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ARTIGO
ORIGINAL
Prenatal,
perinatal
and
postnatal
factors
associated
with
autism
spectrum
disorder
夽
Imen
Hadjkacem
a,∗,
Héla
Ayadi
a,
Mariem
Turki
a,
Sourour
Yaich
b,
Khaoula
Khemekhem
a,
Adel
Walha
a,
Leila
Cherif
a,
Yousr
Moalla
ae
Farhat
Ghribi
aaUniversityofSfax,HédiChakerHospital,DepartmentofChildandAdolescentPsychiatry,Sfax,Tunísia
bUniversityofSfax,HédiChakerHospital,DepartmentofCommunityMedecineandEpidemiology,Sfax,Tunísia
Recebidoem19desetembrode2015;aceitoem27dejaneirode2016
KEYWORDS
Autismspectrum disorder; Child; Riskfactors; Prenatal; Perinatal; Postnatal
Abstract
Objective: Toidentifyprenatal,perinatalandpostnatalrisk factorsinchildren withautism spectrumdisorder(ASD)bycomparingthemtotheirsiblingswithoutautisticdisorders.
Method: Thepresentstudyiscrosssectionalandcomparative.Itwasconductedoveraperiod ofthreemonths(July---September2014).Itincluded101children:50ASD’schildrendiagnosed accordingtoDSM-5criteriaand51unaffectedsiblings.TheseverityofASDwasassessedbythe CARS.
Results: Ourstudyrevealedahigherprevalenceofprenatal,perinatalandpostnatalfactorsin childrenwithASDincomparisonwithunaffectedsiblings.Itshowedalsoasignificant associa-tionbetweenperinatalandpostnatalfactorsandASD(respectivelyp=0.03andp=0.042).In thisgroup,perinatalfactorsweremainlyastypeofsufferingacutefetal(26%ofcases),long durationofdeliveryandprematurity(18%ofcasesfor eachfactor),whilepostnatalfactors wererepresentedprincipallybyrespiratoryinfections(24%).Asforparentalfactors,no corre-lationwasfoundbetweenadvancedageofparentsatthemomentoftheconceptionandASD. Likewise,nocorrelationwasobservedbetweentheseverityofASDanddifferentfactors.After logisticregression,theriskfactorsretainedforautisminthefinalmodelwere:malegender, prenatalurinarytractinfection,acutefetaldistress,difficultlaborandrespiratoryinfection.
Conclusions: Thepresentsurveyconfirmsthehighprevalenceofprenatal,perinataland post-natalfactorsinchildrenwithASDandsuggeststheinterventionofsomeofthesefactors(acute fetal distressanddifficultlabor, amongothers),asdeterminantvariablesfor thegenesisof ASD.
©2016PublishedbyElsevierEditoraLtda.onbehalfofSociedadeBrasileiradePediatria.Thisis anopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/
by-nc-nd/4.0/).
DOIserefereaoartigo:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2016.01.012
夽 Comocitaresteartigo:HadjkacemI,AyadiH,TurkiM,YaichS,KhemekhemK,WalhaA,etal.Prenatal,perinatalandpostnatalfactors associatedwithautismspectrumdisorder.JPediatr(RioJ).2016;92:595---601.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:hadjkacemimen@yahoo.fr(I.Hadjkacem).
PALAVRAS-CHAVE
Transtornodo espectrodoautismo; Crianc¸a;
Fatoresderisco; Pré-natal; Perinatal; Pós-natal
Fatorespré-natais,perinataisepós-nataisassociadosaotranstornodoespectro doautismo
Resumo
Objetivo: Identificarfatoresderiscopré-natal,perinatalepós-natalemcrianc¸ascom trans-tornodoespectrodoautismo(TEA)aocompará-lascomirmãossemtranstornosdeautismo.
Método: Estudoétransversalecomparativo.Foiconduzidoemtrêsmeses(julhoasetembro de2014).Incluiu101crianc¸as:50comTEAdiagnosticadasdeacordocomoscritériosdoDSM-5 e51irmãosnãoafetados.AgravidadedoTEAfoiavaliadapelaEscaladeAvaliac¸ãodoAutismo naInfância(CARS).
