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Etiopatogenia e tratamento do deslocamento de abomaso em bovinos leiteiros de alta produção

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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉC. AQUIS. TRATAMENTO DA INFORM. DIVISÃO DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP

BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE

Lambert, Wagner Eduardo Marques.

Etiopatogenia e tratamento do deslocamento de abomaso em bovinos leiteiros de alta produção / Wagner Eduardo Marques Lambert. -

Botucatu, 2010

Trabalho de conclusão de curso (bacharelado - Medicina Veterinária) - Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, 2010

Orientador: Sony Dimas Bicudo Capes: 50501062

1. Bovino de leite. 2. Rume – Doenças – Tratamento. 3. Estômago.

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1. INTRODUÇÃO

A pecuária leiteira tem se desenvolvido muito nos últimos tempos,

e essa busca por maior produção e volume levou ao aprimoramento do

rebanho leiteiro nacional e mundial, cujo foco é a redução do número das

unidades de produção e o aumento da produtividade por animal

(MASSUQUETO et al., 2007). A maior produtividade individual tem sido

atingida através do melhoramento genético, bem como melhorias no

manejo de forma geral, desenvolvendo animais com produção de leite

superior (FARIA, 2009).

Entretanto, o aumento da produtividade acarreta em fatores que

podem gerar prejuízos para o produtor, como maior incidência de

enfermidades, leite com risco de resíduos de antibióticos e conceituação

negativa da atividade leiteira pela sociedade (MASSUQUETO et al.,

2007).

Dentro dessa nova realidade, o deslocamento do abomaso é o

distúrbio abomasal mais freqüentemente detectado e em certas

circunstâncias representa o principal motivo para cirurgia abdominal,

principalmente em bovinos leiteiros de alta produção, mas que pode

também acometer bezerros, touros e novilhas (CÂMARA et al., 2009).

Essa patologia é responsável por perdas de produção e rendimento na

exploração leiteira, não só de forma direta, mas também pelo gasto com

medicamentos, exigindo com maior freqüência a intervenção veterinária e

seus custos inerentes (SILVA et al., 2002).

Trata-se de um distúrbio no qual o abomaso se dilata com líquido,

gás ou ambos, e tende a migrar a uma posição anatomicamente anormal

(COPPOCK et al., 1971). Pode deslocar-se e posicionar-se entre o rúmen

e a parede abdominal esquerda (deslocamento do abomaso à esquerda)

ou para o lado direito (deslocamento do abomaso à direita) com ou sem

vôlvulo abomasal (CÂMARA et al., 2009).

Decisões de cunho econômico acerca do tratamento do

(9)

8

como o custo direto da cirurgia e dos medicamentos para se evitar

infecções secundárias. Há vantagens e desvantagens específicas em

cada técnica cirúrgica, variando de acordo com o posicionamento da vaca

no momento cirúrgico, local da incisão e experiência do cirurgião (BAIRD

& HARRISON, 2001).

Faria (2009) afirma que “os deslocamentos de abomaso à

esquerda proporcionam perda econômica nos rebanhos leiteiros devido

aos custos com o tratamento, queda na produção, aumento dos descartes

involuntários e morte. Os custos com o tratamento estão entre R$ 400 e

R$ 800 por animal e, mesmo após o tratamento, cerca de 5 a 10% das

vacas diagnosticadas com esta doença são descartadas ou morrem.”

Relata ainda que estudos americanos demonstram que os animais

acometidos não conseguem ultrapassar 2000 Kg de leite como produção

total na lactação afetada (FARIA, 2009).

Por ser o objetivo primário do produtor de leite maximizar os lucros,

tornando a atividade economicamente viável, eficiente e rentável torna-se

necessário obter-se conhecimento sobre os principais fatores

relacionados às constantes perdas identificáveis na pecuária leiteira,

relacionadas à sanidade, produção de leite, reprodução, nutrição,

genética, bem-estar animal e mão-de-obra auxiliar (SILVA et al., 2008). O

desconhecimento, ou negligência, desses fatores por parte de médicos

veterinários e produtores rurais pode gerar problemas à propriedade,

comprometendo a renda e a viabilidade da atividade leiteira.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Etiologia

O abomaso representa o estômago glandular dos ruminantes

(BAIRD & HARRISON, 2001). Em uma vaca adulta segundo a descrição

de SILVA et al. (2002) é uma estrutura tubular, que se estende desde o

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9

fundus, e está situada ligeiramente à direita da linha média ventral. O

corpo do abomaso estende-se obliquamente para o lado direito do

abdômen e fixa-se dorsalmente no antro pilórico. A parede do omento

maior liga-se à grande curvatura do abomaso. A face parietal do abomaso

não é coberta por omento, porém a face visceral é recoberta por fortes

ligações perto do antro do piloro (FIG.1).

