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Estudo de um silenciador de descarga de alta pressão

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(1)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM

ENGENHARIA MECÂNICA

“ESTUDO DE UM SILENCIADOR DE DESCARGA DE ALTA

PRESSÃO”

CARLA JÚLIO DA SILVEIRA

(2)

“ESTUDO DE UM SILENCIADOR DE DESCARGA DE ALTA

PRESSÃO”

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Mecânica da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica.

Área de concentração: Calor e Fluídos

Orientador: Prof. Dr. Eduardo Bauzer Medeiros

Universidade Federal de Minas Gerais

Co-orientador: Prof. Dr. Geraldo Augusto Campolina França

Universidade Federal de Minas Gerais

Belo Horizonte

Escola de Engenharia da UFMG

(3)
(4)

Ao professor Bauzer pela orientação e principalmente pelo seu valioso e imprescindível apoio

para realização deste trabalho.

Ao professor Campolina pela co-orientação e ensinamentos em mecânica dos fluídos.

Aos professores Roberto Márcio e Ziviani pelo incentivo ao longo do curso de mestrado. Aos

funcionários do DEMEC, a colega de mestrado Lis.

Ao Ramon e Maria Luiza pela colaboração e apoio durante o uso da infra-estrutura do

Laboratório de Vazão de Gás do CETEC-MG. À ISOBRASIL pelo apoio financeiro durante o

trabalho de dissertação.

Especialmente ao meu esposo Wellington pelo amor e carinho dedicados em todos os

momentos e apoio constante nas difíceis decisões durante este percurso. À minha mãe e irmãs

Adriana e Silvana pela compreensão.

(5)

NOMENCLATURA ...7

RESUMO ...9

ABSTRACT...10

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO...11

1.1 Visão geral ...11

1.2 Síntese do problema...13

1.3 Objetivos ...15

1.4 Contribuições atingidas...16

CAPÍTULO 2 – RUÍDO EM ESCOAMENTOS ...17

2.1 Introdução ...17

2.2 Conceitos básicos e definições...17

2.2.1 Energia acústica e sua classificação...17

2.2.2 Pressão acústica ...18

2.2.3 Onda acústica ...20

2.2.4 Intensidade acústica ...21

2.2.5 Potência acústica...22

2.2.6 Velocidade do som...23

2.2.7 Fontes aerodinâmicas...23

2.2.7.1 Fonte Monopolo...24

2.2.7.2 Fonte Dipolo ...25

2.2.7.3 Fonte Quadripolo ...26

2.3 Fontes de ruído em jatos livres ...26

2.3.1 Camada de mistura turbulenta ...27

2.3.2 Choque ...36

2.3.3 Fontes de ruído em tubulações...38

2.3.3.1 Processos de estrangulamento ...40

2.3.3.2 Propagação de ruído em tubulações...40

2.3.3.3 Transmissão pela parede de tubos ...43

CAPÍTULO 3 – CONTROLE DE RUÍDO EM ESCOAMENTOS ...44

(6)

3.2.1 Resistência Acústica ...44

3.2.2 Inertância Acústica ...44

3.2.3 Compliância Acústica ...45

3.2.4 Impedância de radiação...45

3.2.5 Efeitos de terminações abertas em tubos ...46

3.3 Elementos reativos ...47

3.3.1 Ressonadores ...47

3.3.1.1 Ressonador de Helmholtz ...48

3.3.1.2 Orifícios em cavidade concêntrica...50

3.3.2 Variação de Seção...51

3.3.3 Filtros ...53

3.3.3.1 Filtros passa-baixa ...53

3.3.3.2 Filtros passa-alta ...55

3.3.3.3 Filtros passa-banda ...56

3.4 Elementos dissipativos...57

3.4.1 Materiais de absorção sonora...57

3.4.1.1 Características físicas dos materiais de absorção...58

3.4.2 Absorvedores porosos...60

3.4.3 Ressonadores ...62

3.4.4 Placas vibrantes...64

CAPÍTULO 4 – MATERIAIS E MÉTODOS ...68

4.1 Introdução ...68

4.2 Dispositivo experimental ...68

4.2.1 Instrumentação...72

4.2.1.1 Medidores de temperatura...72

4.2.1.2 Sensores de pressão ...73

4.2.1.3 Medidor de vazão...73

4.2.1.4 Medição de ruído ...74

4.2.2 Sistema de Aquisição de Dados...74

4.3 Procedimento experimental ...75

4.3.1 Considerações iniciais...76

4.3.2 Descrição das séries de ensaios ...79

(7)

4.3.4.1 Queda de pressão ...83

4.3.4.2 Perda de carga ...84

4.4 Incerteza de medição...91

4.4.1 Avaliação do desempenho acústico ...91

4.4.2 Avaliação da perda de carga ...93

CAPÍTULO 5 – ANÁLISE DOS RESULTADOS ...95

5.1 Desempenho acústico ...95

5.1.1 Difusor ...97

5.1.2 Núcleo Absorvedor ...103

5.1.3 Comprimento ...106

5.2 Avaliação da perda de carga ...108

5.2.1 Queda de pressão ...108

5.2.2 Perda de carga ...110

5.3 Desempenho acústico x queda de pressão ...115

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÃO...116

6.1 Conclusões finais ...116

6.2 Recomendações e proposições de trabalhos futuros...118

(8)

.

m

Letras Latinas

a, r, r0 raio (m)

A, S área de seção transversal, área de superfície (m2)

c, c0 velocidade do som (m/s)

C coeficiente de vazão

D, d diâmetro (m)

es, ea, eg erro sistemático, aleatório e grosseiro

f freqüência (Hz)

f fator de atrito

f0 freqüência de ressonância (Hz)

fc freqüência de corte (Hz)

h porosidade

hLT perda de carga total (Pa)

hL perda de carga distribuída (Pa)

hLm perda de carga localizada (Pa)

I intensidade sonora (dB)

IM incerteza de medição (W/m2)

k razão entre calores específicos

K coeficiente de perda

K fator de abrangência

l, L comprimento (m)

l’ , L’ comprimento efetivo (m) vazão mássica (kg/s)

m” massa (kg)

M número de Mach

nh número de orifícios

NPS nível de pressão sonora (dB)

P pressão (Pa)

P, P(t), Pef pressão acústica, pressão total, pressão efetiva

(9)

R resistividade ao fluxo de ar

R resistência do sistema

R constante universal do ar

R0 resistência à radiação

Re número de Reynolds

t tempo (s)

t espessura da parede, camada de ar (m)

T temperatura (K)

T$ coeficiente de transmissão de potência

u incerteza padrão

U incerteza expandida

U, V velocidade do escoamento (m/s)

Uef velocidade efetiva (m/s)

w, W potência sonora (W)

V volume (m3)

Xo reatância à radiação (kg/s)

Zo, Za, Z1 impedância de radiação (kg/s)

Letras Gregas

- coeficiente de absorção

.,.a constante de propagação acústica

/ ângulo (rad)

0,0x,0mn número de onda, direção axial, direção radial (1/m)

2 comprimento de onda (m)

3 massa específica do fluido (Kg/m3)

4w tensão de cisalhamento na parede (Pa)

5 velocidade de face

6 fator estrutural

7 freqüência angular (rad/s)

(10)

Linhas de descarga são comumente encontradas nas instalações industriais de ar comprimido.

A descarga direta de ar de alta pressão no ambiente produz níveis de ruído acima dos limites

de tolerância previstos pela legislação brasileira (NR15), tornando as áreas de trabalho

insalubres. Linhas de descarga bem projetadas empregam silenciadores que reduzem este

efeito a valores permissíveis, inferiores a 85 dB(A) para uma exposição máxima diária de 8

horas. No presente trabalho uma série de observações experimentais são realizadas para um

silenciador de descarga de alta pressão típico. Ar comprimido, com sistemas de controle de

pressão e vazão, abastece uma linha equipada com um silenciador em sua terminação. A

geometria interna do denominado centro acústico do jato é variada para uma série de

condições de vazão e pressão. A influência dos principais elementos construtivos de um

silenciador típico é avaliada em diferentes montagens submetidas às mesmas condições de

escoamento. Como resultados, a atenuação de ruído para cada ponto de operação é avaliada

em terças de oitava e associada a correspondente redução de pressão imposta pelo silenciador.

