D E ST I NO ADE QUADO DO L I XO
PART I C I PAÇÃO DA E N F E RME I RA
Maria Crisina Hon6rio dos Santos *
RESU MO
- O t ra b a l h o mo stra a i mp l a ntação d a c o l eta d e l i xo s e l et iva e m d u a;
fases: " O L I X O N O L I X O " e a " C O l'E TA" p ro p r i a me nte d i ta , em u m b a i r ro pe r i fé r ico d a reg i ã o s u l d o M u n i cí p i o d e S ã o P a u l o , n a tentativa d e me l h o ra r a s co n d i çõ es d e v i d a d e u ma po p u l a ç ã o a meaça d a p o r e n c h e ntes, desmo ro n a me n tos e d o e n ç a s como l e ptos p i rose .ABSTRACT
- T h e wo rk p rese n ts t h e se l ect ive ga r b i s h co l l ect p l a n t i n g i n two sta g e s : ' G a r b i s h i n t h e G a r b i s h ' a n d 'C o l l ect i ng ' i tse lf, a t a D i st r i ct of São P au l o bo r d e r s u b u r b , a ttemt i n g to i mp rove l i fe co n d i t i o n s of a p o p u l a t i o n me n aced by f l oods, fa l l i n g a n d d i seases s u ch
a s l e pt h o s p i ros i s .-1
I N TRODUÇÃO
o Projeto da COLETA DE LIXO SE LEIVA, que se desenvolve no Jardim C mercial, visa o destino adequado do lixo em uma rea densamente povoada, sem infraestru tura urbna adequada.
O Jrdm Comercial petence ao bairro de Cmpo Lmpo, na Zona Sul do Município de São Paulo. A área delimitada abrange 58.00 m2 , com aproimadamente 1 .00 b�cos e
1 .00 famlias.
No início dos anos 70, o Jrdim Comercial era uma área de uso comum do pOvo. No local existia um lago , que foi aterado para cons tução de uma rea de lazer, porém a obra não _
foi concluída. Com isso, a população do entor
no das áreas municipais ou paticulares, se or
ganizrm e cuparam a área.
Com o passar do tempo, houve a deterio ração do tereno, pois a S ABESP utiliza-o para recepção de esgotos e passagem das águas plu viais.
A falta de snemento básico na região, fêz com que as ligações de esgoto das casas fossem encaminhadas para o fundo do vale da área ci ada, misturando-se s águas nascentes, pluviais e sevidas, tomando-as totalmente poluídas e fomando um grande c6rrego de esgoto a céu abeto.
Agravando ainda mais a situação, a popu lação deposita esíduos s6lidos neste c6ego e, nos dias de chuva, um grande volume de água
passa pelo vale, com diiculdades de escoamen to, provocando erosão; enchentes e poluindo a terra após abaixar o nível.
Nese conexto, a Supervisão Regional do Bem-Estr Social de Campo Limpo (SUR BES/CL) é acionada, principalmente nas épocas de chuvas, pa atender situaçes de emergên-,
cias, onde famlias perdem todos os seus per tences em desmoronmentos e/ou enchentes de casas ou baracos.
Ao chegar no· local da emergência, os téc nicos ,de SUBS/CL acionados para o aten dimento, deparam com uma grande quantidade de lixo e muitos ratos mortos espalhados sobre a área, acaretando sérios problemas a nível de saúde, como a Leptospirose, onde , em 1990, f
m registrados 02 (dois) casos com 01 (hum)
6bito na região em pauta.
A patir desta problemática, os técnicos da micro-região esponsável pela áea, sentiram-se sensibilizados a realizar um trabalho que fosse capaz de propocionar benefícios de ordem s cial, educacional e ambiental. Assim, a COLE T A DE LIXO SELETIV A foi escolhida paa ser trabalhada em duas, fases : uma primeira, de nomnada " LIXO NO LIXO" , na qual esta mos trabalhando desde maio de 1 990; e, uma segunda, onde a "COLETA DE LIXO S LETIV A" proprimente dita, seria implantada ainda no decorer de 1 99 1 .
