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Leilões eletrônicos reversos multiatributo : uma abordagem de decisão multicritério como instrumento de agregação de valor aos processos de compras do setor público brasileiro

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Academic year: 2017

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(1)

LEILÕES ELETRÔNICOS REVERSOS

MUL TIA TRIBUTO: UMA ABORDAGEM DE

DECISÃO MUL TICRITÉRIO COMO

INSTRUMENTO' DE AGREGAÇÃO DE VALOR

AOS PROCESSOS DE COMPRAS DO SETOR

PÚBLICO BRASILEIRO.

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

(2)

CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA

.

'

CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

TÍTULO

LEILÕES ELETRÔNICOS REVERSOS MULTIATRIBUTO:' &MA ABORDAGEM DE

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DECISAO MUL TICRITERIO COMO INSTRUMENTO DE AGREGAÇAQ DE VALOR

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AOS PROCESSOS DE COMPRAS DO SETOR PÚBLICO BRA8 JL. E(~P , ;; t. -: ' " " ' " ; _ ,-i I ~ _

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENT~:pA POR: , " '/

RONALD DO AMARAL MENEZES •

E

APROV ADO EM 10 / 09 /2003 , PELA COMISSÃO EXAMINADORA

D OUTOR EM P ESQUISA O PERACIONAL

PH, D EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

ANTÔNIO CARLOS DE AZEVEDO RITTO

D OUTOR EM INFORMÁTICA

.

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(3)

pelo incentivo e pela compreensão, sempre na

(4)

Ao Professor Alexandre Linhares, Orientador desta Dissertação, pelo embasamento, questionamento, incentivo e refinamento das idéias contidas em textos preliminares, fatores decisivos para a realização deste trabalho.

Ao Professor Renaud Barbosa da Silva, pelos vastos conhecimentos transmitidos como docente e pela generosidade, confiança, incentivo e direcionamento, contribuições inestimáveis ao longo deste trabalho.

Aos Professores Antonio Carlos de Azevedo Ritto e Paulo Reis Vieira, por terem aceitado o convite para participarem da Banca Examinadora.

Aos Professores da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, da Fundação Getulio Vargas, pelo esforço da transferência e proveitosas discussões dos conhecimentos e temas apresentados. Agradecimentos especiais ao Professor Fernando Guilherme Tenório.

À Professora Deborah Moraes Zouain, por todo o apoio ao longo do Curso.

À Secretaria e à Coordenação do Curso, especialmente ao José Paulo Sampaio.

Ao meu amigo Paulo Carlos Rocha, responsável pelo início da transformação de um sonho em realidade.

À Isabella Scorzelli, por todo o incentivo ao longo desse processo.

Aos amigos da Embratel, por todo o apoio e colaboração.

Aos meus familiares, por todo o incentivo, compreensão e sacrificios.

(5)

organizações. Provêem maior flexibilidade aos processos de determinação de preços e alocação de bens, aumentando o espaço para negociações entre compradores e vendedores. Na Internet, têm sido empregados, de maneira crescente, em atividades de comércio eletrônico B2B e G2B, em sua maioria, através da modalidade de leilão reverso. No entanto, seu aspecto unidimensional reduz as negociações à variável preço, produzindo, muitas vezes, resultados aquém do desejado. No caso brasileiro, o Governo Federal instituiu o Portal Comprasnet, através do qual, as organizações públicas adquirem bens e serviços de fornecedores cadastrados. Dentre as modalidades de licitação disponíveis, destaca-se o Pregão Eletrônico, um mecanismo de leilão eletrônico reverso baseado no atributo preço, através do qual, fornecedores submetem lances decrescentes, na disputa por contratos do setor público. No presente trabalho, o autor propõe uma abordagem de decisão multicritério, baseada na Teoria da Utilidade Multiatributo, como uma alternativa para a adoção de leilões reversos baseados em múltiplos atributos e, consequentemente, para uma maior agregação de valor pelas organizações compradoras do setor público brasileiro.

PALAVRAS-CHAVE

(6)

and organizations. They provi de greater flexibility to the processes of determination of prices and allocation of goods, increasing the space for negotiations among buyers and sellers. In the Internet, they have been used, in a growing way, in B2B and G2B electronic commerce, mostly through the model of reverse auctions. However, its unidimensional aspect reduces the negotiations to the variable price, producing, many times, bad results. In the Brazilian case, the Federal Government launched Comprasnet, an Internet public e-marketplace, through which public organizations acquire goods and services from registered suppliers. Considering alI the available bidding modalities, "Electronic Pregão" stands out, as an unidimensional reverse auction, based on price, through which suppliers dispute for contracts of the public administration. In the present work, the author proposes a multicriteria decision-making approach, based on Multi-attribute Utility Theory, as an alternative for the adoption of multi-attribute reverse auctions, adding value to Brazilian Public Buying Organizations.

KEYWORDS

(7)

B2B B2C C2C CATMAT CATSER CEF DLSG DOU ECR EDI FGTS FOB FSC G2B G2C G2G HTML HTTP INSS JIT MARE MAUT MP MRO MRP MRPIl MVA MVC MVPI RFQ

Bus iness-to-Bus iness

Bus iness-to-Consumer

Consumer-to-Consumer

Catálogo de Materiais

Catálogo de Serviços

Caixa Econômica Federal

Departamento de Logística e Serviços Gerais

Diário Oficial da União

Efficient Customer Response

Electronic Data lnterchange

Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

Free On Board

Federal Supply Classification

Government-to-Business

Government-to-Citizen

Government-to-Government

Hypertext Markup Language

Hypertext Transfer Protocol

Instituto Nacional do Seguro Social

Just-in-time

Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado

Multi-attribute Utility Theory

Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

Maintenance, Repair and Operations! Manutenção Reparos e Operações

Material Requirements Planning

Manufacturing Resource Planning

Modelo de Valores Afiliados

Modelo de Valores Comuns

Modelo de Valores Privados Independentes

Request for Quotation

(8)

SICAF

SICON

SIDEC

SIREP

SISG

SISME

SISPP

SLTI

SMART

TOC

TPM

TQC

TQM

UASG

URL

VME

VMI

WWW

Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores

Sistema de Gestão de Contratos

Sistema de Divulgação Eletrônica de Compras

Sistema de Registro de Preços

Sistema de Serviços Gerais

Sistema de Minuta de Empenho

Sistema de Preços Praticados

Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação

Sim pIe Multi-attribute Rating Technique

Theory ofConstraints

Total Productive Maintenance

Total Quality Control

Total Quality Management

Unidade Administrativa de Serviços Gerais

Uniform Resource Locator

Valor Monetário Esperado

Vendor Managed lnventory

World Wide Web

(9)

FIGURA 2: REPRESENTAÇÃO DE UMA CADEIA DE SUPRIMENTOS.

FIGURA 3: A CADEIA DE SUPRIMENTOS COMO UM RIO E SEUS AFLUENTES ... .

FIGURA 4: A REPRESENTAÇÃO DE UMA CADEIA DE SUPRIMENTOS ... .

FIGURA 5: A COMPETIÇÃO SE DÁ AO NÍVEL DE CADEIAS DE SUPRIMENTOS ... .

FIGURA 6: A ESTRUTURA DO SIASG. ... " ... .

FIGURA 7. QUANTIDADE TOTAL DE FORNECEDORES ... .

FIGURA 8. Os QUATRO GRANDES GRUPOS DAS FORMAS DE DECISÃO ...

FIGURA 9. CURVAS DA FUNÇÃO UTILIDADE DE ACORDO COM O RIsco

FIGURA 10. As ETAPAS DO PROCESSO DECISÓRIO ... .

FIGURA 11. REPRESENTAÇÃO NA FORMA DE MA TRIZ DE PAGAMENTOS ... .

