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Influencia do turismo sobre a atividade pesqueira do município de Tibau do Sul-RN

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PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA REGIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DESENVOLVIMENTO E MEIO AMBIENTE/PRODEMA

INFLUÊNCIA DO TURISMO SOBRE A ATIVIDADE PESQUEIRA DO MUNICÍPIO DE TIBAU DO SUL – RN

EDILMA FERNANDES DA SILVA

2011 Natal – RN

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Edilma Fernandes da Silva

INFLUÊNCIA DO TURISMO SOBRE A ATIVIDADE PESQUEIRA DO MUNICÍPIO DE TIBAU DO SUL – RN

Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PRODEMA/UFRN), como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Mestre.

Orientador: Prof. Dr. Jorge Eduardo Lins Oliveira

Co-Orientador: Prof. Dr. Edmilson Lopes Junior

2011 Natal – RN

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Dedico este trabalho a Deus, que me guia na estrada da vida.

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AGRADECIMENTOS

A CAPES, pelo incentivo financeiro.

Ao professor Orientador, Dr. Jorge Eduardo Lins Oliveira, que se não fosse o seu acompanhamento na pesquisa e força para eu alcançar esse objetivo, jamais teria conseguido, muito Obrigada por tudo.

Ao Co-Orientador, Professor Dr. Edmilson Lopes Junior, que contribuiu com seu conhecimento.

Ao professor Dr. Luiz Antonio Cestaro pela sua cordial paciência em contribuir com essa pesquisa.

Aos pescadores de Tibau do Sul, pela cooperação e participação.

Aos especialistas em informática Sr. Wlademir e o Sr. Ivo Andrade, pela colaboração. Ao Departamento de Estatística da UFRN, principalmente aos bolsistas do PET – Josenilson e Rayanne.

Aos mestrandos do PRODEMA, pela conquista de cursarmos todas as disciplinas juntos, principalmente à mestranda Ana Claudia, que na hora que mais precisei, me apoiou.

Ao Laboratório de Geologia (UFRN) – PROGEO – que colaborou para o processamento dos dados georreferenciados, principalmente à doutoranda Fátima e ao graduando Gabriel.

Aos docentes do PRODEMA, que transmitiram conhecimentos e experiências valiosas para minha vida, em especial às professoras Dra. Eliza Maria Xavier Freire e a Dra. Raquel Franco de Souza Lima.

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Dê um peixe para um homem e ele se alimentará por um dia. Ensine um homem a pescar e ele se alimentará enquanto o recurso não for esgotado. Ensine uma comunidade a manejar seus recursos pesqueiros e esta prosperará por gerações.

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LISTA DE FIGURAS

METODOLOGIA GERAL

Figura 1 – Localização da área de estudo – Estado do Rio Grande do Norte, em destaque o município de Tibau do Sul, que compreende uma área continental e outra estuarina ... 30

CAPÍTULO 1

Figura 1 – Área de estudo, localização das comunidades pesqueiras do município de

Tibau do Sul, Pernambuquinho, Bela Vista e Praia de Pipa... 44 Figura 2 – Capturas de Pescado no Município de Tibau do Sul (2000-2008) ... 45 Figura 3 – Relação entre renda familiar das comunidades pesqueiras do município de

Tibau do Sul e o tempo em que os mesmos exercem a atividade de pesca ... 47 Figura 4 – Relação entre os diversos tipos de embarcação utilizados nas comunidades

pesqueiras do município de Tibau do Sul e áreas de pesca ... 48 Figura 5 – Relação entre renda familiar e quantidade de pescado capturado por semana

nas comunidades pesqueiras do município de Tibau do Sul ... 48 Figura 6 – Relação entre renda familiar e instrumento de pesca nas comunidades

pesqueiras de Tibau do Sul ... 49 Figura 7 – Relação entre desmatamento e diminuição das espécies capturadas nas

comunidades pesqueiras de Tibau do Sul ... 50 Figura 8 – Deslocamento dos pescadores de Tibau do Sul devido à especulação

imobiliária ... 51

CAPÍTULO 2

Figura 1 – Localização da área de estudo: Estado do Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil, em destaque para o município de Tibau do Sul, onde estão as comunidades pesqueiras de Bela Vista, Pernambuquinho, Tibau do Sul (sede do município) e a praia

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL ... 11

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 15

1.1 PESCADORES ARTESANAIS ... 15

1.2 ATIVIDADE TURÍSTICA ... 19

1.3 TURISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 24

1.4 CONFLITOS NO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ... 26

2 METODOLOGIA GERAL ... 30

2.1 ÁREA DE TRABALHO ... 30

2.2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO DE TIBAU DO SUL... 30

2.3 TÉCNICAS METODOLÓGICAS UTILIZADAS ... 31

REFERÊNCIAS ... 35

CAPÍTULO 1 – Perfil socioeconômico dos pescadores artesanais em meio a sua cultura no município de Tibau do Sul – RN ... 41

RESUMO ... 42

ABSTRACT ... 43

1 INTRODUÇÃO ... 43

1.1 ÁREA DE ESTUDO ... 44

1.2 METODOLOGIA ... 44

2 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 45

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 52

REFERÊNCIAS ... 52

CAPÍTULO 2 – Ocupação do Solo no município de Tibau do Sul/RN-BRASIL ... 55

RESUMO ... 56

ABSTRACT ... 57

1 INTRODUÇÃO ... 57

2 ÁREA DE ESTUDO ... 60

2.1 METODOLOGIA ... 63

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 72

REFERÊNCIAS ... 72

CONSIDERAÇÕES FINAIS DA DISSERTAÇÃO ... 77

ANEXO 1 ... 83

ANEXO 2 ... 84

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RESUMO

INFLUÊNCIA DO TURISMO SOBRE A ATIVIDADE PESQUEIRA DO MUNICÍPIO DE TIBAU DO SUL – RN

A área da pesquisa localiza-se no município de Tibau do Sul, situado na costa leste do Estado do Rio Grande do Norte, a 80 km ao Sul da capital Natal. O turismo, a pesca esportiva e instalação de empreendimentos vêm aumentando nessa área litorânea, disputando espaços com pescadores artesanais. A dissertação teve como objetivo identificar e analisar os conflitos socioeconômicos e ambientais entre a atividade pesqueira e a atividade turística no Município de Tibau do Sul, para subsidiar órgãos governamentais e entidades ligadas ao setor pesqueiro, com futuras políticas de incentivo e desenvolvimento sustentável local. O presente trabalho está dividido em introdução e dois capítulos. A introdução apresenta proposta e justificativa da pesquisa, com fundamentação teórica, em seguida são apresentados os procedimentos metodológicos. O primeiro capítulo apresenta a caracterização da pesca artesanal e o perfil socioeconômico dos pescadores de Tibau do Sul, identificando os conflitos entre a atividade pesqueira e o turismo. Para alcançar esse propósito, foram realizados levantamentos qualitativos e quantitativos, através da efetivação de 100 entrevistas com questionários semiestruturados, os quais foram aplicados a quatro comunidades pesqueiras. Os resultados constataram a real situação da pesca artesanal local e foram identificados vários conflitos, dentre eles: a falta de investimento no setor, baixo desenvolvimento tecnológico e de infraestrutura, além da ocupação desordenada em área de desembarque da produção. Todos esses fatores têm contribuído para o declínio da atividade pesqueira nesse município. O segundo capítulo apresenta uma análise territorial a partir da elaboração do mapa de ocupação do solo utilizando a metodologia de geoprocessamento. Constatou-se que a ocupação desordenada ocorreu principalmente depois da chegada dos turistas em Tibau do Sul e está concentrada principalmente na praia de Pipa, observou-se também que os empreendimentos construídos na área de estudo interferem no acesso público as praias e área de desembarque da produção dos pescadores. Espera-se que este estudo contribua para elaboração do plano de manejo nas comunidades pesqueiras e possa subsidiar os gestores na implementação de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável local.

