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Os efeitos da gestão escolar com autonomia financeira

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Academic year: 2017

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(1)

CARINA TAKEUTI

Os Efeitos da Gestão Escolar com Autonomia Financeira

SÃO PAULO

(2)

TÍTULO

Dissertação apresentada à Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, como requisito para obtenção do título de Mestre em Economia

Campo de conhecimento: Microeconometria, Educação

Orientador: Prof. Dr. Sergio Pinheiro Firpo

SÃO PAULO

(3)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Takeuti, Carina

Os Efeitos da Gestão Escolar com Autonomia Financeira

/ Carina Takeuti – 2014. 52 f.

Orientador: Sergio Pinheiro Firpo

Dissertação (MPFE) - Escola de Economia de São Paulo.

1. Desempenho escolar. 2. Gestão escolar - Brasil. 3. Violência. 4. Absenteísmo docente. I. Firpo, Sergio Pinheiro. II. Dissertação (MPFE) - Escola de Economia de São Paulo. III. Título.

(4)

OS EFEITOS DA GESTÃO ESCOLAR COM AUTONOMIA FINANCEIRA

Dissertação apresentada à Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, como requisito para obtenção do título de Mestre em Economia

Campo de conhecimento: Microeconometria, Educação

Data da aprovação:

__/__/___

Banca examinadora:

_____________________________________

Prof. Dr. Sergio Pinheiro Firpo (orientador)

FGV - EESP

_____________________________________

ProfDr. André Portela Fernandes de Souza

FGV - EESP

_____________________________________

ProfDr. Luiz Guilherme Dácar da Silva Scorzafave

(5)

“Acredito que um tal sistema educativo permitirá o mais alto desenvolvimento da mente e da alma.

É preciso,porém, que o trabalho manual não seja ensinado apenas mecanicamente, como se faz hoje,

mas cientificamente, isto é, a criança deveria saber o porquê e o como de cada operação.”

- Mahatma Gandhi -

Agradeço a Deus, aos amigos espirituais, à minha mãe e à minha filha pelo amor,

paciência e apoio incondicionais, ao Itaú pelo suporte financeiro, ao Sergio Firpo pelas

conversas esclarecedoras (foi um prazer e uma honra enorme trabalhar com você), à Lígia

Vasconcelos pelo apoio técnico, ao James S. Paiva pelo companheirismo e prontidão em

discussões dediversas questões relacionadas à educação e à estatística, ao Fabrício S.S.

Machado pelo apoio e paciência durante o período de aulas e ao Daniel R. Palaia, ao Sergio

Santa Maria e ao Sergio R. da C. Werlang, porque sem o incentivo dos mesmos talvez eu não

(6)

RESUMO

Para uma sociedade empenhada em ser mais eficiente, entender os mecanismos

pelos quais uma gestão escolar com autonomia financeira pode trazer ganhos educacionais

deveria ser uma de suas prioridades, uma vez que o capital humano é essencial no

desenvolvimento econômico e social.

O Projeto Jovem de Futuro do Instituto Unibanco foi um caso de sucesso

brasileiro e nosso estudo tenta auxiliar no entendimento das causas do mesmo. O uso de

computadoresem salas de aula, a redução do absenteísmo docente e a elevação da participação

discente mostraram ser possíveis canais. Além disso, em escolas onde já existia grande

presença docente, tal efeito mostrou-se ainda maior.

Também examinamos indicadores de violência (que foram reduzidos pelo projeto)

e a análise do efeito heterogêneo mostra que o impacto é maior quando já existia elevada

presença de brigas e bebidas no ambiente escolar.

Palavras-chave: Educação, gestão escolar, autonomia financeira, microeconometria,

(7)

A society that aims to be more efficient must prioritize the understanding that a

school management with financial autonomy can bring educational gains, since the human

capital is essential for economic and social development.

The project Jovem de Futuro of InstitutoUnibanco was a case of success in Brazil

and our study tries to understand the reasons for its triumph. The use of computers in

classrooms, the reduction of teacher absenteeism and the elevation of the students'

participation showed be possible channels. In addition, in schools where there was already

large presence teaching, this effect was shown to be even greater.

