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Avaliação in vitro da eficácia de método para limitar a pressão de insuflação dos balonetes das cânulas endotraqueais.

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REVISTA

BRASILEIRA

DE

ANESTESIOLOGIA

PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia

www.sba.com.br

ARTIGO

CIENTÍFICO

Avaliac

¸ão

in

vitro

da

eficácia

de

método

para

limitar

a

pressão

de

insuflac

¸ão

dos

balonetes

das

cânulas

endotraqueais

Rafael

de

Macedo

Coelho

a,∗

,

Thiago

Trigueiro

Morais

de

Paiva

a

e

Ligia

Andrade

da

Silva

Telles

Mathias

b,c

aCentrodeensinoeTreinamento(CET),SantaCasadeMisericórdiadeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil bFaculdadedeCiênciasMédicas,SantaCasadeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil

cDisciplinadeAnestesiologiaeDor,SantaCasadeMisericórdiadeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil

Recebidoem24deabrilde2014;aceitoem17dejunhode2014 DisponívelnaInternetem17dedezembrode2014

PALAVRAS-CHAVE

Método; Insuflac¸ão; Balonetes; Cânulas; Pressão

Resumo

Justificativaeobjetivo:Osbalonetesdascânulastraqueaisprotegemasviasaéreasinferiores daaspirac¸ão de conteúdogástrico efacilitam aventilac¸ão pulmonar,mas podem provocar diversascomplicac¸ões,principalmentequandoapressãodobalonetesupera30cmH2O.Isto

ocorreemmaisde30%dasinsuflac¸õesconvencionais,sendorecomendadaalimitac¸ãodesta pressão.Nesteestudoavaliou-seinvitroaeficáciadeummétodoparalimitarapressãodos balonetesàfaixaentre20e30cmH2O.

Método: Utilizandoum adaptadorparaconectaracânulatestadaaoaparelhodeanestesia, regulou-seaválvulalimitadoradestea30cmH2O,insuflandoobalonetepormeiodo

aciona-mentodobotãodefluxorápidodeoxigênio.Realizaram-se33testesparacadacânuladetrês fabricantes,decincotamanhos(6.5a8.5),utilizandotrêstemposparainsuflac¸ão(10,15e20 segundos),totalizando1485testes.Terminadaainsuflac¸ão,mediu-seapressãoobtidacomum manômetro.Pressões>30cmH2Oou<20cmH2Oforamconsideradasfalhas.

Resultados: Ocorreramoitofalhas(0,5%;IC95%:0,1-0,9%),sendotodasporpressões<20cm H2Oeapósinsuflac¸õesde10segundos(1,6%;IC95%:0,5-2,7%).Umafalhaocorreucomcânula

6.5(0,3%;IC95%:---0,3-0,9%),seiscomcânulas7.0(2%;IC95%:0,4-3,6%),eumacomcânula 7.5(0,3%;IC95%:---0,3-0,9%).

Conclusão:Estemétodomostrou-seeficazparainsuflarosbalonetesdecânulastraqueaisde diferentestamanhosefabricanteslimitandosuapressãoàfaixaentre20e30cmH2O,com

incidênciadesucessode99,5%(IC95%:99,1-99,9%).

©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.

EstudorealizadonoHospitalCentraldaIrmandadedaSantaCasadeMisericórdiadeSãoPaulo,SãoPaulo,SP,Brasil.

Autorparacorrespondência.

E-mail:rafaelcoelho.md@gmail.com(R.M.Coelho). http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2014.06.005

(2)

KEYWORDS

Method; Inflation; Cuffs; Tube; Pressure

Invitroevaluationofthemethodeffectivenesstolimitinflationpressurecuffs ofendotrachealtubes

Abstract

Backgroundandobjective: Cuffsoftrachealtubesprotectthelowerairwayfromaspirationof gastriccontentsandfacilitateventilation,butmaycausemanycomplications,especiallywhen thecuffpressureexceeds30cmH2O.Thisoccursinover30%ofconventionalinsufflations,so

itisrecommendedtolimitthispressure.Inthisstudyweevaluatedtheinvitroeffectiveness ofamethodoflimitingthecuffpressuretoarangebetween20and30cmH2O.

