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Uma análise das teorias de organização - 4. ed.

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Cadernos de Administração Pública - 42

BEATRIZM.

DE SOUZA WAHRLICH

UMA ANÁLISE

DAS TEORIAS

DE ORGANIZAÇÃO

4~ edição

FGV - Instituto de Documentação Editora da Fundação Getulio Vargas

(2)

Direitos reservados desta edição da Fundação Getulio Vargas, Praia de Botafogo, 190, C.P. 9.052, ZC-02, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

'É vedada a reprodução total ou parcial desta obra.

©

Copyright da Fundação Getulio Vargas

1 ~ edição - 1958 2~ edição - 1969

3~ edição - 1971 2~ tiragem - 1972

3~ tiragem - 1974 4~ edição - 1977

FGV Instituto de Documentação Diretor: Benedicto Silva -Editora da Fundação Getulio Vargas - Diretor: José J. Veiga; Coordenação Editorial: Robson Achiamé Fernandes; Supervisão Gráfica: Helio Lourenço Netto; Capa: Leon Algamis; Composto no Centro de Serviço Gráfico do IBGE; Impresso na Editora Vozes.

Wahrlich, Beatriz Marques de Souza

Uma análise das teorias de organização. 4. ed. rev. e aum. Rio de Janeiro, Fundação Getulio Vargas, Servo de publicações, 1977.

xix,

pública, 42)

180p.

Bibliografia: p. 159-66

21 cm (Cadernos de administração

I. Organização. 2. Administração. I. Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro. 11. Série.lII. Título.

(3)

PREFÁCIO

À

PRIMEIRA EDiÇÃO

o

presente trabalho constituiu a tese com que concluí, em 1954, os cursos necessários obtenção do grau de master 01 public admin-istration, na Graduate School of Public Administration and Social

Science da New York University, EUA, no gozo de bolsa de estudos das Nações Unidas, obtida por intermédio da EBAP. Foi traduzida pelo Serviço de Documentação do DASP, que a publicou, em ca-pítulos, na Revista do Serviço Público, de fevereiro a junho de 1957.

Para a presente edição, de iniciativa da EBAP, foi feita uma ligeira revisão de forma, destinada a corrigir pequenos erros, na sua maioria de impressão. Nela não foram introduzidas quaisquer alterações de fundo, muito embora reconheça a autora - como já o fizera na primeira publicação - que muitos pontos deveriam ter merecido esclarecimentos bem maiores do que o trabalho pro-porciona.

Apesar do tempo já decorrido de sua elaboração - cerca de cinco anos - parece não ter esta tese sofrido desatualização sen-sível. É que o gosto pela análise teórica da organização continua não muito düundido e os estudiosos da organização continuam preferindo desenvolver seus aspectos práticos à pesquisa teórica de seus fundamentos. Poucos têm sido, conseqüentemente, os trabalhos recentes sobre o assunto.

(4)

Donde ter aceito o convite para esta edição, pelo qual muito agradeço a meu prezado amigo dr. Benedicto Silva e a meus co-legas da EBAP que sugeriram tal convite.

Renovo meus agradecimentos ao Serviço de Documentação do DASP, pela tradução e primeira publicação, e a meus caros mes-tres da New York University, cujos ensinamentos e estímulo tor-naram possível a elaboração desta tese.

Beatriz M. de Souza Wahrlich

(5)

PREFÁCIO

À

SEGUNDA EDiÇÃO

No prefácio à primeira edição deste ensaio, publicado em 1958, verá o leitor a seguinte afirmativa: "Apesar do tempo já decorrido de sua elaboração - cerca de cinco anos - parece não ter esta tese sofrido desatualização sensível". A situação, em 1968, é bem outra. Surgiram nos últimos dez anos muitas obras verdadeira-mente notáveis no campo da teoria administrativa em geral, e no da teoria de organização em particular.

Assim, uma segunda edição áeste caderno não poderia deixar de compreender um novo capítulo, que fosse uma tentativa de síntese das principais idéias novas sobrevindas. Sua elaboração apresentou, entretanto, dificuldades bem maiores do que a de todos os anteriores. lt que, quando os escrevi, dedicava-me exclusivamente

à pesquisa e ao estudo da administração, aluna que era da

Gra-duate School 01 Public Administration da New York University.

Hoje, e há vários anos consecutivos, exerço absorvente cargo de direção, que pouco tempo me deixa para estudo e pesquisa.

(6)

enfoques são, portanto, muito mais complexos e variados, muito menos suscetíveis de síntese do que a teoria anterior, objeto da maior parte da primeira edição.

Além disso, cresceu consideravelmente o interesse pelos funda-mentos teóricos da organização. Vários dos mais eminentes cien-tistas sociais e políticos têm devotado especial atenção a essa· área.

Para o trabalho de pesquisa que tornou viável esta segunda edição, devo agradecer em primeiro lugar a excelente colaboração do professor assistente Evaldo Macedo de Oliveira. Foi ele incan-sável na busca das melhores fontes, assim como na preparação de resumos e discussão de possíveis rumos que o trabalho poderia tomar. Também teve considerável participação no planejamento da sistemática finalmente adotada.

Agradeço também ao professor Diogo Lordello de Mello, então chefe do Centro de Pesquisas Administrativas da EBAP, que me convenceu de que o trabalho seria exeqüível, mesmo estando eu no exercício de um cargo de direção.

Devo confessar, porém, que o maior incentivo de todos veio do fato de receber insistentes pedidos de uma nova edição. Realmente, jamais esperava repercussão maior para minha tese de mestrado, embora sua elaboração tivesse representado, à época, a concreti-zação de um anti!;.:> projeto. Quando, em 1952, embarquei para os EUA com o objetivo de cursar a Escola de Pós-Graduação em Administração Pública da New York University a fim de incor-porar-me ao corpo docente da EBAP, já havia concebido a idéia de escrever tese sobre teorias de organização. Não foi fácil, porém, obter a necessária permissão da Universidade, pois havia então, como hoje, nítida preferência pela pesquisa empírica, e o meu plano não era desse gênero. Mas o professor Sterling Spero, meu conse-lheiro de tese, interessou-se vivamente pelo assunto ê a permissão afinal veio.

Concluída, discutida, revista e aprovada a tese, obtive o almejado grau de mestre em administração pública, e regressei ao Brasil, iniciando em março de 1954 o magistério na EBAP, concomitan-temente com funções no DASP.

Logo após, o diretor da Revista do Serviço Público, meu prezado colega e amigo dr. Augusto de Resende Rocha, pediu-me autori-zação para publicar a tese na revista, o que foi feito em tradução

(7)

da técnica de administração Dulcy Melgaço Filgueiras, também minha colega e amiga. A publicação efetuou-se nos números de fevereiro a junho de 1957.

Em 1958, por iniciativa - plenamente aprovada pelo então diretor da EBAP, professor Benedicto Silva - do professor Ar-naldo Pessoa, que então pertencia ao corpo docente da EBAP e hoje é membro destacado do alto funcionalismo do BID, foi a tese novamente publicada, desta feita como Caderno de Adminis-tração Pública, da EBAP. Já há bastante tempo esgotou-se a pri-meira edição. Por diversas vezes o professor Benedicto Silva, hoje diretor do INDOC - ao qual está subordinado o Serviço de Publicações da FGV - declarou-me seu interesse pelo trabalho, estimulando-me a que o atualizasse. Só não havia ainda surgido esta segunda edição por minha culpa - culpa, aliás, não intencio-nal, mas motivada pela impossibilidade material de devotar mais tempo à necessária atualização.