We have also analyzed variables related to violence (which were reduced by the

project) and the heterogeneous effect analysis shows that the impacts is higher when there

was high presence of fights and alcohol in the school environment. 

.

Keywords: Education, school management, financial autonomy, microeconometrics,

(8)

Figura 5.1 – Indicação de leitura ... 42 

Figura 5.2 – Indicação de leitura ... 42 

Figura 5.3 – Indicação de leitura ... 42 

Figura 5.4 – Indicação de leitura ... 42 

Figura 5.5 – Uso de videocassete ... 43 

Figura 5.6 – Uso de videocassete ... 43 

Figura 5.7 – Uso de videocassete ... 43 

Figura 5.8 – Uso de videocassete ... 43 

Figura 5.9 – Presença docente ... 43 

Figura 5.10 – Presença docente ... 43 

Figura 5.11 – Presença de briga ... 44 

Figura 5.12 – Presença de briga ... 44 

Figura 5.13 – Presença de bebida ... 44 

Figura 5.14 – Presença de bebida ... 44 

(9)

Tabela 4.1 – Aspectos socioeconômicos dos alunos ... 26 

Tabela 4.2 – Participação discente ... 27 

Tabela 4.3 – Infraestrutura das escolas ... 28 

Tabela 4.4 – Satisfação com a infraestrutura das escolas ... 29 

Tabela 4.5 – Gestão Escolar ... 30 

Tabela 4.6 – Satisfação com a gestão escolar ... 30 

Tabela 4.7 – Alterações do corpo docente ... 32 

Tabela 4.8 – Práticas pedagógicas – Atividades desenvolvidas ... 33 

Tabela 4.9 – Práticas pedagógicas – Postura e relação aluno-professor ... 34 

Tabela 4.10 – Práticas pedagógicas – Recursos tecnológicos ... 34 

Tabela 4.11 – Existência e presença docente ... 35 

Tabela 4.12 – Satisfação discente com o corpo docente ... 36 

Tabela 4.13 – Indicadores de violência ... 37 

Tabela 4.14 – Indicadores de violência – relação aluno professor ... 37 

Tabela 5.1 – Proficiência ... 39 

8.1.1  Tabela 4.1 - Aspectos socioeconômicos dos alunos ... 51 

8.1.2  Tabela 4.3 – Infraestrutura das escolas ... 52 

8.1.3  Tabela 4.5 – Gestão escolar ... 53 

8.1.4  Tabela 4.7 – Características e alterações do corpo docente ... 54 

8.1.5  Tabela 4.8 a 4.11 - Práticas pedagógicas ... 55 

8.1.6  Tabela 4.12 – Satisfação discente com o corpo docente ... 56 

8.1.9  Tabela 5.2 – Diferenças em Diferenças (DD) ... 58 

8.1.10  Tabela 5.3 – Efeitos Heterogêneos ... 60 

(10)

2  Revisão bibliográfica ... 13 

2.1  Corpo discente ... 13 

2.2  Infraestrutura das escolas ... 14 

2.3  Gestão escolar ... 15 

2.4  Qualidade do corpo docente... 16 

2.4.1  Experiência e escolaridade ... 16 

2.4.2  Práticas pedagógicas ... 17 

2.4.3  Utilização de recursos tecnológicos ... 17 

2.4.4  Horas aula e o absenteísmo docente ... 18 

2.5  Aspecto sociocultural: violência ... 18 

3  O projeto Jovem de Futuro ... 19 

3.1  Possíveis impactos do projeto nos canais apresentados ... 22 

3.1.1  Corpo discente ... 22 

3.1.2  Infraestrutura das escolas... 23 

3.1.3  Gestão escolar ... 23 

3.1.4  Qualidade do corpo docente ... 24 

3.2  Aspecto sociocultural: violência ... 25 

4  Análise dos dados e identificação dos impactos do projeto ... 25 

4.1  Corpo discente ... 26 

4.1.1  Fatores socioeconômicos ... 26 

4.1.2  Participação discente ... 27 

4.2  Infraestrutura das escolas ... 27 

4.3  Gestão escolar ... 29 

4.4  Qualidade do corpo docente... 31 

4.4.1  Experiência e escolaridade ... 31 

4.4.2  Práticas pedagógicas ... 32 

4.4.3  Utilização de recursos tecnológicos ... 34 

4.4.4  Horas aula e o absenteísmo docente ... 35 

4.4.5  Satisfação com o corpo docente ... 36 

4.5  Aspecto sociocultural: violência ... 36 

(11)

