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Avaliação da granzima B e do fator de crescimento endotelial vascular em pacientes com neoplasia intra-epitelial escamosa cervical de baixo e de alto grau

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Academic year: 2017

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(1)

PATRICIA NAPOLI BELFORT MATTOS

AVALIAÇÃO DA GRANZIMA B E DO FATOR DE CRESCIMENTO

ENDOTELIAL VASCULAR EM PACIENTES COM NEOPLASIA

INTRA-EPITELIAL ESCAMOSA CERVICAL

DE BAIXO E DE ALTO GRAU

Tese apresentada a Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina para obtenção do título de Mestre em Ciências.

(2)

PATRICIA NAPOLI BELFORT MATTOS

AVALIAÇÃO DA GRANZIMA B E DO FATOR DE CRESCIMENTO

ENDOTELIAL VASCULAR EM PACIENTES COM NEOPLASIA

INTRA-EPITELIAL ESCAMOSA CERVICAL

DE BAIXO E DE ALTO GRAU

Tese apresentada a Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina para obtenção do título de Mestre em Ciências.

Orientadora:

Profa. Dra. Julisa Chamorro Lascasas Ribalta

Co-Orientadores:

Dra. Neila Maria de Góis Speck

Dr. Gustavo Rubino de Azevedo Focchi

(3)

Mattos, Patricia Napoli Belfort

Avaliação da granzima B e do fator de crescimento endotelial vascular em pacientes com neoplasia intra-epitelial escamosa cervical de baixo e de alto grau. / Patricia Napoli Belfort Mattos.– São Paulo, 2008.

xiii, 82f.

Tese (Mestrado): Universidade Federal de São Paulo - Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação do Departamento de Ginecologia.

Título em inglês: Immunohistochemical expression of granzyma B and vascular endothelial growth factor (VEGF) in normal uterine cervix, low and high grade squamous intraepithelial lesions.

(4)

iii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE GINECOLOGIA

Chefe do Departamento:

Prof. Dr. Afonso Celso Pinto Nazário

Coordenador do Curso de Pós-graduação:

(5)

iv

“Para um homem sábio, todas as terras são acessíveis, pois a pátria de uma

alma virtuosa é o Universo”

(6)

v

Dedicatória

Aos meus filhos Gabriela e Gustavo,

prioridades na minha vida.

Ao Armando, companheiro de todos os momentos.

Aos meus pais Antonio e Irani, sempre presentes em todos os momentos da minha vida, compartilhando

alegrias, tristezas e por não me deixarem desistir nunca.

À Fernanda minha irmã, pelo amor, amizade e carinho.

À Izabel minha avó “in memorian”, minha segunda mãe.

(7)

vi

Agradecimentos

À Prof. Dra. JULISA CHAMORRO LASCASAS RIBALTA

“Uns são homens, alguns são professores, poucos são mestres. Aos primeiros,

escuta-se, aos segundos, respeita-se e aos últimos segue-se.” Minha eterna

gratidão pela confiança, oportunidade e sobretudo pelos ensinamentos.

Ao Prof. Dr. Gustavo Rubino de Azevedo Focchi

Pela orientação desta tese que de forma singela, amiga e efetiva transferiu seus

conhecimentos. Sou eternamente grata pelas idéias e parceria que tornaram

possível a realização deste trabalho.

À Dra. Neila Maria de Góis Speck

Pela sabedoria que transmite sempre de forma amiga e exemplo de dedicação,

organização e perseverança.

À Dra. Nabiha Saadi Abrahão Taha

Pela amizade, apoio e ensinamento constante.

À Dra. Pabline Barbosa Lima Almeida

Pela sincera amizade, ajuda e companheirismo nesta longa jornada

À Dra. Raquel Autran Coelho

(8)

vii

A todos os chefes e colegas do ambulatório de Patologia do Trato Genital

Inferior do Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São

Paulo - Escola Paulista de Medicina/UNIFESP-EPM: Alessandra Mollo, Ana

Carolina da Silva Chuery, Ana Luisa de Figueiredo e Silva, Carmen Regina

Nogueira de Carvalho, Clarissa de Cerqueira Monteiro, Clóvis Gonzaga

Cunha Camargo, Cristiane Cruz Nervo, Elizabeth Rautman Cezarino

Linhares, Fernanda Kesselring Tso, Flávio Zucchi, Gisele Negro, Helenice

Júlio Kang, Jefferson Alfredo Barros, Kátia Franco Quaresma de Moura,

Mayara Karla Figueiredo Facundo, Natália Zekhry e Valéria Grisólia de

Freitas.

Às enfermeiras e funcionários da Escola Paulista de Medicina/UNIFESP-EPM,

em especial a Marilda e Ivanilda, pelo apoio estrutural na realização dos

exames, marcação de consultas e tratamentos.

Às funcionárias do laboratório de Imuno-histoquímica do Departamento de

Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo – USP,

pela realização do método imuno-histoquímico na lâmina.

(9)

viii

Sumário

Dedicatória... v

Agradecimentos... vi

Listas... ix

Resumo... xiii

1. INTRODUÇÃO... 1

2. PROPOSIÇÃO... 11

3. PACIENTES E MÉTODOS... 13

3.1 Pacientes... 14

3.2 Métodos... 17

3.3 Método Estatístico... 24

4. RESULTADOS... 25

5. DISCUSSÃO... 31

6. CONCLUSÃO... 40

7. ANEXOS... 42

8. REFERÊNCIAS... 63

Abstract

Bibliografia Consultada

(10)

ix

Lista de Tabelas

Tabela 1. Distribuição de 142 casos de fragmentos de colo uterino segundo a positividade da imuno-expressão da granzima B e as diferentes

lesões pré neoplásicas, grupo controle e avaliação estatística... 27

Tabela 2. Demonstrativo de 142 casos estudados segundo subgrupo,

número de casos parciais e testes estatístico de Kruskal-Wallis... 27

Tabela 3. Demonstrativo das diferentes médias e totais de linfócitos ativados seguindo local de contagem, total de casos estudados e avaliação estatística... 28

Tabela 4. Demonstrativo dos 160 casos avaliados para o VEGF segundo subgrupos, número de casos, grau de expressão e avaliação

(11)

x

Lista de Quadros

Quadro 1. Distribuição de 196 casos segundo diagnóstico histopatológico e avaliação da imuno-expressão da granzima B e do fator de

crescimento endotelial vascular (VEGF)... 16

(12)

xi

Lista de Anexos

Anexo 1. Carta de aprovação do comitê de ética em pesquisa... 43

Anexo 2. Termo de consentimento livre e esclarecido... 44

Anexo 3. Ananmnese/ Exame colposcópico/ Resultado anátomo-patológico e imuno-histoquímico... 46

Anexo 4a. Granzima B- Neoplasia intra-epitelial de grau I ... 47

Anexo 4b. Granzima B- Neoplasia intra-epitelial de grau II ... 48

Anexo 4c. Granzima B- Neoplasia intra-epitelial de grau III ... 49

Anexo 4d. Granzima B- Controle... 50

Anexo 5a. VEGF- Neoplasia intra-epitelial de grau I... 51

Anexo 5b. VEGF- Neoplasia intra-epitelial de grau II... 52

Anexo 5c. VEGF- Neoplasia intra-epitelial de grau III... 53

Anexo 5d. VEGF- Controle ... 54

Anexo 6a. Granzima B e VEGF – (GB) – NIC I... 55

Anexo 6b. Granzima B e VEGF – (GB) – NIC II... 56

Anexo 6c. Granzima B e VEGF – (GB) – NIC III... 57

Anexo 6d. Granzima B e VEGF – (GB) – Controle... 58

Anexo 7a. Granzima B e VEGF – (VEGF) – NIC I... 59

Anexo 7b. Granzima B e VEGF – (VEGF) – NIC II... 60

Anexo 7c. Granzima B e VEGF – (VEGF) – NIC III... 61

(13)

xii

Lista de Abreviaturas e Símbolos

APTS 3-Aminopropil-trietoxi-silano-Sigma

CH Captura de híbridos

CTL Linfócito T citotóxicos

DMS Diferença mínima significante

DNA Ácido desoxirribonucléico

Fas Fibroblast associated

Flt-1 (VEGFR-1) Receptor tirosina quinase

GB Granzima B

HPV Papilomavírus humano

IHQ Reação imuno-histoquímica

INCA Instituto Nacional do Câncer

KDR (VEGFR-2) Receptor tirosina quinase

LCR Large control region

NIC I Neoplasia intra-epitelial cervical de grau I

NIC II Neoplasia intra-epitelial cervical de grau II

NIC III Neoplasia intra-epitelial cervical de grau III

NIC Neoplasia intra-epitelial cervical

NK Célula natural killer

NS Não significante

NUPREV Núcleo de prevenção de doenças ginecológicas

OGF,[MET(5)] Crescimento opióide endógeno

PBS Solução salina tamponada com fosfato

PCR Reação em cadeia de polimerase

STB Sistema de Bethesda

Th1 Linfócito T auxiliar 1

Th2 Linfócito T auxiliar 2

VAMPD Valor absoluto da diferença entre as médias dos postos

VEGF Fator de crescimento endotelial vascular

VPF Fator de permeabilidade vascular

(14)

xiii

Resumo

Introdução: A família granzima caracteriza um grupo especial de

serino-proteases que permanecem armazenadas, completamente processadas e na

forma ativada, em grânulos citoplasmáticos dos linfócitos T citolíticos (CTL).

