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Movimentos migratórios e pendulares na RMBH: o caso de Betim no final do Século XX

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Academic year: 2017

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MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS E PENDULARES NA RMBH: “O CASO DE BETIM NO FINAL DO SÉCULO XX”

BELO HORIZONTE – MG CEDEPLAR/UFMG

2006

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MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS E PENDULARES NA RMBH: “O CASO DE BETIM NO FINAL DO SÉCULO XX”

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em Demografia.

Orientador: Profo. Dr. Fausto Brito

Co-Orientadora: Prfª. Drª Heloísa S. de Moura e Costa

Belo Horizonte, MG

Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional Faculdade de Ciências Econômicas - UFMG

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço ao meu orientador, Fausto Brito, por ter acreditado em minha capacidade e por ter me apoiado nas horas mais difíceis. Agradeço também à minha co-orientadora Heloísa, sempre presente e disponível ao longo do desenvolvimento deste trabalho. Aos professores da Demografia do CEDEPLAR, exemplos de dedicação e competência.

Agradeço a todas as celebridades da coorte 2004, pelo verdadeiro companheirismo nos momentos de alegria e também de dificuldades. Ao Júlio, à Denise, à Cláudia Berenstein, à Renata e à Regiane, serei sempre grata pela grande força e assistência oferecidas. Agradeço ao Maurício, pela sua ajuda imprescindível na busca dos dados. Enfim, agradeço a todos os funcionários e colegas do CEDEPLAR. Não poderia me esquecer dos eternos amigos da peteca sagrada de cada final de semana; aos grandes companheiros, agradeço pelas inúmeras brincadeiras e risadas.

Não poderia deixar de agradecer, especialmente e carinhosamente, aos meus pais, que sempre me apoiaram e foram importantíssimos ao longo do curso, principalmente na fase de conclusão; aos meus queridos irmãos pelo carinho e amizade; à minha Tia Conceição por acreditar que sempre posso mais.

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RESUMO

As migrações intrametropolitanas foram as grandes responsáveis pela expansão urbana que ocorreu nas últimas décadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). Os saldos migratórios evidenciaram um processo de “inversão demográfica”, ou seja, a capital passou a ter menor participação no crescimento populacional da metrópole, do que o Restante da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RRMBH). As altas taxas de crescimento verificadas em vários municípios metropolitanos estariam relacionadas à atuação precisa de dois agentes: o Estado e o mercado imobiliário.

O Estado agiu através da concentração de atividades econômicas em torno da capital. A criação da Cidade Industrial, em Contagem, na década de 40, iniciou o processo de industrialização, que sinalizava a expansão urbana na direção oeste da RMBH. Por outro lado, a especulação imobiliária pressionou o preço da terra na capital, levando os indivíduos de baixa renda a residirem fora dos limites da capital. Assim, observa-se que muitas dessas pessoas continuam tendo vínculos, na maioria das vezes empregatícios, com o núcleo.

O município de Betim se destaca como um exemplo de intervenção estatal, causando profundas transformações na organização espacial da RMBH. A localização de grandes plantas industriais fez com que ele se tornasse uma referência nacional, e um pólo de atração populacional. Concomitantemente, o mercado imobiliário soube aproveitar as oportunidades a um custo econômico mínimo, investindo em grandes áreas de terrenos vazios no município.

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ABSTRACT

The intrametropolitan migrations were the major responsibles for the urban growth which took place inside the Metropolitan Area of Belo Horizonte (MABH) in the last decades. The migratory balances disclose a process of “demographic inversion”. In others words, the provincial capital has now a lower participation on the populational growth of the metropolis than the others towns of the entire MABH. The high growth rates verified in many metropolitan towns would be related to the precise intervention of two agents: the State and the imobiliary market.

The State acted through the concentration of economic activities all around the provincial capital. In the forties, the raise of an industrial area, at the town of Contagem, began a whole process of industrialization that sinalized the urban growth through the western side of the MABH. On the other hand, the imobiliary speculation pressed the land price on the provincial capital, leading the poor individuals to move outside the limits of it. Nevertheless, these people still have a connection, specially an employment, with downtown.

The town of Betim stands out as an example of statal intervention, which caused profound changes in the spatial organization of the MABH. The location of the large industrial areas made possible to it to become a national reference and a pole of populational attraction. At the same time, the imobiliary market profited from the low cost opportunities, investing in bare lands at this town.

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SUMÁRIO

SUMÁRIO...VII LISTA DE TABELAS... VIII LISTA DE GRÁFICOS ...XII LISTA DE MAPAS ... XIII

1-INTRODUÇÃO... 1

2 - FONTES DE DADOS E METODOLOGIA ... 6

2.1DIVISÃO ESPACIAL DOS MUNICÍPIOS EM ESTUDO... 10

3- O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO NO BRASIL ... 17

3.1.1O PAPEL DO ESTADO NA URBANIZAÇÃO E INDUSTRIALIZAÇÃO EM MINAS GERAIS... 21

3.3PROCESSO DE “INVERSÃO DEMOGRÁFICA” E A EXPANSÃO DA RMBH... 27

3.3.1OS VETORES DE EXPANSÃO DA RMBH ... 32

3.3.3O MOVIMENTO PENDULAR NA RMBH–ANÁLISE POR VETORES DE EXPANSÃO... 39

4. O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO EM BETIM ... 44

4.1PROCESSO DE FORMAÇÃO HISTÓRICA E ECONÔMICA DE BETIM... 45

4.2A INSTALAÇÃO DA FIAT EM BETIM E A TRANSFORMAÇÃO DO ESPAÇO BETINENSE... 48

4.3AREGIÃO CENTRO... 52

4.4AREGIÃO SUDESTE... 53

4.5AREGIÃO NOROESTE... 55

5. MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS E MOBILIDADE PENDULAR EM BETIM ... 57

5.1.FLUXOS MIGRATÓRIOS E CARACTERIZAÇÃO DOS IMIGRANTES DE BETIM... 57

5.2A MOBILIDADE PENDULAR NA RMBH: O CASO DE BETIM... 67

5.2.1FLUXO E PERFIL DOS INDIVÍDUOS PARTICIPANTES DO MOVIMENTO PENDULAR ENTRE BETIM E BELO HORIZONTE... 69

5.2.2 FLUXO E PERFIL DOS INDIVÍDUOS PARTICIPANTES DO MOVIMENTO PENDULAR ENTRE BETIM E CONTAGEM... 78

6- CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 88

7-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 92

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: CONTRIBUIÇÃO DO NÚCLEO PARA O CRESCIMENTO MÉDIO ANUAL DOS

AGLOMERADOS METROPOLITANOS- 1970 A 2000 ... 28

TABELA 2: BELO HORIZONTE, RRMBH E RMBH - TAXAS ANUAIS DE CRESCIMENTO,

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: AGRUPAMENTO DAS VARIÁVEIS EM CATEGORIAS DOS DADOS DOS CENSOS 1991 E 2000 ... 7

QUADRO 2:AGRUPAMENTO DAS VARIÁVEIS EM CATEGORIAS DOS DADOS DA PESQUISA

OD... 9 QUADRO 3: GRANDES REGIÕES E AS ÁREAS HOMOGÊNEAS DE BETIM ... 11

QUADRO 4: BAIRROS DE BELO HORIZONTE E AS RESPECTIVAS ÁREAS DE

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LISTA DE GRÁFICOS

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LISTA DE MAPAS

MAPA 1: REGIÕES DE ANÁLISE DO MUNICÍPIO DE BETIM, 2001/2002 ... 12

MAPA 2: REGIÕES DE ANÁLISE DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE, 2001/2002... 14

MAPA 3: REGIÕES DE ANÁLISE DO MUNICÍPIO DE CONTAGEM, 2001/2002... 16

MAPA 4: RMBH: VETORES DE EXPANSÃO E SEUS RESPECTIVOS MUNICÍPIOS ... 33

MAPA 5: BETIM – DISTRIBUIÇÃO POPULACIONAL, 2001/2002... 51

MAPA 6: REGIÃO METROPOLITANA DE BELO HORIZONTE – 2001/2002... 97

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1-INTRODUÇÃO

Há um consenso entre especialistas de que o processo de urbanização no Brasil é um fenômeno recente. A urbanização brasileira, assim como verificado em países desenvolvidos, ocorreu em um espaço de tempo muito pequeno. O processo de industrialização e grandes investimentos em infra-estrutura rodoviária, ocorridos em meados da década de 50 e na década de 60, foram os principais responsáveis pelas profundas mudanças na estrutura urbana brasileira. Nos anos setenta, intensificou-se o processo de industrialização e urbanização no país, resultado de intervenções do Estado. Nesse contexto, os fluxos migratórios se dirigiam, principalmente, para as Regiões Metropolitanas1 (RMs), basicamente para as de São Paulo e Rio de Janeiro. A aceleração do processo de urbanização em grandes centros urbanos acabou por gerar fortes desequilíbrios sociais e espaciais no país (MARTINE, 1994; BRITO, 2000).