O pojeto conta com a paticipação
integra-* Enfeneia da Secretaria do Bem- Estar Social - SURBES I Camo Limpo - São Paulo-SP.
Profesora Adjuna da Faculdade de Enfenagem São José.
da de ouras Secetaias Municipis, tais como: Saúde, Habitação, Educação e Adinistração Regionl. Teve seu início no trecho da favela que se encontra no pocesso de urbanização, com 160 flias em 13.00 m2•
Originalmente, a mobilização local foi feita ela Assciação de Moradoes, atavés de As sembléias, onde o tema gerador foi e continua sendo os asectos epidemiológicos e proilaxia da "Dença do Rato" - a eptospirose, discu tido aravés da Educação Popular.
Avalimos como positiva a rceptividade da opulação, nesta primeira fse do projeto. m um ano de trabalho, obsevaos mudanças sig niicativas nos hábitos dos moradores em re lação ao lixo, como a inexistência de desmoro namentos, inundações e, principalmente, casos de Leptospose.
Objetivo:
Melhorr as condições de vida dos moado res do Jrdim Comercial, no que diz respeito ao acondicionmento do lixo.
O bjetivos E specíficos:
• Levar os moradores à dicussão sobe ci dadania.
• Promover e proteger a saúde atavés do conhecimento do pocesso saúde - doen ça.
• Incementar o prcesso de urbanização. • Estimular a geração de ecursos inancei
ros à comunidade.
• Proor a integração dos seviços públicos da egião (secetrias ains).
2
ME TODOLO G IA
Para cumprir os objetivos traçados, desen volve-se a abordagem da Educação Popular.
O pojeto consta de duas ' fases distintas, oém inter-relacionadas: "LIXO NO LIXO" e a "COLETA DE LIXO SELETIVA", propria mente dita.
1 !
Fase: " L I XO N O L I XO"
Nesta fase, criam-se condições favoráveis paa seisibilizar a opulação'a jogr o lixo nos sacos plásticos, colcando-os na rua nos dias de coleta e não no cóego que atavessa toda a rea.
A sensibilização é feita por:
a) desenvolvimento dos asectos epidemiológi cos da eptospirose;
b) pofilaxia aravés do combate aos rodoes, saendo hábitos e cracterísticas de camun dongos e rataznaS (Anexo 1 ) ;
c ) a importância dos próprios moradoes' serem muliplicadores das infomções descritas nos itens anteriores, é a bse de todo o proje to.
2 ! Fase: "A COLETA S E LET I VA"
A patir da consciência do destno adequa do do lixo, implanta-se a Coleta de Lixo Seleti va, atavés da seleção do lixo inorgânico e orgânico pelos próprios moradores, sendo o re colhimento, seleção e venda do lixo rciclável feita or um morador contratado pelo projeto.
Esta fae será implantada ainda no ano de 199 1 , porém sem previsão, ois a primeia fase continua em andmento.
Est ratég ias Uti l izadas
1 . Reuniões d e infomação e fomação, objetivando a primeira fase do projeto.
Loca is:
- Assciação dos Moradores do Jardm Comercil:
Uma assembléia inicial foi chamada em 16/05/90, com os moradoes da áea, onde o projeto foi apesentado e lançou-se a proposta , de m rabalho em conjunto, moradores e téc- . nicos. Na mesa reunião, fomou-se a Co missão de Mulheres do Jrdim Comercial, com 07 (sete) elementos, com o objetivo maior de ajudr a mobilizar a população. - Escola Municipal Enclides da Cunha
{ Escola Municipal de Educação Infntil
de Aracy de Almeida
Escola Estadual de Primeiro Grau Maóde Sá Monteiro:
Nestes estaelecimentos realiza-e um traba lho com os pais, alunos e pofessoes, onde os últimos introduziram o pojeto no proEama de Ciências destas escolas. " - Unidade Básica de Saóde do 1ardim Co
merciai -BS do Jrdm Comecial: Realiza discussões com os usurios na pópria unidade de atendimento e ajuda nos tra>alhos com a população na área do pojeto.
