SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
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Artigo
original
Avaliac¸ão
funcional
e
radiológica
da
luxac¸ão
acromioclavicular
aguda
reparada
com
âncoras
sem
eyelet
:
comparac¸ão
com
outras
técnicas
夽
Alexandre
Tadeu
do
Nascimento
∗e
Gustavo
Kogake
Claudio
HospitalOrthoservice,GrupodeOmbroeCotovelo,SãoJosédosCampos,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem7denovembrode2015 Aceitoem23defevereirode2016
On-lineem7dejunhode2016
Palavras-chave:
Articulac¸ãoacromioclavicular Âncorasdesutura
Resultadodotratamento
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Avaliarosresultadosdoreparodasluxac¸õesacromioclaviculares(LAC)grausIIIe
V,comâncorassemeyelet,ecompararcomoutrastécnicas,bemcomofatoresquepossam interferirnoresultadofinal.
Métodos:Estudoretrospectivode35pacientescomLACgrauIIIeV,pelaclassificac¸ãode
Rockwood,12tratadoscomâncorassemeyelet,11comumTightrope,seiscomdoisTightropes
eseiscomamarrilhosubcoracoide,operadosdesetembrode2012afevereirode2015.Os pacientesforamavaliadosradiograficamenteepelosescoresdeDASH,UCLA,pelaescala visualanalógicadedor(EVA)epeloShort-Form36(SF36).Otempocirúrgicoeapossível interferênciadealgunsfatoresnoresultadofinaltambémforamavaliados.
Resultados: Amédiadosescoresfoide6,7noDASH;32,9noUCLA;1,2naEVAe79,47no
SF-36.Radiograficamente,amedidafinalmédiaentreocoracoideeaclavículafoide9,93mm, semdiferenc¸aestatísticaentreosgrupos.Quantoaotempocirúrgico,amédiadogrupoIfoi de31minutos;dogrupoII,19minutos;dogrupoIII,29minutosedogrupoIV,59minutos, houvediferenc¸asignificativaentreosgruposIIeIV,quandocomparadoscomogrupoem estudo.AmedidainicialdaLACeamedidapós-operatóriaimediata(POI)tiveramcorrelac¸ão comamedidafinal.
Conclusão:OreparodaLACagudacomâncorassemeyeletétãoeficazquantooutros
méto-dosecomtempocirúrgicosignificativamentemenorquandocomparadocomatécnicade amarrilhosubcoracoide.Oresultadoradiológicofinaléinfluenciadopeladistância coraco-clavicularinicialedoPOI.
©2016SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
夽
TrabalhodesenvolvidonoHospitalOrthoservice,GrupodeOmbroeCotovelo,SãoJosédosCampos,SP,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:nascimento@icloud.com(A.T.doNascimento).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2016.02.004
tightropes,andsixwithsubcoracoidcerclage,operatedfromSeptember2012toFebruary 2015.PatientswereassessedradiographicallyandthroughDASH,UCLA,thevisualanalogue scaleofpain(VAS)andtheShort-Form36(SF-36).Surgicaltimeandthepossibleinfluence ofsomefactorsintheoutcomewerealsoassessed.
Results: ThemeanDASHscorewas6.7;UCLA,32.9;VAS,1.2;andSF-36,79.47.
Radiographi-cally,thefinalmeanmeasurementwas9.93mm,withnostatisticaldifferencebetweenthe groups.ThemeansurgicaltimeforgroupIwas31minutes;groupII,19minutes;groupIII, 29minutes;andgroupIV,59minutes.Therewasasignificantdifferencebetweengroups IIandIVwhencomparedwiththestudygroup.Theinitialandimmediatepost-operative ACJDmeasurementsACJDwerecorrelatedwiththefinalmeasure.
Conclusion: TherepairofacuteACJDwithanchorswithouteyeletisaseffectiveastheother
methods,withsignificantlyshorteroperativetimewhencomparedwiththesubcoracoid cerclagetechnique.Thefinalradiologicalresultisinfluencedbythecoracoclavicularinitial distanceandtheimmediatepostoperativemeasurement.
©2016SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
AverdadeiraincidênciadaLACnãoéconhecida,jáquemuitos indivíduosafetadosnãoprocuramtratamento. Aproximada-mente12%detodasasluxac¸õesqueenvolvemoombroafetam aarticulac¸ãoacromioclavicular.