Após o intenso êxodo rural observado no Brasil durante as décadas de 60 e 70, as RMs apresentaram uma diminuição no ritmo de crescimento demográfico na década de 80. O Censo de 1991 revelou outras tendências dos movimentos migratórios que levam a várias interpretações sobre o fenômeno migratório como, por exemplo, aumento de migração de curta distância, consolidação da migração intrametropolitana, aumento dos movimentos pendulares, dentre outros (BAENINGER 2000).

A acentuada desaceleração do crescimento populacional das grandes capitais (ou núcleos) das RMs se fundamentou em grande parte pelas migrações intrametropolitanas, levando a um processo de desconcentração populacional, comandada pelo intenso fluxo migratório das capitais em direção a outros municípios das RMs. Quase todas as capitais apresentaram saldos migratórios negativos em relação ao outros municípios pertencentes ao aglomerado metropolitano, segundo o Censo de 1991.

A Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), não fugiu à regra. O saldo migratório urbano evidenciou um processo de “inversão demográfica”, ou seja, a capital passou a ter menor participação no crescimento populacional, do que o Restante da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RRMBH). O município de Belo Horizonte, na década de 60, era responsável por quase 75% do crescimento populacional de toda a metrópole. Na

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década seguinte, sua participação caiu para 57%, e na década de 80, a situação se inverteu, pois o RRMBH passou a comandar o crescimento populacional, contribuindo com 71% do crescimento total da metrópole.Na década de 90, a capital contribuiu com apenas 27% para crescimento total da RMBH.

As altas taxas de crescimento verificadas em vários municípios do RRMBH têm ocorrido por dois fatores principais. Um deles estaria relacionado à atuação do mercado imobiliário, que pressiona o preço da terra na capital, levando as pessoas de baixa renda a se deslocarem para outros municípios da RMBH, cujo preço da terra seja mais acessível. A atuação do mercado imobiliário ajuda a reproduzir no espaço urbano a exclusão social, distribuindo a população de acordo com o seu nível de renda (COSTA, 1994).

Apesar da importância dos agentes imobiliários na distribuição espacial da população na RMBH, deve-se considerar outro agente que também atuou de forma precisa na transformação do espaço urbano metropolitano. A industrialização induzida pelo Estado reforçou sua intenção em implementar um pólo econômico em torno da capital. A confirmação se deu em 1941, com a criação da Cidade Industrial Juventino Dias, no município de Contagem. Foi o início de um processo de industrialização que sinalizava a expansão urbana na direção oeste da RMBH (DINIZ, 1981).

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decisivamente recriando a cidade através de grandes investimentos em infra-estrutura,

necessários para o desenvolvimento das atividades industriais, mas, por outro lado, negligenciou investimentos em serviços urbanos básicos para grande parte da população do município.

A intensificação da mobilidade intrametropolitana resultou também no aumento dos movimentos pendulares, refletindo o distanciamento entre o local de moradia e de trabalho, e a forte segregação espacial da população. Assim, muitos imigrantes intrametropolitanos continuam tendo vínculos, principalmente de trabalho, com os locais de residência anterior, contribuindo para a intensificação do processo de metropolização (CUNHA, 1994). Deve-se considerar ainda a distribuição das atividades econômicas no espaço metropolitano, que leva à oferta de oportunidades de emprego, intensificando a mobilidade pendular da população na Região Metropolitana (RM).

Desta forma, o que se pretende nesta dissertação é, em primeiro lugar, explorar os dados demográficos em relação às migrações intrametropolitanas envolvendo a cidade de Betim, nos períodos entre 1986/1991 e 1995/2000 com os municípios de Contagem e Belo Horizonte. Também serão quantificados e analisados os emigrantes do interior de Minas Gerais que se mudaram para o município.

Em segundo lugar, serão quantificados os movimentos pendulares dos indivíduos que moram em Betim e se dirigem diariamente para trabalharem em Belo Horizonte e Contagem e destes, para Betim. Também serão feitas análises dos indivíduos que moram no município e que, por motivo de trabalho, fazem movimentos diários para outras cidades (movimentos pendulares).

Duas questões serão levantadas sem a pretensão de esgotar o assunto em relação às migrações intrametropolitanas e aos movimentos pendulares envolvendo o município:

• As migrações intrametropolitanas contribuíram para crescimento

populacional do município, na última década? E as emigrações do interior de Minas?

• Existe uma forte interação em relação ao mercado de trabalho de Betim com

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A opção por Betim se deve ao destaque do município, como um exemplo de intervenção estatal, causando profundas transformações na organização espacial da RMBH. O município se destaca pela localização de grandes plantas industriais, transformando-se em uma referência nacional. Portanto, o município ganha importância não só em relação à localização industrial, mas também pela distribuição espacial da população no Vetor Oeste da RMBH.

Quanto ao mercado imobiliário, este soube aproveitar as oportunidades a um custo econômico mínimo, investindo em grandes áreas de terrenos vazios. Agentes do mercado imobiliário, motivados pela demanda de uma população predominantemente de baixa renda, ofereceram, em sua maioria, loteamentos a baixo preço, praticamente desprovidos de infra-estrutura básica.

Betim tem apresentado, nas últimas décadas, uma das maiores taxas de crescimento populacional da RMBH. De acordo com o Censo Demográfico de 2000, na década de 90, o município apresentou uma taxa de crescimento de 7,3% ao ano e uma taxa de fecundidade total de 2,32 em 2000. Assim, com taxas de fecundidade próximas ao nível de reposição, pode-se inferir que provavelmente, as migrações foram as grandes responsáveis pelas altas taxas de crescimento populacional observadas em Betim, na última década do século XX. Além disso, o desenvolvimento industrial verificado no município gera oportunidades de emprego para trabalhadores residentes em outros municípios da RMBH. Muitos desses trabalhadores se deslocam diariamente para Betim, absorvidos principalmente pelo setor industrial, intensificando o processo de metropolização. De fato, os residentes em Betim realizam movimento pendular, principalmente para Belo Horizonte e Contagem.

O presente trabalho é composto por seis capítulos, sendo a introdução o primeiro. No segundo capítulo, discute-se sobre a metodologia e fontes de dados utilizados. No terceiro capítulo, será apresentado um apanhado sobre os movimentos migratórios e a intensificação do processo de expansão urbana no Brasil. Também discute-se brevemente sobre o papel do Estado na concentração de atividades econômicas e na distribuição social da população na RMBH. Além disso, este capítulo inclui uma síntese de algumas linhas de interpretação sobre o espaço urbano que ajudarão a entender a formação espacial na RMs.

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espaço de Betim, analisando a formação histórica e econômica de cada região. Com isso, pretende-se obter informações que possam ser importantes para entender a distribuição da população no espaço do município.

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2 - FONTES DE DADOS E METODOLOGIA

Na presente dissertação foram utilizadas as informações referentes aos Censos Demográficos de 1991 e 2000, realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, foram utilizados os dados da Pesquisa Origem e Destino – OD 2001/2002, realizada pela Fundação João Pinheiro (FJP).

Em relação ao Censo de 1991, perguntou-se sobre o município, UF e condição de residência nos cinco anos anteriores ao censo, ou seja, em 1º de setembro de 1986. Além disso, foi perguntado o último município de residência, ou seja, a migração de última etapa. No Censo de 2000, também foi feita a pergunta sobre o município de residência cinco anos antes da data de referência do município atual, ou seja, em 31 de julho de 1995. Porém, houve uma grande perda em relação ao censo anterior quando se omitiu a pergunta que informaria a residência de última etapa no nível municipal.

