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Acraga moorei dyar (lepidoptera: dalceridae) em macadamia no estado de São Paulo.

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III. ENTOMOLOGIA

NOTA

ACRAGA MOOREI DYAR (LEPIDOPTERA:

DALCERIDAE) EM MACADÂMIA

NO ESTADO DE SÃO PAULO (

1

)

ANDRÉ LUIZ LOURENÇÃO (2'4) e JOSÉ CARLOS SABINO (3,4)

( ) Recebido para publicação em 28 de abril e aceito em 26 de agosto de 1994.

(2) Seção de Entomologia Fitotécnica, Instituto Agronômico (IAC), Caixa Postal 28, 13001-970 Campinas (SP). ( ) Estação Experimental de Tietê, IAC.

(4) Com bolsa de pesquisa do CNPq.

RESUMO

Constatou-se a ocorrência de lagartas da espécie Acraga moorei Dyar (Lepidoptera: Dalceridae) alimentando-se de folhas de macadâmia {Macadamia integrifolia Maid. & Bet.) em Tietê (SP). A infestação ocorreu em maio-junho de 1993, em experimento de consorciação com cafeeiro, atingindo todas as plantas de macadâmia e, mais raramente, as de cafeeiro. Concentrando-se na parte média das plantas, as lagartas, de cor branca, permaneciam na face superior das folhas, alimentando-se preferen-cialmente do bordo para dentro. A transformação em pupa também se deu na face superior das folhas, com confecção de casulos brancos, e a oviposição, na face inferior, sendo os ovos colocados em pequenos grupos. Observou-se a incidência sobre lagartas do fungo branco Paecilomyces farinosus (Holm ex. SF Gray), bastante disseminado no campo, do parasitóide Lespesia affinis (Townsend) (Diptera: Tachinidac) e do hiperparasitóide Brachymeria carinatifrons Gahan (Hymenoptera: Chalcididae). Apesar do cultivo de macadâmia há anos no local, não foram verificadas infestações anteriores desse inseto.

Termos de indexação: Insecta, Macadamia integrifolia Maid. & Bet., Lespesia affinis

(2)

ABSTRACT

ACRAGA MOOREI D Y A R ( L E P I D O P T E R A : D A L C E R I D A E )

ON M A C A D A M I A IN T H E STATE OF SÃO P A U L O , B R A Z I L

Larvae of A. moorei Dyar were observed feeding on leaves of macadamia

{Macadamia integrifolia Maid. & Bet.) in an experiment carried out at Tietê county,

State of São Paulo, Brazil, during May and June of 1993. The larvae are white and remain on the upper surface of leaves, where they feed, form coccons and eventually pupate. The eggs are laid on the lower surface of leaves, in small clusters (2-15). The occurrence of the following natural enemies was also verified: the white fungi Paecilomyces farinosus (Holm ex. SF Gray), widespread in this field, the parasitoid Lespesia affinis (Townsend) (Diptera: Tachinidae) and the hyperparasitoid

Brachymeria carinatifrons Gahan (Hymenoptera: Chalcididae). Infestations of this

dalcerid were not observed in previous years, although macadamia has been growing in this county for several years. Voucher specimens were deposited at Entomology Section, Instituto Agronômico de Campinas (IAC).

Index terms: Insecta, Macadamia integrifolia Maid. & Bet., Lespesia affinis (Tounsend),

Brachymeria carinatifrons Gahan, Paecilomyces farinosus (Holm ex. SF Gray).

A f a m í l i a D a l c e r i d a e é um g r u p o m o n o f i l é t i c o , r e l a c i o n a d o c o m E p i p y r o p i d a e , L i m a c o d i d a e e M e g a l o p y g i d a e , sendo sua classificação em táxons superiores a i n d a não esclarecida (Miller, 1993). Alguns autores agrupam essas famílias em Z y g a e n o i -d e a ( L i m a , 1945; C o m m o n , 1970), e m b o r a B r o c k (1971) restrinja a essa superfamília apenas Z y g a e n i d a e , i n c l u i n d o Dalceridae e o u t r a s afins em C o s -soidea.

