PROPOSTA DE UMA ABORDAGEM HUMANISTA
NA PEDAGOGIA DO ENSINO SUPERIOR
VOLORES IZABEL MARTINS VE BARROS
---~_.- - - _ .. _._._ . . . .
"~,., '
.. '
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA COMO REQUISITO
PARCIAL PARA A OBTENÇAO DO
GRAU
DE
MESTRE EM EDUCAÇÃO
OR I E NTADORt\
~MÍRIAN PAURA SABROSA ZIPPIN GRINSPUN
RIO DE JANEIRO
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Aventunan-~e cau~a an~iedade,
ma' deixan
de
a~~i~can-~e ~ pe~deha
~,{_ ,';C-,jmo • • • [aventunaJt-~eno
~e"tido mai~
elevado
~ pneci~amente
-tol1lan
c.o~L~ciQ.nciade
~ipnôpJtio.
KIERKGAARD
qU.e vem C.OH1 o C.fLC •• 6c..Llllellto. Tl\RTHl\NG TULBU
Meu entendimento
~ o ~nicote~ou~o
que
po~~uo,o
maio~de
todo~.[lIiUU/La in6inLtamente pe.queno
e
1Í~á.gilquaJ~rio c.ompa~ado
com
o~ pode.~e.~ da~t~e.va~, ~
ainda uma luz,
minha
~nic.alu
z.CARL G. JUNG
eo~ o~ eleito~
...
PERESTRELLO
vii
Ao~ aiuno~
da
FaQuidad~ d~M~diQina
da
Univ~~~idad~ Fed~~aldo Rio
d~ Jan~i~o,a
GEORGE BITTENCOUkI DOYLE MAIA; que me mostrou que
EN-SINAR
é
sobretudo EDUCAR;
a
JOÃO CIRIBELLI GUIMARÃES e ao Instituto de Microbiolo
gia da UfRJ, pelo apoio e cooperação na tentativa de
ENSINAR e EDUCAR;
a
FACULDADE DE MEDICINA da UFRJ, pela oportunidade
de
EDUCAR e possibilitar a
formaç~ode um Homem Integral;
i
Prof~MIRIAN P.S.ZIPPIN GRINSPUN, orientadora, mestra
e amlga, pela [orça e carinho que muito
me
ajudaram
na elaboração Jcste trabalho;
ao
Pro[. ELIEZER SCIINEIDER, pela r:,C'ncrosidade e
grandio-sidade do afeto e compreensão
~omque sempre
me
dis-tinguiu;
ao
Prof. ABRAM EKSTERMAN, pela paciente e atenciosa
ori-entação que me dispensou;
à
Prof~INGRID SIECKENIUS DE SOUZA, amiga,
colega
de
trabalho, companheira nas lides da UfRJ; com sua fiel
amizade, disciplina de trabalho e seus valores de res
peito
à
pessoa, me impulsionaram sempre a não
desis-tir;
aos
COLEGAS DA
6~ TU~~ADO IESAE, por me ajudarem a
desc~brir a realidade das Ciências Humanas
no
quotidiano
da Educação;
aos
DOCENTES do Instituto de Microbiologia da UfRJ,
pela
facilitação e
colaboraç~oprestada no
levantamento
dos dados, para a amostragem realizada neste trabalho.
ao Prof. WILSON LEON,
que com sua seriedade acadêmica, seu
espi-rito cientifico, seu apoio doméstico, suas
cobranças e exigências técnicas, e todo o
seu devotado companheirismo, fez com que
esta dissertação se viabilizasse,
o meu AGRADECIMENTO ESPECIAL
pág.
CAPo I INTRODUÇÃO --- 1
1.1. A Educaç~o e a Pedagogia --- 1
1.2. O Humanismo na pedagogia --- 4
1.3. O Aluno como Pessoa --- 14
1.4. A Interação Professor-Aluno --- 18
1.5. Objetivos do Trabalho --- 33
CAPo 11 METODOLOGIA --- 38
2.1. seleção dos Sujeitos --- 39
2.1.1. Populaç~o --- 41
2.1.2. fu~ostra --- 41
2.2. Instrumentação --- 42
2.2.1. Questionários --- 42
2.2.2. Observaç~o --- 44
CAPo 111 - RESULTADOS --- 45
3.1. Questionários --- 45
3.1.1. Alunos --- 45
3.1.2. Professores --- 66
3.2. Observação --- 72
3.2.1. Localizaç~o e Formação de Grupos de Alunos na Sala de Aula de Acordo com o Sexo --- 72
3.2.2. Aspectos da Comunicação em Sala de Aula --- 88
CAPo IV DISCUSSÃO 107 4.1. Análise Critica --- 107
pág.
4.1.1. O aluno --- 118
4.1.2. O Professor --- 122
4.1.3. A Interaçâo A1unn-A1uno --- 125
4.1.4. A Interaçdo Professor-Aluno --- 135
4.1.5. A Instituiçâo --- 149
4.1.6. O Espaço Educacional --- 159
4.2. Conc1usõ8s --- 161
4.3. Proposições e Recomendações --- 164
REFE~NCIÃS BIBLIOGRÂFICAS --- 170
BIBLIOGRÃFIA --- 173
ANEXOS: Programa da Disciplina de Microbiologia ---- 179
Questionários/Alunos --- 184
Questionários/professores --- 195
QUADRO DE ALUNOS: N9S PÁG.
1 46
2 47
3 48
4 49
5 50
6 51
7 52
8 53
9 54
10 55
11 56
QUADRO DE PROFESSORES: N9S PÁG.
12 67
13 68
14 69
15 70
16 71
Í N
o
I C E f) E G R À F I C O SPÁG.
GRÁFICO N9 1 73
GRÁFICO N9 2 77
GRÁFICO N9 3 82
*
*
*
Í N D I C E D E F I G U R A
PÂG.
FIGURA N9 1 108
perior.
Neste sentido, estudou-se sob vários aspectos, a
interação professor-aluno. ~nfases foram dadas
à
dinâmicada formação de grupos em sala de aula, bem como uos
víncu-los afetivos uí desenvolvidos.
A metodologia utilizada fundamentou-se no Estudo
de Caso, onde as observações realizadas se ativeram a uma
amostra de 20 alunos e. 3 professores envolvidos em uma dis
ciplina, regularmente oferecida ao curso médico da UFRJ.
Os resultados obtidos chamam a.atenção para:
1) a existência de parâmetros que até· então, tem
sido negligenciados no ensino superior, tais como:
. as características da Instituição;
a influência dos fatores. biológicos, psíqu:!:.
cos e sócio-ambientais nos.indivíduos·envol
vidos;
. as interações entre.os indivíduos.
envolvi-dos - professor-aluno e aluno-aluno.
2) a existência de um "Espaço Educacional", onde
deva ser implementad~ u abordagem humanista. no. ensino. sup~
rior.
S U H H l\. R Y
This paper focuses on the importance of a
Humanistic Pedagogy that cnphasizes the personal worth of
each individual in the University education.
Interactions between masters and students were
studied upon different aproaches. Emphasis was given to
the dynamic of group formation in the classroom as well as
the development of inter-personal relationships.
Twenty students of the Hedicine School of the
Federal University of Rio de Janeiro as well as three
teachers involved in the same field of study - Discipline
were carefully analised throuqh a proper Methodology.
Overall, the issue of the proposed study is
complex and multifaceted. Institucional factors as well as
bilogical, psychological and social factors should be
considered for a better understanding of thc problem.
Our results strongly suggest the existence of
an "Educational Space" ·,..,:here an up to date Humanistic
Pedagogy should be applied.
