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Trajetória de desenvolvimento tecnológico na indústria de transmissão de energia elétrica: a experiência das Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. - ELETRONORTE

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CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA

CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL

TRAJETÓRIA DE DESENVOLVIMENTO

TECNOLÓGICO NA INDÚSTRIA DE

TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA:

a experiência das Centrais Elétricas do Norte

do Brasil S.A. - ELETRONORTE.

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

(2)

CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO

E

TÍTULO

TRAJETÓRIA DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO NA INDÚSTRIA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA: a experiência das Centrais Elétricas do Norte do

Brasil S.A. - ELETRONORTE.

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR: ANNA CAROLINA LEMOS ROSAL

APROVADO EM

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/ -10

/02 00Lj.

PELA COMISSÃO EXAMINADORA

~~

l

~ ~ .~

PAULO CÉSAR NEGREIROS DE FIGUEIREDO

PH .D EM GESTÃO DA TECNOLOGIA E DA INOVAÇÃO

EDUARDO MARQUES

DOUTOR EM ECONOMIA INDUSTRIAL E DA TECNOLOGIA

~c

L~

CLÁUDIA INÊS CHAMAS

(3)

Esta dissertação é dedicada, primeiramente, a Deus, que sempre se manifestou

presente em minha vida e me deu força e alegria para superar os obstáculos que se impuseram.

De forma especial, dedico e agradeço:

Aos meus pais, pelo exemplo de vida, de amor e dedicação aos seus filhos.

Aos meus irmãos, Eunice e João Maurício, e à minha amiga-irmã Maria Cristina, pelo apoio incondicional.

Aos meus sobrinhos, em especial ao meu afilhado João Marco, que me nutrem de alegria. Que este trabalho sirva para eles como exemplo no sentido de que façam a escolha de estudar sempre, para que possam entender melhor o mundo, as coisas e a eles próprios.

Ao professor Paulo Negreiros Figueiredo, pelo apoio e dedicação contínuos na condição de orientador desta dissertação.

(4)

Esta dissertação estuda as implicações dos processos de aprendizagem para acumulação de competências tecnológicas no nível de firmas. Este relacionamento foi examinado nas Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. - Eletronorte, ao longo dos anos de 1990 a 2003. A empresa tem sua sede administrativa em Brasília e a sua área de atuação é caracterizada pela Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins). A Eletronorte é uma empresa concessionária de geração e transmissão de energia elétrica, contudo, o presente trabalho enfocou apenas as atividades de transmissão, quer dizer, a geração está fora do escopo do estudo. A acumulação de competências tecnológicas para adaptar, modificar ou criar novas tecnologias é essencial para a sobrevivência e o desempenho competitivo das empresas. Para descrever o modo e a velocidade de acumulação de competências tecnológicas na Eletronorte, foram utilizadas estruturas analíticas existentes na literatura. Entretanto, tais estruturas foram adaptadas especificamente para a indústria de transmissão de energia elétrica. A acumulação de competências foi estudada para três funções tecnológicas: "engenharia, projetos e equipamento"; "operação e manutenção"; "processos operacionais". Os processos de aprendizagem foram examinados à luz de quatro características-chave: variedade, intensidade, funcionamento e interação. Durante o período de 1990 e 2003, a empresa construiu e acumulou diferentes níveis de competências tecnológicas nas funções estudadas. Com base nas evidências empíricas, verificou-se que a partir de 1995, quando a empresa passou a coordenar sistematicamente esforços para adquirir e converter conhecimentos do nível individual para o nível organizacional, a construção de capacitação tecnológica foi acelerada. Contudo, a partir do ano de 2000, em que foram diminuídos investimentos no setor elétrico brasileiro, o processo de capacitação tecnológica permaneceu estagnado. Assim, aliando-se a estudos anteriores realizados para outros tipos de indústria, a conclusão deste estudo sugere que o modo e a velocidade com que a firma acumulou capacitação tecnológica podem ser explicados pelos processos de aprendizagem (aquisição interna e externa, socialização e codificação do conhecimento) e pelas características-chave de como esses foram utilizados ao longo do tempo (variedade, intensidade, funcionamento e interação).

(5)

This dissertation is concerned with the implications of the learning processes for the technological capability accumulation at the firm leveI. This relationship was examined in a Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. - Eletronorte. The office of this firm is located in Brasilía -DF, but its actuation an area is the region called Amazônica Legal. This firm works with generation and transitions of electric energy, but the generation is out of the scoop of this work. The accumulation of technological capabilities is crucial for the survival and the competitive performance of the firmo An analytical frame work in the literature was used to describe the path (way and speed) of technological capability accumulation in the Eletronorte. However, the framework was adapted specifically for the transitions of energy industry. The path of technological capability accumulation in the firm is analyzed for three different technological functions: "engineering, projects and equipments"; "operation and maintenance" and "operate processes". The mechanisms were examined in the light of four key features: variety, intensity, functioning and interaction. During the years between, 1990 and 2003, the firm accumulated different leveIs of technological capability in the different technological functions studied. Based in the empirical evidences was verify that, only in 1995, when the firm started to coordinate systematically the efforts to acquire and convert the knowledge from the individual to the organizational leveI, that the accumulation of technological capability was accelerated. However, from the year of 2000, when degreased the investments in the energy electric the process of technologic capability stayed stilI. Similarly to previous studies that investigated other types of firms, the conc1usion of this study suggests that the way and rate by which the firm accumulates technological capability can be explained by the learning process (Knowledge acquisition internaI and externaI, socialization and codification) and its key features over the time (variation, intensity, function and interaction).

(6)

Tabela 3.1 Competências tecnológicas em empresa transmissora de energIa elétrica

Tabela 3.2 Processos de aprendizagem em empresas em industrialização: modelo ilustrativo

22-24

26

Tabela 5.1 Fonte de dados para coleta de evidências na empresa 38 Tabela 5.2 Relação dos participantes das entrevistas 39 Tabela 5.3 Empreendimentos e projetos incluídos no estudo de caso da 40

Eletronorte Tabela 5.4 Tabela 5.5 Tabela 5.6 Tabela 7.1 Tabela 7.2 Tabela 7.3 Tabela 7.4 Tabela 8.1 Tabela 8.2 Tabela 8.3 Tabela 8.4 Tabela 8.5

Critério para avaliação da variedade de processos de aprendizagem Critérios para avaliação da intensidade dos processos de aprendizagem

Critérios para avaliação da interação dos processos de aprendizagem Processo de aquisição externa de conhecimento (1990-2003)

Processo de aquisição interna de conhecimento (1990-2003) Processo de codificação de conhecimento (1990-2003) Processo de socialização de conhecimento (1990-2003)

Velocidade de acumulação de competências tecnológicas nas Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A - Eletronorte (1990-2003) Principais processos de aprendizagem utilizados pela empresa Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A - Eletronorte (1990-2003) Características-chave dos processos de aprendizagem - variedade Características-chave dos processos de aprendizagem - intensidade Características-chave dos processos de aprendizagem funcionamento

Tabela 8.6 Características-chave dos processos de aprendizagem - interação

(7)

Figura 3.1 Figura 4.1 Figura 6.1

Figura 6.2 Figura 6.3 Figura 7.1 Figura 8.1

Figura 8.2 Figura 8.3 Figura 8.4

Estrutura analítica da dissertação 27 Mapa das concessionárias de distribuição de energia (região Norte) 33 Organograma da Superintendência da Expansão da Transmissão, a partir 46 de 1993

