1 OpresenteartigoébaseadoempartedaDissertaçãodeMestradoda primeiraautora,intitulada“Paternidadenaadolescência:Expectativas, sentimentoseainteraçãocomobebê”,orientadapelosegundoautor, apresentadaem2001noProgramadePós-GraduaçãoemPsicologia doDesenvolvimentodaUFRGS.Apoiofinanceiro:CNPq.
2 Endereço: Instituto de Psicologia, UFRGS, Rua Ramiro Barcelos 2600/111, Porto Alegre, RS, Brasil 90035-006.E-mail: d.cl@terra. com.br.
ExpectativaseSentimentosemRelaçãoà
PaternidadeentreAdolescenteseAdultos
1DanielaCentenaroLevandowski CesarA.Piccinini2
UniversidadeFederaldoRioGrandedoSul
RESUMO–Oobjetivodesteestudofoiexaminareventuaissemelhançaseparticularidadesnasexpectativasesentimentosem relaçãoàpaternidadeentreadolescenteseadultosqueesperavamseuprimeirofilho.Participaramdapesquisa23futurospais(12 adolescentese11adultos),queforamentrevistadosemsuasresidênciasnoterceirotrimestredagestaçãodacompanheira.As respostasforamexaminadasatravésdeanálisedeconteúdoqualitativa,combaseemquatrocategoriastemáticas(relacionamento comobebêedesempenhodopapelpaterno,criaçãodofilho,cuidadosdobebêemudançaspessoais).Osresultadosrevelaram maissemelhançasdoqueparticularidadesentreosdoisgrupos.Adolescenteseadultosindicaramexpectativaspositivasquanto aorelacionamentocomobebêeàpaternidade,apesardecertadúvidaquantoasuacapacidadeparaexerceropapelpaterno. Estesresultadossugeremqueaidadenãoénecessariamenteumfatordeterminantenasexpectativasesentimentosassociados àtransiçãoparaapaternidade.
Palavras-chave:expectativas;pais;paternidade;adolescência.
ExpectationsandFeelingsConcerning
FatherhoodamongTeenagersandAdults
ABSTRACT–Thepurposeofthisstudywastoexamineeventualsimilaritiesandparticularitiesofexpectationsandfeelings concerningfatherhoodamongadolescentsandadultswhoexpectedtheirfirstchild.Twenty-threefuturefathers(12adolescents and11adults),participatedintheresearchandtheywereinterviewedattheirhomesinthethirdquarteroftheirpartners’ pregnancy.Theanswerswereexaminedthroughqualitativecontentanalysis,basedonfourthematiccategories(relationship withthebabyandperformanceofthefather’srole,childrasing,babycareandpersonalchanges).Theresultsrevealedmore similaritiesthanparticularitiesbetweenthetwogroups.Adolescentsandadultsindicatedpositiveexpectationsconcerning relationshipwiththebabyandfatherhood,despitesomedoubtastotheircapacityintheirroleasfathers.Theseresultssuggest thatageisnotnecessarilyadeterminantfactorinexpectationsandfeelingsassociatedwiththetransitiontofatherhood.
Keywords:expectations;fathers;fatherhood;adolescence.
acompanhandosuasnamoradasemfunçãodeumavontade pessoalenãosomenteporpressõesfamiliarese/ousociais (Cabral,2003;Costa&cols.,2005;Fonseca,1998;Redmond, 1985;Siqueira,Mendes,Finkler,Guedes&Gonçalves,2002; Trindade&Bruns,1999).
Noentanto,DallaseChen(1998)constataramcertacon-fusãonosjovenssobreoqueesperardapaternidadeedoseu papelduranteagestação.Istopodeserdecorrentedofatode que,dentrodeumaperspectivadepapéissociais,gerarum filhonaadolescênciafazcomqueojovemtenhaquelidar simultaneamentecomdoispapéisopostos:aadolescência e a paternidade (Elster & Hendricks, 1986; Nunes, 1998; Robinson,1988).Serpaiconfrontaosjovenscomaprivação daliberdade,porteremquedarassistênciaaorecém-nasci-do,fazendo-os,muitasvezes,abdicardopapeladolescente (Nunes, 1998). Nos estudos realizados por Levandowski (2001b), Trindade e Menandro (2002) e Cabral (2003), a maioriadosadolescentestambémmencionoucomoaspectos ligadosaotornar-sepaiaresponsabilidadeeareduçãoda liberdade.Emparticular,osjovenscariocasentrevistadospor Cabralsalientaramaquestãode“darexemplo”edo“terque trabalhar”,quesinalizouadiminuiçãodotempolivreparaa “zoação”eoconvíviocomospares.
Aquestãodaprontidãoparaapaternidadetambémtem sidoinvestigadaentreosadolescentes.Conformerevisãofeita porWestney,ColeeMunford(1986),amaioriadosfuturos paisnãosepercebecomoestandoprontaparaoevento.Nos estudosdeAlleneDoherty(1996)eNunes(1998)foram encontradodadosquecorroboramtalafirmativa,poisospar-ticipantesprojetavamtornar-sepaiemidademaisavançada. TambémnapesquisaconduzidaporCabral(2003),compais adolescentes cariocas, de forma geral, eles consideraram inoportunoomomentodaprimeiragravidez,emfunçãoda ausênciadecondiçõesmateriaisparaocumprimentodopapel de“chefedefamília”.Dadossemelhantesforamencontra-dos por Aquino e cols. (2003), com pais soteropolitanos, porto-alegrensesecariocas,pois,nomomentodaprimeira gravidez,aamplamaioriadosjovensentrevistados(85,6% doshomens)nãoestavapretendendotornar-sepai,ousequer pensavanoassunto.
Umdosfatoresquepodecolaborarparaafaltadepronti-dãopsicológicadosadolescentesseriaomenorconhecimento sobreodesenvolvimentoinfantil(Belsky&Miller,1986), quepoderiaserlimitadoaalgumasáreas(Parke,Power& Fisher,1980),sendodecorrentedamenorescolaridadedos jovensoudamenorquantidadedecontatoeexperiênciascom crianças(Lamb&Elster,1986;Marsiglio&Cohan,1997; Young,1988).Outrosfatoresenvolveriamumaexpectativa irrealsobresuahabilidadeparacumprircomsuasobrigações paternas(Cochran,1997)eodesejodeestabelecerautono-mia,umavezqueapaternidadesignificariacontinuarsobo controledospaisoudasociedade(Teti&Lamb,1986).