I N T R O D U
ç
à O1.1. A Educaç50.,e a Pedago~ia
Desde os primórdios da história da civilização,
que os homens transmitem de uns para os outros o saber que
det3m e que os constitui. A educação sempre foi o grande
meio que os homens dispunham para garantir as descobertas
e conquistas obtidas, ratificar sistemas e processos, e man
ter crenças, valores e iêéias implantadas em determinado
grupo. Ela existiu desde o momento em que uma pessoa com
dominio de algum saber, teve intenção de ensin~-lo a outra
pessoa que não sabia e queria aprender.
A antropologia identifica como processos sociais
de aprendizagem, a transferência do saber tribal, que iria
desde a fabricação do arco e flecha, até a recitação de r~
zas sagradas aos deuses da tribo; assim, neste tipo de
so-ciedade primitiva, o saber seria adquirido pela
convivên-cia das pessoas entre si, fluindo de quem sabia e fazia,
para quem não sabia e então aprendia.
Segundo Durkheim (1911)
"SGO rCi3imp trib~l, :1 caracterrstic:1 essen-cial reside no fato de ser difusa e aJminis tiud3 por todos os elementos do c13: n;o hã
r:l c ~, t r c s d c t e r m in;] dos, n c []i i II S P e t o r c s e s p e
-ci~is para a formaç;o da juventude: esses
fi "
r (:
i s :~ :í () cl C' S c 11)r
c n 11 .'1 d l) S P o r t o dos o s a n-~_:ll~;~)~·; C ~JC1l) conjl:nto (::lS gpraçõcs
2
Para Carlos Br~nd50 (l~81),
"o ensino farm.:1l
e
o momento em que a educa ç;o se sujeit.:1 ; ped.:1gogia (.:1 teori.:1 d.:1 ed~ CQção), cria situações proprias para o se~ cxercIcia, produz os seus m~todos, estabcl~cc SU.:1S rczrns c tempos, e constitui execu-tores espcci,Qlizados. f qU.:1ndo aparocem a escola, o aluno, e o professor . . . ".(2)
Na antiga civilização grega, a transferência do
saber pela Educação era ro~lizada atrav6s de t~oca~
intc~-pe~~oai~, por relaç6es fisicas e afetiv~s entre as pessoas
envolvidas no processo, isto é, o professor e o aluno.
Para os gregos, a formação do homem se concretizava
inde-pendente da escola, pois resultava da aç50 de todo o meio
s6cio-cultural sobre ele. O que efetivamente o educaria, e
o formaria, seria a din3.mica da vida, da cOHv.(,vêVlCÚt
c-ntILc-a~ pc-~60a6. A escola, seria ent50, simplesmente, o espaço
onde esta convivência poderia acontecer.
Na escola, o importante seria pois o aluno, c nao
o ensino, entidade abstrata.
A escola, é o lugar onde se realiza a Educação,
definida por René Hubert (1946), como uma açao
-
exercidapor um ser sobre outro, ou mais precisamente, um adulto so
bre um jovem ou por uma scraçao madura sobre a geraçao se-
-Esta açao e orientada - com um fim a atinsir,
ten-do pois toda Educação um destino, e est~ndo desta maneira,
sujeita a uma lei de finalidade. lI,. i "da segl1ndo I1uDert, o
fim da Educação parece resolver-se menos na posse de
Gattegno (1950) julga que a Educaç~o
5
para o individuo, o crescimento de seu Cil.-npO de . .
.
:).
,co~n8Clmen~~ae ~a~
maneira que seu desenvolvimento represente uma integração
de todos os elementos ~o nGcleo do seu grupo contextualiza
do, dilndo-lhe deste modo, a possibilidade de realizar uma
extensão do agregado.
A Pedagogia e definida por Debesse e Mialilret
(1974), corno a teoria e prática da Educação, formi:mdo um
conjunto de meios postos em ação para atingir os fins atri
buídos à Educação.
No inicio do s5culo XX, Durkheim (1971) julgou a
Pedagogia, corno um conjunto de teoriil3 e de maneirils de
conceber a Educaç~or n~o de praticá-la, isto e, sendo uma
forma de teoriil práticil da educação, tirilndo SUilS nocoes :.
bQsicas da psjcclogia e dil sociologia. Sua funç~o b5sica
seria guiar a pr~tica, ajudilndo, se preciso, u. pro encher
possíveis lacunas, ou socorrendo as insufici5ncias que
eventualmente se verificassem.
Ilubert IIenz (1970) afirma que a Pedilgogia,
"torn.:l a educaç20 como re.:llidade, ccscreven do-a, compreendendo-a e comparando-a. N~o c pur.:lmentc descritiva, nem .:lpenas renomenol~
gica, nem simples an51ise categorial, ne~ uma mera comprccns;u das relaç~es, nem so-mente pesquisa de fator. E tudo isso, mas ao mesmo tempo, sempre uma V1S;O do conjun-to educacion.:ll na tr.:lma de conjun-todos os seres c agentes." (3)
Luiz Sancnez (1936) utiliza a expressa0 "ato
4
de uma comunidade, e cujo fim
5
a formaç5o dapersonalida-de em funç50 personalida-de alguns valores personalida-determinados.
Entenje-se pois, q~e a Educaç50 e a Pedagogia,
por definiç5o, tenham como seu objeto fundamental de trab~
lho, o aluno, faltando entretanto, nesta consideraç~~ a va
lorizaç~o deste aluno como pessoa, o que s5 ~ possIvel com
a utilizaç~o do conceito de Humanismo.
1.2. O Humanismo na Pedagogia
O conceito de humanismo de Burckhardt (193G), e
a descoberta do homem enquanto homem, e consequentemente a
reafirmaç50 de tudo quanto ~ humano.
o
termo humanismo, tem sido utilizadocoloquial-mente, para referir todo o sistema de valores que enfatiza
o valor pessoal de cada indivIduo.
A Pedagogia deve ser necessariamente unificadora
do conjunto da pessoa G da vida, articulando, reunindo,
fortalecendo as ligações tanto entre as faculdades do indi
viduo, bem co~o entre o indivIduo e as realidades
contexto hist5rico-social sempre maior.
de um
A incorporaç5o do lIumanismo pela Pedagogia, além
de desej5vel,
6
possivel, pois vem ao encontro, de acordocom Roberto Etave (1972), do anseio b5sico dn homem, de
descobrir sua pr5pria unidade profunda, sua personalidade
una. Tal élnseio é seguido [>ela necessidade do homem em de~
cobrir a unidade pro~undél do cu com a realidade do mundo.
exercitar todas as suas faculdades, de tal maneira que elas
se integrem har~oniosamentei e também valorizar a relação
entre os educandos e o contexto hist6rico-social-econ5mic~
e vivificar esta relaç~o, de tal modo que os alunos se sin
tam me;nbros vivos, ativos, e participantes na História
vi-va de seu tempo.
Alguns estudIosos como John Martin Ric~Carl
Ro-gers, Arthur Ramos e Rubens Alves, t6m se dedicado a anal!
sar a educação sob a luz do aspecto humanístico, dando um
tratamento abrangente na an51ise efetuada. Merecem
desta-que todos os educadores desta-que procuram ver esta an51ise al~m
da abordagem ensino-aprendizagem, e sim entrando no
enfo-que da essência e existên~ia do próprio ato pedagógico.
Um dos caminhos mais completos de análise da edu
caça0, em termos da relac~o que se efetiva nesta área,
po-de ser tomado a partir dos fundamentos legados por
Sigmun-do Freud em sua teoria psicanalítica (1886). ProcuranSigmun-do in
terpretar a ação do homem na sua totalidade, Freud nos ofe
rece os subsIdios para refletirmos sobre quem ~ este Homem
que age, interfere e interage no proces0 educacional.