Resultados: Nossoestudorevelouumaprevalênciamaiordefatorespré-natais,perinataise pós--nataisemcrianc¸ascomTEAemcomparac¸ãocomirmãosnãoafetados.Tambémmostrouuma associac¸ãosignificativaentrefatoresperinataisepós-nataiseTEA(respectivamentep=0,03 ep=0,042).Nessegrupo,osfatoresperinataisforamprincipalmentedotiposofrimentofetal agudo(26%doscasos),longadurac¸ãodopartoeprematuridade(18%doscasosemcadafator), aopassoquefatorespós-nataisforamrepresentadosprincipalmenteporinfecc¸õesrespiratórias (24%).Noquedizrespeitoafatoresdospais,nenhumacorrelac¸ãofoiencontradaentreaidade avanc¸adadospaisnomomentodaconcepc¸ãoeoTEA.Damesmaforma,nenhumacorrelac¸ão foiestabelecidaentreagravidadedoTEAefatoresdiferentes.
Apósregressãologística,osfatoresderiscodeautismoencontradosnomodelofinalforam: sexomasculino, infecc¸ãopré-nataldotrato urinário,sofrimento fetalagudo,partodifícile infecc¸ãorespiratória.
Conclusões: Estapesquisaconfirmaaaltaprevalênciadefatorespré-natais,perinataise pós--nataisemcrianc¸ascomTEAesugereaintervenc¸ãodealgunsdessesfatores(sofrimentofetal agudo,partodifícil)comovariáveisdeterminantesparaagênesedoTEA.
©2016PublicadoporElsevierEditoraLtda.emnomedeSociedadeBrasileiradePediatria.Este ´
eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/
by-nc-nd/4.0/).
Introduc
¸ão
Otranstornodoespectrodoautismo(TEA)éumacondic¸ão complexadodesenvolvimentoneurológico.Deacordocom a5a
edic¸ãodoManualDiagnósticoeEstatísticode Transtor-nosMentais(DSM5),oscritériosespecíficosparadiagnóstico de autismo na infância incluem déficit de habilidades e comunicac¸ãosociaisassociadoacomportamentos, interes-sesouatividadesrestritivos,bemcomorepetitivos.1OTEA
atualmente é uma das morbidades infantis mais comuns, apresenta-se em vários grausde gravidade.A última pre-valênciaglobaldeautismofoiestimadaem0,62%.2
Essetranstornotemsetornadoumdesafioconstantepara muitospaísescomoaTunísia,poistemumimpactosevero tantosobreosindivíduosafetadosquantosobresuas famí-lias. A carga financeira, que tem se tornado mais aguda desde a revoluc¸ão tunisiana, juntamente com a falta de conhecimentocientíficosobreotranstorno(sua epidemiolo-gia,etiologiaeseuhistóriconatural)têmtornadoasituac¸ão maiscomplexa.3---5
O espectro de sintomas, a extrema complexidade dos problemasmédicosdedesenvolvimentoeoutrosassociados aoTEAnãosignificamnecessariamenteumaúnicaetiologia. Váriashipóteses com relac¸ão à patogênese têmsido pro-postas,incluindoainterac¸ãodefatoresambientaisevárias predisposic¸õesgenéticas.5,6Estudoscombaseemtaxasde
concordânciaentregêmeosmonozigóticosefamílias suge-remum possível papel de fatorestanto genéticos quanto ambientaisnaetiologiadoTEA.7
Umestudorecentesugereque fatoresgenéticos repre-sentamapenasaproximadamente35-40%doselementosque contribuemparaotranstorno.8,9Osoutros60-65%
provavel-mentesedevemaoutrosfatores,comofatoresambientais pré-natais,perinataisepós-natais.ComoosTEAssão trans-tornosdoneurodesenvolvimento,complicac¸õesnoperíodo neonatalmarcadorasdeeventosouprocessos que surgem noiníciodoperíodoperinatalpoderãoserfatores particu-larmenteimportantesaseremconsiderados.8
Atéondesabemos,na Tunísia,atéagora nãohá estudo quetenhalevadoemconsiderac¸ãoarelac¸ãoentrefatores deriscopré-natal,perinatalepós-nataleTEA.