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ABSTRACT

INFLUENCE OF TOURISM ON THE FISHING ACTIVITY IN THE

MUNICIPALITY OF SOUTH TIBAU – RN

The research area is located in the district of Tibau do Sul, on the east coast of Rio Grande do Norte, in the kilometer 88, south from the capital Natal. The sport fishing, the tourism and the facility developments are increasing in this coastal area, vying for space with traditional fishermen. The project aimed to identify and analyze the socioeconomic and environmental conflicts between fishing activity and speculation in the municipality of Tibau do Sul RN, to support government agencies and stakeholders within the fisheries sector, with further incentive policies and local sustainable development. This paper is divided into introduction and two chapters. The introduction presents the proposal and justification of the research with theoretical background, then presents the methodological procedures. The first chapter presents the characteristics of artisanal fisheries and socio-economic profile of fishermen of Tibau do Sul, identifying conflicts between the fishery and other sectors of the economy such as tourism. To achieve this purpose we performed qualitative and quantitative surveys, through the execution of 100 interviews semi-structured questionnaires, which were applied to four fishing communities and face the real situation of the local fisheries. It has been identified several conflicts, including: a lack of investment in the sector, low technological development and infrastructure, and a disorderly occupation in the landing area of production. All these factors have contributed to the decline of fishing activity in the county. The second chapter presents and territorial from the development of the land occupation map by using GIS methodology. It was found that the disordered occupation has occurred maiunly after the arrival of tourists in Tibau do Sul and is mainly concentrated in Pipa beach. It was also observed that the developments built in the study area interpose in the access to public beaches and the landing area prodution of fishermen. It is hoped that this study will contribute to developing the management plan on fishing comunities and subsidize the managers in the implementation of public policies for local sustainable development.

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INTRODUÇÃO GERAL

O Estado do Rio Grande do Norte possui um litoral de 410 km de extensão, onde estão localizados 25 municípios costeiros e 97 comunidades pesqueiras (CEPENE, 2009). Essas comunidades se encontram sob intenso processo de transformação espacial e acelerada urbanização, em virtude de atividades econômicas introduzidas no litoral do Estado, como a expansão do turismo, empreendimentos de carcinicultura, segunda residência, juntamente com a especulação imobiliária.

A orla marítima do município de Tibau do Sul compreende uma parte oceânica e outra de estuário, onde estão localizadas nove comunidades pesqueiras. Nesse município, encontra-se um dos maiores estuários do Estado do Rio Grande do Norte, a Laguna Guaraíras, que corresponde à área estuarina de dois importantes rios do litoral oriental do estado: o Jacu e o Trairí.

O referido estuário, segundo Melo (2000), de um modo geral, vem sofrendo modificações constantes em suas características originais, não apenas com relação aos processos de sedimentação, como também, de suas condições ambientais. Nos últimos anos, vem apresentando um forte potencial de desenvolvimento e consequentemente, um crescimento considerável na sua taxa de ocupação. A autora acrescenta ainda que, a expansão territorial sem um planejamento consubstanciado nas limitações e potencialidades dos recursos naturais, pertinentes aos meios físicos e bióticos e nas condições socioeconômicas, poderá desencadear em problemas irreversíveis nessa área.

A pesca praticada em todo o município de Tibau do Sul é artesanal, porque os pescadores autônomos, sozinhos ou em parcerias, participam diretamente da captura, usando instrumentos relativamente simples e com pouca tecnologia. De acordo com Diegues (1988), com o seu trabalho diário, os pescadores artesanais retiram do mar seu alimento e parte de sua renda, ainda que sazonalmente venham a exercer outras atividades complementares.

As comunidades pesqueiras em estudo vêm enfrentando problemas socioculturais, econômicos e ambientais principalmente a partir de 1990, com o aumento do fluxo turístico e construção de empreendimentos turísticos, modificando todo o espaço dos pescadores que segundo pesquisa realizada por Araújo (2002), esses conflitos são decorrentes das modificações em seu território, uma vez que tais modificações aceleram a dinâmica local e interferem nos costumes dessas comunidades.

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isso está conduzindo a situações, de dramaticidade: há grupos hoje que tentam assegurar a sua identidade, mantendo uma forma de conhecimento tradicional que é negada continuamente pelo modo de produção capitalista.

Ainda, de acordo com Oliveira (2008), os interesses das populações tradicionais não foram de maneira alguma levados em consideração na expansão colonial nem na formação dos novos estados nacionais, sendo minimizados ou mesmo ignorados pelas elites. Ou seja, as comunidades pesqueiras litorâneas, não são consultadas, quanto à instalação de projetos nessas áreas.

Consequentemente são vários os conflitos que as comunidades pesqueiras vêm enfrentando nos últimos anos devido ao aumento da ocupação no litoral, por pessoas que trabalham e usufruem dos recursos, provocando pressões que, junto a outras de caráter natural, merecem monitoramento e manejo sustentável para preservação do ambiente e a própria manutenção da qualidade de vida dessas comunidades. Essa ocupação é proveniente de novas atividades introduzidas nessas áreas, como o turismo, que segundo Mendonça (2001), é considerado uma indústria e, assim como os demais setores da economia moderna, depende da apropriação e exploração da natureza e das sociedades locais.

No município de Tibau do Sul, a atividade turística vem tomando espaços territoriais importantes para as comunidades pesqueiras artesanais e segundo Cunha (2009), a pesca e o turismo são exemplos de atividades econômicas que precisam de qualidade ambiental para se desenvolver. O mesmo autor ainda afirma que, essa qualidade ambiental vem sendo ameaçada na maioria das áreas litorâneas, devido aos interesses empreendedores.

Desse modo, Calvente (2001) afirma que o crescimento da pressão demográfica sobre essas áreas, acompanhado pela ocupação desordenada das atividades econômicas, como o turismo, precipitam a sua descaracterização, além de provocar alterações nos estilos de vida e costumes das comunidades anfitriãs.

O estudo dos impactos da ação antrópica sobre o meio ambiente tem uma inter-relação com as diversas ciências naturais e sociais, onde demanda a contribuição das diversas disciplinas. Por isso, esta pesquisa utilizou-se das ciências sociais, sobretudo a antropologia, porque, nessas ciências destacam-se a análise relativa às mudanças sociais em comunidades litorâneas, com um olhar voltado para suas práticas socioculturais.

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leva a crer que, a expansão da atividade turística e a instalação de empreendimentos ligados à carcinicultura vêm evidenciando mudanças socioespaciais significativas, sugerindo um território de expropriação. Nessa perspectiva, o presente estudo tenta relacionar sociedade/cultura/natureza, pois, segundo Ross (2006), as interferências decorrentes das relações sociedade/natureza produzem concretamente espaços territoriais, que podem ser mais ou menos intensamente modificados pelas inserções tecnológicas dos diferentes grupos sociais.