Educar, para Freud (1932), seria uma profissão
impossível I pois como ele próprio justificou em sua XXXIV
Conferência,
tI S':2 COilsiJerc:lrI110S agol"'3. os JifIccis
problc-m .:l S c c' ';] q \! C S c d e f r 011 t.:l o c d \l C a c! o r - c o mo
c 1 c: t c, 11l C <.' r c c o n h c c c r :1 i n d i v i d LI .:11 i Li .:l de c o n s
titucion.:ll d.::! cri3nçn, de inferir, a partir
'.~c 2°,;\];':",.:-; iucl:cÍ.Oé;, o que
e
que estn seIJ:1~.;s.:;.ndL~ n:! Inentc il~1atur~ dC~:t3,
uc
dar-lhe:l (i U ;1 :1 t .L \.j a J c í...~;-: :1 t..1 d c n m o r (l ~ :1 J 1110 S ~ll o l c In
6
Conseguir t21 equillbrio seriu. o ideal no proce~
50 pedugógico, muito embora seja dificil "o oferecimento de uma quantid.:ldc e:-:3 t.:l de élmor" e de difercnçélr, com pre-cisâo, a autoridélde do élutoritarismo do professor. Isto se ria ide21, n50 só no processo pedu.gégico, mas no próprio desenvolvimento educ.:lcional do indivIduo.
A Psican~lise véli nos proporcionélr analisar este
equillbrio necess5rio ao desempenho individual
nas no que tange ao próprio indivIduo, mas na relação que
ele estabelece com os outros na sua di n5mica de vida.
Rich (19/5) I .:ltr.:lvés de suas ponderações, tem
difundido a proposta de um.:l pedu.gogi.:l que considere .:l pes-soa integralmente, exercitando todas as suas faculdades, de tal maneira que elas se integrem harmonios.:lffiente.
"A clcsintegraç:Jo das relações pr~l1lãrias de
g r u p o c a r.l l' 1 t i p 1 i, c <l ç :1 o cI e r e 1 a ç o e s s e c u n d 5.
rias c ela impessoalidade iCvoU ao desenvoT
vimcnto :~ uma desconfiança de outros nao
muito con: .. ciJos. Existem tendências para
ver os outros em termos Je sua utilidade em ajudar-nos a progredir, profissional ou
so-cialmente. Ê bem menos frequente desejarmos
conhecer realmente os outros como pessoas,
p01S isso leva tempo, exiBe muito e pode
causar ligações emocionais que, mais tarde, poelcr;o ser afetadas ou destruldas. Envolve
um risco e uma Jisposiç:Jo para sacrificar
11 o ~; ~; u s ~, C' n t i ml' n tos e III [a v o t' d o bem - c s t a r J e
outros. Assim, e muito mais seguro e f5cil
ver e tratar as pessoas com um sentimento
ele externalidade, esquecendo que elas tem
uma vida interior de pensamento e de senti
monto. Essa atitude de externalidade [acilT
tn o tratamento das pessoas como COlsas ou
objetos a serem manipulados para se progre-dir n;t vida.
O :.:ipo ele s()cied::t..!c l~l~! (:l:C' VlV()::~os
dl..,·senc()-i·' o l: :: 1) II l- U c r :; ~ : I,' ;: ~-; )
-
-.
V C ~ Li:1 t ;~ r 1 t) S 1 :..1
ll;lO
l !1 t c L~
-S l~ (l. i'!.l
CLl l~lubL~:-l, ~~::-u
-o
cultoa
quantidade e definido por Rich ( 1975). I .
-como quant~o~caçao.
'I • r- • - • 1
A quantlllcaçao Impregna a cu tura amerlca na com a fascinaç;o ante o tamanho e a gran
dcza, bem como uma fixaç;o na quantidade.
Os n~mcros tornaram-se instrumentos no
fun-cionamento de nossa sociedade. Tudo isso lo
va a urna convicç;o de que sabemos mais so-bre coisas e pessoas do que realmente sabe-mos, já que, se podemos qU:lntificar as ea-r a c t e ea-r I s t i c: :; de nossas vidas , isso s i g n i f i ca que introduzimos exntid;o, ordem, coeren
cia e conveni~ncias num mundo complexo. Ou,
pelo menos, assim parece. A primeira armaJi lha
5
acreditar que sabemos, verdadeiramen= te, muito sobre qualquer coisa ~uantificando essa ('()isa. O segundo el"I"O e acreditar que o produto acabado de toda essa quantifi caç;o torna a vida mais razo;vel e, por con seguinte, ma~s satis[at~ria devido a sua sistcmatizaç;o e controlabilidaJo. Ao quan-tificar essas coisas só as podemos conl!"cer externamente, enquarto b:lnhar nossas vidas em nGmeros e quantidades despersonaliza o indivíduo apesar disso oferecer mais ordcm."(7)
Ex;tc.!r.i~aLédad('_, é um conceito <1mplamente
cmprcg<1-do por Rich (1975) em Educaç~o, pois par<1 ele,
l'e;
outro fator que contribui para adcsuma-nizaçao c a alienap;o. H~ muitas rclaç;es SOClalS que t&m po; base apar~ncias sup~r[i
C1BIS e tempor~rias. Um nGmero excessivo d~ n~s tende a julgar os outros muito rápida e impressionisticamente, depois de lhes ter-mos sido apresentados pela primeira vez e de conversarmos com eles por apenas a1 ;:ns minutos. Temos cateBorias e ~ompartimentos
1.mediat;llOlcnte?i nOSS;1 di_sposiç;o pé1ra clas-sificar e estcreotipar."(H)
Jolm r-la:!:'tin Rich (l975) em su.J. análise sobre Educaç5o, valoriza .J. formilç~o e a manutenç50 da~dc.nt~dade.
Ele julga quo C~ saral, il identidade cst5 se formundo sem
8
sar da personalidade imanente, que tais forças seriam
aba-fadas pela necessidade de se representar papéis sociais de
terminados pelo grupo ou classe social.
lIA busca da .identidade
e
cumulativa emter-mos das experiências da vida e das relações interpessoais de uma pessoo. Trata-se de uma
concepç~o que ~ rnodific~vel i luz de novas
experiências, com o sentido de bem-estar,
de individualidade e de pertencer de uma
pessoa estando diretamente relacionado com
sua habilidade para lidar com a busca da
identidade."(9)
"Os problemas de identidade sao cruciais no
nosso tempo dcv: 1o a transformações e a des
conjunturas generalizadas na vida social,
po
lItica e ccon~mica. Essas mudanças tamb&~
causoram no s~u caminho
dos sistemas de valores
modos de comportamentos
tos."(lQ)
-
~a crosao gradual
tradicionais e de
que antes, eram ace~
Rich, lança m~o de um conceito de extrema
impor-t3ncia social, mas que ele enfatiza sobremaneira na
Educa-ç~o - a DeGumani~aç~o. Tal conceito
6
constituído de umadimensão exterior, que advém das relações interpessoais p~
las quais as pessoas se relacionam umas com as outras e
também por uma dirnens50 interior que é a maneira como uma
relaç50 faz uma pessoa sentir-se, e como influencia o seu
auto-conceito, bem como seu sentido de dignidade pessoal.
Propõe uma cla3sificaç~o de cinco tipos, para si
tuações desumanizantes( com a justificativa de que,
qual-quer rclaç~o intcrpessoal que produza no individuo, um ou
mais dos efeitos relatados nos tipos propostos, e desumani
zcJ.ntc. sêi.o
te,
é
bem menos frequente na vida do individuo do queou-tros tipos, porém,
é
tQO perturbadora que pode deixar cica...
.
trizes pSlqulcas permanentes.
No decorrer da situaç~o brutalizante e principal
mente depois, o i~divlduo ex?crimenta sentimentos
profun-dos de choque, mortificaç5o, copsternaç~o, Lncreduliddde,
vergonha, culpa, ressentimento, inutilidade.