Noentanto,anãoprontidãoparaapaternidadenãoéfato únicorelatadonaliteratura.DeacordocomWestneyecols. (1986),existemadolescentesqueseconsideramprontospara serempais.NoestudodeHendrickseMontgomery(1983), elesrepresentaram40%dosjovensentrevistados.Alémdisso, aproximadamente60%indicaramqueaexperiênciadapater-nidademudariasuavidadeformapositiva.Tambémosjovens entrevistados por Cabral (2003), apesar de considerarem queagravidezhaviaocorridoemummomentoinoportuno, fizeramreferênciaaofatodenãoestaremarrependidospor isso,considerando-aumeventopositivoemsuasvidas.
Ainda no estudo de Allen e Doherty (1996), os pais adolescentesmencionaramosignificadopositivodapater-nidade,vendoofilhocomoumadádivadivina.Muitosdeles indicaramqueserpaicontribuiuparaseudesenvolvimento pessoal,mostrandoumentendimentoprofundodestaexpe-riência,estandoconscientesdosdesafiosedosproblemas associadosaela.TambémnoestudodeDellmann-Jenkins, SattlereRichardson(1993),paraagrandemaioriadosado-lescentesosestressesdaparentalidadeestavamsendobem enfrentados.Elesreferiramsentirem-seseguroseconfiantes emseupapelparental.Porfimainteraçãolivrepai-bebêentre paisadolescenteseadultos,aostrêsmesesdevidadobebê, nãoapresentoudiferençassignificativasemtermosdoscom-portamentospaternosemrelaçãoàcriança(Levandowski, 2001b;Levandowski&Piccinini,2002).
Comrespeitoàfamíliadeorigemdestespais,aliteratura apontaumpadrãoderelaçãofamiliarcaracterístico,dere-laçãobastantepróximacomaprópriamãe,enquantoopai seriaemocionale/oufisicamenteausente(Allen&Doherty, 1996; Dallas & Chen, 1998; Elster & Hendricks, 1986;
Trindade&Bruns,1999).Estasituaçãopoderiainfluenciar negativamenteoadolescente,porreceberumamensagemde queemseufuturopapelnãonecessitariaseenvolvercomo bebê,porserestaumatarefafeminina(Teti&Lamb,1986). ParaTrindadeeBruns(1999),apresençadeummodelode atuaçãopaternaauxiliaorapaznasuavivênciacomopai, possibilitando-lheumparâmetrodecomoagir.Opaipodeser utilizadocomomodelodireto,oquegeraumrepetirdesuas ações;ouindireto,nomomentoemqueoadolescentereflete sobresuaexperiênciaearecria,elaborandoumamaneira própriadeeducarseufilhoeserelacionarcomele.
De fato, Allen e Doherty (1996) e Trindade e Bruns (1999)encontraramcomomodelopaternodeadolescentes oseuprópriopai.Noentanto,algunsparticipantesreferiram queestavamsendomelhoresparasuascriançasdoqueseus pais haviam sido para eles (Allen & Doherty, 1996). Os jovenscaracterizaramoseupapelcomodeprovedoreconô-micoedesuporteemocionalparaafamília,oquetambém apareceunosestudosconduzidosporTrindadeeMenandro (2002).DeacordocomAlleneDoherty(1996),estespais tambémviamasimesmoscomoosprincipaisdisciplinadores desuascrianças,talvezcomoumdesejodecontrabalançar aindulgênciamaternaoupeloressentimentoemfunçãoda ausênciapaterna.
DallaseChen(1998)constataramqueosparticipantesde seuestudoconsideravamcomocompetênciasdapaternidade, tarefascomoocuidadodacriança(afeto,direçãoediscipli-na,alimentação,trocaderoupa,idaaomédico)eoapoio financeiroecomastarefasdomésticas.Cabesalientarque aquestãodoapoiofinanceirofoipredominantenosestudos conduzidosporSiqueiraecols.(2002)eCabral(2003)no contextobrasileiro.Nessesentido,percebe-sequeospais adolescentesenfrentammuitasquestõessemelhantesàsde paisadultos,apesardeteremmenosrecursosqueeles.
Noquedizrespeitoaocuidadodobebê,muitasvezes osadolescentesdesejamauxiliarfinanceiramenteepartici-par(Robinson,1988).Nessesentido,conformeChristmon (1990),aauto-imagemdoadolescenteteriaumainfluência importantenoseudesejodeenvolvimentocomobebê,bem comoasexpectativaspessoaisemrelaçãoaopapelpaterno. Embora, por um lado, alguns adolescentes acreditem que podeminfluenciarpositivamenteavidadesuacriança,pela manutenção de contato e envolvimento (Dallas & Chen, 1998), por outro, eles podem vivenciar vários problemas que,emmuitoscasos,podemdiminuiraintensidadedesuas aspirações(Rhein&cols.,1997),taiscomo:oaumentoda responsabilidade(Allen&Doherty,1996),aeducaçãoda criança(Dellmann-Jenkins&cols.,1993),afaltaderecursos financeiros(Cabral,2003;Dallas&Chen,1998;Heilborn & cols., 2002; Hendricks, 1980; 1988), o sentimento de faltadematuridadeedefrustraçãoportentaremconciliaro cuidadodacriançaeavivênciadaadolescência(Dallas& Chen,1998),aperdadaliberdade,osconflitoscomamãe dobebêecomváriosmembrosdafamíliadaparceira,bem comoadificuldadedefreqüentaraescola(Hendricks,1980; 1988).
atender à demanda de conhecimento sobre a realidade de pais adolescentes e à falta de estudos comparativos entre adolescenteseadultos.
Método
Participantes
Participaramdesteestudo23futurospais,12adolescen-tese11adultos.Todosesperavamseuprimeirofilhoesuas companheirasnãoapresentaramcomplicaçõesfísicasdurante agravidez.TodosfaziampartedoEstudoLongitudinalde PortoAlegre:DaGestaçãoàEscola(Piccinini,Tudge,Lopes &Sperb,1998),queacompanha89casaisdesdeagestação atéosanosescolares,envolvendopaisemãescomdiferentes idades,níveissócio-econômicoseconfiguraçõesfamiliares3. Parafinsdopresenteestudoselecionaram-setodososfuturos pais adolescentes disponíveis e buscou-se emparelhá-los compaisadultos,emtermosdemoraremounãojuntocom
a companheira, bem como quanto à escolaridade e nível sócio-econômico.