FIGURA 12. A REPRESENTAÇÃO PARA JOGOS EXTENSIVOS EM FORMA DE ÁRVORE DE JOGO .. FIGURA 13: A FORMA DE UM JOGO SIMÉTRICO ..

FIGURA 14: UM JOGO COM EQUILÍBRIOS DE NASH SIMÉTRICOS ... .

.28

. ... .28

. ... .29

. .... 30

. .. .37

. .... 38

. .. 53

. ... 54

... 57

.66

. ... 67

... 71

. .. 71

FIGURA 15: SEÇÃO DE UMA ÁRVORE DE DECISÃO, RESULTANDO EM UMA CONSEQUÊNCIA COMPLEXA ... 76

FIGURA 16: O FLUXOGRAMA DO PROCESSO DE ANÁLISE DE DECISÃO.

FIGURA 17: MENU PRINCIPAL DO PREGÃO ELETRÔNICO ...

FIGURA 18: PREGÃO ELETRÔNICO - TELA DE CADASTRAMENTO

FIGURA 19: PREGÃO ELETRÔNICO - TELA COM OS DADOS DO PREGÃO.

FIGURA 20: PREGÃO ELETRÔNICO - TELA PRINCIPAL DO FORNECEDOR ... . FIGURA 21: PREGÃO ELETRÔNICO - TELA PARA ENCAMINHAMENTO DE PROPOSTAS ... . FIGURA 22: PREGÃO ELETRôNICO - TELA PARA SUBMISSÃO DE LANCES ..

... 79

. .... 98

... 99

..100

. .. 102 . ... 103 . ... , 104 FIGURA 23: A REPRESENTAÇÃO DE UM PROBLEMA DE DECISÃO MUL TICRITÉRIO, ... . ..107

.112 FIGURA 24: HIERARQUIA DE OBJETIVOS E ATRIBUTOS ...

(10)

TABELA 2. O MODELO DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS TRADICIONAL E O MODELO DE SCM.... ..31

TABELA 3 . PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE EMPRESAS PRIVADAS E ÓRGÃOS PÚBLICOS ... 50

TABELA 4. TABELA DE AJUSTAMENTO DE PESOS ... .. ... 109

TABELA 5. RANKING DAS PLACAS-MÃE COM CHIPSETS I845E E VIA KT333 ... . .113

. .... 114 TABELA 6. AJUSTAMENTO DE PESOS PARA O COMPRADOR 1 ... ...

TABELA 7. AJUSTAMENTODEPESOSPARAOCOMPRADOR2 ... ..

TABELA 8. AJUSTAMENTO DE PESOS PARA O COMPRADOR 3

TABELA 9. PREFERÊNCIAS DOS COMPRADORES ... .

TABELA 10. OFERTA BÁSICA - MICROCOMPUTADOR ...

TABELA 11. RELAÇÃO DE FORNECEDORES E BENS OFERTADOS ... ..

114

.... 115

.115

.116

.117

TABELA 12. LEILOES REVERSOS MULTIATRIBUTO- PARTICIPANTES ... 117

TABELA 13. HISTÓRICO DA SESSÃO 1

TABELA 14. HISTÓRICO DA SESSÃO 2

TABELA 15. HISTÓRICO DA SESSÃO 3 ... .

.... 118

... 119

.. ... 120

TABELA 16. HISTÓRICO DA SESSÃO 3, APÓS MODIFICAÇÃO DO P ARÃMETRO DE TOLERÂNCIA AO RISCO.. . 121

(11)

1.2 OBJETIVOS ... ... ... . ... 3

1.2.1 Objetivo Final ... ... 3

1.2.2 Objetivos Intermediários ... ... 3

1.3 HIPÓTESE ... ... ... . ... 3

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO... . ... 4

1.5 RELEVÂNCIA DO ESTIJDO ... . ... 4

1. 6 DEFINIÇÃO DE TERMOS... .. ... . ... 6

1. 7 TRABALHOS CORRE LA TOS... .. ... . ... ... . ... 8

1.8 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ... ... 9

2 METODOLOGIA ... 11

2.1 TIPO DE PESQUISA ... 11

2.1.1 Quanto aos Fins ... ... 11

2.1.2 Quanto aos Meios ... ... 11

2.2 UNIVERSO... ... ... ... . ... 12

2.3 AMOSTRA ... ... ... ... ... ..12

2.4 SELEÇÃO DE SUJEITOS ... ... ... . ... 12

2.5 COLETA DE DADos.. ... ... ... . . .12

2.6 TRATAMENTO DOS DADos... ... ... . ... 13

2.7 LIMITAÇÕES DO MÉTODO... ... ... ... ... . .13

3 A FUNÇÃO COMPRAS NO TERCEIRO MILÊNIO ... 14

3.1 ASPECTOS ECONÕMICOS DAS COMPRAS... ... ... . ... 14

3.2 CARACTERÍSTICAS DAS COMPRAS ORGANIZACIONAIS... ... ..16

3.3 A EVOLUÇÃO DA FUNÇÃO COMPRAS ... ... ... ... . .24

3.4 COMPRAS PÚBLICAS NO BRASIL .... ... ... . ... 31

3.4.1 Informações para a Sociedade .... ... ... ../0

3.4.2 Informações para os Fornecedores ... ... ..fl 3.4.3 Informações para a Administração ... 42

4 O PROCESSO DECISÓRIO ... 45

4.1 4.2 4.3 4.4 DECISÃO, RACIONALIDADES E ORGANIZAÇÕES. ... . ... .46

ASPECTOS CONCEITUAIS DA DECISÃO.... ... . .. 51

A ABORDAGEM PRESCRITIVA NO AUXÍLIO ÁS DECISÕES: TEORIA DOS JoGOS ... 63

A ABORDAGEM PRESCRlTIVA NO AUXÍLIO Ás DECISÕES: ANÁLISE DA DECISÃO.. ... . .72

5 LEILÕES: TEORIA E PRÁTICA ... 81

5.1 TEORIA DOS LEILÕES ... . .81

5.2 LEILÕES VISTOS COMO JOGOS ... ... . ... 87

5.3 LEILÕES ELETRÕNICOS NA INTERNET ... ... . ... 92

5.3.1 O Instrumento de Pregões Eletrônicos ... 96

6 UM MODELO DE DECISÃO MULTICRITÉRIO ... 106

6.1 6.2 63 DESCRIÇÃO DO MODELO ... . DESCRIÇÃO DO EXPERIMENTO.. . ... . ANÁLISE DOS RESULTADOS ... . ... 106

... 111

. . . . .. 118

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 122

8 BIBLIOGRAFIA ... 126

ANEXOS ... 134

(12)

1.1

Contextualização do Problema

Inseridas em cenários de extrema competição e dinamicidade, e sob os efeitos da globalização e da evolução técnico-científica, as organizações adentram o Terceiro Milênio sob a ameaça constante de perda de seus mercados. O conjunto de transformações ocorridas em nível mundial tem demandado a revisão de antigas práticas, culminando com o surgimento de novos paradigmas de gestão.

Nesse contexto, surge o conceito de gestão da cadeia de suprimentos em substituição à administração de material tradicional, considerando a integração holística dos processos de negócios por meio da cadeia produtiva, reduzindo custos e atendendo, com maIOr efetividade, às necessidades do consumidor final. A Função Compras, até então desempenhando um papel meramente operacional, passa a assumir uma perspectiva estratégica, sendo determinante para o sucesso da organização. Paralelamente, as organizações se inserem em uma cultura digital de comunicações, em que a Internet e demais tecnologias associadas exercem um papel fundamental no suporte às atividades de comércio eletrônico.