Dessaforma,oobjetivodenossoestudoéidentificaros fatorespré,periepós-nataisrelacionadosaoTEAao com-pararcrianc¸ascomTEAcomseusirmãosquenãosofremde transtornodeautismo.
Métodos
Estudo
Nossoestudo foitransversale comparativo.Foiconduzido emtrêsmeses,dejulhoasetembrode2014.
Populac¸ão
1. Oprimeirogrupoécompostode50crianc¸asautistas pre-viamenteidentificadaseacompanhadasregularmenteno DepartamentodePsiquiatriadaCrianc¸aedoAdolescente doHospitalHédiChakerdeSfax(Tunísia).Essespacientes vêmdediferentesregiõesdaTunísia,jáqueexistem ape-nastrêsdepartamentosdepsiquiatriainfantilemtodoo país.Osindivíduostêmentre3e7anos.
2. Osegundogrupoécompostode51crianc¸asnãoautistas. Elastêmentre3e12anos.
Critériosdeinclusãoeexclusão
Critériosdeinclusão.
- Noprimeirogrupo,crianc¸asquereuniramoscritériosdo DSM5paraTEAecujapontuac¸ãonaescaladeavaliac¸ão doautismonainfância(CARS)foi≥30.
- Nosegundo grupo, irmãos não afetados como grupo de controle.
Nosdoisgrupos,ascrianc¸astinhampelomenos3anos. Esse critérioparaselec¸ãodeidade temcomo baseo fato dequeoreconhecimentodoTEAtemumnívelelevadode certezaaos3anos.
Critériosdeexclusão. Doenc¸asneurogenéticasconhecidas (p.ex.,esclerosetuberosa,neurofibromatose,síndromedo Xfrágil,síndromedeDown).
Ogrupodecontrolecompartilhouoscritériosde exclu-são.
Ferramentas
CritériosDiagnósticosdoDSM-5paraTEA
NoDSM-5,oTEAabrangeotranstornoautista(autismo),o transtornodeAsperger,otranstornodesintegrativoda infân-ciae o transtornoinvasivodo desenvolvimentodoDSM-IV anteriornãoespecificadosdeoutraforma.1
EscaladeAvaliac¸ãodoAutismonaInfância(CARS)
Avalia a intensidade da sintomatologia do TEA e a gravi-dade de comportamentos autistasem 14 áreas funcionais aoatribuir umapontuac¸ãode1a4.Umapontuac¸ãogeral écalculadaaoseacrescentaremtodasasnotasparasituar três níveis: ‘‘autismosevero’’ (pontuac¸ão entre37 e 60), ‘‘autismoleveamoderado’’(pontuac¸ãoentre30e36,5)e ‘‘inexistênciadeTEA’’(pontuac¸ãoinferiora30).10Otempo
paraaplicac¸ãodessaescalaéde20a30minutos.
Procedimentos
Todos os procedimentos de estudo foram aprovados pelo ComitêdeÉticaemPesquisalocal.
Oconsentimentoinformaldospaisouresponsáveislegais dosparticipantesfoiobtidodepoisqueanaturezados pro-cedimentosfoitotalmenteexplicada.
Umpsiquiatrainfantiladequadamentetreinado entrevis-toumães,78%doscasos,pais,4%doscasos,emãesepais, 18%doscasos.
Ospaispreencheramumquestionáriosobreohistóricode saúdecomumacombinac¸ãodeperguntasfechadaseabertas arespeitodagravidez,dopartoedascomplicac¸õesdurante eapósonascimento.Alémdisso,osdadosforamcoletados noregistromédicoenoprontuáriomédicodonascimento.
Asvariáveisestudadasforamprojetadasdeacordocom osfatoresderiscoprováveldeTEAdaliteraturaexistente. As variáveis a seguir, levadas em considerac¸ão para os 2 grupos, foram classificadas como fatores dos pais e característicaspré,periepós-nataisecodificadasemuma variávelbinária(sim/não).