Esses conflitos apresentados acima indicam a necessidade da realização de estudos na área em questão, com a finalidade de contribuir para a valorização e a sobrevivência sociocultural e econômica das comunidades pesqueiras, assim como auxiliar no desenvolvimento de pesquisas que visem resultados conciliatórios entre a atividade pesqueira e a sustentabilidade local. A partir dos resultados obtidos dessa pesquisa, foi possível um diagnóstico das condições socioeconômicas dos pescadores, bem como identificação dos aspectos gerais das implicações ambientais decorrentes da expansão urbana, atividade turística e especulação imobiliária.

Além disso, são de extrema importância a caracterização do perfil socioeconômico dessas comunidades, um diagnóstico ambiental e a interação das atividades econômicas. Sendo que todos esses levantamentos deverão ser considerados na elaboração de um plano de manejo sustentável, que de acordo com Begossi (2009), aplicar iniciativas de manejo da pesca, sem levar em consideração as interações sociais e ecológicas, provavelmente resultará em pouco sucesso. Portanto, o manejo correto do espaço e dos recursos naturais e o respeito pelo conhecimento tradicional permitiriam a manutenção dos recursos para usufruto tanto das gerações presentes quanto futuras.

Portanto, a formulação dessa pesquisa se deu a partir do seguinte questionamento: Quais os impactos do turismo sobre a atividade pesqueira do município de Tibau do Sul - RN? E a partir dessa premissa, de que maneira o turismo e a ocupação desordenada, destacados no Projeto Orla (2001) do município de Tibau do Sul interferem e geram conflitos na atividade pesqueira, contribuindo para seu declínio e degradação da paisagem?

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carcinicultura, que têm contribuído para a descaracterização da área em estudo. Para constatar o proposto, foi elaborado o mapa de ocupação do solo do município de Tibau do Sul.

Nessa perspectiva, esta pesquisa teve como objetivo geral identificar e analisar os conflitos socioeconômicos e ambientais existentes entre a atividade pesqueira e a atividade turística no município de Tibau do Sul-RN, a fim de fornecer subsídios aos órgãos governamentais e entidades ligadas ao setor pesqueiro, com futuras políticas de incentivo e desenvolvimento sustentável local.

Como objetivos específicos, podem assim ser descritos: caracterização e análise do perfil socioeconômico das comunidades pesqueiras; verificação da mudança no estilo de vida dos pescadores; identificação e análise dos conflitos entre a atividade pesqueira e o turismo; elaboração do mapa de ocupação do solo do município de Tibau do Sul.

Esta dissertação obedece à seguinte estrutura: Introdução (apresentando o tema e sua importância, bem como a exposição do problema que originou a investigação); fundamentação teórica; procedimentos metodológicos (mostrando um pouco do contexto histórico do município); dois capítulos constituídos de artigos científicos (os quais se encontram resumidamente expostos nos parágrafos subsequentes) e seguidos do fechamento desta pesquisa (onde está apresentada a conclusão final, remetendo à problemática levantada).

No primeiro capítulo é apresentado o artigo intitulado Perfil socioeconômico dos pescadores artesanais em meio a sua cultura do município de Tibau do Sul-RN, artigo esse

submetido à revista Sociedade e Natureza, no mês de Setembro de 2010, e teve como objetivo caracterizar o perfil socioeconômico dos pescadores, identificando os conflitos nas comunidades pesqueiras de Tibau do Sul.

No segundo capítulo, é apresentado o artigo intitulado Ocupação do solo no município de Tibau do Sul-RN, submetido à revista Geosul (Universidade Federal de Santa

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1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1 PESCADORES ARTESANAIS

A pesca artesanal é importante fonte de alimento e emprego para populações humanas, especialmente nos países tropicais e em desenvolvimento como o Brasil, onde boa parte do pescado consumido é capturada por pescadores artesanais. No Brasil, o turismo, a pesca esportiva e comercial, vem disputando espaços com os pescadores artesanais (DIEGUES, 1999).

Essa atividade é pouco conhecida no Brasil, assim tornando-se necessária a realização de estudos que tratem desta questão. De acordo com Silvano (2004), a ameaça que as comunidades de pescadores tradicionais vêm sofrendo por diversos problemas, reforça ainda mais a necessidade de registrar a dinâmica da pesca antes que esta desapareça

Diversos autores discutem a definição de pescador artesanal. Para Diegues (1983), é a pesca realizada nos moldes da categoria de pequena produção mercantil, dividida entre pescadores e lavradores, cuja produção enquadra-se na noção campesinato e pescadores artesanais.

De acordo com Maldonado (1988) e Diegues (2000), dependendo da forma como o meio marítimo seja explorado, surgem comportamentos distintos com relação à natureza. Esses pesquisadores ressaltam a importância dos pescadores artesanais como produtores de pequena escala, como fornecedores de pescado fresco e de alta qualidade para o mercado interno, ressaltando o seu profundo conhecimento ecológico sobre os ecossistemas aquáticos, de forma a impedir a sobrepesca e contribuir para o manejo e conservação dos recursos naturais, em especial os recursos pesqueiros.

Segundo Haesbaert (2006) todo grupo se define essencialmente pelas ligações que estabelece no tempo, tecendo seus laços de identidade na história e no espaço, apropriando-se de um território (concreto e/ou simbólico), onde se distribuem os marcos que orientam suas práticas sociais e esta dinâmica corresponde à modernidade. Já Vianna (2008) destaca a relação que essas comunidades possuem com o seu território:

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cuidar da conservação do equipamento. A praia é o território comum, onde se configuram as relações sociais, onde convivem os moradores de cada núcleo e onde se dá a conexão com o mundo exterior. É um centro de atração permanente. Quando se aproxima uma embarcação, por exemplo, os moradores vão até a praia para saber o que esta acontecendo, quem está chegando e no barco de quem [...] (VIANNA, 2008).

A atividade pesqueira constitui um processo, que vai desde a captura à comercialização. Atualmente nesse processo, vem ocorrendo tensões estimuladas pela globalização, devido às modernas técnicas que lhe foram incorporadas. Para Silva (2005), na gestão da pesca, as áreas onde eles praticam suas atividades garantem estratégias de sobrevivência e política social.

Segundo Marrul Filho (2003) as tecnologias empregadas na pesca artesanal caracterizam-se por um relativo baixo grau de impacto ambiental, sendo todo o processo produtivo presidido por um saber-fazer baseado no conhecimento tradicional da dinâmica dos mares e de seus seres, abrangendo desde o processo de localização de cardumes até os métodos e técnicas de captura, apropriados para determinadas espécies, em certas épocas do ano, e tendo as cercanias marítimas de suas comunidades como o raio de ação máxima de suas operações pesqueiras. A utilização de máquinas se restringia ao motor propulsor da embarcação, não tendo, portanto, a não ser nas pescarias de arrasto, implicações consideráveis na relação pescador-ambiente explorado.

