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ff
Se
THESE
DE-A
R
M
V
JAH
>
3
1335
]THESE
QUE
APRESENTA
Á FACULDADE
DE MEDICINA
DA
BAHIA
E
SUSTENTA
EM
NOVEMBRO
DE
1867,
PARA OBTER
O
GKIO
DOUTOR
EM
MEDICINA,
MANOEL
AUGUSTO
GOMES
GUIMARÃES,
(NATURAL
D
'ESTA PROVÍNCIA)
Dansl'exercicede sonart, leínedeciu
doit ne voir que 1'homme, etnefaire
aucune différence entrelesgrands et les
pétits. Celuiqui souftre plus, celui qui
court leplus de danger,doit 1'emporter
sur les autres,quellequesoitd'ailleurs
sacondition.
(HUFFELAND,)
BAHIA:
TYP.
DO—
PHAUOL—
RUA
DIREITA
DA
MIZERICORDIA
N. 4.DIRECTOR
O
EXM.
SR.CONSELHEIRO
DR.
JOÃO
BAPTISTA
DOS
ANJOS.
VICE-RIRECTOR
O EXM. SNR. CONSELHEIRO DR. VICENTE FERREIRA DE MAGALHÃES.
OSSRS.DOUTORES L°
ANNO.
MATÉRIAS QUELECCIOsXo, Physicaemgeral,eparticularmente
em
suasCons. Vicente Ferreira deMagalhães. .
J appiicações á Medicina.
FranciscoRodriguesdaSilva ChimicaeMineralogia. „
Adriano AlvesdeLimaGordilho . . . Anatomia descriptiva.
2.»
ANNO.
^AntoniodeCerqueira Pinto Chimicaorgânica. *
JerónimoSodré Pereira Physiologia.
Antonio MarianodoBomfim Botânicae Zoologia.
AdrianoAlves deLimaGordilho . . . Repetição deAnatomiadescriptiva. 3.»
ANNO.
,«Cons. Elias José Pedroza Anatomiageralepathologica. Joséde GóesSiqueira .. Pathologiageral.
JerónimoSodré Pereira
...
Physiologia.4.°
ANNO.
Cons.ManoelLadisláoAranhaDantas. . Pathologiaexterna.
Pathologiainterna.
. i Partos, moléstias de mulherespejadase de
Mathias Moreira Sampaio -j menill0S recemnascidos.
5."
ANNO.
Continuação de Pathologiainterna.
JoaquimAntoniod'01iveiraBotelho . . Matéria medicae therapeutica.
José Antonio de Freitas .* Anatomiatopographica,Medicina operato-5 na, eapparelhos.
6."
ANNO.
Antonio José Ozorio Pharmacia.
Salustiano Ferreira Souto Medicinalegal.
DomingosRodrigues Seixas Hygiene,e Historiada Medicina.
Clinicaexternado3."c4.°anno.
Antonio Januário de Faria Clinica internado 5.°e6.°anno.
RozendoAprígio PereiraGuimarães . . )
Ignacio José da Cunha /
PedroRibeirodeAraujo }Secção Accessoria.
José Ignacio deBarrosPimentel. . . .\
Virgilio Clímaco Damazio '
José Aííonso Paraizo deMoura
...
Augusto GonçalvesMartins
j
Domingos CarlosdaSilva v Secção Cirúrgica.
DemétrioCyriaco Tourinho
/
LuizAlvaresdos Santos vji Secção Medica.
João Pedro da CunhaValle
^
SECRETARIO
0 SR. DR. CINCI1NNAT0 PINTO DASILVA.
OH
M
IVI, I>ASECRETARIA
0 SR. DR. THOMAZ D'AQUINO GASPAK.A
Facudade não approvanemreprovaas opiniões emittidas nas thescb que lheCONTUSÕES
E
FERIDAS CONTUSAS.
DISSERTAÇÃO.
ONTUSÃO—
é toda solução de continuidade dos tecidosvivos
acompanhada
de extravasação de líquidos orgânicos,e produzida pela pressão directa
ou
indirecta de certosagentes exteriores
sem
divisão dacamada
tegumentar.O
caracterque
distingue a contusão das feridas propriamente ditas,éo
esmagamento
dos tecidossem
soluçãode continuidade dapelle.Quando
estas duas circunstancias se achão reunidas, a lesão
toma
onome
deferida contusa.