Method: Using anadapter toconnectthetestedtubetotheanesthesiamachine,therelief valve wasregulatedto 30cmH2O, inflatingthecuff byoperating therapid flow ofoxygen

button.Therewere33trialsforeachtubeofthreemanufacturers,offivesizes(6.5to8.5), using threetimes inflation (10,15 and20seconds),totaling 1485tests.After inflation,the pressureobtainedwasmeasuredwithamanometer.Pressure>30cmH2Oor<20cmH2Owere

consideredfailures.

Results:Therewereeightfailures(0.5%,95%CI:0.1-0.9%),withallbypressures<20cmH2O

andafter10secondsinflation(1.6%,95%CI:05-2.7%).Onefailureoccurredwitha6.5tube (0.3%,95%CI:---0.3-0.9%),sixwith7.0tubes(2%,95%CI:0.4to3.6%),andonewitha7.5tube (0.3%,95%CI:---0.3-0.9%).

Conclusion: Thismethodwaseffectiveforinflatingtrachealtubecuffsofdifferentsizesand manufacturers,limitingitspressuretoarangebetween20and30cmH2O,withasuccessrate

of99.5%(95%CI:99.1-99.9%).

© 2014SociedadeBrasileirade Anestesiologia.Publishedby ElsevierEditoraLtda.Allrights reserved.

Introduc

¸ão

Os balonetesde cânulas endotraqueais de alta pressão e

baixovolume(APBV)oualtovolumeebaixapressão(AVBP),

quandoinsufladosexercempressãosobreaparedetraqueal,

podendolevaràisquemiadamucosa,quetemrelac¸ãodireta

com a ocorrência de complicac¸ões em até 90% dos

paci-entes, desde desconforto, dor de garganta, formac¸ão de

granulomanascordasvocaiserouquidão,atécomplicac¸ões

graves como paralisia de nervolaríngeo recorrente e das

cordasvocais,expectorac¸ãosanguinolenta,fístula

traqueo--esofágicaeroturatraqueal.1---4

Existemdiversosmétodosparaainjec¸ãodearno balo-nete da cânula de intubac¸ão. O método padrão-ouro é a medic¸ão direta da Pbalonete com manômetro calibrado,

analógico5 ou digital,6 sendo recomendado em pacientes

adultose pediátricos.5,7---9 Noentanto,seu usonãoé

roti-neironoBrasil.

Ainjec¸ãodearnobalonetecomumaseringaémétodo maisutilizado. Este métodoé simples,rápido e debaixo custo, mas a relac¸ão entre o volume de ar injetado e a Pbal-traq resultantenão é linear,causandoa hiperdistensão

dobaloneteem30%a98%doscasos,7,8,10,11---13dependendo

dapopulac¸ãoestudada,docalibredacânulaendotraqueal utilizadaedocontextoclínico.14

Outros métodos visando limitar a Pbal-traq foram

pro-postos, como as técnicas do mínimo volume oclusivo (MVO) e a técnica do escape mínimo (TEM), entretanto semconfirmac¸ãocientíficade benefícioclínico.6Técnicas

alternativasdeajustedapressãoforamsugeridasouestão em desenvolvimento, utilizando cânulas endotraqueais

modificadas,15 seringas especiais,16 equipamentos

hos-pitalares disponíveis nas unidades,17---21 no entanto, sem

eliminaranecessidadedeequipamentosadicionais. Quando o sistema circular é utilizado como fonte da pressãoparainsuflac¸ãodobalonetedascânulastraqueais, é possível limitar a máxima pressão no sistema por meio daválvulalimitadoradepressãoajustável(VLPA),também denominadaválvulapop-off,impossibilitandoqueaPbalonete

eaPbal-traqatinjamvaloressuperioresaomáximo

estabele-cidopelo ajuste daVLPA. Para istobasta adaptar asaída dosistemacircularàentradatipoLuerdobalãopilotoda cânulatraqueal,métodonãoencontradonaliteratura cien-tífica.