Quanto à representação profissional, os pescadores no Brasil se agrupam em três instâncias associativas, que constituem a sua representação profissional: as Colônias de pescadores, as Federações Estaduais e a Confederação Nacional dos Pescadores, regularizadas a partir da Lei nº 11.699, de 13 de junho de 2008 (BRASIL, 2008) onde são reconhecidas como órgãos de classe dos trabalhadores do setor artesanal de pesca. Somente em 2007, através do Decreto nº 6.040, o Presidente da República institui a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, tendo no seu art. 3º como objetivo específico: Garantir aos povos e comunidades tradicionais seus territórios, e o acesso aos recursos naturais que tradicionalmente utilizam para sua reprodução física, cultural e econômica (BRASIL, 2007).

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A expansão da atividade turística na costa brasileira provocou diversas mudanças na paisagem em razão da intensificação de investimentos em infraestrutura urbana, mas o fenômeno de destaque foi o processo de especulação imobiliária ocorrido sobre a terra habitada por comunidades de pescadores (BENEVIDES, 1996).

Segundo Cunha (2005), em geral é o desalojamento das populações tradicionais, que não tendo familiaridade com o mundo do dinheiro venderam por valor nenhum seus terrenos junto ao mar e, por vezes, foram submetidos à expulsão violenta. Os novos empreendimentos imobiliários trouxeram a moderna sociedade de consumo para uma fulgurante invasão a cada temporada de verão, sendo comum, o fenômeno da perda de identidade cultural dos mais jovens das populações locais, que não sentem motivação de continuar com a vida de pescadores de seus pais.

Já Diegues e Arruda (2001) destacam a perda por parte de jangadeiros, de acesso às praias, uma vez que suas posses nesses locais estão sendo compradas ou expropriadas pelos veranistas. Woortmann (1991) cita ainda, que muitas famílias estão sendo afastadas da beira do mar, para a beira do mangue, local inadequado para moradia.

Vários estudos vêm sendo realizados no Brasil abordando os impactos do turismo sobre as comunidades de pescadores artesanais, entre eles, destacam-se:

Araújo (1992), em Forte Velho – estado da Paraíba, analisa as transformações por que passam os agricultores e pescadores daquela localidade, sob a influência da expansão urbana e do turismo. Já Calvente (1993), faz uma análise dos conflitos gerados com o desenvolvimento do turismo em Ilhabela, litoral paulista, enquanto Fonteles (2004) faz seu estudo na praia de Jericoacoara, estado do Ceará, a partir de vários horizontes: político, econômico e a sua inserção no circuito do turismo, no contexto da globalização. A discussão territorial passa também pelo viés da ecologia e das políticas públicas envolvidas na constituição de áreas de proteção ambiental, tendo um cunho empírico e pragmático a análise desse autor.

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Sabe-se que ao longo dos tempos as comunidades tradicionais acumularam uma vasta experiência empírica de grande importância para manutenção do ambiente. Esses saberes são transmitidos de pais para filhos e a membros do grupo por meio de ensinamentos práticos. Isso implica na necessidade de se criar condições que possibilitem o desenvolvimento econômico levando em consideração a identidade cultural dessas comunidades (SEN, 2000).

Para que se busque a sustentabilidade na dimensão cultural dessas comunidades, nos termos propostos pelo documento da Agenda 21 da cultura, firmado pelos governos em Barcelona, em 8 de maio de 2004, é preciso que se inverta a relação mercado-cultura, reforçando-a como base do desenvolvimento econômico e social.

Segundo Laraia (2004), o primeiro conceito sobre cultura do ponto de vista

sociológico e antropológico foi feito por Edward Tylor em seu livro “Primitive Culture” de 1971. Partindo da ideia do termo germânico “kultur”, que era utilizado para simbolizar todos os aspectos espirituais de um grupo social e do termo francês “civilization”, que significa as

realizações de um povo, Tylor atribui ao vocábulo inglês “culture” o significado de “todo o complexo que inclui conhecimento, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra

capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. Em

conformidade com essa visão, Cultura, sob o ponto de vista antropológico, seria todo o comportamento apreendido, ou seja, tudo o que independe de uma transmissão genética. Esse mesmo autor ainda defende que, apesar do homem ser um animal, a cultura afasta-o definitivamente desse aspecto. O homem ao adquiri-la perdeu a propriedade animal. Tudo que o homem faz, aprendeu com os seus semelhantes e não decorre de imposições originadas fora da cultura.

A cultura torna-se, então, um conjunto de significados de valores e de crenças que determina a forma de fazer e de estruturar os pensamentos e atitudes, no espaço-tempo. Nas sociedades tradicionais Giddens (1990) explica que o passado é venerado e os símbolos são valorizados, porque contêm e perpetuam a experiência de gerações. A tradição é o meio de lidar com o tempo e o espaço inserindo qualquer atividade ou experiência particular na continuidade do passado, presente e futuro, os quais por sua vez, são estruturados por práticas sociais recorrentes.

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1.2 ATIVIDADE TURÍSTICA

No Brasil o turismo vem ganhando espaço e essa valorização é evidente com a criação do Ministério do Turismo, em 2002, tornando-se prioridade das políticas públicas o seu crescimento. Isso tem provocado vários desdobramentos.

O turismo para Pearce (2003) é uma atividade que diz respeito essencialmente a pessoas e lugares: lugares que um grupo de pessoas deixa, visita ou que está de passagem, a outro grupo de pessoas, as que tornam possível a viagem, e outras ainda, aquelas com que cruzará pelo caminho. Podendo ser pensado como o conjunto de relações e fenômenos originados com as viagens e estadas temporárias de pessoas que estão viajando, sobretudo a lazer ou com finalidades recreativas.

Somente no século XIX, quando o turismo se torna um novo valor para a sociedade, é que algumas formas e elementos da natureza passaram a ser vistos como fatores importantes para o lazer e o entretenimento. Porém segundo Yazigi (1999) se por um lado é verdade que o turismo vem proporcionando a muitos países importantes divisas, por outro, conduz a irreparáveis perdas na paisagem e cultura local.

Acredita-se que a ocupação do espaço urbano, obedeceu a lógica do capitalismo. Uma vez transformado em mercadoria, o espaço tornou-se um bem econômico de especulação ou uma reserva de valor. Afastando, por exemplo, a função social que tinha, o espaço passa a ser visto como uma mercadoria Ada e Adas (2002). Dessa forma, ao acelerar-se a acumulação com a penetração progressiva das relações mercantis na organização de produção, as estruturas sociais entram em rápida transformação. Algumas manifestações dessas transformações são a urbanização caótica, desorganização da vida comunitária, redução do homem, a força de trabalho (FURTADO, 2000).

Ao longo da história do ordenamento territorial brasileiro, o turismo vem encontrando significados culturais dados à natureza pela sociedade, mercantilizando as paisagens e suas variações Luchiari et. al., (2007). Esse processo vem ocorrendo ao longo do tempo e não se vê uma política eficaz que possa regulamentar. As leis ambientais municipais são muito frágeis, sem contingente que consiga abarcar tantos processos de interferência ambiental e mais recentemente esse processo vem atingindo a propriedade cultural das comunidades pesqueiras.

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diversas formas, seja fisicamente, vendendo sua terra e deslocando-se para outro lugar, seja participando informal e marginalmente da economia, seja menosprezando seus próprios valores culturais e submetendo-se aos novos trazidos pelos turistas.