Fatoresdospais:Idadematernaepaternaavanc¸adano momentodaconcepc¸ão(≥35anos),consanguinidade.
Fatorespré-natais:Doenc¸asque surgemdurantea gra-videz, como diabetes gestacional (que normalmente se desenvolvenasegundametadedagravidez),pressão arte-rial alta e baixa, infecc¸ões gestacionais, sofrimento fetal que induz condic¸ões de aborto iminente como perda de líquidoamnióticoe sangramentoduranteagestac¸ão,bem comocondic¸õesintrauterinassubideais.
Fatores perinatais: Característicasdo parto como nas-cimento a termo (nascimento prematuro ou pós-termo), tipo de parto, incluindo parto com fórceps ou cesárea, sofrimentofetalagudoepesoaonascer(baixopesoao nas-cer<2.500gemacrossomia>4.000g).
Fatores pós-natais: Todas as doenc¸as que ocorrem nas primeirasseissemanasapósonascimento,comoinfecc¸ões respiratóriaseurinárias,déficitauditivo(perdade30dB)e doenc¸ashematológicas,comoanemiaetrombocitopenia.
O diagnóstico deinfecc¸ões respiratóriase urinárias foi mantidoduranteinternac¸õesemservic¸ospediátricos.
Análiseestatística
FoifeitacomoPacote EstatísticoparaasCiênciasSociais (IBMCorp.Released 2011.IBM SPSSEstatísticaspara Win-dows,versão20.0,EUA),incluindo:
Um estudo descritivo: observamos as frequências das
variáveis quantitativas e a média com desvio padrão
dasvariáveisqualitativas.
Umestudoanalítico:usamosocoeficientedecorrelac¸ão dePearsonparaestabelecercorrelac¸õesentreosdois gru-pos. O nível de relevância estatística foi estabelecido no valordep<0,05(nívelalfade5%).
Umaanálisemultivariável:aregressãologísticafoifeita paraidentificarfatoresderiscodeautismo.Levaram-seem considerac¸ão fatores de confusão e usou-se o método de arredondamentoparabaixodeWald.
Inicialmente,incluímostodasasvariáveisassociadasde formasignificativaaoautismonaanáliseunivariávele aque-las consideradas fatores de risco na literatura. O nível de significância foi estabelecido em 20%. A precisão do modelo final foi verificada e calculada de acordo com o testedeHosmer-Lemeshow.Osresultadosforamexpressos pelarazãodechanceajustada(RCa)comseusintervalosde confianc¸a,IC95%(RCa).
Resultados
Perfilclínicodecrianc¸ascomTEA
Tabela 1 Idade dospais nomomentoda concepc¸ãonos doisgrupos
Grupo1 Grupo2 Valordep
N % N %
Pais
<35anos 17 34 25 50,9 0,12
≥35anos 33 66 26 49,01
Mães
<35anos 38 72 41 80,4 0,59
≥35anos 12 24 10 19,6
Fatoresdospais
A tabela 1 apresenta a distribuic¸ão da idade dos pais no momentodaconcepc¸ãoemambososgrupos.Elaindicaque ataxadeidadeavanc¸ada(≥35anos)entrepaisnomomento
daconcepc¸ãofoimaisaltaemcrianc¸ascomTEAdoqueem seusirmãos (66%, em comparac¸ão com 49,01% parapais, e 24%, em comparac¸ão com 19,6% para mães), porém a diferenc¸anãofoiestatisticamentesignificativa.
Emnossoestudo,ataxadeconsanguinidadefoide28% (1◦ grau em 31% dos casos, 2◦ grau em 26% dos casos e
3◦grauem43%doscasos).
