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A cultura brasileira de Darcy Ribeiro em língua inglesa: um estudo da tradução de termos e expressões de antropologia da civilização

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Academic year: 2017

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A CULTURA BRASILEIRA DE DARCY RIBEIRO EM

LÍNGUA INGLESA: UM ESTUDO DA TRADUÇÃO DE

TERMOS E EXPRESSÕES DE ANTROPOLOGIA DA

CIVILIZAÇÃO

VOLUME 1

(2)

Serpa, Talita.

A cultura brasileira de Darcy Ribeiro em língua inglesa: um estudo da tradução de termos e expressões de antropologia da civilização / Talita Serpa. - São José do Rio Preto : [s.n.], 2012.

3v.; 30 cm.

Orientador: Diva Cardoso de Camargo

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas

1. Tradução e interpretação. 2. Linguística de corpus. 3. Tradução cultural. 4. Antropologia – Terminologia. I. Camargo, Diva Cardoso de. II. Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas. III. Título.

CDU – 81’253

(3)

A CULTURA BRASILEIRA DE DARCY RIBEIRO EM

LÍNGUA INGLESA: UM ESTUDO DA TRADUÇÃO DE

TERMOS E EXPRESSÕES DE ANTROPOLOGIA DA

CIVILIZAÇÃO

VOLUME 1

Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Estudos Linguísticos, área de Linguística Aplicada, junto ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Câmpus de São José do Rio Preto.

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Diva Cardoso de Camargo Prof. Doutor

UNESP – São José do Rio Preto Orientadora

Prof. Dr. Francis Henrik Aubert Prof. Doutor

Universidade de São Paulo

Profa. Dra. Adriane Orenha Ottaiano Prof. Assistente Doutor

UNESP-São José do Rio Preto

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A meus pais, pela paciência e incentivo.

A minha orientadora, Profa. Dra. Diva Cardoso de Camargo, pela orientação acadêmica, pela amizade e pelos conselhos de vida.

À CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, financiadora de minha pesquisa, pela bolsa de Mestrado.

Ao Prof. Dr. Francis Henrik Aubert, da USP e à Profa. Dra. Adriane Orenha Ottaiano pela participação na Banca Examinadora.

Ao Prof. Dr. Francis Henrik Aubert, da USP e à Profa. Dra. Ana Mariza Benedetti, da UNESP, pela participação na banca do Exame Geral de Qualificação e pelas contribuições para a pesquisa.

Aos membros do Projeto PETra, pelas colaborações teóricas, pelas trocas de vivências, pelas oportunidades profissionais e pelo excelente clima de companheirismo no desenvolvimento das pesquisas.

À Profa. Me. Antonia Celene Miguel e à Profa. Me. Natalia Máximo e Mello, colegas sociólogas do GT-Trabalho da Universidade Federal de São Carlos, pelo apoio e pelos aportes na área de Ciências Sociais.

À Fundação Darcy Ribeiro, pelo fornecimento de dados sobre a vida do autor, assim como das obras traduzidas para a língua inglesa.

Aos funcionários da Seção de Pós-Graduação, pela atenção e pelos serviços eficientemente prestados.

(5)

INTRODUÇÃO...17

1. DARCY RIBEIRO: DADOS BIOGRÁFICOS, TEORIA E OBRAS...27

1.1 A vida de Darcy Ribeiro...30

1.2 A obra de Darcy Ribeiro...33

1.3 A Antropologia da Civilização e seus tradutores para a língua inglesa...36

2. FUDAMENTAÇÃO TEÓRICA...45

2.1 Conceituação de corpus e de alguns termos utilizados nesta pesquisa...45

2.1.1 Conceituação de termo e expressão fixa ou semifixa...48

2.1.2 A relação entre termo e conceito...51

2.2 Os Estudos da Tradução: breve percurso histórico pelas principais vertentes teóricas...53

2.2.1 Os Estudos da Tradução Baseados em Corpus...55

2.2.2 Intersecção entre os Estudos Descritivos da Tradução e os Estudos da Tradução Baseados em Corpus...57

2.3 Intersecção entre os Estudos da Tradução Baseados em Corpus e a Linguística de Corpus...61

2.4 Intersecção entre os Estudos da Tradução Baseados em Corpus e a Terminologia...68

2.4.1 A variação na produção terminológica em Ciências Sociais...72

2.4.2 Terminologia e Tradução em Ciências Sociais...75

2.5 Uma possível relação de interdisciplinaridade entre pressupostos teóricos das Ciências Sociais e os Estudos da Tradução...81

3. METODOLOGIA DA PESQUISA...91

3.1 Material compilado para os corpora...92

3.2 Procedimentos...93

(6)

3.2.3 Procedimentos para organização dos glossários...100

3.2.4 Investigação de possíveis diferenças culturais na construção de conceitos concernentes à AC...102

3.2.5 Levantamento dos traços de simplificação...103

3.2.6 Levantamento dos traços de explicitação...104

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS...107

4.1 Análise de termos simples e compostos, e de expressões fixas ou semifixas da subárea de AC extraídos da obra O processo civilizatório e da respectiva tradução...107

4.1.1 Levantamento dos termos e expressões em O processo civilizatório e possíveis variações terminológicas no processo tradutório de Betty J. Meggers em The Civilizational Process...109

4.2 Análise de termos simples e compostos, e de expressões fixas ou semifixas da subárea de AC extraídos da obra O povo brasileiro e da respectiva tradução...133

4.2.1 Levantamento dos termos e expressões em O povo brasileiro e possíveis variações terminológicas no processo tradutório de Gregory Rabassa em The Brazilian People...135

4.3 Análise da variação na tradução de termos e expressões coocorrentes nas duas obras de AC do corpus principal...180

4.4 Análise de termos e expressões de Antropologia a partir das palavras-chave dos corpora comparáveis de TOPs e de TOIs...200

4.5 Identificação de traços de Simplificação...253

4.5.1 Identificação de traços de simplificação em The Civilizational Process...254

4.5.2 Identificação de traços de simplificação em The Brazilian People...259

4.6 Identificação de traços de Explicitação...264

(7)

CONSIDERAÇÕES FINAIS...277

ENCAMINHAMENTOS FUTUROS...283

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA E BIBLIOGRAFIA CONSULTADA..285

APÊNDICES...301

APÊNDICE A. Lista 1: Cem palavras mais frequentes extraídas do subcorpus

principal do TO de Antropologia da Civilização – O PROCESSO

CIVILIZATÓRIO...303

APÊNCIDE B. Lista 2: Cem palavras mais frequentes extraídas do subcorpus principal do TT de Antropologia da Civilização – THE CIVILIZATIONAL PROCESS...306

APÊNDICE C. Lista 3: Cem Palavras-Chave extraídas do subcorpus principal do TO de Antropologia da Civilização –O PROCESSO CIVILIZATÓRIO...309

APÊNDICE D.Lista 4: Cem Palavras-Chave extraídas do subcorpus principal do TT de Antropologia da Civilização –THE CIVILIZATIONAL PROCESS...312

APÊNDICE E. Lista 5: Candidatos a termos simples, expressões fixas e semifixas em português, extraídos do subcorpus principal do TO de Antropologia da Civilização –O PROCESSO CIVILIZATÓRIO...315

APÊNDICE F. Lista 6: Cem palavras mais frequentes extraídas do subcorpus principal do TO de Antropologia da Civilização –O POVO BRASILEIRO...325

APÊNDICE G. Lista 7: Cem palavras mais frequentes extraídas do subcorpus principal do TT de Antropologia da Civilização – THE BRAZILIAN PEOPLE...328

APÊNDICE H. Lista 8: Cem Palavras-Chave extraídas do subcorpus principal do TO de Antropologia da Civilização –O POVO BRASILEIRO...331

APÊNDICE I. Lista 9: Cem Palavras-Chave extraídas do subcorpus principal do TT de Antropologia da Civilização –THE BRAZILIAN PEOPLE...334

APÊNDICE J. Lista 10: Candidatos a termos simples, expressões fixas e semifixas em português, extraídos do subcorpus principal do TO de Antropologia da Civilização –O POVO BRASILEIRO...337

(8)

APÊNDICE M. Lista 13: Candidatos a termos e expressões em português, extraídos do corpus comparável em Língua Portuguesa (L1)...355

APÊNDICE N. Lista 14: Candidatos a termos e expressões em português, extraídos do corpus comparável em Língua Inglesa (L2)...378