Figura1 – Compartimentos gástricos dos ruminantes e sua relação com o abomaso. Posicionamento normal e indicação para que lado se pode deslocar o abomaso (SILVA et al., 2002).

A etiologia do deslocamento de abomaso é complexa e multifatorial

(RIET-CORREA et al., 2007). Casos esporádicos ocorrem em bezerros,

touros, novilhas e vacas secas (DIVERS & PEEK, 2008). Poucos são os

relatos desta enfermidade no gado de corte, sendo que no Brasil, não

existem relatos em bovinos de corte ou de raças puras zebuínas

(CÂMARA et al., 2009). Geralmente atinge vacas leiteiras durante o

primeiro mês após o parto (STEINER, 2006). A possível relação do

período puerperal com o deslocamento de abomaso reside no fato de

que, nesta fase, há uma brusca diminuição da pressão exercida pelo

útero gravídico sobre o rúmen e cavidade abdominal, havendo maior

(11)

10

Outros fatores predisponentes para o deslocamento de abomaso

em bovinos leiteiros em período de pós-parto seriam a retenção de

placenta e a ocorrência de metrites (STEINER, 2006), assim como outras

doenças de ocorrência comum nesse período, como hipocalcemia,

cetose, ou toxemias devido a mastites, que podem vir a influenciar direta

ou indiretamente no tônus abomasal (MARTIN, 1972). Essas doenças

associadas implicam na diminuição relativa do conteúdo e tamanho do

rúmen, devido à redução do apetite, possibilitando a ocorrência do

deslocamento (DIVERS & PEEK, 2008).

Em bovinos leiteiros, o fator nutricional também é importante, pois

a alimentação com altos níveis de concentrado resulta em redução da

motilidade e aumento no acúmulo de gás abomasal (VAN WINDEN et al.,

2003). Uma ração rica em carboidratos solúveis, e pobre em forragem,

com baixa porcentagem de fibra bruta (<17%), ou fibra em detergente

neutra (FDN) menor que 28 a 32% seria outro fator desencadeante do

deslocamento (RIET-CORREA et al., 2007).

Portanto, alto consumo de grãos no inicio da lactação,

administração excessiva de silagem de milho e de rações ricas em

gordura e proteína favoreceriam o aparecimento do problema (MARTIN,

1972), uma vez que o grande volume de gás metano produzido no

abomaso após a alimentação com grãos pode ficar retido, ocasionando

distensão e deslocamento (RADOSTITS et al., 2000).

O gás acumulado no interior do órgão, sem ser eliminado, faz com

que a víscera aumente de volume, migrando para a direita ou esquerda,

gerando estenose ou obstrução do trânsito alimentar (RIET-CORREA et

al., 2007).

A tendência dos pesquisadores atuais é associar os diferentes

fatores predisponentes, como o parto e a diminuição da motilidade

abomasal, em decorrência de fatores diversos, na determinação causal

(12)

11

A forma mais comum de ocorrência do deslocamento de abomaso

é a sua migração para a esquerda, movendo-se dorsalmente entre o

rúmen e a parede abdominal esquerda (COPPOCK et al., 1971). Em

bezerros não desmamados geralmente o abomaso tende a se deslocar

para a direita, porém após a desmama o abomaso pode se deslocar para

qualquer lado, sendo que há relatos de deslocamento para a direita em

bezerros de apenas três dias de vida (DIVERS & PEEK, 2008).

Percentuais de 85 a 95% dos deslocamentos ocorrem para a

esquerda (MÖMKE, 2008). Já o deslocamento para a direita geralmente é

acompanhado de torção, e ocorre quando o abomaso desloca-se

dorsalmente à direita na cavidade abdominal (COPPOCK et al., 1971).

2.2. Sintomatologia Clínica e Patogenia

Os primeiros sinais do deslocamento de abomaso são geralmente

sutis (SILVA et al., 2002). Vacas com o deslocamento apresentam-se

depressivas e anoréxicas, com menor volume fecal e redução na

produção de leite (BAIRD & HARRISON, 2001). As fezes podem variar de

mais firmes que o normal a diarréicas (SILVA te al., 2002). Outros sinais

clínicos encontrados são dispnéia, acentuado timpanismo e fezes

ressecadas e com presença de muco (CÂMARA et al., 2009).