Fatorespré-natais,perinataisepós-natais
Atabela2 mostraumacomparac¸ãodefatorespré-natais, perinatais e pós-natais entreos dois grupos. Embora não tenhasidoencontradaumarelevânciaestatísticaentre fato-respré-nataiseosdoisgrupos(p=0,13),aprevalênciafoi mais alta no primeiro grupo (50%, em comparac¸ão com 35,3%).Atabela2 mostraque osfatoresperinatais foram maisfrequentesnoprimeirogrupo,comumataxade60%, em comparac¸ão com 11,8% no segundo grupo, com uma relac¸ãoestatisticamentesignificativa(p=0,03).Osfatores perinataismaisfrequentes encontradosnogrupocomTEA foramsofrimento fetalagudo(26%),prematuridade e difi-culdadesnopartoobservadasem18%,emcadacaso.
Quantoaosfatorespós-natais,estavamassociadosaoTEA (40%no 1◦ grupo, em comparac¸ão com9,8% no2◦ grupo,
p=0,042). Esses fatores eram principalmente umtipo de infecc¸ãorespiratória(24%doscasosno1◦grupo).
Atabela3mostraqueapósaregressãologísticaosfatores deriscodeautismoencontradosnomodelofinalforam:sexo masculino,infecc¸ãodotratourinárioantesdonascimento, sofrimentofetalagudo,dificuldadesnopartoeinfecc¸ão res-piratória.
A figura 1 mostra a distribuic¸ão de fatorespré-natais, perinatais e pós-natais de acordo com a gravidade do autismo.
Não encontramos associac¸ão entre a gravidade do autismoeosfatorespré-natais,perinataisepós-natais.
Discussão
Estapesquisadiscuteascomplicac¸õespré-natais,perinatais e pós-natais, bem como algumascaracterísticas dos pais, quepoderiamserconsideradasfatoresderiscodeTEA
Autismo leve a moderado
p = 0,16 p = 0,5
64% 67%
60%
65%
p = 0,2
58% 45%
Fatores pré-natais Fatores perinatais Fatores pós-natais Autismo severo
Figura1 Distribuic¸ãodefatorespré-natais,perinataise pós--nataisdeacordocomagravidadedoTEA(50casosnototal).
Fatoresdospais
Estudosanterioresrelacionaramidadeavanc¸adamaternae paternaaoaumentodoriscodeTEAs.11,12
Emnossoestudo,escolhemos35anoscomoidadelimite dos pais. Essa escolha teve como base as idades reco-mendadas por muitos autores.11---13 Embora não tenhamos
encontrado uma correlac¸ão entre a idade avanc¸ada de ambosospaisnomomentodaconcepc¸ãoeoTEA,a frequên-ciadepaiscommaisde35anosfoimaisaltaem crianc¸as comTEAdoqueemseusirmãos(24%,emcomparac¸ãocom 19,6%paraidadematerna,e67%,emcomparac¸ãocomquase 50%paraidadepaterna,respectivamente).
Asteoriasquedefendemaassociac¸ãoentreaidadedos paiseoaumentodoriscodeTEAsincluemapossibilidadede maismutac¸õesgenéticasnosgametasdepaisemãesmais velhos,bemcomoumambienteuterinomenosfavorávelem mãesmaisvelhas,commaiscomplicac¸õesobstétricas,como baixopesoaonascer,prematuridadeehipóxiacerebral.11
Ademais,deacordocomalgunsestudos,aalta prevalên-ciadedoenc¸ascrônicasentremulheresmaisvelhaspoderia contribuir paraampliar o risco de resultadosadversos no nascimento.12,14Dados daliteraturaquetentamexplicaro
aumentodoriscodeTEAsentremãesmaisvelhasindicaram o risco elevado de complicac¸ões obstétricas observado nessas mães.11,12,14 Adicionalmente, anomalias congênitas
também são mais comuns nos fetos e neonatos de mães maisvelhaseessasdoenc¸ascontribuemparaoaumentodo riscodeTEA.
Emnossoestudo,constatamosumataxade28%de con-sanguinidade. Na literatura, afirma-se que o casamento consanguíneoaumentaaschancesdeherdarumDNAruim, oquedefinitivamenteresultaemumdefeitodenascenc¸a. Doenc¸asinataspodemcausaroutrasanomaliaseoautismo tambémpodeserprovocadoporoutrasdoenc¸as.15 Comoo
grupodecontrole,em nossoestudo,é representadopelos irmãosconcebidosenascidosdosmesmospaisbiológicos,a consanguinidadenãopoderiaseravaliadacomoumfatorde riscodeTEA.