Creio que manteve a presente edição o que me parece ter sido a característica dominante da primeira: seu caráter sintético e a linguagem simples. Por ser um trabalho de síntese, poupa tempo aos estudantes assoberbados com as tarefas escolares, assim como aos administradores que, no Brasil, vêem-se forçados quase somente a despachar, poucas vezes efetivamente fazendo coisas e, menos ainda, meditando e estudando sobre como melhor fazê-Ias. Crê a autora que a sua linguagem simples oferece contraste marcante com a da maioria dos próprios autores que constituem o âmago da análise: os cientistas sociais são reconhecidamente complexos em sua linguagem, precisando mesmo, às vezes, de intérpretes.

Só resta esperar que os leitores dêem a esta edição a mesma acolhida que à primeira.

(8)

PREFÁCIO

À

TERCEIRA EDiÇÃO

Cada vez mais cresce em mim o interesse pelas teorias de organi-zação. Não só porque a matéria se revela progressivamente mais fascinante, pela variedade de concepções que lhe dá sua atual feição interdisciplinar, como por serem essas novas concepções, a meu ver, bem mais satisfatórias do que as tradicionais, na expli-cação dos fenômenos organizacionais.

Por outro lado, a análise das teorias de organização está-se tor-nando tarefa ingente e ainda mais complexa. A preparação desta terceira edição envolveu pesquisa em mais de quarenta livros da última década e nos principais periódicos 'de ciências sociais dos últimos três anos, pesquisa que se revelou extremamente útil con-forme atestam as novas citações introduzidas (mais de uma cen-tena).

Conservei intacto, como na segunda edição, o texto da primeira, que agora é apenas a 1.8 parte deste trabalho. Mantive essa orien-tação porque ela permite identificar com nitidez a evolução das teorias de organização em duas épocas distintas: até 1953/54, quando a tese foi elaborada, e em 1970, quando procuro pela terceira vez recapitular e sintetizar a matéria, na 2.8 parte em que

agora se desdobra este trabalho.

(9)

A bibliografia também reflete essa dicotomia: conservei intacta a da primeira edição (1.8 parte), e organizei nova, constante dos

livros consultados para elaboração da 2.8 parte.

Quanto aos esquemas classificatórios das teorias de organização, adotados numa e noutra parte em que se divide o trabalho, a ex-plicação de seus fundamentos está no próprio texto, ao início de cada uma dessas partes.

A meus colegas, especialmente aos professores Bergamini de Abreu e José Maria Arantes, meus agradecimentos pela confiança e apoio, na pesquisa bibliográfica, na crítica ao trabalho e na re-visão dos originais. Também desejo destacar a eficiente colaboração que recebi de minha ex-secretária, Irene Castello Branco Barata e de Lygia Maria da Silva Cruz, às quais sou muito grata.

As bibliotecárias da F. G . V ., como sempre, primaram pela com-petência e atenção, em minhas freqüentes consultas. A elas, minha gratidão.

Aos generosos leitores das minhas primeiras edições, em es-pecial aos alunos da EBAP, meus agradecimentos, com a esperança de não decepcioná-los com esta terceira edição, revista e aumentada.

(10)

INTRODUÇÃO

"A teoria administrativa pode não se ter ainda desenvolvido ple-namente, pode estar mesmo na sua infância, e é certo não ter atingido a velhice. Talvez meu pensamento seja apenas determi-nado pelo desejo de que seja esta a verdade, mas, a meu ver, a teoria administrativa representa o setor mais original e vigoroso da teoria política americana contemporânea".l

Se não fossem essas palavras de Dwight Waldo e o estímulo -constante de quem seria o meu orientador na feitura desta tese, professor Sterling D. Spero, teria eu desistido de meu intento de escolher, para assunto da mesma, o aspecto teórico da organização.

Muitos foram os motivos que quase me desencorajaram. Em pri-meiro lugar, está em voga, hoje em dia, subestimar-se o aspecto teórico da organização em favor do seu aspecto prático. A atitude dos técnicos de administração é, claramente, a de quem pede des--culpas, ao falarem ou escreverem sobre (lS fundamentos teóricos

da organização.

l WALDO, Dwight. The status and prospects 01 administra tive theory.

Wash-ington, set. 1953. Ensaio apresentado à 49.8 Conferência Anual da American Polítical Science Association.

(11)

Por cutro lado, alguns daqueles que realizam pesquisas no campo da organização têm, eles próprios, suscitado grandes dúvidas sobre a validade de princípios ou regras formuladas por seus colegas, o que veio a ser interpretado como significando falta de fé na teoria de organização, quando, na realidade, constitui apenas uma indi-cação de estarem eles querendo pesquisar mais profundamente o conhecimento da mesma.

Além do mais, todas as vezes que um dos meus colegas da uni-versidade fazia perguntas sobre qual era o tema de minha tese, vislumbrava eu um polido mas muito claro olhar de surpresa diante da minha resposta, o que, pouco a pouco, começou a perturbar-me.

Contudo, a obra de Waldo, a atenção amiga do dr. Spero, e o interesse crescente por tão controvertido assunto mantiveram-me na trilha inicial. Alegro-me de ter-me dedicado a tal trabalho, por-que ele constituiu para mim uma experiência extremamente enri-quecedora.

(12)

APRESENTAÇÃO

Knowing and choosing are not enemies.

William Letwin

Éste livro de Beatriz Wahrlich reflete a evolução das idéias sobre as teorias de organização e o crescimento assustador da documentação pertinente.

Em 1958, Herbert Simon e James March, co-autores de

OrAaniza-tions, uma das obras mais renomadas sobre a matéria, iniciavam o

parágrafo segundo do capítulo primeiro com a proposição seguinte:

"Por mais que as organizações ocupem o pensamento dos dirigentes e administradores e por maior que seja o número de obras escritas para eles sobre este assunto, o fato é que a Teoria das Organizações ocupa lugar insignificante na moderna Ciência Social".l E, quatro páginas adiante, acrescentavam: "O esforço dos cientistas sociais para compreender as organizações não tem sido grande". 2

1. MARCH, James /j> SIMON, Herbert. Or~anizations. New York, John Wiley l;;- Sons; London, Chapman /j> Hall, 1958, p. 1.

2. Idem T d, p. 5.

(13)

Em 1972, ambas as opiniões citadas já não traduzem a realidade. Com efeito, o lugar ocupado pelas teorias de organizações na ciência social ampliou-se considerave'mente na década de 60 e continua a avultar na de 70. O advento da pesquisa operacional, da programação linear, da teoria do jogo, da teoria da decisão, do sistema de informa-ção gerencial, da teoria de sistemas e outras disciplinas e subdiscipli-nas correlatas, percute e repercute subdiscipli-nas teorias de organização. E com isso cresce o número de tentativas e variam os critérios de abordagem.

Nada obstante, o progresso verificado pode considerar-se modesto. Como afirmam Simon e March, "muito do que sabemos ou cremos a respeito das organizações deriva do bom senso e da experiência prá-tica dos administradores. A maior parte desta sabedoria jamais foi submetida ao teste rigoroso do método científico'~

Per contra, como engrossou a literatura sobre as organizações.

Basta lembrar que a bibliografia da parte nova, acrescentada à pre-sente edição, é três vezes mais extensa do que a da edição anterior (a segunda) deste livro.

Quanto ao interesse crescente que o estudo das organizações inspira aos cultores das ciências sociais, nada mais indicado para o testemunhar do que um recente ensaio, Social science and practical problems,

de William Letwin, Professor de Ciência Política na London School of Economics e senior lecturer na 'Sloan School of Management do Massachusetts Institute of Technology.4

Em novembro de 1970 pronunciei uma conferência na Escola Superior de Guerra. O tema foi Uma doutrina estratégica de orga-nização e métodos.