As parcelas de contribuição dos principais elementos na queda de pressão total são analisadas,

e coeficientes de perdas experimentais são obtidos para a descrição de uma equação geral para

predição da redução de pressão. O objetivo é associar o desempenho acústico com uma queda

de pressão que minimize o acréscimo nos custos de abastecimento da linha. Finalmente, o

desempenho global é utilizado como uma importante ferramenta no projeto de um típico

silenciador para descarga de altas pressões.

Palavras chaves: ruído em camada cisalhante, linhas de descarga de alta pressão, silenciador

(11)

Discharge lines are commonly found in industrial compressed air installations. Direct high

pressure air discharge can create noise levels above the tolerance limits described by the

Brazilian Standard Legislation (NBR15), making job environments unhealthy. Well-designed

discharge lines make use of silencers to reduce this undesirable effect to more acceptable

levels below 85 dB(A), which is the recommended maximum exposure of a 8-h daily work

period. In this study, a series of experimental observations are made using a typical blow off

silencer. Compressed air, with pressure and flow control systems, supply a line equipped with

a silencer at its ending. The internal geometry of the assumed acoustic core of the jet varies

according to a series of flow and pressure conditions. The influence of the main constructive

elements of a typical silencer is evaluated in different assembling submitted to the same flow

conditions. As a result, the noise attenuation for each operation point is evaluated in one-third

octave bands and associated to the corresponded pressure loss enforced by the silencer. The

main elements’ contribution in the total pressure loss is analyzed, and the experimental loss

coefficients are obtained in order to produce a description of a general equation for prediction

of pressure loss. The main goal is to associate the acoustic performance with a pressure loss

that minimizes the increase of the line supplying costs. Finally, the overall performance is

used as an important tool in the development process of a typical venting silencer.

Key words: shear layer noise, high pressure discharge lines, acoustic silencer and pressure

(12)

1.1 Visão geral

Na sociedade atual, é de interesse geral o conhecimento da grandeza física chamada de som e

de como esta pode interferir na saúde e no comportamento humano.

Enquanto ondas sonoras com amplitudes inferiores a certos valores mínimos não são sequer

audíveis pelo ouvido humano, ondas de nível alto e também ondas de choque (com

velocidades supersônicas), podem produzir forte sensação de dor ao invés de som (GERGES,

2000).

Para exemplificar a importância do estudo e controle do ruído, uma pesquisa solicitada pelo

Departamento do Comércio dos Estados Unidos estima que 1/3 de seus operários está exposto

a níveis de ruído potencialmente prejudiciais, e o custo anual dos efeitos do ruído industrial

gira em torno de 4 bilhões de dólares, isto levando em consideração acidentes, indenizações,

faltas ao trabalho e diminuição da eficiência. Estima-se que entre 6 e 16 milhões de pessoas

nas indústrias e Forças Armadas estão prejudicadas de forma irreversível pelo ruído. A perda

auditiva ocorre em 28 milhões de pessoas nos Estados Unidos. Destas, em torno de 10

milhões apresentam perda auditiva que podem ser atribuídas à exposição ao ruído. Mais de 20

milhões de americanos são expostos a ruídos nocivos que poderiam provocar perdas auditivas

(AZEVEDO A.; FIGUEIREDO R., 2004).

O principal dano do ruído ao homem é a deterioração do sistema auditivo. O ouvido humano é

um sistema sensível e após um longo período de exposição a altos níveis de ruído, é comum

verificar uma redução na sensibilidade de audição. Outros efeitos do ruído também podem ser

observados atuando em diversos sistemas do organismo humano, trazendo mudanças

comportamentais como nervosismo, fadiga mental, frustração, dificuldades emocionais

perante conflitos sociais e também fisiológicas como aumento na produção de hormônios,

(13)

A maioria destes danos podem ser minimizados e controlados através da engenharia,

programas de conservação, protetores auditivos e ações administrativas. No Brasil, a Norma

15 do Ministério do Trabalho, estabelece os limites de tolerância de exposição ao ruído

contínuo ou intermitente, acima dos quais os riscos de danos são considerados inaceitáveis

(TABELA 1.1). Estes valores são adotados como referência para a área de segurança e

medicina do trabalho de todo o parque industrial.

TABELA 1.1 – Limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente

Nível de Ruído dB(A) Máxima Exposição Diária Permissível

85 8 horas

86 7 horas

87 6 horas

88 5 horas

89 4 horas e 30 minutos

90 4 horas

91 3 horas e 30 minutos

92 3 horas

93 2 horas e 40 minutos

94 2 horas e 15 minutos

95 2 horas

96 1 hora e 45 minutos

98 1 hora e 15 minutos

100 1 hora

102 45 minutos

104 35 minutos

105 30 minutos

106 25 minutos

108 20 minutos

110 15 minutos

112 10 minutos

114 8 minutos

115 7 minutos

FONTE: BRASIL, PORTARIA Nº 3124/1978 (1991).

Os critérios para avaliação do ruído em áreas habitadas visando conforto para a comunidade e

em ambientes diversos são fixados através da NBR 10151 e 10152, respectivamente, e são

adotadas como referência pelos órgãos de controle ambiental brasileiro.

Devido a estes e outros aspectos apresentados é que a estrutura moderna de produção

industrial atribui uma importância cada vez maior às condições de trabalho internas à unidade

de produção e à poluição do meio externo, sendo o ruído industrial um dos principais aspectos

(14)

As unidades de produção industrial concentram, em geral, um número considerável de

equipamentos os quais em conjunto ou isoladamente podem produzir elevado nível de ruído,

criando condições onde a segurança (saúde) do trabalhador é colocada em causa e o trabalho

realizado pode perder a eficiência e qualidade, comprometendo a rentabilidade da unidade de

produção.

Cada tipo de equipamento ou elemento de máquina possui uma fonte geradora de ruído

inerente às suas características mecânicas e dinâmicas, e um dos grandes desafios é a

caracterização e classificação destes como fontes de ruído. O ruído produzido pela atividade

de uma unidade fabril afeta de diversos modos, diferentes grupos de pessoas, consoante a sua

característica e localização relativa.

O controle do ruído é parte integrante do programa de conservação de audição, atuando

diretamente na redução de ruído na fonte, na trajetória de propagação através do bloqueio e

redução da energia sonora, ou no receptor através de seu isolamento (solução menos

praticada, tida como último recurso). A solução adotada como medida de controle pode ser

dada por uma atuação combinada de vários recursos, viabilizando com as características da

fonte e instalação.

Dentro deste cenário, as descargas de grandes volumes de gás a altas pressões para a

atmosfera são caracterizadas como um dos principais elementos de ruído (com maiores

amplitudes) encontrados nas plantas industriais. Estas são derivadas de válvulas de alívio que

descarregam fluidos em alta velocidade para atmosfera ou para um meio de menor pressão,

gerando ruído associado a diferentes fontes atuando simultaneamente. As características deste

ruído e os seus respectivos dispositivos de controle são os focos deste trabalho, realizado

através de um estudo de caso.

1.2 Síntese do problema

A análise de ruído gerado por escoamentos é uma atividade extremamente importante em

nível científico, tecnológico e social. O ruído como agente prejudicial à saúde e bem estar do

homem é verificado de forma significativa nos ambientes industriais através de fontes de

(15)

Na maioria das situações de interesse prático prevalece no escoamento um comportamento

caótico de grande complexidade, envolvendo fenômenos pertinentes a escoamentos

subsônicos e supersônicos como compressibilidade, turbulência e ondas de choque. São

regimes transientes, tridimensionais e caracterizados por processos não lineares de trocas de

massa, energia e quantidade de movimento. São características do escoamento e não do

fluido, onde diversas associações decorrem a geração e propagação do ruído.

