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Aspectos incomuns da paracoccidioidomicose infantil.

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Academic year: 2017

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R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 0 ( 4 ) : 2 2 3 - 2 2 4 , O u t - D e z , 1 9 8 7

A S P E C T O S I N C O M U N S D A P A R A C O C C I D I O I D O M I C O S E I N F A N T I L

A c h i l é a L i sb o a Bit t e n cou r t , J a c y Am a r a l F r e ir e d e An d r a d e , Ed ga r d M a r c e i i n o Car v a lh o, F e r n a n d o Se r gi o d a Si l v a Ba d a r ó e J a i r Sa n t o s M i r a n d a

S ã o r e l a t a d o s d o i s c a s o s d e p a r a c o c c i d i o i d o m i c o s e ( P C M ) in f a n til. E m u m d e le s,

a p r i n c i p a l m a n if e s ta ç ã o d a d o e n ç a f o i t u m o r a ç ã o a b d o m i n a l , s i m u l a n d o lin f o m a m a li g n o n ã o H o d g k in . O o u tr o a p r e s e n to u a c e n tu a d o e n v o lv im e n to a r tic u l a r , c o m

r u p t u r a d a c á p s u la . R e p r e s e n ta m o s e g u n d o e te r c e ir o c a s o s d e P C M i n f a n ti l o b s e r v a d o s n a B a h i a , a m b o s p r o c e d e n t e s d e á r e a s u r b a n a s .

Palavras chaves: Paracoccidioidomicose. Blastomicose sul-americana. Paracoc- cidioidomicose infantil.

É muito pequena a freqüência da PCM em crianças e adolescentes.1 6 7 8 Dentre 1899 casos, Castro & Del Negro3 encontraram apenas 3,68% com idade inferior a 15 anos. Recentemente, Londero e cols 6 fizeram revisão de 45 casos de literatura e apre­ sentaram mais quatro na faixa etária de 9-17 anos. Segundo estes autores, a quase totalidade dos casos in- fanto-juvenis de PCM do Brasil é proveniente dos es­ tados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás.

A finalidade desta publicação é apresentar o segundo e terceiro casos de PCM infantil observados na Bahia, os quais apresentam aspectos incomuns.

RELATO DOS CASOS

C a s o I - Criança do sexo feminino, com 11

anos, procedente de S. Sebastião do Passé (Bahia) onde reside em zona urbana, com história de 2 meses de emagrecimento, palidez e de tumoração abdominal. A o exame físico, constataram-se linfadenopatia super­ ficial generalizada, tumoração fixa no mesogástrio com 10x8 cm e, na face, lesão tuberosa e eritematosa com 0,6x0,4 cm (Fig. 1). A radiografia do tórax reve­ lou linfadenopatia hilar. As suspeitas clinicas foram linfoma maligno não Hodgkin e tuberculose.

C a s o I I - Criança do sexo masculino, com 12

anos, natural de Simões Filho (Bahia), onde mora em zona urbana. Tinha história de duas semanas de acen­ tuado aumento de volume da coxa e da região da arti­ culação coxo-femural direitas. Ao exame físico, cons­ taram-se acentuado edema com flogose, destas re­ giões (Fig. 2) e linfadenopatia cervical e inguinal. À

Pedidos de separatas para Dra. Achiléa Lisboa Bittencourt Serviço de Anatomia Patológica, Hospital Martagão Ges- teira, Rua José Duarte 114, Tororó 40000 Salvador, Bahia. Hospital Martagão Gesteira. Laboratórios de Doenças In­ fecciosas e Parasitárias, de Anatomia Patológica e de Imu- nologia do Hospital Prof. Edgard Santos, Universidade Fe­ deral da Bahia.

Recebido para publicação em 9/3/87

F i g . 1 - Caso I. Lesão tuberosa na face.

F i g . 2 - Caso II. Observar o acentuado edema da coxa di­

reita.

cirurgia, observou-se ruptura da cápsula da articula­ ção coxo-femural com presença de grande quantidade de material de aspecto purulento, que foi drenado. No ato cirúrgico, foi dado o diagnóstico de artrite piogêni- ca. Estudo radiológico do tórax e dos ossos da bacia e coxa foi normal. Estudo laboratorial de ambos os casos - Sorologia pela técnica da imunodifusão dupla com antígeno de P a r a c o c c i d i o i d e s b r a s i l i e n s i s foi

positiva. Exame direto e cultura foram também positi­ vos para este fungo. Testes cutâneos com a paracoc- cidioidina, PPD , candidina e tricofitina foram nega­ tivos. Foi feita determinação de linfócitos T e B através de técnicas previamente descritas9, tendo-se