Disse eu então que, embora se haja escrito muito sobre as organi-zações, a literatura resultante deixa a impressão de ser uma longa

3. Idem ibid. Loc. cito

4. LETWIN, William. Social Sciencc and Practical Problems. In: The Great

(14)

série de repetições. Autores diferentes. Títulos diferentes. Aborda-gens diferentes. Mas, a essência não tem variado significativamente. O corpo de conhecimento sobre a matéria permanece como que es-tático. Além disso, os textos caracterizam-se por flagrantes dispari-dades entre hipóteses e provas. "Consistem muito mais em meras conjecturas, que não raro chegam a descer ao nível de simples pal-pite, do que em evidências cartesianas ou mesmo raciodnioslógicos". Em suma: a literatura está recheada de assertivas, mas vazia de pro-vas e demonstrações.

Entre o título e o conteúdo deste livro existe uma identidade pa-tente. O livro é, efetivamente, uma análise, em três tempos, das teorias de organização. Beatriz Wahrlich iniciou-a em 1954: atualizou-a em 1968, quando se publicou a segunda edição; reviu-a e ampliou-a em 1970, para a presente edição (terceira).

Sua leitura não me trouxe senão motivos para reforçar a convicção de que, apesar de tentada em numerosas obras, especialmente de autores americanos, a teoria das organizações ainda pende de formu-lação definitiva. Com base nas obras publicadas e, sobretudo, nesta análise terebrante de Beatriz Wahrlich, o mais que se pode afirmar é que existem várias tentativas de teorias parciais. 'Até agora, porém, nenhuma chegou a ser completa e satisfatoriamente articulada.

Entanto, a autora realizou o feito de transformar seu livro em um guia valioso para o mestre e o estudante da matéria, poupando-lhes a canseira de ler e comparar numerosos textos. A essência, a suma das sumas, como diria Machado de Assis, está aqui, nesta bandeja de prata polida, que Beatriz Wahrlich revê, atualiza e aperfeiçoa - de edição para edição.

Ocorre ainda que esta edição vem sofisticada, chega a ser transpa-rente, graças ao índice analitico elaborado pela própria autora. Aqui, senhores, temos um perfeito, espécime de livro didático e de consulta.

5. SILVA, Benedicto. Uma doutrina eltrat~ca de OrlaniJ:ação & M~todo •. In: Informativo. Rio de Janeiro, Fundação Getulio Varias, ano lI, dezembro de 1970. p. 53.

(15)

Para os iniciados não em dia com a evolução do assunto nele foca-lizado, a presepte edição de Uma ara~lise das teorias de or~ani­

zação oferece oportunidade de ouro: um cura0 compacto e suculento de reciclagem profissional.

Benedicto Silva

(16)

SUMÁRIO

Prefácio à primeira edição V

Prefácio à segunda edi,ão VII

Prefácio à terceira edição XI

Introdução XIII Apresentação XV

1.8 parte

Capítulo 1

1 . 1 A necessidade da concepção teórica da organização 1

Capítulo 2

2.1 Organização de baixo para cima: a concepção doa engenheiros 7

2.2 A filosofia de Taylor 9

2.3 Os elementos da administração científica 10

2.4 Divisão do trabalho e especialização 12

2 . 5 O princípio da exceção 13

2 .6 Funcionalização da supervisão 13

2. 7 Síntese 16

(17)

Capítulo 3

3.1 Organização de cima para baixo: a concepção anatômica 19

3.2 O que é organização? 20

3.3 Como organizar? 22

3.4 Como dividir o trabalho? 22

3.4. 1 Como dividir o trabalho à base da autoridade e da responsabilidade? 23

3.4.2 Como dividir o trabalho de acordo com a difereqciação entre os diversos tipos de tarefas? 26

3.5 Até onde se deve levar a departamentalização? 30

3.6 Como coordenar? 31

;1. 7 Avaliação da contribuição individual nesta escola 33

Capítulo 4

4.1 1l:nfase no elemento humano: a concepção dos psicólogos 37

4.1.1 Primeiro princípio 39

4.1.2 Segundo princípio 39

4.1.3 Terceiro princípio 42

4.1.4 Quarto princípio 46

4.1.5 Conclusão 46

Capítulo 5

5. 1 1l:nfase no comportamento social: a concepção dos sociólogos 49

5 . 2 Organização formal e informal 51

5 . 3 Divisão do trabalho e distribuição de tarefas aos indivíduos 54

5.4 Autoridade 57

5.5 Autoridade e normas sociais 60

5. 6 Comunicação 61

5 . 7 Sumário 64

Capítulo 6

6.1 Haverá uma teoria geral de organização? 67

(18)

2.8 parte: panorama em 1970

Capítulo 7

7. 1 Considerações gerais 73

7. 1. 1 Esquema de classificação adotado 78

7. 1.2 O que é uma teoria de organização 79

Capítulo 8

Teoria da organização formal: o enfoque prescritivo ou normativo 83

8. 1 A contribuição dos engenheiros e dos anatomistas da organi~ação 83

8 . 2 O modelo da burocracia 95

Capítulo 9

A teoria dos comportamentalistas 101

9.1 O movimento das relações humanas 101

9.2 O enfoque puramente comportamentalista 107

Capítulo 10

Estruturalismo e teoria da organização 119

Capítulo 11

Teoria de sistemas 125

11.1 Contribuição daI ciências do comportamento 125

11.2 Contribuição das ciências gerenciais ou da gestão 140

Capítulo 12

Conclusões e perspectivas 147

Bibliografia da I.- parte 159

Bibliografia da 2.8 parte 161

índice analítico 167

(19)
(20)

PRIMEIRA PARTE

CAP~TULO

1

1.1 A NECESSIDADE DA CONCEpÇÃO TEóRICA DA ORGANIZAÇÃO

A maioria concordará com um dos principais escritores neste campo, F.

J.

Roethlisberger, em que "embora teoria sem prática constitua especulação improfícua, a prática sem a teoria é intransmissível. As duas devem ser cultivadas conjuntamente, se quisermos apren-der pela experiência e estar em condições de transmitir o que aprendemos".2

Existe, contudo, entre os estudiosos da organização, um inte-resse muito maior pelo desenvolvimento das práticas e técnicas de organização do que pela pesquisa de seus fundamentos teóricos.

Significará isto a existência de um núcleo tão consolidado da teoria de organização, que já esteja aplacada a curiosidade dos estudiosos e não sintam estes necessidade de penetrar mais pro-fundamente no assunto? Constituirão elas - as práticas e as téc-nicas de organização - o foco principal de interesse por repre-sentarem a única forma capaz de dar vazão ao talento criador no campa da organização?

• ROETJU.rsBERGER, F. I. MatlaJlement lUId morale. Cambridge, Mass., Harvard

Univ. Press, 1941. p. 139.

(21)

Sem dúvida, a resposta é negativa. Subsiste muita controvérsia em torno dos aspectos teóricos da organização, e muitos profes-sores e estudantes negam mesmo que já tenham sido formulados

princípios de organização. Herbert Simon, expressando o seu

des-contentamento com os princípios de administração existentes, clas-sifica-os de meros provérbios. 3 Leonard White afirma que, "no mais

estrito sentido do termo, os princípios de administração estão ainda, em grande parte, por ser formulados. Se os considerarmos apenas como regras práticas de conduta, que uma vasta experiência parece ter validado, um certo número de princípios pode ser enunciado. Sua formulação exata, contudo, torna-se difícil e controversa".· Earl Latham opina que grande parte da teoria de administração constitui uma ficção teológica: "É abstrata e formalística. É uma figura de retórica, não uma representação de características observadas"}'

Não obstante suas imperfeições, a teoria de organização, no está-gio em que se encontra, constituiu a principal base para o desen-volvimento de práticas e técnicas de organização, utilizadas larga-mente e com sucesso pelo governo e pela indústria. Os consultores de administração podem hesitar em usar a palavra princípio em organização, mas aplicam os conceitos nela implícitos; professores e estudantes podem criticar severamente a teoria existente; não crêem, porém, que esta área de estudo deva ser ignorada. Esta é a reação de Simon à exaustiva análise, que ele próprio fêz, dos princípios de organização:

''Pode-se aproveitar alguma coisa desses princIpIos para utilizar na fo,-mulação de uma teoria administrativa? Na verdade, quase tudo pode ser aproveitado. A dificuldade resultou do fato de se considerar princípios de administração o qUl: constitui; na realidade,

apenas, critérios para descrição e diagnóstico de situações admi-nistrativas." o

Segundo White, as contradições e limitações existentes nos cha-mados princípios de organização "não devem nem desencorajar

• SIMON, Herbert. Administrative behavior. N. Y ork, The Macmillan Co.,

1945. p. 44.