Angiogênese é o processo pelo qual novos vasos sanguíneos são formados. Está

associada ao desenvolvimento da neoplasia intra-epitelial de alto grau e do

carcinoma invasor do colo uterino. Objetivos: O objetivo deste estudo foi avaliar a

imuno-expressão da granzima B e do fator de crescimento endotelial vascular

(VEGF) com as variantes da neoplasia intra-epitelial escamosa cervical.

Métodos: A expressão imuno-histoquímica da granzima B foi estudada no

epitélio, estroma e ainda no epitélio - estroma de 142 fragmentos de colo uterino

sendo, 34 de neoplasia intra-epitelial cervical de grau I (NIC I), 36 de neoplasia

intra-epitelial cervical de grau II (NIC II), 33 de neoplasia intra-epitelial cervical de

grau III (NIC III) e 39 fragmentos de colo uterino sem atipias – grupo controle. Foi

estudada a imuno-expressão para o fator de crescimento endotelial vascular

(VEGF) em 160 fragmentos de colo uterino sendo, 43 de neoplasia intra-epitelial

cervical de grau I (NIC I), 33 de neoplasia intra-epitelial cervical de grau II (NIC II),

31 de neoplasia intra-epitelial cervical de grau III (NIC III) e 53 fragmentos de colo

uterino sem atipias – grupo controle. Resultados: No estroma, a

imuno-expressão para a granzima B na neoplasia intra-epitelial cervical de grau I

mostrou-se menor do que na neoplasia intra-epitelial cervical de grau III.

Encontrou-se alta imuno-expressão para o fator de crescimento endotelial

vascular na neoplasia intra-epitelial cervical de grau III e baixa imuno-expressão

na neoplasia intra-epitelial de grau I e no grupo controle. Conclusão: Quanto

maior a gravidade da lesão intra-epitelial cervical maior imuno-expressão para a

granzima B. Encontrou-se aumento progressivo da imuno-expressão para o fator

de crescimento endotelial vascular no grau intenso, de acordo com a severidade

(15)
(16)

Introdução 2

O câncer do colo do útero é a segunda neoplasia mais comum em

mulheres, em todo o mundo, correspondendo anualmente a 15% de todos os

casos de tumores femininos. No Brasil, o câncer do colo do útero é o terceiro

mais comum na população feminina, sendo superado pelos cânceres de pele e

de mama. Responde como quarta causa de morte por câncer em mulheres.

É doença que pode ser prevenida, estando diretamente vinculada ao grau de

subdesenvolvimento do país.

De acordo com os dados absolutos do Instituto Nacional do Câncer

(INCA) sobre a incidência e mortalidade por câncer, o tumor de colo uterino foi

responsável pela morte de 3.953 mulheres no Brasil no ano de 2000. Para 2007

as estimativas de incidência para este câncer são de 19.260 novos casos.

Vários são os fatores de risco identificados para o câncer do colo

uterino tais como sociais, ambientais e hábitos de vida: baixas condições

socioeconômicas, início precoce da atividade sexual, múltiplos parceiros

sexuais, tabagismo, poucos hábitos de higiene e uso prolongado de

contraceptivos hormonais (Karlsson et al., 1995; Muñoz et al., 1996; Chaouki et

al., 1998; Svare et al., 1998; Burk, 1999; Noriyuki et al., 2007).

Esforços são empregados com sucesso, para diminuir a incidência

de câncer de colo uterino por meio de exames preventivos, o exame

citopatológico e a colposcopia tornando o diagnóstico mais preciso em

pacientes com atipias celulares cervicais (Andersen et al., 1995).

Segundo Meisels, Fortin (1976) o papilomavírus humano (HPV) foi

indicado pela primeira vez como tendo relação com o câncer de colo de útero

nos anos 70 do século XX. Nas últimas décadas, múltiplos ensaios sugerem ter

o HPV, papel central na etiopatogenia dessa neoplasia e de suas lesões

precursoras (Ferenczy, 1995; Liaw et al., 1999).

O Ministério da Saúde do Brasil estima estar, de forma pontual, 25% da

população brasileira sexualmente ativa contaminada pelo papilomavírus humano,

(17)

Introdução 3

Esse fato leva ao conceito de que a presença exclusiva do vírus não

basta para o desenvolvimento do processo neoplásico. Fatores epidemiológicos,

ambientais e gênicos parecem ser de grande valor no processo da

transformação neoplásica, sugerindo ser o HPV considerado iniciador da

carcinogênese cervical, pois é componente necessário, ainda que não

suficiente para o desenvolvimento do carcinoma (Kaufman et al., 2000).

O papilomavírus humano está presente na maioria absoluta dos casos

de câncer cervical e o estudo que mais concretamente estabelece esta relação é o

de Walboomers et al., 1999. Ao analisar, mais de 900 amostras de câncer, oriundas

de 32 hospitais de 22 países da Europa, Ásia, Américas (Norte, Central e Sul) e

África, os autores detectaram a presença do HPV em 99,7% dos casos, por meio

da reação em cadeia da polimerase (PCR), associada a testes sorológicos.

O HPV, juntamente com o Polyomavírus e o SV40, pertence à família

Papovaviridae. Seu genoma é constituído por dupla alça de ácido

desoxirribonucléico (DNA) circular. O diâmetro do seu capsídeo é de 55 nm, seu

DNA possui 7.900 pares de bases e seu peso molecular é de 5,2.10 daltons

(Bernard et al., 1994; Kaufman et al., 2000).

O genoma contém nove janelas de leitura onde estão posicionadas

sete genes de leitura precoce (early – E1, E2, E3, E4, E5, E6, e E7) e dois de

leitura tardia (late L1 e L2). Há também uma região não codificadora (large control

region – LCR) que controla os demais genes (Turek, 1994). São considerados

mais importantes e relacionados à oncogênese os componentes E6 e E7

(Galloway, MCDougall, 1996).

Mais de 100 tipos de papilomavírus humano foram descritos, sendo

que aproximadamente 30 tipos infectam a mucosa anogenital de ambos os

sexos (Forslund et al., 1999).

Os papilomavírus humanos podem ser classificados, de acordo com

a sua capacidade de indução neoplásica, em vírus de baixo, intermediário e

alto risco oncogênico. O maior ou o menor potencial oncogênico viral parecem

estar, fundamentalmente, relacionados à sua capacidade de integrarem-se ao

(18)

Introdução 4

A presença dos tipos de HPV de alto risco oncogênico, confere

significante risco de desenvolvimento de lesão intra-epitelial escamosa cervical

e câncer cervical (Moscicki et al., 1998; Liaw et al., 1999; von Knebel, 2002;

Tang et al., 2007 ).

Avanços das técnicas de biologia molecular, nas últimas décadas,

aumentaram a compreensão da relação entre o papilomavírus humano e a

neoplasia cervical uterina (Bigio et al., 2002).

Técnicas de mensuração viral permitem confirmar determinados

tipos de HPV como causa central no desenvolvimento do câncer cervical e de

seus precursores. Progressos na mesma área promovem avanços no processo

de detecção e tipagem do HPV, bem como na investigação e diagnóstico de

lesões relacionadas aos vírus.

Várias técnicas estão disponíveis para demonstrar a presença do

DNA dos papilomavírus humanos. Na prática, três são as técnicas

biomoleculares utilizadas na detecção de DNA viral: Reação em Cadeia da

Polimerase (PCR), Captura de Híbridos (CH) e Hibridização in situ. O teste de

hibridização por Southern Blot é considerado padrão ouro para essa detecção

porém, a mais sensível técnica de detecção de HPV é, sem dúvida, a reação

em cadeia da polimerase (PCR) (Peyton et al., 1998).