APÊNDICE O. Glossário Bilíngue de Termos Simples e Compostos da Subárea de Antropologia da Civilização Direção Português ↔ Inglês...405

(9)

Figura 1: Lista de frequência de palavras geradas a partir da obra O processo civilizatório (OPC) dos subcorpora principais dos TOs de AC...94

Figura 2: Lista em ordem alfabética de palavras geradas a partir da obra OPC dos subcorpora principais dos TOs de AC...95

Figura 3: Lista de estatísticas geradas a partir da obra OPC dos subcorpora principais de TOs de AC...95

Figura 4: Tela com a lista de palavras-chave a partir do TO da obra OPC...96

Figura 5: Tela com a lista de palavras-chave a partir do TT da obra The Civilizational Process...97

Figura 6: Linhas de concordância com o termo povos como palavra de busca ou nódulo na obra OPC...97

Figura 7: Lista de clusters (agrupamentos) a partir da palavra-chave povos na obra OPC...98

Figura 8: Amostra dos colocados em relação à palavra-chave povos na obra OPC...98

(10)

Quadro 2: Classificação do tamanho do corpus...65

Quadro 3: Microestrutura de organização dos glossários...101

Quadro 4: Amostra do verbete abrasileiramento retirado do glossário de termos de AC...102

Quadro 5: Lista de termos simples que apresentam variação na tradução de Meggers em The Civilizational Process...118

Quadro 6: Candidatos a expressões fixas e semifixas extraídos do subcorpus principal da obra O processo civilizatório...122

Quadro 7: Candidatos a expressões fixas e semifixas extraídos do subcorpus principal da obra The Civilizational Process...123

Quadro 8: Lista de expressões fixas e semifixas que apresentam variação na tradução de Meggers em The Civilizational Process...125

Quadro 9: Possíveis Neologismos e Brasileirismos da obra O processo civilizatório e as respectivas traduções por Meggers...129

Quadro 10: Lista de termos simples que apresentam variação na tradução de Rabassa em The Brazilian People...146

Quadro 11: Candidatos a expressões fixas e semifixas extraídos do subcorpus principal da obra O povo brasileiro...161

Quadro 12: Candidatos a expressões fixas e semifixas extraídos do subcorpus principal da obra The Brazilian People...162

Quadro 13: Lista de expressões fixas e semifixas que apresentam variação na tradução de Rabassa em The Brazilian People...163

Quadro 14: Estrutura do habitus tradutório para termos simples e compostos culturalmente marcados (brasileirismos) na obra O povo brasileiro em LM ...172

Quadro 15: Estrutura do habitus tradutório para expressões fixas e semifixas culturalmente marcadas (brasileirismos) na obra O povo brasileiro em LM...173

(11)

Quadro 18: Possíveis Neologismos da obra O povo brasileiro e suas respectivas traduções por Rabassa...176

Quadro 19: Exemplos de tradução de Termos Simples coocorrentes nas obras do corpus principal em LF e LM...182

Quadro 20: Exemplos de Termos Simples coocorrentes nas obras do corpus principal em LF e as possíveis variações de tradução em LM...185

Quadro 21: Exemplos de Termos Simples coocorrentes nas obras do corpus principal em LF não traduzidos por Meggers e as possíveis variações de tradução oferecidas por Rabassa...189

Quadro 22: Exemplos de tradução de Expressões Fixas e Semifixas coocorrentes nas obras do corpus principal em LF e LM...193

Quadro 23:Exemplos de Expressões Fixas e Semifixas coocorrentes nas obras do corpus principal em LF e as possíveis variações de tradução em LM...196

Quadro 24: Exemplos de Expressões coocorrentes nas obras do corpus principal em LF não traduzidos por Meggers e as possíveis variações de tradução oferecidas por Rabassa...199

Quadro 25: Exemplos de Expressões coocorrentes nas obras do corpus principal em LF não traduzidos por Rabassa e as possíveis variações de tradução oferecidas por Meggers...199

Quadro 26: Lista de termos simples presentes nos TOs e TTs e sua relação com os termos simples dos corpora comparáveis em L1 e L2...202

Quadro 27: Exemplos de Termos ocorrentes nos TOs e respectivas traduções nos TTs que não estão presentes nos corpora comparáveis em L1 e L2 e sua frequência na Web...215

Quadro 28: Exemplos de Termos ocorrentes nos TOs e respectivas opções tradutórias nos TTs e possíveis variações com relação aos corpora comparáveis em L1 e L2...220

Quadro 29: Exemplos de Termos Simples presentes apenas no subcorpus comparável em L1...223

(12)

Quadro 32: Candidatos a expressões fixas e semifixas extraídos do subcorpus comparável em L2...227

Quadro 33: Lista de expressões fixas e semifixas presentes nos TOPs e TOIs e sua relação com as expressões do corpus principal...228

Quadro 34: Lista de expressões fixas e semifixas coocorrentes entre o TO de O processo civilizatório e os TOPs e possíveis variações lexicais de tradução entre as opções de Meggers e o conteúdo terminológico dos TOIs...229

Quadro 35: Lista de expressões coocorrentes entre o TO de O povo brasileiro e os TOPs e possíveis variações lexicais de tradução entre as opções de Rabassa e o conteúdo terminológico dos TOIs...234

Quadro 36: Lista de termos simples presentes nos TOs e TTs e sua relação com os termos simples dos corpora comparáveis em L1 e L2...239

Quadro 37: Exemplos de Expressões presentes apenas no subcorpus comparável em L1...248

(13)

Tabela 1: Dez palavras mais frequentes do subcorpus principal da obra O processo civilizatório... 109

Tabela 2: Dez palavras mais frequentes do subcorpus principal da obra The Civilizational Process...109

Tabela 3: Dez palavras-chave do subcorpus principal da obra O processo civilizatório...113

Tabela 4: Dez palavras-chave do subcorpus principal da obra The Civilizational Process...113

Tabela 5: Dez palavras mais frequentes do subcorpus principal da obra O povo brasileiro... 135

Tabela 6: Dez palavras mais frequentes do subcorpus principal da obra The Brazilian People...136

Tabela 7: Frequência de uso do vocábulo brasileiro e de seus derivados no subcorpus principal do TO...138

Tabela 8: Frequência de uso dos vocábulos como substantivos e como adjetivos no subcorpus principal do TO...138

Tabela 9: Frequência de uso do vocábulo Brazilian no subcorpus principal do TT...139

Tabela 10: Frequência de uso dos vocábulos como substantivos e como adjetivos no subcorpus principal do TT...139

Tabela 11: Dez palavras-chave do subcorpus principal da obra O povo brasileiro...141

Tabela 12: Dez palavras-chave do subcorpus principal da obra The Brazilian People...141

Tabela 13: Dez palavras-chave do subcorpus comparável de Antropologia em L1...201

Tabela 14: Dez palavras-chave do subcorpus comparável de Antropologia em L2...201

(14)

em L1 e L2...245

Tabela 17: Estatísticas simples a partir do subcorpus do TO e TT de O processo civilizatório...254

Tabela 18: Estatísticas simples a partir do subcorpus do TO e TT de O povo brasileiro...259

Tabela 19: Número de itens e formas a partir do subcorpus principal de TO e TT da obra O processo civilizatório...265

(15)

AC –Antropologia da Civilização

OPB – O povo brasileiro

OPC – O processo civilizatório

L1 –Língua Portuguesa

L2 – Língua Inglesa

LF – Língua Fonte

LM – Língua Meta

TO – Texto Original

TT – Texto Traduzido

TOP – Texto originalmente escrito em língua portuguesa

(16)

Rio Preto, 2012.