Os pais foram selecionados em dois hospitais da rede públicadacidadedePortoAlegrequerealizavamgrupos degestantes(18),porindicação(02)eatravésdeanúncio emveículosdecomunicaçãolocais(03).Aseleçãosedeu atravésdesuascompanheiras,quepreencheramuma Entre-vistadecontatoinicialcontendoalgunsdadosdemográficos dos membros do casal. Aqueles que se enquadravam nos critériosdoestudo(ex:estaresperandooprimeirofilho,no terceirotrimestredagestaçãoesemcomplicaçõesfísicas) foramcontatadosposteriormenteportelefone.Arecusados futurospaisemparticipardoestudofoibaixa,cercade20% entretodososcontatados.
ATabela1apresentaascaracterísticasdemográficasdos participantes.Nogrupoadolescente,aidadevarioude16a 19anos(M=17,7anos,DP=1,0),enogrupoadulto,de25 a38anos(M=29,9anos,DP=3,8).Aescolaridadevariou, nogrupoadolescente,dequatroa11anos(M=7,9anos, DP=2,3)enogrupoadulto,decincoa14anos(M=9,2 anos,DP=3,3).Onívelsócio-econômicovarioudebaixo amédio,combasenaescolaridadeeprofissãodosfuturos pais.Emgeralosparticipantesexerciamalgumaatividade remunerada.
Tabela1.Caracterizaçãodosparticipantes.
Nº Idade Estadocivil Escolaridadeemanos Ocupação Sexodobebê
Futurospaisadolescentes
1 18 Solteiro 9 Operadordexerox Masculino
2 19 Companheiro 8 Marceneiro Masculino
3 18 Companheiro 5 Consertoseletrônicos Feminino
4 16 Companheiro 7 Fabricaçãodecoleiras Feminino
5 19 Casado 11 Auxiliardeescritório Masculino
6 18 Companheiro 7 Auxiliardeescritório Masculino
7 17 Solteiro 9 Office-boy Feminino
8 18 Companheiro 10 Auxiliardeescritório Masculino
9 18 Companheiro 5 Pedreiro/Estudante Masculino
10 19 Companheiro 11 Supridor Masculino
11 17 Solteiro 10 Estudante Feminino
12 16 Companheiro 4 Estudante Masculino
Futurospaisadultos
13 27 Casado 5 Pedreiro Feminino
14 30 Casado 5 Zeladordeigreja Masculino
15 34 Casado 10 Auxiliardeescritório Feminino
16 30 Casado 11 Marceneiro Feminino
17 28 Casado 11 Almoxarife Feminino
18 38 Casado 6 Mecânico Feminino
19 25 Companheiro 11 Representantevendas Masculino
20 25 Casado 13 Comerciante Feminino
21 32 Casado 14 Servidorpúblicofederal Masculino
22 29 Casado 11 Representantevendas Masculino
23 31 Companheiro 6 Comerciante Masculino
Delineamentoeprocedimentos
Foiutilizadoumdelineamentodegruposcontrastantes (Nachmias&Nachmias,1996),sendoumdefuturospais adolescenteseoutrodefuturospaisadultos.Foramexami-nados,emcadagrupo,asexpectativaseossentimentosdos futurospaisemrelaçãoàpaternidade.
Ospesquisadorescompareceramaseisgruposdeges-tante para explicar às mesmas os objetivos da pesquisa e osprocedimentosqueseriamrealizados.Aquelasquede-sejavam participar preenchiam umaEntrevista de contato inicial,queerausadaparaverificaroscasaisqueatendiam aoscritériosdeseleçãodosparticipantes,descritosacima. Após isso, era feito um contato telefônico para marcar a entrevista,realizadanaresidênciadocasalnoterceirotri-mestredagestação,entreosétimoeooitavomês.Nestedia, ambosassinavaminicialmenteumTermodeconsentimento informado(GIDEP,1998a),e,numsegundomomento,eram solicitadosapreencheraEntrevistadedadosdemográficos docasal,comoobjetivodeconfirmarecomplementaros seusdadosdemográficos.
Emumterceiromomento,erarealizadaindividualmente comofuturopaia Entrevistasobreagestaçãoeasexpecta-tivasdofuturopai,quetinhaduraçãodeaproximadamente 60 min e era gravada, sendo posteriormente transcrita. Outrosinstrumentosdeavaliaçãodamaternidade,docasal edainteraçãofamiliarforamtambémaplicados,conforme descritosemPiccininiecols.(1998),masnãoforamobjetos deanáliseparaopresenteestudo.4
Instrumentos
Entrevistadecontatoinicial (GIDEP,1998b):foipre-enchida pelas gestantes nos hospitais com o auxílio da pesquisadora,ouportelefone,comoobjetivodeselecionar os possíveis participantes do estudo. Investigava alguns dadosdemográficosbásicosparaaseleçãodaamostra,tais como idade da gestante e do companheiro, escolaridade, profissão,estadocivil,existênciadeoutrosfilhos,estadode saúdeduranteagestaçãoedataprevistaparaonascimento dobebê.Eratambémanotadootelefonee/ouendereçopara ocontatoposterior.
Entrevista de dados demográficos do casal(GIDEP, 1998c):visavaàobtençãodedadosdemográficosadicionais sobreosmembrosdocasal,taiscomomoradoresdacasa, tempodetrabalho,etniaereligião.
Entrevistasobreagestaçãoeasexpectativasdofuturo pai (GIDEP,1998d):investigavadiversostemas,comosen-timentosduranteagestaçãodacompanheira,envolvimento comagestação,mudançaspessoaiseconjugaispercebidas, alémdeexpectativasemrelaçãoaobebê,aodesempenhodo papelpaterno,aodesempenhodacompanheiracomomãe, etc.Asquestõesdaentrevistaqueembasaramemparticular opresenteestudoforam: “Comotuimaginasoteurelacio-namentocomobebêquandoele/anascer?”;“Comotute imaginascomopai?”;“Oquetuteimaginasfazendocomo
bebê?”; “Comotuteimaginasatendendoobebê(alimentan-do,consolando,fazendodormir,brincando)?”;“Equando elenãoquiserdormiroucomer,ouquandochorar?”;“Em quetuachasquevaispoderajudaratuacompanheiranos cuidadosdobebê?”; “Oquantotuachasqueobebêirámu-daratuavidaeadatuacompanheira?”;“Emqueaspectos tupensasqueocorrerãomudanças?”;“Comotuachasque vaitesentircomestasmudanças?”;“Comotuimaginasque vaiscriaro/ateu/tuafilho/a?”.
Quandoostemasdestasquestõesapareceramemresposta aoutrasquestõesdaentrevista,elestambémforamconside-radosparafinsdeanálise.