A transmissão das infecções genitais por HPV depende do acesso do

vírus à camada basal de células indiferenciadas, favorecido por microtraumas do

epitélio, conseqüentes ao ato sexual ou não. Estando a infecção viral estabelecida,

o genoma viral pode persistir, em forma latente, nas células das camadas basal e

parabasal sem mudanças visíveis, ou ainda, estabelecer infecção ativa das células

parabasais. Neste caso, o HPV estimula a proliferação celular desencadeando a

formação de lesão epitelial detectável.

A infecção persistente pelo HPV oncogênico é essencial para a

progressão da lesão de menor gravidade para neoplasia intra-epitelial de alto

grau e, a seguir, para lesão invasora (Hildesheim et al.,1994). Assim, a infecção

por longos períodos de tempo permite o desenvolvimento de alterações

(19)

Introdução 5

De acordo com von Knebel (2002), mulheres infectadas por HPV de

alto risco oncogênico apresentam risco 100 vezes maior para desenvolver lesão

intra-epitelial de alto grau, quando comparadas a mulheres não infectadas. .

Descritas pela primeira vez no início do século XX, as lesões

intra-epiteliais são conhecidas por variada nomenclatura. O termo displasia foi aplicado

a lesões do epitélio pavimentoso estratificado, que apresentassem anomalias de

maturação e diferenciação menos intensas do que daquelas apresentadas pelo

carcinoma in situ. Em decorrência da variação do comprometimento do epitélio

escamoso por células atípicas, as lesões epiteliais foram classificadas em diferentes

graus: displasia leve, moderada e acentuada, além do carcinoma in situ.

O conceito de neoplasia intra-epitelial cervical foi introduzido por

Richart em 1967, para classificar as diferentes etapas do processo displásico,

enfatizando o potencial evolutivo dessas alterações na carcinogênese cervical.

Por deduzir que haveria um único clone de células, a partir do qual

originar-se-ia o câncer cervical, as alterações epiteloriginar-se-iais foram reunidas, sob a

denominação de neoplasia intra-epitelial cervical (NIC).

As neoplasias intra-epiteliais cervicais representam grupo de

modificações epiteliais, algumas com potencial maligno. Os critérios

histológicos essenciais são: atipia nuclear, capacidade de diferenciação

celular, atividade mitótica e caracterizam-se por alterações de maturação e

anomalias nucleares, nos diferentes níveis do epitélio. São divididas em três

graus crescentes de gravidade e extensão. A neoplasia intra-epitelial cervical

de grau I corresponde à displasia leve; a neoplasia intra-epitelial de grau II, à

displasia moderada; e a neoplasia intra-epitelial de grau III, corresponde tanto

à displasia acentuada quanto ao carcinoma in situ (Anderson, 1987).

Visando a compreensão clínica das alterações cito-epiteliais e seu

prognóstico, surge em 1988 o Sistema de Bethesda (STB), uniformizando

referências em laudos citopatológicos como lesões de baixo e de alto grau, dentre

outras. Usando técnicas de biologia molecular e comparando os tipos de HPV, o

Sistema de Bethesda conclui serem o condiloma plano e a NIC I, correspondentes

clínicos, biológicos e moleculares, denominados de lesões de baixo grau. Do

(20)

Introdução 6

Richart, Wright (1993) agrupam as lesões histopatológicas

intra-epiteliais cervicais à semelhança do Sistema Bethesda (STB), em neoplasia

intra-epitelial de baixo grau, correspondendo ao condiloma plano e NIC I.

Neoplasia intra-epitelial de alto grau corresponde às NIC II e NIC III. Essa

classificação visa principalmente, facilitar a conduta terapêutica.

Disaia, Creasman (1997) mostraram que o tempo de transição do

epitélio normal para a neoplasia intra-epitelial de baixo ou alto grau seria de

aproximadamente 1,62 anos.

A lesão intra-epitelial diagnosticada tem evolução incerta: regride,

persiste ou progride. Existe, no entanto, pouca uniformidade no que se refere

às porcentagens de regressão ou de progressão das lesões. O comportamento

da lesão parece estar relacionado ao grau de comprometimento do epitélio:

quanto mais próximo do aspecto normal, maior a probabilidade de regressão.

Por outro lado, quanto maior o comprometimento do epitélio, maior a

possibilidade de progressão.

Estudo prospectivo realizado na Universidade de Kuopia, Finlândia,

demonstrou altas taxas de regressão das neoplasias intra-epiteliais cervicais

conforme o tempo de seguimento. As que progrediam, o faziam de forma

rápida, quase que invariavelmente durante os dois primeiros anos após o

diagnóstico. As taxas de progressão permaneciam praticamente inalteradas,

ao redor de 14% dos casos, após 25 meses de seguimento (Syrjanen, 1997).

Em exaustiva revisão de literatura sobre a história natural das

neoplasias intra-epiteliais cervicais estudadas durante 40 anos, Ostor, em

1993, mencionou incidência média global de progressão de NIC I para

carcinoma in situ em 11% dos casos e da NIC II, em 22%. A progressão para a

doença invasiva ocorreu em 1% das neoplasias intra-epiteliais cervicais grau I,

em 5% das neoplasias intra-epiteliais cervicais grau II e em mais de 12% dos

casos de neoplasias intra-epiteliais cervicais de grau III.

A resposta imunológica do hospedeiro, particularmente a resposta

celular, desempenha importante papel na eliminação de infecções pelo HPV, como

indicado por evidências clínicas e laboratoriais. Há possibilidade de persistência e

(21)

Introdução 7

Os linfócitos T citotóxicos (CTL) e as células natural killer (NK) são

as principais células efetoras no processo de erradicação das células

infectadas por vírus e das células tumorais, além de contribuir na rejeição aos

transplantes e nas doenças auto-imunes (Blink et al., 1999).

Os linfócitos T citotóxicos (CTL) e as células natural killer (NK)

utilizam dois mecanismos contato-dependentes para efetuar a morte celular:

ligação enzimática e exocitose granular.

A ligação enzimática resulta na ligação do Fas (fibroblast associated)

ligante na célula efetora com a molécula Fas, na célula alvo receptora; assim

estimula reações em cascata na célula alvo que levam à sua morte. A

exocitose granular, predominantemente usada pelas células natural killer,

envolve a liberação controlada de grânulos, com conteúdo citolítico na

superfície das células alvo induzindo à citotoxicidade (Blink et al., 1999).

Podack, Dennert (1983) demonstraram a existência de grânulos

densos citoplasmáticos nos linfócitos T e nas células natural killer que, por

algum mecanismo, até então desconhecido, causava lise em hemácias e em

outras células de linhagem hematopoiética. Posteriormente Jenne e Tschopp

(1988) isolaram seis proteínas armazenadas em grânulos intra-citoplasmáticos

pelo método Percoll. A proteína de maior peso molecular foi denominada

perforin (pore forming protein). As demais foram conjuntamente denominadas

granzymes (granule associated enzymes).

A família granzima designa um grupo especial de serino-proteases

que permanecem armazenadas, completamente processadas e na forma

ativada, em grânulos citoplasmáticos dos linfócitos T citolíticos e células

natural killer. Foram identificados oito tipos de granzimas: A, B, C, D, E, F, G e H, as

quais compartilham características estruturais. A granzima B é a granzima mais

abundante no linfócito T, está relacionada à indução da citotoxicidade e aos eventos

proteolíticos no processo de reconhecimento de células-alvo (Heusel et al., 1994;

Blink et al., 1999; Shafer-Weaver et al., 2006).

A ativação dos receptores de linfócitos T determina a liberação da granzima

(22)

Introdução 8

Em presença de cátions, os grânulos são vetorialmente secretados no espaço

intercelular, formado pelo contato entre o efetor e as células alvo, num processo de

conjugação. A perforin induz a formação de poros na membrana celular, por lise

focal da membrana citoplasmática das células-alvo, dando passagem à granzima

para o interior das células alvo. Portanto, a perforin e a granzima B disparam, de

forma sinérgica, o sinal para que haja destruição da célula alvo (Blink et al., 1999;

Dong et al., 2005; Caldas et al., 2006; Loeb et al., 2006).

A ação sinérgica entre a perforin e a granzima B, que culmina em

morte celular, poderia ser o mecanismo a impedir a progressão de uma lesão

pré-maligna para a invasão, por meio do reconhecimento imunocelular.