A complexidade dos mecanismos de geração de ruído torna essencial o emprego de modelos

numéricos e experimentais para o desenvolvimento de dispositivos de controle eficazes. No

cenário brasileiro, o uso de tecnologia nacional está subordinado a investimentos financeiros

consideráveis, para construção de bancadas para escoamentos em altas velocidades e

aquisição de “softwares”, o que têm restringido a engenharia de controle de ruído a soluções

paliativas (de aplicação limitada, desempenho acústico e vida útil questionável) ou fabricação

de projetos internacionais.

A proposta atrativa de aprofundar a compreensão dos mecanismos de geração e propagação

de ruído em escoamento e a reprodução experimentalmente de um dispositivo de controle, é

uma motivação extremamente atraente para toda a comunidade científica e técnica.

O entendimento dos mecanismos de geração de ruído aerodinâmico está relacionado, dentre

outros fatores, à investigação da variação no número de Mach no escoamento principal, à

caracterização de escoamentos subsônicos e supersônicos, bem como aos tipos de radiações

aerodinâmicas: monopolo, dipolo e quadripolo (BERANEK; VÉR, 1992).

Enquanto na descarga de um jato livre o ruído gerado é proporcional à oitava potência da

velocidade, ao confinar-se o jato de descarga em uma tubulação, verifica-se que o nível de

ruído gerado passa a ser proporcional à sexta potência da velocidade (MEDURI; BISTAFA,

1999). A complexidade e particularidade deste tipo de escoamento têm alimentado constantes

estudos sobre a natureza da geração do ruído e os métodos de atenuação.

No escoamento livre de um jato, ao deixar uma tubulação em alta velocidade, uma região de

mistura e outra desenvolvida é formada. O ruído produzido pela mistura turbulenta do jato

com o meio ambiente é a principal e também a mais difícil componente de ser eliminada. A

(16)

cisalhantes, as quais produzem ruído que é propagado através da radiação quadripolo. Na

região desenvolvida, o ruído é produzido por algumas componentes do escoamento

turbulento. Em condições sônicas e supersônicas a expansão imperfeita do jato gera ruído

associado ao choque, o qual possui componentes de banda larga e tons de alta amplitude.

O controle de ruído através da instalação de silenciadores requer o conhecimento da atuação

de seus diversos elementos construtivos nas características do escoamento. É necessário

qualificar e quantificar a influência do dimensionamento de uma seção transversal,

comprimento e material de absorção.

O foco deste trabalho é avaliar, através de uma série de observações experimentais, o

desempenho de um conjunto silenciador e de seus principais elementos sobre o ruído de

escoamentos de jato livre. Cinco diferentes composições internas de um silenciador são

avaliadas em uma faixa de vazão permitindo a verificação do desempenho acústico em bandas

de terça de oitava. Três séries de medições adicionais são realizadas para análise dos

componentes reativos e dissipativos do silenciador, através das variações de espessuras e

comprimento dos materiais de absorção e dimensões dos espaços de passagem de ar.

Em conjunto será medida e analisada a queda de pressão promovida pela inserção do

silenciador, como fator técnico e econômico limitante em diversas aplicações industriais. Na

instalação, principalmente de grandes silenciadores, o produto entre a queda da pressão e taxa

de vazão volumétrica representa uma substancial perda de potência (convertida para calor). O

custo de produção desta potência durante a vida útil da instalação usualmente excede o preço

de custo do silenciador, ressaltando a importância da especificação de um silenciador no qual

a queda de pressão acarrete o menor custo total.

1.3 Objetivos

São os seguintes objetivos a que este trabalho se propõe:

1. Analisar o desempenho acústico de um silenciador de ruído, correlacionando a influência

(17)

2. Analisar a perda de carga do silenciador, identificando e quantificando os elementos de

maior contribuição.

3. Descrever uma equação para predição da queda de pressão total do silenciador a partir dos

coeficientes de perda determinados experimentalmente.

4. Associar as análises de desempenho acústico e quedas de pressão dos modelos ensaiados.

1.4 Contribuições atingidas

Algumas das contribuições atingidas com o presente trabalho podem ser destacadas em

particular como ponto de partida no estudo de silenciadores utilizados em sistemas de

descarga de alta pressão. Podem ser salientadas as seguintes características para este sistema

de controle de ruído:

1. A determinação dos espectros de freqüência do ruído associados a cada faixa de operação

de escoamento, do regime incompressível ao compressível.

2. A determinação da contribuição do difusor como elemento silenciador, incluindo-se o

efeito da variação do diâmetro de seus orifícios de passagem.

3. A determinação de algumas das características do núcleo absorvedor que promovam um

melhor desempenho acústico.

4. A determinação do efeito da variação do comprimento do corpo cilíndrico na atenuação

em função do espectro de freqüências envolvido.

5. A determinação dos componentes que determinam as principais perdas no escoamento do

silenciador, incluindo-se a avaliação do principal mecanismo de geração para cada faixa

de vazão.

6. A determinação de procedimentos para se avaliar analiticamente (quando necessário, com

(18)

2

CAPÍTULO 2 – RUÍDO EM ESCOAMENTOS

2.1 Introdução

Fontes de ruído produzidas por escoamentos de gás transiente e suas interações com objetos

sólidos são comumente encontradas na maioria dos processos industriais, através de estruturas

de jatos livres ou sistemas de tubulações. Para compreensão dos mecanismos de geração de

ruído é necessário abranger uma grande faixa de números de Mach do escoamento, a partir de

valores muito baixos até condições altamente supersônicas. Fontes de ruído, relacionadas à

camada de mistura turbulenta e ao choque em escoamentos de jatos livres, são abordadas

neste capítulo. Ao final, é apresentada uma breve discussão sobre o ruído gerado e propagado

em sistemas de tubulações.

2.2 Conceitos básicos e definições

2.2.1 Energia acústica e sua classificação

Diversas formas de energia definem a cada momento o sistema dinâmico do Universo. A

energia acústica é uma das formas dessa energia e como tal, obedece às leis fundamentais da

física. Na prática, entende-se por energia acústica qualquer vibração em um meio elástico

(sólido, líquido ou gasoso), que possa ser detectada pelo ouvido humano, normalizada entre as

freqüências de 20 Hz a 20.000 Hz (SILVA, 2002).

Embora a geração e propagação de energia acústica possam ser representadas por equação

matemática, indispensável para as soluções e desenvolvimento da ciência acústica, é um tanto

impraticável o seu uso nos problemas da acústica ambiental sem informações experimentais

específicas ao problema, dada a complexidade das condições de contorno que deverão ser

impostas às soluções desta equação.

Para melhor visualização de suas características, apresenta-se a faixa de freqüências da

(19)

TABELA 2.1 - Posição da faixa vibratória da energia acústica relativa a outras faixas vibratórias conhecidas.

Energia

Tato 20

Energia acústica 20 a 20x103

Rádio frequência 16x103 a 7x1010 Calor e infra-vermelho 2x1012 a 3x1014

Luz 3x1014 a 15x1014

Ultra-violeta 15x1014 a 72x1015

Raio X 72x1015 a 6 x1017

Raio Gama 4x1018

Frequência (Hz)

FONTE: SILVA, 2002.

A freqüência tem importante função na análise da energia acústica, não só por definir a faixa

vibratória e a sensibilidade do ouvido humano, mas também por influenciar diretamente as

variáveis usadas para quantificar a energia acústica.

Entre as variáveis e definições mais usadas, são apresentadas somente as que apresentam

função no acompanhamento deste trabalho:

Pressão acústica.

Onda acústica e comprimento de onda acústica ( ).

Intensidade acústica.

Potência acústica.

Velocidade do som.

Fontes aerodinâmicas.