RESUMO

Com o propósito de investigar os comportamentos linguístico-tradutório e social de dois tradutores diante dos obstáculos impostos pelos limites culturais na Tradução, analisamos um corpus paralelo da subárea de especialidade da Antropologia da Civilização, composto pelas obras O processo civilizatório: etapas da evolução sociocultural (1968)e O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil (1995), de autoria do antropólogo Darcy Ribeiro e pelas respectivas traduções para a língua inglesa, realizadas por Betty J. Meggers e Gregory Rabassa.Também nos valemos de dois corpora comparáveis de Antropologia em português e em inglês, e de um corpus de apoio composto principalmente por dicionários de Ciências Sociais e Antropologia. Os principais objetivos que nortearam a presente pesquisa foram: observar a tradução de termos e expressões das obras darcynianas, assim como verificar o processo tradutório concernente aos brasileirismos e neologismos terminológicos elaborados pelo autor; investigar o comportamento linguístico-cultural dos tradutores, por meio da análise das opções por eles utilizadas nas traduções e dos traços de simplificação e explicitação nos textos traduzidos; e elaborar dois glossários bilíngues para a terminologia antropológica. Para tanto, apoiamo-nos na abordagem interdisciplinar proposta por Camargo (2005, 2007), adotando, para o levantamento e processamento eletrônico dos dados, o arcabouço teórico-metodológico dos Estudos da Tradução Baseados em Corpus (BAKER, 1993, 1995, 1996, 2000), da Linguística de Corpus (BERBER SARDINHA, 2004, 2010; TOGNINI-BONELLI, 2001) e, em parte, da Terminologia (BARROS, 2004; KRIEGER & FINATTO, 2004, FAULSTICH, 1995, 2000). No tocante à análise dos dados levantados, adotamos os trabalhos de Sociologia da Tradução (TOURY, 1995; SIMEONI, 1998, 2007; GOUANVIC, 1995, 1999, 2002, 2005), além dos conceitos de campo, capital social, habitus e trocas simbólicas, propostos pelo sociólogo Bourdieu (1980). A metodologia utilizada requereu o uso do programa WordSmith Tools, o qual nos proporcionou os recursos para o levantamento dos dados e para a análise dos aspectos culturais e textuais. Quanto aos comportamentos tradutórios de Meggers e Rabassa, os resultados obtidos a partir de nossa investigação mostraram que os tradutores realizaram aproximações e distanciamentos socioculturais por meio de distintas opções lexicais, como por exemplo: 1- utilização de empréstimos da Língua Fonte para Língua Meta; 2- uso de simplificações e explicitações; 3- emprego de traduções literais e inversões; 4-uso de omissões, entre outras. Podemos citar, como exemplos de empréstimos usados nos textos traduzidos, alguns termos como: “bandeirante”, “caatinga”, “caboclo”, “caipira” e “mucama”. Os resultados apontaram ainda para a intensa variação vocabular na tradução dos brasileirismos, fator que pode permitir ao leitor da Cultura Meta perceber as diferenças de significado contidas nos termos e expressões antropológicos, principalmente no que diz respeito ao universo da sociedade brasileira, como, por exemplo, em: “agregado”: hired hand, share-cropper, worker e household servant. A recorrência ao uso desses recursos permitiu-nos verificar a possível formulação de um habitus tradutório passível de ser associado aos Estudos da Tradução. O uso dos recursos disponibilizados pela Linguística de Corpus contribuiu para as análises de cunho teórico-prático, além de ter permitido o processo de conscientização do papel social desempenhado pelos tradutores, por meio das diferentes escolhas lexicais dotadas de distintos sentidos sociais, o que representam uma tendência no comportamento tradutório em obras voltadas ao estudo da formação do “povo brasileiro”.

(17)

(University of the State of São Paulo), campus of São José do Rio Preto, Brazil,2012.

ABSTRACT

Intending to investigate the social and translational linguistic behaviors of two translators in face of obstacles imposed by cultural barriers in translation, we analyzed a parallel corpus of Social Anthropology of Civilization sub-area, composed by the works, O processo civilizatório (1968) e O povo brasileiro (1995), written by the anthropologist Darcy Ribeiro, as well as by their translations into English, performed by Betty J. Meggers and Gregory Rabassa, respectively. We also used two comparable corpora of Anthropology in Portuguese and in English, and a support corpus composed mainly of dictionaries of Social Sciences and Anthropology. The main objectives that guided this research were: to observe the translation of terms and expressions in Darcy Ribeiro’s works, to analyze the translational process concerning to the terminological Brazilianisms and neologisms produced by the author; to investigate the translators’ linguistic and cultural behavior through the analysis of resources used by them in their translations; to identify simplification and explicitation features in the two translated texts; and to elaborate two bilingual glossaries for anthropological terminology. With these purposes, we based our study on Camargo’s interdisciplinary proposal (2005,2007) adopting, for the electronic collection and processing of data, the theoretical and methodological framework of Corpus-Based Translation Studies (Baker, 1993, 1995, 1996, 2000), of Corpus Linguistics (BERBER SARDINHA, 2004, 2010, TOGNINI-BONELLI, 2001) and, in part, of Terminology (BARROS, 2004; KRIEGER & FINATTO, 2004, FAULSTICH, 1995, 2000). Concerning the classification and analyzes of data gathered from our corpora, we based our research on the works of Sociology of Translation (TOURY, 1995, SIMEONI, 1998, 2007; GOUANVIC, 1995, 1999, 2002, 2005), in addition to the concepts of field, socialcapital, habitus and symbolic exchanges proposed by the sociologist Bourdieu (1980). The methodology adopted in our investigation required the use of the program WordSmith Tools, which has provided the resources for collection of data and for the observation of cultural and textual aspects. Considering Meggers’s and Rabassa’s translational behavior, the results obtained from our parallel corpus showed that the translators presented socio-cultural similarities and differences made by different lexical resources: 1 - use of loans from the Source Language into the Target Language, 2 - use of simplifications and explicitations; 3 - use of literal translations and inversions; 4- use of omissions, among others. As examples of loans used in the translated texts, we can mention some terms as “bandeirante”, “caatinga”, “caboclo”, “caipira” and “mucama”. The results also pointed to the strong variation in the translation of the Brazilianisms, a factor that may allow the Target Culture reader to understand the differences of meanings contained in anthropological terms and expressions, especially in relation to the universe of Brazilian society, such as in : “agregado”: hired hand, share-cropper, worker e household servant.Recurrence to use these features allowed us to verify the possible formulation of a translational habitus that can be associated to Translation Studies. The use of the resources provided by Corpus Linguistics contributed to the theoretical and practical analysis, and allowed the process of awareness of the social role played by translators, through different lexical choices endowed with different social meanings, which represent a trend in the translational behavior in works aimed to study the formation of the "Brazilian people."

(18)

As distintas formas de organização dos seres humanos em sociedade são um fator de relevante interesse para as Ciências Sociais. Esta vertente científica teve suas origens na Filosofia Greco-Latina, principalmente em escritos de Aristóteles acerca das relações entre o social e o natural. Contudo, somente no século XIX, a preocupação com organizar de modo coerente todos os questionamentos e ideias sobre os temas sociais possibilitou o reconhecimento de uma proposta teórico-metodológica autônoma, a qual se tornou mais clara após a publicação de trabalhos como os de Auguste Comte, Émile Durkeim, Karl Marx e Max Weber. As Ciências Sociais, então, expandiram-se e ramificaram-se em várias áreas como a Antropologia, a Ciência Política, a Economia e a Sociologia, entre outras.

No âmbito dos estudos voltados às questões culturais, a Antropologia destacou-se como importante vertente, que se dedica a explorar teorias sobre a origem e a diferenciação entre homens e sociedades. Nos primórdios da consolidação da disciplina, as hipóteses reduziam-se às problemáticas de caráter geográfico e de traços genéticos de grandes unidades biológicas: as raças.

Tal modelo explanatório teve sucesso, principalmente durante os períodos de colonização, em vista da facilidade com que equacionava as diferenças entre as comunidades, países e culturas em uma escala evolucionária que ia do mais adiantado para o mais atrasado. Vale dizer: dos países brancos da Europa Ocidental, como Inglaterra, França, Portugal e Espanha, aos países mestiços das Américas, como Bolívia, Peru e, evidentemente, Brasil. Desse modo, o pensamento dos teóricos da época diminuia as possibilidades da constituição da sociedade brasileira como nação a um processo desvantajoso, dada a população mestiça e negra que, supostamente, atuava contra a modernização, ou seja, contra a branquização dos brasileiros. Assim, para os antropólogos europeus a mistura das raças era um grande perigo a ser evitado, provocando atraso na formação de uma raça pura, que deveria formar a espinha dorsal das nacionalidades.

(19)

autonomia em relação ao biológico e geográfico. O interesse do novo grupo de pesquisadores, como, por exemplo, Radcliffe-Brown e Lévi-Strauss, respectivamente de linha inglesa e francesa, concentrou-se na identificação das funções e das estruturas capazes de proporcionar o conhecimento de costumes e representações sociais dentro de um eixo comum, o que fez com que os autores identificassem a relatividade de certas formas culturais e suas variáveis econômicas e sociais (e mesmo geográficas). A compreensão de tradições, mitos e cultos, como as formas de casamento, as nomenclaturas de parentesco, as leis civis, os sistemas de organização de poder, permitiu aos pesquisadores descobrirem a dinâmica de certas construções culturais, construções estas que, uma vez institucionalizadas, regulavam e davam sentido a práticas sociais complexas. Os conjuntos de comportamentos orientariam as atividades humanas de modo que os costumes agiriam como instituições e fontes de valor (MICELI, et.al., 1989).