Assim, para análise de fluxos migratórios, nessa dissertação foi utilizado o quesito de data fixa, na qual se pergunta ao indivíduo em qual município residia há cinco anos anteriores à data da pesquisa. Será considerado migrante aquele indivíduo que morava em município diferente nas duas datas prefixadas. Através da utilização dos quesitos censitários, referentes aos migrantes, pode-se construir uma matriz origem-destino da região, UF ou municípios de interesse de estudo, obtendo-se informações sobre os imigrantes e emigrantes e, portanto, sobre o saldo migratório.

Serão utilizados os microdados fornecidos pelos Censos de 1991 e 2000 para mensurar as imigrações, emigrações e os saldos migratórios entre o município de Betim e outros municípios da RMBH, ao período de 1986/1991 e 1995/2000. Também será quantificado o saldo migratório entre Betim e o interior de Minas, que será divido em 12 mesorregiões, segundo a divisão fornecida pelo Censo Demográfico.

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Para analisar a renda dos migrantes de data fixa, utilizou-se a variável rendimento mensal do trabalho principal, em salários-mínimos, agrupados em categorias (Quadro 1). Nessa variável consideram-se pessoas com 20 anos e mais que estavam ocupadas na semana de referência da pesquisa.

Na análise do nível educacional dos migrantes, foram consideradas todas as pessoas com 20 anos e mais de idade. Esses migrantes foram avaliados pelo número total de anos de estudo, observando-se a série e o grau mais elevado, concluídos com aprovação e agrupados por categorias conforme, a seguir:

Quadro 1

Agrupamento das variáveis em Categorias dos dados dos Censos 1991 e 2000

Para se obter as informações sobre os movimentos pendulares na RMBH será utilizada a base de dados fornecidos pela Fundação João Pinheiro, chamada Pesquisa de Origem-Destino (OD) 2001-2002. O objetivo principal dessa pesquisa é avaliar os deslocamentos populacionais na RMBH, com finalidade de planejar o sistema de transportes na metrópole. Essa base permite obter informações sobre a mobilidade pendular por motivo de trabalho. Além disso, a pesquisa permite caracterizar os indivíduos que participam de tal movimento.

A abrangência da pesquisa OD é metropolitana. Foram incluídos os 34 municípios pertencente à RMBH no período de sua realização. A base geográfica da OD foi baseada num conjunto de setores censitários do IBGE de 2000. Estes setores foram agregados em

Variáveis

-até um salário-mínino -mais 1 a 2 salários mínimos Rendimento -mais de 2 a 3 salários mínimos

-mais de 3 a 5 salários mínimos -mais de 5 a 10 salários mínimos -mais de 10 salários mínimos

Escolaridade

-12 anos mais: ensino superior incompleto, completo e pós graduação Fonte de dados: Elaboração própria

Categorias

-0 a 4 anos de estudo: analfabetos, curso primário incompleto e completo -5 a 8 anos de estudo: ensino fundamental inompleto e completo

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unidades espaciais, que são chamadas de áreas homogêneas. A amostra da pesquisa é composta por 121.296 pessoas, representando cerca de 2,7% da população total da metrópole. Somente na capital foram entrevistadas cerca de 60 mil pessoas.

As tabelas da Pesquisa OD são divididas em quatro diretórios:

OD Domiciliar: que apresenta para cada área homogênea (identificada por um número com até cinco dígitos), o município, distrito e região administrativa, sua descrição e relação com os demais níveis de agregação.

OD Linha de Contorno: são apresentadas as tabelas de correspondência das horas de pesquisa, tabelas de sentido entrando ou saindo da área de pesquisa, tabela tipo de veículo e tabela motivo de origem ou destino da viagem.

OD Rodoviária: identificam o sentido do movimento, bem como os meios de transporte auxiliares e a viagem rodoviária utilizada pelos usuários para deixar ou acessar a Rodoviária.

Linha de Travessia: que corresponde à contagem classificada de veículos por hora, sentido (entrando ou saindo), data e tipos de veículos por posto.

No diretório OD –Domiciliar foram criadas tabelas referentes aos quatro questionários da pesquisa domiciliar. São elas:

Domicílios/Família: contêm as informações pertinentes ao domicílio e à família

visitados.

Indivíduos: informa as condições sócio-econômicas de cada um dos moradores do

domicílio visitado.

Metrô e Avaliação do transporte: contém informações que se referem às

avaliações feitas pelos moradores sobre os meios de transporte; a acessibilidade ao sistema de ônibus; e o número de veículos no domicílio.

Viagens: sãodeslocamentos realizados por todos os moradores no dia anterior.

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pendular. Serão analisados apenas os indivíduos que realizam movimento pendular por motivo de trabalho para verificar a interação entre local de residência e o mercado de trabalho na RMBH.

Para análise da situação sócio-econômica dos indivíduos que fazem a pendularidade foram examinadas as variáveis renda, educação, ocupação e setor de trabalho destes no mercado de trabalho, considerando apenas as pessoas com 15 anos e mais de idade que trabalhavam em um município diferente de onde residiam. Quanto à renda, considerou-se a renda mensal bruta da ocupação principal, agrupando-a por categorias (Quadro 2). A escolaridade dos pendulares foi também agrupada em categorias, conforme tabela abaixo:

Quadro 2

Agrupamento das variáveis em Categorias dos dados da Pesquisa OD

Para analisar a ocupação desses indivíduos no mercado de trabalho, foram considerados os seguintes grupos, articulando a profissão dos trabalhadores e o setor de atividade econômica:

• Emprego doméstico: abrange as pessoas que realizam serviços de lavadeira,

passadeira e empregada doméstica.

Variáveis

-até um salário-mínino -mais 1 a 2 salários mínimos Rendimento -mais de 2 a 3 salários mínimos

-mais de 3 a 5 salários mínimos -mais de 5 a 10 salários mínimos -mais de 10 a 15 salários mínimos -mais de 15 a 20 salários mínimos -20 mais salários mínimos

Escolaridade

Fonte de dados: Elaboração própria

Categorias

-0 a 4 anos de estudo: analfabetos, curso primário incompleto e completo -5 a 8 anos de estudo: ensino fundamental inompleto e completo

-9 a 11 anos de estudo: ensino médio incompleto e completo

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• Supervisão de trabalho manual (na produção), ocupações manuais

especializadas e não especializadas, auxiliares e aprendizes: mestre de obras, mestre e contramestre de bombeiros, eletricistas, borracheiros, cabeleireiros, chofer, garçons, manicure, vigia, carpinteiro, entregador de mercadorias, empacotador e encadernador;

• Ocupações não manuais de rotina: formado pelos burocratas, atendentes,

balconistas, digitador, recepcionista, telefonista e outras atividades de rotina em escritórios e firmas;

• Cargos médios de supervisão, direção e administração e técnicos de nível

intermediário: nesses grupos estão incluídos os gerentes, administradores de empresas, profissionais na área de relações públicas, corretor de imóveis, tradutor, pintor, músico e outras profissões afins;

• Proprietários, altos cargos, profissionais liberais e técnicos de nível

superior: abrange ocupações de altos cargos do poder judiciário, políticos, diretores de empresas, proprietários, sócios de empresas, comerciantes, advogados, médicos, engenheiros, economistas entre outros.

2.1 Divisão espacial dos municípios em estudo

Na análise da pendularidade foram feitas algumas agregações, a fim de obter maior representatividade estatística. Além disso, foi utilizado o critério de proximidade geográfica entre as regionais de cada município. Também foram levadas em consideração as regionais de cada município.

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buscou-se seguir a lógica de localização geográfica e a proximidade das características econômicas e/ou históricas entre as áreas homogêneas (Quadro 3).