ResultadoseDiscussão
Asrespostasdosfuturospaisforamexaminadasatravés deanálisedeconteúdoqualitativa(Bardin,1977;Laville& Dionne,1999).Aanáliseocorreudeacordocomoesquema aseguir:1)transcriçãodetodasasentrevistas;2)demarca-çãodeunidadestemáticas;3)criaçãodeumaestruturade categoriastemáticasampla,apartirdaleituradasentrevis-tasedeoutrasestruturasdeanáliseutilizadaspreviamente (Krob,1999;Martini,1999);4)identificaçãodasunidades temáticasemcadaentrevista;5)análisepropriamentedita. Doiscodificadoresforamutilizadosparaaidentificaçãodas categoriaseanálisedasentrevistas.Eventuaisdiscordâncias nacodificaçãoeramdirimidasatravésdediscussãoe,quando necessário,contou-secomaapreciaçãodeumjuiz.
Parafinsdeanálise,foramconsideradasquatrocategorias temáticasenvolvendoasexpectativasesentimentospaternos, denominadas:1)Relacionamentocomobebêedesempenho dopapelpaterno;2)Criaçãodofilho;3)Cuidadosdobebê e4)Mudançaspessoais.Cadaumadestascategoriasserá exemplificada com relatos dos futuros pais e discutida a seguir,combasenaliteratura.Duranteoprocedimentode análise,buscou-sedestacarinicialmenteassemelhançasdos relatosdosfuturospaisadolescenteseadultosparacadacate-goriaconsiderada.Numsegundomomento,foramdestacadas aseventuaisparticularidadesentreosdoisgrupos.
Relacionamentocomobebêedesempenhodopapel paterno
Nesta categoria foram incluídos os relatos dos pais a respeito de suas expectativas e sentimentos quanto ao re-lacionamentocomoseufilhoequantoaoseudesempenho comopai.Entreassubcategoriasconsideradas,destacam-se: não se imaginar como pai, imaginar-se como um pai presenteeparticipativo,imaginarumbomrelacionamento comofilho,imaginardificuldadesnorelacionamentocom ofilho,terpreocupaçõesedúvidasquantoaodesempenho dopapelpaternoeevitarrepetiroserrosdosprópriospais nacriaçãodofilho.
Algunsdosfuturospais(J1,J3,J4,J8,A13,A15,A18, A20,A23)referiramnãosabercomoseriaseurelacionamen-tocomobebê,nãotendoaindaseimaginadonopapeldepai: “Agentenãotemidéiasemestarcomelejunto,tunãotens [idéiade]comovaiser.”(A18)5.Doisparticipantes(J8,A18),
emboraenfatizandonãosaberoqueaconteceria,acabaram descrevendoalgumasexpectativasesentimentos:“Ah,eunão 4 NoestudodeLevandowskiePiccinini(2002),osautoresanalisaram
seicomoéquevaiser.Euimaginoqueeuvouestar...pelo menosnoprimeiromês,doismeses,emcimadele,babando, idealizando.Evoutentarmededicaraomáximo,porcausa queelajávaiestar,[ele]jávaisairdedentrodela,eelajávai estaramamentando,elejávaiconhecerela.Eeuvoutentar queelemeconheçacomopaienãocomoasoutraspessoas normais,entendeu.Comoalguémdiferente”(J8).
Algunsdosfuturospaisimaginavam-secomopaisbastante presentes(J1,J9,J5,J10,J11,A14,A16,A18,A21,A22,A23), “corujas”eapegadosaofilho(J1,J5,J7,J8,A22),carinhosos eatenciosos(J6,J7,J8,J9,J10,A16,A19,A21),interessados (J7,J8),brincalhões(J4,J9),amigos(A22,A23),enfim,bons pais(J4,J6,J9,A14,A19,A20)eatémesmosuperpais(J6, A19,A21,A22).Comoconseqüência,pensavamqueteriam umbomrelacionamentocomseufilho(J10,J12,A21),edu-cando-o(J10,J11,A23),dandolimites(J10,J12,A16,A17, A20,A21,A23)eservindodeexemplo(J5,A22).
Alguns também desejavam ensinar para o filho o que aprenderamcomosprópriospais(J6,J10,J11,A14,A16, A20, A22), mas corrigindo seus erros (J3, J7, J11, A17): “Pretendodaromáximodetudoparaele(...)euquerodar detudo:carinho,atenção,bastanteatençãoecarinho.Eser umsuperpaiparaele,espero,quegraçasaDeusestoucom ele(...)Eupretendoserumbompai,dandoaomeufilhoo queeutive,eoqueeunãotivetambémpretendodar”(J6); “Bah,vouserumpaizãobemlegal,bemcarinhoso,ecomo eudisseparati,eugostomuitodecriança,entãovaisero xodódacasa,vaiserbemlegalmesmo.Olha,tudoquetiver debomeuvoudarparaele,oquetiveraomeualcance,mas daromelhorparaele,nãovaifaltarnada“(A19).
Osfuturospaistambémesperavamencontraralgumas dificuldades no futuro relacionamento com o bebê, sem, contudo,especificá-las.Apareceuaindaumapreocupação, umadúvidaquantoaacertarounãocomopai(J11,A20)ea responsabilidadedestanovafunção(J3,A18):“Eunãoseite dizercomoéqueeuvejoorelacionamento,nãosei,euvou procurarserumbompai,masnãoseisevouacertar,também nãoseiseela[acompanheira]vai[acertar]”(A20);“Ah,eu nãoimaginocomoquevaiserassim(...) Ah,éumarespon-sabilidadegrande,mastemassuasrecompensas”(J3).
Tomando-se conjuntamente as falas dos participantes quanto à primeira categoria examinada, constata-se que tanto adolescentes quanto adultos esperavam ter um bom relacionamentofuturocomseufilho,desempenhandocom sucessoonovopapelpaterno,atémesmocomoumatenta-tivadesuperaroprópriopai.Resultadossemelhantesforam encontradosporWestneyecols.(1986)entreadolescentese porAnderson(1996)entreadultos.Odesejodosparticipantes de“fazeracoisacerta”étambémmencionadonaliteratura (Brazelton&Cramer,1992;Daly,1993).Aliás,ofatode tentar ser como o próprio pai mais uma vez corroboraria osachadosdeoutrosestudosnaáreadeapegoefamília,de que os genitores servem como modelo parental direto ou indiretoparaosfuturospaisemães(Brazelton&Cramer, 1992; Parke, 1996; Szejer & Stewart, 1997; Trindade & Bruns,1999).