Dessa forma, no intuito de delimitar as linhas estruturais das culturas e sociedades da América Latina, assim como de difundir as proposições teóricas dos maiores antropólogos europeus nos países em desenvolvimento, os governos e instituições de pesquisa das antigas metrópoles coloniais promoveram a elaboração de um trabalho científico interacional nos países de nações ameríndias. Com isso, tornou-se iminente um intenso processo tradutório com o objetivo de adequar os textos originais (TOs) às novas necessidades contextuais de investigação, alterando não somente os elementos linguísticos, mas também as relações entre os povos envolvidos e elevando a Tradução a um caráter de ato cultural.

(20)

Nesse sentido, TOs e TTs favorecem, por meio de sua interação social, a percepção das dominâncias entre um povo e outro. O processo tradutório permite aos cientistas sociais a leitura e releitura das análises sociais propostas nos textos, favorecendo novos métodos e ideologias, que auxiliam no desenvolvimento de uma Antropologia que reivindica o posicionamento científico das populações até então colocadas sob a ótica do objeto.

No que concerne às Ciências Sociais, o papel do tradutor associa a mediação cultural a um reconhecimento interpretativo do repertório cultural e social da Cultura Fonte e da Cultura Meta. De maneira geral, a tarefa concentra-se nas mãos dos estudiosos da área, deixando de lado fatores como a formação profissional do tradutor e o conhecimento das etapas de um processo tradutório.

Quanto ao desenvolvimento da pesquisa antropológica no Brasil, este ganhou forças a partir da criação do curso de Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Escola de Sociologia e Política (ESP), na década de 30. Nesta época, a pesquisa realizada no país permaneceu fundamentada em investigações baseadas em teorias europeizadas e tinha por principal material os relatos históricos dos grupos colonizadores, ainda escritos em línguas europeias.

Na contramão das perspectivas analíticas pré-concebidas e importadas, antropólogos brasileiros, como Florestan Fernandes, Roberto DaMatta e Darcy Ribeiro, propuseram a elaboração de uma teoria que se concentrasse na construção de uma avaliação das condições de promoção do processo civilizatório deste país, livre da ação teórica precedente.

A esse respeito, Darcy Ribeiro (1995) enfatiza que:

[...] nos faltava uma teoria geral, cuja luz nos tornasse explicáveis em seus próprios termos, fundida em nossa experiência histórica. As teorizações oriundas de outros contextos eram todas elas eurocêntricas demais e, por isso mesmo, impotentes para nos fazer inteligíveis. Nosso passado, não tendo sido o alheio, nosso presente não era necessariamente o passado deles, nem nosso futuro um futuro comum. (RIBEIRO, 1995, p.13).

(21)

questão dos índios e negros e a formação da identidade do povo brasileiro, criando assim uma série de seis livros intitulada Antropologia da Civilização (doravante AC)1

.

Segundo Antonio Candido (1995)2, Darcy Ribeiro é um dos maiores intelectuais brasileiros, não apenas pela alta qualidade do seu trabalho e da sua produção de antropólogo, de educador e de escritor, mas também pela incrível capacidade de viver muitas vidas numa só, enquanto a maioria de nós mal consegue viver uma. Ribeiro foi militante comunista, pesquisador, etnólogo de campo, antropólogo teórico, professor universitário, reitor, ministro, romancista, ensaísta, acadêmico, vice-governador e senador da República.

De acordo com a arqueóloga Betty J. Meggers (1968):

Esta multiplicidade de experiências proporcionou a Darcy Ribeiro uma oportunidade única de observar o funcionamento da cultura sob as mais diversas condições: conviveu com grupos indígenas no seu estágio mais primitivo; e participou do governo de uma das maiores nações modernas. A par disso, estudou comunidades humanas que experimentavam desde um processo de aculturação da condição mais primitiva à integração em uma nação moderna, até a ascensão de sociedades nacionais da condição agrária à industrial.3 (Prefácio de MEGGERS, 1968, p. 9; traduzido por Ribeiro, 1975, p.10-11).

Darcy Ribeiro promove novos parâmetros para observação da sociedade e subgrupos identitários enquanto objetos, cria novos termos e recategoriza hipóteses precedentes, adaptando-as à proposta de uma Antropologia Brasileira, feita por pesquisadores brasileiros imersos no contexto social de origem. Dessa maneira, o estudioso procura trabalhar um conjunto de teorias que se desvencilha das traduções das propostas metodológicas dos teóricos ingleses, americanos e franceses.

1 As publicações compreendem os trabalhos: O processo civilizatório: etapas da evolução sociocultural (1968); As Américas e a civilização (1970); Os índios e a civilização (1970); O dilema da América Latina (1971); Os brasileiros (1972); e O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil (1995).

2CANDIDO, A. Folha de São Paulo. s/d. apud RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil..São Paulo: Cia. Das Letras, 1995. Contracapa.

(22)

Diante de uma abordagem que valoriza a formação sociopolítica cultural da maior nação latino-americana, a tradução, na direção português Æ inglês,

dessa nova teorização faz-se necessária, com a intenção de proporcionar a divulgação dos trabalhos de Darcy Ribeiro em nível internacional, elevando a categoria da produção científica de antropólogos brasileiros fora do país.

Dentro desse quadro, o presente trabalho busca observar o comportamento linguístico4 de dois tradutores ao lidarem com dificuldades oriundas do processo tradutório de duas obras darcynianas, as quais apresentam como característica marcante o uso de termos5 e expressões relacionados à formação da Cultura Brasileira. Para tanto, apresentamos os resultados da pesquisa realizada a partir dos TOs em português O processo civilizatório: etapas da evolução sociocultural (1968) e O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil (1995), e dos TTs para o inglês The Civilizational Process (1968) e The Brazilian People: formation and meaning of Brazil (2000), realizados, respectivamente, por Betty J. Meggers e Gregory Rabassa.

Vale ressaltar outros aspectos decisivos para a escolha dos textos: a) a formação prévia da pesquisadora na área de Ciência Política pela Universidade Federal de São Carlos facilita e agiliza a análise detalhada das traduções em AC, visto tratar-se de uma subárea das Ciências Sociais, estudadas em sua primeira graduação, no período de 2001 a 2004; b) as obras foram escritas pelo mesmo autor, Darcy Ribeiro, apresentando, desse modo, características similares e por vezes idênticas com relação ao uso de termos e expressões nos TOs, o que favorece nosso estudo comparativo intra-tradutor e inter-tradutores; c) cada obra em análise foi traduzida por pesquisadores distintos em suas formações: Meggers, uma arqueóloga conhecedora de grupos humanos brasileiros do norte do país; e Rabassa, estudioso das relações culturais latino-americanas e tradutor profissional de obras de autores de cunho regionalista.

Por conseguinte, a fim de reconhecer a problemática que envolve a Tradução Cultural, procuramos, com esta pesquisa comparativa entre TOs e TTs,

4 Entende-se por comportamento linguístico as escolhas léxico-semânticas e sintáticas adotadas pelos tradutores na composição de seus TTs.

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observar as opções linguístico-semânticas adotadas pelos tradutores profissionais nas obras selecionadas para análise.

Partindo dos aspectos previamente mencionados, colocamos como perguntas de pesquisa: 1) quais os termos e expressões mais recorrentes para a teoria antropológica desenvolvida nos dois TOs escritos por Darcy Ribeiro e como Meggers e Rabassa traduziram esses termos e expressões em seus respectivos TTs? 2) quais os principais termos e expressões culturalmente marcados que compõem a terminologia utilizada pelo autor e como os tradutores enfrentam as dificuldades e variações lexicais na tradução destes termos e expressões em seus TTs? 3) como identificar os fatores sociais implícitos nos elementos lexicais escolhidos pelos tradutores por meio de uma análise descritivo-comparativa? 4) como a formação sociocultural de autor e tradutor influi no produto final de seus trabalhos e quais suas implicações para a constituição de uma linguagem de especialidade na área de Ciências Sociais? 5) de que forma os tradutores profissionais utilizam recursos linguístico-tradutórios nos TTs, os quais podem ser identificados como traçosde simplificação e explicitação?