É fato reconhecido que o turismo estrangeiro no litoral do Brasil vem crescendo nos últimos anos, e a evidência disso é que a entrada de divisas no país durante o mês de fevereiro de 2006 atingiu o recorde de U$ 359 milhões. Esse valor segundo o Banco Central foi 9,8% superior ao de fevereiro de 2005. Juntos, janeiro e fevereiro de 2006 foram responsáveis por U$ 762 milhões, 4,1% a mais que o ano de 2005 (JORNAL DO COMÉRCIO, Caderno de Economia, 24/07/2005).

As receitas do turismo, que são crescentes, representam anualmente quase 500 milhões de reais, o dobro dos royalties gerados pelo petróleo que é explorado no Rio Grande do Norte, na Região de Mossoró (JORNAL DO COMÉRCIO, Caderno Economia, 24/07/2005).

De acordo com Fonseca (2005) a partir da implantação do PRODETUR/RN o poder

público estadual criou “externalidades positivas” que atraíram investimentos turísticos privados nacionais e internacionais, acirrando assim a competitividade entre as empresas desse segmento de atividade. Na organização do espaço turístico, Natal exerce uma preponderância sobre os demais municípios englobados pelo PRODETUR/RN, pois se constitui no principal produto turístico, enquanto os outros municípios constituem subprodutos de Natal.

A cidade de Natal se tornou, na última década, uma destinação turística que se destaca, especialmente no litoral Sul que vem oferecendo decisiva cooperação para o crescimento turístico no Nordeste.

De acordo com Gomes et. al., (2000) tendo a capital Natal, como núcleo histórico propagador regional e ponto convergente dos investimentos, a função turística do Rio Grande do Norte se foi espalhando para o litoral ao norte e ao sul de Natal, sendo que Tibau do Sul tem representado o mais atrativo como destino turístico, depois da capital.

No município de Tibau do Sul, segundo Fonseca (2005), o turismo cresce espontaneamente, sem planejamento e à revelia do poder público estadual e municipal, o que tem ocasionado problemas de ordem ambiental que poderá comprometer o futuro da atividade naquele município. A autora ainda afirma que, o diferencial da expansão na atividade turística em Tibau do Sul está relacionada à sua imagem, que congrega à natureza, uma certa sofisticação e cosmopolitismo.

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Goianinha, demorava muito, as terras, não tinham valor mercantil. As posses familiares eram utilizadas muitas vezes parcialmente, com pequenas roças e a terra tinha um valor social, ou seja, valor de uso e não de troca e venda (COSTA, 2007).

No entanto, o município em estudo, onde se encontra a praia da Pipa apresentou um crescimento populacional médio de 6,87% ao ano, entre 1996 e 2000, crescimento essencialmente provocado pelo turismo, que se expande sobre área geográfica de dunas e falésias, embora em parte devido também à carcinicultura. Enquanto a população do Rio Grande do Norte cresceu neste mesmo período em torno de 2% em média ao ano, (IBGE, 1996-2000).

A principal atividade econômica do município de Tibau do Sul atualmente é o turismo e em seguida a pesca artesanal, além de pequena atividade agrícola, empreendimentos de carcinicultura, comércio e artesanato local (BARROS, 2009).

A especulação imobiliária e a consequente ocupação desordenada decorrente de tais atividades têm resultado, por exemplo, na destruição de manguezais, os quais constituem ecossistemas essenciais ao ciclo de vida de inúmeras espécies, além de exercerem papel fundamental no enriquecimento dos sistemas costeiros. Os manguezais contribuem ainda, para amortecer os processos de enchentes, assoreamento e erosão marinha, absorvendo grande parte do impacto resultante da descarga de poluentes decorrentes da poluição urbana, além de ser fonte de subsistência para famílias ribeirinhas (FERNANDES, 2005).

A ocupação da área de estudo, se apresenta de forma alinhada, estendendo-se desde a sede no município de Tibau do Sul até a praia de Pipa. Nesta última então se concentrando os investimentos turísticos.

Apresentando praias curtas, isso faz com que o assentamento turístico seja constrangido, a situar-se sobre as falésias. Então, para que os hóspedes possam ter acesso direto à praia, os estabelecimentos hoteleiros constroem escadarias, destruindo as falésias, causando impacto ao patrimônio natural paisagístico. Esta ocorrência à beira-mar é a área mais disputada por aqueles que investem nos meios de hospedagem. Contudo, parte da expansão turística acabou dirigindo-se fortemente para oeste, afastando-se da costa, e isto é decorrente do alto preço atingido pela terra naquelas bordas, além da oferta de lotes ser muito restrita atualmente (BARROS, 2009).

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última área é ampla, e será justamente a disponibilidade real desta oferta, o elemento chave para o funcionamento do mecanismo de expansão turística. Percebe-se também, deslocamento de nativos para ao longo da RN 003, onde existe maior disponibilidade de terrenos a preço baixo.

O turismo, por sua vez, é uma atividade recente em Tibau do Sul, tendo sido incrementado após a abertura, em 1992, da rodovia estadual Rota do Sol, que une a capital Natal aos municípios do litoral sul do estado.

Decorrente da infraestrutura nesse município existe uma procura clara de compra das melhores terras por parte dos investidores internacionais nos últimos anos. Vários investimentos de noruegueses, suecos, espanhóis e portugueses têm sido realizados na aquisição de terra ou em investimentos de construção em hotelaria (JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO, 30/01/2005). Por exemplo, nas bordas da região turística de Pipa, encontra-se em fase de planejamento, pelo grupo Ultra Classic do Brasil, uma associação de empresas europeias e brasileiras, com investimento de U$500 milhões. O objetivo do grupo é transformar uma área litorânea de 2000 ha, em complexo turístico com seis hotéis e um condomínio residencial turístico com 5 mil chalés. Isso representa uma mega estrutura que não existe similar na América Latina (JORNAL DO COMÉRCIO, Caderno de Economia, 24/07/2005). Além desse, existe um mega projeto em andamento, o Pipa Paradise, dentre outros empreendimentos luxuosos que estão sendo instalados na área de estudo, possíveis de se conhecer até através de acesso virtual, como por exemplo, o Quinta da Lagoa, Pipa Natura residencial, Solar Pipa e etc.

Os gestores públicos, com poucas possibilidades de infra-estrutura, não querendo perder a instalação dos grupos industriais turísticos e empresariais, acabam sendo coniventes com muitas das práticas imobiliárias, mesmo que destruidoras dos patrimônios natural e cultural e têm agido de maneira bastante tímida com relação à fiscalização.

A população local participa muito pouco dessa economia desencadeada com a expansão do turismo, a não ser como trabalhadores, pois não há disponibilidade de capital de origem local (FONSECA, 2005).

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Nesse sentido, Gomes (2006) constata que a pesca já não é mais apenas o produto básico da alimentação da população, é também um produto imprescindível para as refeições dos turistas que visitam essas áreas, tendo o pescador para quem vender seu produto. De pescador a vigia. Essa é a nova realidade cotidiana que moradores dessas pequenas cidades passam a vivenciar, buscando novas alternativas que possam gerar renda. Assim acaba ocorrendo à evasão de mão de obra pesqueira para a atividade turística.

Dessa forma, a consolidação e o fortalecimento da indústria turística no litoral Sul do Rio Grande do Norte, especificamente em Tibau do Sul implicaram impactos não apenas sobre os recursos naturais paisagísticos, mas principalmente sobre a cultura da população nativa (ARAÚJO, 2002).