Quadro 3:

Grandes Regiões e as Áreas Homogêneas de Betim

REGIÃO

Centro/CEAB Citrolândia

Centro/Av. Gov. Valadares Sanatório Santa Isabel

Brasiléia/Av. Amazonas São Salvador

Centro Brasiléia/Rua Paraopeba Aroeira

Decamão/Cachoeira São João/Jardim Petropólis

Salomé/Angola Alterosas/Inconfidência

Novo Horizonte Jardim Alterosas

N. Sra. das Graças Imbiruçu

Filadélfia Clube Forense

Arquipélago Verde Favela São Luiz

Jardim da Cidade F.M.B.

Espirito Santo/Niterói Fazenda Santo Antônio

São João/Boa Esperança PTB/P.Camilo/Cruzeiro/C. Elíseos/Vista Alegre São João/Jardim Petropólis Imbiruçu (conj. Habitacional.)

Limpeiro Subaco de Cobra

Rural de Santo Afonso Sudeste Favela da FIAT

Granja Verde Universal

Capelinha Amazonas/Alvorada

São Salvador/São Jorge/Jardim Paulista Piemont Santa Rita/Padre Eustáquio/Jardim Monserat FIAT

Jardim Primavera/Bandeirinha REGAP

Noroeste Açude/Recreio/Alvorada Córrego do Pintado

Vista Alegre/Cruzeiro/Dina Uzabel/Granjas Candeia Parque Fernão Dias Estância do Sereno/Jardim Nazareno Petrovale

Chácaras Reunidas Guaracyaba Bom Retiro

Chácaras São José/São Sebastião Cruzeiro do Sul

Pilões (Norte) Parque Fernão Dias

Icaivera Cedro

Fonte: Fundação Jõao Pinheiro, 2001/2002

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Mapa 1: Regiões de análise do município de Betim, 2001/2002

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Quadro 4:

Bairros de Belo Horizonte e as respectivas áreas de planejamento2

2 Não estão apresentados todos os bairros de Belo Horizonte. Para ilustração, apenas alguns foram

selecionados

REGIÃO REGIO NAIS REGIÃO REGIO NAIS

Instituto Agronômico Anchieta

Boa Vista Barro Preto

Floresta/Santa Tereza Centro

Horto Savassi

Santa Inês Lourdes

LESTE Sagrada Família Funcionários

Pompéia Prudente de M orais

Baleia Santo Antônio

Santa Efigênia Serra

LEST E NORDESTE Capitão Eduardo São Bento/Santa Lúcia

Ribeirão de Abreu Belvedere

São Gabriel Barragem

Nazaré Cafezal

Belmonte São Francisco

São Paulo/Goiânia Abílio M achado

Cristiano M achado Jardim M ontanhês

Cachoeirinha Santo André

Concórdia Lagoinha

Jaqueline NOROESTE Caiçara

Isidoro Norte Antônio Carlos

Planalto Padre Eustáquio

Guarani Camargos

NORTE Favela São Gabriel PUC

São Bernardo Padro Lopes

Tupi/Floramar Cabana

Primeiro de M aio OESTE Jardim América

Nova York Barroca

Serra Verde OESTE M orro das Pedras

VENDA NOVA Piratininga Betânia

Jardim Europa Estoril

Venda Nova Prado

NORT E Céu Azul Gutierrez

Copacabana Buritis

Pampulha Barreiro de Baixo

Planalto Lindéia

Bandeirantes Barreiro de Cima

PAMPULHA Santa Amélia BARREIRO M ilionários

Jaraguá Jatobá

Castelo Vila Cemig

Regina Fonte: Fundação Jõao Pinheiro, 2001/2002

CENTRO - SUL CENTRO - SUL

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Mapa 2: Regiões de análise do município de Belo Horizonte, 2001/2002

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Quadro 5:

Grandes Regiões e as Áreas Homogêneas de Contagem

REGIÕES ÁREAS HOMOGÊNEAS REGIÃO ÁREAS HOMOGÊNEAS

Centro de Contagem Ceasa

Fonte Grande/Santa Helena São Sebastião / Presidente Kennedy

Santa Helena Novo Progresso

Fonte Grande Bairro Colorado

Bernardo Monteiro Balneário da Ressaca

Santa Terezinha / São Bernardo Bairro Guanabara

Conjunto Bernardo Monteiro Laguna / Novo Progresso

CENTRO Santa Luzia / São Gonçalo Sta. Lúcia / Parque. dos Turistas

Jardim Colonial / Vista Alegre Bairro Tijuca / Vila São Mateus

Bairro Alvorada Pedra Azul / Nacional

Três Barras Bairro do Cabral/Arvoredos

Sta. Edwiges / V. Beatriz N. Sra. da Conceição

Cidade Industrial / Juventino Dias Bairro Xangri-lá

Vila São Paulo Retiro

Jardim Industrial Córrego das Abóboras

Inconfidentes / Amazonas NORTE Nova Contagem

Santa Maria / Pedreira Vila do Estaleiro

Flamengo / Bandeirantes Penitenciária

Jardim Riacho Campo Grande / Morro Redondo

SUL Makro / Carrefour/Conj. Hab. Columbia Solar do Maderia/ Várzea das Flores

Riacho Novo Tapera / Bitácula

Santa Cruz Industrial / Conj. Santa Cruz Campestre Feijão Mulato

Riacho Velho Estância do Ibisco

Inconfidentes Vila Renascer

Eldorado Bairro Sapucaia

Gloria Icaivera/Darci Ribeiro/Tupã

Bairro JK Fazenda do Cabral e do Confisco

Conjunto Água Branca

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3- O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO E URBANIZAÇÃO NO BRASIL

A intensificação do processo de urbanização no Brasil foi acompanhada pelo acelerado processo de industrialização da economia brasileira em meados da década de 50. Com objetivo de melhorar o desempenho da economia, a CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina) foi a orientadora fundamental, apoiado pelo governo Juscelino Kubitschek (1956-1960). Com isso, não só a economia alcançava um novo patamar, onde predominavam os setores de bens de capital e de bens de consumo duráveis, como também os sistemas de transportes e viário se modernizavam, promovendo a articulação entre diversas regiões do país (DINIZ, 1981).

“ ...desarticulava-se o Brasil arcaico, fortemente vinculado a uma estrutura agrária em profunda transformação, mesmo nas regiões de expansão de fronteira agrícola, onde, rapidamente, a economia camponesa cedia lugar ao grande capital. Essa grande transformação na sociedade brasileira, na segunda metade do século XX, incorporava como um dos seus principais vetores de transformação, o chamado “grande ciclo de expansão das migrações internas”.

(BRITO E SOUZA, 2005, p.2)

As trajetórias migratórias apenas refletiram a política de concentração econômica comandada pelo setor industrial no país. Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro foram responsáveis por 72% da produção industrial em 1959 (CANO, 19983 apud BRITO, 2000). Nesse cenário, os fluxos migratórios em direção a esses dois estados se intensificaram nesse período, alimentados principalmente pelos dois grandes reservatórios de força de trabalho: Nordeste e Minas Gerais (CARVALHO et al, 1998).

Seguindo a mesma tendência da década de 50, mas em menor escala, o principal destino dos migrantes foi São Paulo e Rio de Janeiro e as regiões de expansão de fronteira agrícola: Centro-Oeste e Paraná. Os principais alimentadores desse fluxo foram o Nordeste e Minas Gerais, que juntos foram responsáveis por 70% de toda a emigração do país. Considerando apenas a origem dos imigrantes que chegaram em São Paulo, cerca de 90% eram provenientes do Nordeste ou de Minas, no período entre 1940 e 1960. O estado do

3 CANO, Wilson. Desequilíbrios regionais e concentração industrial no Brasil, 1930-1945. São Paulo: Global

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Paraná e a região do Centro-Oeste também tiveram uma alta participação na imigração, mostrando serem pólos de atração populacional (CARVALHO, et al, 1998).

O início da década de 60 foi marcado pela crise econômica, resultado do esgotamento do próprio modelo econômico adotado. O Regime Militar adotou uma estratégia de favorecer melhorias em infra-estrutura e na modernização dos setores produtivos de capital e de bens de consumo duráveis. Os investimentos públicos e a política econômica induziram um padrão de concentração espacial da economia no Brasil.