Dessa forma, por meio da reflexão sobre aproximações e distanciamentos na tradução para o inglês de termos simples e compostos e expressões fixas e semifixas presentes no corpus de TOs e TTs da subárea de AC , assim como da análise comparativa entre as soluções adotadas pela tradutora Meggers em The Civilizational Process em relação às soluções apresentadas por Rabassa em The Brazilian People, objetivamos testar uma nova metodologia, com o auxílio da Linguística de Corpus (BERBER-SARDINHA, 2000, 2004), a fim de desvendar mecanismos de reinterpretação cultural por meio da prática tradutória. Nesse sentido, valemo-nos, também, das teorias postuladas pela Sociologia da Tradução (SIMEONI, 1998, 2007; TOURY, 1978, 1995, 1999; GOUANVIC, 1997, 1999, 2002, 2005), com o propósito de descobrir se há a ocorrência de um habitus tradutório generalizável para a tradução intercultural como um todo ou se o caso das traduções de textos seminais de Darcy Ribeiro constitui uma ação social única.

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recursos necessários no que concerne ao levantamento dos dados para observação de termos e expressões; bem como dos aspectos referentes à simplificação e explicitação.

Por meio dos estudos com base em corpus, tornou-se possível uma busca pela tradução da terminologia desenvolvida por Ribeiro ao longo das duas obras em análise. A investigação dos dados obtidos semiautomaticamente permitiu-nos ter maior consciência do papel social dos tradutores e dos próprios TTs, considerando as opções e tendências apresentadas diante de termos que representam elementos típicos da cultura e história brasileiras.

A presente dissertação encontra-se dividida em quatro seções e é complementada por dezesseis apêndices.

Na Introdução, apresentamos a justificativa da escolha da área de especialidade e das obras que compõem o corpus principal de nossa pesquisa, as questões de investigação e os objetivos que pretendemos alcançar com este estudo. Também se encontram, nesta, as seções que compõem o presente trabalho.

Na seção 1, Darcy Ribeiro: Dados Biográficos e Obras, traçamos um breve histórico da vida desse importante antropólogo brasileiro (1.1), uma listagem das publicações do autor (1.2) e uma síntese do conteúdo teórico das duas obras do corpus principal, assim como alguns dados acerca do trabalho realizado pelos respectivos tradutores (1.3).

Na seção 2, Fundamentação Teórica, conceituamos as noções de corpus utilizada nesta pesquisa (2.1), traçamos o percurso dos Estudos da Tradução, principalmente no que se refere aos Estudos da Tradução Baseados em Corpus e sua interface com os Estudos Descritivos da Tradução (2.2), com a Linguística de Corpus (2.3) e com a Terminologia (2.4). Por fim, tratamos da interdisciplinaridade entre as Ciências Sociais e os Estudos da Tradução (2.5).

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concernentes à AC e dos traços de simplificação e explicitação dos subcorpora paralelos (3.2).

Na seção 4, Análise dos Resultados, a fim de observar o comportamento intra-tradutores, apresentamos as opções de tradução de termos e expressões antropológicos a partir da obra O processo civilizatório: etapas da evolução sociocultural e de sua tradução para o inglês (4.1); e da obra O povo brasileiro: formação e sentido do Brasil e da sua tradução (4.2). No subitem (4.3), tratamos do comportamento linguístico inter-tradutores quanto à tradução de termos e expressões coocorrentes nas duas obras de Darcy Ribeiro. Também detalhamos o levantamento de termos da mesma subárea a partir dos corpora comparáveis no subitem (4.4) e nos subitens (4.5) e (4.6) apresentamos, respectivamente, as análises de simplificação e explicitação dos TTs das duas obras de AC. No que concerne às Considerações Finais, apresentamos as reflexões sobre este estudo interdisciplinar fundamentado nos Estudos da Tradução Baseados em Corpus para a investigação em traduções da Antropologia desenvolvida no Brasil e também as discussões sobre o estilo e as escolhas lexicais dos tradutores, cujo uso repercute na formulação da língua de especialidade das Ciências Sociais.

Em seguida, trazemos as Referências Bibliográficas e a Bibliografia Consultada, as quais precedem dezesseis apêndices. No Apêndice A, apresentamos uma amostra da lista de palavras mais frequentes da obra O processo civilizatório.OApêndice B contém a lista de palavras mais frequentes da traduçãoThe Civilizational Process. As listas das cem palavras-chave do TO e do TT desta obra estão elencadas nos Apêndices C e D. Por fim, no Apêndice E, apresentamos os possíveis candidatos a termos e expressões encontrados na primeira obra de AC.

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No âmbito dos corpora comparáveis de Antropologia em Língua Portuguesa e em Língua Inglesa, nos Apêndices K e L, apresentamos as cem palavras-chave de cada corpus; e nos Apêndices M e N, colocamos os possíveis termos e expressões antropológicos presentes nas obras de controle. Por fim, nos Apêndices O e P, apresentamos o glossário bilíngue de termos simples e

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O pensamento de Darcy Ribeiro é um meio indispensável para a compreensão das principais problematizações antropológicas, educacionais e sociológicas no Brasil. Trabalhar com suas obras representa não somente reconhecer um arcabouço teórico-conceitual vasto e complexo, mas também entrar em contato com uma maneira nacional-brasileira de considerar e interpretar diversos campos do conhecimento, tais como a História, a Etnologia e a Literatura.

A tradução de seus escritos representa, por conseguinte, uma tarefa de grande responsabilidade, até mesmo para profissionais e linguistas experientes. Não basta somente conhecer o conteúdo programático e disciplinar de suas teorizações ou mesmo as características socioculturais abordadas pelo pesquisador, é importante salientar o tom crítico, a proposta de mudança e o empenho na busca por um país mais homogêneo, os quais estão fixados nas teorias deste intelectual.

É necessário atentar para o fato de que, por se tratar de um de nossos acadêmicos e políticos mais consagrados, as publicações de Darcy Ribeiro são referência em qualquer Curso de Graduação ou Pós-Graduação em várias áreas das Ciências Humanas, como a Antropologia, a Ciência Política, a Economia, a Pedagogia e a Sociologia. Seus interesses culturais, sociais e governamentais

representam tentativas de melhorias diante dos fatores de “atraso” da Sociedade Latino-Americana, e principalmente, do Brasil.

De acordo com o teórico,

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Sabemos que a propagação de suas ideias rompeu fronteiras. Darcy Ribeiro viveu um longo período no Peru, no Chile e no Uruguai, onde conduziu programas de reforma universitária, descritas em seu livro A universidade necessária (1971). O autor também produziu, nesta época, diversos artigos científicos e manifestos políticos cujo tema circundava a necessidade de reformulação do projeto educacional latino-americano.

Ainda durante a estadia nos países vizinhos (em decorrência de seu exílio), o teórico concluiu cinco das obras de Estudos da Antropologia da Civilização, as quais atingiram mais de 90 edições em diversas traduções para o alemão, espanhol, francês, hindu, húngaro, inglês e italiano.

O pesquisador também teve a última de suas obras, O povo brasileiro (1995), adaptada para a televisão na forma de documentário coproduzido pela TV Cultura, a GNT e a Fundação Darcy Ribeiro (Fundar) e com a participação de importantes figuras sociais brasileiras como Antônio Candido (1945, 1957, 1964), Ariano Suassuna (1957), Chico Buarque (1991) e Gilberto Gil (1996).

Como reconhecimento por sua importância, o autor foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Paris IV – Sorbonne, pela Universidade de Copenhague, pela Universidade da República do Uruguai e pela Universidade Central da Venezuela. Podemos citar, ainda, a homenagem que lhe foi concedida com a publicação da edição comemorativa de vinte anos de seu primeiro romance, Maíra, no ano de 1996, com resenhas críticas de Antônio Candido, Alfredo Bosi, Antônio Houaiss e outros especialistas em Crítica Literária, Antropologia e Filologia. No mesmo ano, Darcy recebeu o Prêmio Interamericano de Educação Andrés Bello, concedido pela Organização dos Estados Americanos a eminentes educadores das Américas.