Bontkes et al. (1997) foram os primeiros a pesquisar a granzima B

no colo uterino e a verificar maior expressão nos casos de lesão invasiva do

que nas lesões pré-malignas.

Kondo (2003) concluiu que a positividade de linfócitos ativados em

fragmentos de tecido do colo uterino obedece a valores crescentes a partir de

tecido sem atipia, em direção à neoplasia intra-epitelial de alto grau e o

carcinoma espinocelular invasivo. Verifica ainda diferença nos índices de

granzima B entre os casos de neoplasia intra-epitelial de alto grau, com menor

imuno-expressão nos casos recidivantes do que naqueles não recidivados.

Desde a primeira descrição por Hans Hinselmann, em 1940, o

padrão de alteração vascular no colo uterino tem sido usado para a localização

de lesões intra-epiteliais de baixo e alto grau à colposcopia.

Angiogênese é a neovascularização ou formação de novos vasos

sanguíneos a partir de microvasculatura pré-existente. É essencial no

desenvolvimento, reprodução e cicatrização dos tecidos. Sabe-se que a

angiogênese ocorre no desenvolvimento embrionário, nos processos

fisiológicos, em situações inflamatórias e também em condições neoplásicas

(Folkman, Shing, 1992).

Tumores sólidos necessitam de angiogênese para progressão e

metastização, transportando células neoplásicas para a circulação geral (Liotta et al.,

(23)

Introdução 9

ativam a neovascularização dos tumores (Folkman, Shing, 1992). Angiogênese

também ocorre nas condições pré-malignas da mama, cólon e cérvice uterina

antes da franca invasão (Sillman et al., 1981; Guidi et al., 1995).

A densidade dos microvasos aumenta progressivamente com o grau da

neoplasia intra-epitelial cervical (Smith-McCune, Weidner, 1994; Guidi et al., 1995).

Desta forma, Stafl, Mattingly (1975) sugerem que a neovascularização seria

observada em todos os estágios de neoplasia intra-epitelial cervical, ocorrendo

pequeno aumento de densidade vascular já detectado na neoplasia

intra-epitelial cervical de grau I (NIC I).

Um dos mais potentes e específicos fatores angiogênicos é o fator

de crescimento endotelial vascular (VEGF) (Abufalia et al., 1999, Clere et al.,

2007). Esse fator foi originalmente detectado em células foliculares do

conduto médio da glândula pituitária dos bovinos. O fator de permeabilidade

vascular (VPF), identificado em tumores ascíticos, foi considerado idêntico ao

VEGF (Senger et al., 1983; Ferrara, Henzel, 1989; Kodama et al., 1998).

O fator de crescimento endotelial vascular é uma glicoproteína dimérica

e estimula a angiogênese pelo aumento da permeabilidade vascular. É

considerado um importante regulador de tumores angiogênicos.

O VEGF age na célula mitogênica endotelial, aumenta a

permeabilidade dos microvasos resultando no extravasamento das proteínas

plasmáticas adjacente ao estroma. Extravasa coágulos de fibrinogênio no

espaço intra-vascular para formar matriz provisória rica em fibrina dentro da

qual células inflamatórias, fibroblastos e células endoteliais migram resultando

em alta vascularização do tecido conjuntivo similar ao tecido de granulação

(Senger et al., 1983; Guidi et al., 1995; Lebrecht et al., 2002).

Detectado em várias linhagens celulares e tecidos tumorais, o fator

de crescimento endotelial vascular é considerado fator seletivo de crescimento

de células endoteliais (Ferrara et al., 1992). Pode ser expresso em quatro

isoformas codificadas pelo mesmo gene. Os efeitos biológicos do VEGF são

mediados por dois receptores tirosina quinase, Flt-1 (VEGFR-1) e KDR

(24)

Introdução 10

O controle da secreção e expressão dos receptores está ligada à

hipóxia tecidual promovendo vasodilatação, aumento da permeabilidade

vascular, proliferação das células endoteliais e ativação das metaloproteínases

que lisam a matriz extracelular, deixando espaço para o crescimento de um

novo vaso.

Consoante Abufalia et al. (1999) a expressão do VEGF estaria

elevada na neoplasia intra-epitelial cervical relacionada à angiogênese. A

expressão do fator de crescimento endotelial vascular seria maior na lesão

epitelial cervical de alto grau comparada à observada na lesão

intra-epitelial cervical de baixo grau e ao epitélio escamoso benigno (Guidi et al.,

1995; Kodama et al., 1999; Branca et al., 2006).

De igual maneira, estudos imuno-histoquímicos demonstraram

progressão da neoplasia intra-epitelial cervical associada ao aumento da

densidade dos microvasos e da expressão do fator de crescimento endotelial

vascular (Dobbs et al., 1997; Obermair et al., 1997; Baritaki et al., 2007).

No carcinoma espinocelular cervical invasor o fator de crescimento

endotelial vascular implica na promoção da angiogênese e na sua rápida

invasão (Kodama et al., 1999; López-Ocejo et al., 2000; Shi et al., 2007).

Concentrações séricas elevadas do fator de crescimento endotelial

vascular estariam relacionadas com pior prognóstico do câncer, como os

relatos para carcinoma ovariano e câncer de pequenas células do pulmão

(Salven et al., 1997; Tempfer et al., 1998; Noriyuki et al., 2007).

Frente à paucidade de estudos específicos sobre possível relação

entre granzima B e o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF) nas

lesões intra-epiteliais escamosas cervicais de grau I, II e III, indaga-se qual

seria a imuno-expressão desses marcadores em pacientes com neoplasia

intra-epitelial cervical de grau I, II e III. Busca-se a confirmação da hipótese de

que a granzima B e o fator de crescimento endotelial vascular possam ser

utilizados como marcadores prognósticos das lesões intra-epiteliais cervicais

(25)
(26)

Proposição 12

Propõe-se no estudo avaliar:

1. a imuno-expressão da granzima B em fragmentos de tecido de

colo uterino normal e com neoplasia intra-epitelial escamosa de

grau I, II e III.

2. a imuno-expressão do fator de crescimento vascular endotelial

em fragmentos de tecido de colo uterino normal e com neoplasia

(27)
(28)

Pacientes e Métodos 14

3.1 Pacientes

Foram selecionadas 196 mulheres, atendidas no ambulatório de

Patologia do Trato Genital Inferior da Disciplina de Ginecologia Geral do

Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo - Escola

Paulista de Medicina/UNIFESP-EPM, no período de 2002-2005.

Todas as pacientes foram previamente esclarecidas quanto aos

objetivos do estudo, assinaram termo de consentimento informado e o projeto

foi apresentado e aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da UNIFESP

– Hospital São Paulo sob o número CEP 0356 / 05 (Anexos 1 e 2).

Como critérios de inclusão observou-se estarem as pacientes no

menacme e serem portadoras de neoplasias intra-epiteliais cervicais de grau I,

II ou III, definidas por exame histopatológico. Todos os cortes histológicos

foram analisados por dois patologistas independentes.

Para o grupo controle utilizou-se fragmentos de tecido do colo

uterino com ausência de neoplasia intra-epitelial cervical definida por exame

histopatológico.

Não foram incluídas pacientes gestantes e ou lactantes, as com

história prévia de tratamento de neoplasia intra-epitelial vaginal ou cervical de

qualquer grau, as com antecedentes de cirurgias ou de cauterizações no colo

do útero e pacientes portadoras de imunossupressão adquirida, infecciosa e

ou iatrogênica.

Consoante o diagnóstico histopatológico o grupo estudo ficou assim

composto NIC I – 54 pacientes, NIC II – 40 pacientes, NIC III - 38 pacientes

totalizando 132 pacientes.

O grupo controle foi composto por 64 mulheres com ausência de

neoplasia intra-epitelial cervical.

Em decorrência aos acidentes de percurso ocorridos nos fragmentos

à histopatologia e imuno-histoquímica, o grupo estudo foi dividido para

(29)

Pacientes e Métodos 15

Do total do grupo estudo, 103 casos foram submetidos à avaliação da

imuno-expressão da granzima B. O grupo controle contribuiu com 39 casos.

Já para o estudo da imuno-expressão do fator de crescimento

endotelial vascular (VEGF) foram utilizados 107 casos do grupo de

neoplasias intra-epiteliais de grau I, II e III e 53 do grupo controle.