2) T.tpo li Ulild'-hcOit~ ou H um,U.hctç.ão
Gera uma sensaç50 de destruiç50 mesmo que de
mo-do temporfirio, mo-do sentimo-do de dignidade de uma pessoa. g a
perda ou danificaç50 do resDeito prõprio do indivfduo e do
seu valor pessoal. "Um sentido de dignidade
é
essencial p~ra todas as pessoas,"
Ocorre quando aquilo e quem uma pessoa acredita
ser e desgastado, irritado, desestruturado.
"Os efeitos dessas situações despertam um sentido de perda pessoal, um sentimento que já n;o se sabe quem se é e o que se está fa zendo. Sejam quais forem os fatores que pr~ cipitam a situaç;o, seja a intenç;o da ou= tra parte m3liciosa ou n;o, o ponto focal está sempre no resultado final dentro da vi da interior do indivíduo e seus efeitos na~
sua s r e 1 a ç õ e s s o c i a i s f u t u r as. A s s i TIl, a s p e r turbações que abalam o sentido de identida= de do indivíduo devem ser julgadas em
ter-mo~ de poderem vir a permitir que esse indi vIduo se realize mais ou ent;o, de provare; ser céonic.:1!llentc danosas."(ll)
illals como um objeto que pode do que como uma pessoa a ser bem trat.:lda."(12)
10
ser ffianipulado respeitada e
Nesse tipo, pode-se ter duas relações básicas:
" re l aç .J:o escr.:lv.J.", quando o trat.:lmento dado ao
indivIduo e o mesmo que o considerado a um objeto ou peça
de propriedade que pode ser manipulada de acordo com a von
tade do "dono".
"reLlç.J:o robô" I quando o tratamento dado ao in
divlduo ~ o mesmo que o dispensado a uma máquina, isto e,
ele seria considerado apenas em funç~o de sua efici~ncia,
um objeto que executaria tarefas rapidamente e obedeceria
ordens sem discussão. O tratamento seria similar ao
minis-trado às mãquin~~, que não têm sentimentos ou emoções, se~
do que os desejos e objetivos da pessoa jamais seriam
con-siderados.
"Sempre que uma rel.:lçao social gera um sen-timento de empobrecimento pessoal em que o individuo já não se sente como o portador de seus próprios poderes e capacidades e co mo a fonte de suas próprias ações."(l'~)
E~contramos esta situação quando o indivIduo sen
te que seus atos estão subordinados a autorid~dcs J.nV1Sl-.
.
..
veis em determinada hierarquia c que este poder vai
aumen-tando, dia-a-dia, o controle sobre ele.
Os tipos propostos se sobrepõem em algumas cara~
Essas situações, quando levadas a extremos na vi
da de determinado indivIduo, podem gerar uma grave crise
nas suas relações • L • •
lnLerpessoals e ocaslonar, pelo seu
con-teGdo ansiogênico, o desencadcamanto do processo de
adoc-cer no individuo.
Frequentemente em Educação, observamos as segui~
tes situações desumanizantes:
- Auto-conceito do aluno em conflito com o
con-ceito do professor quando este lhe transmite o sentido de
que ele
é
~enos do que realmente pensa queé.
Transmissão pública ao aluno, de senso de
in-competência quando seus trabalhos são ridicularizados, em
função de avaliação do professor, que parte de um perfil
-de aluno por ele i-dealizado e nao do -desempenho
manifesta-do em cada aluno.
Em geral, o resultado de tais situações desumani
zantes e a introjeção pelo aluno, das caracterIsticas que
lhe foram atribuldas pela figura de autoridade. Ele
sente-se com o respeito próprio abalado e incapaz de produzir.
- A agressão fIsica pela autoridade ao aluno, ao
~enos nos grandes centros urbanos brasileiros, nao mais
existe, mas os castigos morais e emocionais, as
humilha-çoes, continuam frequentando com assiduidade as nossas
sa-las de aula.
Os eo.s~i'Jcs c puniçucs I ~nrvc:n r:1o.is como rcforç~o
12
- O tratamento dispensado ~o aluno, como um nume
ro de registro na Instituição de ensino, a consideração de
que ele deva cumprir satisfatoriamente seu papel discente,
qual seja, ~dquirir conteúdos e obter aprovação em determ~
nada disciplina, ~ uma rclaç~o objetaI, que pode
determi-nar no aluno uma alienação de si próprio.
- No professor, observa-se uma ~licnação na med~
da em que ele apenas cumpre normas e regulamentos estabel~
cidos na Instituição, ao invés de voltar-se para seu traba
lho específico.
Esta vis~o coercitiva da Educação, tem sido ana
lisada por "llCJuns educadores com~ Jules IIcnry (l9GS), que
identificam na educação um fator gerador de sit\laç6cs
con-flitivas e pouco estimulantes ao desenvolvimento do
auto-conceito do aluno. O parQmetro do certo-errado, justo e in
justo, bom e mau, é dado pela autoridade do professor. O
aluno não participa desta categorização sendo a sua
atua-ção observada mais a nivel de expectativa do professor do
que das suas próprias potencialidades.
Isto, e a c.,s c.o tCt ele.) ~wlcuLa, que estirnula em
alu-nos e professores o temor cJe scrc;n isolados, de ficarem so
zinhos, de serem ridicularizados ou rejeitados socialmcn~.
Rollo May (1985) em sua an5lise sobre cultura e
comunidade observa que em nossa sociedade,
",J. luta pelu sucC:sso
ticiv~; urn~ pessoa c
t :-:. ~- c t r i U i.l
r
:1 r ~j L) !) r cé cssc;1cialmcnle COn1pl~
b lO' ;;. S ü c e cl i cl .::t s C s u p 1 a ~
os ~,;eu:~ C01:1:Jl.i ti,lni'"'l'S.
SClr:c:o o v;l1.or cu1Cur::l dOiHL!1:1nt:2
ue
3utO-~lV.11 i :1,; :1 (); c 1 c G a c c i lo c o III o o _
I1ll': '
cl c vaI i liar
co-mo aos olhos dos outros. Seja o que for q~e
ameaça esta meta ~, portanto, uma ocasiao
para profunda ansiedade do individuo em nos
5a cultura, porque a ameaça ~ a valores co~
siderados essenciais
a
cxist~ncia do indivIduo como uma personaliJade - isto e,
essen-ciais para o valor e prestIgio do indivIduo
c o mau ::1 a p e r s o n :lI i d a de. "( 1 4 )
Em consequênci~ de tais padr6es, o mito do suces
so competitivo, definido essencialmente em termos
econ6mi-cos, evolui necessariamente para o nível das reaç6es inter
pessoais.