• WHITE, Leonard. lntroduction to the study of public administration. 3. ed.,

N. York, The Macmillan Co., 1949. p. 37.

• LATHAM, Earl. Hierarchy and hieratics. In: WALDO, Dwight, ed. Ideu anel

issues in public administration. N. York, MacGraw-Hill, 1953. p. 109.

o SIMON, H. Op. cit., p. 35-6.

(22)

os estudantes de administração nem compeli-los a aceitar o ponto de vista de que não existem processos superiores a outros, para a combinação dos esforços de várias pessoas na consecução de uma tarefa comum. A experiência ensina o oposto: o fato de que "para cada princípio quase sempre se pode estabelecer, em contraposição, um outro igualmente plausível e aceitável",7 significa apenas que não levamos nossa análise bastante longe, ou que não descrevemos situações particulares em que um prepondera súbre o outro, ou que não estabelecemos critérios para medir a importância relativa de cada um em circunstâncias diferentes.

A busca de re~ras de ação ampla, válidas em qualquer situação,

é uma necessidade primacial para o desenvolvimento da

adminis-tração pública ou privada".8 (O grifo não é do original.)

A última frase muito se assemelha às palavras de Wilson em seu famoso ensaio sobre o objetivo do estudo de administração, escrito em 1887: "O objetivo do estudo da administração é escoimar os métodos executivos da confusão e do dispêndio resultantes do em-pirismo e estabelecê-los sobre uma base apoiada firmemente em princípios estáveis." 9

T. E. Allbutt generaliza o mesmo conceito, ao escrever, bem mais tarde:

"O homem de negócios que não possui uma base científica assemelha-se ao médico que se tenha afastado dos conhecimentos de anatomia e fisiologia que porventura possuísse; poderá, dentro de certos limites, ser um praticante mais sagaz e mais hábil do que um professor acadêmico; mas terá que pagar algum dia o preço da estagnação... Até o mais completo dos artesãos, mais cedo ou mais tarde, terá de curvar-se aos princípios teóricos, pois, no momento mesmo em que empunha suas ferramentas, a teoria estará descobrindo e eliminando dificuldades e complicações, e tor-nando os processos mais simples e econômicos." 10

7 WHITE, L. Op. cit., p. 20 (White cita Simon).

• Id., ibid., p. 39.

• Wilson. The study of administration. In: SECKLER-HUDSON, C., ed. Processes 01 or~anization and mana~ement. Washington, D.C., Public Affairs Presa, 1948. p. 17.

10 ALLBUTT, T. E. On professional education. In: URWICX, L. The elements 01

(23)

Conclui-se daí que existem fortes motivos para que se aprofunde a pesquisa na teoria de organização. Por que, então, tão poucas pessoas sentem-se atraídas pelo assunto?

Um dos motivos é que se obtém mais pronto resultado pondo-se em execução as técnicas de organização do que estudando-se sua teoria. Normalmente chama-se o especialista de organização e mé-todos para resolver problemas concretos e limitados. Tanto pode ele agir intuitivamente - e muitas vezes assim o faz - como pode adotar o método de ensaio e erro, desde que o faça com cautela. Raramente pedem-se-Ihe explicações detalhadas de suas sugestões. O teste definitivo a que ele se submete é o de ser ou não capaz de resolver os casos eficientemente.

Já o teórico se interessa por observar e analisar os fenômenos organizacionais a fim de descobrir quais as generalizações, se hou-ver, que deles podem ser inferidas, a fim de permitir que fenô-menos semelhantes possam ser esclarecidos através da aplicação de princípios ou regras. O teórico não pode obter resultados imediatos. Ao apresentar uma conclusão, terá que esperar para vê-la aceita ou rejeitada, experimentada, reexperimentada, corrigida ou incor-porada. Perguntar-se-Ihe-á constantemente o porquê e o como das generalizações que oferece. Mas se sua contribuição teve ou não uma oportunidade razoável de ser examinad~, poderá mesmo nunca saber. Não é de se admirar, conseqüentemente, que poucos desses teóricos tenham ido além do primeiro livro ou ensaio:

Mas o maior problema com que se defrontam é inerente à pró-pria teoria de organização, assim como à teoria administrativa em geral e às demais ciências sociais; numa ciência humana as gene-ralizações devem ser condicionais.

Não obstante tais dificuldades, uma contribuição valiosa à teoria de organização já foi oferecida por vários estudiosos e alguns ho-mens práticos, desde o início do presente século.

O objetivo deste trabalho é identificar as principais escolas nesse campo de conhecimento, a fim de examinar e avaliar a contribuição que representam para a formação de um conjunto de preceitos que a experiência demonstrou serem de larga aplicação na prática da organização.

As concepções sob as quais a teoria de organização pode ser apreciada se enquadram em quatro categorias principais: a

(24)

cepção dos engenheiros, a concepção anatômica, a dos psicólogos e a dos sociólogos. Este ensaio examina essas categorias separada-mente, porque em cada uma existe semelhança de conceituação suficiente para tomar a comparação não só possível como provei-tosa. Em cada um desses grupos existe, geralmente, uma contri-buição dominante, algumas vezes em razão de sua amplitude, outras em função de sua intensidade, outras ainda em virtude de seu sentido de trabalho pioneiro. Tais contribuições dominantes foram utilizadas como ponto de referência em cada escola.

À exposição das idéias peculiares a cada grupo seguem-se o su-mário e a avaliação de sua importância, concluindo-se com a apre-sentação das perspectivas de uma teoria generalizada de organização.

(25)

CAPITULO 2

2.1 ORGANIZAÇJlO DE BAIXO PARA CIMA: A CONCEPÇÃO DOS ENGENHEIROS

Os integrantes desta escola têm sido chamados os en~enheiros da

or~anização, em grande parte porque eram eles, na maioria, enge-nheiros profissionais, e também porque atacaram os problemas de organização partindo da unidade fundamental da qual se originam todas as organizações humanas - a função e seu ocupante - e dela prosseguiram na constituição da estrutura até o topo. Seus princípios e métodos dizem respeito, principalmente, à análise do trabalho a ser feito, à tarefa a ser executada e seus elementos constitutivos, aos movimentos decorrentes de cada um deles, ao tempo despendido em executar cada um destes; com os resultados de tais análises reagrupavam movimentos, operações, tarefas, fun-ções e assim por diante, até que a nova organização fosse esta-belecida.

Contribuíram os en~enheiros da or~anização especialmente para o estabelecimento de métodos e não de princípios, isto é, estabe-leceram antes "processos lógicos para fazer alguma coisa" e não "verdades fundamentais sobre as quais outras se baseiam". 11 Assim

sendo, grande parte de seu trabalho não será aqui apreciado e sim somente aquela na qual basearam sua formulação teórica.

Frederick Winslow Taylor é o fundador desta escola: seus dis-cípulos e adeptos mais chegados foram Gantt, Barth, Gilbreth e Person. O trabalho deste grupo tornou-se, rapidamente, conhecido através de todos os Estados Unidos e da Europa, sendo que os franceses concederam especial atenção ao seu aspecto teórico, como se pode observar pelos livros de Henry Le Chatelier, 12 A. Ibert, 13 U WEBSTER'S Dictionary. Definição de métodos e princípios.

