a em ergêe-n cia em 2001, e-n ota-se q u e S.puncticollis n ão foi coletad a n a árvore E.

Com relação aos p eríod os d e em ergên cia, estes são rela-tivos aos fru tos coletad os até 10 d e ou tu bro d e 2000 e 8 d e ou tu bro d e 2001 (Figs 5 e 6).

No an o de 2000, Senniuscrudelis in iciou a em ergên cia em ju lh o, ten d o atin gid o o p ico em setem bro, com 661 exem -p lares. Senniuspuncticollis em ergiu n a m esm a ép oca e atin giu o p ico d e em ergên cia u m m ês an tes, com 67 exem p lares. Sennius nappi com eçou a em ergir a p artir d e agosto e o p ico foi n o m ês d e ou tu bro, com baixo n ú m ero d e exem p lares, 43 (Fig. 5).

Em 2001, S.crudelis e S.puncticollis em ergiram em ju lh o e alcan çaram o p ico d e em ergên cia já n o fin al d o m esm o m ês, com 139 e 19 exem p lares, resp ectivam en te. Senniusnappi co-m eçou a eco-m ergir eco-m ju lh o e o p ico d e eco-m ergên cia ocorreu eco-m n ovem bro, com 49 exem p lares (Fig. 6).

Mesm o con sid eran d o-se a m etod ologia d e coleta d ife-ren te en tre os an os, observa-se q u e S.crudelis e S.puncticollis foram as m ais abu n dan tes en tre ju lh o e setem bro. Senniusnappi com picos su bseqü en tes em ou tu bro (2000) e n ovem bro (2001). Observan d o-se os p eríod os d e em ergên cia, cogita-se q u e as esp écies d evem ter d esen volvid o estratégias d e sobrevivên -cia p ara agu ard arem a oferta d e fru tos d o p róxim o p eríod o re-p rod u tivo d e S.m ultijuga. TERÁN & L’ARGENTIER (1979)

observa-ram q u e os ad u ltos d e Senniuslam inifer com eçaram a em ergir de Cassiacarnaval Sp eg. (Caesalp in aceae) n o in vern o e refu gi-aram -se n os fru tos abertos d e Bixaorellana L. (Bixaceae) ou n o in terior d e folh as d e Abutilon Mill. (Malvaceae), en rolad as p or larvas m in ad oras.

Dos fru tos coletad os ap ós o d ia 10 d e ou tu bro em 2000 das árvores A, B e C, em ergiram 232 exem plares de Senniusnappi d u ran te os m eses d e n ovem bro e d ezem bro d e 2000 e jan eiro d e 2001. Pelo fato d e S.nappi con tin u ar a ocorrer n essas árvo-res, o p eríod o d e m aior em ergên cia d essa esp écie é d eslocad o p ara os m eses p osteriores a ou tu bro n o an o d e 2000, d e form a sem elh an te à cu rva obtid a em 2001.

No an o de 2001, dos fru tos rem an escen tes coletados após o d ia 8 d e ou tu bro, su rgiu S.nappi, com 126 exem p lares, d u -ran te os m eses d e n ovem bro, d ezem bro e jan eiro.

(5)

e sem en tes já d isp ersas, várias barreiras d e S.m ultijuga con tra o ataq u e d e p red ad ores já foram sobrep ostas. Senniuscrudelis e S. puncticollis ovip ositam n as vagen s im atu ras e d esen volvem -se ju n tam en te com as sem en tes. Desta form a, estas esp écies d e-vem ap resen tar van tagen s, p ois as larvas e p u p as estão p rotegi-d as rotegi-d en tro rotegi-d os fru tos, com p letan rotegi-d o seu rotegi-d esen volvim en to e garan tin d o o su cesso rep rod u tivo. Senniusnappi, ao in festar os

fru tos tard iam en te, ap resen ta p oten cial p ara sobrep or as bar-reiras físicas im p ostas p ela d u reza d as vagen s m ad u ras e d o tegu m en to d as sem en tes.

Os resu ltad os d este estu d o su gerem q u e as várias esp éci-es d e bru q u ín eos p od em in teragir e in flu en ciar n o su céci-esso rep rod u tivo d e S.m ultijuga, e su a u tilização d eve levar em con -ta o im p acto d a p red ação d e su as sem en tes.

Figuras 1-2. Número de bruquíneos que emergiram de frutos de Sennamult ijuga em casa de vegetação: (1) ano de 2000; (2) ano de

2001.

Figuras 3-4. Número de bruquíneos que emergiram em casa de vegetação, dos frutos de cinco exemplares de Sennamult ijuga: (3) ano

de 2000; (4) ano de 2001.

Figuras 5-6. Emergência de bruquíneos a partir de frutos de Sennamult ijuga em casa de vegetação (valores em escala logarítmica, n+1):

(5) ano de 2000; (6) ano de 2001.

0 20 40 60 80 100 120

N

o de exemplares

A B C D E

2001

Sennius crudelis Sennius nappi Sennius puncticollis 0

100 200 300 400 500

N

o de exemplares

A

B

C

D

E

2000

Sennius crudelis Sennius nappi Sennius puncticollis

3

4

5

2 0 0 0

1 1 0 1 0 0 1 0 0 0

jul/00 a g o / 0 0 set/00 out/00 n o v / 0 0 d e z/00 jan/01

N

o de exemplares

Sennius crudelis Sennius puncticollis Sennius nappi

2001

1 10 100 1000

jul/01 ago/01 set/01 out/01 nov/01 dez/01 jan/02

N

o de exemplares

Sennius crudelis Sennius puncticollis Sennius nappi

6

2000

1249

187

99

0 200 400 600 800 1000 1200 1400

Sennius crudelis

Sennius puncticollis

Sennius nappi

N

o de exemplares

1

2001 219

134

28

0 50 100 150 200 250

Sennius crudelis

Sennius puncticollis

Sennius nappi

N

o de exemplares

(6)

AGRADECIMENTOS

A Gert Hatsch bach , Prefeitu ra Mu n icip al d e Cu ritiba e San d ro Men ezes, Fu n d ação O Boticário, p ela id en tificação d a p lan ta h osp ed eira.

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Tabela I. M édia (± EP) do comprimento e largura das vagens de Senna multijuga  e número médio (± EP) de ovos de bruquíneos nas seis primeiras coletas de 2000

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