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Da Saúde Pública às Políticas Saudáveis — Saúde e Cidadania na Pós-modernidade.

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Academic year: 2017

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Da Saú d e Pública às Polít icas Sau d áv ei s —

Saú d e e Ci d ad an i a n a Pó s- m o d er n i d ad e

A n tô n i o Iv o d e C a r v a l h o1

Resumo: O artigo discute alternativas para o futuro da Saúde Pública, nos marcos do pensamento e

das exigências da pós-modernidade. A presenta o s avanços sanitários alcançado s na ép o ca moderna, e aborda o s efeitos mórbidos da tecno-ciência. Com base no s aportes do pensamento pós-moderno, propõe uma agenda de desafios a serem enfrentados pela nova Saúde Pública. Especificamente, pro põ e novos aportes conceituais para lidar co m as relações subjetivo-objetivo e coletivo-individual no campo sanitário. Discute, ainda, as co nd içõ es e possibilidades de que a proposta de Políticas Saudáveis possa apontar para uma renovação da identidade da saúde pública.

Palavras- chave: Políticas Saudáveis; Saúde na Pós-modernidade; Crise da Saúde Pública.

Sum m ary: This paper discusses alternatives for Public Health in the future, based on the ideas and demands o f postmodernity. It presents the sanitaiy improvements achieved in mo d em times and discusses the morbid effects o f techno -science. Based on the contributions o f the post-modern thought, it proposes an agenda o f challenges to be faced by the new Public Health. Moreover, it suggests new conceptual ways o f dealing with subjective

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versus objective, and social versus individual relationships in the sanitary field. It discusses the premises and the possibilities for the Healthy Policies to beco me a new identity o f public health.

K eyw ords: Healthy Policies; Health in Postmodernity; Crisis in Public Health.

I n t ro d u ç ã o

As transfo rmaçõ es o co rrid as no mund o co ntemp o râneo , ao lo ngo das três últimas d écad as, têm sid o d e tamanha envergad ura e têm se d ad o co m tal v elo cid ad e que p are-cem co lo car a humanid ad e no limiar d e eta-pa singular d e sua história. No cam p o da política e da eco no m ia, tais transfo rmaçõ es

têm sid o chamad as d e "g lo baliz ação " e, no cam p o das ciências e da cultura, d e "p ó smo -d erni-d a-d e".

As mud anças têm sid o atribuídas a uma supo sta crise da mo d ernid ad e, entend id a co m o um e sg o tam e n to o u e n f raq u e c i m e n to d o iluminismo c o m o matriz da cultura mo d erna.

1 Núcleo d e Estudos Político-Sociais em Saúde, Escola Nacional d e Saúde Pública, Fund ação Osw aldo Cruz, Rio

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Considera-se que a razão iluminista, impulsi-onadora d o pro gresso , co nfiante na capacid a-de humana a-de construir um futuro sempre melhor, foi posta em xeque a partir do s ano s 60/ 70, quand o se evidenciaram o s limites e perversidades d o mo d elo de desenvolvimen-to baseado na dominação/ exploração desen-freada da natureza e no antro -po centrismo arrogante. O racio nalismo extremad o , o bce-cad o co m a objetividade, terminou po r reve-lar-se incapaz de dar co nta das co mplexid a-des de um mund o que a própria mo dernida-de foi mo ld and o , levand o à perda da eficácia do discurso científico , à emergência de no vas racionalidades e à legitimação de outras for-mas de co nhecimento .

De maneira ainda imprecisa, mas já po lê-mica, vem sendo chamado de pó s-mo derno o discurso ou pensamento que emerge e, ao mesmo tempo , trata dessas transfo rmaçõ es, relacionando-as à temática da so ciedade pó s-industrial. A cumulação flexível, difusão social da produção ("fábrica difusa"), fragmentação geográfica e social d o pro cesso de trabalho, terceirização, isolamento político da classe balhadora, "precarização" das relações de tra-balho são categorias e temas introduzidos e discutidos po r diversos autores (Bell, 1977; Lyotard, 1986; Harvey, 1993; Santos, 1994), para designar as transformações d o mundo contem-porâneo, matrizes de novos padrões culturais.

Tais transfo rmaçõ es impactam, d e manei-ra significativa, o camp o da saúde, seja ao nível de seu o bjeto — o p ro cesso saúd e-en-fermidade de indivíduos e coletividades — seja ao nível d o instrumental teó rico meto d o -lógico em que se apo iam o co nhecer e o fazer sanitário. Especificamente, na área da saúde pública, entendida co m o "o conjunto de prá-ticas e conhecimentos organizados institucional-mente em uma so cied ad e, capazes de assegu-rar as condições necessárias à manutenção e rep ro d u ç ão da vid a hu m ana sau d áv e l" (Sabroza, 1994), são visíveis o s sinais d e uma crise em que o discurso sanitário vigente, caudatário d o mo d elo bio méd ico , e as práti¬

cas a ele co nexas p arecem incapazes de en-frentar eficazmente a co mp lexid ad e do qua-dro epidemio ló gico e sanitário emergente neste final de século .

Pretend e-se aqui d esenvo lver algumas reflexõ es so bre o futuro da saúd e pública, à luz da temática da pó s-mo d ernid ad e.

M o d e rn i d ad e : Fa ç a n h a s S an i tári as

e Ef ei to s M ó rb i d o s

Po d ese d izer que o quad ro co ntem p o -râneo da mo rbimo rtaliclade humana, ou seja, a atual co nfig uração quantitativa e qualita-tiva d o p ro cesso d e ad o ec er e mo rrer d o s seres humano s, é fruto simultaneamente das façanhas sanitárias e d o s efeito s mó rbid o s da tecno -ciência.

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vida é co nceituad o co m o o co njunto das co n-diçõ es que implicam na d ecisão ou co ntro le d o ind iv íd u o : são o s c h am ad o s risc o s autocriados, ligados às atividades de lazer, ao p ad rão d e c o n su m o e às situ aç õ es o cupacio nais (trabalho ). E, finalmente, o co m-po nente serviços de saúde que, lidando co m as açõ es de p revenção , cura e recuperação da saúde, envo lve a dispo nibilidade, qualidade e quantidade De recurso s (bens e serviço s) destinados ao s cuidado s co m a saúd e.

Trabalhand o co m taxas esp ecíficas d e mortalidade po r d o ença e po r grupo etário, Dev er relacio no u as principais causas d e morte co m cada um d o s quatro co mp o nentes do camp o de saúde, estabelecend o assim a co ntribuição de cada um deles para a morta-lidade geral da p o p ulação . Enco ntro u o s se-guintes resultado s, em o rd em d ecrescente: estilo de vida (43% ), biologia humana (27% ), ambiente (19% ) e serviços de saúde (11% ). Para o s mesmo s co mp o nentes enco ntro u as seguintes p ro p o rçõ es de gasto federal em saúde: estilo de vida (1,2% ), bio lo gia (7% ), ambiente (1,5%) e serviços de saúde (91% ). A primeira série de p ro p o rçõ es sugere o no vo arranjo e a nova hierarquia de fatores que influenciam a co nfiguração co ntempo râ-nea da morbimortalidade humana, certamen-te muito distinta daquela de 50 ou 100 ano s atrás. A segunda série revela as prioridades e direcionamentos da política terapêutica naque-le mo mento . O d esco mpasso entre ambas salta aos o lho s.

Malgrado as restrições meto d o ló gicas de que possa ser o bjeto , o trabalho é bastante elo qüente ao apo ntar a emergência de uma no va realid ad e sanitária e exp licitar seus nexo s causais, positivos e negativos, co m o s fatores e pro cesso s da mo d ernid ad e.

De um lado , são notáveis o s êxito s da tecno -ciência e da mo d ernid ad e na preserva-ção e no pro lo ngamento da vida humana. Nos últimos quarenta ano s a esperança de vida ao nascer aumento u mais que durante toda a histó ria da hum anid ad e ( Banc o Mund ial,

1993). Entre 1950 e 1990, enquanto a po pula-ção mundial passo u de 2,5 bilhõ es para 5,3 bilhõ es de pesso as, a esp erança de vida ao nascer pulou de 40 para 63 ano s. A moderni-dade, certamente, pro po rcio no u incontestáveis avanço s quanto à co mp etência tecno ló gica necessária à busca da saúd e, seja no camp o pro priamente méd ico (d iagnó stico e terapêu-tica), seja em o utro s camp o s (info rmação , ed ucação , alimentação e tc ) . Os avanço s no co mbate às d o enças infeccio sas, assim co mo a ampliação d o acesso a bens e serviços de pro teção social em geral e sanitária em parti-cular, expressam a dispo nibilização , em larga escala, de tecno lo gias de alto impacto sanitá-rio, co m o vacinas, méto d o s anti-co nceptivo s, saneamento , tecno lo gias ed ucacio nais, etc.