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A importância de Darcy Ribeiro é evidenciada na Revista Minas faz Ciência de março de 2003, a qual salienta o valor das atividades do intelectual para o desenvolvimento da Nação Brasileira como a conhecemos:

Darcy Ribeiro também contribuiu de maneira significativa em outras áreas, entre elas a educação e a política. Criou universidades, centros culturais, bibliotecas e os Centros Integrados de Educação Pública (Ciep), escolas públicas de período integral onde as crianças, além de cursar disciplinas curriculares e praticar atividades esportivas, recebiam alimentação e acompanhamento médico-odontológico [...] O intelectual Darcy Ribeiro não se restringiu apenas à academia. Autor de vasta e rica literatura científica –sua obra inclui mais de duas dezenas de livros e ensaios em várias áreas do conhecimento –, ele se aventurou também pelo campo da literatura. Ao todo, foram cinco romances, o primeiro escrito aos vinte anos e o último ainda inédito. Entre suas produções literárias está um livro de poemas, Eros e Tanatos, e um de crônicas para o público infanto-juvenil, Noções de coisas. O antropólogo arriscou também uma incursão fonográfica, e gravou um disco para a série mexicana Vozes da América [...] Ao lado de figuras importantes como os irmãos Villas Bôas e o Marechal Rondon, Darcy Ribeiro trabalhou pela criação do Parque Indígena do Xingu, hoje uma das maiores e mais famosas reservas do gênero no mundo. Localizado ao norte do Mato Grosso, em uma área de aproximadamente 30 mil quilômetros quadrados, o Parque abriga 14 povos indígenas. Seu objetivo é a proteção do meio ambiente e das populações indígenas. (MINAS FAZ CIÊNCIA, jun./ago. 2003).

Darcy recebeu também, no ano de 2010, tributo sob a forma de uma coletânia de suas obras mais expoentes, a qual se destinou ao público jovem. Com coordenação e organização de Eric Nepomuceno, a Coleção Darcy no bolso aborda a infância em Minas Gerais, os anos de formação em Belo Horizonte, os amores, os tempos em que viveu com os índios, a visão sobre o Brasil, as reflexões sobre a América Latina, o depoimento sobre o golpe de 1964, a criação da UnB e a vivência no exílio.

Além das publicações compreendidas pela Coleção, a Fundar pretende lançar, em breve, uma coletânea de 20 livros com material inédito de pesquisas antropológicas e estudos de campo de Darcy e Berta Ribeiro, esposa do autor.

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Por essa razão, justifica-se o estudo da tradução da produção antropológica de Darcy Ribeiro, tendo em vista a atualidade e ousadia de suas teorias no cenário nacional e a necessidade de divulgação mundial de um Brasil forte no compromisso com a formação de um “povo novo”e civilizado sob novos moldes.

1.1 A vida de Darcy Ribeiro

Em uma de suas últimas publicações, O Brasil como problema (1995), Darcy Ribeiro afirma:

Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando e lutando. Como um cruzado, pelas causas que me comovem. Elas são muitas, demais: a salvação dos índios, a reforma agrária, o socialismo em liberdade, a universidade necessária. (RIBEIRO, 1995, p. 263).

O teórico nasceu em Montes Claros, Minas Gerais, em 1922. Na década de 40, abandonou a faculdade de medicina que cursava em Belo Horizonte, mudou-se para São Paulo e ingressou na Escola Superior de Sociologia e Política. Ali, conviveu com figuras importantes das Ciências Sociais, como o etnólogo Hebert Baldus, o sociólogo americano Donald Pierson, além do professor e romancista brasileiro Sérgio Buarque de Holanda. No âmbito político, a filiação ao Partido Comunista permitiu ao pesquisador entrar em contato com escritores como Oswald de Andrade e Jorge Amado (FUNDAÇÃO DARCY RIBEIRO, 2011).

Em 1946, Darcy concluiu a graduação em Sociologia com especialização em Etnologia e, no ano seguinte, iniciou seu trabalho no Serviço de Proteção ao Índio (SPI) a convite do Marechal Rondon. Começou como naturalista e foi o primeiro etnólogo de campo do antigo órgão federal, iniciando estudos de observação direta dos povos indígenas brasileiros. Depois de três anos nesta função, recebeu o Prêmio Fábio Prado de Ensaios, pela obra Religião e mitologia Kadiwéu1.

Ainda vinculado aos projetos do SPI, o autor promoveu o desenvolvimento e a criação do Museu do Índio, em 1952, no Rio de Janeiro. Para ele, tratava-se de uma maneira de promover a luta contra o preconceito em relação aos povos

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indígenas. Em seu trabalho como antropólogo atuante, Darcy colaborou com os Irmãos Villas Boas na elaboração do Parque Indígena do Xingu, concretizado sob o governo de Getúlio Vargas e implantado em 1961, na gestão de João Goulart.

Ao final da década de 50, o autor já acumulava experiências que seriam decisivas para suas escolhas políticas e para suas formulações teóricas posteriores. Exemplos disso são as constantes intervenções nas aldeias de povos nativos, com destaque para a dos Urubus-Kaapor do Maranhão e o estudo encomendado pela UNESCO sobre a integração dos grupos indígenas no Brasil.

No ano de 1959, Darcy Ribeiro trocou a pesquisa de campo pelo trabalho de organização e execução da construção da Universidade de Brasília, tendo sido convocado para a função por Juscelino Kubitschek. Três anos depois, em 1962, assume a cadeira de Ministro da Educação da administração goulartiana.

No ano seguinte, foi admitido como Chefe da Casa Civil e ajudou a coordenar a mobilização nacional em prol das “Reformas de Base”, o que fez até março de 1964, quando o Golpe dos Militares depôs João Goulart. Com o sistema ditatorial, Darcy seguiu para seu primeiro exílio no Uruguai, onde começou a escrever os livros iniciais de sua teoria para a Civilização Latino-Americana.

Ao voltar ao Brasil, em 1969, permaneceu preso no Rio de Janeiro e seguiu para um segundo exílio, desta vez na Venezuela. Um ano mais tarde, mudou-se para o Peru e, em 1971, foi convidado por Salvador Allende, então presidente do Chile, para coordenar um grupo de pesquisas políticas.

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No ano de 1980, as obras que, até então, compunham a série dos estudos de AC foram publicadas em uma coletânia e, em 1981, seu segundo romance, O Mulo, foi lançado.

Em 1982, seu penúltimo romance foi publicado,Utopia Selvagem, e neste mesmo ano o teórico foi eleito vice-governador do Rio de Janeiro, ao lado de Leonel Brizola. Logo em seguida, assumiu a Secretaria de Estado para a Cultura e, seis anos mais tarde, lançou o último romance, Migo.

Em 1991, foi eleito Senador da República pelo estado do Rio de Janeiro, tendo elaborado a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –LDB,

sancionada pelo então presidente, Fernando Henrique Cardoso, em 1996, como Lei Darcy Ribeiro.

Enquanto esteve licenciado do Senado (1991-1992), assumiu a Secretaria Extraordinária de Programas Especiais do Rio de Janeiro, a fim de complementar a rede dos Cieps (Centros Integrados de Educação Pública) e criar os Ginásios Públicos, um novo modelo de Ensino Médio. Planejou e executou, em 1994, a Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF, com sede em Campos dos

Goytacazes (RJ) e destinada a ser a Universidade do Terceiro Milênio, na qual, assumiu o cargo de chanceler.

Publicou, ainda, Aos trancos e barrancos, um balanço crítico da história brasileira de 1900 a 1980; Sobre o óbvio, coletânia de ensaios; e Testemunho, balanço de sua vida intelectual. Ainda em 1992, lançou, juntamente com Berta Ribeiro, a Suma Etnológica Brasileira; publicou, - pela Biblioteca Ayacucho, em espanhol, e pela Editora Vozes, em português - A Fundação do Brasil, um compêndio de textos históricos dos séculos XVI e XVII, comentados por Carlos de Araújo Moreira Neto e precedidos de um longo ensaio analítico sobre os primórdios do Brasil. Neste mesmo ano, foi eleito membro da Academia Brasileira de Letras, onde viria a ocupar a cadeira em 11 em abril de 1993.

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Em 1996, publicou Diários Índios: os Urubu-Kaapor, no qual reproduz os diários de campo em forma de cartas que enviou à esposa entre 1949 e 1951, quando trabalhou como etnólogo. Ainda no mesmo ano, organizou a Fundação Darcy Ribeiro (Fundar), com sede própria e localizada em sua antiga residência em Copacabana2, com o objetivo de manter viva sua obra e elaborar projetos nas áreas educacionais e culturais. Um de seus últimos trabalhos foi o PROJETO CABOCLO, destinado à fixação do caboclo na floresta amazônica3(FUNDAÇÃO DARCY RIBEIRO, 2011).