Instituições de comércio seculares, os leilões foram empregados com grande sucesso em atividades de comércio eletrônico B2C e C2C, com especial destaque para o eBayl, que registrou um volume de negócios da ordem de US$ 15 bilhões em 2002. Tal sucesso, e o fato dos leilões proverem maior flexibilidade ao processo de determinação de preços, com uma alocação mais eficaz dos bens, tem despertado o interesse crescente de organizações e governos. Particularmente, a modalidade de leilão reverso tem sido utilizada com êxito nos processos aquisitivos de organizações e governos. Nessa modalidade, os compradores informam o preço máximo que admitem pagar por um determinado bem ou serviço, e recebem lances decrescentes de fornecedores interessados.

No que tange às compras públicas brasileiras, os leilões reversos têm sido utilizados nas licitações de bens e serviços, através da modalidade Pregão Eletrônico, do Portal

(13)

Comprasnet, tendo alcançado resultados positivos em termos de agilidade, transparência e redução de custos.

Apesar dos bons resultados com a utilização do Pregão Eletrônico, o caráter unidimensional que o rege, restringindo a negociação à variável preço, representa uma subutilização de todo o seu potencial. Ocorre que, na maioria das vezes, uma negociação envolve a consideração de outros atributos, tais como a qualidade dos produtos e serviços, o prazo de entrega, as formas de pagamento, a garantia e a assistência técnica. Como resultado prático, os Pregões Eletrônicos têm sido utilizados, preferencialmente, nos processos de aquisição de commodities e de bens e serviços para MRO. Para bens e serviços de maior valor agregado, outras formas de licitação têm sido utilizadas.

A extensão da negociação a outros atributos, através do instrumento de leilões reversos multiatributo, possibilitará um aumento da competição entre fornecedores, o que deverá se revestir em ganhos de resultado para as organizações compradoras do setor público. Para tal, o uso de uma abordagem de decisão multi critério deverá oferecer os elementos necessários à instituição de processos decisórios sobre alternativas que envolvam diversos atributos, agregando maior valor à decisão, trazendo beneficios, não apenas, para as organizações, mas para toda a sociedade brasileira. Nesse contexto, a pesquisa pretendeu responder às seguintes questões:

• A utilização de uma abordagem de decisão multicritério torna viável a instituição de leilões eletrônicos reversos baseados em múltiplos atributos?

(14)

1.2

Objetivos

1.2.1 Objetivo Final

Verificar a efetividade da utilização de uma abordagem de decisão multicritério como instrumento de viabilização de leilões eletrônicos reversos multiatributo, e como instrumento de agregação de valor para as organizações compradoras do setor público brasileiro.

1.2.2 Objetivos Intermediários

Para alcançar o objetivo final, acima descrito, torna-se necessário atingir alguns objetivos intermediários, a saber:

• Desenvolver um modelo de suporte à decisão para leilões eletrônicos reversos baseados em múltiplos atributos, tendo por base os preceitos da Análise da Decisão Multicritério;

• Estudar as contribuições do uso de uma abordagem de decisão multi critério para as compras públicas, em detrimento de abordagens baseadas, exclusivamente, no atributo preço.

1.3

Hipótese

(15)

1.4 Delimitação do Estudo

Em face da extensão e da complexidade das áreas relacionadas ao estudo - Análise e Teoria da Decisão, Teoria dos Jogos, Teoria dos Leilões, Teoria Microeconômica, Logística e Sistemas de Apoio à Decisão - no que tange à delimitação das fronteiras às quais este estudo estará circunscrito, estabelecemos que:

• O estudo estará focado nos leilões eletrônicos reversos baseados em múltiplos atributos, identificando, sempre que necessário, correlações com os tipos clássicos de leilões, descritos na literatura concernente ao tema;

Serão analisados leilões de um único objeto/lote fechado, com um número fixo n de participantes;

• Os leilões serão baseados em valores privados e independentes, nos quais cada participante tem o conhecimento de seu próprio valor para o objeto sendo leiloado, porém desconhece os valores dos demais participantes;

• Cada leilão é analisado isoladamente; ou seja, não são considerados leilões seqüenciais; • Os participantes (fornecedores) são neutros em relação ao risco.

1.5 Relevância do Estudo

O grande desenvolvimento tecnológico ocorrido nas últimas décadas tem exercido papel fundamental na reestruturação do Estado, rumo ao atendimento dos anseios da sociedade. Com o apoio de novas tecnologias de informática e comunicações, surgem iniciativas de governo eletrônico, oferecendo suporte às diversas funções do governo e de seus organismos constituintes, promovendo maior eficiência e transparência as suas ações. Nesse contexto, verifica-se, entre os organismos públicos, a proliferação das atividades de

e-procurement, visando à aquisição de bens e serviços por meio de redes de comunicação de dados, mais especificamente, através da Internet.

(16)

contratados, e com maior transparência e controle social. Nesse contexto, verifica-se o grande sucesso do Pregão Eletrônico, uma modalidade de licitação similar aos leilões eletrônicos reversos baseados em preço, que se realiza através do Portal Comprasnet.

Entretanto, apesar de todos os beneficios advindos do uso de leilões no comércio eletrônico, a redução da negociação à variável preço representa uma limitação, que resulta em subutilização do potencial dessas instituições e de toda a tecnologia associada. Tal fato pode ser percebido em função do uso dessa modalidade, quase que exclusivamente, nos processos de aquisição de bens e serviços para MRo.

Nesse sentido, espera-se que o presente trabalho contribua, de maneira efetiva, para a melhoria dos processos de compras realizados no âmbito da Administração Pública Brasileira, ao viabilizar a instituição de leilões eletrônicos reversos baseados em múltiplos atributos, como complemento ao instrumento de Pregão Eletrônico. O caráter multidimensional dessa abordagem deverá possibilitar, também, o aumento do rol de bens e serviços licitados através da Internet.

o

estabelecimento de processos de negociação sob a forma de leilões sobre múltiplos atributos aumentará as possibilidades de participação dos fornecedores, que poderão submeter lances compostos sobre inúmeros critérios e, não exclusivamente, sobre preço. Pelo lado dos compradores, além dos aspectos de redução de custos, transparência e agilidade, espera-se que essa abordagem represente uma agregação efetiva de valor, dado que, na maioria das vezes, o preço não é o único critério relevante em uma negociação. Dessa forma, o acirramento da competição entre os fornecedores, pela adoção da modalidade de leilões eletrônicos reversos baseados em múltiplos atributos nos processos aquisitivos realizados no âmbito da Administração Pública, deverá resultar em ganhos de resultado para governos e demais organizações do setor público brasileiro e, conseqüentemente, para seus stakeholders; ou seja, toda a sociedade.

(17)

1.6 Definição de Termos

B2B B2C

Backlog

C2C

Cadeia de valor

e-business

e-commerce

Electronic Data Interchange

e-maU

e-marketplaces

e-procurement

Equilíbrio de Nash

Estratégia dominante

Comércio eletrônico entre empresas.

Comércio eletrônico de empresas para o consumidor. Montante de pedidos em carteira que, entretanto, ainda não foram atendidos.

Comércio eletrônico envolvendo consumidores.

Conjunto de atividades realizadas por uma empresa que cria valor e aumenta a sua capacidade competitiva. Essas atividades são divididas em atividades primárias (logística, fabricação, marketing, vendas, serviços pós-venda) e atividades secundárias (infra-estrutura da empresa, recursos humanos, tecnologia e compras).

Utilização das tecnologias existentes na Internet em atividades de gerenciamento dos processos de negócio das organizações, envolvendo, não somente as atividades de

marketing e vendas, mas, sobretudo, o gerenciamento de toda a cadeia de valor (Koty, 1999).

Processo de compra e venda ou troca de produtos, serviços e informações através de redes de computadores, especialmente, a Internet (Turban et aI., 2000).

Troca eletrônica de documentos entre organizações, mediante a utilização de mensagens estruturadas, segundo padrões previamente aceitos pelas partes envolvidas (Clarke, 1998).