2.2.2 Pressão acústica

O desequilíbrio mecânico no meio elástico, que para este trabalho será limitado ao meio

elástico gasoso, produz a pressão acústica, e a propagação da pressão acústica produz a zona

acústica entre as freqüências audíveis de 20Hz a 20kHz. A onda acústica é apresentada no

item 2.2.3. A amplitude relativa da pressão acústica com a pressão do meio condutor é

apresentada, segundo SILVA (2002), pela equação:

(2.1)

Onde:

P(t): pressão total instantânea e p(t): pressão instantânea p(t)

(20)

Po: pressão atmosférica ou pressão estática

t: tempo

A pressão atmosférica só é percebida pelo ouvido humano quando varia, por exemplo, com a

mudança de altitude, ou a presença de pressão acústica. Os valores numéricos da pressão

acústica do menor som audível, apresentados a seguir são aplicados pela ISO, ABNT, e

usados em suas publicações. Esses valores são oriundos, de acordo com SILVA (2002), de

pesquisas por Universidades Norte-Americanas, durante o período de 1950 a 1970,

envolvendo diversas gerações de universitários com 25 anos, clinicamente saudáveis, de

diversos ambientes e em número com valor estatístico.

Menor som audível – Definido com zero decibel: 0,00002N/m2

Som intenso – Correspondente a 120 decibels: 20N/m2

Pressão atmosférica Po– Adotada: 100.000N/m2

Para evidenciar a relação de grandeza entre a menor pressão acústica audível e a pressão

atmosférica, segue a relação:

10 2

2

2x10 100.000N/m

0,00002N/m

=

Por ser 2x10-10 menor que a pressão atmosférica, podemos dizer que a pressão acústica

“modula” a pressão atmosférica que a contém, conforme FIGURA 2.1.

FIGURA 2.1 – Pressão acústica e pressão ambiente, desenho sem escala

(21)

2.2.3 Onda acústica

A pressão acústica vibrante propaga-se para as demais moléculas do meio de transmissão com

uma velocidade que depende das características físicas (elasticidade, pressão, densidade,

temperatura) desse meio. A propagação da pressão acústica em um determinado espaço

produz a formação de onda acústica, semelhante às ondas produzidas na superfície da água.

Considerando o meio gasoso, é possível, dentro das propriedades de massa e elasticidade do

meio condutor, relacionar diretamente com os conceitos de energia cinética e energia

potencial, à pressão acústica, às propriedades do meio condutor, e à velocidade de propagação

da pressão (energia) acústica no meio condutor, chamada de velocidade do som abordada no

item 2.2.6.

Como todo tipo de onda, elas constituem de uma transmutação cíclica dessas duas formas de

energia cinética e energia potencial, provocando a concentração e a refração molecular na

direção de sua propagação. A FIGURA 2.2 e FIGURA 2.3 representam, respectivamente, a

propagação de ondas acústicas planas e ondas acústicas esféricas no meio de transmissão

gasoso.

FIGURA 2.2 – Onda acústica plana.

FONTE: SILVA, 2002.

Considerando uma freqüência e uma velocidade de propagação da onda acústica, existe uma

distância no espaço entre um ponto de um ciclo da onda acústica e o ponto de mesmas

características do ciclo seguinte, denominada de comprimento de onda. A relação entre o

comprimento de onda ( ), a velocidade de propagação da onda acústica (c) e a freqüência (f) é

(22)

(2.2)

Neste trabalho, considera-se a seguinte definição para as expressões de freqüência (f):

Baixa freqüência: faixa de freqüência de 25Hz a 200Hz;

Baixa freqüência: faixa de freqüência de 250Hz a 2000Hz;

Baixa freqüência: faixa de freqüência de 2500Hz a 20000Hz;

2.2.4 Intensidade acústica

Para algumas finalidades é necessário o conhecimento do valor da energia acústica ou da

potência acústica associada com a onda acústica. Esse valor pode ser calculado a partir do

valor da pressão acústica.

FIGURA 2.3 – Onda sonora esférica.

FONTE: SILVA, 2002.

A passagem da onda acústica é acompanhada por um fluxo de energia acústica. O fluxo de

energia acústica transmitida na direção do deslocamento, considerado em sua unidade de área

S (FIGURA 2.3) perpendicular à direção do deslocamento, é a intensidade acústica

apresentada pela equação: f

(23)

(2.3)

Onde:

Uef: é a velocidade efetiva, ou seja, 0,71 da velocidade máxima da partícula.

Pef: é a pressão efetiva da pressão acústica, ou seja, 0,71 da pressão máxima.

No deslocamento da onda acústica em campo gasoso livre, a diferença de fase entre a

velocidade efetiva da partícula (Uef) e a pressão acústica efetiva (Pef) é igual a 0 (zero),

resultando cos = 1.

(2.4)

Onde:

: é a massa específica do meio transmissor

c: é a velocidade da energia acústica nesse meio

A intensidade da energia acústica na direção de propagação é:

(2.5)

I é igual a zero na perpendicular a essa direção de propagação, ou seja, a intensidade só é

expressiva na direção do deslocamento da onda acústica. O senso técnico da expressão

intensidade é significativo somente na direção especificada, pois a equação (2.5) é aplicada

somente na propagação livre, plana ou esférica, da onda acústica. O produto c é chamado

impedância característica do meio de deslocamento da onda acústica.

2.2.5 Potência acústica

Consideremos a área S igual a 4 r2de uma esfera imaginária de raio r, sendo a fonte acústica

o centro da esfera em campo livre e I intensidade na direção radial. A potência acústica (w)

radiada em watts é:

(2.6) cosb

P U I= ef ef

c /c P Uef = ef

c

/c

P

I= ef2

S I

(24)

Ou

(2.7)

2.2.6 Velocidade do som

Ondas acústicas propagam-se nos gases em um processo adiabático, isto é, não há tempo para

haver trocar de calor entre as regiões de compressão e rarefação (GERGES, 2000).

Assumindo um modelo simplificado, o som se propaga a uma velocidade (c) que depende

apenas da temperatura do meio, dada pela equação (2.8):

(2.8)

Onde:

k: é a razão entre os calores específicos do gás

R: é a constante do gás

T: é a temperatura do gás

Os termos supersônicos e subsônicos referem-se as velocidades que são, respectivamente,

maiores e menores que a do som.

2.2.7 Fontes aerodinâmicas

O ruído produzido pelo escoamento não estacionário de um gás e por suas interações com

objetos sólidos é denominado ruído aerodinâmico, e pode ser atribuído a três tipos de fontes:

monopolo, dipolo e quadripolo (BERANEK e VÈR 1992). c

/c

P r

4e

w = 2 ef2

kRT

(25)

FIGURA 2.4 – Tipos de fontes aerodinâmicas e suas propriedades dimensionais em um fluido de densidade

média uniforme.

FONTE: BERANEK; VÈR, 1992.

2.2.7.1 Fonte Monopolo

A fonte monopolo é gerada pela inserção descontinua de massa ou calor no escoamento.

Existência típica deste tipo de fonte é verificada em pulsos de jatos, fluxo turbulento sobre

uma fresta em grande superfície, processo de combustão e calor liberado por fronteiras e raio

laser pulsado.

A radiação de uma fonte monopolo em um fluido estacionário é equivalente à produzida por

uma esfera pulsante (FIGURA 2.4a). A amplitude e a fase da pressão acústica são simétricas

esfericamente. Uma relação entre a potência sonora radiada e os parâmetros do escoamento,

quando uma fonte monopolo é gerada em escoamento de velocidades não estacionárias, é

dada através da equação, conforme BERANEK e VÈR (1992):

(2.9) M

U cL c

U cL

W 2 3

4 2

(26)

Onde:

Wmonopolo: potência sonora radiada, W

: massa específica do gás, kg/m3

c: velocidade do som no gás, m/s

U: velocidade do escoamento na região da fonte, m/s

L: escala de comprimento do escoamento na região da fonte, m

M = Número de Mach igual a U/c, adimensional

2.2.7.2 Fonte Dipolo

Fontes dipolo surgem quando um escoamento não estacionário interage com uma superfície

ou corpo, quando a força do dipolo é igual à força sobre o corpo, ou quando há variações

significativas na densidade média do fluido no escoamento. Este tipo de fonte é comumente

encontrado em compressores, onde o fluxo turbulento impacta sobre estatores, rotores e

carcaça, escoamentos turbulentos sobre linhas de transmissão, suportes, descargas de jatos

quentes em ambientes mais frios e outros.