Organograma da Superintendência da Expansão da Transmissão, até 1993 47 Mapa dos Sistemas de Transmissão da Eletronorte 57 Estrutura organizacional da Universidade Corporativa da Eletronorte 108 Acumulação de competências tecnológicas em "engenharia,projetos e 125 equipamentos"

(8)

LISTA DE TABELAS 6

LIST A DE FIGURAS 7

INTRODUÇÃO 10

l.1 Questões 12

l.2 Método 13

l.3 Estrutura 13

2 ANTECEDENTES, RELEVÂNCIA E LOCALIZAÇÃO DO TEMA NA 15

LITERATURA

2.1 Estudos empíricos sobre Acumulação de Competências Tecnológicas e 15 Processos de Aprendizagem

3 ESTRUTURAS CONCEITUAIS E ANALÍTICAS 19

3.1 Competências Tecnológicas 19

3.2 Aprendizagem Tecnológica 24

3.3 Modelo Analítico 26

4 CENTRAIS ELÉTRICAS DO NORTE DO BRASIL S.A. E A INDÚSTRIA DE 28 ENERGIA ELÉTRICA - MERCADO DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA

4.1 O Setor Elétrico Brasileiro: breve histórico até 2003 28 4.2 As Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. - Eletronorte 32

4.3 A Atuação da Eletronorte na Região Amazônica 34

5 DESENHO E MÉTODOS DA DISSERTAÇÃO 36

5.1 Elementos do Desenho da Dissertação 36

5.2 Estrutura Descritiva para Competências Tecnológicas 37

5.3 Tipos e Fontes de Dados 37

5.4 Procedimentos de Análise das Evidências Empíricas 41

6 TRAJETÓRIA DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DAS 44

CENTRAIS ELÉTRICAS DO NORTE DO BRASIL S.A.

6.1 Acumulação de Competências Tecnológicas em Engenharia, Projetos e 44 Equipamentos: 1990 a 2003

6.2 Acumulação de Competências Tecnológicas em Operação e 60 Manutenção: 1990 a 2003

6.3 Acumulação de Competências Tecnológicas em Processos Operacionais: 67 1990 a 2003

6.4 Sumário sobre a Acumulação de Competências Tecnológicas nas 72 Centrais Elétricas do Brasil S.A. - 1990 a 2003

7 OS PROCESSOS DE APRENDIZAGEM NAS CENTRAIS ELÉTRICAS DO 76 NORTE DO BRASIL S.A.

7.1 Processo de Aquisição de Conhecimento 76

7.2 Processo de Conversão do Conhecimento 110

7.3 Sumário dos Processos de Aprendizagem Utilizados nas Centrais 120 Elétricas do Norte do Brasil S.A.

8 ANÁLISE E DISCUSSÕES 122

8.1 Trajetória de Acumulação de Competências Tecnológicas 122 8.2 Processos de Aprendizagem nas Centrais Elétricas do Norte do Brasil 133

S.A. 8.3

8.4

Características-Chave dos Processos de Aprendizagem

Implicações dos Processos de Aprendizagem na Acumulação de

(9)

Competências Tecnológicas

9 CONCLUSÕES 151

9.1 Questões da Dissertação 151

9.2 Trajetória de Acumulação de Competências Tecnológicas 151 9.3 Implicação dos Processos Subjacentes de Aprendizagem para a 153

Construção da Capacitação Tecnológica na Eletronorte

9.4 Outros Fatores que Contribuíram para a Acumulação de Competências 156 Tecnológicas

9.5 Contribuições e Implicações para a Gestão de Empresas de Transmissão 157 de Energia

9.6 Sugestões para Estudos Futuros 159

REFERÊNCIAS 160

APÊNDICE A 164

(10)

1 INTRODUÇÃO

o

foco desta dissertação é o estudo da trajetória de acumulação de competências tecnológicas das Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. na prestação de serviços da transmissão de energia elétrica ao longo do período de 1990 a 2003. Esta pesquisa verifica a existência do relacionamento entre acumulação de competências e os processos subjacentes de aprendizagem.

A Eletronorte é participante da indústria de energia elétrica do Brasil, e a sua escolha para o presente estudo se deu devido a sua importância para o desenvolvimento de uma nação, tanto no campo social quanto no campo industrial, visto que evitar a existência de oferta de energia escassa, cara ou inadequada ou de um consumo perdulário é fundamental para o desenvolvimento social. A opção do período abordado fundamenta-se na reestruturação que vem ocorrendo no setor de energia elétrica a partir de 1990.

Desde do início dos anos de 1990, essa indústria passou por algumas medidas de desregulamentação, como também foi dado início ao processo de privatização, implicando maior competitividade entre as empresas participantes. No ano de 2001, e em parte de 2002, a sociedade brasileira foi submetida a uma crise de falta de energia. Dentro desse contexto, e levando em conta que o ritmo da acumulação de competência tecnológica e as características básicas dos processos de aprendizagem são decisivos para acelerar ou retardar a performance operacional (Figueiredo, 2003), o tema abordado é extremamente relevante. No entanto, não existem pesquisas anteriores que examinem o setor elétrico brasileiro dentro dessa perspectiva.

No contexto de empresas em industrialização, a partir da década de 1990 foram desenvolvidos estudos, como os de Kim (1995, 1997), Ariffin e Bell (1999), Dutrénit (2000), Figueiredo (2001), Tacla (2002) e Ariffin e Figueiredo (2003), que enfocaram de forma ampla os processos de aprendizagem e suas influências sobre as trajetórias de acumulação de competências tecnológicas no nível das firmas. Contudo, esses estudos foram realizados em outras indústrias, que não a de energia elétrica.

(11)

nas Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. Entretanto, os autores não abordaram os temas

capacitação tecnológica e aprendizagem organizacional.

Kim (1995, 1997) desenvolveu estudos de caso retratando experiências na indústria

automobilística e eletrônica da Coréia do Sul, Ariffin e Bell (1999) analisaram o papel do relacionamento e dos vínculos entre empresas transnacionais e suas subsidiárias estabelecidas

na indústria eletrônica da Malásia, para a construção e acumulação de tecnologias inovadoras das subsidiárias.

Dutrénit (2000) reconstruiu a trajetória de acumulação de competências tecnológicas

em uma indústria de vidro do México; Figueiredo (2001) realizou estudo de caso comparativo em duas empresas de aço do Brasil; Tacla (2002) efetuou sua pesquisa a partir de uma

empresa fornecedora de equipamentos e sistemas (bens de capital) para a produção de celulose; Ariffin e Figueiredo (2003) abordaram a questão da internacionalização de competências tecnológicas na indústria eletrônica brasileira.

No presente estudo, o tema será examinado a partir de estudo de caso envolvendo as Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. Será verificada à influência dos processos de aprendizagem intra-organizacionais sobre a formação e acumulação de competências tecnológicas da empresa, observando-se, secundariamente e de forma mais superficial, a

importância dos vínculos mantidos entre a Eletronorte e seus principais fornecedores de equipamentos.

Para decomposição das informações quanto aos processos de aprendizagem e competências tecnológicas serão util izadas estruturas analíticas existentes na literatura. A trajetória de acumulação de competência tecnológica da empresa será examinada à luz da estrutura proposta por Figueiredo (2001), adaptada de Lall (1992) e Bell e Pavitt (1995).

Os processos intra-organizacionais de aprendizagem utilizados pela Eletronorte serão examinados conforme a estrutura analítica desenvolvida em Figueiredo (2001). Essa estrutura discrimina os processos de aprendizagem em processos de aquisição e de conversão de

conhecimento. O modelo permite avaliar os processos de aprendizagem a partir das suas características-chave - variedade, intensidade, funcionamento, interação - e suas implicações para a acumulação de competências tecnológicas.