A possibilidade de limitar a pressão no interior do balonetea níveis seguros, utilizando ummétodo simples, amplamente disponível e de baixo custo, pode reduzir a ocorrênciae a magnitude dediversas complicac¸ões, mui-tasdelasgraves,oquemotivouopresenteestudo,quese propôsavaliarinvitroaeficáciademétododeinsuflac¸ãode balonetesdecânulasendotraqueais,comajustedapressão internaentre20e30cmH2O.

Método

Foirealizadoestudoexperimental,invitro,dodesempenho deum método para insuflac¸ão dos balonetes das cânulas endotraqueais.Devidoànaturezadesteestudo,foi dispen-sada a apreciac¸ão pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituic¸ão.

(3)

faixa de 20 a 30cm H2O com método convencional de

insuflac¸ão é de 27% a 35%.8,11 Foi calculado umintervalo

deconfianc¸aparaataxadesucesso,decadaexemplarde cânula endotraqueal domesmo fabricante, mesmo tama-nho (diâmetro interno, em mm) e tempo de insuflac¸ão - combinac¸ão tempo-diâmetro-fabricante (T-D-F). Consi-derando uma taxa de sucesso de 95%, margem de erro total=15%eníveldeconfianc¸ade95%,obteve-sen=32por grupo(combinac¸ãodeT-D-F).

Foramtestadostrêsdiferentestemposparaainsuflac¸ão (10,15e 20segundos) decânulas endotraqueaisde cinco diâmetrosdiferentes (6,5; 7,0;7,5; 8,0 e 8,5mm de diâ-metro interno) de três fabricantes (Dahlhausen, Portex e Rüsch),resultandoem45grupos(combinac¸õesdiferentesde T-D-F).Comaintenc¸ãodeidentificarpossíveisvieses causa-dospelosdiferentesdesempenhosdecadaoperador,oupela mudanc¸adedesempenhodomesmooperadordevidoàs múl-tiplasrepetic¸õesdostestes,cadarepetic¸ãofoinumeradae realizadaseguindoasequênciaestabelecida.Alémdisto,a fim de identificar umapossível alterac¸ão de desempenho devidoaumacânula endotraquealdefeituosa,foram utili-zadostrês exemplares de cânula endotraqueal de mesmo tamanhoe fabricante, numerados de 1 a 3, e realizadas 11insuflac¸õesporexemplar,porteste,resultandoem33 tes-tesporgrupo,totalizando 1485testes.Paraasinsuflac¸ões comdurac¸ãode10segundos, asequênciadosexemplares adotadafoi 1,2 e 3; paraas insuflac¸ões com durac¸ãode 15segundos,asequênciadosexemplaresadotadafoi3,1 e2; eparaasinsuflac¸õescom durac¸ãode20 segundos,a sequênciados exemplaresadotada foi2, 3 e 1,de forma que todos os exemplares numerados foram utilizados em todasasposic¸õesnasequênciadeinsuflac¸ões.Ainda,os ope-radores serevezaram, alternando a ordem de insuflac¸ão, de forma que cada umrealizou insuflac¸ões de 10, 15 ou 20segundos,comcânulasdecadatamanhoedecada fabri-cante.