A s larvas de Dalceridae têm a superfície dorsal c o b e r t a de tubérculos de aspecto g e l a t i n o s o , carac-terística t í p i c a da família. Os adultos a p r e s e n t a m antenas p e c t i n a d a s , não têm p r o b ó s c i d a , e as fêmeas e x i b e m , e m s u a g e n i t a l i a , c o m o a t r i b u t o ímpar, g l â n d u l a s l a t e r a i s p a r e a d a s , d i f e r e n t e s d e o u t r a s g l â n d u l a s acessórias encontradas em L e p i d o p t e r a (Miller, 1993).

E s s a família inclui 84 espécies em 11 gêneros (Miller, 1994) e está restrita à r e g i ã o n e o t r o p i c a l , com e x c e ç ã o de uma espécie, Dalcerides ingenita (Hy. Edwards), a qual ocorre no Arizona, E U A (Miller, 1993).

N o B r a s i l , Silva et ai. (1968) c a t a l o g a r a m c i n c o e s p é c i e s de dalcerídeos, pertencente s a três gêneros

{Acraga, Dalcera e Zadalcera), c a u s a n d o injúrias

em plantas c u l t i v a d a s . P o s t e r i o r m e n t e , L o u r e n ç ã o et ai. (1989) a s s i n a l a r a m a ocorrência de lagartas de Anacraga citrinopsis D y a r a l i m e n t a n d o - s e d e folhas de m a m o n e i r a em localidades paulistas, e Alves et ai. (1988) r e g i s t r a r a m infestações de

Dal-cera sp. em e u c a l i p t a i s no Espírito S a n t o .

Em vista do r e d u z i d o c o n h e c i m e n t o desse grupo de insetos e de suas p l a n t a s hospedeiras, esta nota apresenta o b s e r v a ç õ e s s o b r e a incidência de um dal-cerídeo, Acraga moorei Dyar, e seus inimigos na-turais em m a c a d â m i a .

O b s e r v a ç õ e s d a i n f e s t a ç ã o e m c a m p o

As o b s e r v a ç õ e s f o r a m r e a l i z a d a s na E s t a ç ã o E x p e r i m e n t a l d e T i e t ê , p e r t e n c e n t e ao I n s t i t u t o A g r o n ô m i c o , d u r a n t e m a i o e início d e j u n h o de 1993, em e x p e r i m e n t o de m a c a d â m i a {Macadamia

integrifolia M a i d . & B e t . ) c o n s o r c i a d a com

(3)
(4)

O ataque do inseto incidiu sobre todas as plantas

de macadâmia do experimento, havendo dezenas

de lagartas por planta. Todavia, mesmo nesses

ní-veis, a desfolha causada foi baixa, não havendo

necessidade de controle.

A oviposição foi realizada na superfície inferior

das folhas (Figura IA), em grupos de dois a quinze

ovos, com média de oito por postura.

As lagartas pequenas apenas "raspavam" a

su-perfície foliar, provocando a formação de estrias,

e as maiores alimentavam-se de todo o tecido,

pre-ferencialmente dos bordos para dentro.

As lagartas localizavam-se normalmente na face

superior das folhas, ao contrário do observado para

A. citrinopis em mamoneira, onde apresentavam o

hábito de ficar na superfície inferior (Lourenção

et ai., 1989). Verificou-se maior distribuição do

in-seto na parte média das plantas, com, geralmente,

apenas uma lagarta por folha. Ao final da infestação

(início de junho), as lagartas mediam

aproxima-damente 20 a 25 mm (Figura IB), indicando não

haver superposição de gerações nesse campo.

Pou-cas lagartas foram observadas alimentando-se ou

pupando nos cafeeiros, cujas plantas, em muitos

locais, tinham seus ramos entrelaçados com os de

plantas de macadâmia. Embora essa rubiácea seja

registrada como hospedeira de A. moorei (Silva et

ai., 1968), o fato sugere que a macadâmia seja

me-lhor hospedeira para essa espécie que o cafeeiro.

Terminando a fase larval, também na face

supe-rior da folha, a lagarta posiciona-se no sentido da

nervura central e une, por meio de fios de seda,

as bordas laterais foliares (Figura 1C), formando

o casulo (Figura ID), onde a pupa fica protegida.

Na emergência, normalmente o adulto projeta

a pupa para fora do casulo, deixando-a apenas com

a porção terminal dentro deste. Os adultos têm asas

alaranjadas, com veias ferrugíneas contrastando

for-temente com a membrana. As fêmeas têm ao redor

de 50 mm de envergadura, enquanto os machos,

menores, alcançam até 30 mm (Figuras IE e IF) ( ).