O dipolo é equivalente a um par de fontes monopolo, de fase oposta, separada por uma

distância muito menor que o comprimento de onda sonora (FIGURA 2.4b). A relação entre a

potência sonora radiada e os parâmetros do escoamento, para uma fonte dipolo em um

escoamento de densidade média uniforme é dada pela equação (2.10).

(2.10)

Quando a entropia específica ou a temperatura do escoamento na região da fonte não é

uniforme (descargas de jatos quentes em ambientes mais frios), a densidade também varia

provocando fortes flutuações de pressão no escoamento turbulento e produção de fonte

dipolo. A força do dipolo é proporcional à diferença entre a densidade no campo de pressão

turbulento e a densidade média uniforme, e a sua potência sonora pode ser verificada através

da equação (2.11).

(2.11) 3 3 2 3 6 2

dipolo cL U M

c U cL

W =

(

)

3 3

2 2 3 6 2 2

entropy U M

(27)

Onde:

( T/T)2: é a média quadrática da flutuação de temperatura fracionada.

2.2.7.3 Fonte Quadripolo

A radiação de fonte quadripolo é produzida por tensões de Reynolds em um gás turbulento na

ausência de obstáculos. As tensões de Reynolds ocorrem em par e equivalem a fontes dipolo

iguais e opostas (FIGURA 2.4c).

Quadripolos e dipolos gerados por variação de entropia, são os tipos de fontes predominantes

em escoamentos de ar a altas velocidades, subsônico e turbulento. Através da equação (2.12) é

possível observar que a força da fonte quadripolo será maior quanto maior for o gradiente da

velocidade média.

(2.12)

As fontes monopolo, dipolo e quadripolo diminuem suas respectivas eficiências de radiação

em escoamentos subsônicos, mas a dependência de suas potências de radiação sonora com a

velocidade do escoamento tende a demonstrar o oposto, variando com a quarta, sexta e oitava

potência desta. Desta forma é que em escoamentos subsônicos, quando a velocidade é

consideravelmente alta, a radiação quadripolo é considerada como a principal fonte de ruído.

O valor da constante de proporcionalidade para cada tipo de fonte depende do mecanismo de

geração do ruído e da configuração do escoamento. Apesar das relações de proporcionalidade

fornecer uma boa estimativa da influência da variação de um ou mais parâmetros na potência

de radiação sonora, vale ressaltar que as mesmas tratam-se de modelos idealizados.

2.3 Fontes de ruído em jatos livres

O ruído gerado em jatos livres pode ser associado a duas componentes: ruído da camada de

mistura turbulenta e ruído associado ao choque, sendo este último presente apenas em

escoamentos supersônicos. A intensidade relativa destas duas componentes é uma forte 5

3 2 5

8 2

quadrupolo cL U M

c U cL

(28)

função da direção de observação. Na direção a jusante do jato, o ruído devido à mistura

turbulenta é a componente dominante. Na direção a montante, o ruído associado ao choque é

mais intenso (TAM, 1995). A FIGURA 2.5 compara o espectro do ruído de mistura de um

jato com expansão completa (livre de choque) e o ruído de um jato supersônico com expansão

imperfeita em um bocal convergente com a mesma razão de pressão.

FIGURA 2.5 – Espectro de ruído para um jato livre de choque e imperfeitamente expandido.

FONTE: BERANEK; VÈR,1992.

2.3.1 Camada de mistura turbulenta

A FIGURA 2.6 representa a expansão de um jato em campo livre. Ao deixar o bocal, uma

região de potencial central com escoamento laminar é formada envolta em cada lado por uma

zona de mistura turbulenta (camada cisalhante). O escoamento na zona de mistura é

expandido até que ele circunde todo o jato. A fonte primária de ruído gerado por este tipo de

jato está associada à natureza do cisalhamento e flutuações de pressão na camada de mistura

(29)

FIGURA 2.6 – Representação esquemática da estrutura de um jato livre circular – interação do campo acústico

com o escoamento cisalhante.

FONTE: MUNJAL, 1987.

O crescimento inicial dos jatos turbulentos é conseqüência direta da geração de movimento

em larga escala no contorno do jato. Imediatamente após o orifício de saída, a alta velocidade

do jato gera a produção de uma camada laminar cisalhante. A camada cisalhante é instável e

cresce rapidamente formando vórtices que transportam turbulência do fluido do jato para o

fluido ambiente e fluido ambiente para dentro do jato (FIGURA 2.7) (LIST, 1982).

FIGURA 2.7 – Ilustração da produção e fusão de anéis de vórtices em um jato turbulento.

FONTE: LIST, 1982.

A estrutura da camada de mistura, normalmente, inicia-se por uma força sobre o escoamento

em sua freqüência fundamental (f), ou em seus subharmônicos, f/2, f/4, etc. Esta freqüência

fundamental excita as ondas de instabilidade que formam vórtices que são transmitidos à

jusante. O ruído se dá pelo cisalhamento nos vórtices e pela interação das ondas acústicas com

(30)

O processo de mistura é caótico e grande parte da energia turbulenta é confinada na região

estreita no centro da zona de mistura. Vórtices turbulentos são gerados alinhados a direção do

fluxo dentro da zona de mistura. Os menores vórtices formados no início da zona de mistura

causam, principalmente, ruído de alta freqüência, enquanto que os maiores vórtices causam

ruído de baixa freqüência (GERGES, 2000). Segundo REETHOF (1978), estes vórtices

desenvolvem ondas circunferênciais que resultam em um rápido desenvolvimento de uma

estrutura de escoamento tridimensional de difícil determinação quantitativa (FIGURA 2.8).

FIGURA 2.8 – Contorno instantâneo simulados da magnitude dos vórtices.

FONTE: FREUND, 2001.

A maior parte do ruído de alta freqüência é gerada em uma região tipicamente menor que

0,05D, onde D é o diâmetro do jato. Já a produção do ruído de pico é próxima ao final do

potencial central, por volta de sete diâmetros à jusante (DOWLING; HYNES, 2004).

Algumas pesquisas atribuem fontes acústicas em jatos subsônicos similares a ondas de

instabilidade que crescem inicialmente e em seguida estabilizam e decaem como a espessura

da camada cisalhante do jato (FREUND, 2001).

Na camada cisalhante livre de um jato não pulsante, as fontes monopolo e dipolo se cancelam

não produzindo nenhuma contribuição na fonte líquida e o ruído gerado é inteiramente devido

(31)

Segundo DOWLING; HYNES (2004), a turbulência nos jatos é notavelmente ineficiente

como fonte acústica. Os principais elementos convectivos da turbulência são silenciosos e

somente os elementos espectrais com velocidade em fase supersônica contribuem para o ruído

em campo distante. Na ausência de superfícies sólidas, as tensões turbulentas de Reynolds

formam quadripolos acústicos que geram e propagam ruídos. Um escoamento turbulento

possui grande energia devido a flutuações de velocidade e significantes flutuações de pressão,

mas somente certos componentes deste escoamento energético geram ondas acústicas que

propagam para um campo distante com a velocidade do som. Investigando as perturbações de

uma dada freqüência ( ), verificou-se que para cada valor de somente um único número de

onda ( ) contribui para a radiação sonora. Em uma propagação para um observador a um

ângulo com a direção axial do jato, as componentes espectrais viajam na direção axial com

uma velocidade c0/cos supersônica. Quando a velocidade dos vórtices de um jato é

subsônica, quase todos os componentes da turbulência são silenciosos e viajam a uma

velocidade c0(FIGURA 2.9).

FIGURA 2.9 – Radiação sonora na direção .

FONTE: DOWLING; HYNES, 2004.

Para TAM (1995), tanto a estrutura de turbulência fina como a larga escala é capaz de gerar

ruído. A importância do ruído produzido por estas, depende da extensão do número de Mach e

da temperatura do jato. Para jatos subsônicos a turbulência transmitida a um número de Mach

é subsônica a menos que a temperatura seja muito alta. Neste caso, a estrutura de turbulência

larga é ineficiente como geradora de ruído. O ruído em jato subsônico é dominantemente

produzido por estrutura de turbulência fina. Por outro lado, em escoamentos supersônicos e

especialmente a altas temperaturas, a estrutura de turbulência larga propaga a jusante a um

(32)

capazes de produzir intensa radiação de onda de Mach, a qual facilmente predomina sobre a

estrutura de turbulência fina.