A parte prática foi realizada por dois operadores, um médicoespecialistaem anestesiologia---denominado Ope-rador1---eummédicoresidentedo3◦anodeanestesiologia

---denominadoOperador 2,ambos comexperiência prévia de100repetic¸õescada,nométododeinsuflac¸ãoproposto. Para realizar o acoplamento entre a saída padrão de 15mm do sistema circular do aparelho de anestesia e a conexãopadrão Luer do balão piloto das cânulas traque-ais, é necessário um adaptador, que foi confeccionado peloprópriopesquisador,utilizandoumconectordeAdams padrãode15mmdeumacânulaendotraqueal7,5 (diâme-trointerno,emmm),aumaseringade3mLsemoêmbolo (fig. 1). Dessa forma o sistema circular do aparelho de anestesiase adaptava ao conectorde 15mm, enquanto a conexãopadrãotipoLuerdaseringaseadaptavaaobalão pilotodacânulaendotraqueal,abrindosuaválvulapara per-mitirainsuflac¸ão.

OaparelhodeanestesiautilizadoparaostestesfoiDräger Fabius GS® cuja válvulaAPL fora ajustada paraa pressão

máximade30cmH2Oeofluxodeoxigênioajustadopara10

L.min---1.Emseguida,oadaptadorfoiconectadoàsaídade

15mmdoaparelhodeanestesiaeobalãoreservatóriopara ventilac¸ãoinsufladopormeiodoacionamentodobotãode altofluxodeoxigênio.

Antesdecadainsuflac¸ão,foiaspiradocomumaseringao máximovolumedearpossíveldobalonetedecadacânula.

Figura1 Adaptadorutilizadoparaconectarasaídadosistema circular doaparelhode anestesiaaobalãopilotodascânulas traqueais.

A seguir, a porc¸ão correspondente ao balonete dacânula endotraqueal foi posicionada dentro de uma seringa de 20mLsemoêmbolo(com20mmdediâmetrointerno),fixa àsuperfíciedamesadetestescomfitaadesiva,mantendoa cânularepousandopassivamenteneleefixaàmesatambém comfitaadesiva.

Um de dois operadores iniciou espontaneamente cada insuflac¸ão conectando o balão piloto da cânula traqueal comoaparelhodeanestesiapormeiodoadaptador. Trans-corrido o tempo pré-determinado para a insuflac¸ão, o adaptadorfoidesconectadodobalãopiloto,interrompendo a insuflac¸ão. Em seguida, um manômetro aneroide (Cuff

Pressure Gauge, VBMMedizintechnik, Sula, Alemanha) foi

utilizadoparamedirapressãoalcanc¸adacomainsuflac¸ão. Valoresentre 20e 30cmH2O foram considerados

ade-quadosevaloresinferioresa20cmH2Oesuperioresa30cm

H2Oforamconsideradosfalhas.Aanáliseestatísticafoi

rea-lizadautilizandoosoftwareSPSSv13.0paraWindows,por meiodetécnicacomintervalosdeconfianc¸ade95%,sendo obtidosdadossobreaproporc¸ãodefalhageraledefalhaem relac¸ãoàsseguintesvariáveis:fabricante,tamanho,tempo deinsuflac¸ãoeoperador.

Resultados

Foramrealizadostodosos1485testes,nãohavendonenhum testedescartado.Dos1485testes,1477(99,5%) apresenta-rampressõesconsideradasadequadaseem8testeshouve falha(0,5%)(95%IC:0,1-0,9%).Todososcasosdefalha ocor-reramdevidoapressõesinapropriadamentebaixas.

Comparac¸ãoentrefabricantes

(4)

Tabela 1 Incidência defalha geralepara cada variável observada(resultadosexpressosem%e95%IC)

Variáveis Proporc¸ãodefalha Limitesdos95%IC

Inferior Superior

Geral 0,5% 0,1% 0,9%

Marca

Dahlhausen 0 0 0

Portex 1,2% 0,2% 2,2%

Rusch 0,4% ---0,2% 1,0%

Tamanho

6,5 0,3% ---0,3% 0,9%

7,0 2,0% 0,4% 3,6%

7,5 0,3% ---0,3% 0,9%

8,0 0,0% 0,0% 0,0%

8,5 0,0% 0,0% 0,0%

Tempo

10 1,6% 0,5% 2,7%

15 0,0% 0,0% 0,0%

20 0,0% 0,0% 0,0%

Operador

1 0 0 0

2 1,1% 0,3% 1,9%

Comparac¸ãoentreostamanhosdecânulas

Observou-se uma falha (0,3%) com cânula de 6.5mm

(95% IC: ---0,3-0,9%), seis falhas (2,0%) com

cânu-las de 7,0mm (95% IC: 0,4-3,6%), uma falha (0,3%) com

cânulade7,5mm(95%IC:---0,3-0,9%)enenhumafalhacom

cânulasde8,0e8,5mm.