5.2  Relacionando o impacto da proficiência com as demais variáveis ... 39 

5.2.1  Base de dados ... 40 

5.2.2  Metodologias ... 40 

5.2.3  Resultados empíricos ... 41 

6  Conclusão ... 44 

7  Referências Bibliográficas ... 46 

8  Anexos ... 51 

8.1  Tabelas completas ... 51 

8.1.1  Tabela 4.1 - Aspectos socioeconômicos dos alunos ... 51 

8.1.2  Tabela 4.3 – Infraestrutura das escolas ... 52 

8.1.3  Tabela 4.5 – Gestão escolar ... 53 

8.1.4  Tabela 4.7 – Características e alterações do corpo docente ... 54 

8.1.5  Tabela 4.8 a 4.11 - Práticas pedagógicas ... 55 

8.1.6  Tabela 4.12 – Satisfação discente com o corpo docente ... 56 

8.1.7  Tabela 4.14 – Indicadores de violência – relação aluno-professor... 57 

8.1.8  Tabela 4.15 – Rendimento Escolar ... 57 

8.1.9  Tabela 5.2 – Diferenças em Diferenças (DD) ... 58 

8.1.10  Tabela 5.3 – Efeitos Heterogêneos ... 60 

8.2  Pesquisa Socioeconômica e Questionário de clima escolar ... 66 

(12)

1 INTRODUÇÃO E MOTIVAÇÃO

O ambiente escolar pode ser caracterizadode acordo com a qualidade dos insumos

utilizados – bens físicos, educadores, profissionais da administração escolar, aspectos

socioeconômicos e culturais da comunidade (interna e externa), etc. – e da forma como estes

bens são geridos e utilizados. Tal ambiente ajuda a desenvolver o potencial intelectual dos

indivíduos, que é determinante para o desenvolvimento social e econômico de qualquer

comunidade - seja esta um bairro ou uma cidade.

O projeto Jovem de Futuro, relacionado à gestão escolar, teve grande destaque

nesse campo pelo bom desempenho nos pilotos. Apesar de não ter conseguido reduzir a

evasão escolar, elevou em muito a proficiência em Língua Portuguesa e Matemática.Tanto

que seu modelo é atualmente disseminado em vários estados brasileiros. Tentar entender as

causas desse sucesso a fim de contribuir para o desenvolvimento de processos cada vez mais

eficazes em promover o desenvolvimento intelectual dos alunos é o objetivo principal desse

estudo.

Tentamos organizar tal análise separando os indicadores estudados por canais.

Nessa linha, analisaremos: os fatores socioeconômicos do corpo discente, a infraestrutura da

escola, a gestão escolar a qualidade do corpo docente – segregando a mesma em: experiência

e escolaridade, práticas pedagógicas, utilização de recursos tecnológicos, horas aula e

absenteísmo docente – e violência.

Faremos uma revisão bibliográfica na seção 2 de cada um desses canais a fim de

entender os efeitos esperados e, na seção 3, analisaremos o Projeto Jovem de Futuro de forma

a indicar como ele poderia atuar em cada um desses canais. Um aspecto interessante que

observamos é o fato deste projeto nos dar acesso a informações que a literatura tem

dificuldade em obter.

Na seção 4 apresentaremos os resultados da análise, ou seja, mostraremos as

diferenças entre os grupos de controle e tratado e as alterações ocorridas em cada indicador

devido ao projeto em cada um dos canais. Segue abaixo um breve resumo dos resultados

encontrados.

Notamos que o corpo discente elevou sua participação em projetos

extracurriculares, tanto culturais (dança, teatro, música e excursões) quanto sócio-político

(parlamento jovem).