Atletasqueparticipamdeesportesdecontato(por exem-plo, futebol,rúgbi,artes marciais)estão sob maiorrisco. A LACéomotivomaiscomumpeloqualosatletasprocuram atendimentomédico emdecorrência de evento traumático no ombro,a luxac¸ãoglenoumeral éa segunda causamais frequente.1,2
Os homens são mais comumente afetados, com uma relac¸ão aproximada de 5:1,3 e indivíduos mais jovens (< 35 anos) apresentam maior frequência, principalmente devidoasuamaiorparticipac¸ãoematividadesdealtorisco. Homensdasegundaàquartadécadasdevidatêmamaior frequênciadeLACeapresentam,namaioriadasvezes,lesões incompletasdosligamentos.3
Adependerdagravidadedotrauma,umapessoapodelesar umoutodososligamentos,oquelevaaosdiferentesgrausde luxac¸ãoacromioclavicular.1 A classificac¸ão maisusada é a deRockwood,4queadivideemseistipos.
Aprincipal func¸ãodaarticulac¸ãoacromioclavicularede seusligamentosésustentaraescápulaeconectaromembro superioraoesqueletoaxial.Comaluxac¸ãoacromioclavicular, perde-seessaconexãoepelaac¸ãodagravidadeobrac¸ofica maisbaixoemrelac¸ãoàclavícula,oquepodecausarmaior
contato doacrômiosobre o tendãodomúsculo supraespi-nale,assim,sintomasdeimpactoelesãotendínea,sintomas neurológicosdevidoàtrac¸ãodoplexobraquialediscinesiada escápula.5,6
UmadasprimeirasformasdetratamentodaLACfoipor meiodafixac¸ãocomfiosdeKirchner,comreduc¸ãofechada. Essatécnicaapresentabonsresultados,porémnãotemsido rotineiramente usada devido àsraras,mas potencialmente fatais,complicac¸õesquepodemaconteceremfunc¸ãoda que-braedamigrac¸ãodomaterial.7
Existem várias técnicas cirúrgicaspara o tratamento da LACaguda,afixac¸ãocoracoclavicularcomamarrilhos subco-racoideséumadasmaisdifundidas.Estudosquecomparam asdiferenc¸asbiomecânicasdediferentestécnicasestão dis-poníveisnaliteratura,porémpoucoscomparamasdiferenc¸as clínicaseradiológicadosresultadosdediferentesmétodos.8
Uma opc¸ão para o tratamento cirúrgico da LAC é a estabilizac¸ãocoracoclavicularcomousodeâncoras,fixadas noprocessocoracoide,comamarrac¸ãodosfiosnaclavícula, atravésdetúneisósseos.9,10
Osresultadoscomessatécnicasãodivergentesna litera-tura devidoaumpossível papeldoeyeletdaâncora(fig.1), queprecipitaaroturadofiousadoe,assim,causaafalhado procedimento.11
Figura1–Diferenc¸aentreasâncorascom(seta)esemeyelet.
Material
e
métodos
Foram analisados, retrospectivamente, prontuários de 36pacientes submetidosatratamento cirúrgicode luxac¸ão acromioclavicularagudagrauIIIeV,operadosporumúnico cirurgião em um único centro, entre setembro de 2012 e fevereirode2015.Adistribuic¸ãoquantoafaixaetária,sexo, lateralidadeeclassificac¸ão da LAC estána tabela1. Foram incluídos neste estudo pacientes com trauma de ombro, queapresentaramluxac¸ãoacromioclaviculargrauIIIouVe queforamoperadoscomaté30diasdomomentodalesão. Todas as radiografias para diagnóstico eram feitas, além dasconvencionais(AP,perfildeescápulaeperfilaxilar),em posic¸ão ortostática, com peso de 2,5kg em cada membro, contemplaram asduas articulac¸ões acromioclavicularesno mesmofilme(fig.2).Otempomínimodeseguimentofoi esti-puladocomoseismeses.Dentreoscritériosdeexclusãona selec¸ãodospacientes,temos:casosdeluxac¸ãograuIV,casos associadosafraturasemoutrossítiosdacinturaescapulare casosqueforamoperadoscomperíodomaiordoque30dias.
