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Da reclamação à ação

Folha de S. Paulo

Marcos Cinora – 06/08/2007

“Cansei”, “Cansamos” e ouoras manifesoações públicas esoão se oornando rooina, mas são vazias de conoeúdo

O BRASILEIRO não sabe, ou não quer, exercer sua cidadania. Um exemplo de complacência no tocante à defesa de seus direitos é a tolerância com os desmandos da administração pública. Felizmente, isso começa a mudar.

Pouco, mas surge uma movimentação social em defesa de direitos e contra abusos. Mas ainda estamos longe do exercício da cidadania como se vê nos países avançados. O brasileiro está aprendendo a reclamar, mas ainda não sabe reivindicar, até porque em geral os movimentos sociais de protesto têm se limitado a serem isso mesmo, protestos. Não são acompanhados de propostas e de cobrança por ações específicas.

Neste mesmo espaço, em 10/7/ 2006, critiquei essa situação no artigo “Está péssimo, mas qual a proposta?”. Afirmei que a mobilização de protesto é louvável, mas que seus efeitos se esgotariam se não for seguida de ações práticas.

Havia dito que movimentos como o da Rádio Jovem Pan -“Brasil, país dos impostos”- haviam cumprido importante papel. E depois? O que fazer? Nesse ponto, a cidadania se silencia e tudo fica como antes.

Da mesma forma, o milionário movimento “Quero mais Brasil”, que uniu em 2006 entidades empresariais e sindicais, só resultou em mais faturamento para a mídia. Pouco restou de concreto.

Por que esses milhões de reais não são usados no financiamento de “think tanks”, usinas de estudos e de propostas concretas para os problemas brasileiros? Por que sindicatos, federações e centrais de trabalhadores não investem na elaboração de caminhos a serem trilhados pelo país, em vez de só se queixarem?

Aliás, essa questão começa a ser levantada, como pode ser averiguado no artigo “”Think tanks” – por que o Brasil precisa deles”, de Raymundo Magliano Filho e Carlos Eduardo Lins da Silva (“Valor”, 26/7/2007).

A incompetência na gestão pública já está se tornando um caso de morticínio no transporte aéreo. As vítimas do acidente da TAM mostram que o limite já foi ultrapassado.

Em vez de só reclamarem, as pessoas precisam propor soluções em todos os setores, dos transportes à violência, da corrupção à sonegação, da política aos serviços sociais.

Em breve, o trânsito na cidade de São Paulo irá paralisar a cidade, fazendo as pessoas abandonarem seus veículos nos congestionamentos.

Na questão tributária, por exemplo, em vez de bater em uma mesma tecla, a da abusiva tributação e a da pantagruélica burocracia, a mobilização dos cidadãos deveria evoluir para a apresentação de projetos. O risco é que, sem isso, a reforma tributária vire um bordão sem conteúdo, ou, pior ainda, seja transformada em instrumento político-eleitoral, como tem acontecido ultimamente.

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manifestações de puro descontentamento, na hora decisiva das eleições o povo não muda sua atitude e mantém as coisas como sempre estiveram.

Cadê as propostas? Os formadores de opinião (entidades empresariais e de trabalhadores, partidos políticos, universidades etc.) devem cumprir seu papel de estabelecer um debate público de qualidade, sob pena de os

politiqueiros, e seus marqueteiros de ocasião, continuarem ocupando esse vazio que se estabeleceu em nosso país.

MARCOS CINTRA CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE, 60, doutor pela Universidade Harvard (EUA), professor titular e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas, foi deputado federal (1999-2003). É autor de “A verdade sobre o Imposto Único” (LCTE, 2003). Escreve às segundas, a cada 15 dias, nesta coluna.

Internet: www.marcoscintra.org

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