Em relação à infraestrutura escolar, verificamos uma pequena alteração: houve

(13)

Observamos também que, devido ao fato do projeto ser essencialmente de gestão

escolar eter todos os processos implantados ao mesmo tempo em todas as escolas, não

conseguimos muitos indicadores para analisar este canal que capturassem alterações efetuadas

pelo programa, diferentemente do estudo realizado por Barros e Mendonça (1997).

Verificamos apenas que a relação matrícula professor de Matemática elevou-se no primeiro

ano devido à elevação de alunos e redução de professores ao mesmo tempo.

Relacionado à qualidade do corpo docente, verificamos que a rotatividade do

quadro devido ao projeto não se elevou (isso indica aceitação do programa pelos professores)

e que ocorreram alterações nas práticas pedagógicas: os professores passaram a comentar as

dificuldades da classe e de cada aluno, a desenvolver atividades nos laboratórios da escola, a

fazer menos debates entre alunos e a indicar mais livros. Em contrapartica, os alunos

passaram a ler mais o livro indicado pelos professores. Os professores também foram

considerados mais dinâmicos e passaram a utilizar mais computadores e a projetar mais

vídeos nas aulas, além de reduzirem suas faltas. Além disso, observamos também elevação na

quantidade de escolas em que existia professor para todas as disciplinas.

Os indicadores de violência nos mostram que houve redução de utilização de

drogas e bebidas na escola, além da redução de brigas e melhora no relacionamento entre

alunos e professores.

Dos indicadores acima citados, daqueles que podem ter sido canais para o bom

desempenho do programa, a indicação de leitura e a utilização de computadores em aula

foram os mais fortes. Além desses, os indicadores de participação discente e de satisfação

(com a infraestrutura,a gestão escolar e o corpo docente) também se mostraram relevantes,

com destaque para a participação em excursões e a satisfação com as salas de informática.

Na seção 5 apresentaremos o impacto do programa na proficiência de Língua

Portuguesa e de Matemática, além de uma tentativa de relacionar tal impacto com os canais

apresentados na seção 4. Verificamos que o acesso à internet tem efeito negativo nas duas

disciplinas e que a indicação de leitura tem efeito positivo em Matemática através da

metodologia de diferenças em diferenças. Devido à endogeneidade, optamos por utilizar essa

metodologia mantendo as variáveis independentes pré-tratamento. Dessa forma, conseguimos

analisar também o efeito heterogêneo das mesmas e observamos que houve maior efeito

positivo no projeto quando: já havia elevada indicação de leitura pelos professores, quando os

professores já estavam mais presentes (faltas reduzidas) e quando havia elevada presença de

(14)

De forma resumida, podemos concluir que o projeto conseguiu atingir seu

objetivo de elevação da proficiência e que isso tenha sido possível através da maior

participação do corpo escolar (diretores e coordenadores envolvidos devido à obrigatoriedade

no cumprimento das regras de gestão, professores com menor indicador de absenteísmo e com

melhores indicadores pedagógicos e alunos mais participativos) e da redução da violência.

Além disso, conseguimos afirmar também que tal programa funcionou principalmente em

escolas com professores mais engajados (que indicavam mais leitura e eram mais presentes) e

com os maiores indicadores de violência.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Conforme já mencionado, analisaremos, nessa seção, os indicadores dos canais

pelos quais uma boa parte dos projetos públicos escolares percorrem para impactar o

desenvolvimento do aluno.São eles: corpo discente, infraestrutura escolar, gestão escolar,

qualidade do professor e contexto socioeconômico da localidade da escola. Abordaremos a

seguir as conclusões dos principais estudos sobre esses temas.

2.1 CORPO DISCENTE

No geral, há certo consenso da literatura referente ao impacto dos fatores

socioeconômicossobre os indicadores educacionais: quanto melhor o nível, melhor será seu

desempenho escolar. Este pode ser medido de diversas maneiras, tais como: escolaridade dos

pais (Barros, Mendonça, Santos e Quintaes, 2001 eSouza, Ponczek, Oliva e Tavares,

2012),raça ou cor (Flores e Scorzafave, 2009, Fryer e Levitt (2004), Hanushek eRivkin,

2008), gênero (Menezes-Filho, 2007), tamanho da família (Becker and Lewis, 1973; Becker

and Tomes, 1976; Hanushek, 1992, Black et al., 2005, Haan, 2005, Angrist et al., 2005,

2006), salário (Barros e Mendonça, 1996; Currie e Thomas, 2001) etc.