Técnicacirúrgica
Oprocedimentocirúrgicofoifeitocomopacientesob aneste-siageralebloqueiodeplexobraquial,emposic¸ãodecadeira depraia.Fizemosincisãodeaproximadamente2a3cm(fig.3), diretamentesobreaextremidadedistaldaclavícula,queera osteotomizadanosseus0,5cmdistaleretiradajuntamente
Figura2–Radiografiapadrãocomestressequecontempla asarticulac¸õesacromioclavicularesnomesmofilme
edemonstraumaLACVàesquerda.
comomenisco,comodescritoporalgunsautores,emcasos específicos.12 Anteriormente à clavícula, identificávamos o coracoideapenasàpalpac¸ão,ouseja,semvisualizac¸ãodireta, posicionávamosoguiadeinserc¸ãodaâncoradiretamenteem suafacesuperior.Usamossempreduasâncoras,duplamente carregadas,de2,9mm(Juggerknot-Biomet).Criávamos qua-trotúneisósseosnaclavículacombrocade2mm,a2cmda extremidadedaclavícula,emformadequadradoecom1cm entreeles,passamosdoisfiosporcadaumdelesefizemos assimoreparodaluxac¸ão.Comessesmesmosfios, reinse-ríamosodeltoideeotrapézio,frequentementeacometidos, principalmentenasluxac¸õesdegrauV.
Pós-operatório
Ospacientespermaneceramemimobilizac¸ãocontínuacom tipoia por seis semanas, quando então era iniciada a reabilitac¸ão.Afisioterapia,inicialmente,foiindicadaapenas paraganhodeamplitudedemovimentoeapenasquandoessa estivessecompletainiciava-seafasedefortalecimento mus-cular,porvoltadetrêsmeses.
9 65 masculino Esquerdo 5
10 20 masculino Direito 5
11 23 masculino Esquerdo 5
12 22 masculino Direito 5
GrupoII
1 34 masculino Esquerdo 5
2 60 masculino Esquerdo 5
3 22 masculino Esquerdo 5
4 32 masculino Esquerdo 3
5 19 masculino Direito 3
6 36 masculino Esquerdo 5
7 28 masculino Esquerdo 3
8 32 masculino Direito 5
9 28 masculino Esquerdo 5
10 22 masculino Direito 5
11 43 masculino Direito 3
GrupoIII
1 50 masculino Esquerdo 5
2 29 masculino Esquerdo 5
3 37 masculino Direito 3
4 23 masculino Direito 5
5 35 masculino Direito 3
6 29 masculino Direito 3
7 27 masculino Direito 5
GrupoIV
1 27 masculino Esquerdo 3
2 20 masculino Direito 3
3 36 masculino Esquerdo 5
4 69 masculino Direito 3
5 50 masculino Direito 5
6 59 feminino Esquerdo 5
Estatística
Analisamososresultadosdosescoresdosdiferentesgrupos pelo teste de Kruskal-Wallis, por meio do programa SPSS (IBM),queésemelhanteemmetodologiaaodeMann-Whitney, porémpermiteavaliac¸ãoemmaisdedoisgrupos simultane-amente.Otempocirúrgicoeasmedidasdasradiografias,por servariáveisdiscretasededistribuic¸ãonormal,foram anali-sadospelotestetdeStudent,compararam-seaospares,por meiodoprogramaExcel.Emtodosostestesfoiespecificado umintervalodeconfianc¸ade95%,compsignificativo<0,05. Avaliamospossíveisvariáveisquepossaminterferirno resul-tadofinalcomocoeficientedePearson,pormeiodoExcel,e consideramosvaloresentre0e0,3comodefracacorrelac¸ão, entre0,3e0,6comodemoderadacorrelac¸ãoemaioresque 0,6comodeforte correlac¸ão.Noscasos derelac¸ãoinversa, osvaloressãonegativoseforamconsideradoscomousodo mesmoprincípio.
Resultados
Foramanalisadosretrospectivamenteprontuáriosde36 paci-entesoperadosnonossoservic¸o,porumúnicocirurgião,de setembro de 2012a fevereiro de 2015.Os pacientes foram separadosemquatrogrupos,adependerdatécnicacirúrgica usada,eestabelecemoscomotécnicaaseravaliadaacirurgia minimamenteinvasivacomusodeâncorassemeyelet(Grupo I).Asoutrastécnicasusadasforamaartroscópicacomusode umTightrope(GrupoII),artroscópicacomusodedois Tightro-pes(GrupoIII)eaabertacomusodeamarrilhosubcoracoide comquatrofiosdealtaresistência(GrupoIV)(fig.4).