A acumulação de competências tecnológicas e os processos subjacentes de aprendizagem têm sido abordados em duas tradições de pesquisa (Dutrénit, 2000; Figueireido,

(12)

empresas "em industrialização" entram em novos negócios baseados em tecnologias adquiridas de outros países, necessitando construir sua própria base tecnológica (Dutrénit, 2000; Figueiredo, 2001; Tacla, 2002).

Empresas de países em industrialização precisam adquirir conhecimento e convertê-lo rapidamente para a organização, a fim de se aproximarem da fronteira tecnológica de empresas dos países industrializados. O modo e a velocidade com que acumulam competências podem tomar as empresas competitivas por meio da adaptação ou do desenvolvimento de atividades de processos e organização da produção e de produtos. Para enfrentar o crescente nível de competitividade entre empresas, essas devem desenvolver esforços sistemáticos em aprendizagem organizacional, pois só assim poderão adquirir competências inovadoras em produtos, serviços e processos. (Dutrénit, 2000; Figueiredo, 200 I).

Na literatura de empresas em industrialização (LE!), alguns trabalhos explicaram a trajetória de acumulação de competências tecnológicas a partir dos investimentos nos processos de aprendizagem (Kim, 1995, 1997; Ariffin; Bell, 1999; Dutrénit, 2000; Fegueiredo, 2001; Tacla, 2002; Ariffin; Figueiredo, 2003). Porém, este estudo abordará o assunto em uma indústria, na qual a relação entre os processos de aprendizagem e capacitação tecnológica ainda não foi pesquisada.

Desse modo, ao examinar o relacionamento entre as competências tecnológicas e os processos de aprendizagem intra-empresa em uma indústria pouco explorada pela literatura, esta dissertação pretende explicar a trajetória de acumulação de competências no nível da firma, e ainda acumular evidências que venham a contribuir como instrumento gerencial para acelerar a velocidade de acumulação de competências na indústria de transmissão de energia.

1.1 Questões

o

tema da dissertação foi investigado a partir das seguintes questões:

I. Como se desenvolveu a trajetória de acumulação de competências tecnológicas das Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A., ao longo do período de 1990 a 2003?

(13)

1.2 Método

Para melhor responder às perguntas da dissertação, o método utilizado foi estudo de caso. Cada tipo de metodologia apresenta vantagens e desvantagens próprias. Em geral, os estudos de caso representam a estratégia preferida, oportunidade em que se colocam questões do tipo "como" e "por que" (YIN, 1994). A unidade de análise foi a trajetória de acumulação de competências tecnológicas das Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A.

A empresa Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. - subsidiária da Centrais Elétricas Brasileiras - Eletrobrás - é uma concessionária de serviços públicos de energia elétrica, com área de atuação caracterizada pela Amazônia Legal, compreendendo os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. Essa empresa foi criada em 14 de novembro de 1972 e seu funcionamento foi autorizado a partir de 30 de julho de 1973.

1.3 Estrutura

A dissertação será estruturada em oito capítulos, sendo a Introdução o primeiro.

O Capítulo 2 - Antecedentes na Literatura - apresenta os méritos e limitações de outros estudos relacionados ao tema da dissertação. Diferenças e/ou similaridades da dissertação em relação a estudos anteriores.

O Capítulo 3 - Estruturas Conceituais e Analíticas - trata dos conceitos básicos da dissertação, esclarecendo porque esses conceitos são usados. Apresentação e discussão da estrutura analítica utilizada para os estudos de caso.

No Capítulo 4 - As Centrais Elétricas do Norte do Brasil e a Indústria de Energia Elétrica - Mercado de Transmissão - é apresentado breve histórico da Eletronorte e o desenvolvimento da indústria de energia elétrica no Brasil.

O Capítulo 5 - Desenho e Métodos da Dissertação - é apresentada a metodologia utilizada para a realização do presente estudo. Explica-se a lógica que liga as informações coletadas (e os procedimentos de análise dessas informações) às questões iniciais do estudo.

(14)

evidências são organizadas sistematicamente à luz da estrutura para descrição das competências tecnológicas.

No Capítulo 7 Processos de Aprendizagem nas Centrais Elétricas do Brasil S.A. -Descrição dos Processos de Aprendizagem na Eletronrote - são examinados os processos de

aprendizagem utilizados na empresa, subjacentes à trajetória de acumulação de competências tecnológicas.

O Capítulo 8 - Analise e Discussões - apresenta os dados e verificação da possível implicação dos processos de aprendizagem na trajetória e na taxa de acumulação de competências tecnológicas das empresas.

No Capítulo 9 - Conclusões - são apresentados os resultados finais e contribuições

(15)

2 ANTECEDENTES, RELEVÂNCIA E LOCALIZAÇÃO DO TEMA NA LITERATURA

2.1 Estudos Empíricos sobre Acumulação de Competências Tecnológicas e Processos de Aprendizagem

Este capítulo apresenta alguns estudos referentes à acumulação de competências tecnológicas e os processos subjacentes de aprendizagem, realizados em empresas de países em industrialização. Pesquisas desenvolvidas a partir da década de 1990, como a de Kim

(1995, 1997), Ariffin e Bell (1999), Dutrénit (2000), Figueiredo (2001), Tacla (2002) e Ariffin e Figueiredo (2003), buscaram abordar o assunto de forma ampla enfocando dimensões gerenciais e organizacionais.

Particularmente no Brasil, a maioria das pesquisas sobre o assunto procurou explicar a trajetória de acumulação de competência a partir dos processos de aprendizagem intra-organizacionais (Rocha, 2001; Marin, 2001; Ferigotti, 2001; Figueiredo, 2001; Costa, 2001,

Tacla, 2002), com exceção de Ariffin e Figueiredo, que também abordaram a importância dos processos interorganizacionais para a construção e acumulação de capacidades em empresas pertencentes à indústria eletrônica do Brasil.

Dutrénit (2000) e Figueiredo (2001) apontam que dois grandes projetos formaram a base para a evolução dos estudos na literatura das empresas em industrialização. O primeiro foi o programa de pesquisa em ciência e tecnologia do IDBIECLNUNDP, que incluiu

estudos em seis países da América Latina. O segundo foi o programa de pesquisa em "Aquisição de Capacitação Tecnológica" - financiado pelo Banco Mundial e dirigido por Dahlman e Westphal -, incluiu uma série de estudos realizados em empresas da Índia, Coréia

do Sul, Brasil e México.

Em conseqüência da gradual desregulamentação do mercado, com início na década de 1980 e do fim da política de substituição de importações, as empresas da América Latina passaram a ter de conviver com a concorrência de firmas internacionais. Diante dessa nova

realidade, surgiram estudos focados na organização da produção. Todavia, esses trabalhos exploram apenas um ponto no tempo. (Figueiredo, 2001; Tacla, 2002).

(16)

tecnológicas das firmas ao longo do tempo. Os estudos de Kim (1995, 1997), Ariffin e Bell (1999), Dutrénit (2000), Figueiredo (2001), Tacla (2002) e Ariffin e Figueiredo (2003) foram realizados sob essa perspectiva.

Kim (1995, 1997) desenvolveu estudos de caso, retratando experiências bem sucedidas na indústria automobilística e eletrônica da Coréia do Sul, explorando ainda o papel da liderança e a construção de crises para aquisição e disseminação do conhecimento e para a formação de competências. Kim chamou atenção, ainda, para o papel das políticas públicas para a aceleração da aprendizagem tecnológica nos países em desenvolvimento.