A centralização do poder federal seria alicerce necessário para o processo de modernização do país, usando a concentração de investimentos em grandes centros urbanos e levando estes a assumirem o centro de gravidade (como pólos) de desenvolvimento econômico do país. Segundo DINIZ (1995), na década de 60, o estado de São Paulo participava com 39% do PIB nacional, e o Rio de Janeiro com 16%. Juntos eles eram responsáveis por 55% do PIB no país, confirmando-se como fortes pólos de geração de empregos e, conseqüentemente, de atração populacional.

Assim, era de se esperar que o destino dos migrantes ainda se mantivesse bastante concentrado durante a década de 60. O estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e a região Centro-Oeste foram o destino de 71% do total de imigrantes interestaduais. Em relação aos emigrantes, os dois reservatórios de força de trabalho, Minas e o Nordeste, foram os que mais transferiram população para os outros estados. Somente na década de 60, dois milhões de mineiros emigraram para outros estados, que correspondiam a 22% do total dos emigrantes interestaduais de todo o país. Cerca de 60% tinham como destino São Paulo e Rio de Janeiro, e 30% as regiões de fronteira agrícola (CARVALHO et al, 1998). Esse processo levou a uma forte aceleração nos fluxos migratórios e à intensificação no processo de concentração urbana, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro.

“A análise dos fluxos, nos anos 60, mostra que estavam plenamente estruturadas nas grandes trajetórias migratórias dominantes, articulando os dois grandes reservatórios de força de trabalho e os estados de maior crescimento urbano-industrial e as regiões de expansão de fronteira agrícola, principalmente a Centro-Oeste. No caso do Paraná, em parte, do Centro-Oeste, se estruturavam trajetórias, pelas quais passaram maciços fluxos migratórios do Estremo sul e de São Paulo.” (BRITO, 2000)

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19734, as Regiões Metropolitanas (RMs). Estas foram concebidas como espaço de concentração de investimentos por parte do Estado. Apesar da década de 70 ser considerada como a década do “Milagre Econômico”, a concentração geográfica da produção em poucos estados e regiões gerou um aumento das desigualdades regionais. Para amenizar esse processo, o Estado fez uma avalanche de investimentos através das empresas estatais do governo federal, em cumprimento aos objetivos do II PND, iniciando um movimento de reversão da polarização e de uma relativa desconcentração da indústria para outras regiões do país.“Na primeira fase, o processo de reversão da polarização se fez com um relativo

espraiamento industrial para o próprio interior de São Paulo e para quase todos os demais

estados brasileiros.”(DINIZ, 1995, p.7)

Assim, na década de 70, não só a economia brasileira retomou seu crescimento, como também outras regiões e estados aumentaram sua participação no PIB nacional. As regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul ampliaram a sua participação na produção industrial e na geração de empregos. Quanto aos estados pertencentes à Região Sudeste, estes apresentaram diferentes desempenhos. Enquanto Espírito Santo e, principalmente, Minas Gerais ganharam posição relativa na participação da produção industrial e na geração de empregos, o estado do Rio de Janeiro iniciou um processo de “desindustrialização relativa” que perdurou até a década de 905 (DINIZ, 1995).

Nesse contexto, São Paulo recebeu sozinho 31% dos imigrantes interestaduais na década de 70. A emigração paulista se manteve alta, ainda que essa fosse um terço da imigração total do país. A maioria dos emigrantes se direcionou para Minas, Paraná e para a região Centro-Oeste. As áreas de fronteira agrícola paranaense sofreram fortes mudanças provocadas pela modernização da produção, levando a um grande êxodo rural. Nesse período, o Paraná foi o estado que mais perdeu população, principalmente para o Centro-Oeste e para a região Norte, que se configurava como nova área de expansão agrícola. A emigração no Nordeste diminuiu muito pouco nos anos 70. Em Minas as emigrações diminuíram cerca de 40% em relação aos anos 60, e as imigrações cresceram em torno de 16%. Os emigrantes mineiros continuavam a se destinar para São Paulo, Rio de Janeiro e

4 As Regiões Metropolitanas foram instituídas pela Constituição de 1967, mas, apenas regulamentadas na

década de 70.

2Na década de 90 houve uma considerável recuperação de sua participação na produção e na geração de

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para a região Centro-Oeste. Quanto aos imigrantes, a grande maioria era proveniente destes mesmos estados e região e do estado do Paraná (CARVALHO et al, 1998).

O desenvolvimento econômico, na década de 70, reforçou as trajetórias dominantes entre os dois grandes reservatórios de força de trabalho e os estados de maior atração populacional, ou seja, manteve-se a hegemonia da trajetória para São Paulo, que recebeu o maior volume de imigrantes de sua história e reduziram-se os fluxos que se movimentavam para o Rio de Janeiro, que desde a década de 60 tinha começado a perder sua importância para a economia brasileira (BRITO, 2000, p. 17).

O padrão migratório no país, na década de 70, correspondeu a um intenso fluxo populacional das áreas rurais para as urbanas. Segundo MARTINE (1994), a explicação para essa migração estaria no modelo de modernização adotado pelo setor agrícola, que beneficiou a concentração da propriedade e do uso da terra. Junto a isso, os subsídios motivaram a mecanização, levando a uma redução da demanda por mão-de-obra. Esse processo levou a população excedente do campo à busca de emprego nas cidades, resultando em um êxodo rural maciço durante as décadas de 1960 e 1970. Cerca de 29 milhões de pessoas deixaram as áreas rurais nesse período. O autor relata uma mudança estrutural num país que até então era predominantemente rural:

“O aspecto mais marcante da reorganização do espaço brasileiro durante o meio século anterior a década de 80 foi, sem dúvida, a concentração progressiva e acentuada da população em cidades cada vez maiores. Basta ver a trajetória declinante e a perda de importância da população rural. Em 1940, as áreas rurais e localidades com menos de 20.000 habitantes incluíam quase 85% da população total; em 1980, essa participação declinou para 46%” (p.48).

No período entre 1980/1991, verificou-se uma forte recessão na economia brasileira, afetando a capacidade de geração de empregos em todo o país. O fraco desempenho da economia brasileira causou grandes impactos sobre os movimentos migratórios no país, reduzindo a capacidade de atração das regiões mais desenvolvidas, como São Paulo, e ampliando as migrações de retorno provenientes destas regiões.

Portanto, observou-se na década de 80, pela primeira vez, uma significativa desaceleração no crescimento urbano nas principais RMs do país:

“...durante a década de 80 houve uma alteração profunda no padrão de

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ritmo de crescimento urbano na década de 80, em comparação com as décadas anteriores.” (MARTINE, 1994, p.48)

Após 1980, aconteceram mudanças expressivas nas migrações interestaduais no Brasil. Os dois reservatórios de mão-de-obra, Minas Gerais e Nordeste, receberam uma percentagem elevada de retornados. Minas Gerais apresentou uma “reversão”: na década de 60 apresentava saldo negativo, e na segunda metade dos anos noventa já exibia um pequeno saldo positivo. Além de Minas, a região Centro-Oeste e o Estado do Paraná, juntamente com a região Sul, se destacaram pela reversão em sua tendência de perda populacional. Outro fato interessante foi que o Nordeste apresentou um saldo migratório negativo, mas que foi diminuindo desde a década de 70. Mesmo assim, seu potencial emigratório ainda persiste (BAENINGER, 2000).

A década de 90 parece indicar o reforço de tendências migratórias observadas na década de 80, sugerindo tratar-se de um fenômeno resultante das transformações sociais e econômicas no período.

O menor crescimento das metrópoles, a maior predominância de migrações de curta distância e intra-regionais, uma incidência acentuada de migrações de retorno – sugerindo circularidade de movimentos -, a tendência a um crescimento de cidades de porte médio, a configuração generalizada de periferias no entorno dos centros urbanos maiores nas distintas regiões do país, entre outras características, suscitaram a afirmação, por parte de alguns especialistas, de tratar-se da configuração de um novo padrão migratório brasileiro. (PATARRA e PACHECO, 1997, p.445)

3.1.1 O papel do Estado na urbanização e industrialização em Minas Gerais

O nascimento da industrialização em Minas foi causado a partir da implementação da indústria siderúrgica e metalúrgica. A investida nesse setor se deu a partir do processo de substituição de importação, processo este implantado devido às condições econômicas no mercado mundial de produção de aço e ferro (SINGER, 1977).