Figura4–Imagemdepós-operatórioimediato.a
aGruposI,II,IIIeIV,daesquerdaparaadireita,respectivamente.
Tabela2–Medidadadistânciaentreocoracoideeaclavículaeanálisequantitativadaclassificac¸ãodaLAC
MédiaemmmdamedidadaLAC LACIII LACV
GrupoI 19,1 3 9
GrupoII 19,1 4 7
GrupoIII 20,2 3 4
GrupoIV 17,9 3 3
p-valorentreIeII 0,86 –a –
p-valorentreIeIII 0,97 – –
p-valorentreIeIV 0,96 – –
a Porsetratardeescoreeapresentardistribuic¸ãoanormal,nãoépossívelusarotestetparacálculodop-valor’.
direitoe21(58%)doesquerdoeacometeramoladodominante em16 (44%)casos. Amédia da medida,nopré-operatório, entreocoracoideeaclavícula,emmilímetros,foide19,34 (10,86a29,38)e,quantoàclassificac¸ão,23LACVe13LACIII, não se apresentou diferenc¸a estatística entre os grupos (tabela2).Otempoentrealesãoeoprocedimentocirúrgico foiemmédia7,57dias(uma30).
Quantoàanálisedotempocirúrgico,oGrupoI apresen-tou médiade 31 minutos, o Grupo II19 minutos, o Grupo III 29 minutos e o Grupo IV 59 minutos, com diferenc¸a
estatisticamente significativa do Grupo I em relac¸ão aos gruposIIeIV.Ospacientesforamavaliadosclínicae radio-logicamentecomumasemana,duas,quatro,seis,trêsmeses, seis,umanoedoisanosdepós-operatório.Observamosainda queaporcentagemdeperdadereduc¸ão,medidapelarazão entre a perda, em milímetros, sobrea medida conseguida do POI, apresentou diferenc¸a significativa do Grupo I em relac¸ãoaosgruposIIeIV(tabela3).Omomentodaperdada reduc¸ãoaconteceuemmédiaporvoltada13asemana,sem
diferenc¸aentreosgrupos.
Tabela3–Tempocirúrgicoemedidaspréepós-operatóriasdoespac¸ocoracoclavicularcomasperdasemlongoprazo
dareduc¸ãoalcanc¸adanopós-operatórioimediatoa
Tempocirúrgico emminutos
Medidapré-op (mm)
MedidaPOI(mm) Medidafinal (mm)
Porcentagemde perdadareduc¸ão
POI
Períodoemque ocorreuaperda dereduc¸ãoem
semanas
GrupoI 31 19,1 4,89 8,23 68% 14,5
GrupoII 19 19,1 5,45 11,25 106% 12,7
GrupoIII 29 20 4,96 8,17 65% 18,8
GrupoIV 59 18 4,27 8,86 107% 20,2
p-valor(entreIeII) <0,000000001 0,85 0,68 0,06 0,03 0,3
p-valor(entreIeIII) 0,12 0,97 0,95 0,47 0,4 0,42
p-valor(entreIeIV) 0,000002 0,96 0,93 0,24 0,02 0,09
a Osvaloressãodamédia.Aporcentagemdeperdadereduc¸ãofoicalculadacomacomparac¸ãodooresultadofinaldamedidaentreocoracoide
eaclavícula,comovalorconseguidoinicialmentenopós-operatórioimediato.
Tabela4–Resultadosdosescoresclínicos(UCLA,DASHeEVA)a
UCLA DASH EVA
GrupoI 32,4±2,5(26a35) 7,7±7,1(0,83a25) 1,2±1,3(0a4)
GrupoII 33,4±2,3(27a35) 5,9±9,8(0a34) 1,2±2,0(0a7)
GrupoIII 32,0±2,0(29a35) 5,8±9,0(0,83a25,83) 1,8±1,2(0a4)
GrupoIV 29,4±1,9(30a35) 6,5±19,1(0a47,5) 0,9±1,2(0a3)
TestedeKurskal-Wallis(p-valor) 0,33 0,31 0,16
r
e
v
b
r
a
s
o
r
t
o
p
.