.. LE CHATELIER, H. L. Le taylorisme. Paris, Dunod, 1934.

11 IBERT, A. Le sysleme Taylor, analyse el commflntaires. Paris, 1920.

(26)

J. M. Lahy,14 J. Amarlá etc. O movimento stakhanovista, iniciado

na Rússia em 1935, utilizou métodos tlpicamente tayloristas a fim de "obter melhor organização para as oficinas, divisão mais racional do trabalho e divisão mais eqüitativa das tarefas",16 bem como a "sistematização dos movimentos, a economia de segundos e a racionalização do trabalho".17 A principal diferença entre o stak-hanovismo e o taylorismo é que, na Rússia, o próprio trabalhador e não a administração - como acontecia na América - era tay-lorista, e que o taylorista russo agia intuitivamente e não delibe-radamente. Argumentam, ainda, os russos que sua motivação era ideológica, sendo óbvio que Taylor visava à maior produtividade por razões econômicas.

Embora o trabalho de Henry Ford não seja estudado no pre-sente ensaio, sua obra deve ser incluída entre a dos en~enheiros

de or~anização. "Dividir e subdividir as operações, mantendo-se o trabalho em movimento".18 foi o princípio que serviu de base à linha de montagem e à esteira transportadora.

Os princípios e métodos de Taylor tornaram-se conhecidos como

administração científica de acordo com seus desejos. Temia Taylor

que a denominação taylorismo pudesse dificultar a adoção gene-ralizada de suas idéias. Contudo, a classificação de administração

científica sofreu objeções da parte de muitas pessoas, como ele

próprio o reconheceu em seu depoimento ao Special House Com-mittee, em 1912. Foram estas as suas palavras:

''Tem-se feito séria objeção ao emprego da palavra ciência,

neste sentido. :S; curioso observar que tal objeção parta, principal-mente, dos professores deste país. Estranham a utilização da

pala-vra ciência para designar algo tão comum como as atividades

normais de cada dia. Julgo que a resposta adequada a essa crítica é a definição recentemente dada por um professor por todos reco-nhecido como um cientista - o presidente Mc Laurin, do Instituto

" LAHY, J. M. Le systeme Taylor et lia psycholo,ie du travial proJessionel.

Paris, 1916.

11 AMAR, J. L'or,alÚzation phy.iolo,ique du tÁlvail et le systeme Taylor.

Paris, 1917.

,. MARKUS, B. L. The Stakhnov Movement and the increased productivity 01 labour in the URSS. International Labour Review, p. 30, jul. 1936.

,. Id., ibid., p. 26.

J,I FORD, Henry. My liIe anel work. N. York, 1923. p. 77-90.

(27)

de Tecnologia de Boston. Definiu esse professor, recentemente, a palavra ciência como "qualquer conhecimento classificado ou orga-nizado". Certamente, como já dissemos, a obtenção de um conhe-cimento existente anteriormente mas que permanecia sem classi-ficação na mente do trabalhador, e sua transformação em leis, regras e fórmulas, representa, evidentemente, a organização e a classificação do conhecimento; muitas pessoas, todavia, não con-cordarão em considerar ciência tal organização e classificação." 19

Dois dos trabalhos de Taylor, publicados mais tarde sob a forma de livro, fornecerão grande parte do material que aqui será dis-cutido. São eles Administração de oficinas e Princípios de adminis-tração científica; o primeiro apareceu em 1903, o segundo foi

publicado em 1911.

2.2 A FILOSOFIA DE TAYLOR

Taylor divide seu trabalho em duas partes: "uma certa filosofia" e o mecanismo para sua aplicação. Esta filosofia resulta:

". . . duma combinação de quatro grandes princípios básicos de administração: 1. desenvolvimento de uma verdadeira ciêocia; 2. seleção científica do trabalhador; 3 . educação e treina-mento científicos do trabalhador; 4. cooperação íntima e cordial entre a administração e os trabalhadores." 20

Essa definição, um tanto ou quanto nebulosa, pode ser melhor compreendida através do relacionamento dos deveres e responsa-bilidades que a direção deveria assumir, de acordo com tais prin-cípios:

" reunir todo o conhecimento tradicional que os trabalha-dores possuíssem anteriormente, a seguir Classificá-lo, tabulá-lo e reduzi-lo a normas, leis ou fórmulas, que são de grande utilidade para o operário, na execução do seu trabalho diário; desenvolver ... para cada parcela do trabalho individual uma ciência que substitua os velhos métodos empíricos. .. selecionar, treinar, ensinar e aper-10 TAYLOR, F. W. Testimony. In: Scientific ma~nt: N. York, Harper and Brothers, 1947, p. 41.

(28)

feiçoar, cient~ficamente, o trabalhador (que antes escolhia seu pró-prio trabalho e fazia seu própró-prio treinamento da melhor forma que podia); cooperar com os trabalhadores de forma a assegurar que todo o trabalho se harmonize com os princípios da ciência assim criada." 21

Em conseqüência - diz Taylor - há "uma divisão de trabalho e de responsabilidades, quase eqüitativa, entre a direção e o ope-rário. A direção se encarrega de todas as atribuições para as quais esteja melhor aparelhada do que o trabalhador, ao passo que ante-riormente quase todo o trabalho e a maior parte das responsabili-dades recaíam sobre o operário".22

2 . 3 os ELEMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO CIENTíFICA

Como elementos da administração científica, cita Taylor: 23

a) estudo do tempo; b) supervisão funcional;

c) padronização de ferramentas e instrumentos; d) sala de planejamento;

e) o 'princípio da exceção;

f) a utilização de régua de cálculo e instrumentos semelhantes, para economizar tempo;

g) fichas com instruções de serviço;

h) a idéia de tarefa, associada a grandes prêmios pela sua exe-cução eficiente;

i) j)

1)

gratificação diferencial;

sistemas mnemônicos para classificação dos produtos manufa-turados, bem como do material utilizado na manufatura; sistema de delineamento da rotina do trabalho;

m) moderno sistema de cálculo de custo, etc., etc.

Ao discutir esses elementos, Taylor avisa, repetidamente:

"A história da evolução da administração científica, até a pre-sente data, reclama uma palavra de advertência. O mecanismo da

., Id., ibid., p. 36.

"" Id., ibid., p. 36-7.

(29)

administração não deve ser confundido com a sua essência ou filosofia subjacente... O mesmo mecanismo que produzirá, em um çaso, quando a serviço dos principios da administração cien-tífica, os maiores. benefícios, conduzirá a insucesso ou desastre se for errôneamente orientado. Centenas de pessoas têm confundido o tnecanismo do sistema com sua essência." 24

Afirmou Taylor, enfaticamente, diante do House Committee, qUE a verdadeira "administração científica" exige uma revolução mental, tanto da parte da direção como das dos operários 2~. Segundo Per-son, ao definir tal revolução:

"devem eles aceitar a filosofia segundo a qual, excluídos os ajus-tamentos menores feitos para manter o desejado equilíbrio, os interesses de ambos - administração e operário - e o da

socie-dade, no decorrer do tempo, passam a exigir produção progressi-vamente maior, para suprir a carência de mercadoria. A produção exige o dispêndio de energia humana e material; portanto, a direção e os trabalhadores deveriam congregar-se na busca das leis do menor desperdício. Deveriam reunir seus esforços para a realização de reagrupamentos que a divisão do trabalho impõe com o objetivo de aplicar tais leis." 26

Com o decorrer do tempo, contudo, a administração científica foi sendo identificada mais com seU mecanismo do que com sua

filosolia Frank Gilbreth, por exemplo, estabelece como "lei ou

principio de administração científica" 21 o estudo de tempo, padrões,

fichas de instrução, funcionalização da supervisão, salários de com-pensação e prevenção da cera no trabalho - todos esses já incluí-dos anteriormente por Taylor no mecanismo de aplicação da ad-ministração científica.