Coleção de lojas acessadas a partir de um portal principal. Portais na Internet, destinados ao encontro entre compradores e fornecedores, nos quais são estabelecidos processos de negociação, que resultam em transações comerCIaIS.

Aplicações para a gestão das compras da organização via Internet. Automatização do processo de suprimento de produtos e serviços, desde a solicitação até o pagamento. A combinação de estratégias escolhidas por cada player em um jogo leva a um resultado no qual ninguém se arrepende individualmente; ou seja, nenhum jogador poderia obter resultado superior de maneira unilateral, apenas mudando sua estratégia.

(18)

Federal Supply Classijication Sistema criado e desenvolvido pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América com o objetivo de estabelecer e manter um sistema uniforme de identificação, codificação e catalogação para todos os materiais movimentados pelos órgãos componentes de sua estrutura (Silva, 1986).

Funções monotônicas Uma função é monotônica, se ela é crescente de maneira consistente e, nunca, decrescente, ou se ela é decrescente de maneira consistente e, nunca, crescente. Portanto,

f :

D ~ C é monotônica quando:

G2B G2C G2G lnbound Logistics Leilão reverso Logística MRO Operador logístico Outbound Logistics Payoffs Players Stakeholders

2 http://www.clml.org

't/x,y E D, x ~ Y

=>

f(x) ~ f(y)

Comércio eletrônico envolvendo governos e empresas. Comércio eletrônico envolvendo governos e cidadãos. Comércio eletrônico envolvendo governos.

Logística de fornecimento

Modalidade na qual os compradores informam o preço máximo que admitem pagar por um determinado bem ou serviço, e recebem lances decrescentes de fornecedores interessados.

Parte da gestão da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla, eficiente e eficazmente, os fluxos adiante e reverso, e a estocagem de bens, serviços e informações relacionadas, do ponto de origem ao ponto de consumo, a fim de atender às necessidades dos clientes2. Materiais indiretos ou itens de consumo; representam materiais necessários ao funcionamento da organização e ao suporte de atividades (van Weele, 2000).

Fornecedor de serviços logísticos, especializado em gerenciar todas as atividades logísticas ou parte delas, nas várias fases da cadeia de abastecimento de seus clientes, agregando valor ao produto dos mesmos, e que possui competência para, no mínimo, prestar simultaneamente serviços nas três atividades consideradas básicas: controle de estoques, armazenagem e gestão de transportes (Novaes, 2001).

Logística de distribuição

Conjunto dos resultados possíveis de um jogo, decorrentes das ações de cada jogador.

Participantes de um jogo.

(19)

Supply Chain Management

Tracking

Trade-offs

1.7 Trabalhos Correlatos

afetado pela realização dos objetivos da organização.

Gerenciamento de todas as atividades, informação, conhecimento e recursos financeiros, associados com o fluxo e transformação de bens e serviços, desde o fornecimento da matéria-prima, até a distribuição ao cliente final, atendendo ou superando suas expectativas (van Weele, 2000)

Rastreamento do pedido.

Trocas compensatórias.

Em função das características multidisciplinares do presente estudo, buscou-se destacar,

dentre os diversos autores pesquisados, aqueles cujos trabalhos apresentassem uma maior

correlação com a pesquisa ora realizada.

Boer e Stekelenborg (1995) propõem um modelo baseado em elementos da Teoria Clássica

da Decisão para auxílio aos processos de tomada de decisões por profissionais de compras.

J á em (Karpac, Kumcu e Kasuganti, 2001), é proposto um modelo baseado em

programação por objetivos para problemas de seleção de fornecedores no contexto de uma

cadeia de suprimentos. No que tange a sistemas de apoio à decisão, Goodwin, Akkiraju e

Wu (2002) descrevem um protótipo de um sistema baseado em agentes para auxiliar

fornecedores nas respostas a RFQs, em uma cadeia de suprimentos do mercado B2B. O

sistema auxilia no atendimento às requisições e apresenta alternativas considerando os

trade-offS entre qualidade, custo e prazos, e fornece subsídios para que o decisor reduza

seus custos e agregue maior valor aos produtos e serviços oferecidos aos seus clientes.

A instituição de leilões no comércio B2B, pela Internet, é um tema em profusão na

literatura acadêmica, como pode ser observado nos trabalhos de Sashi e O'Leary (2002) e

Bichler, Kalagnanam, Katircioglu et aI. (2002). Os leilões foram estudados por

pesquisadores da área de Agentes Inteligentes, destacando-se os projetos AuctionBot, da

Universidade de Michigan (Wurman, Wellman e Walsh, 1998) e Fishmarket (Noriega,

1997). Smeltzer e Carr (2003), a partir de uma pesquisa realizada com 41 compradores

(20)

os riscos associados e as condições requeridas para o seu sucesso. Da mesma maneira, Mabert e Skeels (2002), a partir de um estudo de caso, apresentam uma série de orientações para a adoção de leilões reversos na Internet.

Em relação aos leilões sobre múltiplos atributos, Che (1993), apresenta um modelo para leilões bidimensionais, baseados em preço e qualidade, no qual as ofertas são avaliadas segundo uma regra de scoring, definida pelo comprador. Esse modelo é estendido por Branco (1997), que considera a possibilidade da existência de correlação entre os custos dos licitantes. O estudo realizado por De Smet (2003), embora relacionado com os leilões multiatributo, é focado em situações de incomparabilidade entre os lances submetidos. Finalmente, Martin Bichler se apresenta como um dos maiores proponentes dos leilões multiatributo. Em Bichler (2000) e Bichler (2001), são apresentados os resultados de estudos experimentais sobre a utilização de leilões baseados em múltiplos critérios, no mercado financeiro de derivativos. Em Bichler, Kaukal e Segev (1999), os autores propõem a utilização de um modelo de leilão reverso multi atributo nos processos de compras de grandes varejistas do setor alimentício. Em seus modelos, Bichler conjumina elementos da Teoria dos Leilões e técnicas de Análise da Decisão. No entanto, o autor faz uso de modelos aditivos simplificados, não considerando a possibilidade de interação entre os diversos atributos componentes do problema de decisão.

1.8

Organização da Dissertação

Para atingir os objetivos propostos, a presente dissertação foi organizada em 7 capítulos, incluindo este, de caráter introdutório, que apresenta o problema da pesquisa e define os objetivos a serem alcançados.

(21)

o

Capítulo 3 abordará as questões relacionadas à Função Compras no que tange aos seus aspectos conceituais e evolutivos, com foco especial sobre as compras organizacionais realizadas no âmbito da Administração Pública brasileira.

Em seguida, no Capítulo 4, será apresentado um estudo sobre o processo decisório, sua relação com as racionalidades que permeiam as organizações, além dos seus aspectos conceituais, com ênfase na abordagem prescritiva, da qual é derivado o modelo proposto pelo presente estudo.

o

Capítulo 5 apresenta um estudo sobre os aspectos práticos e teóricos dos leilões, com especial ênfase para os leilões eletrônicos reversos, que têm sido utilizados de maneira crescente no comércio B2B e, mais recentemente, no comércio G2B. Nesse sentido, serão descritas as principais características do Pregão Eletrônico, uma modalidade de licitação utilizada nos processos aquisitivos realizados pela Administração Pública, no Brasil, baseada nos leilões reversos.

o

Capítulo 6 propõe um modelo de decisão multi critério como elemento de suporte às decisões de compra de organizações públicas inseridas em atividades de leilões eletrônicos reversos baseados em múltiplos atributos. Nesse capítulo são discutidos a aplicação do modelo proposto e os resultados obtidos a partir de experimentação.

(22)

2 METODOLOGIA

2.1 Tipo de Pesquisa

Para classificar os tipos de pesqUIsa utilizados neste trabalho, adotamos a taxonomia proposta em (Vergara, 2000), que a qualifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios.