Comparac¸ãoentreostemposdeinsuflac¸ão

Todas as8 falhas ocorreram em tubos insuflados durante

10segundos(1,6%;95%IC:0,5-2,7%),nãohavendoocorrido

nenhumafalhacominsuflac¸õesde15e20segundos.

Comparac¸ãoentreoperadores

Todasas8falhasocorreramcomoOperador2(1,1%;95%IC:

0,3-1,9%).

As proporc¸ões de falha geral e específicas para cada

variávelobservadaestãoexpostasnatabela1.

Discussão

Aincorporac¸ãodebalonetesinsufláveisàscânulastraqueais representou um enormeavanc¸o tecnológico, promovendo maiorseguranc¸a paraospacientese permitindo o avanc¸o das técnicas de ventilac¸ão pulmonar.22,23 Entretanto, seu

usoassocia-seadiversascomplicac¸õesrelacionadas princi-palmente àselevadas pressõesdobalonete (Pbalonete).2,3,24

A limitac¸ão da Pbalonete a 30cm H2O reduz

significativa-mente as complicac¸ões relacionadas às vias aéreas4,25 e

por isso o emprego deum método para limitar a Pbalonete

émandatório.7,26

O método padrão ouro para controle da Pbalonete, que

consiste no uso de manômetros calibrados,5-7 permite a

medic¸ão, contínua ouintermitente,daPbalonete em tempo

real,possibilitandoajustá-lasemainterrupc¸ãodamedic¸ão. Dentre suas limitac¸ões constam o alto custo do equipa-mento e a necessidade de calibrac¸ões regulares. Porém, estemétodonãosedifundiuentreosprofissionaisdesaúde, sobretudoentreosmédicos,nãosendoutilizado rotineira-menteapósouduranteamanutenc¸ãodaintubac¸ãotraqueal. Nopresentetrabalho,foirealizadootesteinvitrodeum métodoalternativoparainsuflac¸ãodosbalonetesde cânu-lastraqueais,limitandoaPbaloneteapressõesnãosuperiores

a30cmH2O,nãosendoencontradanaliteraturanenhuma

publicac¸ão commétodoigual ousemelhanteaeste. Tam-bémporestemotivo,realizou-seinicialmenteesteestudoin vitro,afimdecomprovarofuncionamentodométodo,antes deexporpacientesaummétodosemefeitoscientificamente comprovados.

Nesteestudoocorreramoitofalhasem1485testes(0,5%; 95%IC:0,1-0,9%),todasemdecorrênciadepressões inapro-priadamentebaixas.Istorepresentaumaproporc¸ãodefalha extremamentepequena quandocomparadoeste resultado com o método mais amplamente utilizado clinicamente, a insuflac¸ão do balonete injetando ar com uma seringa, que apresenta proporc¸ão de hiperinsuflac¸ão entre 23,5% e 64,5% dos casos8,9,11,12 podendo chegar a 98%.13 Dentre

estas falhas, seis (75%) ocorreram em um único experi-mento (cânulas Portex, #7.0, 10 segundos de insuflac¸ão, Operador 2), e as outras duas em experimentos distintos (umacomcânula Rüsch,#6.5, 10 segundos deinsuflac¸ão, Operador2;eumacomcânulaRüsch,#7.5,10segundosde insuflac¸ão,Operador2).