O fato de que o s valo res mencio nad o s sejam médias, que o cultam as eno rmes desi-gualdades prevalecentes no mund o , permite supo r que é ainda po ssível teo ricamente alcançar resultados melho res quanto ao pro -lo ngamento da vida, sem entrar no mérito da questão d o limite bio ló gico , a partir da univer-salização d o acesso ao s benefício s da ciên-cia e da mo d ernid ad e.

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químico s o u físico s pró prio s cios grand es aglo merado s urbano-industriais.

No caso d o Brasil atual, só para citar um exemplo , cerca de 60% do s ó bito s (1988) são provocados pelos grandes grupos das do enças cardiovasculares, das neo plasias e das causas externas. Esse mesmo grupo de agravos, em 1930, não era respo nsável por mais d o que 16% das mortes. As d o enças infeccio sas, ao contrário, tiveram sua importância na morta-lidade reduzida de 45 para 7% no mesmo período (Duchiacle, 1995).

Co mo já era ap o ntad o no estud o de Dever, as catego rias "estilos de vida" e "am-biente" agrupam p recisamente aquilo que chamamos efeitos mórbidos da civilização, não mais redutíveis a agentes ou fatores causais, sequer a redes de causalid ad e claramente delimitadas. Trata-se, antes, de um co mp lexo mó rbido , o nd e causas e efeitos se co nfund em e se sintetizam num "certo mo d o de andar a

vida". A limentação,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA stress, p o luição , esgar-ç am ento so cial ( só c io p atias) , v io lênc ia,

sedentarismo apresentam-se co m o ingredientes indissociáveis dos marco s culturais e so -ciais o nd e se inscrevem. Mais d o que fatores de risco, trata-se de situaçõ es co mp lexas o nd e o risco não é mais externo ao indivíduo, mas se inscreve, co m ele, num co mp lexo único de múltiplas d imensõ es — bio ló gica, social e cul-tural. Nem esse co mp lexo é externo ao indi-víduo, de mo d o qtie ele possa se pro teger dos "fatores de risco " nele co ntido s, nem o ind ivíd uo é m ero p o rtad o r de uma no r-matividade vital ou bio ló gica a p ro tegê-lo contra "agressõ es externas".

Kadt & Tasca (1993) desenvo lveram o s co nceito s d e "chances d e saúd e" e "chances de vida", na tentativa d e qualificar essa no va co mplexid ad e d o p ro cesso sanitário, e abrir caminho para no vas abo rd agens terapêuticas voltadas não mais para o evitamento d e fato-res de risco isolados ou para o co mbate a seus efeito s, mas â p ro mo ção de situaçõ es mais favoráveis à saúde, integrando as diver-sas d imensõ es d o p ro cesso , so bretud o as

-ambientais e so ciais, num mesmo mo d elo de exp licação e intervenção .

De qualquer forma, é bastante evidente o desco mpasso entre a política terapêutica atual e o quadro sanitário que ela deveria enfrentar. Embora o presente perfil epide-miológico ve-nha se d elineand o há algumas décadas, o mo delo terapêutico, seja no campo da clínica, seja no da saúde pública, mantém-se preso ao antigo paradigma bio méd ico . Este, inclusive na sua versão mais completa, a ecológica, conti-nua inspirando de mo d o hegemô nico os mo-delos e as práticas de terapia contemporânea. Há os agentes causadores dos agravos (bioló-gicos, químico s, físico s), os hospedeiros ou vítimas desses agravos (mais ou meno s susce-tíveis a eles) e o meio (que favorece ou dificul-ta uma interação mó rbida). A intervenção tera-pêutica moderna, seja no âmbito da clínica, ou no da saúde pública, dirige-se sempre a um desses fatores, em busca de evitar ou corrigir o desarranjo por ele pro vo cado na eco no mia do organismo humano .

Na verdade, as duas vertentes principais de co ncep ção e exp licação d o normal e do pato ló gico , a outológicci e a dinamista ou fun-cional, têm este p o nto em co mum: encaram a d o ença, ou melho r, a experiência de estar d o ente, co m o uma situação po lêmica, quer

como a luta d o o rganismo contra um ser es-tranho, quer co m o uma luta interna de forças que se defrontam (Canguilhem, 1990).

A pesar do exp o nencial avanço da tecno -ciência e da parafernália terapêutica d ele d eco rrente, p arece cada vez mais existir uma impo tência diante dos no vo s agravos e uma dificuldade em instrumentalizar políticas de intervenção ad equad as, seja no pro cesso de pro d ução das situaçõ es d e risco, seja na lógi-ca da distribuição d e seus efeito s so bre os indivíduos e co letividades.

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cado s po r fatores, tanto externo s co m o inter-no s. A idéia da saúd e co m o ausência d e d o ença e distância da morte tampo uco é ca-paz de dar co nta do co mp lexo p ro cesso sani-tário atual. Este, não send o redutível a mo d e-los causais simples, de corte biologicista, faz co m que a saúde pública se torne cada vez mais d ep end ente de saberes e d ecisõ es extra-setoriais. A clínica, po r sua vez, passa a d e-pender de tecno lo gias diagnosticas e terapêu-ticas cada vez mais sofisticadas e caras, em função também da co mplexid ad e do s agravos emergentes, sejam o s crô nico s (insuficiências funcionais), sejam os agudos (trauma). De certa forma, a saúd e pública se vê paralisada e esvaziada, enquanto a clínica se elitiza.

Os números do trabalho de Dever mos-tram a tendência d o atual mo delo em gastar mais co m atividades de cobertura e efetividade proporcionalmente menores. E claro que não se trata de imaginar uma transposição mecâni-ca das pro po rçõ es relativas a fatores mecâni-causais para rubricas de gastos. Uma vacina custa menos que uma angioplastia. Não se trata tampo uco de reproduzir o antigo co ro da medicina pre-ventiva contra a curativa. Mas o fato é que o atual perfil de gastos não dá co nta de enfren-tar co m efetividade o s pro blemas atuais de saúde. O caso do s serviços de emergência é típico. Não há possibilidade técnica, nem fi-nanceira, d e co nstruir p ro nto s-so co rro s ou serviços d e neurocirurgia que po ssam fazer frente ao vertiginoso e multifacético aumento da violência urbana. No município d o Rio de Janeiro , po r exem p lo , 70% d o s gasto s da

Secretaria de Saúde são co nsumid o s no s ser-viços de emergência.

Na verdade, o quadro epidemio ló gico atu-al exige um mo d elo explicativo e terapêutico que p ense o s indivíduos diante da d o ença e da morte co mo o que de fato são : sujeitos sociais lidando co m o s resultados de suas esco lhas e d e sua intervenção , fruto de sua co mpetência refo rmado ra da vida natural, à qual d everão reco rrer para enfrentar o s desa-fios ora po sto s. Tais desadesa-fios não se situam

mais so mente no enfrentamento do s riscos de ad o ecer e morrer, mas sim em (co n)viver co m o mal-estar e as limitaçõ es cotidianas impo s-tas pelo s no vo s agravos. Em outros termo s, importa cada vez mais não ap enas a d uração ou quantidade de vida, mas a maneira co mo ela é v iv id a, o u se ja sua q u al i d ad e (Reichenreim & W erneck, 1994).

Essas no v as exig ências d e integ ração conceituai e prática das diversas dimensões d o pro cesso de pro dução e distribuição dos pro-blemas de saúde remetem, certamente, à co ns-trução de uma nova racionalidade sanitária.

Pó s - m o d e rn i d ad e e S aú d e Pú b l i ca:

D es af i o s C o n ce i tu ai s e Práti co s

Talvez a pó s-mo d ernid ad e na saúde pú-blica co m ece em fins da d écad a de 70, co m a frustrada camp anha mundial pela erradicação da malária. A pó s um verdadeiro esfo rço de guerra e alguns bilhõ es de dó lares, a campa-nha resultou num retumbante fracasso e, pior, num agravamento d o pro blema, graças à re-sistência ao DDT e ao s quimio terápico s. Em 1975, a incidência mundial da malária era duas e meia vezes a d e 1961, quand o a campanha estava no seu auge (Garrett, 1995).