A cultural com seus valores sociais, interfere
na e sobre a educação. Assim, a competição, hoje,
é
um dosvalores mais identificados no grupo social que vivemos. E~
ta competição, se por um 13do din."'mi za, impuls iona, es tim~
la, por outro lado pode gerar a ansiedade, o confronto e o
desinteresse. Rollo May, ~~;lete que o esforço competitivo
pode levar a uma ansiedade, chegando inclusive, a um isola
mento e hostilidade social do individuo.
do diz que
Karen Horney (1937), aprofunda esta an5.1ise qua~
"a c o m p c t i ç ?í o a S S li,) como a h os t i I i d :l J e p o -te n c i .'l I
c:
u e a a c o :n p a n h a • i m p r e g na to das a srelaç~0s human:ls. Ü cspIrito de competiç;o
C; um dos [:1tOl~l'S predominantes nas l~l'la(;õcs
sociais. lmrrc~na as rel:lç;es dos homens en
tre si, das mulheres entre si, e quer a di~
puta seja em torno da popularidade, compe=
t~ncia, atraç;o ou qualquer outro valor
so-cial, prejudica imensamente as
possibilida-des de uma .3mizade sincera. Como j ; foi
in-dicado, tambem PC1"tllrba as relações entre
llomens e mulhci"CS n30 50 na cscollla tlc
par-cerro, mas em toda a luta com ele pela supe
r i \,)!.~ i li :.~ (1 c. T 1111) r c g n.'} .:l v.i. <.1 a \..~ S L: 01 .; )-. }~, tal
=-v c Z o lI! ~t 1.;-; i I:: il o t" t .3 n t c d (' t II do, ;} v i J;1 J e [a
lllI.i..i . .:l e~;L::l ilubuLJa ucsse L~spl:l.-ito de
n-ça é inoculo.ua com seu germe desde os me i ros anos de sua exi s tênc i<1. II (15)
14
pri-o
respaldo encontrado n2 literatura acima meneionada reforça a certeza que a ex~ltaç~o dos valores humanos
e priorit5ria no processo pe~~g6gico, permitindo assim que
a Educação considere a pessoa em sua integralidade.
1.3. O Aluno cano Pessoa
Ao ingressQr no ensino superior, o aluno quase
que simultaneamente ~ sua comemoração por ter sido
aprova-do no exame de Vestibula~ tem que conviver com as
diferen-ças pedag6gicas existentes entre o ensino de 19 e 29 graus
e do 39 grau, tais como:
19) buscar o conhecimento em livros diversos, dar
semin5rios, receber durante as aulas, uma simples
orienta-ção de estudo, ter mais de um professor para a mesma disci
plina, ser parte de grandes turmas, onde ele nao passa de
um entre v5rios alunos brilhantes academicamente;
29) colocar ~ prova diariamente a sua opção
pro-fissional, com Q realidade de seu curso de formação;
39) vivenciar liberdades pessoQl e acadêmica.
E=tas s50 condiç6es altamente ansiog6nicas para
o alu~c, no seu primeiro semest~e de curso superior.
~o mo~ento crItico ~Q vidQ um jovem CIt:e o
dc-termina um impacto que 6 massacrante e at6 cruel,
servin-do, muitas vezes de agente desencadeador de doenças.
Somam-se a estas diferenças, as características
de uma instituiç~o de ensino superior, que em meio a
pes-quisas, atividades administrativas, trabalhos de consulta,
reuniões de comissões, colegiados e departamentos, relega
a um plano secundário o seu estudante de graduação,
trans-formando-o em um numero de registro no computador. Para
conseguir operar a grande burocracia que faz funcionar a
universidade, o aluno, para a administraç50 acad~mica, to~
na-se um ser impessoal, cuja identidade, desejos e
aspira
-çoes, perdem-se na massa indistinta de rostos e nomes sob
o titulo de Co~po VlSC~ILt~. Enquanto isto, as autoridades
tentam freneticamente que a máquina universitária, com seu
complicado mecanismo, nao emperre.
E assim, ao ser desumanizado e despersonalizado,
o estudante ve sua formaçQo para a carreira que escolheu,
como algo enfadonho, dificil e carente de sentido; acima
de tudo, não sente satisfaçQo pessoal, apenas uma sensaçQo
de vazio, solidQO e desesperança.
Carl Rogers (1978) procura evidenciar e
transmi-tir uma grande confiança na potencialidade e sabedoria do
homem para realizar as transformações n.'cess5rias ao mundo
e aos povos atrav6s da E~ucaçQo. Trabalhando com a aprend!
zagem significativa (processo de aprendizagem auto-inicia
da pelos alunos), Rogcrs preconiza que o professor, além
de transmicir conceitos, posslblli~a a auto-confiança do
16
Ainda segundo sua concepçao, sao propostos dez princípios básicos na efetivaçQo da aprendizagem signific~
-1-' .... lva:
1) O homem
6
natural~n~te curioso a respeito desi e do ambiente em que vive: possui um potencial natural pari:l aprender.
2) s6 tem significado na aprendizagem, o conteG-do que implici:l na mi:lnutenção ou elevação de si mesmo.
3) A aprendizagem que determini:l mudanças na au-to-percepção, é ameaçadora e pode ocasionar reações.
4 ) "As aprenJiz.::lgens que ameaçam o proprLo
-
, se rsao ma~s facilmente percebidas e assimilad.::ls quando as amea
ças externas se reduzem a um liH . . . n~mo. 11
5) "Quando
e
[caca a ameaça ao 'eu' pode-seper-ccber a experi~ncia sob formas diversas, e a aprendizagem
ser levada a efeito."
6) f: através de açoes que se realiza a aprendizi:l
-gem mais significativa, colocando-se o aluno em contato ex perimental direto com problem~s pr5ticos.7) A aprendizagem significa~iva rende o máximo quando o estudante participa responsavelmente do seu pro-cesso, escolhendo os seus recursos t6cnicos de
aprendi~~-gem, enunci.:mrlo prob1e::::.::; próprios I decidindo que direções
seguir e assumindo as consc~uCnclas de cada uma dessas
op
8) A aprendiz~gc~ que envolve o estudante
inte-gralmente,
é
a que mais dur~ e que mais o impregna.9) V~lorizando-se basicamente a auto-critica e a
auto-apreci:~ç=o do aprendiz, estimula-se a sua
indepcnd6n-cia, criatividade e auto-confiança.
10) A ~prendizagem que mais rende soci~lmente, e
a do próprio processo de aprendizagem, porque possibilita
ao aluno o instrumento b5sico para solucionar os seus futu
ros problemas do quotidiano, de si mesmo c do mundo.
Baseado nestes dez principios b5sicos enunciados,
podemos concluir que:
- o aluno deva ser considerado como uma
integral e não uma unidade cognitiva;
pessoa
- igu~lmente, o professor dever5 estar convicto
da sua respons~bilidade como educador devendo ser
presti-giado na sua função e satisfeito com a sua tarefa;
as instituiç6es ~c ensino superior deveriam
pautar suas legis~ações e funcionamento, em uma consciente
e humanista filosofia da Educaç=L.
Sua proposição através dos principios b5sicos ser
vem de orientação para a implementação de uma Pedagogia hu
manista, centralizada no alunv, pessoa integral. Não ve
contudo, para o estudante, um processo f5cil e sem dificul
dades, pelo contr5rio, esta Pedagogia, por envolver as
di-mens6es cognitiva, afetiva e emocional, dc~crmina
envol-18
vido no processo.
~ preciso que consideremos a dor e a ansiedade
como sentimentos construtivos quando canalizados por condl
-çoes e objetivos positivos e conduzidos por um mestre
res-ponsável, respeitador do aluno e conhecedor do processo
emocional que ele vivencia.
Em Ro)ers (1978), o grande referencial para a Edu
caça0 e a preocupaçao em preparar e formar o aluno, para
uma busca constante de conhecimentos, num mundo ~ue se
ca-racteriza pela grande velocidade das mudanças e sucessao
constante de transformaç6es de toda ordem. enfatizado
por ele que esta
é
porém a grande dificuldade da Educaçãonos dias de hoje - não ter adaptado seu paradigma as novas
solicitaç6es da humanidade no século XX.
1.4. A Interação Profcssor-n'uno
11 • • ~1 i n 113 e 1110 ç a o 3 o -\ n t.: o n t r a r 111 e li ve 1110 Iue s
tre-escol~ adverte-me de que antes de tudo~
devo admitir urna coisa: ~ difIcil OLzer se o que exerceu mais influ6ncia sobre n~s c teve i:uportância maior foi a nossa preocupa ç2ío peI.::!:> cicllclas que nC1s eram ensinadas~
ou pela personalidade de nossos mestres.