Trinta anos mais tarde, Ralph C. Davis, através de uma redefi-nição dos principios de administração científica, reconheceu a fusão da lilosolia de Taylor com seu mecanismo.

1::

a seguinte a definição de Davis pata tais princípios, tal como foi citada por Person: 2M

.. Id., ibid., p. 128-9.

.. TAYLOR, F. W. Testimony. In: Op. cit., p. 27 .

• - - - - o

Fareward. In: Op. cit., p. XIII

.. GlLBRETH, Frank. Primer 01 scientilic manatlement. N. York, D. Van Na.--trand, 1920. p. 12-30.

.. PERSON. The gellius af Frederick Taylor. Tn: SECKLER-HUDSON, c., ..-d.

(30)

1. Uma administração eficiente exige a aferição precisa das forças, fatores

e

efeitos existentes em am;"} situação comercial. Deve-se, portanto, estabelecer um conjunto preciso dos fatos relativos àque-les elementos. se necessário por pesquisas experimentais.

2. Devem-se induzir, desses fatos, leis de planejamento e de execução administrativa, estabelecendo a exata correfação entre esses fatores, forças e resultados.

3. A fim de facilitar o trabalho de planejamento, organização e controle das atividades, devem-se estabelecer padrões que possam servir de critérios para as relações e condições apropriadas de uma dada situação .. Esses padrões devem ser mantidos a fim de que se obtenha eficiência ininterrupta.

4. Essas condições e relações devem ser preplanejadas para que se obtenha a máxima economia e a máxima eficiência ...

5. Devem-se estabelecer normas definidas, especificando os mé-todos corretos para as atividades de planejamento e de execução ...

Contribuiu, ainda, para que ose/ementos da administração cien-tífica se tornassem. pelo menos tão importantes quanto sua filosofia

o fato de que deles nasceram alguns princípios suscetíveis de aplicação generalizada.

A revisão de tais princípios constitui o principal objetivo deste capítulo.

2.4 DIVISÃO DO TRABALHO E ESPECIALIZAÇÃO

Em sua busca de maior produtividade, foi Taylor o primeiro a fazer uma análise completa do cargo ou função, desdobrando-o em suas partes componentes. Procedeu a sua divisão e subdivisão, che-gando, finalmente, aos movimentos necessários a cada operação, os quais em seguida cronometrou. Estabeleceu então padrões de execução do trabalho e experimentou-os.

Assim descobriu Taylor que:

"o trabalho pode ser executado melhor e mais econômicamente através da subdivisão das funções". 29

.. TAYLOR, F. W. The principIes of scientific management. In: Op. cit., p. 38.

(31)

"O trabalho de cada pessoa na organização deveria, tanto quanto possível se limitar à execução de uma única tarefa predomi-nante".30

As normas de divisão do trabalho e especialização, formuladas por Taylor, encontraram rápida aplicação na indústria americana, e, mais tarde, no mundo inteiro, estendendo-se praticamente a todo campo de atividade.

2.5 o PRINCIPIO DA EXCEÇ}(O

Segundo esse princípio, formulado por Taylor, "o administrador deveria receber apenas relatórios condensados, resumidos e sempre comparativos, abrangendo, entretanto, todos os elementos consti-tuintes da administração".31 Esta foi a maneira com que Taylor definiu a delegação, princípio de organização geralmente aceito.

2.6 FUNCIONALIZACÃO DA SUPERVISÃO

Esta contribuição da administração científica já ultrapassou de muito seus próprios limites, tendo influenciado a administração de uma maneira geral.

Em que consiste a luncionalização da supervisão?

Segundo Taylor

"a administração funcional consiste em dividir o trabalho de ma-neira que cada homem, desde o assistente ao superintendente, tenha que executar a menor variedade possível de funções. Sempre que possível, o trabalho de cada homem deverá limitar-se à execução de uma única função".

. .. "a característica mais marcante e visível da administração funcional consiste no fato de que cada operário, em lugar de pôr-se em contato direto com a administração num único ponto, isto é, por intermédio de seu chefe de turma, recebe orientação e ordens diárias de oito encarregados diferentes, cada um dos quais desem-penha sua própria função particular. Quatro desses encarregados

ao URWlCX, L. The elements of administration, ed. cit., p. 48.

(32)

ficam no departamento de planificação, sendo que três dêles enviam suas ordens aos operários, e deles recebem respostas, geralmente por escrito. Os outros quatro ficam na oficina, e, cada um em seu ramo ou função particular, ajuda pessoalmente os operários em seu trabalho. Alguns desses mestres entram em contato com cada operário somente uma ou duas vezes por dia, e talvez por uns poucos minutos, enquanto outros estão constantemente com os operários e os ajudam freqüentemente." 32

Compreende-se, facilmente, porque tal concepção trouxe tantos ataques ao seu idealiza dor. 'CU m homem não pode servir a dois senhores", argumentou-se repetidamente, e, ainda hoje o assunto é objeto de controvérsia.

Tanto Fayol como Gulick - cuja contribuição à teoria da orga-nização será apreciada em outro capítulo - são, enfaticamente, contra a "funcionalização da supervisão". Fayol condenou-a como uma "negação de unidade de comando" 33 e Gulick, com estas

pa-lavras, mostra-se igualmente positivo em sua desaprovação:

"Não se. deve perder de vista o significado de tal princípio o da unidade de comando - no processo de coordenação e orga-nização. É muitas vezes tentador, ao se estabelecer a estrutura de coordenação, colocar-se mais de um chefe para um homem que está executando trabalho com mais de um contato. Mesmo' o grande filósofo da administração que foi Taylor incorreu nesse erro, ao colocar mestres diferentes para lidar com máquinas, materiais, velocidade, etc., cada um deles com o poder de dar ordens, direta-mente, ao operário. Uma adesão rígida ao princípio da unidade de comando pode conter seus absurdos; estes, contudo, se revelam sem importância diante da confusão certa, da ineficiência e da irresponsabilidade que resultam da violação de tal princípio". 34

Dexter Kimball, em seu PrincipIes oi industrial organization

assume uma atitude intermediária:

"As vantagens do tipo de organização chamada administração funcional são patentes. Especialistas - e não mestres apenas

par-32 Id., ibid., p. 99-100.

33 FAYOL, Henri. General anel industrial management. trad. do francês, Londre.,

Pitman, 1947. p. 69.

'" GULICK, L. Notes on the theory of organization. In: GULICK, L. & URWICK,

(33)

cialmente conhecedores dos diversos setores - é que transmitem a cada operário conhecimentos específicos e orientação. Planeja-se a separação do trabalho mental e braçal tendo-se em vista as funções a serem executadas, e não como se as mesmas estivessem subordinadas a ou.tras fases da administração'. A administração funcional assenta, também, providências para a máxima utilização do princípio da divisão do trabalho, reduzindo ao mínimo as funções que cada homem deve executar. Tende, portanto, a produzir alta eficiência funcional, em cada homem, e no conjunto deles.

A maior desvantagem do sistema é que tende a se tornar instável, em razão do enfraquecimento do controle disciplinar ou de co-mando, a não ser que sejam providenciados meios adequados de coordenação do trabalho dos homens e dos departamentos que estejam situados no mesmo nível de autoridade. O sucesso do sis-tema, quando aplicado em grandes empresas, repousa, em grande parte, na habilidade das autoridades administrativas em correla-cionar o trabalho de personalidades fortes e fazê-las trabalhar har-moniosamente." 35

Esta questão parece ter sido definitivamente resolvida pela bri-lhante análise de Herbert Simon, que escreve:

\

"Certamente o princípio da unidade de comando, assim inter-pretado (interpretação de Gulick) não pode ser criticado por falta de clareza ou por ambigüidade. A definição de autoridade dada

acima deveria servir para provar, claramente, que o princípio é válido em qualquer situação. O defeito real que tal princípio apre-senta é o de ser incompatível com o princípio da especialização .