Dos 196 casos selecionados, estudou-se de forma simultânea, a

imuno-expressão da granzima B e do fator de crescimento endotelial vascular

em 106 pacientes sendo 23 portadoras de neoplasia intra-epitelial cervical de

grau I, 29 de neoplasia epitelial cervical de grau II e 26 de neoplasia

intra-epitelial cervical de grau III. O grupo controle foi composto por 28 casos com

(30)

Pacientes e Métodos 16

Quadro 1 - Distribuição de 196 casos segundo diagnóstico histopatológico e

avaliação da imuno-expressão da granzima B e do fator de crescimento

endotelial vascular (VEGF).

Granzima B Número de casos

Na 39

NIC I 34

NIC II 36

NIC III 33

Total 142

VEGF Número de casos

Na 53

NIC I 43

NIC II 33

NIC III 31

Total 160

Granzima B e VEGF Número de casos

Na 28

NIC I 23

NIC II 29

NIC III 26

Total 106

Legenda:

(31)

Pacientes e Métodos 17

3.2 Métodos

O estudo prospectivo transversal comportou a utilização dos

seguintes métodos:

Método Clínico

As pacientes submeteram-se à consulta clínica, na qual estava

incluída a anamnese geral e específica para doenças do colo uterino, segundo

protocolo utilizado no setor de Patologia do Trato Genital Inferior da Disciplina

de Ginecologia Geral do Departamento de Ginecologia da UNIFESP-EPM.

Após exame físico geral, ginecológico e especular foi realizada

coleta de esfregaço cérvico-vaginal para exame citopatológico e, a seguir,

colposcopia e biópsia dirigida das áreas anormais.

Todos os dados clínicos e laboratoriais foram registrados em

formulário específico (Anexo 3).

A faixa etária das mulheres variou de 13 a 53 anos com média de

29,38 anos para o grupo neoplasia intra-epitelial cervical de grau I, 33,25 anos

para o grupo de neoplasia intra epitelial de grau II, 34,24 anos para o grupo de

neoplasia intra-epitelial de grau III e 28,9 anos para o grupo controle (Quadro 2).

Método citológico

Os esfregaços cérvico-vaginais foram colhidos utilizando-se espátula

de Ayre e escova endocervical com coleta tríplice em lâmina única, fixação em

álcool absoluto e encaminhados ao Laboratório de Citopatologia do Núcleo de

Prevenção de Doenças Ginecológicas (NUPREV) da Disciplina de Ginecologia

Geral do Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo -

Escola Paulista de Medicina/ UNIFESP- EPM onde foram submetidas à técnica

de coloração modificada de Papanicolaou e submetidas a leitura citológica.

Todos os esfregaços foram analisados por dois observadores independentes

(32)

Pacientes e Métodos 18

Método colposcópico

Todas as pacientes foram submetidas à investigação colposcópica

do colo uterino e de paredes vaginais, seguindo técnica de exame preconizada

pela Associação Brasileira de Genitoscopia, explicitada no Manual de Normas

e Rotinas em Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia (1998).

Os achados colposcópicos foram classificados segundo a

Terminologia Internacional de Aspectos Colposcópicos, estabelecida em

Barcelona, 2002.

Todo e qualquer achado colposcópico anormal foi submetido à

biópsia dirigida utilizando-se pinça de Gaylor-Medina. Os fragmentos foram

fixados em solução de formol tamponado a 10% e encaminhados ao

Departamento de Patologia para exame histopatológico.

Método Histopatológico

Os fragmentos de colo uterino obtidos por biópsias dirigidas na zona

de transformação anormal e na zona de transformação normal para o grupo

controle, foram fixados em solução de formol tamponado a 10% e, então,

desidratados em concentrações crescentes de álcool etílico, diafanizados pelo

xilol e incluídos em parafina por processador automático de tecido, conforme

rotina estabelecida no Departamento de Patologia da UNIFESP-EPM.

O grupo controle foi composto por pacientes atendidas no

ambulatório de Patologia do Trato Genital Inferior da Disciplina de Ginecologia

Geral do Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo

- Escola Paulista de Medicina/UNIFESP-EPM que apresentavam colpocitologia

oncótica normal e fragmentos de tecido de colo uterino biopsiados à

colposcopia com ausência de neoplasia intra-epitelial escamosa cervical.

Os blocos de parafina foram encaminhados para corte com

micrótomo tipo Minot, marca American Optical, modelo 820. Os cortes obtidos

com 4 µm de espessura foram montados em lâminas de vidro e corados pela

hematoxilina-eosina, de acordo com a técnica de Michalany (1981).

(33)

Pacientes e Métodos 19

seguir observados ao microscópio óptico comum, por dois patologistas

independentes do Departamento de Patologia.

As alterações encontradas foram classificadas e laudadas de acordo

com o preconizado por Richart (1967) em neoplasia intra-epitelial cervical de

(34)

Pacientes e Métodos 20

Quadro 2 – Distribuição dos 196 pacientes segundo número de ordem, idade e diagnóstico histopatológico.

CONTROLE NIC I NIC II NIC III

Paciente nº Idade (anos) Paciente nº Idade (anos) Paciente nº Idade (anos) Paciente nº Idade (anos)

1 28 1 50 1 49 1 46

2 19 2 33 2 31 2 47

3 16 3 16 3 37 3 38

4 21 4 14 4 29 4 21

5 36 5 40 5 42 5 28

6 20 6 45 6 47 6 24

7 36 7 18 7 23 7 36

8 30 8 20 8 28 8 24

9 23 9 21 9 28 9 38

10 30 10 21 10 28 10 39

11 50 11 22 11 36 11 28

12 43 12 40 12 17 12 31

13 46 13 20 13 37 13 37

14 18 14 22 14 49 14 24

15 25 15 36 15 28 15 29

16 25 16 16 16 29 16 29

17 30 17 36 17 43 17 31

18 31 18 41 18 31 18 33

19 22 19 24 19 30 19 25

20 44 20 39 20 23 20 50

21 26 21 18 21 36 21 31

22 28 22 21 22 31 22 35

23 21 23 24 23 35 23 37

24 30 24 26 24 30 24 34

25 25 25 52 25 37 25 35

26 27 26 32 26 37 26 26

27 50 27 26 27 30 27 30

28 24 28 33 28 39 28 46

29 25 29 18 29 27 29 31

30 44 30 31 30 43 30 48

31 30 31 37 31 29 31 35

32 27 32 20 32 23 32 37

33 44 33 23 33 27 33 27

34 22 34 26 34 44 34 48

35 39 35 21 35 28 35 45

36 24 36 21 36 35 36 28

37 36 37 28 37 41 37 35

38 30 38 30 38 42 38 35

39 32 39 16 39 29

40 53 40 49 40 22

41 24 41 40

42 24 42 32

43 23 43 43

44 19 44 17

45 30 45 28

46 26 46 21

47 26 47 20

48 20 48 20

49 22 49 37

50 23 50 34

51 27 51 46

52 32 52 30

53 28 53 44

54 36 54 49

55 30

56 44

57 13

58 24

59 17

60 28

61 33

62 27

63 16

64 25

Média (anos) 28,9 29,38 33,25 34,24

Legenda:

(35)

Pacientes e Métodos 21

Método Imuno-histoquímico

As reações imuno-histoquímicas foram efetuadas no Laboratório de

Imuno-histoquímica do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina

da Universidade de São Paulo - USP.

A reação imuno-histoquímica (IHQ) utilizada para a pesquisa dos

antígenos do estudo, em fragmentos do colo uterino, foi realizada pelo método

biotina-estreptavidina peroxidase.

Iniciou-se por preparação dos cortes histológicos de 3 µm de

espessura, a partir de material blocado em parafina, em lâminas previamente

tratadas com APTS (3-Aminopropil-trietoxi-silano-Sigma) e deixados por 24

horas em estufa a 60°C para melhor adesão do tecido à lâmina.

As lâminas foram desparafinizadas com xilol aquecido por 30

minutos e posteriormente resfriadas à temperatura ambiente por 15 minutos.

Foram hidratadas em álcool etílico em concentrações decrescentes de 100, 95,

80 e 70% respectivamente, por 30 segundos cada e lavadas em água corrente.

A recuperação antigênica foi realizada com calor irradiado em forno

de microondas na potência de 700 watts, imergindo as lâminas em tampão de

citrato de sódio 10mM pH 6,0 por 30 minutos, resfriando-as à temperatura

ambiente por 30 minutos.

Em seguida realizou-se bloqueio da peroxidase endógena com três

banhos em peróxido de hidrogênio a 6% diluído a 20 volumes por cinco

minutos. Posteriormente, procedeu-se a nova lavagem em água corrente e

imersão em solução salina tamponada com fosfatos (PBS 10mM pH 7,4).