Fatorespré-natais,perinataisepós-natais
Na atual pesquisa, nenhuma correlac¸ão foi
Tabela2 Correlac¸ãoentrefatorespré,periepós-nataiseosdoisgrupos
Grupo1(N=50) Grupo2(N=51) Valordep
N % N %
Fatorespré-natais 25 50 18 35,3 0,13
Exposic¸ãoaotabagismo 11 22 6 11,8 0,16
Infecc¸ãourinária 6 12 2 3,9 0,16
Hipertensãonagravidez 5 10 3 5,9 0,48
Abortoiminente 5 10 3 5,9 0,48
Diabetesgestacional 4 8 1 2 0,2
Hipotensão 1 2 0 0 0,49
Fatoresperinatais 30 60 6 11,8 0,01
Sofrimentofetalagudo 13 26 3 5,9 0,006
Prematuridade 9 18 0 0 0,001
Pós-termo 1 2 1 2 1
Partodifícil 9 18 3 5,9 0,06
Baixopesoaonascera 6 12 1 2 0,06
Macrossomiab 3 6 1 2 0,36
Fatorespós-natais 20 40 5 9,8 <0,01
Infecc¸ãorespiratória 12 24 1 2 0,001
Infecc¸ãourinária 3 6 1 2 0,36
Déficitauditivoc 2 4 0 0 0,24
Doenc¸ashematológicasd 1 2 2 3,9 1
a Baixopesoaonascer<2.500g. b Macrossomia>4.000g.
c Déficitauditivo(perdade30dB).
d Doenc¸ashematológicasincluemumcasodeanemianoG1eumcasodeanemiaeumcasodetrombocitopenianoG2.
perinataise pós-natais.Nossosresultadosestão deacordo com alguns estudos recentes.16,17 Inversamente, algumas
hipótesesesperavamqueaformalevedeautismomostraria uma associac¸ão mais fraca ou nenhuma associac¸ão com fatoresderiscoobstétrico.
Fatorespré-natais
Emnossoestudo,aocorrênciadeinfecc¸ãomaternafoimais alta entre casos de TEA em comparac¸ão com o grupo de controle(12%parao primeirogrupo,em comparac¸ão com 3,9%paraogrupodecontrole).
De acordo com muitos estudos, o ambiente intraute-rino adverso resultante de infecc¸ões bacterianas e virais
maternas durante a gravidez representa um fator de
riscosignificativoparaváriosdistúrbiosneuropsiquiátricos, incluindooTEA.15 Aassociac¸ãoentreinflamac¸ão
intraute-rina,infecc¸ãoeTEAtemcomobaseestudosepidemiológicos e relatos de caso. Aparentemente, essa associac¸ão está relacionada com o processo inflamatório materno; assim, aativac¸ãodosistemaimunematernopoderádesempenhar umpapelnotranstornodoneurodesenvolvimento.