Os impactos do turismo se referem a um conjunto de modificações ou sequência de eventos provocados pelo desenvolvimento da atividade nas localidades receptoras. Resultam de um processo e não constituem eventos pontuais (RUCHMANN, 1996).

Os impactos gerados pela atividade turística podem ser positivos ou negativos. Não é possível desenvolver turismo sem que ocorram transformações ambientais, socioculturais e econômicas em uma localidade (GRANDE, 2009).

De acordo com a OMT – Organização Mundial do Turismo (2003), os impactos sociais estão relacionados às transformações nas vidas das pessoas que moram em comunidades-destinos e estão mais associadas ao contato direto entre moradores e visitantes, enquanto os impactos culturais estão em conformidade com as mudanças nas artes, artesanato, costumes, valores e estilo de vida de um povo.

Nesse contexto Diegues (2001) define que se por um lado o turismo pode contribuir severamente para a desorganização das comunidades tradicionais, por outro lado, se adequadamente planejado e controlado pelas próprias comunidades, pode ser um aliado importante na revitalização da economia e culturas tradicionais. No caso dos caiçaras, pode-se observar que, quando as comunidades puderam manter seu território e suas atividades tradicionais, seu relacionamento com os turistas e veranistas não foi um elemento desorganizador do modo de vida, ao contrário daqueles casos em que a perda de acesso às praias e de suas terras, as restrições geradas pelas áreas naturais protegidas foram uma das causas mais importantes da marginalização social.

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1.3 TURISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A sustentabilidade do turismo está em pauta em diversas localidades do mundo e inclui reconhecer a importância de planejamento a longo prazo. Turismo sustentável é um conceito sério atual e demanda aplicabilidade imediata.

Na Conferência de Estocolmo (1972), aludindo a esse modelo de desenvolvimento e como parte das iniciativas de criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o canadense Maurice Strong, em 1973 cunhou o termo Eco-desenvolvimento.

A década de 1990 constituiu momento relevante para o entendimento da problemática ambiental no Brasil. Nela, houve a pretensão do Governo brasileiro, apoiado pela ONU, de sediar a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMA 92), buscando-se maiores fundamentos para a concepção do desenvolvimento sustentável. A necessidade de se pensar as relações entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental estimulou o debate entre os vários setores da sociedade, tanto quanto corroborou para que a questão ambiental fosse traduzida em uma legislação avançada.

Para Furtado (2000) a ideia de desenvolvimento possui pelo menos três dimensões: a do incremento da eficácia do sistema social de produção, a satisfação de necessidades elementares da população e a da consecução de objetivos a que almejam grupos dominantes de uma sociedade e que competem na utilização de recursos escassos. A terceira dimensão é, certamente a mais ambígua, pois aquilo a que aspira um grupo social pode parecer para outros simples desperdício de recursos. O mesmo autor ainda afirma que estamos longe do verdadeiro desenvolvimento, que só ocorre quando beneficia toda a sociedade.

Nessa linha de pensamento, Sachs (1993) explica que os esforços para alcançar o desenvolvimento ecologicamente sustentável precisam ser redobrados no terceiro mundo, onde se alcançam níveis de degradação ambiental intensificados pela condição de extrema miséria das populações. Para o autor, planejar o eco-desenvolvimento implica na consideração de cinco dimensões da sustentabilidade: a social, a econômica, a ecológica, a cultural e a espacial.

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O autor acima ainda sugere que as propostas de um desenvolvimento local alavancável por meio do turismo alternativo estariam na representação das possibilidades desse turismo equalizar cinco objetivos, cuja compatibilização é muito problemática, quais sejam: preservação/conservação ambiental; identidade cultural; geração de ocupações produtivas e de renda, desenvolvimento participativo e qualidade de vida.

Para Leff (2000) a cultura ecológica enriquece as perspectivas da transição democrática, propondo não só novos direitos humanos vinculados a preservação da diversidade cultural e ecológica, mas um ponto de democracia social, que articula as exigências tanto da participação da sociedade no processo político plural como de descentralização econômica, com um processo de reapropriação social da natureza por parte das comunidades, capaz de integrar a população marginalizada em projetos de auto-suficiência produtiva.

Segundo Swarbrooke (2004) é preciso começar a ver o turismo sustentável como parte de um sistema mais amplo de desenvolvimento sustentável: um sistema aberto, no qual, cada elemento afeta os demais. Uma mudança em qualquer elemento suscitará uma reação em cadeia nos outros elementos do sistema. Em outras palavras, se fazemos algo para tentar desenvolver formas mais sustentáveis de turismo, isso afetará outros elementos não-turísticos do sistema. Por exemplo, a tentativa de reduzir o número de turistas pode reduzir os impactos negativos do turismo sobre o meio ambiente, mas pode também prejudicar a comunidade local ao reduzir os benefícios econômicos do turismo em termos de emprego e salários.

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1.4 CONFLITOS NO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

O município de Tibau do Sul possui grande quantidade de recursos naturais disponíveis que exercem papel de importância socioeconômica para diversos atores. Essa área vem sendo paulatinamente comprometida pelo uso desordenado do solo, desmatamento e degradação dos ecossistemas fauna e flora, devido a instalação de grandes empreendimentos empresariais que têm contribuído principalmente para desarticulação das comunidades nativas e descaracterização da área (SCUDELARI, 2005).

Referindo-se a essa questão sempre que um projeto de desenvolvimento regional for instaurado e estruturado sem levar em conta a realidade socio-econômico-cultural e ambiental, provoca formas mais ou menos radicais de desterritorialização (DALLABRIDA, 2000).

De acordo com Raffestin (1993), qualquer projeto no espaço que é expresso por uma representação revela a imagem de um território. A imagem ou modelo, ou seja, toda a construção da realidade é um instrumento de poder. Portanto, o planejamento territorial regional, pode ser instrumento de poder, tanto para os agentes locais do desenvolvimento, como para a dominação do território, quando realizado sem a efetiva participação da coletividade local.

Segundo Santos (2007), a lógica de a industrialização apropriar-se dos espaços naturais e sociais de acordo com as necessidades imediatas de expansão e reprodução econômica e a obtenção do maior lucro em curto prazo é a medida do espaço. No entanto, impactos de natureza socioambiental têm sistematicamente ocorrido, com efeitos desastrosos à vida das populações que dependem diretamente dos recursos naturais para a sua reprodução social, pois essa lógica expansionista, não contempla as diversidades culturais e suas diferentes formas de interagir com a natureza, ou seja, a natureza é reduzida a empreendimento econômico.

Quanto aos conflitos no uso do solo foi desenvolvido esse tema, a partir dos conceitos de espaço geográfico, território e territorialidade.

O conceito de espaço geográfico definido por Santos (1997) é de “um sistema de

objetos e um sistema de ações”, onde o tempo e o espaço estão associados, apresentando

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O espaço geográfico, definido como de acumulação desigual de tempos (Santos, 1982), traduz sua leitura como suporte físico das relações políticas econômicas e sociais, ou seja, a análise geográfica de um espaço pressupõe recortes, ou delimitação de uma determinada extensão territorial, a qual é transformada em objeto de estudo.