Após o bloqueio de peroxidase endógena, o anticorpo primário

(Granzyme B, Dakocytomation, Denmark, Cód.: M7235 título 1:20), foi diluído

em BSA e aplicado sobre os cortes e controles, positivo e negativo de tecido, e

as lâminas incubadas durante o período noturno.

Da mesma maneira, após os bloqueios o anticorpo (VEGF A-20, Sta.

Cruz Biotecnology, Inc., Europe, Cód.: sc 152, título 1:800), foi diluído em BSA

e aplicado sobre outros cortes, estudos e controles, positivo e negativo de

(36)

Pacientes e Métodos 22

Todas as lâminas foram lavadas em PBS e incubadas pelo ABCKit

Vectastain (Vector Elite PK-6102, Burlingame, CA), e em seguida foram lavadas

em PBS. Seguiu-se a revelação pelo cromógeno 3,3 Diaminobenzidine (DAB -

Sigma Chemical Co, St Louis, MO, EUA). Foram lavadas abundantemente em

água corrente e contra-coradas com Hematoxilina de Harris (Merck, Darmstadt,

Alemanha) e novamente lavadas em água corrente, desidratadas, diafanizadas e

montadas com resina para microscopia Entellan (Merck, Darmstadt, Alemanha).

3.2.1 Avaliação da imuno-expressão da granzima B

A imuno-expressão da granzima B foi analisada no Departamento

de Patologia da UNIFESP- EPM.

Para leitura utilizou-se microscópio óptico com aumento de 400

vezes da marca Olympus modelo BX 51. As imagens foram capturadas por

sistema computadorizado, que consiste em videocâmera colorida (Samsung

modelo SCS 131), computador Pentium 64 MB de memória RAM e

graficamente analisadas por programa Imagelab 2.3.

Foram analisados 34 fragmentos de colo uterino com neoplasia

intra-epitelial cervical grau I, 36 com neoplasia intra-intra-epitelial cervical grau II, 33 com

neoplasia intra-epitelial grau III e 39 com ausência de neoplasia – grupo controle,

correspondendo à 142 pacientes.

Analisou-se, em cada lâmina, três campos microscópicos

consecutivos de epitélio e três campos consecutivos do estroma adjacente,

padronizados nas áreas de maior concentração de células que apresentavam

positividade para o anticorpo granzima B.

A imuno-expressão da granzima B foi considerada positiva nas células

cuja coloração nuclear apresentou-se acastanhada e, negativa, na sua ausência

ou naquelas fracamente coradas.

A contagem foi realizada manualmente nos campos selecionados e

(37)

Pacientes e Métodos 23

Foram consideradas positivas para a granzima B o total de 1226

células distribuídas no epitélio e estroma, dos grupos NIC I, NIC II, NIC III e

controle.

Na neoplasia intra-epitelial de grau I, foram consideradas positivas para

a granzima B 147 células locadas no epitélio e 95 no estroma. Nos casos de

neoplasia intra-epitelial de grau II, foram observadas 117 células coradas no

epitélio e 176 no estroma e na neoplasia intra-epitelial de grau III, 145 células

positivas para a granzima B no epitélio e 209 positivas no estroma No grupo

controle, foram consideradas positivas 156 células no epitélio e 181 no estroma

(Anexos 4 a,b,c,d).

3.2.2 Avaliação da imuno-expressão do fator de crescimento

endotelial vascular

A imuno-expressão do fator de crescimento vascular endotelial foi

analisada no Departamento de Patologia da UNIFESP- EPM.

Para leitura utilizou-se microscópio óptico com aumento de 200

vezes da marca OLYMPUS modelo BX 51 e dois observadores. Para avaliação

da imuno-expressão do fator de crescimento endotelial vascular observou-se a

intensidade de coloração do epitélio nos diferentes grupos estudados. O

anticorpo anti-VEGF cora o citoplasma e as membranas das células epiteliais.

Foram analisados 43 fragmentos de colo uterino com neoplasia

intra-epitelial cervical grau I, 33 com neoplasia intra-intra-epitelial cervical grau II, 31 com

neoplasia intra-epitelial grau III e 53 com ausência de neoplasia – grupo controle,

correspondendo à 160 pacientes.

A imuno-expressão para o fator de crescimento endotelial foi dividida

em três grupos de acordo com a intensidade da coloração observada no

citoplasma e membranas citoplasmáticas das células epiteliais: ausente ou

(38)

Pacientes e Métodos 24

3.3 Método estatístico

Para avaliar possíveis diferenças para a variável granzima B entre os

grupos NIC I, NIC II, NIC III e grupo controle tanto no epitélio quanto no estroma

e epitélio - estroma foi utilizado o teste não paramétrico para “k” amostras

independentes de Kruskal-Wallis complementado, quando necessário, pelo teste

de comparações múltiplas (Siegel, 1975).

Para o cálculo das possíveis diferenças entre as porcentagens do

fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), segundo o grau de

intensidade de coloração previamente definido, entre os grupos NIC I, NIC II,

NIC III e Controle foi utilizado o teste do Qui-Quadrado (x2) para as tabelas de contingência, obedecendo-se as restrições de Cochran (Siegel, 1975).

Em todos os casos o nível de rejeição para a hipótese de nulidade

foi fixado sempre em valor menor ou igual a 0,05 (0,5%).

Quando a estatística calculada apresentou significância foi

caracterizada com um asterisco (*), caso contrário, isto é, não significante,

utilizou-se “NS”.

Usando-se o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis pressupõe-se

que a contagem de células não é uma variável que se distribui segundo a

curva de Gauss, portanto, não foi calculado o desvio padrão e, por esse

mesmo motivo, não foi utilizado o teste ANOVA (Horlander, 1973).

(39)
(40)

Resultados 26

A imuno-expressão da granzima B, foi estudada no epitélio, no estroma

e no conjunto epitélio - estroma de 142 fragmentos de colo uterino sendo 34 de

neoplasia intra-epitelial cervical de grau I, 36 de neoplasia intra-epitelial cervical

de grau II, 33 de neoplasia intra-epitelial cervical de grau III, e 39 com ausência de

neoplasia intra-epitelial cervical, ou seja, fragmentos de colo uterino sem atipias –

grupo controle.

A análise das lâminas submetidas à reação imuno-histoquímica,

para a granzima B, mostrou positividade de linfócitos ativados no epitélio e

estroma em 29 casos do total de 39 analisados no grupo controle. Na

neoplasia intra-epitelial de grau I observou-se positividade de linfócitos em 28

de 34 casos, na neoplasia intra-epitelial de grau II em 34 casos do total de 36 e

na neoplasia intra-epitelial de grau III não foi observada a positividade de

linfócitos ativados em apenas um caso de um total de 33 (Tabela 1).

Foram consideradas positivas para granzima B 1226 células no total

estudadas, distribuídas no epitélio e estroma do grupo controle, NIC I, NIC II e

NIC III, sendo 565 células positivas no epitélio e 661 positivas no estroma

(Anexos 4a,b,c,d).

No grupo controle, foram consideradas positivas para a granzima B 156

células no epitélio e 181 no estroma. Nos casos de neoplasia intra-epitelial de

grau I, 147 células marcadas no epitélio e 95 no estroma, na neoplasia

intra-epitelial de grau II, 117 no epitélio e 176 no estroma. Na neoplasia intra-intra-epitelial

de grau III, foram encontradas 145 células positivas no epitélio e 209 positivas no

estroma (Anexos 4a,b,c,d).

De acordo com a somatória total da positividade dos linfócitos ativados

no epitélio, estroma e epitélio - estroma realizou-se a média dos linfócitos ativados

nos grupos Controle, NIC I, NIC II e NIC III dividindo o número total de linfócitos

ativados, no epitélio, estroma e epitélio - estroma pelo número de casos nos

(41)

Resultados 27

Tabela 1 – Distribuição de 142 casos de fragmentos de colo uterino segundo a

positividade da imuno-expressão da granzima B, as diferentes lesões pré

neoplásicas e grupo controle.