Ariffin e Bell (1998) produziram estudos sobre o desenvolvimento das competências tecnológicas inovadoras nas subsidiárias de empresas transnacionais (ETNs) estabelecidas na indústria eletrônica da Malásia. Esses autores analisaram o papel dos vínculos de conhecimento para a construção das capacidades inovadoras nas várias empresas, apresentando diferentes padrões existentes.

De forma mais genérica, Ariffin e Bell (1999) apontam que as subsidiárias das ETNs, que construíram competências inovadoras, fizeram inicialmente um nicho específico e, depois, expandiram para uma maior gama de capacidades, sugerindo, ainda, que a construção de tais competências varia em função: da iniciativa de liderança das subsidiárias; da estratégia da subsidiária; da estratégia da matriz; do tipo de produto manufaturado.

Dutrénit (2000) abordou o assunto a partir de uma indústria de vidro do México, tratando, principalmente, do desenvolvimento de base de conhecimento. Essa autora concluiu que os processos de aprendizagem intrafirma exerceram papel fundamental na trajetória de construção e acumulação de competências tecnológicas na empresa.

Segundo Dutrénit, os principais fatores limitantes do desenvolvimento da empresa para o alcance da fronteira tecnológica são: limitada conversão do conhecimento individual em organizacional; falta de coordenação dos processos de aprendizagem; dificuldades para integrar o conhecimento internamente a organização e instabilidade do processo de criação do conhecimento.

(17)

Tacla (2002) analisou a influência dos processos subjacentes de aprendizagem para acumulação de competências tecnológicas, a partir de uma empresa fornecedora de

equipamentos e sistemas (bens de capital) para a indústria de celulose do Brasil. Seu estudo aponta que o modo e a velocidade com que a firma acumulou capacitação tecnológica podem

ser explicados pelos processos de aprendizagem e as características de como esses foram utilizados pela empresa ao longo do tempo. Tacla demonstrou que quando a empresa passou a

coordenar sistematicamente os esforços para adquirir e converter conhecimentos do nível individual para o nível organizacional, desde meados da década de 1990, a construção da

capacitação tecnológica foi acelerada.

Ariffin e Figueiredo (2003) exammaram a dinâmica da capacitação tecnológica e inovação no Pólo Industrial de Manaus e suas implicações sobre as estratégias

governamentais e empresariais para aumentar a competitividade internacional da indústria brasileira, particularmente, a eletrônica. Os autores verificaram o relacionamento entre o desenvolvimento das competências tecnológicas e os processos subjacentes de aprendizagem.

Especificamente sobre a indústria de energia elétrica do Brasil, não são encontrados

estudos referentes à acumulação de competências tecnológicas. Alketa (2000) realizou trabalho focando o setor, porém tratou do impacto da reestruturação e privatização. Palmeira (2001) também realizou estudo de caso sobre as Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A., porém enfocou a implantação da Manutenção da Produtividade Total - TPM na empresa. A partir da pesquisa de Palmeira (2001), foi possível verificar a importância dessa ferramenta gerencial (TPM) para o desenvolvimento da Eletronorte, como também, conhecer o processo

adaptação do TPM para a indústria de energia elétrica.

Pesquisa como a de Coimbra (2002) identificou e descreveu o processo e os fatores

que levaram a Eletronorte a adotar o planejamento estratégico, identificando quatro ciclos de planejamento - 1978 a 1984; 1985 a 1989; 1990 a 1995 e 1996 a 2001. Coimbra aponta que o

planejamento estratégico na Eletronorte contribuiu para a sua adaptação ao ambiente do setor elétrico, definindo rumo e estabelecendo direcionamento para a modernização da gestão empresarial.

Carmo (2003), a partir de estudo de caso simples realizado na Eletronorte, procedeu à análise da implementação do planejamento estratégico e ao levantamento dos resultados alcançados pela empresa, ao longo do período de 1996 a 2002. Foram identificadas as

(18)

de 1990; as idas e vindas do processo de reestruturação e um grande processo de aprendizagem interno.

De fato, os trabalhos de Coimbra (2002) e Carmo (2003) são os que maIS se aproximam desta pesquisa, visto que abordaram temas referentes ao planejamento estratégico implementado em uma empresa do setor elétrico, a qual também é objeto do presente estudo. Entretanto, esses autores não trataram diretamente da formação e acumulação de capacidades tecnológicas, como também não analisaram os fatores organizacionais relacionados a esse processo.

(19)

3

ESTRUTURAS CONCEITUAIS E ANALÍTICAS

Neste capítulo são apresentados os conceitos básicos adotados no presente estudo e as estruturas utilizadas para análise das informações sobre as empresas, adquiridas a partir de evidências empíricas. Na seção 3.1 faz-se uma abordagem sobre os principais conceitos relacionados à competência tecnológica; na 3.2 apresenta-se a estrutura analítica utilizada para descrever a trajetória de acumulação de competências da Eletronorte e na 3.3 define-se aprendizagem tecnológica. A seção 3.4 apresenta a estrutura analítica utilizada para descrição dos processos de aprendizagem intra-organizacional e, por fim, na seção 3.5 é desenhada a estrutura analítica desta dissertação.

3.1 Competências Tecnológicas

A acumulação de competências tecnológicas é fator critico para o desempenho competitivo de empresas e é ainda mais relevante para empresas que operam em economias em industrialização ou "empresas em industrialização" (Figueiredo, 2001). Diferentemente das empresas que atuam em economias industrializadas, onde já existem tecnologias inovadoras, as empresas em industrialização necessitam construir e acumular suas próprias competências para se aproximar da fronteira tecnológica.

Para esta dissertação o termo "competência tecnológica" é entendido como recursos necessários para gerar e gerenciar aprimoramentos tecnológicos. Esses recursos são acumulados e assimilados pelos indivíduos e incorporados nas rotinas, nos procedimentos e pelo sistema organizacional da empresa (Bell; Pavitt, 1995). Essa definição foi utilizada por ser a mais adequada às características de empresas em industrialização, e por ter sido adotada em trabalhos anteriores, como em Figueiredo (2001) e Tacla (2002).

(20)

aprimoramento de produtos ou processos e atividades (habilidades, conhecimento e sistemas organizacionais para mudar tecnologia).

Os mesmos autores ressaltaram também que empresas em industrialização, as quais iniciam suas operações em nível de competitividade abaixo do exigido no mercado internacional - "infância industrial" - necessitam acumular competências tecnológicas a fim de atingir a "maturidade industrial" e tomarem-se competitivas no mercado mundial. Cabe esclarecer que a capacitação tecnológica nas diversas funções pode variar em diferentes níveis, até se alcançar a maturidade industrial. (Lall, 1994).

De fato, as empresas em industrialização são capazes de alcançar a fronteira tecnológica por meio da aceleração da taxa de acumulação de competências tecnológicas. Ariffin e Figueiredo (2003) apontam que essa taxa ou velocidade é medida pelo número de anos que a empresa levou para alcançar certo nível de capacitação, ou seja, o número de anos desde a data do início do desenvolvimento de atividades em determinado nível de competência até a data do início das atividades em nível subseqüente.

Estudos como os de Dutrénit (2000), Figueiredo (2001) e Tacla (2002) demonstram que o ritmo da capacitação tecnológica pode ser acelerado (ou retardado), na proporção em que a empresa saiba como ir ajustando as características básicas dos processos de aprendizagem. De acordo com Figueiredo (2003), tais processos e suas respectivas características podem gerar "sistemas de aprendizagem" eficazes ou ineficazes. Esses "sistemas de aprendizagem" influenciam as trajetórias de acumulação de competência tecnológica e, por sua vez, a melhoria do desempenho operacional.