2.1.1 Quanto aos Fins

A pesquisa foi considerada aplicada, na medida em que se propôs verificar a acuidade da utilização de uma abordagem multicritério, baseada na Teoria da Utilidade Multiatributo, no suporte às decisões de compra por organizações do setor público, e a viabilização do instrumento de leilões reversos baseados em múltiplos atributos. A pesquisa foi, ainda, metodológica, por estar associada a caminhos, maneiras e procedimentos para definição de estratégias capazes de prover um maior grau de efetividade ao processo de compras das organizações públicas brasileiras.

2.1.2 Quanto aos Meios

(23)

2.2

Universo

o

universo da pesquisa foi constituído tendo por base profissionais de organizações públicas e privadas, direta ou indiretamente relacionados à Função Compras em suas respectivas organizações, seja na condição de compradores, seja na condição de fornecedores.

2.3

Amostra

A amostra não probabilística foi definida por critérios de acessibilidade e tipicidade, sendo composta por representantes de 3 organizações públicas brasileiras e por representantes de 10 organizações privadas, atuando, respectivamente, como compradores e fornecedores em leilões eletrônicos realizados na Internet.

2.4 Seleção de Sujeitos

Os sujeitos da pesquisa foram os gerentes de compras de organizações públicas e os representantes de organizações fornecedoras de equipamentos de informática, devidamente cadastrados no SIASG e participantes habituais de licitações, através da modalidade de Pregão Eletrônico do Comprasnet.

2.5

Coleta de Dados

Os dados foram coletados através de pesqUIsas bibliográficas em livros, dicionários, revistas especializadas, jornais, teses e dissertações, que continham informações relacionadas ao tema objeto deste trabalho. Foram realizadas consultas periódicas a

(24)

2.6

Tratamento dos Dados

Os dados foram tratados por meio de instrumentos de análise qualitativa e quantitativa, tendo por objetivo verificar a efetividade da utilização de uma abordagem multicritério, baseada na Teoria da Utilidade Multiatributo, no suporte às decisões de compra de organizações públicas brasileiras e na viabilização do instrumento de leilões eletrônicos reversos baseados em múltiplos atributos para as compras públicas no Brasil.

2.7

Limitações do Método

(25)

3

A FUNÇÃO COMPRAS NO TERCEIRO MILÊNIO

3.1

Aspectos Econômicos das Compras

Os avanços científicos e tecnológicos ocorridos, sobretudo nas duas últimas décadas, foram incapazes de produzir modificações na Lei da Escassez, objeto de estudo da Ciência Econômica, "uma ciência social que estuda a administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos" (Samuelson apud Rizzieri, 2001:9). A escassez dos fatores de produção (recursos naturais, capital e força do trabalho) determina a escassez dos bens econômicos, o que demanda uma alocação eficiente. O conceito de escassez econômica está relacionado ao paradoxo que envolve produzir bens com recursos limitados, objetivando satisfazer necessidades ilimitadas. Segundo Rizzieri (2001), tais necessidades correspondem a manifestações de desejo, que envolvem escolha de bens econômicos capazes de contribuir para a sobrevivência ou para a realização social do indivíduo. Nesse contexto, os mercados desempenham um papel fundamental, na medida em que denotam maior racionalidade aos processos de alocação de recursos.

As relações comerciais remontam tempos imemoriais e se confundem com a própria história da civilização humana. O suprimento das necessidades humanas através de métodos de força bruta, tais como saques, confiscos ou conquistas, é gradualmente substituído por um conjunto de práticas comerciais, visando transferir bens e serviços, entre produtores e consumidores, por meio de operações de compra e venda. Adam Smith3 já afirmava, em pleno século XVIII, que a atividade de comércio era inerente ao ser humano e que, na sociedade moderna, a produção estaria organizada de forma a permitir o aproveitamento das vantagens derivadas da especialização e da divisão do trabalho. Ainda segundo ele, uma mercadoria não teria, somente, um valor de uso, no sentido de ser útil a alguém, mas, sobretudo, um valor de troca em algum mercado (Smith, 1970).

Diversas teorias e modelos foram desenvolvidos no sentido de descrever o comportamento dos consumidores em atividades de comércio, e a principal hipótese construída é a de que o consumidor busca maximizar a sua satisfação através da alocação de sua renda monetária

3 Adam Smith (1723-1790), professor e filósofo escocês, autor da obra An Inquiry into the Nature and

Causes o/ the Wealth o/ Nations (1776), obra que teve importância fundamental para o nascimento da

(26)

limitada entre os bens e servIços disponíveis (Ferguson, 1998). Tal hipótese VaI ao

encontro do Princípio da Otimização, que estabelece que as pessoas buscam escolher o melhor padrão de consumo ao seu alcance (Varian, 1995). Consequentemente, ao adquirir um determinado bem, ao preço de mercado PAI' o consumidor deverá respeitar uma valoração pessoal e interna sobre o mesmo, denominada Preço de Reserva, PR ,

correspondente ao preço máximo que se dispõe a pagar antes de se tomar indiferente entre comprar ou não comprar o bem. Segundo esse Princípio, o consumidor deverá sempre observar P~f ::::; PR em suas relações comerciais. Além da restrição orçamentária, outro elemento tem elevada importância no estudo do comportamento dos consumidores: a sua Função Utilidade, que descreve suas preferências em relação às cestas de consumo, compostas por bens e serviços. Sendo assim, supondo as cestas de consumo X

=

(Xl'

X 2 ) e

Y

=

(YI

,yJ, a preferência estrita de uma cesta sobre a outra é expressa por

. .

maIOr; ou seja,

U(X],X2

»

U(Y]'Y2)' A indiferença entre duas cestas, expressa por (X],X2)~ (YI'Y2)'

ocorre quando suas utilidades são iguais; ou seja, U(X] , xJ = U(YI' Y2)' Finalmente,

(Xl'

X2

h:

(Yl' Y2) denota uma preferência fraca pela primeira cesta, que ocorre quando U(XI ,x2) ~ U(Yl,yJ·

Portanto, os consumidores realizam as escolhas que lhes proporcionem maiores beneficios diante das circunstâncias que lhes são apresentadas, observando aspectos relacionados ao preço dos recursos, bens e serviços; a sua renda limitada; a limitações tecnológicas que impeçam ou dificultem a transformação de recursos em bens e serviços; e, finalmente, às taxas, questões de regulamentação e outros fatores que, porventura, limitem suas escolhas.

(27)

requerida pelo mercado, mantidos constantes renda monetária nominal e preços das demais mercadorias (Ferguson, 1998). Essa curva pode ser influenciada por outros fatores, tais como o número de consumidores no mercado e suas expectativas sobre preços futuros, receitas e variações na qualidade do bem ofertado.

A escassez de recursos também determina uma ação de escolha sobre o que deverá ser produzido. Nesse sentido, organizações buscam a maximização de seus resultados através do provimento de bens e serviços, visando satisfazer, com maior efetividade, o conjunto das necessidades de seus consumidores. Adicionalmente, bens e serviços possuem valor de troca nos mercados, podendo ser utilizados na aquisição de outros bens e serviços.

Uma variação nos custos de produção, que podem ser monetários ou não-monetários, terá influência direta sobre os lucros auferidos. Em contrapartida, o preço é o principal determinante de variações na receita, guardando uma relação direta com a quantidade provida ao mercado.

Como no caso da demanda, a curva de oferta poderá ser influenciada por outros fatores, tais como o número de vendedores no mercado e expectativas em relação ao futuro. Um estado de equilíbrio entre demanda e oferta ocorre quando a quantidade posta a venda é igual à quantidade que o mercado deseja adquirir.