Em estudos com grandespopulac¸ões,os pesquisadores nãoencontraram umainfecc¸ão específica,porém,em vez disso, uma maior taxa de TEA, principalmente quando a infecc¸ãomaternaébastantegraveerequerinternac¸ão.15,18
Dentreosfatorespré-nataisidentificadosnesteestudo, a exposic¸ão ao tabaco do cigarro (fumante passiva) foi observada em 22% dos casos. Estudos epidemiológicos retrospectivosdescobriramentreasmãesdecrianc¸ascom
Tabela3 AnáliseajustadadefatoresderiscodeTEA
Covariáveis Análiseunivariada Análisemultivariada
RC p RCa IC95%(RCa) p
Sexo 2,15 0,07 2,5 [0,9-6,9] 0,07
Exposic¸ãoaotabagismo 2,11 0,16 --- ---
---Infecc¸ãourinária 3,34 0,16 5,7 [0,8-38,2] 0,07
Diabetesgestacional 4,34 0,2 --- ---
---Sofrimentofetalagudo 5,6 0,006 5,2 [1,2-21,6] 0,02
Prematuridade 0,001 --- ---
---Partodifícil 3,51 0,06 3,6 [0,8-16] 0,09
Baixopesoaonascer 6,8 0,06 --- ---
TEA umaumento significativo no percentual de mulheres expostasaotabacoduranteaconcepc¸ãodacrianc¸a.Assim,o fumomaternofoiconsideradoumpossívelfatormaternode confusão,bemcomooutrassubstânciasquímicastóxicas.6
Algunsautoresdemonstraramqueotabagismomaterno nagravidezpoderáexercerumimpactocomutativosobrea linhagemdascélulas reprodutivasdamãee tambémestá associado ao aumento da taxa de aborto espontâneo, ao partoprematuro,aopesoreduzidoaonascer.19Osachados
arespeitodarelac¸ãocomTEAaindasãocontroversos.20---22
Esteestudomostrouqueafrequênciadediabetes gesta-cionalfoimaisaltanoprimeirogrupo(8%,emcomparac¸ão com2%no2◦grupo).
De acordo com alguns autores, a diabetes gestacional está associada principalmente a distúrbios do cresci-mento fetal e uma taxa maior de diversas complicac¸ões na gravidez.23 A diabetes gestacional também afeta a
coordenac¸ãomotorafinaegrossaeaumentaataxade difi-culdades de aprendizagem e de transtorno do déficit de atenc¸ãocomhiperatividade,comorbidade neurocomporta-mental comum no TEA. Os efeitos negativos da diabetes materna sobre o cérebro poderão resultar do aumento do estresse oxidativo fetal intrauterino e de alterac¸ões epigenéticas na expressão de vários genes. O aumento do risco percebido poderá estar relacionado com outras complicac¸õesnagravidezcomunsnadiabetesoucom efei-tossobreocrescimentofetal,em vezdecomplicac¸õesde hiperglicemia.Também nãosesabe seo controleidealda diabetesfavoreceráareduc¸ãodessaassociac¸ão.23
Devidoaoaumentodesuaincidência,adiabetesmaterna foiconsideradaporváriosestudosumacandidataóbviaaser associadaaoTEA,aopassoqueoutrasdoenc¸asnão demons-traramessasassociac¸ões.15,20,23
Nesta pesquisa, hipertensão, hipotensão e aborto imi-nenteforammaisfrequentesno1◦ grupoem comparac¸ão
com o 2◦ grupo (10%, em comparac¸ão com 5,9%; 2%, em
comparac¸ão com 0%, e 10%, em comparac¸ão com 5,9%, respectivamente).Essascondic¸õesnormalmenteestão rela-cionadas com a perda fetal e com resultados adversos noneonato,comoprematuridade, retardodocrescimento intrauterino,natimortalidadeeóbitoneonatal,oqueindica sofrimentofetal.Da mesma forma,a hipóxiafetalé uma das manifestac¸ões desse sofrimento fetale há relatosde queela induz condic¸õescomo ruptura daplacenta, parto prematuro iminente, cesárea de emergência, parto com fórceps,abortoespontâneo comdiferentes grausdedano cerebral.4,5 Dessa forma, o TEA foi relacionado com o
sofrimento fetal:a privac¸ão de oxigênio poderia prejudi-car regiões vulneráveis do cérebro, como os gânglios da base,ohipocampoeosventrículoslaterais.Algunsestudos de neuroimagem demonstraram anomalias nessas regiões entrepacientes com TEA em comparac¸ão com grupos de controle.5,14
Fatoresperinatais
Emnossasérie,osfatoresperinataisestavamassociadosao TEA de maneira muito significativa (p=0,03). Esse resul-tado é compatível com a literatura.4,24 Na verdade, as
complicac¸ões durante o parto afetam o neurodesenvolvi-mentodofetoedoneonatoemestágiosposterioresepodem contribuirparaoriscodeTEA.
A pesquisa atual tambémsugere que fatores obstétri-cosocorremcommaisfrequênciaemcrianc¸ascomTEAdo queemseusirmãosnãoafetados.Nossosresultadosse jun-tamaoutrosestudosquerelatamumarelac¸ãoentrefatores perinataiseTEA.