GB + GB - Total

n % n % n %

CONTROLE 29 20,4 10 7,1 39 27,5

NIC I 28 19,0 06 4,9 34 23,9

NIC II 34 24,0 02 1,4 36 25,4

NIC III 32 22,5 01 0,7 33 23,2

TOTAL 122 85,9 20 14,1 142 100

Tabela 2 – Demonstrativo de 142 casos estudados segundo subgrupo, número de

casos parciais, médias e teste estatístico de Kruskal-Wallis

Granzima B - Grupos: Controle x NIC I x NIC II x NIC III Postos

Grupos

N Média de Postos

Epitélio Controle 39 64,12

NIC I 34 74,91 NIC II 36 68,15

NICIII 33 80,36 Total 142

Estroma Controle 39 67,63

NIC I 34 55,63 NIC II 36 76,08

NICIII 33 87,42 Total 142

Epitélio+Estroma Controle 39 66,60

NIC I 34 63,34 NIC II 36 72,15

NICIII 33 84,98

Total 142

Teste de Kruskal-Wallis

Testes Estatísticos a, b

Epitélio Estroma Epitélio + Estroma

Qui-quadrado 3,321 11,023 5,477

Df 3 3 3

p= ,345 ,012 ,140

a. Teste de Kruskal Wallis b. Grupos Variáveis

(42)

Resultados 28

Tabela 3 – Demonstrativo das diferentes médias e totais de linfócitos ativados

segundo local de contagem, total dos casos estudados e avaliação estatística

Descritiva Grupos

Epitélio Estroma Epitélio + Estroma

N 39 39 39

Controle

Média 4,0 4,6 8,6

N 34 34 34

NIC I

Média 4,3 2,8 7,1

N 36 36 36

NIC II

Média 3,3 4,9 8,2

N 33 33 33

NIC III

Média 4,4 6,3 10,7

Comparações (Estroma) NIC I < NIC III

GRANZIMA B - CONTROLE X NIC I X NIC II X NIC III

x2 calc = 11,023*

VALORES CRÍTICOS: 7.815 (alfa = 5%) e 11345 (alfa = 1%) ; G.L. = 3

*** TESTE DE COMPARAÇÕES MULTIPLAS ***

PARES VADMP DMS

(D1,D2) 12.00 25.46 (D1,D3) 8.45 25.08 (D1,D4) 19.79 25.67 (D2,D3) 20.45 25.95

(D2,D4) 31.79 26.52 (D3,D4) 11.34 26.16

Legenda

VAMPD -> VALOR ABSOLUTO DA DIFERENÇA ENTRE AS MÉDIAS DOS POSTOS. DMS -> DIFEREÇA MÍNIMA SIGNIFICANTE.

D1 -> CONTROLE D2 -> NIC I

(43)

Resultados 29

Quando comparamos os grupos, em relação a granzima B, verificamos

que o teste de Kruskal-Wallis não mostrou diferença significante entre os grupos

(epitélio e epitélio - estroma) verificando-se os valores do x2 3,321 NS (p = 0,345) para o epitélio e x2 5,477 NS (p = 0,140) para o epitélio e estroma.

Por outro lado, considerando a contagem realizada no estroma, o

teste de Kruskal-Wallis mostrou diferença estatisticamente significante entre os

grupos sendo x2 11,023 (p 0,012). O teste de comparações múltiplas revelou haver diferença estatística significante entre os valores do grupo NIC I em

relação ao grupo NIC III, com valor absoluto de diferença calculada 31,79 para

valor crítico (26,52) enquanto que as comparações entre NIC I e NIC II o valor

da estatística calculada (20.45) ficou próximo do valor crítico (25,95), o que

sugere possível diferença de NIC I para NIC II, mostrada pelas médias 2,8 para

NIC I e 4,9 para NIC II.

Para a variável fator de crescimento endotelial vascular, foi estudada

a imuno-expressão em 160 fragmentos de colo uterino sendo, 43 de neoplasia

intra-epitelial cervical de grau I, 33 de neoplasia intra-epitelial cervical de grau II,

31 de neoplasia intra-epitelial cervical de grau III, e 53 com ausência de

neoplasia intra-epitelial cervical, ou seja, fragmentos de colo uterino sem atipias

– grupo controle (Tabela 4).

Na comparação entre os grupos, previamente definidos e a intensidade

da coloração - ausente ou grau leve, moderado ou intenso na tabela de contigência

observamos diferença estatisticamente significante entre os grupos e a intensidade

da coloração x2 calc = 44,154 (p = 0,000).

Na neoplasia intra-epitelial cervical de grau I, foram observados 14

(32,6%) fragmentos de colo uterino com ausência ou leve expressão para o

VEGF, 28 (65,1%) com moderada expressão e 01 (2,3%) fragmento de colo

uterino com intensa expressão para o VGEF.

Na neoplasia intra-epitelial cervical de grau II, foram observados 14

(42,4%) fragmentos de colo uterino com ausência ou leve expressão para o

VEGF, 11 (33,3%) com moderada expressão e 08 (24,3%) fragmento de colo

(44)

Resultados 30

Na neoplasia intra-epitelial cervical de grau III, encontrou-se 03

(9,6%) fragmentos de colo uterino com ausência ou leve expressão para o

VEGF, 14 (45,2% dos casos) com moderada expressão e outros 14 (45,2%)

fragmento de colo uterino com intensa expressão para o VEGF.

No grupo controle, ou seja, epitélio escamoso estratificado sem atipias,

foram observados 31 (58,5%) fragmentos de colo uterino com ausência ou leve

expressão para o VEGF, 19 (35,8%) com moderada expressão e três (5,7%)

fragmento de colo uterino com intensa expressão para o VEGF (Tabela 4).

Predominaram os casos com ausência ou leve expressão para o VEGF.

Tabela 4 – Demonstrativo dos 160 casos avaliados para VEGF seguindo

subgrupos, número de casos, grau de expressão e avaliação estatística por

cáculo de contigência

VGEF VGEF – Grupos x Grau

Ausente/Leve Moderado Intenso Total

Grupos Controle N 31 19 3 53

% 58,5 35,8 5,7 100,0

NIC I N 14 28 1 43

% 32,6 65,1 2,3 100,0

NIC II N 14 11 8 33

% 42,4 33,3 24,3 100,0

NIC III N 3 14 14 31

% 9,6 45,2 45,2 100,0

Total N 62 72 26 160

% 38,8 45,0 16,2 100,0

Qui-quadrado

Valor (Grau de liberdade) P

Qui-Quadrado x 2 =44,154ª 6 ,000

(45)
(46)

Discussão 32

O carcinoma de células escamosas do colo uterino cumpre o modelo

de clássica doença multi-estagiária iniciando pelo desenvolvimento de lesão

precursora, progressão morfológica desta lesão durante o decorrer do tempo e

em alguns casos, o desenvolvimento de carcinoma invasor (Hildesheim et al.,

1994; Pinto, Crum, 2000).

Como agente etiológico, a infecção pelo papilomavírus humano

(HPV) tem forte associação com carcinoma cervical e suas lesões precursoras,

as lesões intra-epiteliais escamosas de baixo e alto grau (Liaw et al., 1999).

Uma vez que a neoplasia cervical uterina é considerada doença HPV

associada e de curso clínico dependente da resposta imunológica do

organismo hospedeiro, aprofundam-se cada vez mais as pesquisas no tocante

aos aspectos biomoleculares e imunogenéticos.

No epitélio do trato genital inferior, junto à membrana basal e nas

camadas epiteliais a ela mais próxima, é possível encontrar macrófagos,

linfócitos, plasmócitos, células de Langerhans, eosinófilos e mastócitos. As

células de Langerhans e os macrófagos precedem o aparecimento de

linfócitos, principais elementos de defesa (Le Bouteiller et al., 2003).

Esse fato desencadeia mecanismos de ativação de células de

defesa, as células natural killer, os linfócitos T e os linfócitos T auxiliares, Th1 e

Th2. A células natural killer favorecem a destruição de células infectadas pelo

agente estranho. Na falha da imunidade celular e com persistência da

exposição ao antígeno, ocorre predomínio de resposta humoral e produção de

anticorpos de tipo IgE pelos mastócitos.

A detecção da infecção viral é proveniente do surgimento de

antígenos produzidos pela expressão de proteínas virais e gera um estímulo às

respostas imunológicas. Ao redor da área acometida há infiltração celular

mononuclear composta por linfócitos T, natural killer e macrófagos. Esta

resposta ativa é independente da presença de certos estímulos inflamatórios,

ocorrendo logo após a observação da infecção. À medida que as modificações

celulares implicam em alterações teciduais pré-malignas, ocorre a ativação da

(47)

Discussão 33

A função dos linfócitos T está estabelecida na infecção pelo HPV,

porém pouco está elucidado acerca do processo imunológico vigente na lesão

pré-maligna, as neoplasias intra-epiteliais cervicais de alto grau.