Embo ra tal episó d io tenha permanecid o à so mbra, em função da vitória sanitária re-presentada pela assim d eno minad a "revolu-ção imuno ló gica" que, naquela d écad a, am-pliou de 5 para 80% a co bertura vacinai em meno res de um ano , ele simbo liza, mais do que um revés prático, o d esmo ro namento de um dos pilares do pensamento mo derno : a crença nas possibilidades ilimitadas da ciência em controlar a natureza e vencer a do ença.

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regular e previsível em direção a melhores níveis de saúd e.

Fatos po sterio res, co m o o advento das chamadas d o enças infeccio sas emergentes e re-emergentes, assim co m o o s limites políti-co s e epolíti-co nô mipolíti-co s à pro po sta de equalização das o po rtunidades de saúde, foram revelan-do um curso distinto para a história sanitária, sem muitas garantias de final feliz.

Hoje, a idéia de transição na saúde ou transição sanitária é asso ciada muito mais à co mplexid ad e e à incerteza, e d eve ser d es-dobrada em p elo meno s três transiçõ es: a demo gráfica, a da mortalidade e a da mo rbi¬ d ad e, seguind o d inâmicas pró prias e inte-ragindo segund o pad rõ es co mp lexo s, o nd e incid em p ro cesso s naturais e so ciais, não apreensíveis através de mo d elo s simples de análise (Po ssas & Marques, 1994).

Na verdade, a crença de que se vive um mo mento transicional na saúde firma-se cada vez mais, enquanto p ermanece o bscura a direcionalidade e o sentido de tal p ro cesso . Para que a saúde pública seja capaz de en-frentar tais d esafio s, im p õ e-se, não uma mera atualização d e co nhecim ento s técni-co s ou d e técni-co mp ro misso s so ciais, mas a técni-co n-v o cação d e uma emp reitad a intelectual que lo gre ultrap assar as limitaçõ es da saúd e p ública "no rmal", em p reg and o um p o u c o abusiv amente a exp ressão kuhniana, e ca-minhar rumo à ed if ic aç ão d e um no v o parad igma sanitário .

Na sua relação com a ciência, ou co m o atividade científica, trata-se não tanto de acurar instrumentos que permitam mensurar as co i-sas de forma mais precisa (o co rrências, agra-vos, micro o rganismo s), ou prever tend ências (pro babilidades, cenário s), mas sim de bus-car ap ro x im aç õ e s c o m p reensiv as, trans-diciplinares, co m o o bjeto saúde, elucid and o as relaçõ es naturais e so ciais nele embutidas. Na sua relação co m o social, ou co m o prática so cial, trata-se de ultrapassar as pres-criçõ es normativas, retóricas, impo tentes co n-tra as desigualdades so ciais e d e saúde, e

assumir abo rd agens que, interdisciplinares no co nteúd o e intersetoriais na açào , mobilizem o s recurso s co gnitivo s e materiais necessário s a seu no v o esco p o .

Entretanto, tal busca nào po derá se dar

fora

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d o clima cultural "mudancista" que vem

se fixando e exp and ind o neste fim-de-século . O p ó s-mo d erno , seja co m o radicalização da mo d ernid ad e revo lucio nária, ou co m o seu contraponto reacionário, aporta ao debate con-temp o râneo um co njunto de co ntribuiçõ es e questio namento s que não co nv ém desdenhar. Não h á , na verdade, um paradigma de

p ensamento p ó s-mo d erno , pensamento que, po r sinal, prefere d espo jar-se das pretensõ es de universalidade e o bjetividade dos mo der-no s. Deve ele, antes, ser visto co mo uma co ns-trução , uma transição paradigmática que en-vo lve d esafio s. Santo s (1995), para ilustrar essa busca, apresenta quatro teses:

• Todo o conhecimento científico-natu-ral é científico-social, expressand o co m isso não só a superação da dicotomia entre as ciências naturais e as ciências sociais, mas o fato de que ela se d á so b a égid e ou hegemo -nia das ciências so ciais;

• Todo o conhecimento é local e total, co m isso d esignand o que a fragmentação dis-ciplinar característica da ciência mo derna é substituíd a p ela frag mentação temática da ciência p ó s-m o d erna;

• Todo o conhecimento é auto-conheci-mento, mo strando assim a emergência de um co nhecimento co mpreensivo e íntimo que não no s separa e antes no s une pesso almente ao que estudamo s, assumindo que o " o b j e t o é a c o n t i n u a ç ã o do s u j e i t o p o r o u t r o s m e i o s " ;

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Fugiria co mp letamente ao esco p o e mes-mo ao fô lego d o presente trabalho discutir todas as imp licaçõ es d o p ensamento p ó s-mo d erno para o camp o da saúde pública. Entretanto, ensaiaremo s aqui algumas refle-xõ es a respeito de dois d eslo camento s o pera-d o s p elo p ensam ento p ó s-mo pera-d erno , cujo s impactos no camp o d o p ensamento sanitário po d em ser de grand e valia.

Trata-se d o d eslo camento do "o bjetivo " para o "subjetivo " e d o "co letivo " para o "in-d ivi"in-d ual". Presentes em to "in-d a a ev o lução co nceituai e prática d o camp o da saúde pú-blica, esses do is pares de catego rias estão ho je a exigir um no v o p o nto de equilíbrio nas suas relaçõ es, de forma a atender às novas exigências po stas pela crise.

R e l ação O b

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) e ti v o / S u b j e ti v o

Sem pretensõ es de criar uma periodização ou uma taxonomia, é possível verificar que a relação objetivo/ subjetivo no campo da saúde pública sofreu alterações ao longo do tempo, p o d end o ser identificados pelo meno s três padrões principais que, em linhas gerais, se sucederam cro no lo gicamente, mas que até hoje convivem. O primeiro co rrespo nde à saúde pública tradicional, constituída à imagem e semelhança da tecno -ciência e do mo d elo bioméclico. O segundo resulta da influência do pensamento social, principalmente em sua ver-tente estruturalista histórica, so bre o pensamen-to bio méclico , co nstituind o pro priamente o campo da saúde coletiva. O terceiro represen-ta o esforço das ciências sociais em dispurepresen-tar co m as ciências naturais a primazia do co nhe-cimento so bre o o bjeto saúde.

A saúde pública mo d erna, ho je co nsid e-rada tradicional, nasce so b a égide d o pensa-mento positivo, lidando co m a "o bjetividade" do s mo d elo s de exp licação d o p ro cesso saúd esaúd o ença. Dessaúd e a mesaúdicina social anglo -saxô nica, em luta co ntra o s miasmas, até a saúde pública francesa pasteuriana, às voltas

co m o s micró bio s, as práticas sanitárias fun-daram-se na objetividade do saber científico. No início deste século , so b a inspiração da o bsessão anti-microbiana, políticas e práticas de saúde pública disseminaram-se através do paradigma "campanhista" de organização sani-tária. So b a lógica do mo d elo biológico/ ecoló-gico que estabelecia nexo s causais na cadeia agente/ hospedeiro/ meio, tratava-se de imple-mentar políticas e açõ es voltadas para a inter-rupção do ciclo material de transmissão, agin-do sobre qualquer um de seus estágios, inclu-sive o ho mem, seja co mo doente, seja co mo hospedeiro. O ho mem era o objeto de uma ação sanitária que não tinha sujeitos, mas agen-tes técnicos portadores de um co nhecimento técnico positivo, tornado norma sanitária a ser seguida por todos. So berana na sua positivida-de e na sua autoridapositivida-de técnica, a saúpositivida-de públi-ca submetia tudo e todos às suas prescrições.

E curio so o bservar que neste paradigma de o rganização sanitária a saúde pública ter-minou tend o de lidar co m subjetividades de o p o sição , explicitadas na resistência popular às medidas sanitárias co mpulsó rias, co mo as vacinas, bo rrifaçõ es etc.