Dessa forma, para melhor entender a trajetória de acumulação de competência da Eletronorte, esta dissertação analisou as características básicas dos processos de aprendizagem intra-organizacional e seus modos de funcionamento ao longo do tempo (conforme exposto na seção 3.4).

3.1.1 Estrutura Analítica para descrever a trajetória de Acumulação de Competências Tecnológicas

Para determinação dos níveis e tipos de capacidades tecnológicas das empresas, foi utilizados o modelo analítico formulado por Figueiredo (2001), adaptado de Lall (1992) e Bell e Pavitt (1995), tendo sido ajustado, em conjunto com engenheiros da Eletronorte, para que melhor se enquadrasse às características de uma empresa prestadora de serviços de transmissão de energia elétrica.

FUNDAÇAO GETULIO VARGA~

(21)

A estrutura adaptada para esta dissertação foi baseada na desenvolvida por Figueiredo (200 I) para a indústria de aço do Brasil. O modelo é disposto em forma de matriz, que descreve a acumulação de competências tecnológicas, classificando-as por nível de dificuldade e por tipo de atividade, de rotina ou inovadora.

Essa estrutura analítica pode requerer pequenas alterações para sua melhor aplicação em nações que formem modelos de atuação diferentes do utilizado na indústria de energia brasileira. De toda forma, as novas orientações de funcionamento do setor baseiam-se na garantia do livre acesso aos sistemas de transporte e de transmissão de energia.

As competências tecnológicas foram divididas em três funções:

~ engenharia, projetos e equipamentos: determinam as competências que envolvem decisões sobre a evolução tecnológica dos equipamentos e a expansão da rede de transmissão; a escolha de equipamentos, sistemas e novas tecnologias a serem utilizadas e gestão de projetos;

~ operação e manutenção: determinam as competências para a operação e manutenção do sistema de transmissão, a fim de garantir os serviços com flexibilidade, confiabilidade, continuidade e livre acesso.

Para a indústria de energia elétrica, essa função é essencial, pois é responsável pelo gerenciamento dos ativos de transmissão, garantindo o funcionamento do serviço de transporte de energia;

(22)

Tabela 3.1 - Competências tecnológicas em empresa transmissora de energia elétrica

FUNÇÕES

I

ROTINEIRA

I. Básico

2. Renovado

3. Extrabásico

ENGENHARIA, PROJETOS E EQUIPAMENTOS

Disponibilizar equipamen-tos (ativos) para o transporte de energia.

Decisão sobre a localização das SEs e dos trechos das LTs.

Terceirização dos estudos

elétricos. Projeto Básico e Projeto Executivo.

Contratação de empresa para

construção.

comissio-namento e fiscalização da, obras.

Sincronização dos traba-lhos

de construção civil e

instalações de equipamentos. Conhecimento sobre arranjo de subestações.

Conhecimento de

equipa-mentos de alta tensão (de

ISkv a SOOb)

Dar suporte técnico durante a construção e montagem de SE'seLTs.

Coordenação e anál ise dos

projetos elaborados pela,

consultoras.

__ Realização dos estudos

elétricos e Projeto Básico. __ Especificação básica dos equipamentos (definição dos requisitos mínimos para os equipamentos).

__ Realização de empreen-dimentos até 230kv (nível de tensão).

__ Utilização de

equipamentos com pouca

sofisticação tecnológica (ex:

banco de capacitor sllllnt e

reles eletromecânicos).

__ Sistema de transmissão

isolado.

__ Envolvimento na aqui,ição

de equipamentos (analisar

propostas apresentadas pelos

fabricantes e analisar os

documentos apresentados

após a aqulslçao dos

equipamentos).

OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

Garantia da

tlexibilidade. confiabilidade isolados.

operação com

continuidade e

em sistemas

Definição e monitoramento dos custos da operação e manutenção.

Terceirização da operação e

manutenção.

Manutenção baseada no tempo de uso do equipamento.

Manutenção pós quebra

Operação em sistemas isolados.

Manutenção preventiva

(pro-gramada).

Implantação de centros de

manutenção nas unidades.

INOVADORA

Operação em sistemas interligados

de acordo com os padrões

estabelecidos pela ONS (decisões conjuntas).

Manutenção por melhoria. Acompanhamento dos indicado-res de desempenho dos sistemas.

Elaboração de política para

equipamentos reserva e peças

sobressalentes (redução do

estoque).

Operação do sistema de

transmissão até 230kv

PROCESSOS OPERACIONAIS

Uso de ferramentas

conven-cionais para gestão das unidades operacionais e corporativas. Controle de qualidade de rotina.

Comprovação de habilidade

técnica para execução de

empreendimento de transmissão de energia (ex: registro técnico no CREA).

Sistemas de controle de contrato e rastreamento de documentos.

Uso de ferramentas

conven-cionais para gestão de projetos. Certificação ISO 19000.

Definição e utilização de práticas de trabalho.

Identificação e implementação de

melhorias nos processos de

suporte: pessoas, suprimento e financeiro.

Integração dos programas

computacionais.

A vali ação sistemática de

fornecedores.

Criação de banco de dados para

os projetos,

especificações.

(23)

Tabela 3.1 - continuação

4. Pré-intermediário

5. Intermediário

INOVADORA Coordenação e Elaboração do Projeto Executivo de sistemas acima de 230h.

Estudos sistemáticos para

modernização das L r s e

SEs.

Promover padronização dO',

projetos e especificaçôes

técnicas. Utilização eletrônicos controle, supervisão.

de equipa-mentos

para proteção,

comando e

Dar suporte técnico durante os ensaios de equipamentos

nos fabricantes e na

montagem (ensaios de tipo e especiais).

Participar do

comissiona-mento do empreendicomissiona-mento. Especificação do sistema de proteção, comando, controle, automação e supervisão.

Interligação parcial do

sistema elétrico da empresa ao sistema nacional.

L Ts com alta capacidade de

transporte (SIL elevado).

Planejamento da expansão da rede de transmissão de acordo

com o plano nacional

(incorporação às incertezas de longo prazo).

Executar a coordenação e a aprovação da integração dos

sistemas de proteção.

comando, controle, automação e dos sistemas supervisivos, junto aos fabricantes.

Visualizar as interferências entre os empreendimentos. Desenvolvimento de soluçôes inovadoras para problemas

específicos da área de

concessão da transmissão (ex: PRE - pára-raios energizado,

utilização de cabo OPGW em

torre Raquel).

Operação do sistema de

transmissão acima de 230kv. Consolidação das atividades da manutenção com a operação. Manutenção baseada na condição do equipamento.

Operação e manutenção em

sistemas de transmissão de

grandes blocos de energia. Estudos sistemáticos para redução do tempo de recomposição do sistema.

Estudos sistemáticos para

melhoria da operação (busca pela falha zero, redução das perdas de energia e redução das quebras). Utilização de sistemas eletrônicos de informação para coordenação do funcionamento da rede.

A valiação periódica das práticas de trabalho.

Implantação de

avançadas para

processos (TPM).

ferramentas

gestão dos

Capacidade de desenvolver infra-estrutura para as comunidades as quais a organização se relaciona (responsabilidade social e ética).

Sistema de segurança das

informaçôes (ex: informaçôes

enviadas via e-lIlui/).

Sistema avançado para

gerenciamento do processo de aquisição (SAPIR3).

Sistemas avançados para gestão

de projetos, integrando as

unidades operacionais e

corporativas.

Certificação dos processos

críticos na, normas ISO 900 I.

Controle sistemático das práticas de gestão.

Análise crítica do desempenho global utilizado, estabelecendo relação de causa e efeito entre os indicadores.