TAM; BURTON (1984) associam o ruído da camada de mistura a amplitude das ondas de

instabilidade. De acordo com o modelo de instabilidade de ondas, a estrutura de turbulência

larga e as ondas de instabilidade do jato podem ser estatisticamente equivalentes. Em um

escoamento cisalhante livre o fluxo principal diverge lentamente em sua direção devido à

entrada no fluido ambiente. Próxima a região de saída, a camada de mistura do jato é fina. O

alto gradiente de velocidade através da camada cisalhante causa ondas de instabilidade com

alta taxa de crescimento. À medida que as ondas de instabilidade propagam à jusante a

espessura da camada cisalhante aumenta, conduzindo a redução do gradiente de velocidade do

meio e da taxa de crescimento, chegando eventualmente a zero em alguns pontos. A

amplitude decai à medida que continua a propagar até quase desaparecer. O aumento e

diminuição da amplitude da onda (onda de instabilidade) são extremamente importantes no

processo de radiação sonora.

Para uma onda de freqüência fixa de amplitude constante, o espectro de onda é discreto. Com

um único número de onda, existe apenas uma velocidade de onda, então as ondas de Mach

são radiadas em uma única direção. O aumento e redução da amplitude das ondas de

instabilidade conduzem a um espectro de número de onda de banda larga, resultando em

radiação de onda de Mach sobre uma ampla direção angular. Alguns componentes desta onda

de banda larga, especialmente os de baixos valores de número de onda, movimentam em

velocidade de fase supersônica. Estas perturbações de fase supersônica conduzem

imediatamente a radiação acústica (FIGURA 2.10). Quando o escoamento é subsônico estas

perturbações se restringem ao contorno imediato da camada de mistura, ou seja, as estruturas

de turbulência de fina escala são as fontes de ruído dominante, já para um escoamento

supersônico a radiação sonora devido às ondas de instabilidades é o processo de geração de

(33)

FIGURA 2.10 – Ondas de instabilidade em uma camada de mistura.

FONTE: TAM; BURTON, 1984.

Em um escoamento turbulento a potência acústica total transmitida para o campo distante

aumenta em M8, onde M é o número de Mach do escoamento. A razão entre a potência

acústica radiada e a taxa com a qual a turbulência extrai energia do meio é a medida de

eficiência acústica, a qual aumenta em M5 para pequeno valor de M. Entretanto, para estes

casos, somente uma pequena fração da energia cinética turbulenta é dissipada em ondas

acústicas. A radiação acústica permanece como uma insignificante relação com a energia de

turbulência cinética na camada de mistura turbulenta até que o número de Mach atinja valores

acima de 0,6. Para M próximo a unidade, a eficiência acústica aumenta gradualmente mais

que em M5. Dados experimentais em escoamento supersônicos mostram que para M 1 a

eficiência acústica torna-se independente de M. Estima-se que na camada limite a M = 5 a

dissipação em energia acústica é da ordem de 1% do trabalho líquido produzido pelas tensões

de cisalhamento na parede ( w) (LELE, 1994).

Investigações experimentais conduzidas por KRISHNAPPA;CSANADY (1969), através de

medições da intensidade sonora emitida por um pequeno bocal circular, buscavam comprovar

que:

I. O ruído de um jato subsônico é produzido por flutuações de tensões turbulentas atuando

como um quadripolo acústico. A partir disto segue através de argumentos dimensionais

que a intensidade do ruído é proporcional à oitava potência da velocidade do bocal, a Lei

(34)

II. A alta taxa de força no jato contribui diretamente para o seu ruído, uma vez que esta é

indiretamente responsável pela existência das tensões de Reynolds e os ruídos das

flutuações nestas tensões são produzidos por elas mesmas (self-noise). O ruído de

cisalhamento é radiado como um quadripolo e sua intensidade é maior a 45º do eixo do

jato, exceto para uma determinada distorção direcional.

III. Os radiadores sonoros elementares são pequenas parcelas de fluido turbulento

movimentando a alta velocidade no meio. O rápido movimento da fonte distorce a

distribuição direcional da radiação e aumenta significativamente a emissão à jusante.

Como conclusão KRISHNAPPA;CSANADY (1969) verificaram que a maior parte do ruído

em jatos é devido ao cisalhamento e o quadripolo dominante é função das flutuações de

pressão.

Através da FIGURA 2.11 observa-se que a parte dominante do ruído da camada de mistura é

radiado em uma seção angular entre 45 e 60º da direção do fluxo. Dentro desta seção o

espectro de ruído é dominantemente um pico de banda larga único. O pico ocorre a um dado

número de Strouhal dependendo da temperatura e número de Mach. Fora desta região, a

diretividade do ruído e as características espectrais são muito diferentes. A intensidade sonora

é baixa e aproximadamente uniforme ao longo da direção axial. O espectro de ruído é plano

para uma larga faixa de número de Strouhal. Esta região representa o ruído de fundo que é

gerado pela turbulência de fina escala.

FIGURA 2.11 – Medições da diretividade do ruído a números de Strouhal selecionados versus ângulo de saída à

Mach = 2 e temperatura de 500K.

(35)

Segundo PAPAMOSCHOU (1997), uma fonte dominante de ruído em jatos supersônicos, são

as ondas de Mach, geradas pelos vórtices turbulentos na propagação do jato com velocidade

de transmissão Uc, supersônica em relação ao ambiente vizinho, conforme ilustrado na

FIGURA 2.12:

FIGURA 2.12 – Radiação de ondas de Mach em um jato supersônico.

FONTE: PAPAMOSCHOU, 1997.

Medições da velocidade de transmissão nas camadas cisalhantes supersônicas – subsônicas,

bem como nas camadas do contorno da região do potencial central do jato, demonstram que

Uc é aproximadamente 80-90% da velocidade da corrente mais rápida (PAPAMOSCHOU,

1997).

Diversos estudos foram desenvolvidos na tentativa de distinguir a emissão de onda de Mach

de outras fontes de ruído, nomeadas como ruído quadripolo e ruído associado ao choque

(“screech” e banda larga). O ruído de choque pode ser eliminado por um jato de expansão

perfeita, mas a separação da emissão da onda de Mach e do ruído quadripolo é extremamente

difícil. A mesma característica responsável pela emissão de onda de Mach, alta velocidade,

também produz fortes fontes de quadripolos, particularmente na região a jusante da potencial

central, onde grandes vórtices são dominantes. Um notável trabalho citado por

PAPAMOSCHOU; DEBIASE (1999), utilizando uma tela de absorção sonora com um

orifício para separar o ruído a montante e a jusante do potencial central, concluiu que as ondas

de Mach contribuem em mais de 20 dB para o campo de ruído total.

Segundo MUNJAL (1987), a energia acústica dissipada por uma tubulação com terminação

aberta é devida a duas perturbações distintas no exterior do escoamento. A primeira destas é a

radiação em espaço livre, no qual a diretividade é equivalente à produzida por uma fonte

monopolo e dipolo. Em segundo, ondas de vórtices incompressíveis são excitadas na ponta da

(36)

interação destes vórtices com o jato absorve uma substancial parte da potência de onda e

exerce uma reação de volta sobre a mesma. Apesar desta atenuação provocar uma

amplificação do ruído de banda larga do jato, esta pode ser considerada insignificante, uma

vez que o ruído do jato permanece baixo comparado com o ruído devido ao cisalhamento. A

potência total radiada por um jato frio para um campo livre, segundo MUNJAL (1987), é dada

pela equação (2.13).

(2.13)

Onde:

WF: Potência total radiada para um campo livre

WT: Potência que deixa o final da tubulação

: Número de onda

r0: Raio da tubulação

M: Número de Mach

A potência total radiada para um campo distante é sempre menor que a potência que deixa o

final do tubo. Esta diferença pode ser visualizada na FIGURA 2.13, e é significante somente

para baixos valores do número de Helmholtz.