Apesardodesenhoexperimentaldesteestudo,algumas variáveissãoimpossíveisdecontrolare podemter contri-buídoparaestasfalhas.Entreestasvariáveisestãoapressão nominaldarededeoxigênio,aqualidadedafabricac¸ãodas cânulas traqueais, o desempenho do operador que reali-zoua insuflac¸ão e a relac¸ão dobalonete com o anteparo àinsuflac¸ão.

A pressão de admissão dos gases medicinais utilizados nos aparelhos de anestesia é mantida na faixa de 4,5 a 5,5kgf.cm---2.Entretanto,estapressãoeventualmente

apre-sentaoscilac¸ões,o quepodeaumentar oureduziro fluxo deoxigênioduranteoacionamentodobotãodealtofluxode O2,interferindodiretamentenoprocessodeinsuflac¸ãodos

balonetespelométodopropostonesteestudo.

Quantoaopadrãodeconstruc¸ãodascânulastraqueais, pequenasvariac¸õesnacomposic¸ãoounoformatodos balo-netes,alteram a elastância (relac¸ão pressão:volume), comefeitodiretonosresultadosobtidos.

(5)

operadoresnãopodemseratribuídasaograude experiên-ciacom este método. Entretanto,pequenas variac¸ões na execuc¸ãodométodo,nãopodemserdescartadascomo pos-síveiscausasparaasfalhasobservadas comoOperador2, aindaquebastanteinfrequentes(1,1%;95%IC:0,3-1,9%).

O tipodeanteparo escolhidotambémpodeinfluenciar noresultado,jáqueaformaeaspropriedadesfísicasdeste (complacência e elastância) modificarão as do balonete. Assim,semoanteparo,obaloneteinsuflar-se-ialivremente, necessitando de mais tempo até que atingisse a pressão máximapermitidapelaVLPA.Portanto,apresenc¸a deum anteparo serviu para reduzir o tempo de insuflac¸ão para valorespróximosdoqueseesperanohumano,porémsema pretensãodesimularatraqueiahumana.Istoseriapossível com a utilizac¸ão de materiais especificamente confeccio-nados para este fim, utilizando tubos feitos de delgadas membranas concêntricas de látex e poliuretano,27 mas

suaconfecc¸ãorequereriarecursoslaboratoriaiscomplexos, impossibilitandosuautilizac¸ãonestetrabalho.

Aescolhadaseringade20mLcomoanteparosedeveu ao fatodesteser umtubo rígido, facilmente encontrado, de baixo custo, com diâmetro interno de 20mm - seme-lhante ao diâmetrointerno médio datraqueia dohomem adulto. Como o objetivo deste trabalho foi avaliar a efi-cáciade ummétodo paralimitar apressão nointerior do balonete, o diâmetro e a complacência do anteparo não necessitavam ter as mesmas características da traqueia humana,jáque,independentementedestes,aválvula ajus-tada a 30cm H2O limitaria o aumento da pressão acima

destevalor.No entanto,ouso deumanteparode diâme-trofixo associado a cânulasde diferentestamanhos pode influenciar o desempenho deste método, já que os balo-netesdecânulas menoresnecessitam demaisvolume- e paraumdadofluxo,maistempo-paraatingiremtamanho suficiente paraque suas paredes entremem contato com o anteparo e permitamo equilíbrio daPbalonete, enquanto

que cânulas de tamanho maior atingem o equilíbrio da Pbalonete em menos tempo. Isto poderia explicar porque

asfalhas ocorreram com ascânulas demenor tamanhoe nomenor tempopara insuflac¸ão, ainda que com incidên-cia muito baixa. Este problema poderia ser solucionado mantendo a insuflac¸ão por maistempo, ouutilizando um anteparo de diâmetro interno menor, porém, não repre-sentauma desvantagemdeste método na prática clínica, já que o diâmetro interno da traqueia do paciente não é um fator modificável, e na maioria das vezes desco-nhecido, e a selec¸ão do tamanho da cânula levando em considerac¸ão osexoe dadosantropométricos dopaciente (ex.:peso,altura,tamanhodalaringe)naturalmente man-tém a relac¸ão de tamanho entre o diâmetro externo do balonetedacânula escolhidae odiâmetrointernoda tra-queiadopaciente,minimizandoouatémesmoeliminando esteproblema.Noentanto,estudosclínicossãonecessários paraacomprovac¸ãodisto.