O segund o padrão , o da saúde coletiva, representa o primeiro mo mento de incorpora-ção d o social ao s câno nes do pensamento sanitário, o que o co rreu a partir d o s ano s 60. Primeiro co m o "variável" influente na distri-buição de riscos e agravos entre as pessoas, depois incorporando-se ao mo delo de explica-ção do pro cesso saúde-enfermidade. É quando se desnaturaliza o co nceito de "história natural das do enças", introduzindo-se o social co mo po dero so diferencial de riscos sanitários, asso¬ ciando-os à fragilidade e aos riscos sociais.

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dade, e ganha em d imensão política, inco rpo -rando a sen arsenal d e práticas terapêuticas a ação social o u política.

No que diz respeito à questão objetivo/ subjetivo, a entrada d o social, a d espeito de enriquecer o mo d elo explicativo , altera po u-co sua positividade, já que a realidade, em-bo ra c o nstitu íd a e c o n f o rm ad a c o m a interveniência d o social, uma vez estabeleci-da, p ermanece co m o um mo lde o bjetivo , em um mo d elo o nd e as pesso as e coletividades estariam submetidas a riscos externo s a elas. Ou seja, no que diz respeito à gênese das d o enças, as realidades permaneciam, embo ra so cialmente determinadas, reclutíveis à o bje-tividade de fatores d e risco à saúde.

A subjetividade, neste mo d elo , é assumi-da ao nível d o s sujeitos que se co nstituem na ação social dirigida a remo ver o u neutralizar os fatores sociais gerad o res d o lato sanitário "o bjetivo ". É co nhecid o aqui o pred o mínio da tradição marxista o u estruturalista histórica, cuja vertente italiana cunho u a no ção d e "co nsciência sanitária", para designar a apro -priação d o co nhecimento técnico acerca da história "so cial" da d o enças e da seletividade social dos riscos sanitários, co mo requisito para a constituição de sujeitos sociais e políticos e, portanto, de agentes d e transformação.

A subjetividade aqui admitida é aquela que brota da necessid ad e coletiva e que se organiza em sujeitos co letivo s — no Estado, no partid o , nas o rg aniz açõ es classistas e comunitárias — portadores d e projetos políti-cos de intervenção/ interação nas estruturas que moldam socialmente as realidades sanitárias. Essa matriz de pensamento social, filiada às correntes estruturalistas e deterministas,

es-taria referida à vertente das ciências sociais

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" m a i s

d i r e t a m e n t e v i n c u l a d a à e p i s t e m o l o g i a e à m e t o

-d o l o g i a p o s i t i v i s t a s -d a s c i ê n c i a s n a t u r a i s " , segun-do a classificação proposta po r Santos (1994).

A outra vertente, segundo o autor, " d e

v o c a ç ã o a n f i - p o s i t i v i s t a , c a l d e a d a n u m a t r a d i ç ã o

f i l o s ó f i c a c o m p l e x a , f e n o m e n o l ó g i c a , i n t e r a c i o ¬

n i s t a , m i t o - s i m b ó l i c a , h e r m e n ê u t i c a , e x i s t e n c i a l i s t a ,

p r a g m á t i c a " , teria d esemp enhad o um papel matricial na marca pós-moderna do paradigma emergente, aportando, só posteriormente, sua contribuição ao campo sanitário, quando então fixa o já mencio nad o terceiro padrão de rela-ção objetivo/ subjetivo.

Situam-se, neste terceiro padrão, as críticas aos efeitos mórbidos da modernidade e da medicina tecnológica feitas já desde o s anos 60. Denunciando a morbidade autoprovocada pela sociedade humana através da tecnociên¬ cia, o s assim d eno m inad o s "mo v imento s contraculturais" de então atribuíam esses efei-tos a um excesso de intervenção humana no natural, a uma espécie de excesso de ciência. Illich (1975) foi um do s expo entes do movi-mento de denúncia da iatrogenia d o mo delo bio médico , chegand o a cunhar o conceito de "contra-produtiviclade social", para designar o f e n ô m e n o d e q u e " q u a n t o m a i s a ç ã o m e d i c a l i z a d a p e l a s a ú d e , m e n o s s a ú d e " .

A nalo gamente ao s mo vimento s operários que se voltaram contra as máquinas para re-sistir à tecnificação d o trabalho , tal postura termina po r reificar a ciência e reduzi-la a seus efeito s indesejáveis, num certo "natu-rismo" que implica em abrir mão da autoria humana da ciência. Embo ra expressiva d e um estado de espírito pró prio d e toda uma ép o ca e testemunha da perda progressiva d e prestí-gio da ciência c o m o caminho retilíneo e irre-versível para o pro gresso , tal co rrente não lo gro u um p o rte co nceituai suficiente para se firmar. Perm aneceu marginal, às v ezes fo lcló rica, alimentand o um d iscurso extre-m ad o e d efensiv o eextre-m relação à ciência c o m o instrumento d a co m p etência humana d e refo rmar a vida.

(9)

O seu amad urecimento leva ao apareci-mento do "co nstrucio nismo ", co rrente da an-tropologia social que se d esenvo lve no cam-po da saúde e da medicina, e expressa o d esco ntentamento e a d ecep ção co m as prer-rogativas d e objetividade e de universalidade reivindicadas pelo p ensamento científico e, assim, pelo mo d elo sanitário bio méd ico . A pa-rece assim co mo "guardiã de um tesouro de saberes desprezados ou destruídos por uma modernidade arrogante que se julgava deten-tora da verdade" (Carrara, 1994).

Aqui, a subjetividade é francamente d o -minante. A d o ença é destituída d e objetivida-de e reduzida a mera invenção social, mera ideologia. Procura "mostrar de que maneira a medicina se origina do social e produz o so

-cial" (HerzlichzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA ap u d Carrara, 1994). Declara que a medicina "não realiza a deco dificação

do o rgânico ou da d o ença, mas sim a sua co nstrução a partir de catego rias cognitivas socialmente dadas que manipula".

Se o p o sitiv ismo da saúd e trad icio nal está claram ente sup erad o , nenhu m a d as duas abo rd ag ens so ciais, nem a estrutura-lista nem a relativista, p arecem aptas a fo r-necer um tratamento satisfató rio da ques-tão o bjetiv o / subjetiv o .

Parece claro que a complexidade do qua-dro sanitário emergente situa-se além das po s-sibilidades explicativas de qualquer dos três padrões mencio nado s:

• Nem a saúd e p ública trad icio nal ou po sitiva, para q uem tud o se red uz ao bio -ló g ico ;

• Nem a saúde pública social-estnitural, para quem a subjetividade é moldada e aprisi-onada na estrutura;

• Nem a saúde pública relativista, para quem a subjetividade é soberana e construtora do objeto saúde.

A chamada transição sanitária resulta de uma co njugação de fatores e situações biológi-cas, demográfibiológi-cas, sociais, culturais, eco nô mi-cas e polítimi-cas que, dificilmente, será apreensível

através das abo rd agens quantitativas clássi-cas, ou mesmo co m ap ro ximaçõ es qualitativas triviais. A AIDS ilustra, de maneira elo -qüente, a imperiosa necessidade de conectar saberes da biologia, d o social, do cultural, tan-to para entendê-la, quantan-to para enfrentá-la.

A propósito exatamente da AIDS, Camargo Jr. (1994) o bserva criticamente o p ro cesso de co nstrução de catego rias diagnosticas na prá-tica méd ica co m o uma co mbinação das "infle-xíveis exigências do método científico com (...) toda uma gama de fatores sócio-culturais (...) 'não científicos'". A dverte para a ambigüidade da pro d ução d o saber e preco niza "uma rela-ção mais crítica com as verdades da ciência", co mo forma de evitar o red ucio nismo e a instrumentalização .

O no v o pad rão d e articulação entre o bi-o ló gicbi-o e bi-o sbi-ocial terá certamente de cbi-o nce-der uma primazia co nceituai e meto d o ló gica à subjetividade que, entretanto , não po derá se restring ir n e m àq u e l a d e su je ito s engessados numa lógica coletiva estruturalmen-te definida, nem àquela de sujeitos que se constituem co m a eliminação da objetividade.

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R e l ação C o l e ti v o / I n d i v i d u al

É clássica a dicotomia coletivo/ indivíduo no camp o intelectual e prático da saúd e. A tradição da medicina científica ou d o mo d elo bio méd ico d eixo u o indivíduo a cargo da clínica e o co letivo a cargo da saúde pública. Foi po r esta via que o social se inco rpo ro u, abrind o cam inho para a co nsid eração da subjetividade no âmbito d o p ensar e d o fazer sanitário . Mas, c o m o v imo s, o s sujeito s ad -mitido s eram o s co letiv o s, interagind o seja co m realid ad es so ciais, seja co m realid ad es culturais.