E
verdade, no mínimo, que esta segunda preocu p.::!ç2ío constituia uma corrente oculta e coni tante em todos n~s e, para muitos, os camL= nhos d.::!s ciências passavam apenas atraves de nossos professores. Alguns detiveram-se a meio c.::!minho dessa estrada e para uns pou cos - porque n;o admitir outros tantos? -ela [oi por causa disto definitivamente bl~quc;ld~ ..
N Ô~, o C.~) r te j ::; v a :.1 o s o li Ih e v i r 3. v a mos a s c os
-l 3 s; i i~l a g i n 5 v ~ In os n c 1 ~ s ~; i m p a l i a s c a n t i 11 ~~
mos ou de [ o r la
â
v a ,u o s o s nos s os. E 1 e s p r o v o c a vam nossa mais en5r~ica oposiçao e forçi= vam-nos a uma submissio completa;bisbilho-tavamos suas pequenas fraquezas e orgulhava -mos de sua excel~ncia, seu conhecimento e sua justiça. No fundo sentiamos grande arei ção por eles, se nos davam algum fundamento para ela, embora não possa dizer quantos se davam conta disso. Mas não se pode negar que nossa posiçio em relaçio a eles era no-tavel, uma posição que bem pode ter tido suas inconveni~ncias para os interessados. Estávamos, desde o princípio, igualmente in clinados a am3-1 ns e a odii-los, a
criticá-=-los e a respeitã-criticá-=-los."(l6)
S. Freud, 1914.
Além de criar a P6 {c.a.JwtlU,G.a, Sigmund
Freud estudou possibilidades da sua aplicação em outras ci
ências.
Freud nQo necessariamente trabalhou sobre a
Edu-caça0, mas os fundamentos de sua teoria, ~or certo,
permi-tem uma reflex30 Dais precisa sobre esta arca.
Aos ~8 anos de idade, escreveu um artigo
intitu-ra uma publicação coletiva, em comemointitu-ração ao 509 aniversã
rio de fundação do colégio onde fez seus estudos dos 9 aos
17 anos. Este artigo, do qual extralmos o texto
introdutó-rio a este item, é uma reflexão sobre o que se ?rocessa
a-fetivamente na sala de aula, entre o professor e seus
alu-nos. ~ vista a import5ncia da figura do professor, a força
de sua presença para os alunos, e também a ambivalência
emocional, as ati~udes contradit6rias experimentadas pelos
~l~nos frente ao professor.
20
um dos pontos principais para compreensao do processo ensi
no-aprendizagem. A Psicologia fornece ~eios para que se d~
senvolvam análises satisfatórias nesta área da Educação,
sendo que ela n~o dir~ jamais
como
se faz, mas oferecerácondiç~es para que se reflita pOh que e paha que se faz.
A Psican~lise, enquanto cié3ncia, fornece as rneios
para a compreensao dos fatos como os mesmos se apresentam;
a Educação oferece o campo de ação desses fatos e de suas
consequências. A integração das duas ~reas do Conhecimento,
possibilita à Educação uma margem n"üor de dados para a re
flexão de uma postura mais crItica e coerente com o que es
tá ocorrendo a nlvel do conscionte e do inconsciente.
Não ~ intenç~o do presc~te trabalho um aprofund~
mento sobre o terna da PSicanálise, no sentido estrito de
sua contribuição para desvendar o lado nao explicitado
dos fatos, mas sim, chamar a atenção dos educadores para a
necessidade de se buscar na Psicanálise um referencial de
apoio para os problemas educacionais que se dão a nlvel do
descoberto ou do não revelado.
No ensino superior, os professores têm privado
com seus alunos um tempo tão pequeno que muitas vezes, e
até imposslvel ao aluno saber o nome do docente. Deste
mo-do, fica dificultada a possibilidade do estabelecimento de
um vInculo afetivo e através deste, desenvolver-se o
pro-cesso de transfer6ncia, essencial para uma tr~nsmissão,não
apenas de conteGdos program5ticos, mas sobretudo de um pr~
cesso cultural, de modelos de atitudes profissionais e
profissão.
Em geral, na situação de aula, o aluno nao tem
tido possibilidade de se identificar adequadamente com os
professores.
No atual sistema de ensino superior, feito para
um grande n0'~ero de estudantes, atendendo ~s necessidades
de massificação do ensino, é quase certo que o educando
passe desapercebido pelos professores, a menos que ele se
destaque por uma capacid2de intelectual extraordinãria ou
por um rompimento de normas de conduta e disciplina,
acei-tas pela escola e pelos professores. Os demais alunos sao
ignorados, arrolados como individuos indistintos um do
ou-tro.
Alguns alunos conseguem ser vistos como
indivi-duos próprios, identificando-se através do docente, pois
este, para o grupo, não emite de volta para os alunos a
percepçao deles como pessoas, isto
é,
a sua própria imagem.Em grande parte, os alunos são observados através de
rótu-los e preconceitos internalizados pelo professor. Assim,
não conseguem saber quem realmente são, e como sao, na si-
-tuação de sala de aula e consequentemcnte, no processo
pe-dagógico que se propõe a form~-los como profissionais.
Tal situação, na verdade nao seria tão
prejudi-cial ao aluno, se o professor conseguisse no minimo manter
uma ne~~ralidade diante da turma, não evidenciando
prefe-r~ncias, sim~atia ou antipatia por deter~inado aluno.
Fa-la-se ~n neutr~lidaJe do ponto de vista de imparcialidade
afetiva e n50 da neutralidade do posicionamento politico
I
f
I
~I
í
t
f
t
f
I
I
i
II
I
I
22
do professor enquanto educ~dor que e.
A atitude de escolha do professor, em geral
in-consciente, marca afetivamente os alunos, pois aquele que
&
simp5tico ao professor, tende a reafirm~r as qualidadesaprov~das pelo mestre e assim, torna-se cada vez mais agr~
dável. O aluno desagr.J.dEtvel ao professor, costum ,-
apresen-tar caracteristicas opostas as idealiza~as pe~o professor.
Como sao rejeitados, em geral ~usc~m ser not.J.dos ,~través
de indisciplina, passividade ou outr.J. atitude biz~rr.J.. Os
estereótipos do "bom" e do "mau" aluno, tendem a se
desen-volver em circulo, reafirmando-se os padrões.
~ possivel .J. um prof~ssor em sua classe,
per.ce-ber as caracteristicas positivas de cada aluno, em geral
bem diferentes de um para outro. Os professores que
conse-guem esta percepção, obtém de suas turmas um rendimento
muito gr.J.nde, porque estimulando as qualidades positivas
dos alunos, acabam acentuando-as. Há professores que
ape-sar de muito competentes em sua matéria, não obtém das
classes, um rendimento satisfatório, e julgam tal
resulta-do como consequência de um processo de ensino deficiente,
a que os alunos foram submetidos no 19 e 29 graus.
Rogers (1978) considera a figura do mestre como
o grande agente responsável pela transformação da Educação,
e em consequência, a tr.J.ns[ormação do mundo. Vizualiza não
um técnico, mas uma pessoa inteira, tão integral quanto o
aluno:
II S 1 • • • ~.. 1 1·
;.l [) c :11 U s que a ~ n .l c 1. a ç .:1 o Cl c t a .:1 p r e n (. .l Z ::l
enSl-nar que um lIder, no seu conhecimento erudi to do campo, no planejamento do curriculo; no uso de subsIdios audiovisuais, na progra mação do computador utilizado, nas pales~
tras e Llu1as expositivas, na abundância de 1 i v r os, l' li! b o r a t u d o i s s o p o s s a, uma vez o u
outra, ser empregado como recurso importan-te. Não, a facilitação da aprendizagem sig-nificativa baseia-se em certas qualidades de comportamento que ocorrem no relaciona-mento pessoal ent~e o facilitdJor e o apre~
diz."(17)
Há
algumas qualidades que ele consideraessen-ciais ao professor. são elas:
AuteJ1Ltc..tdad e:
Quando o professor é ele próprio na sua relação
com a classe, vivenciando seus sentimentos e
comunicando-os acomunicando-os aluncomunicando-os, num encontro pessoa-a-pessoa. Deste modo,
sem apar6ncias falseadas, ele passa a ser para os
estudan-tes, uma pessoa com sentimentos, afetos e também atividade
profissional.