Na tentativa de relacionar algum destes fatores com osepisódiosdefalha ocorridos,ostestesforamrealizados seguindouma ordem fixa e pré-estabelecida, respeitando asequêncianuméricadecada umdos trêsexemplaresde cânulasdecadatamanhoefabricante,numeradasde1a3. Noentanto,aincidência defalhasneste estudofoimuito pequena, não permitindo a associac¸ão destas com quais-querfatoresobservados.Todas as8falhasocorreramcom

omenortempodeinsuflac¸ão(10segundos)ecomumúnico operador(Operador2),sendoseisdelas(75%)emumúnico experimento (cânulas Portex, #7.0, sendo 3 falhas com a cânula n◦ 1, duas coma cânula n2e umacom acânula

n◦ 3. Não é possível afirmar que estas falhas,

concentra-dasnesteexperimentoespecífico,sãodecorrentesdocurto tempoparainsuflac¸ão,oudefatoresnãocontroladoscomo os citados anteriormente. Possivelmente estas falhas não decorremdefalha humana,pois oOperador2 apresentou proporc¸ão de falha extremamente baixa, de apenas 1,1% (95% IC:0,3-1,9%), oudecurto tempoparainsuflac¸ão, já que, apesar de todas as falhas terem ocorrido em cânu-lasinsufladaspor10segundos,aproporc¸ãodefalhasneste grupo foi de1,6% (95% IC:0,5-2,7%), com valoresmédios depressãosemelhantesaosdosoutrostemposdeinsuflac¸ão (10s:24,30cmH2O;15s:25,77cmH2O;20s:25,35cmH2O).

O exposto nos parágrafos anteriores pode explicar as divergências de pressão observadas após a insuflac¸ão de cânulas de mesmo tamanho, utilizando método idêntico. A existênciade taisvariáveisfora docontrole dométodo propostonãodiminuiovalordos dadosobtidos,jáqueas mesmasvariáveisserãoencontradasemoutroscontextose influenciarãodeformasemelhanteoresultadodaaplicac¸ão destemétodoemestudosclínicosoumesmonaprática clí-nica.

Dentreaslimitac¸õesdométodopropostopode-se citar que ele não evita completamente a sub-pressurizac¸ão dos balonetes, ainda que raramente, e não possibilita a medic¸ão e o ajuste da pressão, sendo possível ape-nas limitá-la ao valor máximo considerado seguro. Seu uso também não é possível em aparelhos de aneste-sia sem VLPA graduada, e desaconselhável nos casos em que não é possível medir a pressão do sistema circular devido a nãocomunicac¸ão da VLPAcom o manômetro do aparelho, como ocorre em aparelhos de qualidade infe-rior.

Ofatodenãoterhavidofalhasrelacionadasapressões inapropriadamentealtas(superioresa30cmH2O)

demons-tra que este método, ao limitar eficazmente a Pbalonete,

podeser útil para reduzir lesõesrelacionadas à compres-são da mucosa e outras estruturas das vias aéreas pelos balonetes. Outros estudos, em contextos clínicos e com outros dispositivos com balonetesinsufláveis, como cânu-lasdetraqueostomia,dispositivossupraglóticosetubosde duplo-lúmen, devem ser realizados a fim de demonstrar a utilidade prática bem como possíveis benefícios deste método.

Conclusão

Ométodopropostoeaplicadonestetrabalhofoieficazpara insuflarinvitroosbalonetesdecânulastraqueaisde diferen-testamanhosefabricantes,limitandosuapressãointernaà faixaentre20e30cmH2O.

Conflitos

de

interesse

(6)

Referências

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Referências

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