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mercado externo. Grandes esforços foram feitos para a implementação de um parque siderúrgico no país. O setor metalúrgico se desenvolveu, na região central do estado de Minas Gerais, com a instalação da Siderúrgica Belgo Mineira, na década de 20 (DINIZ, 1981).

A crise provocada pela quebra na Bolsa de Nova York, em 1929, foi muito conveniente para a indústria siderúrgica brasileira, pois, na década de 30, pela primeira vez, a produção de ferro e aço nacional supera o volume importado. Em 1935, a produção nacional é duas vezes maior que o valor importado e, em 1939, a quantidade passa a ser quatro vezes maior. “A parte mais importante do processo de substituição se tinha

consumado” (SINGER, 1977, p.245). Todo esse crescimento se deu principalmente em

Minas Gerais, que foi beneficiada pela implementação da estrada de ferro Vitória–Minas, facilitando o escoamento da produção siderúrgica.

Na década de 40, apesar do contínuo crescimento da produção siderúrgica, verificou-se que a expansão da agropecuária também incentivou o crescimento industrial em outros ramos industriais como a tecelagem, madeira, couro, fiação, etc. Nesse contexto, a capital mineira liderava o crescimento econômico no período e assumia ponto central na industrialização no estado, onde, além da indústria siderúrgica e mineradora, também prevaleceu a indústria têxtil. Outro aspecto importante foi a expansão da rede rodoviária de Minas, que facilitou o intercâmbio entre a indústria de Belo Horizonte e as regiões agropecuárias do Estado.“Aprofunda-se, portanto, neste período, a divisão de trabalho

entre o campo e a cidade e Belo Horizonte torna-se (ao lado do Rio e de São Paulo) cada

vez mais um dos pólos desta redistribuição de atividades.”(SINGER, 1977, p. 253)

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Verificou-se assim, uma nítida concentração econômica na região central do estado, onde a capital e o seu entorno lideravam o crescimento econômico no período e assumiam papel principal na industrialização no Estado. As construções das rodovias federais, BR-381 e BR-262, promoveram a articulação entre as três maiores capitais do país (no sudeste) e com Brasília, o novo centro administrativo e político do país. Ao final da década de 60, mesmo pautado pelo discurso do Governo Federal de desconcentração espacial de desenvolvimento dentro do Estado, parecia ser mais coerente manter a concentração econômica na área central de Minas. A concentração econômica na área central do estado tornou-se ainda maior após a criação da Refinaria Gabriel Passos, em 1968, no município

de Betim.

No início da década de 70, a conurbação entre os municípios parece justificar a instituição da RMBH. Além da capital, mais 13 municípios6 formavam a metrópole mineira. Enquanto isso, a rede rodoviária já apresentava uma maior complexidade no Sudeste, com importantes ramificações em direção ao Centro-Oeste e ao Nordeste, ao longo do litoral brasileiro (DINIZ, 1981). Novas indústrias foram instaladas na região metropolitana, principalmente nas regiões norte e oeste. O município de Betim se destacou pela sua privilegiada posição geográfica, onde passam as principais rodovias do país, tornando-se área de implementação da FIAT Automóveis, em 1976.

3.2 Algumas abordagens sobre o espaço urbano

Há diversas interpretações sobre a formação do espaço urbano e sobre os impactos dos deslocamentos populacionais sobre ele. Não é tarefa simples relacionar o crescimento populacional de uma região com a sua formação. Dessa forma, para melhor compreensão serão resgatadas algumas linhas de discussão clássica e outras que também abordam o caso brasileiro. Não se pretende esgotar e nem abranger toda a complexidade que envolve o assunto, mas apenas conhecer diferentes enfoques que possam contribuir para o melhor

6 Betim, Contagem, Ibirité, Nova Lima, Raposos, Rio Acima, Caeté, Sabará, Pedro Leopoldo, Ribeirão das

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entendimento da distribuição espacial da população em grandes aglomerados metropolitanos.

Em sua análise do espaço urbano, CASTELLS (1983) se propõe analisar a política urbana e os movimentos sociais. A cidade é vista como uma unidade definida por três grandes estruturas: ideológica, político-judicial e econômica. Para o autor, a estrutura econômica é o principal elo conceitual para a teoria do espaço. Desta forma, o urbano seria uma unidade espacial de reprodução da força de trabalho, resultado da divisão social do trabalho e do processo de acumulação do capital.

A abordagem de HARVEY (1980) sobre a construção do espaço para países desenvolvidos reflete o conflito de grupos e instituições dominantes da sociedade, através do campo ideológico, econômico, étnico e cultural. O ambiente intra-urbano expressa a relação entre o capital, o trabalho e as classes sociais. O Estado tem importante papel, intervindo sobre a organização interna das cidades, garantido a infra-estrutura para a sua expansão e fazendo com que, muitas vezes, a população de baixa renda se dirija para locais onde o preço da terra seja mais baixo. Com a chegada da industrialização, grande parte da população rural foi residir na periferia das grandes cidades. “A pobreza urbana é, na maior

parte dos casos, pobreza rural reorganizada dentro do sistema urbano” (p. 266).

Para PRETECEILLE (1994), o Estado e o mercado mobiliário não são os únicos agentes dominantes na formação do tecido urbano. O processo de internacionalização e modernização do capital tem levado à reestruturação industrial, como a evolução para a “lean production”, na qual a empresa industrial se transforma em organizador estratégico de um sistema de produção desconcentrado em que inúmeras tarefas de produção, sobretudo as mais repetitivas, são externalizadas ou subempreitadas. Esse processo leva à dispersão de operários em diferentes empresas, quase sempre menores, geograficamente espalhadas na região, acarretando na transformação do ambiente construído na cidade, região ou no país.

Nessa linha, SANTOS (1991) defende que a internacionalização dos capitais financeiros e o processo de modernização, na ausência de mecanismos de redistribuição, resultam numa involução metropolitana, em países em desenvolvimento, dado que essas

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ações externas dentro do contexto urbano, resultando num espaço da dominação e de exclusão social ditado pelo modo de produção capitalista.

Para SANTOS (2002) o modo de organização do espaço em países em desenvolvimento seria conseqüência do progresso tecnológico. A modernização tecnológica resulta numa oferta mínima de novos empregos. Consequentemente, a indústria moderna responde cada vez menos às necessidades de geração de emprego. Assim se observa uma grande massa populacional com nível de renda muito baixo, dependendo de eventuais oportunidades de trabalho para sobreviverem. Por outro lado, se observa uma minoria que recebe altos salários. Para o autor, isso gera diferenças qualitativas e quantitativas em relação ao consumo. Tais diferenças geram dois sistemas que afetam a fabricação, distribuição e o consumo de bens e serviços: o circuito superior e o inferior. O circuito superior é resultado direto da modernização e é representado pelas atividades criadas para servir ao progresso tecnológico e à população que se beneficia dele. O circuito inferior é o resultado indireto da modernização, “visto que concerne àqueles indivíduos que

se só parcialmente se beneficiam, ou absolutamente não se beneficiam, do recente

progresso tecnológico e das vantagens a ele ligadas”. (SANTOS, 2002, p.96).

O autor analisa os dois circuitos a nível macroespacial, onde se observa simultaneamente, uma concentração geográfica e econômica das atividades modernas. Com o desenvolvimento da industrialização, as atividades do circuito superior, detentoras do progresso tecnológico, dominam sozinhas a capacidade de organização a nível macroespacial, estabelecendo uma hierarquia entre as cidades. Por sua vez, as atividades do circuito inferior praticamente não conseguem influenciar na formação da unidade macroespacial. (SANTOS, 2002)

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integrados, geralmente instalados em grandes áreas, muitas das vezes desapropriadas, doados pela prefeitura municipal ou comprados por um preço simbólico.