A subjetividade na d imensão individual, ou a questão do s sujeitos individuais, apare-ce so mente na clínica, co m o advento das pro pedêuticas psico sso máticas e da co nsid e-ração d o s indivíduo s c o m o singularidades bio p síquicas.

É notável co nstatar que o s pro gresso s sanitários da mo d ernid ad e o co rreram, em grande parte, a favor e pela ação das classes trabalhadoras que, co m o sujeitos po lítico s, fizeramse sujeitos d e direitos so ciais, no pro -cesso de co nstituição e exp ansão da cidada-nia mo d erna.

Entretanto , a já m encio nad a crise da

modernidade deco rre também

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

" d a r e v o l t a d a s u b j e t i v i d a d e c o n t r a a c i d a d a n i a , d a s u b j e t i v i

-d a -d e p e s s o a l e s o l i -d á r i a c o n t r a a c i -d a -d a n i a a t o m i z a n t e e estatizante" (Santos, 1994). O autor

considera que " u m a t e n s ã o e n t r e u m a s u b j e t i v i d a d e i n d i v i d u a l e i n d i v i d u a l i s t a e u m a c i d a -d a n i a -d i r e t a o u i n -d i r e t a m e n t e r e g u l a -d o r a e estatizante p e r c o r r e t o d a a m o d e r n i d a d e " .

Dis-cute também, de maneira bastante original, o paradoxo através do qual " o s g a n h o s e m ci-d a ci-d a n i a c o n v e r t e r a m - s e (po r e x c e s s o d e r e g u l a ç ã o ) e m p e r d a s e m s u b j e t i v i d a d e " ,

suge-rindo que a superação da tensão entre subje-tividade e cidadania só po derá o co rrer no marco do princípio da emancip ação , em lugar do marco , até aqui vigente, da regulação .

Outros autores sublinham o advento de um no vo estatuto para o individual na tran¬

sição pó s-mo d erna. Segund o Moriconi (1994),

" a s o c i e d a d e p ó s i n d u s t r i a l d e p e n d e , p a r a s o -breviver, d a i n f o r m a ç ã o , d o s j o g o s entre indivíd u o s e indivíd e indivíd e c i s õ e s t o m a indivíd a s a p a r t i r indivíd a s i m u -l a ç ã o d e m o d e -l o s , a o p a s s o q u e a s o c i e d a d e i n d u s t r i a l d e p e n d e d e e n e r g i a , d o j o g o c o n t r a a n a t u r e z a , d o e m p i r i s m o e d a e x p e r i m e n t a -ç ã o " . Diverso s autores vêm d esenvo lvend o

as chamad as teorias da ação social, em o p o -sição às clássicas teorias so ciais, também para realçar um crescente p eso do s indivíduos e sua ação no s p ro cesso s d e transfo rmação social (Elster, 1994).

Po r o utro lado , não é no va nas ciências

sociais a idéia de que não é possível "umzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA eu destituído de um nós" (Elias, 1994).

Discutin-d o as alteraçõ es e tenDiscutin-d ências co ntemp o râne-as na "balança nó s-eu", Elirâne-as co menta que " a a s c e n s ã o d a h u m a n i d a d e n o s e n t i d o d e se t o r n a r a ' u n i d a d e d e so brev iv ência' p r e d o m i n a n t e m a r c a u m a v a n ç o d a individualização". Consi-dera essa tend ência de individualização não co m o uma o p o sição ao co letivo universal ou solidário, mas co m o uma alternativa às limi-taçõ es do s diversos co letivo s co m o 'unidades de sobrevivência', ou seja, co mo locus de identificação co m a po ssibilidade material e social cie so brevivência individual. Co mo se o s Estados nacio nais, que propiciaram a ex-p ansão d o s d ireito s e da cid ad ania via regulação so cial, ho uv essem se to rnado , no n o v o q u ad ro m u nd ial d e integ raç ão e glo balização , uma esfera tend encialmente in-suficiente diante d o s anseio s descentralizado ¬ res e das d emand as emancipató rias.

(11)

O se g u n d o , q u e será aq ui d e se nv o lv id o , d iz resp eito à e m e rg ê n c i a d a q u e stão ética q u e ho je p erp assa to d o o c a m p o d a saú d e .

A q u e stão ética inc id e d iretam ente so b re o p ró p rio e s c o p o e o s o b jetiv o s d a saú d e p ú b lic a. lista elev e b u sc ar tão s o m e n te p ro -lo ng ar a v id a h u m an a o u p re te n d e ig u alm en-te m e lho rar sua q u a l i d a d e ? D iz resp eito às c o letiv id ad es, c o m su as reg u larid ad es e m é d ias, o u visa ao s ind iv íd u o s, c o m su as sing u -larid ad es e d iferenç as? Po r m ais q u e o b o m s e n s o se ap re sse e m o p tar p o r am b as , o q u ad ro sanitário c o n te m p o r â n e o m o stra q u e são c ad a v ez m ais f req ü entes as situ aç õ es d e c o n f l i t o , a e n v o l v e r e s c o l h a s , d e c i s õ e s e x c l u d e n te s , tan to n o p l an o d o s e s p a ç o s p ú b lic o s/ c o letiv o s ( al o c aç ão d e rec u rso s, le-g islaç ão , p lanif ic aç ão so c ial) , q u an to n o p la-n o d as e sc o lh as c o tid iala-nas ila-nd iv id uais.

Co m a elev aç ão d o s custo s o c o rrend o num ritmo m ais ráp id o q u e a e x te n são d o s b e n e -fício s sanitário s, o s rec u rso s te c n o l ó g i c o s ten-d e m a estar ten-d isp o nív eis/ ac essív eis a u m nú-m e ro p ro p o rc i o n al nú-m e n te nú-m e n o r d e p e sso as, nu m q u ad ro d e au m e n to g lo b al d a d e m an d a. N o p lan o ind iv id ual, as e sc o l h as tratam d e u m a tem átic a sanitária q u e , c o m o se v iu, e nv o lv e u m a ju risd iç ão interp esso al q u e d e -m and a p o stu ras e o p ç õ e s -m o rais, seja nas re laç õ e s c o m o c o letiv o so c ial, seja nas rela-ç õ e s c o m o u tro s ind iv íd u o s.

Po d e se d iz er q u e , ne ssas e sc o lh as, o c o r-re o e n c o n tro d o d e b ate sanitário c o m o d e b ate étic o : a te n são entre a sac ralid ad e e a q u alid ad e d a v id a. O trad icio nal Princ íp io d a Sac ralid ad e d a Vicia ( PSV ) , n o rm a ab so lu ta c o m o rig ens na m o ral cristã e, e m p arte, na ética m é d ic a hip o c rátic a, tem p resid id o histo ric am ente, e serv id o c o m o arc ab o u ç o i d e o l ó -g ic o e étic o , a u m a m e d ic ina c entrad a n o m é d i c o , v o ltad a p ara c u m p rir "o s p ro c e sso s te l e o l ó g i c o s d a o rd e m natu ral", te n d o p o r

dever absoluto conservar a vicia contra aquilo que é contrário a essa ordem. A diversida-de e a complexidadiversida-de das sociedadiversida-des modiversida-der-

moder-nas tem tornado obsoleto ou insuficiente o

PSV e vem criando a

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"exigência de individua-lizar novas hierarquias de deveres, ou seja,

rea-justar uma nova 'tábua de valores' e estabelecer qual é o papel da autonomia com relação aos outros princípios (justiça, benevolência etc.)"

(Mori, 1994). Trata-se do pluralismo ético que, em oposição à rigidez de uma ética unicista, excessivamente normativa, aceita e se ocupa do "problema de como conseguir conciliar os diversos valores numa sociedade pacífica"

(Idem).

N um rac io c ínio analó g ic o , é p o ssív el id en-tificar, na m e d ic in a e na saú d e p ú b lic a, o PSV c o m as a b o r d a g e n s te rap ê u ti c as d irig id as n o rm ativ am e n te ao s fato res de risco e d o e nç a, e n q u an to as exig ênc ias fo rm ulad as p elo no v o

q u ad ro e p id e m io ló g ic o d ev eriam ser parametrizadas p e lo Princ íp io d a Q u alid ad e d e Vid a ( PQ V ) , isto é, p o r u m a p o stu ra m ais p luralista

e flexív el, q u e in c o rp o re a d i m e n s ão da v o n-tad e e d a au to n o m ia d o ind iv íd u o .