As células T são as principais efetoras da imunidade protetora

anti-tumoral, causam lise e destruição de células alogênicas, morte de células

infectadas e tumorais. O linfócito T não reconhece o antígeno livre. As células

tumorais exibem seus próprios antígenos para as células T, que passam a

reconhecer peptídeos derivados de proteínas mutantes ou anormalmente

presentes nas células transformadas malignamente (Trapani, 1996).

A granzima B é uma serino protease que permanece armazenada,

completamente processada e na forma ativada em grânulos citoplasmáticos

dos linfócitos T citolíticos e células natural killer. É a mais abundante no

linfócito T e relaciona-se especificamente com a indução da citotoxidade. A sua

função fisiológica foi demonstrada por Heusel et al.,1994, estando relacionada

aos eventos proteolíticos, no processo de reconhecimentos de células alvos

(Blink et al., 1999).

Recentemente a função das granzimas na morte das células alvo

tem sido extensivamente estudada. Estudos em ratos mostraram que a

granzima B desempenha um papel crucial nos linfócitos T citotóxicos (CTL) e

células natural killer provocando apoptose das células alvo (Bontkes et al.,

1997; Loeb et al., 2006).

Ko et al. (2007), verificaram que a granzima B induz morte celular na

neoplasia de células T maduras e natural killer (linfoma não Hodgkin) e está

relacionada com necrose extensiva observada neste tipo de tumor.

Neste estudo, pesquisou-se a imuno-expressão quantitativa

linfocitária da granzima B e as variações desta serino protease, nas lesões

precursoras do câncer do colo uterino, de acordo com a sua gravidade.

A imuno-expressão foi avaliada no epitélio, estroma e epitélio –

estroma. Observou-se crescente positividade para a granzima B no estroma,

conforme a gravidade da neoplasia intra-epitelial cervical. A média encontrada por

campo, no grupo estatisticamente significante, o estroma, foi de 2,8 na neoplasia

intra-epitelial cervical de grau I, 4,9 na intra-epitelial cervical de grau II e 6,3 na

(48)

Discussão 34

No estroma, a imuno-expressão para a granzima B na neoplasia

epitelial cervical de grau I mostrou-se menor do que na neoplasia

intra-epitelial cervical de grau III. A ativação dos receptores dos linfócitos T e células

natural killer determina a liberação da granzima B, dos grânulos

intra-citoplasmáticos, por exocitose promovendo apoptose das células alvos e

erradicação das células tumorais. Quanto maior a imuno-expressão de

granzima B encontrada, pressupõe-se melhor prognóstico da lesão

intra-epitelial cervical pois maior é o número de células ativadas e melhor resposta

do organismo no combate à progressão da lesão precursora para carcinoma

espinocelular invasor.

A alta imuno-expressão da granzima B ocorreu no estroma das

neoplasias intra-epiteliais de grau II e III. Depreende-se assim, ser a alta

positividade dessa granzima, fator indicativo de maior comprometimento

epitelial cervical. Esse fato seria de extrema importância no estudo das

neoplasias intra-epiteliais cervicais indicando provável lesão intra-epitelial

cervical de grau II ou III.

Comparando as neoplasias intra-epiteliais cervicais de grau II e III

observou-se aumento da positividade da granzima B no estroma na neoplasia

intra-epitelial de grau III. Este resultado pode ser explicado pela maior

gravidade da neoplasia intra-epitelial de grau III e a granzima B desempenhar

papel crucial nas células T citotóxicas (CTL) e natural killer provocando

apoptose das células alvo e erradicação das células tumorais.

De forma semelhante, o grupo epitélio – estroma apresentou

aumento progressivo da imuno-expressão para a granzima B nas neoplasias

intra-epiteliais de grau I, II e III embora sem significância estatística.

Quanto às avaliações feitas no grupo epitélio, a neoplasia

intra-epitelial de grau I apresentou imuno-expressão média de granzima B

semelhante à neoplasia intra-epitelial de grau III. Isso levanta a hipótese de

tentativa de erradicação da células tumorais na lesão intra-epitelial de baixo

(49)

Discussão 35

Kondo (2003) em um estudo concordante com este, concluiu que a

positividade dos linfócitos ativados em fragmentos de tecido do colo uterino

obedece a valores crescentes a partir de tecidos sem atipias, em direção à

neoplasia intra-epitelial cervical de alto grau. Encontrou também granzima B

em todos os casos de neoplasia intra-epitelial cervical, com distribuição

preponderante no estroma. O número de células positivas pela granzima B foi

significantemente alta no grupo que não apresentou recorrência da neoplasia

intra-epitelial cervical em comparação com o grupo que apresentou

recorrência. Com esses dados é possível sugerir a hipótese de quanto maior o

número de células ativadas pela granzima B, melhor prognóstico da lesão

intra-epitelial cervical, com menor progressão para carcinoma invasor e menor

recidiva após tratamento específico.

No grupo controle a imuno-expressão estromal de granzima B

assemelhou-se aquela dos casos de neoplasia intra-epitelial de grau II,

reafirmando ser esse fato resultante de resposta a processos inflamatórios de

qualquer natureza etiológica: viral, bacteriana, fúngica ou por protozoários. O

epitélio e epitélio – estroma também apresentaram imuno-expressão para a

granzima B no grupo controle, apesar de não serem estatisticamente significante.

Tumores sólidos requerem angiogênese para progressão e

metástase. A formação de novos capilares é essencial para o crescimento dos

tumores maiores que 1-2 mm2 e contribui para o processo metastático pelo transporte de células cancerígenas na circulação. A quantidade de vasos é

sabido ser o reflexo da atividade angiogênica e o aumento da densidade

vascular mostrou relação com alta incidência de metástase e pior prognóstico

nos diferentes tumores (Tjalma et al., 2000).

Considerando-se a existência de diferentes graus de processo

inflamatório estromal, a densidade vascular parece ser importante fator a ser

analisado. Nos processos reparativos teciduais a angiogênese é essencial para

favorecer a chegada dos elementos de defesa e restauração. Da mesma forma

a formação de novos vasos é fator importante no crescimento e propagação

(50)

Discussão 36

A angiogênese constitui formação de novos capilares a partir de

vasos pré-existentes, graças ao crescimento, desenvolvimento e migração das

células do endotélio vascular. É essencial também na reprodução,

desenvolvimento e reparos de feridas. O processo é regulado por fatores

endoteliais estimuladores e inibidores. Agentes pró-angiogênicos, como o fator

de crescimento vascular endotelial (VEGF) e o naltrexone, têm se mostrado

indutores efetivos do crescimento de novos vasos. Já o fator de crescimento

opióide endógeno (OGF,[Met(5)]-encefalina) e o ácido retinóico são inibidores

da angiogênese (Blebea et al., 2002). O fator de crescimento endotelial

vascular (VEGF) é considerado o mais importante regulador da angiogênese,

bem como um mediador da permeabilidade vascular (Guidi et al., 1995; Clere

et al., 2007). Aumenta a permeabilidade dos microvasos resultando no

extravasamento das proteínas plasmáticas adjacente ao estroma. Extravasa

coágulos de fibrinogênio no espaço intra-vascular para formar matriz provisória

rica em fibrina dentro do qual células inflamatórias, fibroblastos e células

endoteliais migram resultando em alta vascularização do tecido conjuntivo

similar ao tecido de granulação (Senger et al., 1983; Guidi et al., 1995).

Evidências substânciais implicam o VEGF com sindromes de

neovascularização intra-ocular e com o desenvolvimento de vários tumores,

incluindo tumores de mama, cérebro, pulmão e do trato gastro-intestinal

(Salven et al., 1997). O alto nível de expressão do VEGF nos tumores cervicais

é particularmente interessante pois a proliferação vascular é característica

destes tumores (Tjalma et al., 2000) e a alta densidade dos microvasos é

indicador de pior prognóstico para o câncer cervical (Obermair et al., 1997). O

proceso de angiogênese tem sido avaliado em tumores pela medida da

densidade dos microvasos, da análise imuno-histoquímica da expressão do

VEGF e da mensuração de seus níveis circulantes, sendo importante indicador

de sobrevida e da resposta terapêutica (Greb et al., 1999; Smith et al., 1999;

Adams et al., 2000; Seki et al., 2000; Fujisawa et al., 2001; Miralem et al.,

2001; Benoy et al., 2002; Toi et al., 2002).

Neste estudo, pesquisou-se a expressão imuno-histoquímica do

VEGF nas neoplasias intra-epiteliais de baixo e alto grau e sua relação com a

Referências

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