Planejamento participativo com as comunidades envolvidas no empreendimento.

Capacidade de participar e

intluenciar o planejamento da expansão da rede de transmissão

da nação (ex.: indicativo no

(24)

Tabela 3.1 - continuação

INOVADORA

6. Intermediário Implantação de SEs

superior totalmente desassistida

(utilização de fibra ótica).

Elaborar e coordenar a

elaboração de especificações com tecnologia digital.

Utilização de redes

compactas para transmissão com cabo OPGW.

Capacidade de desenvolver empreendimentos em locais

com variações climáticas.

com vegetação e solos

diversificados.

Interligação total do sistema de elétrico da empresa ao sistema elétrico nacional

7. Avançado

baseado em

Pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias para

redução do custo da

transmissão. pesquisa

Digitalização de todo sistema de transmissão.

Fonte: Adaptado de Figueiredo (200 I). SE - Subestação de Energia.

ONS - Operador Nacional do Sistema. SIL - Search IlIlpedance LeveI. L T - Linha de Transmissão.

Utilização de

microeletrônicos e

monitores técnicas de checagem não destrutivas para avaliação das instalações.

Utilização de aparelhos de

controle remoto para inspeção de redes.

Substituição da comutação

telefônica pela digital para a manutenção.

Aproximação da operação nas atividades projetos e engenharia.

Desenvolvimento de software para

operação e manutenção via P&D e engenharia.

Operação e manutenção em

sistema totalmente digitalizado.

CREA - Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura. CCPE - Comitê de Controle e Planejamento em energia. TPM - Total Prodl/til'e Maintenance.

3.2 Aprendizagem Tecnológica

Adequação contínua dos

processos às alterações do

modelo do Setor Elétrico e aos

padrões internacionais mais

inovadores.

Certificação [50 14000.

P&D para sistema de gestão. Desenvolvimento de ferra-mentas

e metodologias de gestão

(so{tH·are).

Desenvolvimento de novos

processos via P&D.

Para este estudo, aprendizagem é entendida como os vários processos pelos quais os indivíduos adquirem habilidades e conhecimentos e que possibilitam sua conversão para a organização (Bell, 1984). Contudo, sabe-se que aprendizagem tecnológica também pode ser relacionada à melhoria do desempenho operacional, produtividade e curvas de aprendizagem.

3.2.1 Estrutura analítica para descrição dos processos de aprendizagem intra-organizacional

(25)

conhecimento. Os processos de aquisição são ainda divididos em externos e internos. e os processos de conversão baseiam-se na socialização e na codificação de conhecimento. Os quatro processos de aprendizagem são definidos a seguir:

I. processos externos de aquisição de conhecimento - mecanismos pelos quais os indivíduos adquirem conhecimento tácito e/ou codificado de fora da empresa. como treinamento no exterior. importação de especialistas e uso de assistência técnica;

11. processos internos de aquisição de conhecimento - mecanismos pelos quais os indivíduos adquirem conhecimento executando diferentes atividades dentro da empresa. Por exemplo. fazendo atividades de rotina ou e/ou melhorando processos e produtos existentes;

III. processos de socialização de conhecimento - mecanismos pelos quais os indivíduos compartilham seus conhecimentos tácitos como modelos mentais e habilidades dentro da empresa;

IV. processos de codificação do conhecimento - mecanismos pelos quais o conhecimento tácito ou parte dele toma-se explícito. Processos que tomam o conhecimento tácito articulado em conceitos explícitos. facilitando a disseminação dentro da empresa.

Essa estrutura nos permite analisar os quatro processos de aprendizagem à luz das seguintes características-chave:

---j variedade - presença de diferentes processos de aprendizagem dentro da empresa;

---j intensidade - repetitibilidade ao longo do tempo na criação. atualização. uso.

aprimoramento e/ou fortalecimento dos processos de aprendizagem;

---j funcionamento - modo pelo qual os processos de aprendizagem operam ao longo do tempo;

---j interação - modo pelo qual os processos de aprendizagem influenciam um ao outro. dentro

(26)

Tabela 3.2 - Processos de aprendizagem na empresa em industrialização: modelo ilustrativo

Processos de Aprendizagem

.

-Aqulslçao externa de conhecimento.

Aquisição interna de conhecimento.

Socialização de

conhecimento.

Codificação de conheci mento.

Variedade InexistentelExistente (Limitada/Moderada/

Ampla)

A A

EXlstenclallnexlstencla de processos de aquisição de conheci-mento em âmbito local e/ou externo (por exemplo: importação de

kno'r\"-!JoH" diferenciado para a empresa).

Existêncialinex istência de processos de aquisição de conheci-mento mediante ativi-dades internas, que podem ser operacionais, rotineiras e/ou inova-doras (desenvolvimento de produtos).

Existêncialinexistência de diferentes processos pelos quais os indivíduos compartilham seu conhecimento tácito (reuniões, sol uçâo de problemas em conjunto

OJT).

Ex istênci ali nex istênc ia de diferentes processos e mecanismos de codificação do conheci-mento tácito (documen-tação sistemática. semi-nários internos etc.).

Fonte: Figueiredo (2001 ).

3.3 Modelo Analítico

Intensidade Uma vez/ Intermitente/Contínuo

o uso desse processo pode ser contínuo (treinamento anual no exterior para enge-nheiros e operadores), intermitente ou uma vez (treinamento esporádico no exterior).

o modo como usa

a os empresa

diferentes processos internos de aquisição de conhecimento pode intluenciar a com-preensão que os indivíduos têm dos principais envol vidos na tecnologia.

A continuidade de processos como o OlT.

A socialização contínua do conhecimento pode conduzir à codificação do saber.

A repetição de processos tais como a padronização das ope-raçõe.... A inexi ... tência ou intermitência de codificação pode res-tringir a aprendizagem organizacional.

Funcionamento Ruim/Razoável/Bom/

Excelente

o m<xlo como um processo é criado (critérios para enviar indivíduos para treina-mento no extclior) e o modo como ele ti.ll1ciona ao longo do tempo podem fortalecer ou mitigar a variedade e a intensidade. Timing:

"aprender antes de fazer".

o

modo como um processo é criado (centros de pesquisa) e o modo como ele funciona ao longo do tempo têm consequencias práticas para a variedade e a intensidade. Timing:

"aprender antes de fazer".

o modo como são criados os mecanismos de socialização do conheci-mento (treinamento in-terno) e o modo como eles funcionam ao longo do tempo têm conseqüências práticas para a variedade e a intensidade do processo de conversão do saber. O modo como é criada a codificação do conheci-mento e o modo como ela funciona ao longo do tempo intluenciam todo o processo de conversão do saber. bem como sua variedade e intensidade

Interação

Fraca/Médiaflo'orte

o modo como um processo intluencia outros processos inter-nos ou exterinter-nos de aquisição de conheci-mento (treinaconheci-mento no exterior "aprendendo na prática") e/ou outros processos de conversão do saber. A aquisição interna de conhecimento pode ser desencadeada pelo processo ~xtemo de aquisição de conheci-mento (melhoramen-tos na fábrica decor-rentes do treinamento no exterior). Isso pode desencadear processos de conversão do saber. Incorporação dos diferentes conhecimen-tos táciconhecimen-tos num sistema viável (estabelecimento de vínculos de saber).

A socialização p<xle ser intluenciada pelos processos externos ou internos de aquisição de saber.

O modo como a codificação do co-nhecimento é intluen-ciada por processos de aquisição de co-nhecimento (treina-mento no exterior) ou por outros processos de socialização do conhecimento (for-mação de equipes).