Darcy Ribeiro faleceu em 17 de fevereiro de 1997. No seu último ano de vida, dedicou-se especialmente a organizar a Universidade Aberta do Brasil, com cursos de educação a distância, e a Escola Normal Superior, para a formação de professores de 1º grau.

Levando em consideração a diversidade de sua atuação intelectual e consequente produção textual, apresentamos, a seguir, a divisão do conjunto de seus escritos entre artigos científicos, obras antropológicas, romances e ensaios sobre educação.

1.2 A obra de Darcy Ribeiro

ARTIGOS E ENSAIOS CIENTÍFICOS

x Sistema familiar kadiuéu (1948) x Arte kadiuéu (1951)

x Notícia dos ofaié-chavante (1951)

x Atividades científicas da Secção de Estudos do Serviço de Proteção aos Índios (1951) x Os índios urubus (1954; 1962)

x The Museum of the Indian (1955;1995)

x Convívio e contaminação: defeitos dissociativos da população provocada por

epidemias em grupos indígenas (1956)

x Culturas e línguas indígenas do Brasil (1957)

x Uirá vai ao encontro de Maíra: as experiências de um índio que saiu à procura de

Deus (1957)

2 No ano de 2010, a Fundação Darcy Ribeiro recebeu novas instalações dentro do câmpus da Universidade de Brasília. A disponibilidade de seus arquivos ainda é restrita devido ao processo de digitalização das obras. Mais observações podem ser obtidas em: www.fundar.org.br

3Atualmente, a Fundar apresenta os seguintes projetos em andamento: Formação Continuada em

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x Cândido Mariano da Silva Rondon (1958)

x O programa de pesquisas em cidades-laboratório (1958) x A obra indigenista de Rondon (1959)

x Um concepto de integración social (1960) x A Universidade e a Nação (1960)

x A Universidade de Brasília (1962) x La cultura Latinoamericana (1971) x Civilización y criatividad (1972)

x Qué integración latinoamericana? (1972) x Etnicidade, indigenato e campesinato (1973) x Rethinking the University in Latin America (1974) x Tipologia política latino-americana (1975) x Os protagonistas do drama indígena (1977) x La civilización emergente (1984)

x Tiradentes estadista (1992)

x Universidade do terceiro milênio: plano orientador da Universidade Estadual do

Norte-Fluminense (1993)

x América Latina Nação (1998)

CAPÍTULOS DE LIVROS

x Anísio Teixeira: pensador e homem de ação (1960) x Indians of Brazil in the XXth Century (1967)

x El hombre latinoamericano 500 años después (1989) x Pacificação dos índios urubu-kaapor (1990)

x Tiradentes (1994)

x Los índios y el estado nacional (1996)

x Ethnicity and Civilization [com MÉRCIO GOMES] (1996)

OBRAS ANTROPOLÓGICAS

x Religião e mitologia kadiwéu (1950; 1957) x Arte plumária dos índios kaapor (1957) x O indigenista Rondon (1958)

x A política indigenista brasileira (1962; 1970; 1980)

x Configurações histórico-culturais dos povos americanos (1970; 1971; 1972; 1975) x Uirá sai à procura de Deus: ensaios de etnologia e indigenismo (1974; 1980) x Sobre o óbvio: ensaios insólitos (1979; 1986)

x Kadiwéu: ensaios etnológicos sobre o saber, o azar e a beleza (1979; 1980) x Aos trancos e barrancos (1985; 1987)

x Suma etnológica brasileira (1986) x América Latina: a pátria grande (1986) x Testemunho (1990; 1991; 2009)

x Diários índios: os urubu-kaapor ( 1996; 2002; 2006) x Gentilidades (1997)

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xO Brasil como problema (1990; 1991)

xA fundação do Brasil, 1500/1700 (em colaboração com CARLOS DE ARAÚJO

MOREIRA NETO) (1992; 1993)

ANTROPOLOGIA DA CIVILIZAÇÃO

x O processo civilizatório: etapas da evolução sociocultural (1968; 1970; 1971; 1973;

1975; 1976; 1978; 1982; 1983; 1987; 1988; 1991; 1992; 1997; 2005)

x As Américas e a civilização: processo de formação e causas do desenvolvimento

desigual dos povos americanos (1969; 1970; 1972; 1973; 1977; 1985; 1988; 1992; 2007)

x Os brasileiros: teoria do Brasil (1969; 1970; 1972; 1975; 1976; 1981; 1987; 1993) x Os índios e a civilização: a integração das populações indígenas no Brasil (1970;

1973; 1975; 1977; 1979; 1985; 1993; 1996; 2009)

xO dilema da América Latina: estruturas de poder e forças insurgentes (1971; 1976;

1978; 1983; 1988)

xO povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil (1995; 1999; 2000; 2006; 2008)

OBRAS DE CUNHO EDUCACIONAL

x La universidad latinoamericana y el desarrollo social (1965; 1967) x A universidade necessária (1967; 1969; 1971; 1975; 1985; 1987)

x Política de desarrollo autônomo de la universidad: informe de Darcy Ribeiro (1968) x La universidad latinoamericana (1968; 1970; 1971)

x Propuestas acerca de la renovación [Estructura y renovación universitária o

Conceptos fundamentales de la renovación universitaria]( 1970)

xLa universidad nueva, un proyecto (1973) xLa universidad peruana (1974)

xUNB: invenção e descaminho (1978) xNossa escola é uma calamidade (1984) xO livro dos Cieps (1986)

LITERATURA ADULTO

ROMANCES

x Maíra (1976; 1978; 1979; 1980; 1981; 1982; 1983; 1984; 1985; 1988; 1989; 1997;

2003)

xO mulo (1981; 1983; 1986; 1987; 1999; 2007)

x Utopia selvagem (1982; 1986; 1987; 1989; 1990; 2007) xMigo (1988; 1994)

POESIA

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LITERATURA INFANTO-JUVENIL

xNoções das coisas (1995)

xHistórias gáticas: Fico, o gato do rabo emplumado. Eu, Edo, com medo fedo (2002)

1.3 A Antropologia da Civilização e seus tradutores para a língua inglesa

Nas obras que tomamos para o corpus de estudo, assim como nas demais produções voltadas à AC, o teórico focaliza sua abordagem na formação do povo brasileiro, bem como latino-americano, em comparação com as diversas sociedades e suas constituições sociais, políticas, culturais e econômicas, na intenção de elaborar uma resposta viável para as particularidades históricas de cada formação sociocultural, relativa às sequências de evolução tecnológica e aos processos civilizatórios.

Meggers, arqueóloga e tradutora da primeira obra da série, atenta para o fato de que, em O processo civilizatório, Darcy realiza uma crítica ao evolucionismo cultural no que tange à postura eurocêntrica de análise, a qual projetaria um ideal de sociedade como etapa final do percurso evolutivo humano, baseado na experiência civilizadora europeia.

A teórica observa que,

[...] nos Estados Unidos, herdamos a tradição da civilização ocidental europeia por nós considerada como a corrente principal ou central da evolução humana. Em consequência, medimos todos os demais povos à nossa medida e os consideramos carentes [...]4 (Prefácio de MEGGERS, 1968, p. 9; traduzido por Ribeiro, 1975, p.11).

A pesquisadora acrescenta ainda que,

[...] os melhores estudos sobre evolução cultural foram elaborados por estudiosos europeus ou norte-americanos e, em

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virtude disso, corroboram, implícita ou explicitamente, esse ponto de vista. Ribeiro, entretanto, não é um produto da nossa tradição política ou acadêmica. É um cidadão do chamado "terceiro mundo". Como tal, encara o desenvolvimento cultural sob um prisma distinto e percebe nuances que para nós permanecem encobertas. O fato de não compartilhar do nosso parcialismo não significa, simplesmente, que ele seja imparcial. Todavia, os pontos focais de sua análise que mais se contrapõem a nossas concepções não podem ser rejeitados sob a alegação de preconceito. Não apenas porque suas qualificações profissionais o recomendam à nossa atenção, mas, sobretudo, porque só combinando outras perspectivas com a nossa própria poderemos distinguir entre a verdade e a distorção e alcançar, finalmente, uma compreensão realista do processo civilizatório. A conquista de tal percepção é, sem qualquer dúvida, crucial para a existência humana sobre a Terra. 5 (Prefácio de MEGGERS, 1968, p.10; traduzido por Ribeiro, 1975, p.11).