. . . Os resultados já obtidos da prática administrativa parecem indicar que a necessidade de especialização tem-se sobreposto à necessidade de unidade de comando. Aliás, não se tera avançado demais dizendo que a unidade de comando, no conceito de Gulick, nunca existiu em nenhuma organização administrativa. Se um fun-cionário de linha segue as normas estabelecidas por um

departa-mento de contabilidade no que diz respeito ao processadeparta-mento das requisições, poder-se-á dizer que, nesse setor, não está ele sujeito à autoridade do departamento de contabilidade? Em qualquer si-tuação administrativa real a autoridade é zoneada. Argumentar que este zoneamento não contradiz o princípio da unidade de

co-os KIMBALL, D. PrincipIes 0/ industrml organization. p. 166.

(34)

mando é tarefa que exige uma definição completamente diferente de autoridade da aqui usada. Esta obediência do funcionário executi-vo ao departamento de contabilidade não é, em princípio, iferente das recomendações de Taylor; determina este que um operário fique sujeito, em matéria de programação de trabalho, a um con-tramestre e, nas tarefas de manejo da maquinaria, a outro". a.;

Assm, como já se disse, a funcionalização da supervisão já

ultra-passou de muito a administração científica, porque qualquer

depar-tamento ou serviço de pessoal, orçamento, compras, organização e métodos, contabilidade, etc. não constitui senão uma adaptação em larga escala da supervisão dividida de Taylor. Na administração

pública e privada não mais existe o conceito de unidade de coman-do, na sua velha acepção. O zoneamento da autoridade, como

sugeriu Taylor, tem sido geralmente aceito, talvez porque poucas pessoas se aperceberam de que tal transformação se estava ope-rando.

Constitui, todavia, o zoneamento da autoridade uma violação real da unidade de comando? Este ensaio não pretende de ma-neira alguma reiniciar a discussão encerrada pelo professor Simon. Mas, ao que parece, receber ordens sobre diferentes assuntos de diferentes pessoas não quebra, necessariamente, o princípio de unidade de comando, a não ser que essas ordens se choquem mutuamente.

Outros aspectos da obra de Taylor escapam à finalidade deste trabalho, e por conseguinte não serão aqui apreciados.

2.7 SINTESE

A definição dada por Person às características da "técnica da ad-ministração científica", como ele a chama, fornece a chave para apreciação do taylorismo:

"A técnica de administração é uma técnica de ataque aos proble-mas administrativos que se apresentam em cada uma das diferentes situações administrativas, visando à sua solução. Não e nada defi-nido, cristalizado; alguma coisa que possa ser comprada ou vendida, imitada ou roubada, transferida de um lugar para outro e instalada como se fosse uma caldeira ou máquina fresadora. É uma forma

(35)

de se descobrir a administração mais indicada para cada caso concreto." 3i

Este é, na realidade, o maior mérito de Taylor. Contribuiu ele para que se encarasse sistematicamente o estudo da organização, o que não só revolucionou completamente a indústria como também teve grande impacto sobre a administração. Sua obra não deve ser avaliada em termos de um ou outro de seus elementos mas sim, e principalmente, pela importância da aplicação de uma metodo-logia sistemática na análise e na solução dos problemas de orga-nização, no sentido de baixo para cima. O fato de ter sido ele o primeiro a fazer uma análise completa do trabalho, inclusive dos tempos e dos movimentos; de ter sido ele que estabeleceu padrões precisos de execução; que treinou o operário; que especializou o pessoal, inclusive o de direção; que instalou uma sala de planeja-mento; em resumo, que assumiu uma atitude metódica ao analisar e organizar a unidade fundamental de qualquer estrutura, ado-tando esse critério até ao topo da organização - tudo isto o eleva a uma altura não comum no campo da organização.

Não resta dúvida, porém, que outros contribuíram mais para a teoria de organização. Além disso, a administração científica tinha, indubitavelmente, um sentido um tanto mecanicista. Não deu a devida atenção aos aspectos humanos da organização, ignorando que o trabalhador é um ser social.

Como salientou Marton Grodzins, "o pioneiro da administração científica, Frederick Taylor, perpetrou um erro (de pioneiro) ao basear seu sistema, visando à produtividade industrial, num prin-cípio que individualizou cada operário em termos de suas relações com seus instrumentos de trabalho, seus companheiros e seus supe-riores, quando nenhum resultado de recentes pesquisas no terreno social-psicológico é mais impressionante do 'que a unanimidade de opinião quanto à importância do pequeno grupo informal". 38

" PERSON. ,The genius of Frederick Taylor. In: SECKLER-HUDSON, C., ed. Processes oi organization and management. ed. cit., p. 136.

.. GRODZINS, Morton. Public administration and the science of human relation.

(36)

CAPITULO 3

3.1 ORGANIZAÇÃO DE CIMA PARA BAIXO: A CONCEPÇÃO ANATÔMICA"

A escola anatômica se preocupa com a forma e a disposição

orga-nizacional e com as inter-relações estruturais das partes.

Deve-se muito da literatura sobre organização a esta escola, que dá ênfase à análise dos problemas de organização de cima para baixo, contrastando com o ponto de vista dos engenheiros. Os anatomistas de organização são decididamente "administrativamen-te orientados",40 olham a organização como um "sis"administrativamen-tema de sub-dividir a empresa, sob o chefe principal". 41

Dwight Waldo oferece outra classificação possível para esta escola: formam seus componentes o grupo racionalista. Waldo quer dizer, com o termo racional, que "ela [a escola] tendia a salientar o poder da razão humana de assenhorear-se dos elementos cons-titutivos das relações humanas e de manejar essas relações de forma logicamente traçada para atingir objetivos predeterminados". 42 Esta classificação, contudo, implica uma crítica que, seja qual for o seu mérito, não cabe nesta parte. Mais tarde, todavia, será novamente mencionada.

Os principais elementos que contribuíram para a formação da escola anatômica foram Fayol, Gulick, Urwick, Mooney e Schuyler Wallace.

.. N. A. Esta classificação se deve ao Pro f. Sterling; Spero.

.. W ALDO, D., ed. rdeas and issues in public administration. ed. cit., p. 103.

OI GULICK, L. Notes on the theory of organization. In: GULICK, L. & URW1CX,

L., ed. Papers on the scienoe 01 administration, ed. cit., p. 11.

(37)

A contribuição de Fayol foi primeiramente apresentada em

1908,43 e continua, ainda, muito viva, embora já tenha

sidoabsor-vida, alterada e aperfeiçcDada por outros representantes da escola. Seu livro Administração geral e industrial se desdobra em três partes distintas:

1 . necessidade e possibilidade do ensino de administração; 2 . uma análise dos princípios gerais de administração; e 3 . uma discussão dos elementos de administração. H

A primeira foge, nitidamente, ao escopo deste trabalho, que se ocupa de uma seção da segunda parte (aquela que trata dos prin-cípios de administração aplicáveis à organização) e de uma seção da terceira parte (a que trata a organização como um elemento da administração).

3.2 o QUE lt ORGANIZAÇAO?