Toda
contusão presuppõeuma
violência exterior, quepode
obrar dediííerentes modos, e
sempre
com
omesmo
mecanismo.E' assim que,
umas
vezes, a causa produz desordensem
maiorou
menor
extensão no lugarem
que ella obrou, dandoem
resultadouma
contusão directa; outras vezes, a parte offendida pelo instrumento contun-dente apresentando grande resistência,communica
a quantidade demovi-mento
recebidoáoutros órgãos, que,maisaccessiveis, soíTremuma
alteraçãomais
ou
menos
profundaem
sua textura, constituindo oque sechama
contusão indirecta.
Mecanismo.
E' mister,
quando
se trata da contusão, não prescindir da existênciade trez condições,
que
os autoresteem
convencionadoem
chamar
ponto de apoio, potencia e resistência.O
ponto de apoio é representado porum
corpo exterior,ou
pelos tecidos subjacentes aos que soffrem o choque; apotencia é representada por
um
corpo estranho,que
obra por seo própriopeso, por sua velocidade,
ou
pelo concurso das duas forças reunidas; a resistência se acha na razão composta da densidade dos tecidossubmet-tidos á acção do corpo contundente.
Pnenomeiios da
confusão.
Os
cirurgiões, de conformidadecom
as lesõesque
apresentarão ostecidos, dividirão ascontusões
em
quatro gráos.O
primeiro grão écaracte-risado pelo despedaçamento dos pequenos vasos e das laminas orgânicas ténues: o segundo gráo é caracterisado pelo
despedaçamento
dos vasosmais consideráveis,
com
infiltração ederramamento
de sangue: o terceirográo é caracterisado pelo despedaçamento do tecido cellular subcutâneo e intermuscular, do tecido cellular dos órgãos ede suasfibras;
esmagamento
do tecido adiposo, ruptura dos vasos e dos nervos; infiltração e
derra-mamento
de sangue, de que pode mais tarde resultar a gangrena dostecidos: o quarto gráo
emfim
é caracterisado peloesmagamento
dosteci-dos, e pela mistura de líquidos, de maneira
que
resultauma
espéciede papa.
Causas.
São na maioriados casos, a expansão súbita do vapor e dos gazes, o choque
mesmo
d'agua,uma
quéda quer da altura deum
corpocontun-dente, quer de
uma
maiorou
menor
altura,uma
pedraque
cahe do alto,uma
pancada descarregada sobre o corpo,um
sôcco,uma
bála,um
esti-lhaço impellido por
uma
espingarda,uma
pressãoforte e continua,eto.Symptomas.
Os symptomas
deuma
contusão leve consistemem
uma
dôrpouco
viva e passageira,
em
um
empastamento
da partecontundida enamudança
de côr natural
em
uma
côr amarellada,que
poucos dias depoisdesappa-rece
sem
deixar vestigio algum.Em
uma
contusão mais forte as cousasjáse
passam
demodo
differente: as dores são mais intensas e muito maisincha-—
3—
ção considerável, infiltrações sanguíneas, que se
conhecem
com
onome
de ecchymoses,
ou derramamentos
sanguineos constituindo fócos edepó-sitos da
mesma
natureza.ECCHYMOSES.
Ecchymose
è o resultado da infiltração do sangue no tecido cellular,que rodeia
ou
separa os órgãos. Ella pode existirsem
que
haja contusão,e deixar de manifestar-se logo depois do accidente.
A
côr negra que ella algumas vezes apresenta nas partes contusas,pode
confundir o pratico pouco attenciosocom
a existência deuma
gan-grena, cujo erro é fácil de evitar-se pelos caracteres differenciaes, que apresentão estes dois estadosmórbidos.A
inchaçãoqueacompanha
aecchy-mose, existe
com
dòr ousem
dor:com
dôr, ella é desigual e depressivel;sem
dôr, ella é mais regular, mais branda e algumas vezesrenitenteeem
nada se assemelha ao edema,
nem
ao empastamento. Pode-se comparar, debaixo d'esta relação, â das pálpebras, e das bolsas escrotaes,com
á daface e da continuidade dos
membros.