Castells (1983) analisa o espaço como segregação espacial dos estratos sociais, dentro de uma conjuntura histórica determinada, onde se destacam os conflitos resultantes dos choques de interesses entre a população, a lógica dos agentes capitalistas e as políticas urbanas. Lefebvre (2001) defende que o planejamento do espaço é um instrumento estratégico do capitalismo e do Estado para a manipulação da realidade urbana fragmentada e para controle de sua produção.

Quanto ao conceito de territorialidade, é importante esclarecer sua diferença com território. Territorialidade é definida como tudo que se concentra no território, ou o processo subjetivo de conscientização da população de fazer parte de um território, de integrar-se em um Estado. Enquanto o território é o espaço revestido de dimensão política, “a territorialidade refere-se ao conjunto de práticas e suas expressões materiais e simbólicas capazes de garantirem a apropriação e a permanência de um dado território por um determinado agente

social, o Estado, os diferentes grupos sociais e as empresas” (CORRÊA, 1994).

A territorialidade regional pode ser entendida como o sentido de pertença, de identidade regional, de tomada de consciência regional e de ação regional. Todo projeto de desenvolvimento regional, desencadeia um processo de reconstrução/reapropriação de um determinado território, esse entendido como o espaço apropriado. Essa reconstrução/reapropriação do território implica uma nova ordenação territorial (DALLABRIDA, 2000).

Para Harvey (1992), o domínio do espaço reflete o modo como os indivíduos ou grupos sociais poderosos dominam a organização e a produção do espaço mediante recursos legais ou extralegais a fim de exercerem um maior grau de controle. É importante enfatizar que a produção do espaço envolve sempre, concomitantemente, desterritorialização e re-territorialização.

Para entender melhor esse processo, devemos ver território como uma rede de aglomerados de exclusão, onde alguns grupos sociais se inserem enquanto outros ficam excluídos.

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impossibilitados de construir e exercer efetivo controle sobre seus territórios, seja no sentido de diminuição político-econômica, seja no sentido de apropriação simbólico-cultural (HAESBAERT, 2004, p. 312).

No sentido amplo da ordenação territorial, para Gomes-Orea (1993, p.1) conceitualmente, a ordenação do território é a projeção no espaço das políticas social, cultural, ambiental e econômica de uma sociedade. O estilo de desenvolvimento determina, portanto o modelo territorial, expressão visível de uma sociedade, cristalização dos conflitos que nela se dão cuja evolução não é senão o reflexo das mudanças na escala de valores sociais. Portanto, é a partir da estruturação e ordenação territorial que se dará o desenvolvimento local.

Os condomínios de luxo e grandes empreendimentos turísticos marcam a segregação socioespacial em Tibau do Sul, principalmente na praia de Pipa, onde há uma transformação excessiva na área territorial: vilas se transformam em lugares de badalação, com restaurantes sofisticados onde a comunidade local não participa desse espaço, completamente modificado. Ao mesmo tempo começa a ocorrer uma segregação espacial das comunidades, que foram ficando concentradas em determinados locais. Mesmo nesses locais, na maior parte dos casos a faixa de beira mar foi comercializada e cada vez mais pescadores morando nas encostas têm dificuldade para passar os equipamentos de pesca, pois as residências de veraneio são construídas muradas (Calvente, 2001), com cerca elétrica e segurança.

Não é por vivermos hoje, aquilo que muitos denominam de “sociedade em rede”, dos

fluxos e da virtualidade, que desapareceriam os movimentos de relativa fixação e

“enclausuramento” territorial. A começar pela permanência deste princípio desterritorializador e profundamente excludente que é a propriedade privada da terra, ou seja, territorializador para os proprietários e desterritorializador para os alijados do acesso (HAESBAERT, 2004).

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Reforçando esses problemas Demo (1993) explica que a exclusão social não é passível de mensuração, mas pode ser caracterizada por indicadores como a informalidade, a irregularidade, a ilegalidade, a pobreza, a baixa escolaridade, o oficioso, a raça, o sexo, a origem, principalmente, a ausência da cidadania. A ausência material é a face externa da exclusão política.

Com relação ao planejamento territorial Silveira (1999) defende que a participação local constitui um pressuposto decisivo para o fortalecimento de sistemas comunitários. Na especificação do conceito de participação, entretanto, o desenvolvimento do turismo sustentável deve deixar clara a distinção entre a participação ampla em todos os estágios do processo de planejamento, implementação e controle de ações de desenvolvimento e a simples manipulação de recursos humanos para a implementação de projetos, programas e planos turísticos concebidos de fora e impostos à população de forma mais ou menos autoritária.

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2 METODOLOGIA GERAL

2.1 ÁREA DE TRABALHO

O município de Tibau do Sul situa-se no litoral leste do Estado do Rio Grande do Norte, distante 80 km na capital do Estado (Natal), seu acesso se faz pela BR 101. Compreende uma área continental, outra costeira, com 104km² e aproximadamente 11.707 habitantes (IBGE, 2009). Os principais fatores que influenciam na caracterização climática da área estão relacionados com a sua localização geográfica. O clima da região caracteriza-se como subúmido, com temperatura anual de 26ºC e uma umidade relativa média anual de 74%. Os meses de maior incidência de chuva são abril e julho.

Figura 1. Localização da área de estudo – Estado do Rio Grande do Norte – Nordeste do Brasil, em destaque o município de Tibau do Sul, que compreende uma área continental, outra estuarina.

FONTE: Imagem (Google, 2010).

2.2 CARACTERIZAÇÃO GERAL DO MUNICÍPIO DE TIBAU DO SUL

O território inicialmente habitado por tribos indígenas recebeu o nome de Tibau, palavra que significa entre duas águas, por estar estrategicamente localizado entre a Lagoa de Guaraíras e o Oceano Atlântico (Figura 1). De fisionomia natural, composta por dunas e falésias, que servem espaços privilegiados do paisagismo extraordinariamente diversificado. O município oferece excelentes condições para as práticas de esportes radicais, de passeios ecológicos a cavalo, e a pesca de albacora, robalo, dourados, xaréu, cavalas etc.

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nas proximidades das águas. Em 1930, o distrito contava com 2000 moradores. A estrada de acesso à praia foi inaugurada em 27 de janeiro de 1952, pelo governador Silvio Pedrosa (CAVALCANTE NETO, 2008).

No início dos anos 1980, o hotel “Marinas”, construído à margem do estuário Guaraíras, administrado pelo empresário Rogério Bivar Simonetti, tornou-se o marco do advento da atividade turística em Tibau do Sul (Jornal local, 2010).

A cultura local não é beneficiada com bibliotecas públicas. A rede pública educacional no município é composta por 9 escolas, 159 professores efetivos e 40 contratados e no ano de 2009 obteve o número de 2600 alunos matriculados. Todo dia 13 de junho a cidade comemora a festa de seu padroeiro, Santo Antônio, com a realização de atividades religiosas e de manifestações populares, próprias da época junina e shows com bandas de outros estados, não incentivando a cultura local (Dados fornecidos pelo funcionário da Secretaria de Educação e Cultura do Município de Tibau do Sul, 2009).

Quanto aos indicadores sociais, de acordo com Pochmann e Amorim (2004), o município de Tibau do Sul está na 327º posição no Ranking com relação à situação social índice de pobreza correspondendo a 0,372 e apresenta um IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de 0,65, índices considerados baixos se comparados a nível nacional.