- Ceno da Juventude (C.J.) -destina-se às . crianças de 07 a 14 anos no eodo em que não estão na escola. É um equipmento con veniado com SURBES/CL e g�e.ciado ela
Associação dos Moradores', . . . . , A Leptospiose é trablhada de maneira lúdi ca, desenvolvida como atividade pedagógica nomal no C.J., onde as crianças confecciona rm cartzes e folhetos sobre o tema.
- Ceche do Jrdm Coercial - é outro
equipamento da Associação dos Moradores, ambém conveniado. O tema poposto é
ddo com os pais em euniões mensais;
2. Confecção de folhetos informativos junto à Comissão de Muhees ;
3. Mutões de limpeza no c6ego;
4. Confcção de álbuns seriados;
5. Confecção de slides;
6. Confecção de vídeos dos mutrões;
7. Visita domicilir a todos os moradoes, a
im de explicr os objetivos do projeto e a'
colaboração pra deixar a área limpa; 8. V isita com a Comissão de Mulheres em ou
tas favelas já Ulbanizadas, ou em locais em que a Coleta de Lixo Seletiva foi implanta da com sucesso (Favela do Parque Arariba e Jardim Monte Azul, respectivamente).
9. Distribuição de scos de lixo de plásticos a toda áea, pela Comissão de Mulhees; um para cada dia de coleta, perfazendo 03 (tês)
sacos por mnlia, semanalmente;
10. Confecção de um jonal com notícias fone cidas pelos pr6prios moradores e organiza do por u; comissão de 05 (cinco) pessoas, com duas tiragens até a presene data; 1 1 . Entrevistas com os moradoes da área, rea
lizadas pelas crianças do Centro da Juven tude do Jardim Comercial, para sabemos se há dúvidas do por que do LIXO NO LIXO; 1 2. Fesa a Cultura Popular. realizada em
novembro de 1990, teve como tema central o combate ao lixo e aos roedores e contou com a participação de entidades e equipa menos.públicos da região;
13. Passeatas com as crianças, para alertar
so-be o "LIXO NU LIXO". '
Co l a bo rado res:
• ENTERPA: cedeu tênis, luvas e lates de li xo, no início do pojeto, em
06/90. '
• PROTIN: cedeu botas e luvas no início do
projeto, em 06/0.
Materiais utilizados para os mutirões de limpeza no c6re.o.
• Aos alunos do Curso de' Enfemagem em
Moléstias Transmissíveis da Faculdade de En femagem São José no ano dl 190, que aju daram nas visitas domiciliares e divul�ção do projeto nas escolas citadas, junto aos u
nos.
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O PAP E L DA E N F E RME I RA
Cabe à enfemeia estar discutindo junto à
população e outros técnicos do projeto ( Assis" tene Social, Pedagogo, Técnico de Educação
84 R. Brs. Efem., Brasiia, 44 (4): 82- 86, ou./dez. 1991
Física, rquiteto, Soci610go, Fil6sofo), as se guintes questões:
1. A imporncia do processo saúde - doença
no homem = discussão das condiçes
bientais favoecendo ou não este processo;
2. Organizar o conteúdo das reuniões com os pais, funcionários, alunos e técnicos, onde a abordagem dos asectos epidemiol6gicos e proiláticos da Leptosprose é feita;
3. Teinar agentes multiplicadores a partir das
,reuniões e conscientizr da importncia dos mesmos no pocesso;
4. Realizar as visitas domiciliares e orientar so be o destino adequado do lixo;
5. Orienar os outros técnicos nas visitas domi ciliares, sobre os asectos de saúde a serem observados;
6. Pesquisar a confecção e mateial didático; 7. Divulgar e mplantar a experiência em outras
regiões igulmente problemáticas. '
4
D I F I CU LDAD E S
- Poucos técnicos pela demanda do traba lho, fez com que houvesse uma "parada" no projeto, no eríodo de féris, entre
1 90/91 . '
- A liberação oicial de verbas pa o pro jeto, pois a burocracia fez com que s6 em
abril de 199 1 o pojeto receesse undos monetrios.