FIGURA 2.13 – Atenuação da onda no jato.

FONTE: MUNJAL, 1987. 2

0 2 0 T

F

) r ( 2M

) r ( W W

i

i

(37)

2.3.2 Choque

Os escoamentos supersônicos, em sua grande maioria, são imperfeitamente expandidos. Para

estes escoamentos, a estrutura de célula de choque quase periódica é formada na saída do jato,

gerando um incremento do ruído radiado. Segundo BERANEK; VÈR, (1992), sete ou mais

células distintas de choque podem ser visíveis a uma distância significativa da saída de um

bocal. Existem dois componentes de ruído associados ao choque. Um possui uma freqüência

discreta, o qual é comumente chamado de “screech” tom. O outro componente é usualmente

denominado por ruído associado ao choque de banda larga. A presença destes dois

componentes torna o ruído do jato supersônico rico em características espectrais e direcionais,

diferenciando distintamente o ruído de um escoamento supersônico e subsônico (TAM, 1995).

FIGURA 2.14 – Típico espectro para um jato supersônico – microfone a 30º na direção da entrada do bocal.

FONTE: TAM, 1995.

A FIGURA 2.14 ilustra um espectro de ruído de um jato supersônico típico com expansão

imperfeita (TAM, 1995).

Assim que o jato expande na saída de um bocal, onde a pressão estática é acima da pressão

ambiente, ondas de expansão radiam e refletem através do contorno do jato e formam uma

estrutura de célula de choque repetitiva. Simultaneamente, a mistura viscosa na camada

(38)

naturalmente de banda larga, é caracterizado por um forte pico, sendo a freqüência dominante

uma função da razão entre a pressão e o ângulo de observação. “Screech” tons (faixa estreita)

gerados pelas instabilidades do jato, podem contribuir intensamente para o ruído global de

jatos imperfeitamente expandidos (PETELA; JELEN; MOTRIUK, 2000).

A estrutura da célula de choque de um jato imperfeitamente expandido é formada por choques

normais/oblíquos e ventilação expandida, os quais são gerados na saída do bocal devido às

pressões estáticas desiguais dentro e fora do jato. A ventilação é necessária para permitir que

a pressão estática diminua gradualmente para a condição ambiente. Para um jato

superexpandido há formação de choque oblíquo na região de saída do bocal. Passando através

do choque a pressão estática do gás aumenta abruptamente até igualar ao lado de fora do jato.

Uma vez formada, a expansão ventilada ou choque, propaga através do escoamento do jato

até encontrar com a camada de mistura do outro lado. Dado um escoamento fora do jato

estacionário ou subsônico, nem o choque ou a ventilação expandida são permitidos. O

encontro do choque ou expansão é, entretanto, refletido de volta para dentro do jato. Este

processo de reflexão é repetido muitas vezes à jusante até que o choque/expansão ventilada

seja dissipada pela turbulência. A estrutura da célula de choque pode ser considerada como

perturbações aprisionadas dentro do jato pela camada de mistura circundante (TAM, 1995).

O ruído de banda larga, associado ao choque é gerado pela fraca interação entre a propagação

da estrutura de turbulência larga durante a sua passagem sobre a estrutura de choque quase

periódica (TAM, 1995). O ruído de banda larga tem suas freqüências dominantes usualmente

maiores que os “screech” tons e pode abranger várias bandas de oitava (BERANEK; VÈR,

1992).

“Screech” tons são, talvez, os menos entendidos e menos previsíveis componentes de ruído

de um jato supersônico. A principal razão para este fato é a sensibilidade para variações nas

condições do ambiente. A intensidade do “screech” aumenta em 10 dB quando um bocal de

parede fina é substituído por um de parede espessa. Segundo TAM (1995), os “screech” tons

são devido a um fenômeno de realimentação acústica. A FIGURA 2.15 ilustra as várias

componentes do ciclo de realimentação. Próximo à saída do bocal, onde a camada de mistura

é fina e mais receptiva a excitação externa, o encontro de perturbações acústicas excitam as

ondas de instabilidade intrínsecas do jato. A amplitude desta instabilidade excitada é pequena

(39)

extrai energia do meio e cresce rapidamente em amplitude. Após propagar a distância entre

quatro e cinco células de choque, a onda de instabilidade adquire uma amplitude elevada o

suficiente para interagir com as células de choque repetitivas. A interação transiente gera

radiação acústica. Ondas acústicas de realimentação propagam a montante pelo lado de fora

do jato. Alcançando a região de saída do jato, estas ondas excitam a camada de cisalhamento,

as quais produzem a geração de novas ondas de instabilidade, fechando o ciclo de

realimentação.

FIGURA 2.15 – Esquema da realimentação do ciclo do “screech” tom.

FONTE: TAM, 1995.

2.3.3 Fontes de ruído em tubulações

A produção de ruído em escoamentos internos através de tubos pode ser considerada como

resultado das tensões de Reynolds, bem como das flutuações de pressão e do escoamento

(REETHOF, 1978).

As variações de pressão em escoamento em tubos resultam de variações de elevação ou de

velocidade (em decorrência de mudanças de áreas) e do atrito. No escoamento permanente

inteiramente desenvolvido em tubos horizontais, seja laminar ou turbulento, a queda de

pressão é equilibrada pelas forças de cisalhamento nas paredes do tubo.

No escoamento turbulento as flutuações de velocidade trocam quantidade de movimento entre

as camadas adjacentes de fluido, causando, em conseqüência, tensões de cisalhamento

(40)

velocidade média. A noção de uma tensão aparente foi introduzida pela primeira vez por

Osborne Reynolds e por isto é conhecida como a tensão de Reynolds. Na região muito

próxima da parede, o cisalhamento viscoso ou laminar predomina. A tensão turbulenta

torna-se zero na parede devido à condição de não-escorregamento que exige velocidade neste local

igual a zero. A tensão de cisalhamento total varia linearmente ao longo do raio do tubo, de

forma que o cisalhamento turbulento predomina em toda a sua região central.

Conforme ilustrado na FIGURA 2.16, na região entre a camada da parede e a porção central

do tubo, tanto o cisalhamento viscoso quanto o turbulento são importantes (WHITE, 1999).

FIGURA 2.16 – Distribuições típicas de velocidade e tensão no escoamento turbulento próximo a uma parede:

(a) tensão; (b) velocidade.

FONTE: WHITE, 1999.

De forma qualitativa, as flutuações de pressão e velocidade resultam no desenvolvimento de

fontes acústicas, as quais radiam sons com intensidade e diretividade características de sua

natureza e extensão e das características do meio de propagação (REETHOF, 1978).

Segundo MICHALKE (1989), o campo sonoro gerado pela turbulência em tubos é

praticamente devido a componente axial das flutuações de velocidade para uma região de

onda plana e para freqüências distantes acima da freqüência de corte. Na freqüência de corte e

para pequenos números de Mach, a ressonância é determinada principalmente pelas

componentes radiais e circunferências das flutuações de velocidade turbulenta. O mesmo

acontece para o espectro de potência sonora, quando as componentes de vórtices são

(41)

2.3.3.1 Processos de estrangulamento

Um sistema de estrangulamento tem por finalidade dissipar altos níveis de energia através da

geração de intensa turbulência a jusante. Esta turbulência é convertida em calor (à medida que

é reduzida por ações viscosas) e energia acústica a qual é propagada através do escoamento

com uma pequena fração sendo transmitida pela parede da tubulação e radiada para o

ambiente. Em algumas aplicações, a queda de pressão excede a pressão crítica gerando

condições de escoamento bloqueado e formação de ondas de choques a jusante (FIGURA

2.17).

FIGURA 2.17 – Representação esquemática da geração e propagação de ruído em válvula.

FONTE: REETHOF, 1978.

2.3.3.2 Propagação de ruído em tubulações

Na maioria dos sistemas as fontes de ruído turbulentas são contidas pelas paredes rígidas dos

tubos, que refletem os feixes sonoros, contribuindo para a propagação e até mesmo para a

geração de ruído. Em outros casos, as paredes não são acusticamente rígidas, permitindo que

uma parcela das ondas incidentes seja absorvida, reduzindo a potência sonora propagada e

radiada. Se o tubo é longo quando comparado ao comprimento de onda, parte da energia

acústica decai devido aos efeitos visco-térmico e ao atrito turbulento.