Há quinze anos, Tibau do Sul era uma pequena cidade com menos de cinco mil habitantes, que vivia estritamente da pesca e agricultura de subsistência. Com a chegada dos turistas na década de 1990, e principalmente investidores, a cidade se transformou, cresceu, desenvolveu-se, mudou sua economia da pesca para os serviços.

O turismo representa a principal atividade geradora de renda para a região e a praia de Pipa, a mais conhecida, recebe anualmente um grande fluxo de turistas nacionais e estrangeiros, atraídos pelo clima, exuberância natural e pela beleza local (PIERRI, 2008).

2.3 TÉCNICAS METODOLÓGICAS UTILIZADAS

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Trata-se de um estudo analítico, de abordagem qualitativa e quantitativa. A opção por este método se justifica por propiciar a compreensão do problema in loco, ou seja, por possibilitar um aprofundamento do objeto de estudo na realidade em que o mesmo acontece, viabilizando o acesso às atividades e aos valores dos indivíduos entrevistados.

Segundo Oliveira (1999) as abordagens quantitativa e qualitativa são dois métodos diferentes pela sua sistemática, e principalmente, pela forma de abordagem do problema que está sendo objeto de estudo, precisando, dessa maneira, estar adequado ao tipo de pesquisa que se deseja desenvolver. Entretanto, para esse autor é a natureza do problema que irá determinar a escolha do método.

A abordagem quantitativa, conforme o próprio termo indica, implica em quantificar opiniões, dados, sob forma de coleta de informações, assim, como também empregar recursos e técnicas estatísticas, os quais foram utilizados nesta pesquisa.

Um dos pontos fortes da pesquisa qualitativa é sua capacidade para acessar de imediato o que acontece no mundo, isto é, examinar o que as pessoas de fato fazem na vida real, em vez de lhes pedir para comentar a respeito (SILVERMAN, 2009).

Segundo Minayo (2000) a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares, preocupando-se com um nível de realidade amplo. Assim ela trabalha com um universo de significados, motivos, crenças, valores e atitudes.

Com base no método indicado por Oliveira (2007) e Andrade (2009), esta é uma pesquisa descritiva, porque procurou abranger aspectos gerais e amplos de um contexto social, econômico e político de um grupo.

De acordo com Oliveira (1999) o estudo descritivo possibilita o desenvolvimento de um nível de análise em que se permite identificar as diferentes formas e fenômenos, sua ordenação, classificação e a relação entre as variáveis.

Estes procedimentos ocorreram em algumas etapas, a saber:

a) Primeira etapa

Para a coleta de dados utilizou-se um roteiro previamente elaborado, tendo em vista os objetivos propostos, a partir de um questionário com perguntas abertas e fechadas, elaborado, com base em pesquisas anteriores realizadas em comunidades pesqueiras, que possibilitou obter informações sobre a realidade desses sujeitos.

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informantes. Dessa forma, o informante, segue espontaneamente a linha de pensamento e de suas experiências dentro do foco principal colocado pelo investigador, começando a participar na elaboração da pesquisa (TRIVIÑOS, 2007).

De acordo com Alberti (2004), como primeiro passo, convém selecionar os entrevistados, entre aqueles que participaram, presenciaram ou se inteiraram de ocorrências ou situações ligadas ao tema e que possam fornecer depoimentos significativos. Assim, foram selecionados pescadores das diversas faixas etárias, para abranger um campo maior de conhecimento sobre a atividade pesqueira.

Esta etapa compreendeu a efetivação de entrevistas com 100 questionários semiestruturados (ANEXO 3), aplicados nas comunidades pesqueiras residentes na sede do município de Tibau do Sul e seus distritos; a praia da Pipa, Pernambuquinho e Bela Vista, não sendo estabelecida quantidade de questionários a ser aplicado em cada localidade, devido ao número populacional ser diferente em cada comunidade entrevistada, sendo estes aplicados de maneira aleatória, em lugares onde encontravam-se os pescadores, como por exemplo na praça principal, em suas residências e etc.

A coleta das informações foi realizada no período de março de 2009 a março de 2010, após a apresentação do objetivo da pesquisa a pescadores e autoridades locais.

b) Segunda etapa

As entrevistas iniciaram logo após a abordagem do pesquisador, apresentação e explicação da importância e dos objetivos da pesquisa. Os pescadores de uma maneira geral se disponibilizaram a participar das entrevistas.

Foi feita uma preanálise nos 40 primeiros questionários aplicados, como recomenda Bardin (2004), e ainda algumas correções na elaboração das questões.

c) Terceira etapa

Esta etapa constituiu-se na categorização das variáveis quantitativas e descritivas, na ordem que apareceram no instrumento de coleta e informações. O questionário foi dividido em três categorias, a primeira correspondeu aos dados gerais dos pescadores, a segunda relacionada ao desenvolvimento da atividade da pesca artesanal e a terceira discussão dos conflitos.

d) Quarta etapa

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extremamente confiável, não só pela qualidade dos resultados, mas também pela estabilidade no ambiente Windows (MOTTA; OLIVEIRA FILHO, 2009).

A utilização desse programa estatístico possibilitou o cruzamento de dados utilizando sempre duas perguntas com respostas, para verificar quais estavam relacionadas e atendiam aos objetivos da pesquisa.

Foram obtidas, assim, as frequências dos dados dos pescadores e sua atividade. Após as conferências das entrevistas, iniciou-se a análise quantitativa das informações e a restante da qualitativa, pois, como refere Trivinõs (2007) na pesquisa qualitativa, a coleta e a análise das informações ocorrem de maneira dinâmica.

Devido ao grande volume de informações obtidas através da aplicação do questionário com entrevista, composta de 40 perguntas, onde a intenção era conhecer o universo dos pescadores e seus conflitos, foi selecionado um conjunto de variáveis de maior relevância para a realização destas análises.

A agregação das informações foi realizada a partir da leitura e releitura das respostas abertas e fechadas, estabelecendo-se as convergências e divergências, definidas a partir da categorização das perguntas, tendo a análise sob a técnica de Bardin (2003).

e) Quinta etapa

Constituiu na elaboração do mapa de ocupação do solo a partir da pesquisa de campo exploratória, foto-interpretação e técnicas de geoprocessamento.

Para elaboração do mapa de ocupação do solo, foi utilizado ortofoto (2006) do município de Tibau do Sul obtida no IDEMA e imagens de Satélite Landsat 5 nas bandas 3,4 e 5 multitemporal, (1988, 2001, 2007), cedidas pelo Instituto Nacional de pesquisas espaciais

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Imagem

Figura 1. Localização da área de estudo  – Estado do Rio Grande do Norte – Nordeste do Brasil,  em destaque o município de Tibau do Sul, que compreende uma área continental, outra estuarina
Figura 1  – Área de estudo, Estado do Rio Grande do Norte, localização das comunidades pesqueiras   de Tibau do Sul ( Sede municipal ), Pernambuquinho, Bela Vista e Praia de Pipa
Figura 2  – Capturas de Pescado no Município de Tibau do Sul (2000-2008).   Fonte: IBAMA (2000-2008)
Figura 3  – Relação entre renda familiar das comunidades pesqueiras do município  de Tibau do Sul e o tempo em que os mesmos exercem a atividade de pesca
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