Osfatoresperinataisforamrepresentadosporumalonga durac¸ãodoparto eprematuridadeem 18%dos casoscada ume sofrimentofetal agudoem 26%dos casos.Portanto, admite-se queessas doenc¸as poderãolevar ao sofrimento fetaleàasfixiaeresultarem danocerebral.Foiproposto que aprivac¸ão deoxigêniofetalaumentao risco deTEA. Recentemente,pesquisasdestacaramaocorrênciadeTEAs embebêsmuitoprematuros,alémdejáseterem identifi-cadotranstornosdedesenvolvimento.4,14,24
Fatorespós-natais
Nossos achados se juntam aos estudos anteriores,
suge-rem que acontecimentos pós-natais podem aumentar o
riscodeTEAsemalgumascrianc¸as.4Defato,encontramos
umaassociac¸ãosignificativaentrefatorespós-nataiseTEA (p=0,042).
Em nosso estudo, encontramos uma associac¸ão entre infecc¸ões dos tratos urinário e respiratório e TEA. Esses achados podem ser explicados pela liberac¸ão de citoci-nascomorespostasimunesdobebêaessasinfecc¸ões,que podem afetar a proliferac¸ão e a diferenciac¸ão de células neurais. Essas disfunc¸ões são conhecidas pela associac¸ão comoTEA.5,25
Déficitsauditivos foram maiscomuns no 1◦ grupo (4%,
emcomparac¸ãocom0%no2◦ grupo).Nossosresultadosse
juntamaosdeFombonne,26querelata,emumametanálise,
queaprevalênciadedéficitssensoriaisnoautismovariade 0,9%a5,9%.
Rosenhall et al.27 estimaram em seu estudo feito em
199crianc¸aseadolescentescomTEAqueaprevalênciade deficiênciaauditivanoautismoédezvezesmaiordoquena populac¸ãogeral (11%).Elestambémobservaramque 7,9% dospacientesapresentaramumaperdaauditivamédia,ao passoque3,5%eramprofundamentesurdose18% apresenta-ramhiperacusianoaudiogramamesmoquandoofatoridade eracontrolado.Maisrecentemente,Kielinenetal.28
obser-varamemumapopulac¸ãodecrianc¸ascomautismoque8,6% apresentamumaligeiraperdaauditiva,7%,umdéficit mode-radoe1,6%,umadeficiênciagrave(perdaauditivaemmais de60dBnaaudiometria).
Aforc¸adopresenteestudoresidenaconfirmac¸ãoprecisa doTEA,naparticipac¸ãoativadospaisenousodosirmãos nãoafetadoscomogrupodecontrole.Esseúltimorecurso poderá ajudar na identificac¸ão de fatores de risco e no controle do histórico hereditário, do ambiente familiar e dapredisposic¸ãomaternaacomplicac¸õesnagravidezouno nascimento.
Entretanto,esta pesquisa tem algumas limitac¸ões.Por exemplo, o númerolimitadodas amostras.É porisso que essesresultadosdevemserconcluídosporestudos epidemi-ológicosemgrandeescalaemedianteumamaiorpopulac¸ão. ParaenfrentaraquestãodoTEAeaconsanguinidade,uma maiorpopulac¸ãocomesemconsanguinidadedeveser ava-liada.
deriscodeTEA.Naliteratura,algunsdessesfatoresforam associadosao autismo e, apartir daí, devemser conside-rados comofatoresderisco potencial,bemcomo eventos perinataisepós-natais.
Fatorespré-natais,perinataisepós-nataisdoTEAdevem serconsideradosnosentidomaisamplo:esseseventosdos ambientesfetal,neonataleinfantilpoderiaminteragirou contribuir,em combinac¸ão comoutros cofatores (ambien-tais,genéticos), para constituirumasíndrome autista. As pontuac¸õesindicamque,emvezdeseconcentrarememum únicofator,estudosfuturosdeveminvestigaracombinac¸ão deváriosfatores.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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