Muitas vezes o rúmen não apresenta as movimentações

fisiológicas (SILVA et al., 2002), entretanto, em casos de deslocamento

para a esquerda, sem complicações, os sinais vitais podem ser normais

(RIET-CORREA et al., 2007). Alterações dos parâmetros podem ocorrer

nos casos em que há associação com outras patologias, como metrites

ou mastites associadas à toxemia (SILVA et al., 2002).

Os sinais clínicos mais evidentes estão associados com a

diminuição da ingestão alimentar e apetite seletivo, com tendência dos

animais acometidos optarem pela ingestão de verde e feno em relação

(13)

12

ingerir os nutrientes necessários à produção leiteira, os animais

acometidos entram em déficit energético negativo desenvolvendo cetose

(SILVA et al., 2002).

Nos deslocamentos para a esquerda normalmente há acúmulo de

gás, e a ocorrência de torção é pouco comum, de forma que a passagem

do alimento se reduz em volume, mas não é totalmente bloqueada, e

assim uma condição crônica pode se estabelecer (COPPOCK, 1974).

Com a cronicidade da doença o animal pode desenvolver quadro de

desidratação prolongada (BAIRD & HARRISON, 2001).

Segundo Riet-Correa et al. (2007) o exame físico do abomaso

deslocado é o que mais auxilia no diagnóstico. O deslocamento abomasal

para a esquerda pode ser detectado através da auscultação com

percussão revelando som metálico “ping” (RADOSTITS et al., 2000). Tal

exame é realizado na região do 9˚ ao 12˚ espaço intercostal esquerdo e

nas porções mais baixas do abdômen (RIET-CORREA et al., 2007). Na

auscultação e balotamento do terço médio inferior direito do abdômen

nota-se som revelando presença de líquido no interior da víscera

(RADOSTITS, 2000).

Riet-Correa et al. (2007) comenta que nos raros animais que

morrem ou em animais abatidos, o abomaso encontra-se entre o rúmen e

a parede ventral do abdômen, contendo quantidades variáveis de fluido e

gás. Ressalta ainda que aderências podem ser encontradas, associadas

a úlceras abomasais, e que o fígado do animal pode apresentar-se

amarelado devido à degeneração gordurosa (RIET-CORREA et al., 2007).

O deslocamento abomasal para o lado direito pode ocorrer com ou

sem vôlvulo abomasal (CÂMARA et al., 2009), porém geralmente neste

tipo de deslocamento há ocorrência de torção associada (COPPOCK,

1974).

O vôlvulo abomasal provavelmente representa uma progressão da

dilatação, e é uma condição de risco de morte imediata (WILSON, 2008).

(14)

13

alteração grave do estado geral do animal, fezes liquidas ou ausentes, e

freqüentemente o flanco direito pode estar abaulado (SILVA, et al., 2002).

Em caso de vôlvulo há deslocamento do órgão com torção no

sentido horário ou anti-horário, variando de 180 a 360º, podendo provocar

oclusão do lúmen intestinal, impossibilitando o esvaziamento do órgão, e

assim causando acúmulo de fluido rico em ácido clorídrico no abomaso

(CÂMARA et al., 2009).

Os animais acometidos encontram-se muito deprimidos, com

graves alterações do equilíbrio ácido básico, hipotermia e disfunção

cardíaca (SILVA et al., 2002). O deslocamento para a direita com vôlvulo

abomasal acarreta em alcalose metabólica hipoclorêmica e hipocalêmica,

importante comprometimento vascular das estruturas envolvidas,

inquietude e sinais de dor abdominal, demonstráveis pelo ato de

escoicear o abdome (CÂMARA et al., 2009).

A alcalose hipoclorêmica ocorre provavelmente devido à atonia

abomasal, com produção continua de ácido clorídrico e obstrução parcial

da saída do conteúdo abomasal, resultando em seqüestro do cloro no

abomaso e refluxo deste para o rúmen, enquanto a hipocalcemia é

provavelmente, resultado da redução da absorção via alimentar e

contínua secreção renal deste eletrólito. (SILVA et al., 2002).

Animais com vôlvulo abomasal podem demonstrar sinais clínicos

de dor abdominal aguda no começo da enfermidade, a auscultação

simultânea com percussão do abdômen do lado direito pode ser usada

para o diagnóstico definitivo (WILSON, 2008).

Câmara et al. (2009) relata que no vôlvulo abomasal nos achados

necroscópicos na cavidade abdominal, constata-se a presença de

moderada quantidade de líquido com aspecto sanguinolento. O peritônio

parietal apresenta-se com aspecto avermelhado e hemorragias petequiais

com maior predominância no antímero direito. Afirmam ainda que ao

(15)

14

líquido de coloração acastanhada, hiperemia de mucosa e necrose

hemorrágica no local da torção.