2
0
1
6;
5
1(5)
:561–568
Tabela5–ResultadodoSF-36divididoporsuasáreasdeabrangênciaa
Capacidadefuncional Limitac¸ãopor aspectosfísicos
Dor Estadogeral
desaúde
Vitalidade Aspectos sociais
Limitac¸ãopor aspectosemocionais
SaúdeMental
GrupoI 93±6,7(84a100) 76±32,3(25a100) 88±18,5(62a100) 74±18,5(55a100) 75±15,9(40a90) 85±15,3(45a100) 75±34,2(0a100) 90±8,6(80a100) GrupoII 92±12,5(60a100) 75±38,2(0a100) 73±28,4(0a100) 72±19(45a100) 82±15(50a100) 92±19(37,5a100) 88±21,3(33,3a100) 78±24(33a100) GrupoIII 95±9(75a100) 88±19(50a100) 73±21(41a95) 70±16(55a100) 82±12(80a100) 84±12(75a100) 88±25(33,3a100) 75±18(52a100) GrupoIV 87±24(40a100) 75±38(0a100) 81±30(20a100) 75±25(35a100) 92±8(80a100) 90±17(62,5a100) 74±39(0a100) 89±15(64a100) Testede
Kruskal-Wallis
0,9 0,91 0,23 0,78 0,13 0,33 0,8 0,23
Relação entre a medida POI e a medida final 25 20 15 10 5 0
0 2 4 6
Medida POI
Medida final
8 10 12 14
Figura5–Gráficodedispersão.
Naavaliac¸ãoclínicacomasescalasdeDASH,UCLA,EVA eSF-36,feitascomseismeses,umanoedoisanosde pós--operatório,obtivemosmédiade6,7pontosnoDASH;32,9no UCLA,foram 17 (48%)resultados excelentes, 18 (50%)bons eumregular (2%); 1,2pontona EVA,foram32 (91%)dores levesetrês(9%)doresmoderadas;eSF-36de79,47,nãohouve diferenc¸aestatísticaentreosgrupos(tabelas4e5).
Avaliamosalgunsfatoresparapossível correlac¸ãocomo resultado radiológicoe clínicofinal e encontramos que há forterelac¸ãoentreareduc¸ão conseguidanopós-operatório imediatocom oresultadofinal emoderada relac¸ãoentre a medida no momento da lesão e a medida final (tabela 6). Afigura5mostraográfico dedispersãoentreamedidade reduc¸ãonoPOIeamedidafinal,noqualpodemosobservara fortecorrelac¸ãodessasmedidas.
Houveperdadereduc¸ãosintomáticaemum(2%)casodo Grupo II, ocorridacom 14 semanas de pós-operatório, que necessitoudeabordagemcirúrgicaefoitratadocomluxac¸ão acromioclavicularcrônica,comseenxertodesemitendíneo. Todosospacientesquefaziamesportecommembrosuperior (16pacientes)conseguiramvoltaraomesmonívelesportivo prévioàlesão,excetoum,doGrupoII,quepraticavanatac¸ão. Nãoobservamoscomplicac¸õessignificativasemqualquerdos grupos.