- Como a Associação de Moradoes do Jr dim Comercial é a única atuante na área trabalhada, veriica-se uma certa centali zação à mobilização, ,participação e orga nização dos moradoes.
5
CO N C L U SÃO
Apesar do Projeto estr em sua pieira fa se, faz-se um progn6stico bom em sua continui dade.
Já veiicmos mudanças de comportamento na área trabalhada. Em 1 99 1 , com altos índices pluviométricos registrados em São Paulo, não houve casos de Leptospirose, desmoronmentos e enchentes.
O c6rego é mantido "quase" limpo, pois sempre há aqueles que não inrojetarm a men sagem, ou aqueles que acabarm de mudar para a rea e não participrm de tdo o processo. É
R E F E R Ê NCIAS
B I B LIOGRÁFICAS
1 MA f OS, Maia H . Projeto de Trabalo Integrado, em Conroe de Roeores e Leptospirse a Micro Regão 4
-Jardm Comercal -ARS -10.
2 PELLARIM, C.A., GONÇALVES, L.F.M. e CALACIBE TA, M.P. Proeto de Urbaição a Favea Jarm Coercal -Secretaria de Habião e Dsenvolvimento Ubao - SEHAB/CL.
3 SAN fOS, M.C.H., SAKO, S. e VASCONCELLOS D Proeto
,Coea de � Seeiva a Favea o Ja
;�
Coeral -Secreia do Bem-Esr Social -SVR-BES/CL. .
4 S ECRE fARIA DO BEM-ES f AR SOCIAL. Pano de Tra
balo. Documnto Borolea, 1989.
A N E XO
1D I F E R E N ÇAS E NTRE
OS
ROE DO R E S (ti pos ma is comu ns)
- CAONO =
É
uma espécie de pequeno tamanho.Cor: pelagem acinzentada, cauda com o mesmo compriento do copo.
habitat: Fonm ninhos em fogões, gurda-roupas, ios, etc.
alientação: Necessitam de pouco alimento e o fazem na madrugada.
eprodução: Se reprduzem em 19 dias, dando de 06 a 1 0 ratos por cria. Podem prcriar ap6s 48 ho ras.
agilidade: Ágeis, bom equilbrio, faro aguçado, facilitndo a localização de aliento. Têm visão pouco deenvolvida e não distingüem coes.
Quando acuados não reagem.
elnaçes: Fezes iguais s da barata; não possuem contole de esfnctees.
- RA T AZAN A = São grandes, apesentam olhos e oelhas pequenas.
çor: avenelhada ao cinza acaitanhado. habitat: A ratazanà é a que màis constói tocas.
A tca consiste num túnel que apresenta no seu inal um ninho de fona aedondada e re coerto por material macio.
A partir de uma toca inicial, podem surgir novos ninhos e túneis com várias saídas. Vive em esgotos.
alimentáção: Ingee mais que o camundongo 28 gr e 9 ml de água e o fazem na I! fase da noite.
eprodução: Se reproduz em 22 dias. Dando de 08 a 1 2 ratos por cia. Estão aptos para a prociação a6s 48 horas.
agilidade: Bem ágil, equilbio muito bom, audição bem desenvolvida, paladr não muito desenvol
ido, visão tmém não é desenvolvida. O ato é bem desenvolvido nos bigodes que
oienm o aimal no escuro.
elminaçes: Fezes roliçs de aé 20 m de comprimento.
D I F E R E N ÇAS
RAT,ZANA = é um rato g�nde, vive em esgoto, em cor avenelhada, tem olhos equenos, oe
lhas e focinho achatdos.
Cauda mais cuta que a caeça e o copo. Ninhos = oca em fona de túnel.
Qundo acuada, eage.
CMONO = é um rato pequeno de cor acinzentada, cauda com o mesmo comprimento do copo.
Ninhos = guarda-roupa, fogões, etc.
Quando acuado, não reage.
PO NTOS COMU N S
_ asácia = são muito espetos e se rconhecem peJo olfato.
Tribuna do eitor
A REBEn ABRIU ESPAÇO PARA SUA OPINIÃO. MÃOS À OBRA !