2.3. Tratamento

Visa-se com o tratamento recolocar o abomaso em sua posição

fisiológica, de modo a que a função digestiva possa se restabelecer o

quanto antes, e dessa forma a vaca retornar à produção de leite e ao

balanço energético normais (SILVA et al., 2002).

Há várias opções de tratamentos, e a escolha se baseia em

diversos fatores, como o valor da vaca, experiência e habilidade do

médico veterinário e custo dos procedimentos (BAIRD & HARRISON,

2001).

Numerosos tratamentos conservativos têm sido experimentados

para aumentar e repor a motilidade gastrointestinal e o tônus abomasal,

expelindo o gás do órgão, de forma que o abomaso vazio retorne

espontaneamente a sua posição anatômica (SILVA et al., 2002). Os

métodos conservativos medicamentosos de tratamento incluem o uso de

hioscina e parassimpatomiméticos, como neostigmine e metoclopramida

(RIET-CORREA et al., 2007). Porém o uso de fármacos unicamente

apresenta uma incidência elevada de recidivas, sendo geralmente

empregado em vacas de pouco valor produtivo e econômico (SILVA et al.,

2002).

Um método conservativo não medicamentoso é o do “rolamento”,

que em caso do deslocamento do abomaso para a esquerda,

recomenda-se colocar o bovino em decúbito dorsal direito, e mudando-recomenda-se sua posição

sutilmente da direita para esquerda, com um “rolamento” no sentido

horário, enquanto o médico veterinário com balotamento do abdômen

desloca o abomaso para a direita o mais próximo do local anatômico

original (RIET-CORREA et al., 2007). É recomendado o monitoramento

(16)

15

tentado em deslocamentos para a direita pelo risco no estabelecimento de

torção do órgão (SILVA et al., 2002).

Muitas técnicas diferentes foram desenvolvidas nas últimas

décadas para a correção cirúrgica e fixação do deslocamento de

abomaso, o procedimento de eleição depende da preferência do cirurgião,

da situação econômica, das facilidades de manejo e do estado geral do

paciente (STEINER, 2006).

Os métodos cirúrgicos podem ser realizados de diferentes

maneiras (RIET-CORREA et al., 2007). O objetivo da correção é retornar

o abomaso a sua posição original, de forma a impedir recidivas da

maneira menos estressante possível (SILVA et al., 2002).

Nas técnicas de flanco a insensibilização é obtida através da

aplicação de anestésico local visando o décimo terceiro nervo torácico e

os primeiro e segundo nervos lombares (WILSON, 2008). Os métodos

anestésicos variam de técnica para técnica, mas as cirurgias de

deslocamento de abomaso adotam anestesia local, na região da incisão

(FUBINI & DUCHARME, 2004).

A abomasopexia paramediana direita pode ser utilizada para

deslocamentos à direita ou esquerda (WILSON, 2008). Esta técnica

permite melhor acesso ao abomaso, inspecionando completamente o

órgão, de forma a recolocá-lo corretamente em sua posição anatômica

(DIVERS & PEEK, 2008). Requer que a vaca durante o ato cirúrgico seja

posicionada em decúbito dorsal (BAIRD & HARRISON, 2001).

É realizada laparotomia na região ventral da área paramediana,

delimitada pelo processo xifóide, o umbigo, a veia epigástrica superficial

caudal direita e a linha média, sendo o abomaso descomprimido,

retornado para a posição correta, e fixado com suturas, que não perfurem

o lúmen abomasal, na parede abdominal (STEINER, 2006). Tal

procedimento é mais trabalhoso e requer certa preparação, tempo e

considerável número de assistentes, além de gerar mais estresse ao

(17)

16

Outra técnica, a abomasopexia pela fossa paralombar esquerda

é realizada através de laparotomia pelo flanco esquerdo com o animal em

posição quadrupedal e em estação (STEINER, 2006). Tem a vantagem

da fixação direta do abomaso à parede ventral abdominal, porém a

adesão atingida não é considerada tão segura quanto a técnica da

abomasopexia paramediana direita (BAIRD & HARRISON, 2001). O

abomaso deslocado é facilmente visualizado entre a parede abdominal e

o rúmen (STEINER, 2006). O órgão é descomprimido e empurrado

ventralmente e através do lado direito do abdômen, enquanto isso um

assistente identifica o melhor ponto de saída da agulha para a sutura do

abomaso à parede do abdômen (WILSON, 2008).