No caso de países em desenvolvimento, como o Brasil, o Estado se porta como importante intermediador na configuração interna das cidades, muitas vezes favorecendo a segregação urbana, onde a periferia se torna a única opção para a população de baixa renda. Um outro agente seria o mercado imobiliário, que desloca a habitação populacional para a periferia ou para outras áreas onde o preço da terra é mais baixo, facilitando o processo de favelização. O ambiente urbano construído no Brasil, atualmente, reflete a fragmentação e a descontinuidade típica dos países em desenvolvimento. A dominação econômica e política produz a configuração do padrão de segregação centro-periferia, impondo, tanto em termos socioeconômicos como espaciais, a lógica da desigualdade, com graves prejuízos para a população e para o espaço urbano. A expansão das zonas urbanas, onde se localizam aqueles segmentos mais pobres, praticamente desprovidos de infra-estrutura, fez-se a um custo econômico mínimo para os setores especulativos, que investiram em grandes reservas existentes de terrenos vazios (VILLAÇA, 1998).

No mesmo sentido, RIBEIRO E LAGO (1999) concordam que o desenvolvimento do capitalismo urbano-industrial no Brasil resultou numa combinação ímpar entre a acumulação do capital através da exploração da força de trabalho, que ao mesmo tempo gerou nas cidades a difusão da propriedade entre vários segmentos da sociedade. Como conseqüência, o processo de urbanização brasileiro levou ao deslocamento substancial de pessoas para locais precários nas periferias, possibilitando-lhes amplo acesso à casa própria. Por outro lado, outra realidade se contrasta com essa tendência, ou seja, surge nos aglomerados metropolitanos a produção de espaços residenciais distintos, destinados às camadas de alta renda, separados do resto da cidade.

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interdependentes entre si, como a busca pela moradia e pelo emprego. O mercado imobiliário atua como intermediador no processo urbano, levando à estratificação social e à segregação residencial no espaço.

Além disso, deve-se considerar a seletividade migratória, que gera evasão ou a retenção de pessoas, selecionando-as positivamente (atraindo) ou negativamente (expulsando). Parte destes indivíduos se adaptará, fruto da escolha própria, e parte são obrigados a reemigrarem, em busca de moradia e emprego. A mobilidade dos indivíduos de baixa renda, escolaridade para outros municípios, reflete justamente, a perversidade da seletividade migratória que reflete a exclusão social e espacial nas metrópoles brasileira (MARTINE, 1980, MATOS, 1994).

3.3 Processo de “Inversão Demográfica” e a expansão da RMBH

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Tabela 1:

Contribuição do núcleo para o crescimento médio anual dos aglomerados metropolitanos- 1970 a 2000

A explicação para a queda no ritmo de crescimento nas RMs do país se deve principalmente, à queda acelerada e generalizada dos níveis de fecundidade. Na RMBH, por exemplo, a Taxa de Fecundidade Total em 1980 era de 3,84 e passou para 2,14 em 1991 (WONG7, 1998 apud BRITO e SOUZA, 1998). Contudo, outro fator de grande importância para explicar esse declínio, certamente foi a modificação no padrão migratório Esse fenômeno não aconteceu aleatoriamente. Nas últimas décadas tem havido uma tendência de deslocamento das atividades econômicas das capitais para os municípios vizinhos, através da intervenção do Estado promovendo a descentralização econômica. Por outro lado, o capital imobiliário atua pressionando o uso e o preço de áreas urbanas mais nobres. Assim, a nova localização das atividades econômicas e a atuação do mercado imobiliário, são alguns dos fatores que resultou na redistribuição espacial da populacional, através de intensa migração intrametropolitana.

A capital mineira não constituiu uma exceção em relação às principais metrópoles do Brasil. Nos últimos sessenta anos, a população absoluta de Belo Horizonte cresceu intensamente. Em 1940 a população residente era de 212 mil habitantes, passando para 2.238 milhões em 2000. O RRMBH também não fugiu á regra, possuindo, em 2000, uma população quase equivalente a da capital, com cerca de 2.100 milhões de pessoas.

7 WONG, L., OLIVEIRA, V.B. A queda da fecundidade nas Minas Gerais. In: SEMINÁRIO SOBRE

ECONOMIA MINEIRA, 8, 1998, Diamantina. Anais....Belo Horizonte: CEDEPLAR, 1998. AGLOMERADOS

METROPOLITANOS 1970/80 1980/91 1991/2000 Belém 85,27 81,99 8,93 Fortaleza 80,73 64,71 65,82 Recife 24,19 17,88 31,10 Salvador 80,19 79,45 71,10 Belo Horizonte 57,43 29,36 27,01 Rio de Janeiro 44,63 37,57 35,20 São Paulo 57,87 40,55 32,03 Campinas 50,07 32,82 27,58 Curitiba 67,25 52,12 41,82 Porto Alegre 33,47 19,12 20,71 Goiânia 87,92 51,57 41,84 Brasília 87,44 68,06 57,69 TOTAL 58,50 45,10 37,93 Fonte: IBGE, Censos Demográficos de 1970,1980,1991 e 2000. Elaboração: Fausto Brito

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(GRAF.1). Assim, pode-se observar que a diferença populacional absoluta entre o centro e a periferia vem diminuindo década a década, tendência que verifica também em outras metrópoles do país.

Gráfico 1:

Belo Horizonte e o RRMBH- Evolução da população, 1940 a 2000

Fonte: IBGE,Censos Demográficos de 1940, 1950, 1960,1970,1980,1991 e 2000.

O auge do crescimento demográfico de Belo Horizonte se deu na década de 50, onde o crescimento médio anual foi de 7%. Nesse período, o RRMBH apresentou taxas de crescimento anuais bem menores que em relação a capital (TAB. 2). Na década de 60, as taxas de crescimento da RMBH foram muito altas. Entretanto, pela primeira vez o RRMBH apresentou taxas de crescimento maiores do que Belo Horizonte.

Tabela 2:

Belo Horizonte, RRMBH e RMBH - Taxas anuais de crescimento, 1940/2000

Mesmo assim, a taxa de crescimento da capital continuou alta, sendo responsável por quase 70% do crescimento populacional da metrópole (TAB. 04). Nos anos de 70, a

0 500.000 1.000.000 1.500.000 2.000.000 2.500.000

1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000

BH RRMBH

BH RRMBH RMBH BH RRMBH

1940/50 5,25 0,78 3,55 91,70 8,30

1950/60 6,99 3,41 5,94 83,41 16,59

1960/70 5,94 7,37 6,32 68,73 31,27

1970/80 3,73 6,34 4,52 57,04 42,96

1980/91 1,15 4,77 2,51 28,54 71,46

1991/00 1,16 3,93 2,41 26,26 73,74

Fonte: IBGE: Censos Demográf icos de 1940,1950,1960,1970,1980,1991e2000.

Delta

* BRITO e SOUZA, 2005

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taxa de crescimento da RMBH foi menor do que verificado na década anterior. Belo Horizonte foi o principal responsável pela diminuição no ritmo de crescimento da metrópole. Sua contribuição para o incremento populacional diminuiu para 57%.

A partir da década de 80, o RRMBH começou a comandar o crescimento, ou seja, se observou um processo de inversão espacial do crescimento demográfico, revelando uma mudança na “preferência” dos emigrantes para outros municípios da RMBH (BRITO, 1996). Belo Horizonte na década seguinte, passa a contribuir com cerca de 26%, do crescimento demográfico da RMBH, apresentando um crescimento médio anual de apenas 1,15%.

A explicação para as altas taxas de crescimento populacional no RRMBH, já nos anos 60 foram os intensos fluxos migratórios impulsionados pela intervenção estatal, na criação de um parque industrial fora dos limites da Capital e, também, pela forte atuação do mercado imobiliário, onde juntos proporcionaram a expansão de conjuntos habitacionais e loteamentos fora dos limites da capital, em diferentes municípios da RMBH (MATOS, 1995).

Como já visto, as migrações intrametropolitanas foram as grandes responsáveis pela expansão da RMBH. . Porém, é importante destacar a intensidade dos fluxos migratórios entre a RMBH e o interior de Minas (TAB.3). O que se observou na última década foi à entrada significativa das pessoas do interior de Minas na Capital e no RRMBH. Em relação à Capital, nos dois qüinqüênios analisados, os saldos foram positivos, apesar de declinantes.

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que as imigrações, resultando num saldo bem mais expressivo do que Belo Horizonte (TAB.3).