Como um dos pontos do plano nacional brasileiro da educação tem como objetivo

a inclusão escolar (ponto de conquista nos últimos anos), é interessante ressaltar que

Rodrigues, Rios-Neto e Pinto (2011) mostram que essa política reduziu o nível

socioeconômico médio do corpo discente, reduzindo a média e elevando a discrepância do

desempenho escolar dos alunos. Por outro lado, essa política também reduziu o impacto

(15)

É importante ressaltar que não é só a alteração da população (corpo discente),

como é o caso da política de inclusão escolar, que pode mudar a intensidade do impacto dos

fatores socioeconomicos, elevando ou minimizando a equidade. Outros fatores, como é o caso

da existência do dever de casa, de biblioteca em sala e do bom clima disciplinar, também o

podem alterar, conforme verificados por Franco, Mandarino e Ortigão (2007).

 

2.2 INFRAESTRUTURA DAS ESCOLAS

Diferente do insumo anterior, os estudos de impacto de investimentos em

infraestrutura sobre indicadores escolares não são consensuais. Alguns estudos encontram

efeito (Franco, Mandarino e Ortigão, 2007, Menezes-Filho, 2007) e outros, não (Tavares,

2012).

A grande questão é sobre a forma como estes gastos são realizados.Sob a visão de

eficiência e no intuito de solucionar essas questões existem esforços para criação de

indicadores de eficiência em investimentos públicos, em educação e em outros campos sociais

(Zoghbi, Mattos, Rocha e Arvate, 2013; Delgado e Machado, 2007; Sutherland et al., 2007;

Herrera e Pang, 2005; Oliveira eSchwartzman,2002).

Dentre os indicadores escolares, a razão aluno/professor, por exemplo, sob o

ponto de vista da escola é, no curto prazo, um insumo fixo, porém, sob o ponto de vista de

alocação dos professores entre as séries - que altera essa razão para os diferentes grupos de

alunos – é mutável e, normalmente, é um aspecto que é decidido pelos gestores escolares e/ou

equipe pedagógica. Assim, há um efeito qualitativo de caráter estratégico que o aspecto

quantitativo por si só pode não capturar.

Outro exemplo relevante são os equipamentos tecnológicos. A simples existência

de softwares avançados disponíveis na escola não signfica que eles serão bem utilizados. O

uso do computador por alunos e professores pode ser um importante instrumento de acesso a

informações não disponíveis fisicamente, como livros, periódicos, treinamentos, vídeos,

notícias, etc., por exemplo, mas o mesmo pode ser subutilizado se não existir conhecimento

para tal. Biondi e Felício (2007) e Diaz (2012), por exemplo, não encontraram impacto na

existência de laboratórios de informática, mas encontram impacto quando o professor faz uso

(16)

2.3 GESTÃO ESCOLAR

As práticas de gestão mais estudadas e discutidas na literatura atual são as

baseadas em conceitos como: transparência, democracia, incentivos, clareza dos papéis, metas

monitoradas, compartilhamento de responsabilidade sócio organizacional partilhada por todos

os agentes associada à gestão participativa e à autonomia financeira, de recursos humanos e

pedagógicos,além da prestação de contas.

Bloom et al (2012), através de um survey com dez mil empresas de vinte países,

mostram que as práticas de gestão que tem ações em monitoramento de performance,

estabelecimento de metas claras e específicas e políticas de incentivo às pessoas explicam

uma boa parte das diferenças de produtividade. Bloom et al (2013) traz um exemplo indiano

(indústria têxtil) que além de ter impactado a produtividade, mostra que tais práticas elevaram

a qualidade e a eficiência, reduzindo custos de estoque e possibilitando abertura de outras

unidades de produção após alguns anos.

