Economia
Rio
+
20 e as cidades
Dr. Marcos Cintra
RESCER, INCLUIR, PROTEGER
A
conferência Rio+20, evento que ocorreu entre os dias 13 e 22 de junho no Rio de Janeiro, reuniurepresentantes de 193 países visando promover o
que se convencionou chamar de economia verde. Ou
seja, os governos terão que desenvolver formas de
atender as necessidades de melhoria do bem estar das pessoas sem comprometer os sistemas naturais
que sustentam a vida no planeta.
A Rio+20 foi um evento oportuno para chamar a
atenção dos gestores públicos quanto a um problema
de grande magnitude. Trata-se da rápida urbanização
Doutor em Economia pela Universidade Harvard (EUA) Prolessor l1tular e VICe-presidente da Fundação Getulio Vargas
mcintra@rnarcoscintra.org WNW.marcoscintra.org
da população mundial. Há cinco anos o número de
pessoas vivendo nas cidades ao redor do mundo
ultrapassou a dos habitantes do campo e esse
processo vem se acelerando e tendo efeito sobre a
poluição do ar, a demanda de energia, a produção de
lixo, o abastecimento de água, entre outros.
A vida mais complexa nos centros urbanos cria uma
expectativa preocupante em termos ambientais.
Segundo a ONU, hoje as cidades abrigam 3,4 bilhões
de pessoas e daqui a 20 anos esse contingente deve
atingir 5,5 bilhões de indivíduos. A população que vive
em áreas urbanas representa atualmente pouco mais
da metade dos habitantes do planeta e por volta de 2030 ela será superior a 60% do total.
Essa acelerada expansão populacional causa
apreensão por conta do impacto que isso vai gerar
nas grandes e médias cidades dos países em
desenvolvimento. Nessas nações se concentrará a
maioria da população urbana adicional prevista pela
Economia
... R io + 20 e as cidades
United Nations Conference on Sustainable Development
A questão que surge é se as grandes e médias Mais de 40% dos habitantes de São Paulo moram
cidades dos países em desenvolvimento estão em imóveis precários (favelas, cortiços e loteamentos
preparadas para abrigar, em tão pouco tempo, esse irregulares), a água na região metropolitana
é
maiselevado contingente adicional de pessoas.
É
certo escassa que no sertão nordestino, a reciclagem dasque não. Metrópoles como São Paulo, por exemplo, doze mil toneladas de lixo domiciliar coletado
têm problemas urbanos agudos e a tendência é que diariamente é insuficiente, metade do esgoto
eles se intensifiquem, podendo causar colapsos de
natureza ambiental, social e infraestrutura!.
A cidade de São Paulo conta hoje com onze milhões
de habitantes e até 2030 esse contingente deve se
residencial não é tratado e o trânsito caótico gera
perdas bilionárias para a sociedade.
A cidade de São Paulo acumula problemas que
aproximar de treze milhões. Serão dois milhões de comprometem, de modo acelerado, a qualidade de
pessoas a mais em um espaço que já concentra vida de seus moradores. A perspectiva de aumento
problemas de toda ordem, e que se intensificam a populacional pode tornar a situação ainda mais crítica
cada dia. se o poder público não agir com eficiência e eficácia.
Esse cenário vale para a maioria das grandes e
médias cidades brasileiras.
Novas demandas urbanas estão surg indo e elas
precisam de novos tratamentos. Velhas medidas não
servem mais frente a uma dinâmica que assume
novas formas por conta de aspectos ambientais. É
preciso produzir cada vez mais preservando o ar, o