Apreço ao estudante, a seus sentimentos, suas op~
niões, suas potencialidades. Aceitação do aluno como
indi-viduo com valor própr io. Confiança no aluno como possoa fun
damentalmente merecedora de crédito.
Sensibilidade perceber as reelçoes intimels do
aluno e aceit5-1as.
o
~luno torra-so profund~mente agradecido ao pr~fessor, por ser compreendido e aceito por e10 .
24
para o desenvolvimento de relações interpessoais num clima
positivo de respeito mútuo pelos papéis desempenha~os na
atividade integradora do ensino.
-Carl Rogers (1978) nao ve a Pedagogia como algo
impessoal e frioi pelo contrário, ela seria vivenciada
in-tensamente nas buscas e descobertas do quotidiano da sala
de aula, entre um professor e seus alunos.
"Sõ posso ser apaixonado na minha afirmaç:1o
de que a pessoa humana tem que ser levada
em conta, que relaç~es interpessoais
impor-tam muito, que sabemos algo sobre a liberta çao do potencial humano, que podemos apren=
der muito mais, e que, se n:1o dermos
aten-ç:1o intensamente positiva ao lado humano in
terpessoal do nosso dilema educacional, a
nossa civilizaç:1o estar~ a caminho da exaus
t:1o. Melhores cursos, melhores currIculos~
abrang~ncia mais ampla, melhores m;quinas
de ensino jamais resolver:1o o nosso dilema, na sua base. Somente as pessoas atuando
co-rno pessoas, no seu relacionamento com os
alunos, podem eventualmente começar a produ zir certa abertura no mais urgente problemi
d~ moderna educaç:1o."(18)
Há ainda duas reflex3es de Rogers, que julgamos
necessárias considerar neste estudo. A primeira, jUlgi'l o
Homem ambivalente no processo de aprendizagem, pois apesar
de sentir necessidade de aprender, é dolorosa a
aprendiza-gem, porque ele tem que abrir m50 de conceitos pré-estab~
lecidos, e isto envolve uma certa quantidade de dor. A
se-gunda, considera que no processo educaciunal cotidiano, h~
milhaç6es, ridlculo, depreciações, meno~~rezo e
desrespei-to, s~o ameaças a própria pessoa, à auto-percepção e em
consequ~ncia, interferem profundamente na aprendizagem.
Se0undo Dohoslavsky (1983),
~
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I
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"no ensino, seja qual for a c:?llcepçao de l i
-derança - democritica, autocratica e 'lai~
~c.z-6a{!tc.f - o vInculo que se supõe 'natur3l'
e
o vínculo de depend~ncia. O vínculo dede-pendência está sempre presente no ato de
en-sinar e se manifesta em pressupostos do
se-guinte tipo: 1) que o professor sabe ma1S
que o 31uno; 2) que o professor deve prot~
ger o aluno no sentido de que este nio come-ta erros; 3) que o professor deve e pode jul gar o aluno; 4) clue o professor pode determí
nar a legitimidade dos interesses do alunoT
5) que o professor pode e/ou deve definir a
comunicação possível com o aluno.''(19)
Tais pressupostos são inculcados no aluno em todo
o processo educàcional a que este se submete ao longo de
sua vida, pois são normas de conduta aceitas pela sociedade,
e em geral ratificadas pelo núcleo familiar.
A açao do docente baseado nestes pressupostos, e
a aceitação de tal açao por parte dos alunos, criam o clima
de distanciamento e frieza, habituai~ nas salas de aula,
pois eles sup6em os alunos como seres nao dotados d0
vonta-de pr5pria, livre-arbltrio p~ra açao e opção de comllnicação
e atividades, e ainda potencialidades diversas e variadas de
aluno para aluno.
Rich (1975) analisa a figura do professor, enfatl
zando o processo de comunicação desenvolvido entre ele e a
sua classe; não se atendo à an~lise da comunicação verbal,
busca justificar o clima emocional de uma sala de aula, atra
vés da comunicação não verbal.
"Os professores 3valiam con..;tantemente os es
tudantes não s~ por seu comport3mento verb3L
m3S tamb~m por suas ações e expressões. No
entanto, os professores nem sempre tem a
consci~nci3 da medida e da eX3tidão com que
os jovens Llvalinm seus professores. Da mesma
26
dem os brancos muito melhor do que os bran-c os bran-c o m p r e e n de m os negro s (p o i s a sob r e v i
-v~ncia dos negros depende disso), o estudan
te tamb~m precisa compreender os desejos e
a vontade do professor melhor do que o pro-fessor compreende (pois a sobreviv~ncia aca dêmica e psicológica do estudante depende disso). "(20)
A avaliação constante dos estudantes pelos
pro-fessores, através do comportamento verbal, ações e
expres-sões faciais,
é
intuitiva, não sendo habitual a sua discussao em reuniões de professores e em cursos de Pedagogia.
Os professores, em geral desconhecem o fato de
que os alunos fazem uma análise de suas personalidades e
preferências acadêmicas, praticamente durante o seu primel
ro contato com determinada turma.
Alguns professores, derois de al~um tempo na ati
vidade docente perdem o senso autocritico quanto ao compoE
tamento diante dos alunos não conseguindo notar ou
perce-ber erros ôe pronúncia, atitudes irônicas, sarcásticas e
de desafio, gestos deselegantes ou excessivamente formais,
altura muito elevada ou demasiado baixa e timbre desagrad~
vel da voz, maneira de andar, de gesticul~r, falta de poll
dez. Tais aspectos, considerados talvez de somenos
impor-tância, são relevantes para o processo de comunicação
en-tre professor e aluno.
Os processos de comcnicação oral e corporal sao
-ainda pouco estudados e em consequência, pouca import~ncia
lhes é dada, principalmente. nos meios educacionais. Dai ad
vem consequôncias importantissimas no processo pedag6gico,
uma vez que o c6digo linguistico pode ser uma b2rreira
pa-ra a comunicação eficaz em sala de aula, pois as
difcren-t
r
I
t
t
I
I
I
I
~
l
1
1
I
•ças culturais complicum os problemas do professor: o que
tem significaç~o para determinado grupo culturul pode rece
ber uma interpretaçQo e significaç~o em outro grupo. N~o
so a atitude individual, mas principalmente a atitude cole
tiva de uma turmu de alunos,
é
mediuda por éstasdiferen-ças culturais.
Em Rich (1975) vemos que:
"A maioria dos estudantes notam após algu-mas semanas numa classe, que
ha
uma atmosfe ra ou clima prevalecente, que pode variar ou ter certas semelhanças em relação ao cli ma encontrado em outras classes. Em certa~classes, na verdade, há urna atmosfera tão marcantemente distintiva que se tende a as-socia-la com o conteGdo substantivo e com as atividades do curso. O clima tende a co-lorir e dar um certo tom de sentimento per-ceptivel ao curso de modo que, quando se p e n s a n e s s e c u r s o, C.il r e t r o s p e c to, n a o s Õ se podera ser levado a recordar os aconteci mentos verificados nele e os resultados ob~
tidos do estudo, mas tamb~m conservar cer-tas atitudes e sentimentos para com essas atividadcs."(21)
Advém principalmente deste fator, a simpatia ou
antipatia que em geral sente-se com relaç~o a algumas
dis-ciplinas, e a associaç50 imediata que é feita a simples ~
ç~o da matéria, com a figura do professor que foi marcan~,
positiva ou negativumente para o aluno.