Aplicando esse conceito no contexto escolar, Barros e Mendonça (1997)

descrevem a gestão escolar brasileira sob o ponto de vista de incentivos, analisando 3

inovações do sistema educacional: [1] autonomia financeira com transferência de recursos, [2]

eleições de diretor e [3] colegiados (ou conselhos escolares), normalmente compostos pelo

diretor, outros membros da escola, alunos, pais e membros da comunidade, controlando pela

qualidade do ambiente familiar (renda familiar per capita do estado e escolaridade média da

população adulta) e pela qualidade dos professores (salário médio no ensino fundamental,

escolaridade média e proporção dos professores sem educação superior). Eles chegam à

conclusão que todas as inovações impactam proficiência , com destaque à transferência de

recursos e que a única inovação com impacto positivo sobre o rendimento escolar (medido

pela taxa de reprovação, taxa de atendimento, proporção de estudantes com algum atraso e

defasagem série-idade média) é a eleição do diretor. Quando há introdução de efeito fixo no

modelo, somente a inovação de transferência de recursos impacta a taxa de reprovação, com o

colegiado impactando positivamente (de forma perversa). Além disso, colegiado

concomitante à transferência de recursos melhora a taxa de atendimento e as variáveis de

atraso escolar.

Biondi e Felício (2007) também concluem que eleições do diretor impacta a

proficiência, mesmo resultado encontrado por Soares e Teixeira (2006) ao analisar o perfil

(17)

Liderança indutora de colaboração e resolução de problemas e infraestrutura

adequada (existência de equipamentos e pessoal de cunho administrativo) eautonomia sobre

recursos financeiros impactam positivamente na proficiência dos alunos, apesar de elevarem a

desigualdade escolar, conforme Franco, Mandarino e Ortigão (2007).

Tavares (2012), ainda, ao realizar estudo em programa piloto de gestão escolar

que incluía monitoramento de performance, fixação de metas e esquemas de incentivos,

encontra impacto em desempenho em Matemática (intensificados em alunos com atraso

educacional), concluindo que foram as mudanças em práticas pedagógicas e gerenciais (e não

a seleção de alunos ou equipes ou investimentos em infraestrutura) que causaram tal efeito. 

 

2.4 QUALIDADE DO CORPO DOCENTE

Iniciaremos analisando o perfil e escolaridade do professor, seguiremos

analisando as práticas pedagógicas, o uso dos insumos tecnológicos e finalizaremos revisando

a literatura do absenteísmo docente e o impacto do mesmo sobre a exposição do aluno ao

professor.

2.4.1 Experiência e escolaridade

No geral, o nível de escolaridade apresenta impactos positivos sobre os

indicadores escolares na literatura nacional (ver, por exemplo: Biondi e Felício (2007) ou

Souza, Oliva e Tavares (2012)), mas Barros, Mendonça, Santos e Quintaes (2001), surpreende

encontrando impacto negativo. Porém, na literatura internacional, que compara graduados

com pós graduados, os estudos encontram, em geral, impactos negativos ou não

significativos, como Rivkin, Hanushek e Kain (2005), Clotfelter, Ladd e Vigdor (2007) e

Croninger et al (2007).

Já a elevação da experiência, em especial nos primeiros anos de carreira, é

demonstrada por ampla literatura estrangeira que os efeitos são positivos e significativos

(Rockoff, 2004; Rivkin, Hanushek e Kain, 2005; Clotfelter, Ladd e Vigdor, 2007; Goldhaber

(18)

2.4.2 Práticas pedagógicas

Apesar de haver consenso sobre a existência de impacto oriunda da relação entre

alunos e professores, ainda não há certeza sobre quais atitudes e características docentes

afetam o desempenho. Nem todas as práticas pedagóticas são efetivas, como Franco,

Mandarino e Ortigão (2002) demostraram.

Hanushek e Rivkin (2006) pontuam que essa falta de certeza sobre quais fatores

docentes impactam o corpo discente deve ser devido a estas características serem variáveis

não observáveis, como didática, esforço e preparação da aula. Delgado e Machado (2007)

tentam capturar um pouco dessas características analisando o hábito de ler na sala de aula e de

fazer as lições de matemática, verificando que ambas são eficientes.