Entretanto,chamaatençãoofatodeque,nosdoisgru-pos, aparece uma certa dúvida dos participantes quanto à suacapacidadeparadesempenharopapelpaterno,euma certa dificuldade para imaginar-se como pai. Tal achado, emrelaçãoaosadolescentes,confirmaasidéiastrazidaspor Cochran (1997), para quem alguns jovens possuem uma expectativairrealsobresuahabilidadeparacumprircomas obrigaçõespaternas.Emrelaçãoaospaisadultos,concorda comosachadosdePiccininiecols.(2004),acercadaspreo-cupaçõesdospaisquantoàsuainexperiênciaemrelaçãoaos cuidadosdobebê.Alémdisso,estadúvida,deacordocom SzejereStewart(1997),fazpartedoprocessodetransição paraapaternidade.
Mas,mesmodescrevendo-senofuturorelacionamento, osparticipantespassamumaimpressãodeaindaestaremum poucodistantesemrelaçãoaestepapel.Talvezissotambém sejadecorrênciadavivênciaindiretadagravidezpelohomem (Parke,1996;Sherwen,1986;Szejer&Stewart,1997).Ao mesmotempo,poderiaserdecorrentedeumafaltademo-delospaternosedarevoluçãosocialatualemrelaçãoaoque seriamasfunçõesecomportamentosideaisaseremseguidos pelospais,documentadospelaliteratura(Daly,1993;Gomes &Resende,2004;Parke,1996;Piccinini&cols.,2004).As-sim,maisdoquenunca,osfuturospaissentem-seperdidos econfusosquantoaoqueesperardonovopapel,poiseste se encontra em um processo de redefinição: de um lado, existemasdemandasdopapeltradicionaldepai(provedorda família)e,deoutro,novasdemandasdemaiorparticipaçãoe envolvimento(Bustamante,2005;Carvalho,2003;Castoldi, 2002;Costa,2002;Costa&cols.,2005;Gomes&Resende, 2004;Trindade,1993).
Finalmente,comparando-seosdoisgrupos,percebe-se que,paraalgunsjovens,aexpectativaquantoaodesempe-nhodopapelpaternoapareceubastanteidealizada,nocaso, serum“superpai”,decertaformaignorandoounegandoas dificuldadesquepoderãosurgirnodecorrerdotempo,oque nãoaconteceuentreosadultos.Contudo,estesresultados não corroboram os do estudo de Allen e Doherty (1996), que revelaram que adolescentes norte-americanos tinham consciência das dificuldades relativas ao desempenho do papel paterno. É possível que diferenças metodológicas e deseleçãodosparticipantesexpliquem,pelomenosparcial-mente,estasdiferenças.
Criaçãodofilho
Estacategoriaengloboutemasrelativosàformacomoos paisimaginavamcriarseusfilhos.Foramidentificadascomo subcategorias:aconselhareorientarofilho,darliberdadepara ofilhofazersuasprópriasescolhas,criarofilhodamesma formacomoseuspaisofizeram,nãoaceitarquestionamento dofilhoemrelaçãoàsuaformadecriá-lo,nãosabercomo criar, pela necessidade de conhecer o filho primeiro para sabercomomelhoragircomele.
Váriosfuturospaisseimaginavamaconselhandoofilho (J7,J11,A14,A17,A19,A20),mostrandoaeleoqueécerto eerrado(J6,J9,A17,A19,A20,A22),mas,aomesmotem-po,dandoliberdadeparaquefizessesuasprópriasescolhas (J3,J7,J11,A19,A22):“Dandobastanteconselho.Éque muitasvezesagenteécriado,eumesmofuicriadodeum 5 Onúmeroidentificaoparticipante,conformerelacionadonaTabela1,
jeitoquenãoeraparamimsercriado.Aminhamãequis memimar,maseuboteiacaranavidaeviqueavidanão écomoelaquismostrarparamim,eeunãoqueroqueaJ. tenhaamesmailusão,deestarsempreláembaixodasaia damãe,essascoisasassim.(...)Não[quero]opinarmuito, opinartudobem,masnãodecidir,tiponahoradepensar emumafaculdade,coisaassim”(J7);“Procurarcriarela dentrodarealidadedela(...).Sederparater,tem,senãoder, esperaqueumdiavaiter,enxergararealidadedomundo. (...)Anossalinhavaiseressaaí,nãovamossernenhum, doismilitaresdentrodecasa,ditandoregrasecoisa,mas ditando o que é certo e errado, o resto quem vai ter que descobriréela”(A17).
Algunsfuturospaistambémmencionaramumdesejode criarofilhocomohaviamsidocriadospelosprópriospais(J4, J6,A19,A20):“Eupretendopassarparaeleoqueomeupai mepassou,quenessemundotemmuitascoisasruinsetem ascoisasboastambém.Voupassarascoisasboasparaele, edepoismostraraospoucosascoisasruins,coisasqueele nãodevefazer,queaívaipelacabeçadele”(J6);“Eume imaginocomoomeupai.Umcara(...)queéduroquando precisa,achoquevouserassim,peloexemploqueeutive. Eu acho importante saber dar uma linha, não empurrar, dizer’Euqueroquetuvásporaqui’,masdizer‘Ocaminho certoéporali,procurairporali’”(A20).
Umfuturopai(A23)referiuaindacriarofilhosemaceitar seusquestionamentos.“Eupensoquecomoagente,agente forma, eu jamais vou perguntar para ele o que ele acha. Comoagenteestácriandoele,oqueagentedeterminareu achoqueeletemqueaceitarqueéaquilo,pelomenosaté elecomeçar...quandoelesesoltarsozinho.Istoeudigoaté aadolescência.Nãovouadmitirqueeleponhaoqueagente falaremdúvida,issoeuvoudeixarbemclaro,pelomenos noinício,depoissim,seeletiveroutrasidéias,agentedá maismargemparaisso”.
Noentanto,doisfuturospaisrelataramnãosabercomo criariam seu filho (J1, J5), e outro mencionou que seria necessárioprimeiroconheceracriança,paradepoissaber comoagircomela(A13):“Ah,nemsei,sóvendonahora mesmo.Apessoaparapodereducar,euachoqueprimeiro elatemquecomeçaraconhecerbemaquelacriança,para saberquaisospontosmaisdifíceisdela”.
Demodoglobal,asfalasdosfuturospaisrefletiramuma expectativadecriaremseusfilhosemumarelaçãoamigável, baseadanoaconselhamento,principalmenteinformandoso-breocertoeoerrado,emboradeixandoliberdadeparaofilho escolherseucaminho.Nessesentido,apareceummodelo idealderelacionamentopai-filho.SegundoGomeseResende (2004),istopoderiaestarocorrendoparacompensarafalta deafetonarelaçãocomosprópriospais,esperandoparasi umapaternidadeligadaaoafetoeaodiálogo.