Ainda em Rich (1975)
"8
possível estudar as atividades nao-verbais da sala de aula de maneira a ajudar os professores a compreenderem influ~ncias que, muitas vezes, permanecem num nível subcons-ciente. O cornrortamento verbal ~ apenas um 2specto (ln ;::omportamento do professor e
te-r; J c S (I :1 1 i 1111 3 r c o n1 as 3 t i t II d c s c se n t i lU C n
tus cxiLiJus no comportamento n;o verbal s~ os professores desejarem motivar um estudo significante na sala de aula."(22)
i
I
I
I[
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I
28
9
professor, para Rubem Alves (1984), é uma fig~ra mitica e poética. Ele salienta que para além do
p~ofes-sor, existe a figura do educador, e a compara com antigas
e já desaparecidas profissões, tais como o boticário, o v~
lho médico de familia e o caixeiro-viajante. Estas
profis-sões tinham como traço comum ser a atividade, mediada pela
comunicação do profissional com as pessoas. Ele julga que,
o progresso industrial, o crescimento da população e das
cidades, mudaram o ritmo du vida, e em consequência, a
so-licitação desses profissionais aumentou, não sendo mais
possivel manter o mesmo nivel de atendimento. Como resulta
do dessa din&mica formaram-se obrigatoriamente novos siste
mas profissionais, os quais, não mais puderam atender ao
individuo como uma pessoa integral. A comunicação real afe
tiva, para acontecer precisa de um tempo e um espaço
pro-pr:.o. Segundo Rubens Alves (1984), este espaço nilo é H\.:l.is
valorizado nas novas profissões, e nem nas salas de aula.
Afirma ele:
"Eu diria que os educadores sao como as ve-lhas irvores. Possuem uma face, um nome, uma
'est~ria' a ser contada. Habitam um mundo
em que o que vale ê a rela~ão que os liga aos alunos, sendo que cada aluno ê um:-: 'en-tidade' ~ui geneni~, portador de um nome, também de uma '·Estoria ' , sofrendo tristezas e alimentando esperanças. E a educaç;o é aI go para acontecer neste espaço invisLvel
e
denso, que se estabelece a dois. Espaço ar-tesanal.cO.:ldores de café clcsc.:lrtiívcis, copinhos p13:.§.. ticos UC cilfG dCé;C.:.Jrti}"cis." (23)
Farber (19 G 9), j
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considera os professores comopessoas em geral inseguras, que buscam a salc:. de aula como
o espaço no qual podem exercer uma autoridade não contesta
da pelos alunos, e assim, compensar as suas necessidades
Je segurança e de auto-confiança:
"Não sei ao certo porque os professores sao tão fracos; t.:llvez a própria instrução aca-dêmica os obrigue a um.:l cisão entre pensa-mento e ação. Talvez a segurança inabalável de um cargo educativo atraia pessoas tími-das que não têm segurança pessoal e preci-sam das armas e dos demais adereços da auto ridade. De qualquer forma, falta-lhes muni~
ção. A sala de aula oferece-lhes um ambien-te artificial e proambien-tegido onde podem exer-cer seus des"jos de poder. Seus vizinhos têm um carro melhor; os vendedores de gasolina amedrontam-no; sua mulher pode dominá-lo; a legislação estatal esmagá-lo, mas na sala de aula, por Deus, os alunos fazem o que ele diz. Assim sendo, o professor faz alar-de alar-desta autoridaalar-de. Desconcerta os tagare-las com um olhar cruel. Esmaga quem objete algo, com erudição ou ironia. E, pior de tu do, faz com que suas próprias conquistas pi reçam inacessíveis e remotas. Esconde a ig~ norância maciça e ostenta seus conhecimen-tos inconsistentes. O medo do professor me~
cla-se a uma necessidade compreensível d; ser admirado e de se sentir superior. Ideal mente, o professor deveria minimizar a dis~
tância entre ele e seus alunos. Deveria en-corajá-lo a não necessitar dele com o tempo, ou mesmo no momento presente. Mas, isto ~
muito raro. Os professores transformam-se em sacerdotes supremos, possuidores de mist~
rios, em chefes; at~ um professor mais ou menos consicente pode se pilhar dividido en tre a n~ccssidade de dar e a necessidade d; reter, o desejo de libertar:·seus escravos."(24)
Na educação, a figura do p~ofessor destaca-se co
mo agente ativo e desencadeador da dinâmica do processo de
pes-30
soal, profissional, o seu m6todo de trabalho, a sua
histõ-ria de vida, são pois relevantes para uma Pedagogia
huma-nista.
Segundo Biddle e Rosencranz (1964), na pesquisa
em Educação, deve-se analisar a compet~ncia do professor
sob o enfoque comportamental, isto
é,
a sua habilidade deagir de modos especificos, em uma determinada situação
so-cial, com o fim de ocasionar reações empiricamente
demons-tráveis e aprovadas dentro do contexto no qual a função do
cente em quest~o existe. Para isto deve-se considerar as
variáveis do processo ensino-aprendizagem.
Já Goldberg (1973), profere que a avaliação
do-cente deve ser realizada a partir de variáveis preditivas
ou antecedentes do professor, isto é, suas caractcristicas
pessoais, experi~ncias profissionais, etc. O seu enfoque
é
nas variáveis processuais do ensino-aprendizagem, com ~nf~
se no comportamento do professor e do aluno, que interagem
na sala de aula. Ele parte da premissa de que a atitude do
professor é determinante das mudanças comportamentais
~ro-duzidas no aluno.
De acordo com Medley (1972), os estudos mais
an-tigos sobre a competência do professor, datam do final do
século passado e dedicavam-se principalmente a
diagnosti-car os "traços" ou diagnosti-caracteristicas do "bom professor".
O professor
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vitorioso ou fracassado no seu mister, nao pela su~ntidade de saber acumulado, mas principal
mente pela sua hClbilidadc de lidar com os Clluno::::; e ser acei
duo depende primariamente de relações interpessoaisi é
ur-gente que ele saiba o quanto é importante para o aluno, a
sua própria relação com ele.
~ preciso que o professor busque em cada aluno,
suas qualidades permitindo assim desencadear o seu
desen-volvimento, ao invés de evidenciar sua inadequação para al
gumas tarefas. Estas qualidades positivas, diferentes de
aluno para aluno, quando percebidas e devidamente estimula
das, impedem a auto-deprecia~~o e desvalorização. Esta peE
cepção, constitui então o grande segredo do professor vito
rioso em sala de aula.
A não observância por parte do professor, das ca
racterIsticas individuais dos alunos, sugere uma falta de
consciência do humano em si mesmo, permitindo a conivência
com situações que o desumanizam a cada dia, e
consequente-mente impondo o mesmo processo massacrante a seus alunos.
Quando, sob determinada circunstância ele percebe o cruel
da situação pedagógica que vivencia, pode faltar-lhe cora
gem para L'J.dar esta situação, pois seguné'.o Rollo May (1985) ,
lia coragem emerge do senso da própria ~igni
dade e da ~uto-estima; e a pessoa não e
co-rajosa quando n;o tem um bom conceito de si mesrna."(25)
Uma Pedagogia humanista seria aquela que
valori-zaria a integridade de cada indivIduo comprometido no
pro-cesso, os alunos e o professor.
Baseado nas referências acima mencionadas,
pode-se concluir que um sistema educacional aprimorado, depend~