Nesses estudos também existem discussões acerca da efetividade dos modelos

pedagógicos diferentes. Lavy (2011) verificou empiricamente que os dois impactam

positivamente o corpo discente: práticas que enfatizam a abordagem gradual dos

conhecimentos e verificação da compreensão (conhecidas como modelos pedagógicos

“tradicionais”) e as técnicas consideradas “modernas” que visam dotar os alunos com

competências analíticas e críticas - ambos causam forte impacto positivo na proficiência dos

alunos, ressaltando, ainda, que tais práticas não são muito menos custosas se comparadas com

o custo de reduzir o tamanho das classes, aumentar a quantidade de horas de aula ou de prover

um treinamento contínuo aos professores. Por outro lado também concluiu que incentivar a

capacidade autodidata do aluno não tem impacto significante e, além disso, que transparência,

equidade e acompanhamento individual discente por parte dos professores podem impactar

positivamente o aluno, porém esse efeito é pequeno.

2.4.3 Utilização de recursos tecnológicos

Conforme pontuamos quando expusemos a literatura que abrange o impacto de

infra-estrutura sobre os indicadores educacionais, ainda há muita discussão acerca dos

benefícios escolares e profissionais no acesso a computadores por estudantes brasileiros

(Vigdor (2010)), bem como a forma como eles são utilizados em sala de aula em todo o

mundo e a barreiras de conhecimentos sobre as ferramentas e crenças sobre a eficácia das

mesmas (LOPES et alli, 2010; Ertmer e Ottenbreit-Leftwich, 2010; Kim et al, 2013). Há

indícios que a tecnologia ainda não foi utilizada com total eficácia nesse contexto (Kozma,

2003), pois o acesso tanto aos equipamentos quanto aos conhecimentos ainda érestrito. No

(19)

as regiões geográficas, o mesmo varia entre 34% e 55% da população com mais de 10 anos de

idade (IBGE/PNAD, 2013; Neri, 2012).

Dentre as publicações brasileiras, das quais as quantitativas não são muitas,

Castro e Alves (2005) fazem um estudo de caso com escolas públicas de Niterói/RJ

verificando que ainda existem dificuldades em relação ao conhecimento dos professores sobre

programas e possíveis formas de utilização do mesmo, demonstrando subutilização dos

recursos. Já Biondi e Felício (2007) e Diaz (2007)não encontram impacto em desempenho

escolarna existência de laboratório de informática, apesar do primeiro estudo concluir que a

conexão com a internet e o uso de computadores para fins pedagógicos tem impacto positivo

no desempenho escolar enquanto o segundo não encontra impacto em qualquer tipo de acesso

aos computadores.

2.4.4 Horas aula e o absenteísmo docente

Agregamos os dois tópicos devido ao fato dos mesmos estarem diretamente

relacionado com o tempo que o professor tem para lecionar o conteúdo programado, e que a

elevação desse tempo facilita o aprendizado dos alunos, por estudarem o conteúdo com maior

frequência.

A literatura traz evidências de que a redução do absenteísmo do professor impacta

positivamente o desempenho escolar do aluno (ver Bayard, 2003 ,Duflo e Hanna (2005) e

Miller, Murnane e Willett (2008), por exemplo), bem como a quantidade de horas-aula tem

grande impacto na proficiência dos estudantes (Menezes-Filho, 2007).

Tavares, Camelo e Kasmirski (2009), discorrem sobre o modelo brasileiro neste

tema, inclusive no que tange o aspecto de incentivos jurídicos e mostra que a ausência

docente pode ser explicada parcialmente pela experiência, status ocupacional e engajamento.

2.5 ASPECTO SOCIOCULTURAL: VIOLÊNCIA

De acordo com Abramovay (2002) os primeiros pesquisadores brasileiros sobre

violência na escola datam da década de 1970, de pedagogos e outros estudiosos que queriam

entender o crescimento nas taxas de violência e crime no país. A preocupação com a violência

aumentou nos anos posteriores, abrangendo estudos em que as escolas não eram somente

(20)

na mudança social. A autora mostra resultados de uma pesquisa com os alunos em que eles

respondem que a violência interfere em sua capacidade de concentração, no auto-controle e na

motivação para frequentar as aulas por medo, o que afeta seu desempenho escolar. No corpo

docente, a principal consequência é na redução da motivação, seguida por revolta e

dificuldade de concentração, o que causa pedidos de transferência de escola no meio do ano

letivo que, segundo Biondi e Felício (2007) impacta o desempenho dos alunos.