De acordo com Fayol

"organizar significa construir a dupla estrutura, material e humana, do empreendimento. .. Se fosse possíJJel deixar de levar em conta o fator humano, seria bastante fácil construir uma unidade social orgânica. Qualquer principiante poderia fazê-lo, desde que tivesse algumas idéias das práticas usadas e pudesse contar com os ne-cessários recursos. Mas para se criar uma organização útil não basta grupar pessoas e distribuir deveres; deve haver um conhe-cimento de como adaptar o todo orgânico às necessidades, bem como encontrar o elemento humano essencial e colocar cada um onde for mais imprescindível; em suma, numerosas qualidades são indispensáveis." 4;;

Segundo as palavras de U rwick:

"não conseguiu Fayol fazer uma distinção clara entre o delinea-mento da estrutura duma empresa e o providelinea-mento do pessoal para

.. N. A. Conferência pronunciada na Sociedade de IndúStria Mineira (Society of Mining Industry), publicada em seu boletim, em 1916; sob a forma de livro em 1925. Tudas as citações feitas aqui foram tiradas da tradução inglêsa General and industrial mana~ement, 1949.

.. N . A. A esse respeito, Fayol prounciou também um discurso perante o

2.° Congresso Internacional de Ciências Administrativas, Bruxelas, 1923 (In:

GULICK, L. & URWICK, L., ed. Papers on the science oi administration ed. cit.,

p. 101-14).

,. FAYOL, H. General and industrial management. ed. cit., p. 6 e 57.

(38)

executar os vários grupos de atividades assim demarcados. ..

J

us-tamente porque Fayol era um homem prático, de longa experiência, essa atitude provavelmente era inevitável. O administrador de res-ponsabilidade não pode divorciar-se do fator humano. As empresa!'. constituem-se de elementos humanos, empenhados num empreen-dimento comum e assim possuem características de organismos vivos. Considerá-las puramente mecânicas é abrir uma porta a toda espécie de erro. Mas, no que tange à pretensão' de que o trabalho de Fayol tenha estabelecido uma teoria de administração - pre-tensão que foi certamente advogada por seus discípulos - seu conceito de organização estabelece limites que restringem o seu próprio pensamento. ~ impossível, para a humanidade, aprofundar seu conhecimento de organização, a não ser que o fator estrutura seja isolado de outras considerações, ainda que tal separação possa parecer artificial." 46

Constit·Ji esta a principal diferença entre a conceituação de Fayol e a de outros elementos desse grupo. Tanto Gulick como Mooney isolaram o fator estrutura da organização; a definição de Gulick já foi citada, 4j e a de Mooney é a seguinte:

"Organização é a forma de toda associação humana para a realização de um fim comum. .. A técnica de organização pode ser descrita como a técnica de correlacionar atividades específicas ou funções num todo coordenado." 48

Contudo, White acrescenta uma palavra de precaução:

" o ponto vital é que a estrutura é um arranjo das relações de trabalho de indivíduos e não simplesmente um processo impessoal de unir tijolos para construir um edifício. Sendo um sistema de ordenação de seres humanos, está sujeita, em determinados casos, a modificações que as possíveis combinações de personalidades possam exigir. Dum certo ponto de vista, organização é um sistema formal e declarado de relações, que pode ser representado, embora imperfeitamente, por um quadro ou por um organograma. Enca-rado dum ângulo mais realístico, tem um caráter psicológico:

cons-•• URWICK, L. The function of administration. In: GUUCK, L. & URWICK, L.,

ed. Op. cit., p. 121-2.

.. V. nota de rodapé n.o 3.

.. MOONEY, J. D. The principIes 01 or~anization. ed. rev., N. York, Harper

8nd Brothers, 1947. p. 1 e S.

(39)

titui um agrupamento constante e habitual de relações humanas, resultante da interação mútua de pessoas que trabalham juntas."·9

3 . 3 COMO ORGANIZAR?

Em sua análise dos princípios de administração, Fayol inclui diversas normas aplicáveis ao processo de organização; no capítulo em que estuda a organização como um elemento da administração, discute também esse assunto. Esse estudo se inicia com aqueles dentre seus "princípios de administração" que são aplicáveis à

tarefa de organizar: divisão do trabalho, autoridade, unidade de comando, unidade de direção, centralização, escala hierárquica ou hierarquia, esprit de corps.50

De acordo com Fayol, o objetivo da divisão do trabalho é a especialização. Como tal, "pertence à ordem natural".51 Gulick tem a mesma reação quando diz que "a divisão do trabalho constitui a base da organização; na verdade, é a própria razão da organi-zação".52 Reforçando a harmonia de pontos de vista, Gulick afirma que o trabalho deve ser dividido porque:

"os homens diferem em natureza, capacidade e habilidade, e ga-nham, grandemente, em destreza, pela especialização;. .. o mesmo homem não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo;... o campo do conhecimento e da técnica é tão grande que um homem, dentro do espaço de sua vida, não pode conhecer dele senão uma pequena fração. Noutras palavras, é uma questão de natureza hu-mana, tempO' e espaço." 53

3.4 COMO DIVIDIR o TRABALHO?

Segundo os membros desta escola, o trabalho deve ser dividido de duas maneiras: atendendo aos graus de autoridade e à correspon-dente responsabilidade (a "escala hierárquica ou hierarquia" 54 de

.. WHlTE, L. lntroduction to the study 01 public administration. ed. cit., p. 26. ,. FAYOL, H. General and industrial management. ed. cit., p. 19-2Q.

n Id., ibid., p. 20.

SI GULICK, L. Notes o~ the theory of organization. In: GULICK, L. & URWICK,

L., ed. Op. cit., p. 3. .. Id., ibid.

.. FAYOL, H. Op. cit., p. 34.

(40)

Fayol, o "princípio escalar" de Mooney), 55 e de acordo com a distinção entre tipos de atividades (a "especialização",56 de l"ayol,

0-"princípio funcional", de Mooney 57 e o "princípio de

homoge-neidade", de Gulick).58 Urwick também endossa essas i,\éias, ao expressar:

"Em organização o grupamento de atividades se processa sempre em dois sentidos contrários: um, em que as linhas divisórias "ão verticais, indicando tipos ou variedades de atividades; e outro, no qual as linhas delimitadoras são horizontais, indicando níveis de autoridaêe. É impossível definir qualquer atividade, precisame:.te, em qualquer organização, sem enquadrá-la nesses dois sentidós,

dp-mesma maneira que é impossível fixar um ponto n~m mapa ou numa carta a não ser em termos de suas coordenadas." 59

3.4.1 COMO DIVIDIR o TRABALHO A BASE DA AUTORIDADE

E DA RESPONSABILIDADE?

Fayol e Mooney afirmam que a maneira adequada de dividir o trabalho, à base da autoridade e responsabilidade, é conferindo "o direito de dar ordens e o poder de exigir obediência",60 através da "outorga de uma determinada medida de autoridade por uma autoridade mais elevada" 61 (a primeira constitui a definição de

"autoridade" de Fayol e a segunda o conceito de "delegação", de Mooney). Henry E. Niles acrescenta alguns conselhos:

". ~. a responsabilidade pela execução das várias atividades neces-sárias à consecução do objetivo da organização deve ser distribuída de tal maneira que haja um mínimo de interferências e cruzamento de relações.

". .. a responsabilidade deve ser expressamente delegada;... a responsabilidade deve ser claramente definida, de maneira que o ponto de resolução possa ser fixado prontamente." 62

,. MOONEY, J. The principIes 01 organization. ed. cit., p. 14.

,. FAYOL, H. Op. cit., p. 20.

S7 MOONEY, J. Op. cit., p. 25.

GULICK, L. Notes on the theory oí organization. In: Op. cit., p. 9. .. URWICK, L. The eIernentll 01 administration. ed. cit., p. 47.

.. F A YOL, H. Op. cit., p. 21.

11 MOONEY, J. Op. cit., p. 17.

• NILES, H.E. In: SECKLER-HuDSON, C., ed. Proce_1I 01 or~zation anel

m~ment. ed. cit., p. 49-50.

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