O d e b ate étic o na saú d e p ú b lic a b enef i-c ia- se d a p ro p o sta d e Si-c h ram m ( 1995) , q u e d e f e n d e a c o m p l e m e n tari d ad e d o s d o is p rin-c íp io s, rin-c o m o a " ú n i c a m a n e i r a d e e v i t a r t a n t o

o i n t e g r a l i s m o r e l i g i o s o o u f u n d a m e n t a l i s m o — q u e m u i t a s v e z e s a c a b a p o r d e s r e s p e i t a r u m

d i r e i t o p r e s e n t e e a t u a l e m n o m e d e u m d i r e i t o

f u t u r o e p o t e n c i a l , c o m o é o c a s o d o d i r e i t o d o f e t o c o m r e l a ç ã o a o d i r e i t o d a m ã e — q u a n t o

o r e l a t i v i s m o s e c u l a r i z a d o e , à s v e z e s , cínico ,

q u e a c a b a p o r c o n s a g r a r a l e i d o m a i s f o r t e e

a

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

lifeboat ethics ( é t i c a d o s a l v e - s e q u e m p u d e r )

b a s e a d a e m u m a q u a l i d a d e m e r a m e n t e d e

c o n s u m o e d e g o z o p e s s o a l ( . . . ) " .

O d esaf io , p o rtanto , é o de e q u ac i o n ar u m a n o v a p o lítica terap êu tic a c ap az d e su p e -rar o s m o d e l o s m arc ad o s p o r u m v e rd ad e téc nic a e p o r u m a ref erênc ia ética unicista, o n d e ao s ind iv íd u o s é re se rv ad o o p ap e l de o b je to s o u m e ro s c o ad ju v an te s d e u m e n re d o "natu ral" e a q u e m c a b e ap e n as c u m p rir p re

s-crições técnicas e éticas. No seu lugar, deve ser desenvolvida uma visão pluralista em que, preliminarmente, seja respeitada a

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ser desenvolvida uma visão pluralista em que, preliminarmente, seja respeitada a diversida-de diversida-de esco lhas e vo ntad es, e o nd e as prescri-çõ es sociais d eco rram de diálo go s e contratos intersubjetivo s.

A o co ntrário d o que alguns po ssam suge-rir ou prefesuge-rir, a abo rd agem ética não pres-cinde nem elide a questão social, mas realça que o seu enfrentamento envo lve julgamen-tos e esco lhas morais co ncernentes a situa-çõ es e entes so ciais co ncreto s.

Observe-se que o debate ético refere-se não só às situações de fronteira (eutanásia, suicídio assistido, co ntracepção , fertilização), mas igual-mente a situações cotidianas (alo cação de re-cursos, programação de oferta), já de há muito enfrentadas por abordagens tradicionais.

Tal d ebate vem alcançand o a saúde pú-blica em vários d o mínio s. Em recente traba-lho, Garrafa (1995) faz um inventário d o que d eno mina de "a d imensão da ética em saúde pública", discutindo o s vários asp ecto s d o impacto d o p ensamento ético so bre o s para-digmas da saúde pública, so bre a prática dos profissionais de saúd e, o ensino méd ico e as políticas públicas.

A questão ética está posta hoje para a saúde pública, seja no seu diálogo co m a ciência — ética de fronteira — , seja no seu diálogo com a questão social, a desigualdade e a pobreza — ética d o cotidiano (Pessini, 1995).

O diálo go com a ciência tem na bio lo gia mo lecular e nas bio tecno lo gias o seu camp o privilegiado d e d esenv o lv imento . A qui, o s eno rmes avanço s em engenharia genética e tecno lo gias reprodutivas, po r exemp lo , tem suscitado esperanças nas po ssibilidades iné-ditas e quase ilimitadas de avanço s na co m-petência terapêutica humana. Esperanças que convivem e têm d e dialogar co m as cautelas e temo res d e emergentes delírios eugenistas e possíveis desastres genético s acidentais. O projeto d e map eamento d o geno ma humano é expressivo dessas esperanças e temo res. Na sua grandiosidade planetária, o pro jeto que, desde 1988, é co o rd enad o internacio nalmen¬

te pela Organização d o Geno ma Humano (HUGO ), envo lve gastos da o rdem de 2 bi-lhõ es de libras, send o o maior programa ci-entífico d esd e o pro jeto A po llo , vo ltado para o p o uso d o ho mem na lua. Chamado de o Santo Graal da bio lo gia co ntemp o rânea, esse pro jeto vê-se ho je o brigad o a aplicar parte de seu o rçamento no estud o das co nseqüências so ciais, éticas e jurídicas de seus resultados (Wilkie, 1994).

O d iálo go co m o social e o co tidiano diz respeito à tensão entre o princípio da auto-no mia e o da respo nsabilid ad e. É emble-mático que o s tó pico s "estilos de vida" e "am-biente" eng lo bem mais de 60% das influênci-as so bre o perfil de mortalidade, no estudo já mencio nad o de Dever. Não é possível acredi-tar que pro blemas co m o alco o lismo , tabagis-mo , co nsutabagis-mo d e dro gas, padrão alimentar, v io lência urbana d e várias naturezas etc. po ssam ser equacio nad o s a partir de algum tipo de normatividade "externa" ao s indivídu-o s. Da mesma findivídu-o rma, nãindivídu-o é mais suficiente atribuir às "estruturas" a o ni-respo nsabilida¬ d e, seja pelas desigualdades sociais, seja pelas situaçõ es e hábito s mó rbid o s, e aguardar as so luçõ es co letivas ou gerais. Não que seja dispensável, para a saúd e pública, o exame e a co nsid eração das cad eias causais e das re-laçõ es d e d eterminação , em to d o s o s níveis, do s fatos sanitários. Mas é que, ao fim e ao c ab o , to d a a aç ão sanitária env o lv e o pro tago nismo d e sujeitos reais, sua vontade política e suas esco lhas mo rais.

Schramm & Schramm (1995) fazem um importante exercício ao discutir os compromis-sos e diretrizes d o Sistema Único de Saúde no Brasil — integralidade, descentralização, parti-cipação , eqüidade — à luz dos princípios bá-sicos da bioética de Engelhardt — autonomia, beneficiência, propriedade, autoridade — con-cluindo pela sua co ngruência ou compatibili-dade, enquanto "ferramentas para a qualidade

de vida". Entretanto, advertem que

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"tais princí-pios s ã o tipos ideais, instrumentos d e l e g i t i m a ç ã o

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reais. Isso implica que eles elevem encarnar-se em situações concretas e, portanto, que cada

situação concreta é normalmente e azyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA priori um caso único que deve ser avaliado na sua

pecu-liaridade (...)".

Técnica e politicamente, fica cada vez mais difícil imaginar, nas sociedades pluralistas e laicas contemporâneas, mesmo aquelas subme-tidas a baixos padrões eco nô mico s e sociais, uma saúde pública que não pressuponha os indivíduos co mo sujeitos sanitários e, assim, sujeitos éticos.

Na verdade, torna-se manifesta a insufici-ência ou imprecisão da idéia da "saúde co mo direito de cidadania e dever do Estado", no sentido de que a busca da saúde envolve um processo que não se restringe ao acesso uni-versal a bens e serviços de co nsumo individual ou coletivo, e cada vez mais se desenvolve no território das relações interpessoais, o nde di-reitos e deveres recíprocos marcam as relações indivíduo/ indivíduo e indivíduo/ coletivo.

É claro que a d imensão do dever e da respo nsabilid ad e individual não passa po r ev o caçõ es mo ralistas, nem po r pro gramas educativos verticais, po r mais bem intencio -nados que estes sejam. A ineficácia sanitária de uma pedago gia "bancária", po r o nd e flu-em unidirecio nalmente no rmas técnicas a se-rem seguidas pelas pesso as, ainda que co m respaldo legal, já há muito foi demo nstrada, pelo s antigos e inó cuo s programas de ed uca-ção sanitária e higiene pesso al, no s marcos da saúde pública tradicional.

Da mesma forma, a constituição de sujei-tos não passa pela modelagem de uma "co ns-ciência sanitária" que, apossando-se da lógica estrutural do processo sanitário, automaticamen-te autorize e desencadeie açõ es corretivas, de abrangência individual ou coletiva.