Entreosgrupos,apartirdeumacomparaçãodosrelatos, notou-sequeosadolescentesmencionarammaisaquestãoda liberdadeetiveramumaidéiamenosclarasobrecomocriar seufilhodoqueosadultos,queenfatizarammaisaquestão doaconselhamento,sugerindomaiordiretividadedopapel paterno.Estesachadospodemestarrelacionadosaomomento devidadosjovens,emquealiberdadeébastantevalorizada comocaminhoparaaautonomiaemrelaçãoaosprópriospais. Aindanãoparecehaverentreelesumaidentificaçãocomo
papelpaternocomoaquelequelimita,queeduca,talvezpor serdissojustamentequedesejamfugirnestemomentode suasvidas.Alémdisso,aidéiamenosclaradosadolescentes sobrecomocriarofilhopoderiaserdecorrentedomenor conhecimentosobreodesenvolvimentoinfantil(Belsky& Miller,1986),emfunçãodamenorquantidadedecontatoe experiênciascomcrianças(Lamb&Elster,1986;Marsiglio &Cohan,1997;Young,1988).
Aparece novamente, nos relatos dos participantes, um desejo de repetição do modelo paterno, especialmente os aspectospositivos,oquecorroboraaliteraturaconsultada (p.ex.,Trindade&Bruns,1999).
Cuidadosdobebê
Nestacategoriaforamincluídasasfalasdosparticipantes que se referiam à sua participação nos cuidados do bebê. Comosubcategoriastemáticasdestacaram-se:desejodeaju-darnocuidadodofilho,experiêncianocuidadodecrianças, desconhecimentoevontadedeaprenderacuidardecrianças, desejodeajudaremtudo,ajudaemtarefasespecíficas,uso derecursosprópriosparaatenderobebêemmomentosde dificuldade,buscaderecursosexternosparaatenderobebê emmomentosdedificuldadeedúvidasquantoàcapacidade pessoalparaatenderacriança.
Muitos futuros pais relataram um desejo de ajudar no cuidadodobebê(J4,J5,J6,J7,J10,J11,J12,A13,A14, A15,A16,A17,A21,A22),atéporjáteremexperiênciacom isso,porcuidaremdeseusirmãos,primosouafilhados(J2, J4,J9,J10,J11,J12,A13,A15,A16,A17,A18,A19,A21). Contudo,algunspensaramquecuidardoprópriofilhoseria diferente (J4, J9, J10), apesar de não se imaginarem com dificuldadeparaisso(A18,A19):“Vousair,voudarbanho. [Vouestarsempre] aoredordele,brincandocomele,dan-doatenção.(...)Eujátenhoprática,eucuidavaasminhas irmãs,cuidavaatéofilhodairmãdela.Cuidavaelequando elenasceu,euseidetudo.Agoravaiserdiferente,agora vaiseromeufilho”(J9);“Olha,eutiveumaexperiência muitogrande,porquequandoeutinhauns15anosaminha irmãzinhanasceu.Entãoeuquecuideidaminhairmã(...) euficavasóemcasa,nãotrabalhava,sóestudava,entãoeu cuidei,davabanhinho,trocavafraldaefaziadormir,pegava nocolo,quantoaissoeunãomepreocupo,porqueeujátenho umagrandeexperiênciadaminhairmãzinha,dasminhas primasquetiveramfilhobemantestambém.Entãoparamim nãotemmistério,nãomeapavorocomisso,seiqueeuvou agirbemnaturalcomisso,comcerteza”(A19).
Noentanto,dentreosquenãopossuíamconhecimento sobreocuidadoinfantil,algunsreferiramumdesejodetentar aprendereseesforçarparaacertar(J2,J6,J10,A13,A16, A20,A23):“Ah,eupretendosaberajudar,qualquercoisa queeupudereuajudo,seeunãopudertambém,tento,se euerrar,eufaçodenovo”(J12).
imaginavamumpoucoatrapalhadosinicialmentenocuidado dobebê:“Issovaiserdifícil,vaiserduro,porqueeusou atrapalhadoparacaramba,euvouterqueaprenderesses esquemas,terhabilidadeparatrocarfraldaetal,maseu quero.(...)osmeussobrinhosàsvezeseutrocava,embora, porexemplo,eunãosoubessequeasfraldasdescartáveis nãoabsorviamasfezes,depoisqueforammedizerqueera sóparaxixi,euachavaqueasfezestambém,masvaiindo, vaiserumaatrapalhação,maseuaprendo”(A21). Doisfu-turospais(J5,A20)responderamaindanãosabercomoseria cuidardobebê:“Nãoseitedizerassim,nãoseicomoéque vaiser.Nãotenhonemidéiadecomoéquevaiseristoaí. Eutenhoidéiadoqueeutenhoquefazer,maseunãotenho idéiadecomovaiser.Enemdecomofazertambém(...)Eu tenhoqueaprenderaserpaiainda.”(A20).
Contudo,váriosparticipantesreferiram-seatarefasespe-cíficasquepoderiamdesempenhar,comopassear(J6,J8,J9, J10,J12,A16,A19,A21,A22),trocarfraldas(J2,J3,J6,J8, J10,J12,A15,A17,A22),jogarfutebol(J5,J6,J9,J10,J11, A14,A17,A19,A21),darbanho(J3,J7,J8,J9,A17,A22), alimentar(J2,J4,J6,J7,J8,J10,A15,A22),fazerdormir (J10,J12,A22),embalar(J2,A15),cuidar(J7,J12),darcolo (A13, A17), acordar à noite para cuidar (J7) e conversar (A16):“Ah,emtudo,desdetrocarfralda,darbanho,‘vailá eesquentaapapinha’,darcomidaparaela,tudo,tudo.Bah, euachoquetudo,menostrocarfralda,porqueeutenho...não possocomcocô.Nãosei,tentarajudarelanascoisas,não seisevouconseguirtambém”(A20);“Euachoque[ela]vai [mepedirajuda],tantoqueeu,eutambémquerodarbastante ajuda,nãoquerodeixartudoparaela.Ah,[vou]cuidardela, darbanho,trocarasfraldas,quandoelaestiverchorando denoite,aC.dardemamareelaestivercommuitosono, eupossoficarumpouquinhocomela”(J7).