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B i t t e n c o u r t A L , A n d r a d e J A F d e , C a r v a l h o E M , B a d a r ó F S S , M i r a n d a J S . A s p e c t o s i n c o m u n s d a p a r a c o c c i d i o i d o m i c o s e i n f a n t i l . R e v i s t a d a S o c i e d a d e B r a s i l e i r a d e M e d i c i n a T r o p i c a l 2 0 : 2 2 3 - 2 2 4 , O u t - D e z , 1 9 8 7

obtido resultados normais. Avaliou-se também a sub- população de linfócitos T, através do emprego de anticorpos monoclonais anti-OKT4 e anti-OKTs, não se tendo evidenciado alterações na proporção entre células T auxiliares e T supressoras. Exame anátomo- patológico de linfonodos cervicais, em ambos os casos, mostrou processo granulomatoso com extensa necrose de caseificação e numerosas formas leveduriformes com múltiplo brotamento (técnica de Grocott). No caso I, a biópsia da lesão de pele revelou atrofia epi­ dérmica e reação granulomatosa com numerosas for­ mas de/*, b r a s il ie n s is . Evolução e tratam ento-U sou-

se, em ambos os casos, uma associação de Trimeto- prim (320mg/dia) com Sulfametoxazol (1,6g/dia). No caso I, constatou-se desaparecimento das lesões ao final de três meses mas houve posterior descontinui- dade do tratamento com recidiva. O outro caso com­ pletou agora um ano de tratamento e não apresenta al­ terações há 10 meses.

COM ENTÁRIOS

N a criança e no adolescente há predominante envolvimento dos órgãos hematopoiéticos ? Londero e

cols6 classificam a PCM infanto-juvenil de acordo com a predominância do envolvimento e, por ordem de freqüência, em formas linfática superficial, óssea, gas­ trointestinal, septicêmica, cutânea e respiratória, estas duas últimas de rara ocorrência.

N o primeiro caso apresentado, constatou-se ex­ tenso envolvimento de linfonodos superficiais e pro­ fundos, mais acentuado ao nível dos linfonodos mesen- téricos, os quais formavam uma massa tumoral, simu­ lando clinicamente linfoma maligno não Hodgkin e tuberculose. Esta manifestação tem sido descrita pouco freqüentemente na literatura.2 7 Além disto, observou-se discreto envolvimento cutâneo, manifes­ tado sob forma de lesão única tuberosa ao nível da face. N o outro caso, o envolvimento foi predominante­ mente articular, com ruptura da cápsula e acentuado edema da pele, na ausência de lesões ósseas, aspecto este descrito raramente na literatura.7

A ausência de reatividade aos testes cutâneos feitos com diversos antígenos indica diminuição da resposta imune mediada por células, fato já observado em outros casos.4 E impossível, contudo, determinar se esta alteração existia ou se foi secundária à infecção micótica. Pode-se, contudo, nestes casos, determinar que a alteração da resposta imune não foi devido à redução de linfócitos T, nem tampouco à modificação na proporção entre células T auxiliares e supressoras no sangue.

Os pacientes com PCM são, em geral, prove­ nientes de zona rural.5 N o entanto, estes e o outro caso anteriormente observado na Bahia, constituem exem­ plos desta micose incidindo em indivíduos de zona ur­ bana.2

SUMMARY

T h e a u t h o r s p r e s e n t tw o c a s e s o f i n f a n t il p a r a ­

c o c c id io id o m y c o s is . I n o n e c a s e th e m a in p r e s e n ­ ta ti o n w a s a n a b d o m i n a l m a s s t h a t m i m i c k e d n o n

-H o d g k i n ly m p h o m a . I n th e o t h e r c a s e th e c h i l d h a d a j o i n t s w e ll in g w ith r u p t u r e o f th e c a p s u l e a n d th e c l in i­

c a l d i a g n o s i s w a s p i o g e n i c a r t h r i tis . T h e y r e p r e s e n t

th e s e c o n d a n d t h i r d c a s e s o f i n f a n til e p a r a c o c c i d i o i ­ d o m y c o s i s o b s e r v e d in th e s t a t e o f B a h ia , a l l c o m in g f r o m u r b a n a r e a s .

Key words: Paracoccidioidomycosis. South American Blastomycosis. Infantile paracoccidioido­ mycosis.

REFER ÊN C IA S BIBLIOGRÁFICAS

1. Azevedo JF , Lisboa CG. Paracoccidioidomicose: estu­ do de 160 casos. Jornal de Pneumologia 6: 30-33,1980. 2. Bittencourt AL, Andrade JA F, Cendon Filha SP. Para­

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5. Lacaz CS, Porto E, Martins JE C . Paracoccidioidomico­ se. Micologia Médica. Fungos, actinomicetos e algas de interesse médico. Sarvier Editora, São Paulo, 1984. 6. Londero AT, Gonçalves AJR, Cruz ML, Rozembaum

R, Cunha RQ, Machado ES, Vieira ARM, Carvalho FG , Braga MP, Azevedo ECL, Wanke B, Cruz M FF, Menezes JA. Paracoccidioidomicose disseminada “ in- fanto-juvenil” em adolescentes. Relato de quatro casos e revisão da literatura. Arquivos Brasileiros de Medicina 61: 5-12, 1987.

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fication enumeration and isolation of B and T lympho­ cytes from human peripheral blood. Scandinavian Jomal of Immunology 3: 521-532, 1974.

Referências

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