Baudrillarcl (1990) lembra que o turbilhão de imagens produzidas e veiculadas pelos meios de co municação e propaganda moldam desejos e valores numa incrível velocidade e num tem-po extremamente volátil. Segundo esse autor, numa so ciedade em que a produção de merca¬

dorias é substituída pela pro dução de signos e imagens, a razão é superada pelo impulso, pelo desejo, pela espontaneidade.

Na verdade, as recentes alterações ocorri-das no que constituiria um "senso co mum" sanitário, co m a inco rpo ração de valores pro-gressistas co mo a defesa ambiental, os direitos do consumidor, as questões de gênero , talvez po ssam ser explicadas, não tanto po r uma "conscientização" tradicional, mas por uma su-til co mbinação de democratização de informa-ções/ saberes e progresso moral, nos marcos de uma filosofia prática voltada para a revalorização da vida. Algo co mo um "salto gestáltico" que vislumbra e desencadeia, não no vo s estilos ou hábitos pessoais, mas novas atitudes de vida, baseadas na "existência de uma rede de senti-mentos e crenças morais compartilhadas pelos indivíduos que integram a comunidade",

estabe-lecida não porzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA submissão à norma legal (temor à punição), nem só por identificação co m a

maioria (busca de reco nhecimento ), mas por internalização (valo -ração ética em si: faço embo ra pudesse não fazê-lo, e independente-mente do que pensem de mim), co mo pro põ e Fo nseca (1994).

Talvez seja o caso de prestar mais atenção ao sociólogo, double de filósofo, Francesco Alberoni (1991) quando , discutindo os proces-sos geradores de modificações no s modos de pensar e agir das pesso as, descreve o que chama de "estado nascente" dos movimentos co mo aquilo que

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Para a saúde pública, dotar o individual de um no vo estatuto significa, não apartá-lo d o coletivo social o nd e se inscreve e molda, mas redescobri-lo em suas virtualidades de sujeito de mudanças, de si e d o coletivo.

Pol íticas S aud áv eis: C am i n h o p a ra

u m a N o v a Saúde Púb l ica?

O esf o rç o d e reno v aç ão c o nc eitu ai, metodológica e prática d o campo da saúde pública vem já de algum tempo . Um de seus marcos institucionais foi a Conferência Interna-cional sobre Pro mo ção da Saúde, realizada pela

OMS, em no vembro de

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1986, no Canadá, que

aprovou a chamada Carta de Ottawa para a Pro mo ção da Saúde. Nessa ocasião, o co nceito de pro mo ção da saúde passa a ser considera-do a espinha considera-dorsal da nova saúde pública e é pela primeira vez definido em termos de po -líticas e estratégias. Representou um avanço em relação à retórica genérica da Conferência de Alma-Ata ( 1 9 7 7 ) , que estabelecera a consigna "Saúde para todos até o ano 2 0 0 0 " , através da expansão da atenção primária.

Em linhas gerais, a Carta de Ottawa consi-dera os limites d o mo d elo sanitário de base médica e aponta para um mo d elo mais amplo e co mplexo que incorpora co mo determinantes da saúde " o s fatores a m b i e n t a i s , sociais, políti-cos, e c o n ô m i c o s , c o m p o r t a m e n t a i s , b i o l ó g i c o s e m é d i c o s " (WHO, 1 9 9 D - Reco nhece, então , que as decisões políticas de outros setores têm uma contribuição crucial para a saúde; que o s am-bientes físicos e sociais são importantes para o estabelecimento das condições de saúde e co mo parâmetros para o co mpo rtamento sanitário; que a comunidade po d e e deve desempenhar um papel fundamental nas açõ es sanitárias; e que o s serv iço s d e saúd e p recisam ser reorientados.

Ainda em 1986, é criado o Projeto

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Healthy Cities, no âmbito d o Escritório Europeu da

Organização Mundial de Saúde (OMS), co m a finalidade de aplicar e operacionalizar a estra¬

tégia de saúde para todos no nível local. Nas-ceu na esteira da nova realidade política euro-péia, que conferiu maior autonomia política e administrativa às cidades. O projeto baseia-se no co nceito de pro mo ção à saúde e propõe-se a desenvolver " n o v o s estilos d e a c i o n a r , facilitar, m e d i a r e construir novas parcerias e coalizões p a r a a s a ú d e " . Para tanto, adota co mo pro pó -sito ou missão " c o n s t r u i r u m m o v i m e n t o por u m a n o v a s a ú d e p ú b l i c a nas c i d a d e s d a E u r o p a e fazer d a s a ú d e u m t e m a o u assunto d e t o d o s a o nível d e c i d a d e " . Fixam quatro objetivos ao nível

de políticas: visibilidade para a saúde, mobili-zação e decisão política, mudança institucional e ação inovadora para a saúde. Em 1988,

esta-belece-se um plano qüinqüenal centrado em cinco eixos a serem focalizados sucessivamen-te, a saber:

• Eqüidade em saúde;

• Fortalecimento da ação comunitária; • Desenvo lvimento ambiental para a saú-d e;

• Reorientação dos serviços de saúde e da saúde pública;

• Políticas saudáveis para as cidades sau-dáveis.

Tend o se iniciado em janeiro de 1986 com

meno s de dez cidades européias, o projeto experimentou um espetacular crescimento, re-cebend o adesõ es entusiasmadas e caminhando para se constituir em uma rede internacional que envolve centenas de cidades e dezenas de milhões de pesso as. De um projeto inicial tor-nou-se um movimento que representa a " h e r a n ç a d a i m p r e s s i o n a n t e história d a s a ú d e p ú b l i ca e a a n t e c i p a ç ã o d e u m r e n a s c i m e n t o d a s a ú -d e p ú b l i c a q u e nos leve a p r o p o r c i o n a r s a ú -d e p a r a t o d o s os p o v o s n o m u n d o " (WHO, 1991).

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de um conjunto de políticas públicas, cuja for-mulação deveria levar em conta o critério de saúde (Ferraz, 1993).

Parecia estar em marcha a constituição de um novo marco de referência para as tentativas de superação do mo d elo bio médico . Ferraz (1993) chama a atenção para a base conceituai da proposta "em muitos aspectos semelhante à abo rdagem da medicina e da epidemiologia social no Brasil (...), por exemplo no que concerne à importância da dimensão socio-política sobre a saúde de uma população e sobre a responsa-bilidade pública acerca das condições de vida e de saúde".

No Brasil, sobretudo a partir do início dos anos 90, quando se acelerou o processo de d escentralização , d esenvo lveram-se diversas experiências municipais inovadoras, em busca de novos mo delo s de organização das práticas sanitárias. Embora so b deno minaçõ es diversas, pode-se dizer que tais experiências vêm se orientando por alguns dos marcos renovadores estabelecidos a partir de 1986.

Silva Jr. (1996) identifica três propostas de modelos alternativos, representadas pelas ex-periências desenvolvidas, respectivamente, em Pau da Lima, distrito de Salvador (Bahia), Curitiba (Paraná) e Campinas (São Paulo ). Ao estudá-las e compará-las, o autor aponta para sua diversidade e, ao mesmo tempo, para sua convergência e complementaridade, enquanto esforços de constituição do no vo paradigma sanitário.

A diversidade corre por conta das diferen-tes ênfases e estratégias com que estas propos-tas enfrentam aspectos d o mo d elo bio médico dominante, decorrentes das histórias particula-res e perfis político-técnicos dos gmpo s que as conduzem. As próprias expressõ es cunhadas

para nomeá-las, a saber,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Saúdecidacle, em Curitiba, Em defesa da vida, em Campinas e

Sistemas Locais de Saúde/Distritos Sanitários, em Pau da Lima/ Salvador, revelam essas diferen-ças, assim co mo seus discursos contêm os viéses provenientes das realidades locais. Para alguns, a proposta d e cidades, saudáveis estaria situa¬

da mais no campo d o urbanismo, não tendo co nd içõ es de contribuir para o s dilemas da organização de serviços de saúde; para outros, uma efetiva integração de políticas públicas, so b o primado d o critério da saúde, tornaria supérflua ou secundária a discussão so bre a organização da assistência, e assim por diante.