Jáemrelaçãoaoquefariamnaquelesmomentosdifíceis, porexemplo,quandoobebênãoquisessemamaroudormir, ouchorasse,algunsfuturospaiscitaramsoluçõesbaseadas emseusprópriosrecursos,comoembalar(J1,A13),fazer dormir(J7),acalmar(J7,A21,A23),ofereceralimentosdi-ferentes(J8,J9),conversar(A13),passear(A13),daratenção (A13),fazercarinho(A13)eserpaciente(J10,A21).Outros participantescitaramsoluções,baseadasemumabuscade auxílio/recursos externos, como a companheira, médicos, familiareseamigos(J1,A13,A18):“[quandoelachorar] Fazercarinho,pegarnocolo,conversarcomela,levarpara arua(...)[quandoelanãodormir]Euacordoelademanhã bemcedonooutrodiaedeixoeladormirpoucoduranteo dia,edenoiteelavaiquererdormir,acostumarelaassim. Quando ela não quiser dormir, tem que dar atenção. A princípiotemquedaratençãoparaela,atéelasecansar edormir”(A13);“Pegarnocolo,embalarumpouquinho paraverseacalma.Senãoder,tocarparaamãe,eamãe embalaumpoucoatéacalmar”(J1).
Contudo,constatou-seentreváriosfuturospaisumdes-conhecimentoquantoaoquefazernessesmomentosdifíceis (J3,J4,J5,J6,J11,J12,A16,A18,A23),porpensaremque ficarãopreocupados(J6,J11,A16)enãoteremcertezadeque conseguirãoacalmarobebê(A16):“Ah,nãosei.Aprincípio vaisernodesespero,atéporqueéoprimeirofilho”(J11); “Nessestermosdechoroaíjánãoseiseeuvouconseguir, nãoseioqueeuvoufazer”(A16).
De forma geral, os depoimentos dos participantes in-dicaramumavontadedeparticiparnoscuidadosdobebê, apesardenãoestaremmuitosegurosquantoaumdesem-penhobem-sucedidonestastarefas.Resultadossemelhantes tambémforamencontradosentrepaisadolescentes(Allen& Doherty,1996;Redmond,1985;Westney&cols.,1986)e entrepaisadultos(Anderson,1996;Ramires,1997;Piccinini &cols.2004).Estatendênciadosfuturospaisparecerefletir ummaiorcompromissocomaigualdadepresentenoscasais dehoje,emvirtudedemodificaçõesnadefiniçãodopapel paterno e materno (Cabrera, Tamis-LeMonda, Bradley, Hofferth & Lamb, 2000; Heilborn, 1995; Ramires, 1997; Silveira,1998;Szejer&Stewart,1997).Noentanto,issonão significaqueospaisrealmenteapoiarãosuascompanheiras apósonascimentodobebê,conformesalientadoporLewis eDessen(1999),atémesmopelaexistênciadeumaestrutura socialqueaindadominaefavoreceadivisãotradicionalde tarefasentrepaisemães,nocaso,trabalhoversuscuidado dosfilhos,respectivamente.
Alémdisso,oapoioqueseráfornecidoparaacompanheira apósonascimentodobebêpareceserumacontinuaçãodo apoiojáoferecidoduranteagestação.Estesachadosconcor-damcomoquereferemWestney,ColeeMunford(1988),de que,quantomaisconhecimentososfuturospaispossuemsobre gravidez,cuidadopré-natal,partoecuidadoinfantil,maiora probabilidadedeapresentaremcomportamentosdeapoioà gestanteeaofuturobebê,justamenteoqueseapresentouentre osparticipantesdoestudo.Stern(1997)tambémcomentaque ofuturopaipoderáajudaracompanheiracomodecorrência derepresentaçõesdecuidadodesenvolvidasaolongodesua história,dependentesdesuasrelaçõesfamiliaresecaracterís-ticasindividuais,bemcomodediretrizesculturais.
Considerando-setodososdepoimentosdosparticipantes, percebe-seaindaquetantoadolescentesquantoadultosima-ginaramutilizarrecursosprópriosouexternosnassituações difíceis junto ao bebê. Assim, não parece haver relação entreaexperiênciapréviacombebêseaformadelidarcom situaçõesdifíceis,atéporquemuitosnãonecessariamentejá teriamenfrentadotaissituações.
Entreosgrupos,constatou-setambémumatendênciados adolescentesdeseimaginaremmaisqueosadultosdesem-penhandotarefasdecuidadodobebê.Esteachadopodeestar relacionadoaomodelopaternoqueinfluenciaestesjovens, menostradicionalemaisenvolvido,ouaofatodeosjovens recriaremomodelodeausênciarecebidodosprópriospais. DallaseChen(1998)tambémencontraram,comonopresente estudo,queadolescentesconsideravammuitastarefascomo responsabilidadepaterna(porexemplo,acalmarochoro,ali-mentar,trocarfraldas).Poroutrolado,esteachadocontraria oqueapontamTetieLamb(1986),umavezque,paraestes autores, os adolescentes poderiam evitar comportamentos decuidadoconsideradosfemininos,emfunçãodeestarem consolidandosuaidentidadesexual.
Umaoutradiferençaevidenciadaentreosgruposrela-cionou-se às expectativas quanto ao que fariam em situa-çõesdifíceis:enquantoalgunsadolescentesmencionarama utilizaçãodeseusprópriosrecursosparalidarcomobebê, outrosreferiramnãosaberoquefazer,tendendoasolicitar auxíliodacompanheira.Jáentreosadultossobressaiuaex-pectativadeutilizarosprópriosrecursos,comasolicitação dacompanheirasomentesenãoconseguissemsolucionara situação.Dessaforma,aposturadosadultospareceumais madura,comacrençanoseudesempenhobem-sucedidoe umaconcepçãodecasalemquecadamembrocomplementao outroquandonecessário.Jáosadolescentesmostraramtanto umacertaonipotência,nosentidodesolucionaremsozinhos assituaçõesdifíceis,baseadosemsuasexperiências,quanto umacertaimpotência,poracharemqueapenasacompanheira saberiaoquefazernestesmomentos.
Mudançaspessoais
Aúltimacategoriatratoudasexpectativasesentimentos dosfuturospaisquantoàsmudançaspessoaisdecorrentesdo nascimentodofilho.Foramidentificadascomosubcategorias: maiorresponsabilidade,reduçãodaliberdade,desconheci-mentoemrelaçãoàsmudançaspessoais,mudançasnaforma depensar,naorganizaçãodacasa,maioratençãoparaobebê eaumentodafamília.