No
primeiro caso, odedo nãodis-tingue
mudança alguma
naparte inchada;aecchymose
éem
geral uniformac de
uma
côr negratirante mais oumenos
ao amarelío: no segundo caso,elle reconhece perfeitamente
que
os tecidos não se achão no seo estadonormal, e que elles não apresentão flexibilidade
nem
regularidade naturaes; o sangue não dáuma
côr igualem
toda parte da pelle, e aecchymose
secompõe
de laminas negras, lívidas, rosadas, amarellas, e até mescladas de pontosque
conservão sua côr natural.A
contusão do segundo gráo émuitas vezes manifestada debaixo da pelle por
um
fóco e porum
derra-mamento
de sangueem
forma de tumor,que
apresenta duas variedadesque convêm
não confundir.Em
uma,
otumôr
é sólidoem
todos os pontos;na outra, elle só o é na circumferencia, e a ponta é mais ou
menos
fluctuante:
em
ambos
os casos porem, elle pode confundir-secom
outraslesões. E' assim que, nos ossos, elle é muito duro e adherente, a ponto de simular periostose; nas partes molles é muito espesso, e nas massas gordurosas, elle
pode
simular-se áum
anthraz, áum
núcleo phlegmonoso,Em
taes casos, os antecedentes da lesão bastão para fazer conhecer anatureza do mal.
O
tumor
com
derramamento
apresenta muitas vezesuma
dispo-sição particular.
Sua
constituição é tal que facilmente pode-setomar
poruma
alteração dos ossos subjacentes. Este ultimo caracter é sobre tudonotável
em
certas regiões do corpo, aonde os ossos não são separadosdapelle senão pelo tecido cellular.
No
craneo a depressãoque
occupa ocen-tro do
tumor
é as vezes tão profunda e tão molle,que
applicando o dedo,sente-se a impressão que resultaria do toque nos bordos da perforação.
Ruysch, Petit, e Velpeau dizem ter observado esta particularidade dos tumores sanguíneos, não só no craneo e nos tecidos cellulares dos ossos
e da aponevrose,
como
até nomeio
das partes molles e das regiões asmais flexíveis. Este
phenomeno
é fácilde explicar-se: assim, n'estases-pécies de contusões o sangue misturado á
lympha
coagulavel e infiltradono tecido cellular se
combina
com
asmalhas
orgânicas,concentra-secom
suas laminas e determina ahi
um
trabalho mórbido,que
dáem
totalidadeuma
consistência tanto maior quanto o periosteoou
acamada
subcutâneaapresenta mais densidade e espessura, e cuja extensão se acha
em
relaçãocom
a dascamadas
infiltradas.Se
o centro não é fluctuantee depressivel,é porque alli o sangue só existe
em
estado liquidoou
semi-liquido e ostecidos
em
vezdeserem
espessos, são adelgaçados e esmigalhados.Em
virtude d'esta disposição, a maior partedosphlegmões
circum-scriptos
desapparecem
por simesmos
por apresentarem-seem
muitasregiões e não
acommetterem
deuma
maneira especial os tumoressanguí-neos por causa da rapidez de sua apparição e da
pouca
reacçãoque
osacompanhão.
Um
dos caracteres d'estes tumores, é de ficarem por muitotempo
estacionáriose não causarem a
men@r
dôr; se sua fluctuaçãoaugmenta ou
diminue, a pelle não fica
menos
flexível esem
rubor. Seja qual fôr a suaduração, o fóco conserva
sempre
sua mollesa primitivaenunca
éem
grande extensão
como
em
um
abscesso; algumas vezes,porem,
elleé asédede batimentos que
podem
confundir,segundo
aregiãooccupadapelotumor,com
a existência deum
aneurisma oucom
a destruição circumscripta dasparedes da cavidade sobre a qual estes
tumores
estão situados.Todas asvezes
que
otumor
apresentar os caracteres acimaprescriptos,—
5—
ruptura de vasos importantes,porque as vezes esses batimentos
podem,
aprimeira vista, illudir e infundir graves receios ao pratico,
quando
se tratade
um
deposito sanguíneopuro
e simples.Ravaton, fundadona resistência,que
a pelleoppõe
ao corrimento do sangue,recommenda
que se não deve abrir esses depósitosem
seo começo, visto que ellesdependem
da ruptura de vasos de grande volume. Entretanto é preciso reconhecer seos batimentosse
percebem
em
muitos tumoressanguíneos, aondenenhuma
artéria importante venha a abrir-se e se depois da abertura d'estes
depó-sitos não ha perigo de hemorrhagia.
Por
sua séde,peloexame
das artériase pelos
phenomenos
de que ellas são acompanhadas,com
ossymptomas
dos aneurismas falsos primitivos, é fácil de reconhecer-se que estes
tumo-res são estranhos áruptura dos grossos vasos.