Entretanto, essas experiências, assim co mo muitas outras atualmente em curso no país, são claramente convergentes e até co mplemen¬ tares no que diz respeito ao esfo rço de constru¬ ção de um no vo paradigma para a saúde públi-ca. Correspondem, em termos práticos e teóri-cos, a tentativas de redefinição de dicotomias clássicas, co mo : político x técnico , social x natural/ biológico, coletivo x individual, Estado x so cied ad e, profissional x usuário, ho je x amanhã, saúde x d o ença, prevenção x assistên-cia, e diversas outras. Mendes (1993), discutin-do o pro cesso social e técnico da mudança das práticas de saúde no âmbito de experiências-piloto de distritos sanitários, aponta para a emergência de um "paradigma de pro mo ção da saúd e", c o m o d esig nação d o esfo rço d e su-p eração d o "m o d elo clínico " d e o rganiza-ção d essas p ráticas.

Por outro lado, a construção desse marco mais geral exige um esfo rço teórico específico que, examinando as rápidas transformações do quadro sanitário e do clima cultural ocorridas nos últimos ano s, procure inferir tendências e identificar desafios.

Co mo reflexão preliminar, p o d em ser identificadas duas tend ências de p ensamento que ho je pressio nam a atualização da identi-dade da saúd e pública, c o m o camp o de saber e prática. Emergem das realidades políticas, so ciais, culturais e científicas co ntemp o râne-as, e apo ntam veto rialmente para desenvolvi-mento s distintos e alternativos d o futuro da saúde pública.

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ligados à saúde (OMS, OPS e Banco Mundi-al), apo ntam uma mud ança d e paradigma conceituai ao lo ngo do s ano s 80 e início do s

90, através da substituição d ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA paradigma da saúde pública pelo paradigma da economia

da saúde.

So b inspiração das prescrições co ntencio nistas do Banco Mundial, no s marcos das po -líticas de ajuste estrutural, ganham p eso o s critérios de eficiência na definição de políticas e estratégias, em busca de termos mais favorá-veis para a relação custo-efetividade. A saúde passa a ser tratada antes por suas relações com a eco no mia, avaliada p o r v alo res d e merca-d o e co nsimerca-d eramerca-d a c o m p o nente, mais merca-d o que resultad o , d as p ro p o stas d e "d esenv o lv i-mento sustentáv el", "transfo rmação p ro d u-tiva" etc.

Uma alteração nada sutil no s termos da clássica equação desenvolvimentista que, na d écad a d e 50, tanto p eso u so bre as po líti-cas sanitárias latino -americanas, ao d efen-der a saúd e humana c o m o pré-requisito para o d esenv o lv imento ec o nô m ic o . Lá, o p ap el ec o nô m ic o da saúd e referia-se ao fato r tra-balho , aqui refere-se d iretamente ao fato r cap ital, d e imed iato subm etid o à ló g ica eco nô m ica d o m ercad o .

Ao estabelecer a "subordinação dos princí-pios de eqüidade ao s de eficácia, efetividade e economia nos gastos públicos" (Melo & Costa, 1994) , a seletiv id ad e d e c lientelas e a fo calização de pro gramas passam a co mp o r, no quad ro d e escassez d e recurso s, o centro da agenda d e o rganismo s internacionais e de seus caudatários nacio nais.

Resu ltam d aí p o lític as sanitárias minimalistas, empobrecidas em sua racionalidade técnica e amesquinhadas em seu co mpro -misso social. A abordagem interdisciplinar é dispensada de sua missão de desvendar o co mplexo sanitário, e reduzida ao subalterno papel de justificar açõ es intersetoriais limita-das, "deslegitimando" a demanda espo ntânea por assistência e introduzindo cestas sanitárias básicas, co mo estratégia quase exclusiva de

co mbate à po breza. O o bjeto da saúde pública deixa d e ser o coletivo humano , histórica e socialmente constituído, e se restringe ao co le-tivo dos socialmente excluídos. A co nseqüên-cia dramática é que o discurso sanitário aban-dona a crítica à "linha da po breza", para se submeter aos limites po r ela delimitados. Em vez de procurar deslocá-la, co mo parte da agen-da sanitária, limita-se a enfrentar suas co nse-qüências, fazendo dos coletivos de excluídos, despojados d e cidadania e identidade, alvos anô nimo s de cuidados sanitários padronizados.

O segundo vetor remete à importância cres-cente das atividades "individuais" de pro mo ção da saúde e prevenção de d o enças. A ampliação ou disseminação d e informações relacionadas às situações de risco à saúde provocadas pelos fatores da "civilização" tem levado, não rara-mente, a apropriações reducionistas dos pro-cesso s saúde-enfermidade co ntempo râneo s e aberto esp aço para fenô meno s culturais rela-cio nad o s a no vas representaçõ es de saúde, d o ença, co rpo , ambiente etc.

Eco no micamente nada inocentes, multipli-cam-se o s apelos materiais e simbólicos por mudanças no s estilos de vida, sempre entendi-dos na dimensão individual, co mo caminho para o prolongamento da juventude, para o afastamento da d o ença e para o adiamento da morte. "Pós-modemamente" autonomizados com relação a seus co ntexto s de origem e livres de qualquer relação de determinação ou causação prévia, o s hábitos saudáveis são vendidos, pelas artes d o mercad o e pelo s ofícios de atentos mercadores, co mo eficazes caminhos para uma "saúde perfeita". Muito mais que um "culto ao co rpo ", a nova utopia vem se firmando co mo uma espécie de estética sanitária, interessada não tanto nas externalidades visíveis do co rpo físico, mas nas suas virtualidades biológicas de ser saudável.

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vidual. A receita inclui desde cândidos exercí-cios físicos e dietas balanceadas até duvidosas terapias dietéticas e energéticas (vitaminas, aminoácidos, enzimas, radicais livres, hormô-nios, produtos d ermato ló gico s, irradiaçõ es); d esd e o u so arb itrário d e te c n o lo g ias diagnó sticas de alta acuid ad e (resso nância mag nética) o u d e uso portátil (eq uip am en-tos miniaturizad o s d e v erificação d e sinais vitais), até a busca d e tecno lo g ias d e p rd ição e manip ulação g enética; rd esrd e p e-q uenas cirurgias estéticas até mutilaçõ es cirúrgicas p rev entiv as. Busca-se não mais a interv enção p o ntual — d iagno stica e tera-pêutica — no co rp o bio ló g ico para enfren-tar agravo s esp ecífico s, mas a interv enção p erm anente, abrang ente, que p erseg uid a p retensio sa, ou iluso riamente, uma esp écie de p rev enção geral d e d o enças.

O resultado aqui é uma saúde pública "neo-higienista", o bcecad a por um ideal de salubri-dade humana, não mais definida por referência a contaminações "externas", mas por referência a uma desejada perfeição ou pureza física al-cançável pelo manejo biológico.

Certamente, foge aos limites deste traba-lho uma explo ração mais profunda dessas ten-dências extremas. Entretanto, é preciso regis-trar que, nas duas hipóteses, o desenvolvimen-to futuro da saúde pública implica em significa-tivas restrições de seu campo de saberes e

práticas. Na verdade, ambas as tendências des-figuram a identidade da saúde pública, despo-jando-a do universalismo de seu esco p o e da qualificação social de seu o bjeto . A reforma do co rpo social é substituída pela reforma do cor-po biológico.

Nesse quadro, po d e ser conveniente, tanto para o debate acadêmico quanto para a dispu-ta política, fixar um campo de reflexões e prá-ticas que aponte para a reno vação da saúde pública exatamente a partir, e para preservar, aquilo que foi seu significante histórico, embo -ra nem sempre explícito: a idéia da saúde co mo bem público.

A pro po sta de "políticas saudáveis" po d e contribuir para esse mister, não co m o mo d e-lo o peracio nal de política, mas co mo um cam-p o de referências co nceituais e emcam-píricas, ainda em co nstrução , rejeitando claramente tanto o papel d e bio mbo para políticas sani-tárias minimalistas, quanto o d e expressão institucional e normativa da o bsessão co m a saúde perfeita.

Tend o nascid o para ampliar e não para restringir o camp o da saúd e pública, a no ção de "políticas saudáveis", a d espeito de ser veículo de co nteúd o s muito aberto s e impre-ciso s, p o d e funcio nar co m o uma esp écie de có d igo ou senha d e identificação do s esforço s, teó rico s e empírico s, d e reno v ação pro -gressista da saúd e pública.

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Referências

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