3.2 Características das Compras Organizacionais

Tradicionalmente, a Função Compras, nas organizações, está associada à obtenção, por vias legais, junto a fornecedores, de equipamentos, materiais e serviços, destinados ao funcionamento da própria organização, à revenda ou, ainda, à utilização como recursos de transformação na produção de bens e serviços aos seus clientes. Segundo a definição apresentada por van Weele (2000), a Função Compras se relaciona com a obtenção, a partir de fontes externas, de todos os bens, serviços, competências e conhecimentos necessários à condução, manutenção e gerência das atividades primárias e de suporte de uma organização, dentro das condições mais favoráveis possíveis.

(28)

como recursos a serem transformados para posterior comercialização em seus mercados. Os compradores intermediários, representados pelas organizações atacadistas e varejistas, adquirem bens para revenda visando à obtenção de lucro. Os compradores públicos são representados pelos governos e demais organizações que operam nos níveis federal, estadual e municipal. Finalmente, os compradores institucionais representam organizações voltadas para o atendimento de necessidades de uma determinada sociedade. Nessa categoria, estão inseridas as universidades, os hospitais, organizações não governamentais, entre outras.

No sentido de complementar e ajustar a classificação de Lysons (2000) a uma prática gerencial que está se tornando cada vez mais comum, poder-se-ia incluir os operadores logísticos. Esses adquirem bens em nome das organizações que os contratam e, dada a complexidade desses instrumentos, também existem diferentes formas de operadores logísticos, dependendo do que for estabelecido com as organizações contratantes. Outra prática atual, que também complementaria a classificação de Lysons (2000) seria a das compras associadas; isto é, feitas por centrais de compras que atendem a empresas de pequeno e médio portes, mantenedoras dessas centrais. Exemplo marcante de compras associadas, prática que tende a se disseminar, é a parceria entre duas grandes empresas para realizarem compras de materiais secundários de uso comum: as competidoras GM e Fiat (Exame, ed.758, 23/01/2002) criaram, em escala mundial, a WWP - Worldwide

Purchasing, experiência implementada no Brasil, nas unidades compradoras associadas de Betim - MG (Fiat) e São Caetano do Sul - SP (GM).

Segundo Churchill e Peter (2000), os diversos membros da organização que têm participação efetiva na escolha, compra e uso de um produto, são conhecidos como centro de compra para esse produto. Esse centro de compra não é, necessariamente, um grupo formal, constituído por pessoas que, na organização, estabelecem comunicações a respeito da compra, exercendo os seguintes papéis:

Iniciadores: pessoas na organização que identificam um problema ou necessidade, que pode ser resolvido através de uma compra;

(29)

• Influenciadores: pessoas que afetam a decisão de compra, em geral, oferecendo suporte ao desenvolvimento das especificações para o produto ou serviço;

• Compradores: pessoas com autoridade e responsabilidade para selecionar um fornecedor e negociar termos do contrato;

• Decisores: pessoas com poder formal ou informal de selecionar ou aprovar um fornecedor;

• Guardiões: pessoas que controlam o fluxo de informações para o centro de compra.

De acordo com Slack, Chambers, Harland et a!. (1999), há alguns objetivos básicos da

atividade de compras, válidos para todos os materiais, equipamentos e serviços adquiridos, denominados "os cinco corretos de compras", assim definidos:

• Comprar ao preço correto;

• Comprar para entrega no momento correto;

• Comprar produtos e serviços da qualidade correta; • Comprar na quantidade correta;

• Comprar da fonte correta.

Os principais objetivos da Função Compras são descritos, de maneira complementar, por Silva (1986):

• Manter um fluxo contínuo de material que atenda às necessidades operacionais de uma empresa;

• Comprar de forma seletiva e rentável; isto é, a custo e qualidade compatíveis com o mercado e com as especificações exigidas para o material;

• Estabelecer fontes alternativas de suprimento, de modo a assegurar o fornecimento e a competição;

(30)

Os processos de compras adotados pelas organizações, tendo como referência as teorias desenvolvidas a partir de estudos sobre o comportamento de compra dos consumidores, se mostram inócuos, em face das diferenças entre ambos (van Weele, 2000). Em linhas gerais, os consumidores adquirem bens e serviços para uso próprio ou para presentear outrem, não tendo interesse em revenda ou na utilização desses recursos como insumos na produção de bens ou na prestação de serviços (Churchill e Peter, 2000). Os compradores organizacionais, em contrapartida, representam empresas, órgãos governamentais e demais instituições, na aquisição de bens e serviços destinados ao funcionamento interno dessas organizações, transformação ou revenda.

Segundo van Weele (2000), os bens e serviços adquiridos pelas organizações podem ser grupados de acordo com as seguintes categorias:

Matérias-primas: materiais que não sofreram processos de transformação, ou que foram minimamente transformados, e que servem como insumos para o processo produtivo;

Materiais Suplementares: materiais indiretos, que não são fisicamente absorvidos pelo produto final, mas que são utilizados ou consumidos durante o processo produtivo;

Produtos Semi-manufaturados: produtos que já sofreram algum processo significativo de transformação, mas que serão, ainda, transformados em um estágio subseqüente, sendo absorvidos no produto final;

Componentes: bens manufaturados que não sofrerão qualquer tipo de transformação, mas que, através de uma relação funcional com outros componentes, são incorporados ao produto final;

Produtos Acabados: correspondem aos produtos adquiridos para revenda, isoladamente, ou com outros produtos acabados ou manufaturados;

(31)

• Bens para Manutenção, Reparos e Operação (MRO): geralmente referenciados como materiais indiretos ou itens de consumo, representam materiais necessários ao funcionamento da organização e ao suporte de atividades;

• Serviços: atividades executadas por terceiros mediante contratação.

A Tabela 1, adaptada de (Churchill e Peter, 2000) e de (van Weele, 2000), sintetiza as principais diferenças entre as compras realizadas por consumidores e por organizações:

Tabela 1. Principais Diferenças entre Compradores Organizacionais e Consumidores

As compras organizacionais são, na malOna das vezes, revestidas de alto grau de especialização, sendo realizadas por profissionais altamente qualificados. Os volumes adquiridos são, geralmente, elevados, culminando com o pagamento de grandes somas que revelam, muitas vezes, o maior porte das organizações compradoras, quando comparadas aos seus fornecedores. Em função do grau de complexidade que envolve as decisões de compra, a elasticidade-preço da demanda; isto é, a variação percentual na quantidade demandada, dada a variação percentual no preço do bem, ceteris paribus, é freqüentemente

mais baixa nas compras organizacionais, quando comparadas aos mercados consumidores, podendo ser considerada inelástica. A demanda dos compradores organizacionais é derivada, traduzindo-se por uma dependência das demandas combinadas dos elementos à jusante na cadeia logística. Nesse sentido, pequenas flutuações na demanda poderão provocar o efeito de chicoteamento da cadeia (Bullwhip Effect), no qual a variabilidade dos

pedidos aumenta à medida que se desloca a montante na cadeia logística, contribuindo para a sua ineficiência operacional (Simchi-Levi, Kaminski e Simchi-Levi, 2000). Tal

i:&JOTECA MARIO HENHIQUE SIMONSEN

(32)

VARGAS-ineficiência é caracterizada por estoques exceSSIVOS, previsões de produtos precárias, capacidades insuficientes ou excessivas, serviço ao cliente precários, em função da indisponibilidade de alguns produtos ou backlogs elevados, planejamento da produção impreciso e custos altos com correções, como por exemplo para entregas rápidas e horas-extras (Lee, Padmanabhan, Whang, 1997).

A análise do comportamento dos compradores organizacionais revela que o mesmo possui um caráter procedimental intrínseco, com atividades e papéis bem definidos. Embora tenham sido propostos inúmeros modelos para explicar tal comportamento, o que, essencialmente, os difere é a granularidade utilizada na criação de estágios que abrigam as atividades que compõem o ciclo de compras. Para van Weele (2000), o ciclo de compras constitui-se das seguintes atividades:

• A partir da identificação de uma necessidade, especificação de bens e serviços a serem adquiridos, considerando os aspectos de qualidade e quantidade requeridos pela organização;

• Seleção dos fornecedores maiS adequados para o suprimento da necessidade identificada;

• Estabelecimento de processos de negociação com fornecedores, visando acordos que atendam às expectativas da organização de preço, prazo e qualidade;

• Emissão de ordens de compra para os fornecedores selecionados; • Monitoramento e controle dos pedidos;

• Realização de atividades de acompanhamento e avaliação de fornecedores.