Discussão
Aelevadataxadecomplicac¸ãoassociadacomagrande varie-dadedemétodosdescritosnaliteraturaparaotratamentoda LACrefleteaineficáciapararestauraraanatomiadaregião acromioclavicular. A fixac¸ão provisória com pinos ou cer-clagemnãoémaisrecomendadsporcausadoaumentoda incidênciade alterac¸õesdegenerativasda articulac¸ão acro-mioclavicular,erosãoósseaequebraoumigrac¸ãodopino.13 Oconceitodatransferênciadoligamentocoracoacromial (pro-cedimento Weaver-Dunn), com suasvárias modificac¸ões, é quetal transferência permitiriaresistiras forc¸asde trac¸ão
como o ligamento nativo. No entanto, provou-se que o ligamento coracoacromial ébiomecanicamente inferiorem comparac¸ãocomareconstruc¸ãocomenxertodetendãodo semitendíneoepodelevarasubluxac¸ãoouluxac¸ãocrônica daarticulac¸ãoacromioclavicularem30%doscasos.14
Oprincípiodotratamento emcasosdeLACéareduc¸ão da articulac¸ão lesada e a manutenc¸ão dessa reduc¸ão até cicatrizac¸ãodostecidosmoleseaestabilizac¸ãodaclavícula distal.Suetal.10 usaramumaâncoranolugardoparafuso, comoumamodificac¸ãodatécnicadeBosworth,eobtiveram resultados satisfatóriosem11 pacientes operadosdevidoa LAC.Elesconcluíramqueesseprocedimentoésimplese repro-duzdemaneiraanatômicaosligamentoscoracoclaviculares, paraproporcionar estabilidadeverticalehorizontalparaos casos de LAC.Asvantagens de seusarem âncorasemvez defazeramarrilhosubcoracoideincluemumtempocirúrgico menor, oquedemonstramostambémemnossotrabalho,e menorriscodelesõesvasculonervosas,pornãoser necessá-rioabordararegiãomedialaocoracoide.15,16 Anovagerac¸ão deâncoras,semeyelet,temaindaumapotencialvantagemde nãoapresentarmaterialdeimplante,quepodecausarquebra dofiodealtaresistêncianocontatodeles.11
Breslowetal.17compararam,emcadáveres,aestabilidade mecânica obtidaapós a estabilizac¸ãocoracoclavicular pela técnicadoamarrilhosubcoracoidecomatécnicadousode âncoras.Apesardeogrupocomâncorasterapresentado resul-tadosligeiramentesuperiores,osdoismétodosseprovaram estatisticamentesemelhantes.Ahipóteseaventadafoideque oamarrilhoapresentaalgummovimentodeacomodac¸ãona regiãosubcoracoideecomissogerariaumamenor estabili-dade.Outro estudo,quecomparou a forc¸abiomecânica de endobotons, âncoraseplacasgancho,mostrou queos dois primeirosapresentammelhorestabilidadeeresistência.18
Aperdadareduc¸ãoinicialtemsidodescritanaliteratura, olocalimprecisodainserc¸ãodasâncorastemsidoomotivo apontado por alguns autores.9,10 Acreditamos que a perda apresentadatenhamaiorrelac¸ãocomaqualidadedotecido cicatricialeacontec¸anomomentoemqueháaquebrados fios porfadiga eesse tecido tenha de assumir o papel de estabilizador daarticulac¸ão,masressaltamosaquiqueisso é uma hipótese e até o momento não há estudos que a corroborem.Noentanto,foioqueconstatamosaofazernova abordagemdoúnicocasoquenecessitoudeoutracirurgiapor apresentarperda sintomáticada reduc¸ão.Nonossoestudo, constatamosqueemtodososcasos,dosquatrogruposem análise, ocorreu uma perda em comparac¸ãocom a conse-guidanopós-operatórioimediato,queaconteceuporvoltada 13a semana. Ainda postulamos como hipótese que a
qua-lidadedotecidocicatricialédeterminadadiretamentepela
Tabela6–Correlac¸ãodevariáveiscomoresultadofinal(CoeficientedePearson)
Medidafinal EVA DASH UCLA SF36
MedidanoPOI 0,67 0,24 0,02 -0,01 -0,05
Medidainicial 0,37 0,14 0,05 -0,18 -0,12
Tempoatéacirurgia 0,1 0,16 0,05 0,21 -0,08
Tempoatéperdadereduc¸ão -0,1 0,12 0,02 -0,07 -0,12
estético e radiológico mais satisfatórios, sem influenciar o resultado funcional. Estudos na literatura demonstram quea perda da reduc¸ão nãoafeta o resultado clínicofinal dotratamento.19–21 Observamosessemesmofatononosso estudo.Apenas um paciente apresentou perda de reduc¸ão sintomáticaenecessitoudenovoprocedimentocirúrgico.
Conclusão
O tratamento cirúrgico com âncoras sem eyelet apresenta excelentes resultados, clínicos e radiológicos, com perda de reduc¸ão comparável ao método artroscópico com dois
Tightrope eestatisticamente menor do que os métodos de
amarrilho subcoracoidecom quatro fiosdealta resistência e artroscópico com um Tightrope. O tempo cirúrgico apre-sentadoporessemétodoésignificativamentemenordoque o do amarrilho subcoracoide, com possibilidade de feitura depequenaviacirúrgica,deaproximadamente 2cm.Ainda podemosconcluirque,independentementedatécnicausada, deve-se sempre buscar uma hiper-reduc¸ão da articulac¸ão, comvistasaresultadosradiográficoseestéticosmais favo-ráveis.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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e
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