(27)

da construção e à acumulação de competência tecnológica das Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A.

Processos de Aprendizagem Acumulação de Performance

Competências tecnológicas Econômica - Financeira

(A)

(B)y

(C)

Y

-L __ _

FOCO DA DISSERT AÇAO

__ .J

---Figura 3.1 - Modelo analítico da dissertação

(28)

4 AS CENTRAIS ELÉTRICAS DO NORTE DO BRASIL S.A. E A INDÚSTRIA DE ENERGIA ELÉTRICA - MERCADO DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA

Este capítulo caracteriza as Centrais Elétricas do Norte do Brasil S. A. - Eletronorte como empresa de economia mista, com maioria do capital pertencente ao Governo Federal, concessionária de energia elétrica na região Norte do Brasil. O capítulo está dividido em quatro seções. A seção 4.1 faz apresenta breve histórico sobre o desenvolvimento do setor elétrico brasileiro até o ano de 2003. A 4.2 discone sobre a criação e a atuação da Eletronorte. A 4.3 expõe os aspectos relevantes da atuação da Eletronorte na Região Amazônica, e a seção 4.4 sumariza a importância da acumulação de competência tecnológica em uma empresa transmissora de energia como a Eletronorte, que atua em uma região com restrições sócio-ambientais.

4.1 O Setor Elétrico Brasileiro: breve histórico até 2003

A disponibilidade de energia elétrica é fator fundamental para o desenvolvimento das nações. Em um mundo altamente competitivo e submetido à globalização dos mercados, a energia passa a ser uma variável estratégica de desenvolvimento sobre a qual os planejadores podem e devem atuar no sentido de moldar o estilo de crescimento pretendido (Borenstein; Camargo, 1997).

O setor de energia elétrica, no início de seu desenvolvimento no Brasil, apresentou mudanças significativas em sua estrutura organizacional. Durante a Primeira República, foi regido pela Constituição de 1891, extremamente descentralizada.

Nesse período, a organização do setor elétrico nacio:1al possibilitou o surgimento de duas estruturas totalmente diversas. De um lado, empresas municipais e as privadas ligadas ao setor cafeeiro e ao setor de empreendimentos urbanos, basicamente iluminação e tração. De outro lado, possibilitou a entrada de grandes investidores estrangeiros, com a Light, concessionária de distribuição de energia do Rio de Janeiro.

(29)

criação da Companhia Hidrelétrica de São Francisco (CHESF). Em 1954, foram aprovados o Imposto Único sobre Energia Elétrica (lUEE) e o Fundo Federal de Eletrificação (FFE), gerido, em um primeiro momento, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES).

No início dos anos de 1960. o setor de energia elétrica enfrentou graves problemas de financiamento, devido a questões tarifárias e fiscais. Além disso, o BNDES não estava priorizando os investimentos em infra-estrutura. Diante desse contexto, foram criadas, em abril de 1961, as Centrais Elétricas Brasileiras - Eletrobrás.

A holding Eletrobrás nasceu alicerçada por empresas como a CHESF e Furnas, e foram-lhe transferidas as atribuições do BNDES, no que se refere ao financiamento do setor elétrico e à gestão do FFE.

Em 1964, houve uma reorganização do Ministério das Minas e Energia - MME. À

Eletrobrás foi atribuída a função de planejamento e coordenação e ao Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica - DNAEE foram dadas as atribuições inerentes ao poder concedente da União.

Dando prosseguimento à refonnulação do setor, de 1967 a 1973, foram transferidos aos Estados os serviços de distribuição e subtransmissão de energia elétrica. A geração e a transmissão ficaram a cargo da Eletrobrás, por intermédio das empresas regionais da CHESF no Nordeste e Furnas no Sudeste.

Estruturas similares foram criadas para as regiões Sul e Norte. No Sul do País, a geração e a transmissão passaram a serem feitas pela empresa Centrais Elétricas do Sul do Brasil -Eletrosul. Para atendimento da região Norte, foi criada a empresa Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. - Eletronorte (objeto do presente estudo). Coube à Eletronorte prosseguir os estudos sobre suprimento de energia elétrica nos pólos isolados de consumo (existentes ou previstos) e coordenar os programas a serem implementados a partir desses estudos.

Finalizando o processo de estatização do setor elétrico brasileiro, em 1979, o Governo brasileiro adquiriu as ações da LigIa. A partir desse momento, todas as concessionárias de energia elétrica foram constituídas por 100% de capital nacional. O surgimento desse modelo de funcionamento possibilitou grandes investimentos, advindos de recursos externo, autofinanciamento e empréstimos internos.

(30)

1995, foram aprovadas emendas constitucionais que possibilitaram o processo de privatização, entre elas, o fim da distinção entre empresa brasileira e empresa brasileira de capital nacional.

Em meados da década de 1990, a Lei das Concessões - Lei n. 8.987/1995, modificada pela Lei n. 9.791, de 1999 - dispôs sobre o regime de concessão e de permissão. Essa lei estabelece que toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviços adequados ao pleno atendimento dos usuários, ou seja, deve atender às condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade e cortesia nessa prestação, e modicidade das tarifas.

A citada lei dispõe, também, sobre o regime de concorrência na licitação de concessões para projetos de geração, distribuição e transmissão de energia elétrica. Adicionalmente, cria a figura jurídica do produtor independente de energia elétrica e estabelece regras para os consumidores livres.

Em 1996, foi instituído o novo modelo do setor elétrico brasileiro, que procurava instaurar a competição na geração e na comercialização, além de garantir o livre acesso na transmissão e distribuição. Com o processo de reforma do setor elétrico, a geração, a transmissão e a distribuição foram separadas e foi criada a comercialização. Nesse novo contexto, as atribuições do Estado concentraram-se essencialmente na formulação de políticas energéticas e na regulamentação de suas atividades.

Os agentes centrais desse novo modelo regulador são a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, o Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS e o Mercado Atacadista de Energia - MAE. O planejamento ficou a cargo do Comitê Coordenador da Expansão de Sistemas Elétricos - CCPE, órgão diretamente vinculado ao Ministério de Minas e Energia.

Para regulamentar o setor, foi criada a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, pela Lei n. 9427/1996 - regulamentada pelo Decreto n. 2.335/1997. As funções básicas dessa agência reguladora são fiscalizar as concessões para a prestação de serviço de energia; zelar pelo equilíbrio econômico-financeiro das concessionárias e pela qualidade dos serviços prestados; supervisionar a exploração dos recursos hídricos do País; definir a estrutura tarifária e autorizar os níveis propostos pelas empresas.

(31)

de, no mínimo, 1 % (um por cento) de sua Receita Operacional Líquida - ROL em pesquisa e desenvolvimento do setor elétrico, excluindo-se, por isenção, as empresas que geram energia, exclusivamente, a partir de instalações eólicas, solares, de biomassa e pequenas centrais hidrelétricas.

O novo modelo de mercado do setor de energia elétrica no Brasil cnou um Mercado Atacadista de Energia - MAE, uma bolsa na qual os agentes podem negociar, comprando e vendendo blocos de energia elétrica.

A plena operação do MAE era prevista para o final de 2001, quando os preços seriam definidos para cada meia hora do dia. Entretanto, isso não ocorreu, e até o final do ano de 2003 ainda existiam problemas associados aos procedimentos no MAE, ou seja, esse mercado não tinha se viabilizado no Brasil.