Algunsfuturospaismencionaramexpectativasdealgu-masmudançaspessoaisapósonascimentodobebê,comoo aumentodaresponsabilidade(J1,J2,J5,J8,A22)earedução daliberdade(J1,J4,A17,A18,A23):“Responsabilidade euacho.Aresponsabilidadeaumenta,agoranãotemmais festinha,nãotemmais.Sóquandoeleestivermaiorzinhode repente.Masvaimudararesponsabilidade,temqueaumen-tar”(J1);“Agentesempresaía,faziafesta,ficavaatétarde narua.Agentevaiterquesereorganizar,euacho,essas saídas,enorestoeuachoquenão,derestotudoseencai-xa”(A18).Tambémcitarammudançasnaformadepensar enaorganizaçãodacasa,umamaioratençãoparaobebêe oaumentodafamília(J9,A19,A13):“Ah,nãovaimudar muito,nósvamosfazerasmesmascoisasquenósfazíamos antes,mascomaatençãononenê.”(J9);“Olha,bemdizer vaiseromesmo,aúnicacoisaquevaimudaréquevaiter maisumintegrantenessafamília,queseráamado,vaiser umaalegriaparanós,queumacriançatododiaeladescobre alguma coisa, é um passo novo, sabe, nós vamos ter que passarpormuitacoisa,entãovaisermuitolegal.”(A19);
“Aprincípiovaimudarmuitacoisa,vaiterumespaçoque énosso,nossacasaali,vaimudarmuitacoisaatédentrode casa,ojeitodepensar,vaimudarmuitacoisa,vaimudar muito.”(A13)
Contudo,demodogeral,osfuturospaisforamvagosem suas respostas, referindo que suas vidas mudariam desde pouco(J2,J4,J9,A19,A20,A21)amuito(J3,J5,J8,J12, A13,A15,A16,A22)apósachegadadobebê.Algunspais, mesmocomentandosobreotema,referiramnãoteremuma idéiamuitoclarasobreoassunto(J2,J3,J5,J6,J11,J12, A19,A21):“Vaimudarmuito.Ah,nãoseiondequevaiser asmaioresmudanças,masvaimudar.Nãosei,achoquejá estámudando.”(J5).
Quandoquestionadossobrecomoreagiriamàsmudanças decorrentesdonascimentodobebê,váriosfuturospaisrela-taramumareaçãopositivaecompreensiva,atéporjáestarem preparadosparaisso(J1,J3,J5,A18,A20,A21,A22),ou aindaumdesconhecimentodesuareação(J11,J12):“Sabe, euaténemmepreocupocomisso,équeeujámeacho,eu achoquejáestavatãonahoradeserpaiqueeuachoqueeu jáestoumepreparandoatempoassim,atésemmepreocu-parempensarmuito,eujáestoupreparadoatempoenem pensoquevaiafetarassim,talvezeuestoumeiludindo,que elevápassarasnoiteschorando,queeunãovouconseguir trabalhardireito,maseu,osmeuscolegasàsvezescomentam quetêmfilho,quevaimudar,maseunão,realmenteeunão mepreocupocomisso.Ah,seocorrermudançastranqüilo, nãotemproblema,nãotemproblema.”(A21)
De modo geral, percebeu-se que tanto adolescentes quantoadultospossuíamumaidéiavagadaspossíveismo-dificaçõespessoaisdecorrentesdonascimentodeseufilho, nãoconseguindoexpressarclaramenteemqueaspectosestas ocorreriam, muitas vezes acreditando que não seriam tão radicaisquantocomumentesefala.Oqueapareceufoiuma incertezaquantoasimesmosnofuturo,umadificuldadede imaginarasmodificaçõesimpostaspelanovavida,quepo-deriarefletirumadificuldadedepensaralémdaexperiência atual da gravidez e/ou até mesmo o desconhecimento da situação,porseremtodosfuturospais.Alémdisso,como comentaStern(1997),comoasrepresentaçõesdospaisse-riammenosmodificadasqueasdasmãesduranteagravidez, istopoderialhesdificultarpensarnasmudançasdecorrentes dachegadadobebê.
Jáparaaquelesqueconseguiramvislumbrardeforma maisconcretaasmodificaçõespessoaisdecorrentesdachega-dadobebê,amaiorresponsabilidadeeaconseqüenteredução da liberdade foram citadas por participantes de ambos os grupos.Estasmesmasrestriçõesimpostaspelapaternidade foramencontradaspordiversosautores(porex.,Belsky& Miller,1986;Nunes,1998;Bustamante,2005).
Noentanto,comparando-seosgrupos,sobressaiu-seuma tendênciadosadolescentesacitaremoaumentoderesponsa-bilidade,enquantoqueosadultosenfatizarammaisaredução daliberdade.Istotalvezsedevaaofatodosadultosjáterem assumidomaisresponsabilidadesemfunçãodesuaidadee estado civil. Além disso, as mudanças pessoais esperadas parecemserumacontinuaçãodaquelasmencionadascomo decorrentesdagravidez.
preparadosparaaceitarasmudançasdoqueosadolescentes, quepareceramnemconseguirpensarsobreoassunto,talvez pelalimitaçãocognitivaqueosimpededevislumbrarum futuro mais distante (McKinney, Fitzgerald & Strommen, 1977;Montmayor,1986;Piaget&Inhelder,1976),oupelo choque de uma paternidade não planejada (Trindade & Bruns,1999).
ConsideraçõesFinais
O presente estudo buscou comparar futuros pais ado-lescenteseadultosemsuasexpectativasesentimentosem relaçãoàpaternidade,nointuitodecontribuirparaummaior entendimentodofenômenodapaternidadeadolescente.A expectativa inicial do estudo, de grandes diferenças entre osgruposemrelaçãoàsexpectativasesentimentosquanto à paternidade, foi apenas parcialmente corroborada, pois foramencontradasváriassemelhançasnosrelatosdefuturos pais adolescentes e adultos, como descrito anteriormente. Dessaforma,aidadenãopareceuserumfatordeterminante paraavivênciadapaternidade,pelomenosentreospaisdo presenteestudo.Váriosdelesapresentarampreocupaçõese sentimentoscomunsentrefuturospaisemgeral,oquereforça aidéiadequeapaternidadenaadolescêncianãopodemais serconsideradacomofatoirrelevante,continuandoesquecido edesconhecido(Fonseca,1997,1998).Aocontrário,estes futurospaisnecessitamserconhecidoseterematendidasas suasnecessidades,paraquepossamdesempenhardeforma maisefetivaseunovopapelemidadeprecoce.
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