Em um tubo excitado por uma fonte sonora, cada modo propaga-se na direção axial segundo

um número de onda (GERGES, 2000). O número de onda radial mn está relacionado ao

(42)

(2.14)

A condição de x 0 (não há propagação) acontece para freqüência dada em (2.15).

(2.15)

Onde fc é denominada como freqüência de corte ou “cut-off”. Para freqüência acima de fc a

onda se propaga sem atenuação, para valores abaixo de fc os modos decaem

exponencialmente na direção axial do tubo. Na freqüência de corte nenhuma energia é

transportada no tubo.

A demonstração de vários modos excitados na freqüência de corte em um tubo é dada na

FIGURA 2.18. O pico em 2153 Hz corresponde à primeira freqüência de coincidência do

tubo, onde a freqüência da onda de pressão no fluido coincide exatamente com a freqüência

de ressonância fundamental do tubo (JURY, 2005).

FIGURA 2.18 – Aceleração da parede de um tubo em espectro banda estreita.

FONTE; REETHOF, 1968. mn

2 0

2 x

i c

j

i =

2e

i

c

f 0 mn

(43)

Os efeitos da convecção e camadas cisalhantes devem ser considerados no estudo da

propagação em tubos devido a duas influências significativas: a propagação é dispersiva

igualando para o menor modo de propagação; o cisalhamento introduz efeitos de refração

atenuando vários modos de propagação. Em dutos com escoamento convectivo e cisalhante

surgem modos de onda plana próximos à parede rígida atenuando todos os modos. Em

paredes acusticamente absorventes os modos de baixa freqüência são mais difíceis de serem

suprimidos ou atenuados.

Em dutos com paredes acústicas, considera-se que a energia acústica na tubulação pode ser

atenuada pela viscosidade e condução de calor na parede do tubo, pelo atrito turbulento e pela

potência acústica transmitida através da parede do tubo e radiada para ambiente vizinho.

Efeitos visco-térmicos são expressos em termos da espessura da camada limite viscosa e a

espessura da camada limite térmica, as quais são funções do coeficiente de viscosidade

cisalhante, da densidade do gás, da razão entre os calores específicos, da freqüência de

excitação e do número de Mach do escoamento. O efeito da turbulência é expresso em função

do fator de atrito da tubulação e o número de Mach. De acordo com REETHOF (1978),

usando formulações para estas perdas e procedimento experimental é possível obter a

magnitude dessas três atenuações ( dB) através da equação (2.16) desenvolvida para gás

natural a 50ºF, pressão de 550 psi, número de Mach igual a 0,2 e freqüência de 2000 Hz.

(2.16)

Onde: L é o comprimento da tubulação e D o diâmetro.

Como outras conclusões deste experimento, observam-se que o aumento da pressão do gás

provoca apenas um pequeno efeito devido ao aumento da densidade, a qual apesar de

aumentar a transmissão sonora diminui os efeitos viscos-térmicos. Já o aumento da

temperatura causa um incremento da velocidade do som, a qual aumenta a queda de energia

pelo aumento da transmissão sonora e o incremento da viscosidade. Para uma mesma

velocidade o número de Mach pode ser reduzido, diminuindo os efeitos da turbulência, mas

aumentando os efeitos visco-térmicos e da condução de calor. O tamanho do tubo é um

grande fator, reduzindo a atenuação com o seu aumento, caso os demais fatores permaneçam D

0,015L

(44)

constantes. O aumento da espessura da parede diminui a transmissão sonora para o ambiente

vizinho, diminuindo a queda dentro da tubulação. A contribuição relativa destes três fatores é

ilustrada na FIGURA 2.19 para as condições de escoamento utilizadas na dedução da equação

(2.16).

FIGURA 2.19 – Atenuação acústica em tubos devido ao efeito visco-térmico, turbulento e a transmissão acústica

através da parede.

FONTE: REETHOF, 1978.

2.3.3.3 Transmissão pela parede de tubos

Muitos trabalhos têm sido desenvolvidos para relacionar os campos de pressão, turbulentos ou

acústicos, as flutuações de pressão na parede nos aspectos temporal, espectral e características

espaciais. Estas flutuações de pressão excitam a parede do tubo em vários modos ressonantes

ou em vibrações não ressonantes. O estudo destes efeitos em tubos circunferências,

helicoidais ou longitudinais depende das condições de contorno, geometria, dimensões,

propriedades físicas do tubo e da freqüência de excitação. Devido à complexidade das

(45)

3

CAPÍTULO 3 – CONTROLE DE RUÍDO EM ESCOAMENTOS

3.1 Introdução

O processo de atenuação sonora é dado pela perda de energia acústica de um feixe de som. A

atenuação pode ser dividida em duas partes: mecanismos de absorção que convertem energia

acústica em energia térmica e em mecanismos que refletem ou difundem energia para fora do

feixe (KINSLER et al., 1982).

O controle de ruído gerado por escoamentos é realizado por dois tipos de sistemas

silenciadores: (1) silenciadores passivos, onde o desempenho é função da geometria e

propriedades de absorção sonora de seus componentes, e (2) controle ativo de ruído, o qual se

baseia na inserção de fontes adicionais que alteram a distribuição espacial de propagação da

onda. Este trabalho contempla os silenciadores passivos, os quais são compostos por

elementos reativos e dissipativos.

3.2 Conceitos básicos e definições

3.2.1 Resistência Acústica

A resistência acústica pura em um escoamento é devido às perdas por atrito viscoso, que

ocorrem sempre quando há concordância de fase entre o escoamento e a pressão

(NEPOMUCENO, 1968).

3.2.2 Inertância Acústica

A inertância é definida como um elemento acústico que se opõe à variação do fluxo ou vazão

acústica sendo análoga à massa acústica ou indutância elétrica que se opõe a variação de

corrente (NEPOMUCENO, 1968). A propagação de ondas através de elementos de constrição

(46)

3.2.3 Compliância Acústica

A compliância é um volume qualquer de ar capaz de sofrer compressão sem apresentar

deslocamentos, trata-se da elasticidade do ar, sendo análoga a uma capacitância elétrica.

Quando o deslocamento pode ser considerado desprezível, tem-se uma compliância pura.

Com a variação da freqüência, aparecem deslocamentos que não mais podem ser considerados

desprezíveis, passando o elemento de compliante a misto ou a inertância passa a ter papel

preponderante (NEPOMUCENO, 1968).

3.2.4 Impedância de radiação

O meio onde o som se propaga é um elemento que apresenta certa reação à fonte sonora. A

energia fornecida pela fonte é destinada a três finalidades: uma parte é armazenada nas

massas e molas e é devolvida a fonte (energia reativa), uma pequena parte é dissipada nas

resistências a transmissão devido ao atrito viscoso e o restante é dissipado sob forma de

energia sonora que se propaga ao meio. O meio possui também uma componente reativa, que

é formada pela inertância do ar.

A impedância geral de radiação (Z0) é dada pela resistência à radiação (R0– parte real) e pela

reatância (X0 – parte imaginária), por sua vez composta pela inertância e compliância do

sistema (MUNJAL, 1987). Segundo KINSLER et al. (1982) os elementos que compõe a

impedância acústica podem ser comparados com sistemas mecânicos e elétricos (FIGURA

3.1).

FIGURA 3.1 – Analogias acústica, elétrica e mecânica.

Imagem

FIGURA 2.1 – Pressão acústica e pressão ambiente, desenho sem escala  FONTE: SILVA, 2002
FIGURA 2.6 – Representação esquemática da estrutura de um jato livre circular – interação do campo acústico  com o escoamento cisalhante
FIGURA 2.8 – Contorno instantâneo simulados da magnitude dos vórtices.  FONTE: FREUND, 2001
FIGURA 2.11 – Medições da diretividade do ruído a números de Strouhal selecionados versus ângulo de saída à  Mach = 2 e temperatura de 500K
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