Toda compra se origina a partir do reconhecimento de uma necessidade que, geralmente, se materializa através de uma requisição de compras. Embora o conteúdo de uma requisição de compras varie, significativamente, entre as organizações, observa-se um conjunto recorrente de informações, tais como:

• Número de identificação da requisição; • Identificação do requisitante;

(33)

• Descrição completa do bem ou servIço requerido, juntamente com a quantidade demandada;

• Data desejada para a entrega do bem ou prestação do serviço, além de instruções para a entrega;

• Data e assinatura do requisitante e, em caso de necessidade, autorização para a requisição.

A partir dos requisitos estabelecidos, inicia-se a etapa de busca de fornecedores potenciais, visando suprir as necessidades da organização. Para Leenders e Fearon (1997), essa é uma etapa de grande importância no contexto da Função Compras, consistindo na busca de fontes de suprimento qualificadas e na avaliação da probabilidade de que a celebração de um acordo comercial resultará em uma entrega sem atrasos, em conformidade com os requisitos estabelecidos pela organização compradora. A escolha da fonte de fornecimento poderá considerar inúmeros fatores, relacionados tanto ao fornecedor, quanto aos bens ou serviços que o mesmo oferece; ou seja, garantia, disponibilidade, prazo de entrega, idoneidade, entre outros, fundamentais no suporte à decisão de compra, influenciando-a, positiva ou negativamente.

Na etapa de negociação, são definidos os termos da transação comercial. De acordo com Berlew, Moore e Harrison apud Carvalhal (2001 :23), "negociação é um processo em que duas ou mais partes, com interesses comuns e antagônicos se reúnem para confrontar e discutir propostas explícitas com o objetivo de alcançarem um acordo".

(34)

De acordo com Leenders e Fearon (1997), o processo de negociação poderá apresentar aspectos de extrema complexidade, envolvendo outros atributos além do preço, quais sejam:

Qualidade: adequação à especificação, atendimento aos requisitos de performance e confiabilidade;

Suporte: assistência técnica, garantia, treinamento, compartilhamento de informações, inclusive técnicas;

Fornecimento: prazo de entrega, programação de entregas, estoques de consignação, opções de expansão, estoques do fornecedor, opções de cancelamento;

Transporte: termos FOB, transportadora, frete, múltiplos pontos de entrega; Preço: valor cobrado, descontos concedidos, taxas pagas.

A etapa de emissão do pedido, geralmente por questões legais, envolve a preparação da ordem de compra, visando transmitir ao fornecedor os requisitos da organização compradora. Embora os formulários possam variar entre as empresas, é desejável que contenham informações como número de série, data do pedido, nome e endereço do fornecedor, quantidade e descrição dos itens solicitados, data desejada para a entrega, informações sobre a entrega, preço e condições de pagamento, e as condições gerais do pedido.

A etapa de recepção dos bens tem como objetivo verificar se o que é entregue está de acordo com a especificação que consta na nota de compra, observando-se, principalmente, os aspectos de qualidade e quantidade.

(35)

3.3

A Evolução da Função Compras

Inseridas em cenários dinâmicos e de extrema competição, sob os efeitos da Globalização e da evolução técnico-científica, e impulsionadas pelas "ondas" gerencial japonesa e neoliberal, as organizações têm buscado, a partir dos anos 1980, adotar modelos de gestão mais flexíveis. O grande desenvolvimento tecnológico, aliado a instrumentos e filosofias de gestão, tais como MRPIMRP II, ECR, TQC/TQM, TPM, JIT, TOC e VMI, tem promovido o reexame de conceitos associados à Função Compras, que passa a assumir um papel estratégico, como elemento de vantagem competitiva para as organizações. Para Goffin, Szwejczewski e New apud Karpac, Kumcu e Kasuganti (2001), a Função Compras, até então entendida como um mero exercício tático, passa a ser reconhecida como uma função estratégica, devido à influência que os fornecedores externos possuem para a determinação do sucesso ou do fracasso da organização.

Até a Primeira Guerra Mundial, a Função Compras era vista pelas organizações como uma atividade meramente burocrática, não despertando a atenção da alta gerência. No período que compreendeu as duas Grandes Guerras, o sucesso das organizações passa a ser medido não em função do que podiam comercializar, mas pela habilidade que cada uma tinha de obter, de seus fornecedores, as matérias-primas, os suprimentos e os serviços necessários para mantê-las em operação. Dessa forma, a Função Compras, no que tange a sua organização, suas políticas e procedimentos, recebe maior atenção e começa a ser percebida como uma atividade gerencial. Com a introdução de instrumentos de gestão como o MRP, na década de 1970, percebeu-se os impactos dos estoques de produtos em processo sobre os custos de produção, qualidade, desenvolvimento de novos produtos e prazo de entrega. A escassez de matérias-primas e a alta de preços que marcaram o período, contribuíram para o aumento da exposição da Função Compras e, dessa forma, o desempenho dos processos aquisitivos junto aos fornecedores começa a ser visto como determinante para o sucesso ou fracasso da organização.

(36)

e o tempo de ciclo. Nesse período, de acordo com Leenders e Fearon (1997), a Função Compras perde o foco operacional, assumindo uma perspectiva estratégica, com forte ênfase no processo de gerência total de fornecimento, em conformidade com os objetivos organizacionais. A efetividade e a eficiência da Função Compras se tomam essenciais para o sucesso das organizações inseridas em mercados altamente competitivos.

A partir de um trabalho de revisão de literatura e de pesquisa empírica, Carr e Smeltzer (1999) afirmam que o caráter estratégico da Função Compras advém do fato de a mesma obedecer a um plano formal de longo prazo que é, periodicamente, revisto e ajustado, de modo a comportar modificações no plano estratégico organizacional, e que inclui os tipos de bens e serviços a serem adquiridos. Dessa forma, os autores concluem que o propósito da atribuição desse caráter estratégico à Função Compras é direcionar todas as atividades de compras rumo a oportunidades consistentes com sua capacidade de atingir objetivos de longo prazo.

Em função do conjunto de transformações verificadas no ambiente de negócios, muitas organizações, atualmente, têm considerado a gestão da cadeia de valor como elemento central de suas estratégias de negócios. Através do conceito de Cadeia de Valor, introduzido por Porter (1989), é possível identificar pontos fracos e fortes da organização, mediante análise de suas atividades e de seus inter-relacionamentos.

De acordo com Lobato (2000), a vantagem competitiva advém do valor que uma empresa cria para seus clientes, podendo ser obtida pela observação e compreensão das inúmeras atividades que executa.

(37)

A Figura 1 apresenta as categorias de atividades primárias e de suporte, descritas por Michael Porter, em seu modelo de Cadeia de Valor:

Infra-estrutura da empresa Gerenciamedto de recursos rumanos

Desenvolt imento e Tecnblogia

~ :

: Compras

Logística Operações Logística Marketing Serviços de Entrada de Saída e Vendas

F IGURA 1: C ADEIA DE V ALOR (PORTER, 1989)

No que tange às atividades primárias da Cadeia de Valor, Porter (1989) apresenta as seguintes categorias genéricas:

• Logística de Entrada: atividades relacionadas ao recebimento, armazenagem e fornecimento de insumos para o processo produtivo;

• Operações : atividades associadas à transformação de insumos em produtos finais;

• Logística de Saída : atividades relacionadas ao picking de materiais, armazenamento e distribuição fisica para os compradores;

• Marketing e Vendas : atividades relacionadas à propaganda, promoção, vendas, seleção de canais de distribuição e precificação;

• Serviços: atividades com o objetivo de agregar maior valor a um produto, tais como instalação, reparo e treinamento.