Harcna
e terminações.
A
contusão leve ou superficial termina-seem
poucos dias deum
modo
favorável;porem
uma
contusão mais fortepode
terminar-se não só pela resolução da infiltração ou doderramamento
sanguíneo no meio dostecidos orgânicos,
como
até seracompanhada
deum
trabalhoinflamma-torio, dando lugar a phlégmões diffusos, a abscessos sanguíneos, e trazer
comsigo a morte.
Os
accidentes são ainda mais graves, se a contusãotiversua séde
em
um
órgão splanchnico; porque ha propagação da inflammação nos invólucros da víscera e damembrana
serosa.Uma
contusão bastanteintensa,
acompanhada
de desorganisação dos tecidos,tem
por termo aeliminação das partes modificadas, dando
em
resultadouma
mutilaçãomais
ou menos
grave.Diagnostico.
O
diagnostico da contusão esta no conhecimento da causa produzidapelos accidentes;mas, se as primeiras noções são fáceis de adquirir-se, não
acontece assim
com
o gráo e a extensão da afTecção.A
violênciadogolpe,a natureza e a forma do corpo contundente, o gráo da inchação eda dôr,
a côr mais ou
menos
carregada da ecchymose e a quantidade de sangue derramado, contribuem paracom
mais facilidade o cirurgião assegurar o seo diagnostico.Prognostico,
Varia conforme a extensão e o gráo da contusão, a importância dos órgãos feridos, a producção dos
derramamentos
sanguíneos.-•
Tratamento.
Se a contusão é superficial
ou
do primeiro gráo, o cirurgiãolimi-tar-se-ha a envolver a parte lesada
em
compressas embebidasem
líquidos resolutivos(como
sejão agoa de Goulard, agoa salgada, agoardente canfo-rada). Se a dôr éviva e forte, applicar sangue-sugasou
ventosasescarifi-cadas sobre a região contundida; se existe fócosanguíneomaisconsiderável,
deve o pratico limitar-se a estes
mesmos
meios, coadjuvados poruma
compressão methodica, pormeio
de atadurasembebidas
em
qualquerliquido resolutivo,
quaesosde que
acima falíamos.Os
depósitos sanguíneospodem
muitas vezes desapparecer soba influencia dos tópicos resolutivos;mas, se por este
meio
o pratico não tirar resultado algum, deve pôrem
pratica o
methodo
deChampion, que
consisteem
exerceruma
compressãoforte e instantânea sobre o kysto, capaz de
romper
as paredes d'esle e defazer
com
que
o sangue sederrame
no tecido cellularque
o cerca, aonde mais tardetem
de ser absorvido.Obtem-se o
mesmo
fim, praticando-seum
puneção subcutânea edivi-dindo
com
o bisturi as paredes do kysto; se estes meiosempregados
não forem sufficientes, então deve-se recorrer a outra operação, que
con-siste
em
levarcom
trocart, bisturi, até o fóco e dar livre sahida aosangue, que se aclia estagnado; mas,
como
esta operaçãotem
dado lugarem
certeskystos sanguíneos volumososáuma
grande suppuração, a quetem
suecumbido
os doentes deuma
infecção pútrida, os cirurgiões otem
regeitado de
um
modo
absoluto.Quando
os depósitos sanguíneos inflam-mão-se, convém,em
primeiro lugar, combater estainflammação por meio de antiphlogisticos; e, desde omomento
em
que
se reconhecerque
existepús,
convém immediatamente
abrir o fóco.Se a contusão fôr muito forte, e se existirem infiltração e
derrama-mento
sanguíneosem
grande extensão ouem
profundidade, o praticodeve ter
em
vista o repouso absoluto da parte,acompanhado
deum
dos
symptomas
inflammatorios, e da gangrena que pode na maioria dos casosser a consequência immediata.Se
a contusãotem
reduzido as partes molles emesmo
os ossos auma
massa, o pratico nãotem
outro meio alançar
mão
senão o da amputação.FERIDAS
CONTUSAS.
Ferida conlusa è toda solução de continuidade,
que
resulta da acçãode
um
corpo contundente,que
obre pelo seo próprio peso, quer pelaforça impulsora do systema muscular, quer ainda pela deflagração da
pólvora arremeçando differentes projeclis sobre qualquer parte do corpo.