Para o Diretor do Oriental Institute University of Chicago, Robert McC. Adams (1968), Darcy Ribeiro nos presenteia

[...] com um recorte teórico de proporções sem precedentes, uma análise geralmente incisiva e um despreendimento surpreendente. Suas críticas extendem-se a todas as escolas de pensamento, e somos brindados com uma visão dos últimos quatro ou cinco séculos, a qual, pela primeira vez, une de maneira indissolúvel, as nações ‘desenvolvidas’e ‘subdesenvolvidas’, não como representações de estágios sucessivos de evolução, mas sim como manifestações complementares de um padrão único de crescimento institucional.6(ADAMS, 1968).

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Darcy pretende, com suas obras, lançar mão do esquema conceitual proposto pelos antropólogos clássicos, por meio de uma revisão crítica das teorias de alto alcance histórico7, a fim de sugerir um novo esquema para o desenvolvimento humano. Este é o objetivo da primeira obra dos estudos de AC, considerada de maior densidade teórica e lugar intelectual em que o autor procura reformular as perspectivas anteriores para explicar peculiaridades dos povos da América Latina.

A campanha darcyniana, em seus textos, tenciona contribuir para a ampliação do quadro de categorias evolutivas que somente se aplicariam à história da Europa. O que o autor explicita é a dificuldade de transplantar ideias e conceitos que têm por base a realidade de uma determinada sociedade (europeia) para outra conjuntura, a qual se relaciona a ela em seu percurso, mas que contém configurações histórico-culturais singulares no que tange a seu desenvolvimento: a latino-americana.

Darcy não enxerga um único modelo linear de civilização; sendo assim, mostra que o crescimento dos grupos humanos é produto de um desenrolar contraditório da constituição interna das diversas formações socioculturais, e, com isso, apresenta uma perspectiva multilinear de evolução, de modo que o grau de avanço ou atraso civilizacional não pode ser medido comparativamente.

Para o estudioso, a necessidade de uma teoria do Brasil

[...] que nos situasse na história humana me levou à ousadia de propor toda uma teoria da história. As alternativas que se ofereciam eram impotentes. Serviriam, talvez, como uma versão teórica do desempenho europeu, mas não explicavam a história dos povos orientais, nem o mundo árabe e muito menos a nós, latino-americanos [...] O processo civilizatório é minha voz neste debate. Ouvida, quero crer, porque foi traduzida para as línguas de nosso circuito ocidental, editada e reeditada muitas vezes e é objeto de debates internacionais nos Estados Unidos e na Alemanha. A ousadia de escrever um livro tão ambicioso me custou algum despeito dos enfermos de sentimentos de inferioridade, que não admitem a um intelectual brasileiro o direito de entrar nesses debates, tratando de matérias tão complexas. Sofreu restrições, também, dos comunistas, porque não era um livro comunista, e dos acadêmicos da direita, porque era um livro comunista. Isso não fez dano, porque ele acabou

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sendo mais editado e mais lido do que qualquer outro livro recente sobre o tema. (RIBEIRO, 1995, p.12).

O pesquisador se dedica ao debate popular-nacional de formação da identidade cultural do brasileiro e é influenciado pelo anticolonialismo, que promoveu, na década de 50, conteúdos emancipadores da ordem social precedente. Dessa maneira, Darcy consolida uma teoria antropológica alternativa, que explica os povos novos na história:

Como classificar, uns em relação aos outros, os povos indígenas, que variavam desde altas civilizações até hordas pré-agrícolas e que reagiram à conquista segundo o grau de desenvolvimento que haviam alcançado? Como situar, em relação aos povos indígenas e europeus, os africanos desgarrados de grupos em distintos graus de desenvolvimento para serem transplantados à América como mão-de-obra escrava? Como classificar os europeus que regeram a conquista? Os ibéricos, que chegaram primeiro, e os nórdicos, que vieram depois–sucedendo-os no domínio de extensas áreas -, configuravam o mesmo tipo de formação sociocultural? Finalmente, como classificar e relacionar as sociedades nacionais americanas por seu grau de incorporação aos modos de vida da civilização agrário-mercantil e, já agora, da civilização industrial? (RIBEIRO, 1995, p.8-9).

Propõe o reconhecimento da singularidade das regiões nativas, a aceitação de suas diferenças em relação às metrópoles, e admite a transculturação e a invenção da cultura mestiça latina. Assim, identifica no povo brasileiro um novo gênero humano, fruto do “atroz processo de fazimento do nosso povo”

(RIBEIRO, 1995, p.20).

Em O povo brasileiro, o autor teoriza uma nova forma de organização populacional para os povos do Brasil, resultado dos processos de

“desindianização”do índio, de “desafricanização”do negro e “deseuropereização”

do europeu. Apresenta a ideia de uma nação de mestiços, os quais não são iguais aos seus ascendentes de outras etnias, constituindo, desse modo, uma nova “etnia nacional”, dos índios e africanos mortos, dos mamelucos, caboclos e mulatos que,

sem identidade, plasmaram a identidade do brasileiro, “[...] dinamizada por uma cultura sincrética e singularizada pela redefinição de traços culturais dela

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Observamos, portanto, que o estudioso defende uma teoria explicativa em que cabem as especificidades da formação da América-Latina. Na obra O processo civilizatório, visa apreender a lógica do movimento da auto-transfiguraçao humana e, supõe que entre o primitivismo e a civilização não exista uma sequência evolutiva linear, mas sim rupturas e mudanças sociais que implicam na luta entre dominador e dominado. Neste âmbito, Darcy reconhece o

“desenvolvimento desigual dos povos americanos”, e busca encontrar uma concepção teórica que os classifique de maneira adequada dentro da escala evolutiva e civilizatória.

Como vimos, o autor não considera uma noção fixa de identidade. Na obra O povo brasileiro, Darcy reconhece o sujeito descentrado e fragmentado que, partilhando de outras identidades, ousa encontrar no “ser brasileiro” sua base identitária, embora esta não seja unificada nem única. Termina por considerar que,

Somos povos novos ainda na luta para nos fazermos a nós mesmos como um gênero humano novo que nunca existiu antes. Tarefa muito difícil e penosa, mas também muito mais bela e desafiante. Na verdade das coisas, o que somos é a nova Roma. Uma Roma tardia e tropical [...]. Mais alegre porque mais sofrida. Melhor porque incorpora em si mais humanidades. (RIBEIRO, 1995, p.454-455).

O teórico salienta que ao desenvolver suas pesquisas tinha em mente propor um esquema conceitual mais verossímil e mais explicativo que os então disponíveis, por meio da proposição de novas revoluções e processos civilizatórios e de novas formações socioculturais. Procura associar a noção de brasilidade à gestão de um povo, reconstruído a partir da confluência e caldeamento do invasor português, dos índios silvícolas e campineiros e dos negros africanos, aliciados como escravos.

Darcy debruça-se sobre nossa realidade e retrata seus traços mais gerais, resultando em um discurso para fins teóricos e comparativos, que precisa ser explorado por várias áreas de investigação (incluímos aqui os Estudos da Tradução) a fim de oferecer maior completude à avaliação da causalidade da história brasileira.

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obras em investigação foram escolhidos de maneira que seus trabalhos prévios estivessem de acordo com as propostas antropológicas contidas nos TOs darcynianos, a fim de estabelecer uma relação de trocas linguísticas e culturais que promovesse a introdução dos conceitos do autor no universo teórico internacional.

A obra O processo civilizatóriofoi vertida ao inglês por Betty J. Meggers, renomada arqueóloga americana, membro do Instituto Smithsonian e da Associação Antropológica Norte-Americana. A escolha de Darcy Ribeiro pela tradução de Meggers deveu-se ao destaque de seus trabalhos enquanto pesquisadora acerca da adaptação humana na floresta tropical e da expansão dos povos civilizados pelos territórios de mata nativa latino- americanos.

Considerada a “primeira dama da Amazônia”, Meggers, juntamente com seu esposo, o também arqueólogo Cliff Evans, dedicou sua vida, em grande parte, aos estudos das populações indígenas e caboclas que habitavam a extensa área coberta pela Floresta Amazônica, tendo, no ano de 1960, em associação com antropólogos brasileiros, fundado o PRONAPA (Projeto Nacional de Pesquisas Arqueológica) e o PRONAPABA (Projeto Nacional de Pesquisas Arqueológicas na Bacia Amazônica), instituições responsáveis pela formação de uma vasta geração de arqueólogos em todo o Brasil.

Referências

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