As desvantagens desse procedimento incluem a possibilidade de

infecção exógena na cavidade peritoneal, mau reposicionamento do

abomaso, e risco de suturas baseadas na limitação do acesso ao órgão

pelo flanco esquerdo (DIVERS & PEEK, 2008). Tal técnica cirúrgica é

indicada para deslocamentos à esquerda, e nos quais há prenhez

avançada (BAIRD & HARRISON, 2001).

Como alternativa barata e rápida de correção do deslocamento

para à esquerda há a técnica de fixação transcutânea do abomaso

através da parede abdominal ventral (DIVERS & PEEK, 2008). O animal

deve ser posto em decúbito direito e rolado lentamente para o decúbito

dorsal, o médico veterinário deve confirmar o reposicionamento por

percussão com auscultação do abdômen (WILSON, 2008). Com uma

agulha preparada com fio não absorvível, é feita a sutura às cegas

através da parede abdominal e lúmen abomasal (DIVERS & PEEK, 2008).

A omentopexia pela fossa paralombar direita pode ser utilizada

para deslocamentos à esquerda, mas também é a mais recomendada

para deslocamentos à direita, com ou sem vôlvulo abomasal

(RIET-CORREA et al., 2007). Pode ser realizada com mínimo auxílio de

assistentes e permite a reposição manual do abomaso pela incisão

(18)

17

Após incisão pela direita, com o animal em posição quadrupedal e

em estação, o braço esquerdo do cirurgião deve passar pela porção

caudal dorsal do rúmen e palpar o abomaso distendido por gás do lado

esquerdo do abdômen, com uma agulha acoplada a um tubo estéril o

órgão deve ser esvaziado até a remoção de todo o gás (BAIRD &

HARRISON, 2001). O órgão é reposicionado manualmente do lado direito

do abdômen, e então o omento é suturado na parede abdominal esquerda

(STEINER, 2006). Como as suturas são realizadas no omento, não há

trauma para o abomaso (BAIRD & HARRISON, 2008).

Como o omento é friável à sutura de fixação à parede abdominal

pode possibilitar a ocorrência de recidivas, alguns médicos veterinários

incluíram a piloropexia à parede muscular direita, para melhorar a

eficiência da sutura e torná-la mais duradoura (WILSON, 2008). Deve se

tomar cuidado para se penetrar apenas a camada serosamuscular, da

região pilórica, evitando penetrar na mucosa (BAIR & HARRISON, 2001).

Penetrações inadvertidas do lúmen podem acarretar em abcesso e

obstrução do piloro (WILSON, 2008).

Vacas com deslocamentos sem maiores complicações devem

apresentar aumento de apetite e produção leiteira de 48 a 72 horas após

a cirurgia, já animais com vôlvulo abomasal, se sobreviverem ao

procedimento, só terão um bom prognóstico após 96 horas (DIVERS &

PEEK).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Juntamente com a mudança no perfil da atividade leiteira nacional,

os produtores e médicos veterinários devem se adaptar a esse novo

sistema de produção e os problemas acarretados por essa forma mais

intensa de exploração da pecuária leiteira. Nessa nova realidade, o

deslocamento de abomaso causa perdas econômicas diversas, devido

(19)

18

(GEISHAUSER et al., 1998). Por isso seu estudo e compreensão

tornam-se importantes como formas de tornam-se evitar gastos desnecessários, perdas

produtivas e descartes de animais de alto valor.

As doenças dentro de um rebanho leiteiro não devem ser

observadas individualmente como um simples problema metabólico ou

infeccioso, mas como um indicador e monitor de eventuais problemas de

manejo na propriedade (FARIA, 2009). Na maioria das vezes, a

negligência da importância das ocorrências desses acontecimentos leva a

prejuízos muito maiores do que o simples custo do tratamento do animal.

Existem diversos tratamentos cirúrgicos e medicamentosos para o

tratamento individual do animal acometido, porém em fazendas onde haja

alta prevalência, apenas tratar o animal não é suficiente para controlar o

problema. Tendo-se em vista que o manejo nutricional tem enorme

importância na etiologia da enfermidade, todo o manejo nutricional da

propriedade deve ser repensado para reduzir sua ocorrência no rebanho.

Entretanto, para se atingir esta meta torna-se necessário o

aprofundamento do conhecimento acerca deste problema tão freqüente

(20)

19

REFERÊNCIAS

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FARIA, B. N. de. Deslocamento de Abomaso: uma simples enfermidade

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http://www.rehagro.com.br/siterehagro/publicacao.do?cdnoticia=1853

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(21)

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Referências

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