Os
cirurgiões distinguem duas espécies de feridas contusas: aquellasque são produzidas pelos instrumentos contundentes ordinários, e aquellas
que resultão da acção dos projectis lançados pela pólvora
em
deflagração.D'estas ultimas nada diremos por não pertencerem ao ponto que
es-colhemos.
As
feridascontusasapresentãomuitos grãos,desdeasimples excoriaçãoda pelle até a ruptura e a attrição de todos os tecidos
com
pulverisaçãodos ossos.
As
excoriações são lesões superíiciaes produzidas por corpos contundentes, queobram
obliquamente sobre a pelle.Quando
ellas sãosuperficiaes não são
acompanhadas
senão deuma
dôr muito viva;quando
ellas occupão a parte da espessura da pelle, dão lugar a
uma
resudacãosanguinolenta; o tecido cellular subjacente é distraído, e a excoriação
repousa sobre
uma
pelle mais oumenos
contusa.Na
occasiãodoaccidenle,a pelle apresenta
uma
côr mais oumenos
viva, depois ella torna-se asédede
uma
exalação serosa ou sero-sanguinolenta que, coagulando-se, formauma
crosta escura ou negra. Depois de alguns dias esta crosta sedesprende, e
uma
nova epiderme se forma,em
torno da qual a côrver-melha
daderme
se mostra ainda poralgum
tempo.O.
tratamento das excoriações consiste; noemprego
de repercussivosdurante as primeiras horas, depois
em
proteger asuperfície da pellecom
fios untados de cerôto, e manter a parte
immovel
para prevenir oobrão
menos
obliquamente oucom
mais violência, a pelle é separadaem
toda suu espessura, e tem-se
uma
ferida contusa propriamente dita.Os
caracteres d'esta ferida são notáveis pelas irregularidades, pelos recortes
ou seus bordos, pela presença frequente dos retalhos. Esses caracteres
oppõem
obstáculos á reunião immediata que deixão o cirurgião vacillanteentre a intensidade dos
phenomenos
inflammatorios ea mortificaçãoparcialou total do retalho. Esta gangrena é na maioria dos casos, o resultado da
desorganisaçãoimmediata, que os tecidos
tem
soffrido pela acçãodo corpocontundente; as vezes ella pode ser dependente da intensidade dos
pheno-menos
inflammatorios,ou
da insufficiencia da circulação do retalho.Não
obstante a difficuldadeem
obter a cura por primeira intenção,convém
todavia chegar a esse fim, equando
não consigaem
todos os pontos da extenção da solução deve-se aomenos
procurar meios de obterem
alguns, afim de diminuir a inflammação e a supuração dos bordos,porque na maioria dos casos
uma
grande porção de retalhosprompta-mente
adhere ás partes subjacentes, deixando suppurar os bordos dasolução de continuidade. Ainda
mesmo
podendo
reunir os bordos dasolução, não
convém
que o cirurgião assim proceda; deve, pelo contrario,,deixar na parte mais declive da solução
uma
porção maiorou
menor,
segundoa extençãoda
mesma
solução dosbordos,sem
reunir, afimdedarlivre
passagem
para fora, aos líquidosque
se ajuntão debaixodo
retalho,para que a adhesão se propague por todos os pontos e por fim á aquelle
por onde o liquido passou: isto é necessário para
que
o liquido nãoponha
obstáculo á circulação e traga muitas vezes a
morte
senão completa aomenos
incompleta da parte.Quer
se tenhaou
não tentado a reuniãopor primeira intenção,
um
dos resultados favoráveis, para prevenir odesenvolvimento dos accidentes inflamatórios, consiste nas effusões
SECÇÃO
MEDICA.
ASTHMA.
I.
—
Graças aos progressos da sciencia, apalavra asthma, queantiga-mente
era consideradacomo
synonimo de dyspnéa, é hoje tomadaem
accepção mais restricta.II.
—
Por este estado mórbido entende-seuma
affecção caracterisadapor accessos de dyspnéa, accessos que se
reproduzem
em
epochas mais oumenos
regulares e approximadas, no intervallo dos quaes as funcçõesrespiratórias
reassumem
a sua regularidade normal.
III.
—
Sempre
idiopalhica para uns, pode todavia, segundo outros auctores, ser esta moléstia consecutiva a diversos estados mórbidos.IV.
—
Immensas
e variáveis são as causas, quepodem
occasionar talestadomórbido.
V.