Inimigos naturais

Foi verificada em campo a ocorrência de um

fungo sobre as lagartas, matando-as e deixando-as

mumificadas, com a superfície do corpo

pulveru-lenta e branca. O material foi identificado como

Paecilomyces farinosus (Holm ex. SF G r a y )

Brown & Smith, um deuteromiceto que, segundo

Roberts & Humber (1984), apresenta os conídios

como estágio infectivo, incidindo sobre besouros,

lagartas e cigarrinhas. Alves et ai. (1988)

regis-traram epizootia de P. amoenoroseus em lagartas

de Dalcera sp., em níveis acima de 80% em

eu-calipto.

Em lagartas completamente desenvolvidas

leva-das para laboratório, juntamente com pupas também

coletadas em campo, foi observada a ocorrência

de parasitóides da família Tachinidae (Diptera),

cujas larvas abandonam a pupa do hospedeiro para

pupar logo em seguida. As larvas e pupas do

para-sitóide foram transferidas para gaiolas teladas para

obtenção de adultos. Todos os adultos obtidos

per-tencem à espécie Lespesia affinis (Townsend) ( ),

parasitóide dos lepidópteros Thyrinteina arnobia

(Stoll) (Geometridae), Sarsina violascens

(Herrich--Schaffer) (Lymantriidae) (Guimarães, 1977),

Eup-seudosoma spp. ( A r c t i i d a e ) , Euselasia apisaon

(Dalman) (Riodinidae) (Gallo et ai., 1988),

Dicen-tria violascens (Herrich-Schaffer) (Notodontidae)

e Hylesia nigricans (Berg) (Saturniidae)

(Louren-ção, dados não publicados).

Ainda na gaiola dos dípteros, obteve-se um

exemplar de Brachymeria carinatifrons Gahan

(Hy-menoptera: Chalcididae) ( ), referido na Venezuela

como parasitóide de Diphthera festiva (Fabr.)

(Le-pidoptera: Noctuidae) (Teran, 1980) e no Brasil,

como hiperparasitóide, incidindo sobre

Lydinoly-della metallica Townsend (Diptera: Tachinidae)

(Silva et ai., 1968).

( ) Adultos depositados na coleção de insetos da Seção de Entomologia do IAC e catalogados sob o número 7149.

(5)

C o n s i d e r a ç õ e s f i n a i s

As p l a n t a s h o s p e d e i r a s c o n h e c i d a s de A. moorei até o m o m e n t o s ã o o cafeeiro (Coffea arábica L.) (Silva et ai., 1968), a n e s p e r e i r a {Eriobotrya

ja-ponica Lindl.) ( J o n e s & M o o r e , 1882), e, agora,

a m a c a d â m i a . J o n e s & M o o r e (1882), com b a s e em material de São P a u l o , r e d e s c r e v e r a m A. moorei c o m o Pinconia ochracea, atualmente sinônimo júnior.

Na literatura não há registros da ocorrência de dalcerídeos em m a c a d â m i a (Hamilton & F u k u n a g a ,

1959; Shigeura & O a k a , 1984; Gallo et ai., 1988; B i t t e n b e n d e r & H i r a e , 1990; Boaretto & B r a n d ã o , 1991). Sabe-se, c o n t u d o , que a única espécie d e s s a família de l e p i d ó p t e r o s c o n h e c i d a sobre Macadâmia sp. é Minacraga disconitens, na Venezuela, e s t a n d o o inseto dessa r e f e r ê n c i a d e p o s i t a d o no Museu Bri-tânico (8) .

A G R A D E C I M E N T O S

Os autores a g r a d e c e m aos seguintes e s p e c i a l i s -tas os serviços de identificação: Dr. Scott E. Miller, B i s h o p M u s e u m , H a w a i i ( D a l c e r i d a e ) ; Dr. J o s é H e n r i q u e G u i m a r ã e s , M u s e u de Zoologia (Tachi-n i d a e ) ; Dr. M a r c e l o Teixeira Tavares, U (Tachi-n i v e r s i d a d e Federal de São C a r l o s (Chalcididae), e Dr. R i c h a r d A. Humber, U S D A , E U A (Deuteromycetes).

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