Tabela 3

Fluxos de migrantes do interior de Minas para Belo Horizonte e o RRMBH - 1986/1991 e 1995/2000

Os Vetores que apresentaram os maiores saldos migratórios, em 1991 em relação ao interior mineiro foram o Oeste e o Norte Central. Estes Vetores foram o destino de 60.802 mil pessoas das 73.179 mil pessoas que entraram no RRMBH, cerca de 83% do total de imigrantes do RRMBH. Destaca-se o Vetor Oeste, que contribuiu com 61% para o crescimento populacional do RRMBH no período. Contagem e Betim receberam a maior parte destes imigrantes.

Os fluxos migratórios se intensificaram no qüinqüênio de 1995/2000 entre os Vetores Oeste e Norte Central, resultando em um saldo migratório maior do que no período anterior. Novamente o Vetor Oeste destacou-se na preferência do destino dos imigrantes. Contagem apesar de ter absorvido a maior parte desses indivíduos, que se dirigiram para o Vetor, apresentou um saldo positivo menor que em 1991. Por outro lado, verificou-se em Betim, um aumento no saldo migratório. O mesmo comportamento foi observado para outros municípios do Vetor, ou seja, um aumento dos saldos em relação a 1991.

Im igrantes Em igrante s Saldo Im igrantes Em igrantes Saldo

Belo Horizonte 86.041 60.385 25.656 83.528 65.827 17.701 RRM BH: 73.179 12.003 61.176 93.561 20.634 72.927 Ve tor Oes te : 42.582 4.879 37.703 49.598 9.801 39.797

Contagem 24.889 2.663 22.226 23.243 5.010 18.233 Betim 10.678 1.426 9.252 16.432 3.445 12.987 Restante do Vetor 7.015 701 6.314 9.923 1.346 8.577

Vetor Norte Ce ntral 18.220 946 17.274 23.380 2.699 20.681

Ve tor Norte 4.649 1.886 2.763 6.651 2.450 4.201

Ve tor Le s te 1.158 1.227 -69 5.036 1.597 3.439

Vetor Sul 3.123 1.971 1.152 4.244 2.337 1.907

Vetor Sudoes te 3.447 1.094 2.353 4.652 1.850 2.802

Total 159.220 72.388 86.832 177.089 86.461 90.628 Fo nte: IB GE,C enso s Demo gráfico s de 1991 e 2000.

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3.3.1 Os Vetores de Expansão da RMBH

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Em relação ao crescimento demográfico dos Vetores de Expansão Urbana Metropolitana (VEUM) praticamente, todos os vetores apresentaram altas taxas de crescimento populacional na década de 70 (TAB.4). O Vetor Norte-Central apresentou uma taxa de crescimento extremamente alta: 12,4%. Como já foi dito, esse crescimento foi resultado principalmente, da implantação de loteamentos populares em grande escala, no município de Ribeirão das Neves. Em 1970, o município apresentava uma população de 9.700 pessoas. Já em 1980, esse número passou para mais de 60 mil pessoas. Nas décadas seguintes, essa região continuou a crescer significativamente, porém a taxas menores. Mesmo apresentando uma diminuição no ritmo de crescimento a sua participação relativa no incremento da população total da RMBH vem crescendo nas últimas décadas (BRITO; SOUZA, 1998).

Em Ribeirão das Neves, por exemplo, os agentes imobiliários se aproveitaram da fragilidade da legislação, para implementar loteamentos sem a mínima infra-estrutura.

“ Desnecessário insistir no impacto do parcelamento do solo num município sem as menores condições de absorver tal acréscimo populacional, Entretanto... uma pesquisa realizada pelo Plambel, em 1981, identificou que, em 103 loteamentos cadastrados em Ribeirão da Neves, 96 não possuíam pavimentação, 91 não possuíam rede de água, 97 não possuíam rede de esgotos, 101 não tinham sistema de drenagem, 71 não contavam com transporte coletivo, para mencionar apenas alguns indicadores básicos” (COSTA, 2004).

Tabela 4:

BH e VEUMs: Taxa geométrica de crescimento anual e participação relativa no crescimento total da região, 1970/2000

1970/80 1980/91 1991/00 1970/80 1980/91 1991/00

BH 3,73 1,15 1,17 57,04 28,54 26,26

OESTE 9,15 5,29 3,93 24,67 36,80 34,80

Contagem 9,69 4,38 2,05 17,69 20,16 10,64

Betim 8,33 6,67 6,81 4,85 10,38 16,24

Outros municípios -0,97 7,92 6,28 -0,43 6,25 7,92

NORTE CENTRAL 12,36 7,48 5,12 10,95 21,98 22,44

NORTE 2,36 2,68 2,75 2,11 3,92 4,24

LESTE 3,04 2,39 2,41 2,56 3,36 3,46

SUL 1,05 1,65 2,01 0,94 2,12 2,49

SUDOESTE 3,54 3,69 5,66 1,73 3,28 6,31

RMBH 4,77 2,62 2,46 100,00 100,00 100,00

Fonte: IBGE - Censos Demográficos de 1970,1980,1991 e 2000 (Apud BRITO e SOUZA, 2005).

(48)

O crescimento populacional do Vetor Oeste, foi extremamente acelerado na década de 70, com um crescimento médio anual de 8,6%. Assim como o Vetor Norte Central apresentou queda no crescimento ao longo do período analisado. Contudo, isso não impediu que sua participação no crescimento populacional permanecesse em torno de 38% na década de 90. Portanto, desde a década de 70, esses dois vetores foram os principais responsáveis pelo crescimento da RMBH: 82% na década de 70, passando para 60% na década de 90 (TAB 4).

A origem deste vetor se deu com a criação da cidade industrial em 1941, no município de Contagem. Mas a consolidação industrial se deu com o crescimento industrial na região do Barreiro, a partir da implementação da Mannesmann, em 1953. A industrialização levou a uma diversificação econômica e a uma grande oferta de empregos para trabalhadores. Como conseqüência, proliferaram-se loteamentos para os operários e conjuntos habitacionais, destinados à população de baixa renda.

Betim é outro município de grande importância no Vetor Oeste, que na década de 50 já havia recebido a Refinaria Gabriel Passos, se transformou num local privilegiado para investimentos industriais, estimulados pela implementação da FIAT Automóveis. Também se destaca o município de Ibirité o qual se integrou ao vetor através de uma grande expansão de loteamentos, sem praticamente nenhuma restrição legal. Ibirité é considerada uma cidade dormitório, já que não existe no município um desenvolvimento econômico capaz de estimular o mercado de trabalho local. Pode-se dizer, grosso modo, que a expansão urbana do Vetor Oeste foi reflexo do crescimento industrial e da urbanização desordenada, claramente impulsionada pelas migrações intrametropolitanas, principalmente, oriundas de Belo Horizonte.

(49)

Com a implementação do bairro Belvedere III, o preço da terra foi altamente valorizado, resultando na consolidação deste vetor (COSTA, 2004).

Com relação aos outros vetores, estes não apresentaram taxas de crescimento expressivas em relação aos Vetores Norte-Central e Oeste. O crescimento dos Vetores Norte e Leste se explica pela expansão de loteamentos populares que permitem a cornubação com a capital. O Vetor Sudoeste se destacou nas últimas décadas, apresentando altas taxas de crescimento. Na última década, sua taxa de crescimento só foi menor do que a do Vetor Norte Central, aumentando sua participação relativa no crescimento total da RMBH. É neste Vetor que se localiza uma grande corporação cervejeira, a AMBEV, no município de Juatuba.

Segundo CUNHA (1994), a periferização que ocorre nas regiões metropolitanas estaria ligada a questões de moradia, onde se encontram as modalidades de ocupação e parcelamento do solo, especulação imobiliária, políticas públicas e concentração demográfica. A omissão por parte do Estado e mesmo quando ocorre intervenção, contribui mais para a periferização populacional. Seria o caso, das construções dos conjuntos habitacionais. Portanto, a ocupação da periferia como única opção de habitação, principalmente das classes menos privilegiadas, não é espontânea ou aleatória, mas severamente determinada.

3.3.2 Fluxos Populacionais na Região Metropolitana de Belo Horizonte

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Referências

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