—
A
oppressão penosa, sentimento de compressão econstricção nopeito, e
uma
dyspnéaacompanhada
deum
sopro laryngo-tracheal nainspiração, são os
symptomas
principaes d'esta affecção.VI.
—
E' particularmente a noite que se manifestão os accessos aslhmaticos.VII.
—
Parabem
fazer o diagnostico doesta moléstia,convém
saber, se existealguma
lesão orgânica.VIII.
—
Havendo
lesão orgânica, a asthma deixa de ser essencial.3
IX.
—
Às
moléstias de coração, eprincipalmme as dilataçõesaneuris-raaticas da (clorta e sobre tudo o
emphysema
vesiculardando
lugar adyspnéa sympthomatica,
podem
muitasvezes simularum
ataque de asthma. X.—
Este estado mórbido, não deixando deserincommodo
e rebelde, todavia nãocompromette
a vida do doente;, salvo o casoem
que
elle foracompanhado
deuma
lesão orgânica.XI.
—
A
therapeutica é impotente para debellar a asthma.XII.
—
Uma
boa hygiene, unida á maior cautela, é a melhorSECÇiO
CIRÚRGICA.
ABSCESSOS
POR
CONGESTÃO.
I.
—
Chamão-se
abscessos por congestão,collecções purulentas pro-vindas de
uma
alteração óssea, apresentando-seem
um
ponto mais oumenos
distante do organismo.II.
—
A
osteite, a carie, os tubérculos e outras alterações ósseas sãoas causas mais frequentes dos abscessos por congestão.
III.
—
Quando
o osso é attacado por alguma d'estas affecções, que trazem apoz si a formação do pus, osproductosmórbidos,accumulando-se na visinhança do ponto da origem, formãoum
fóco circumscripto.IV.
—
Este fóco a principio se engrandece e tende a approximar-se da superfície do corpo;mas
depois, encontrando obstáculoem
seudesen-volvimento na região que lhe deo origem, dirige-se para os pontos
menos
resistentes até chegar ásuperfície tegumentar.
V.
—
Formado
o abscesso por congestão, ou a fonte do pus pode, continua e incessontemente secretal-o, ou então seccar-se completamente.VI.
—
No
primeiro caso o abscessoaugmenta
gradualmente eprocuraabrir-se.
VIL—
No
segundo o abscesso transforma-se e confunde-secom
um
abscesso idiopathico.
VIII.—
O
diagnostico dos abscessos por congestão éum
dos maisIX.
—
Os
aneurismas do corpo das vértebras, simulandosempre
abscessos por congestão, enganão muita vez os médicos experimentados.
X.
—
O
prognostico do abscesso por congestão ésempre
grave. XI.—
Duas
indicaçõesdevem
ser satisfeitasno
tratamento de taes abscessos.XII.
—
Satisfazemos a primeira,combatendo
a alteração do systemaósseo, que é o ponto de partida da moléstia.
SECÇÃO
ACCESS0RI4.
QUAL
O
MELHOR
PROCESSO
PARA
A
CONSERVAÇÃO
DOS
SUCCOS
ÁCIDOS?
I.
—
Suecos ácidos são productos da economia vegetal, carcterisados pela presença deum
acidoem
estado de liberdade.II.
—
Tendo
em
vista sua composição, pode-se dizer queabsoluta-mente
não existem taessuecos.III.
—
São os materiaes predominantes de sua composiçãoordinaria-mente
osácidos—
cítrico, malico, e tartrico:donde
talvezsuadenominação,IV.
—
Alem
dos ácidos e outros princípios, encontra-se sempre nos suecos—
assucar euma
matéria azotada especial e importante,quedesem-penha
o papel de fermento.V.
—
Esta matéria é preciso que se ache do estado insolúvel para que termine a fermentação.VI.
—
Ella transforma o assucar existente no suecoem
álcool eacido carbónico.
VII.
—
Dentre
todos os suecos, osquemenos
se alterãosão os ácidos. VIII.—
De
accordocom
as idéas deGay
Lussac, convimos que estefermento não produz effeito
sem
que se tenha dado o contacto do ar. IX'.—
D'ahi induzimos, que se não eííectuaria a fermentação, se os suecos fossem preparados, isemptando-se-os de su influencia.(Wv^oAiuu.
^qjwXW*
(áltAw/vva Aa$o)jc$ú/a\%
otak/mMA AtAe d^OAAtó.
1
y