O ONS, também criado na reforma do setor elétrico, é uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos. Está estruturado sob a forma de associação civil, de que participam geradores, empresas de transmissão e distribuição, consumidores, livres comercializadores, importadores e exportadores de eletricidade. Suas atribuições são a garantia da qualidade do suprimento elétrico na rede de transmissão, a garantia de que todos os agentes do setor elétrico, de forma eqüitativa, tenham acesso aos serviços prestados pela rede de transmissão, e via otimização do despacho das centrais, a definição do preço da energia no mercado atacadista.

Esse órgão concentra sua atuação sobre o Sistema Interligado Nacional - SIN. Os estudos de planejamento e programação da operação, realizados pelo ONS, permitiram definir a participação das regiões com melhores condições hidroenergéticas no atendimento dos requisitos das regiões. A transferência de energia entre regiões foi intensamente utilizada para a otimização sistêmica.

Com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito mundial, o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um sistema hidrotérmico de grande porte, com forte predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários.

(32)

Mesmo após a reforma do setor elétrico brasileiro houve falta de investimento, tanto públicos quanto privados, na expansão da capacidade de geração e de transmissão. Em 2001, o país viveu uma situação critica no fornecimento de energia elétrica, quando foi dado início a um plano de racionamento de energia.

O programa de racionamento foi implementado nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, e vigorou no período de 1

º

de junho de 2001 a 28 de fevereiro de 2002. Na região Norte, o racionamento começou no dia 15 de agosto de 2001, para os grandes consumidores, e no dia 20 de agosto para os demais, e terminou no dia 1

º

de janeiro de 2002.

Esse era o contexto da indústria de energia elétrica do Brasil ao final de 2003. quando os agentes do setor se posicionavam e definiam as suas estratégias. Essas mudanças levaram as concessionárias a implementar diversas iniciativas na sua estratégia, tais como redefinição de suas estruturas, ajustes nos quadros de empregados e a reorganização de seus processos.

Para o futuro, as principais oportunidades de negócios no mercado de energia elétrica nacional estão ligadas à oferta de novos empreendimentos de geração para exploração pela iniciativa privada e à construção de linhas de transmissão, bem como à privatização de ativos de sistemas de distribuição e de geração. Outro foco se concentra na universalização do atendimento às comunidades isoladas da região Norte do País e ao meio rural, que devem estar concluídos até 2005.

4.2 As Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. - Eletronorte

A Eletronorte, com dito anteriormente, é uma empresa subsidiária das Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - Eletrobrás, concessionária de serviços públicos de energia elétrica - foi criada pela Lei n. 5.824, de 14 de novembro de 1972, constituída por escritura pública em 20 de junho de 1973 e autorizada a funcionar pelo Decreto n. 72.548, de 30 de julho de 1973, com o objetivo de realizar estudos e projetos, construção e operação de usinas produtoras e linhas de transmissão de energia elétrica na Região Amazônica.

(33)

de eletrointensivos, a distribuição de Manaus e Boa Vista, por meio de suas subsidiárias integrais Manaus Energia S.A. e Boa Vista Energia S.A. , além de fomentar o desenvolvimento regional.

A área de atuação da Eletronorte, caracterizada pela Amazônia Legal, representa 58% do território nacional , compreendendo os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

Nessa área atuam as seguintes concessionárias estaduais de energia elétrica: Companhia de Eletricidade do Amapá S.A. - CEA, Companhia Energética do Amazonas - CEAM, Centrais Elétricas do Pará S.A - CELPA, Companhia de Energia Elétrica do Estado do Tocantins - CELTINS , Companhia Energética do Maranhão - CEMAR, Centrais Elétricas Matogrossenses S.A. - CEMAT, Companhia Energética de Roraima S.A. - CER, Centrais Elétricas de Rondônia S.A. - CERON e Companhia de Eletricidade do Acre - ELETROACRE, todas supridas pela Eletronorte.

A figura a seguir indica as concessionárias de distribuição de energia dos estados do norte do Brasil :

Fonte: www.e ln.gov. br.

Figura 4.1 - Mapa das concessionárias de distribuição de energia (região Norte)

(34)

elétrica 12 milhões de pessoas - cerca de 60% da população da Amazônia. Considerando que a Eletronorte tem importância significativa no setor elétrico e, em especial, na sua área de atuação, onde participou de importantes mudanças, é relevante abordar a sua atuação na Região Amazônica.

4.3 A Atuação da Eletronorte na Região Amazônica

Até 1975, a Amazônia dispunha de apenas 40 megawatts instalados de energla hidrelétrica e teve sua potência multiplicada 120 vezes, contando com uma capacidade de 5.084 megawatts em quatro usinas hidrelétricas e cerca de 1.000 megawatts no parque termelétrico da

Eletronorte (Eletronorte, 2002a).

A Eletronorte assumiu efetivamente, na década de 1980, o papel de grande supridora de energia de quase todas as concessionárias e consumidores industriais eletrointensivos da Amazônia, desenvolvendo vários empreendimentos de geração e transmissão de energia elétrica. Além disso, a empresa deu continuidade aos estudos hidroenergéticos na região.

Foram realizados estudos de inventários das Bacias dos Rios Madeira, lamari, li-paraná, Araguaia-Tocantins, Xingu, Mucajaí, Araguari e Trombetas-Erepecuru, bem como os projetos de viabilidade, objetivando a construção das usinas hidráulicas de Cachoeira Porteira, Santa Isabel, Serra Quebrada, Lajeado, Couto de Magalhães, Barra do Peixe, li-paraná e Belo Monte (Memória, 1998).

A empresa estudada, devido às características dos projetos desenvolvidos e à região de sua implementação, criou e acumulou competências tecnológicas avançadas, trazendo à região, investimentos sociais que não eram diretamente relacionados a sua atividade fim. A empresa construiu estradas, pontes, aeroportos, escolas, hospitais e vilas residenciais. A maioria desses investimentos foi realizada em decorrência das carências regionais no campo da infra-estrutura básica.

(35)

A busca do conhecimento sobre a região não foi um objetivo precípuo da ação da empresa. Adveio como imperativo na condução de seus projetos na área, dada a insipiência das informações existentes sobre a região (Eletronorte, 2002b).

Desde o início de suas atividades, essa empresa atua no planejamento da expansão das necessidades de energia elétrica da Amazônia, no âmbito do planejamento setorial. A partir de 1988, a elaboração de cenários vem sendo utilizada pela Eletronorte como importante instrumento do planejamento empresarial e como base para a avaliação das demandas futuras de energia elétrica, levando em conta as incertezas do ambiente energético.

(36)

5 DESENHO E MÉTODOS DA DISSERTAÇÃO.

Este capítulo expõe o desenho e o método usados no presente trabalho. A seção 5.1

apresenta os elementos do desenho do estudo, ou seja, as questões da dissertação, o método utilizado e a unidade de análise. A seção 5.2 aborda os procedimentos para a adaptação da estrutura para examinar a acumulação de competências tecnológicas; a 5.3 explicita os tipos e fontes de dados e a 5.4 o procedimento para a análise dos dados.

5.1 Elementos do Desenho da Dissertação

Neste estudo busca-se responder às questões:

I. Como se desenvolveu a trajetória de acumulação de competências tecnológicas das Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A., ao longo do período de 1990 a 2003?

11. Qual foi o papel dos processos subjacentes de aprendizagem intra-organizacional para explicar a trajetória de construção e acumulação de competências tecnológicas da Eletronorte?

Imagem

Tabela 3.1  - Competências tecnológicas em empresa transmissora de energia elétrica  FUNÇÕES  I  ROTINEIRA  I
Tabela 3.1  - continuação
Tabela 3.2 - Processos de  aprendizagem na  empresa em  industrialização:  modelo ilustrativo  Processos de  Aprendizagem
Figura 3.1  - Modelo analítico da dissertação
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