Em relação às atividades de suporte da Cadeia da Valor, Porter (1989) apresenta as seguintes categorias genéricas:

(38)

• Desenvolvimento Tecnológico: apresentando um significado mais abrangente, essa categoria se relaciona aos procedimentos, expertise ou tecnologia embutida nos processos ou design de produtos;

• Gerenciamento de Recursos Humanos: atividades relacionadas ao recrutamento, seleção, treinamento, desenvolvimento e remuneração da força de trabalho alocada às atividades primárias ou de suporte;

• Infra-estrutura da Empresa: a organização vista como um todo, oferecendo suporte, não a uma ou mais atividades primárias, mas a todos os processos organizacionais, como nos casos das atividades de gestão, planejamento, contabilidade, finanças, entre outras.

Visando à obtenção de vantagens competitivas sustentáveis, as organizações deveriam estabelecer o foco em suas atividades essenciais, terceirizando as demais. Com isso, poderiam contribuir para a redução de seus custos, melhoria da qualidade, redução do tempo de ressuprimento e melhoria de sua capacidade de inovação (Porter, 1989). Nesse sentido, a principal questão enfrentada por essas empresas se relacionava à decisão sobre quais capacidades deveriam ser desenvolvidas internamente e quais capacidades deveriam ser desenvolvidas externamente.

Recentemente, o foco tem se deslocado para a gestão da cadeia de suprimentos (Supply

(39)

A Figura 2 ilustra, de maneira genérica, uma cadeia de suprimentos.

FORN ECEDOR 00

FORNECEDOR FORNECEDOR EMPRESA CLIENTE

F IGURA 2 : REPRESENTAÇÃO DE UMA CADEIA DE SUPRIMENTOS (pIRES, 1998).

CLIENTE rlNAL

o

conceito de SCM, divulgado com maIOr VIgor a partir de 1990, considera que a integração extrapola a simples cooperação entre as partes, demandando que fornecedores , clientes, operadores logísticos e governo troquem planos e informações, tomando a cadeia logística mais eficiente e competitiva.

Para demonstrar a complexidade de uma cadeia logística, Slack, Chambers, Harland et aI. (1999) fazem uma analogia com o fluxo de água em um rio. As organizações próximas à fonte de fornecimento original são descritas como estando à montante da cadeia, enquanto aquelas mais próximas aos clientes finais são descritas como estando à jusante. Entre os extremos dessa cadeia, verifica-se o fluxo de materiais, produtos, pessoas, serviços e informações. Os afluentes e subafluentes desse rio poderiam ser entendidos como os diversos fornecedores de materiais e serviços responsáveis pela alimentação da cadeia, conforme pode ser visto na Figura 3.

Montante

Jusante

(40)

Uma representação mais cartesiana da cadeia de suprimentos, apresentada na Figura 4, se baseia em três grandes blocos: o bloco do fornecimento, denominado logística de fornecimento (inbound logistics), o bloco da produção / operação, denominado logística interna, e o bloco da distribuição, denominado logística de distribuição (outbound logistics). Essa estrutura, aparentemente simples, representa, em verdade, uma intrincada malha, conectando centenas ou milhares de componentes, como fornecedores, subfornecedores, operadores logísticos, clientes, governos, mercado externo, informações, parcerias e movimentos de integração vertical e horizontal (Silva, 2001).

Logística de Fornecimento

/ (Inbound Logistics)

----.

' \ ""r---... "

GO"e

r-

I1O

~

Logística de Distribuição

") (Outbound Logistics)

(

-Logística Interna

Compras Estoques Transporte Armazenagem

Manuseio Qualidade Informações integradas

FIGURA 4: A REPRESENTAÇÃO DE UMA CADElA DE SUPRIMENTOS ( SILVA, 2001)

(41)

permita identificar gargalos e, assim, possibilite intervenções em toda a cadeia, visando aumentar a efetividade de todo o processo.

As relações dentro da Cadeia de Suprimentos são revistas, passando do nível operacional para o estratégico, a fim de promover maior sinergia entre fornecedores e clientes, mediante parcerias e alianças estratégicas. Nesse contexto, o desenvolvimento de fornecedores, auxiliando-os rumo a melhorias contínuas da qualidade com redução de custos, assume dimensões estratégicas, afetando positivamente toda a cadeia. Portanto, as estratégias e as decisões deixam de ser formuladas e firmadas sob a perspectiva de uma única empresa, mas, sim, de uma cadeia produtiva como um todo, promovendo uma mudança significativa no modelo competitivo, que passa a considerar que a competição ocorrerá no nível das cadeias produtivas, ou virtuais unidades de negócio, conforme ilustrado pela Figura 5.

fORNECEDORES fABRICANTES DISTRIBUiDORES CONSUMIDORES

~~--::::::t~~~"""t"+

~

I-=t'~~

1~4~

~----4~

CADt:IAS

m-SUPRIMFNTOS

GNID/I.DES DE NEGÓCIOS

IB~BI

a a

Im

rm19

OOOOIJlOOOO

COMPETIÇAO

1

FIGURA 5: A COMPETIÇÃO SE DÁ AO NÍVEL DE CADEIAS DE SUPRIMENTOS (PIRES E MUSETTI, 2000)

(42)

abrangendo a gestão de toda a cadeia produtiva, de uma forma estratégica e integrada" (Pires, 1998:2). A Tabela 2 apresenta algumas diferenças entre o modelo de administração de materiais tradicional e o modelo introduzido pelo SCM.

Tab ela 2. O Modelo de Administração de Materiais Tradicional e o Modelo de Se M

Fonte: Pires (1998)

3.4 Compras Públicas no Brasil

As compras realizadas por organizações do setor público devem obedecer aos requisitos de eficiência, eficácia e efetividade, dado que os recursos advêm dos contribuintes. A boa administração dos recursos públicos reverte em beneficios para os contribuintes, através do aumento da qualidade dos serviços prestados pela administração pública, da redução de taxas, ou da combinação de ambos.

A Constituição da República Federativa do Brasil, em seu artigo 37°, inciso XXI, determina que, salvo casos excepcionais previstos na legislação, obras, serviços, compras e alienações, deverão ser contratados mediante licitação pública:

(43)

Nesse sentido, a Lei n.o 8.666, de 21 de junho de 1993, estabelece as nonnas gerais sobre licitações e contratos administrativos no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. O artigo 220

da referida Lei define as seguintes modalidades para compras e contratações:

• Concorrência: nessa modalidade, os interessados devem comprovar o atendimento aos requisitos de qualificação estabelecidos em edital. Aplica-se a compras em valores acima de R$ 650 mil ou de R$ 1,5 milhão, no caso de obras e serviços de engenharia; Tomada de Preços: os interessados, devidamente cadastrados, observadas as

condições necessárias a sua qualificação, fazem o envio de propostas para compras em valores até R$ 650 mil ou até R$ 1,5 milhão, no caso de obras e serviços de engenharia; • Convite: é a modalidade de licitação que prevê a escolha e o convite de, no mínimo, três fornecedores do ramo do objeto licitado para apresentação das propostas. Aplica-se a compras até R$ 80 mil ou R$ 150 mil, no caso de obras e serviços de engenharia; • Concurso: modalidade de licitação destinada a escolha de trabalho técnico, científico

ou artístico, mediante instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, de acordo com os critérios estabelecidos em edital;

• Leilão: modalidade adotada para a venda de bens móveis inservíveis para a Administração, produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis. A detenninação do arrematante se baseia no maior lance, desde que igualou superior ao valor da avaliação.

Instituída pela Medida Provisória n.O

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