Em linha com estes estudos, Severnini e Firpo (2009) também concluíram que a

proficiência do corpo discente que sofre com questões de violência é, em média, menor,

afetando em maior grau os alunos com menor desempenho e Teixeira e Kassouf (2011) e

Oliveira e Ferreira (2013) mostram que, na presença de violência escolar, há uma menor

probabilidade dos alunos apresentarem um desempenho acadêmico satisfatório.

Por outro lado, ao contrário do esperado, Gama (2009) encontra efeito positivo

entre proficiência e três categorias de violência: crimes contra o patrimônio, roubo consumado

e crimes violentos, pontuando que o resultado pode ser consequência do tipo de dado

utilizado. Além disso, ele também encontrou relação negativa entre proficiência e o grau de

satisfação discente (variável nomeada como “deixado de lado”).

Além dos estudos sobre proficiência, destaca-se o estudo de Grogger (1997), que

construiu um índice de violência baseado na percepção dos estudantes sobre a mesma e

mostrou que quanto maior a violência, menor a probabilidade dos alunos concluírem o ensino

médio e de ingressar no ensino superior, e de Becker e Kassouf (2012), que verifica que a

probabilidade dos alunos apresentarem algum comportamento violento aumenta quando há

tráfico de drogas nas dependências e no entorno da escola e reduz em escolas que promovem

atividades artísticas e esportivas.

3 O PROJETO JOVEM DE FUTURO

 

Nesta seção apresentaremos o projeto e os possíveis impactos do mesmo sobre

cada um dos canais.

De acordo com o Instituto Unibanco, “o objetivo do Jovem de Futuro (JF) é

atingir alunos, professores e gestores com a proposta de uma gestão escolar participativa,

técnica e transformadora, orientada para resultados, que impacte na qualidade do aprendizado

a partir do uso eficiente dos recursos, ferramentas e metodologias ofertadas às unidades de

(21)

No projeto piloto (período analisado neste trabalho) o Instituto Unibanco (IU)

firmou parceria com as secretarias estaduais do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais, que

fizeram a interlocução com os gestores de escolas de Porto Alegre e de Belo Horizonte que

tinham alunos que cursavam o Ensino Médio. Após a apresentação do projeto pelo IU, foi

facultado a candidatura das escolas, havendo restrição de participação àqueles que tivessem

adesão de toda a comunidade escolar (direção, professores, alunos, pais e comunidade do

entorno).

Com a lista das escolas candidatas(1), o IU fez o pareamento das escolas(2)) e

sorteou, de cada par, a escola que seria tratada inicialmente. O comprometimento das escolas

de controle em permanecer no projeto (participando das provas de proficiência e de pesquisas

realizadas pelo IU) se dá pela promessa de que elas receberiam o programa após os 3 anos de

tratamento das escolas sorteadas.

Os resultados esperados eram: alunos com competências desenvolvidas em

Língua Portuguesa e Matemática e que apresentem alto índice de frequência e atitudes que

expressam responsabilidade social, econômica e ambiental; professores com alto índice de

frequência e práticas pedagógicas mais qualificadas; gestão escolar orientada para resultados e

melhora da infraestrutura da escola.

Os professores, coordenadores e diretores das escolas tratadas pelo JF

participaram de cursos de formação presencial (no decorrer dos 3 anos) que abordaram

tecnicamente o conceito de Gestão Escolar orientada para Resultados (GepR) - momento em

que foram providos de orientação sobre as práticas de gestão de recursos visando resultados,

bem como dos instrumentos(3) necessários para implementá-las (desde a listagem dos itens

necessários para a realização cada uma das atividades previstas que vincula-os aos objetivos

almejados, até a efetiva prestação de contas dos valores utilizados e resultados alcançados(4))

e capacitação/formação pedagógica continuada. Foi oferecido também, de forma opcional, um

cardápio de metodologias de propostas pedagógicas como o “Entre Jovens”, “Valor do

Amanhã na Educação”, “Entendendo o Meio Ambiente Urbano”, “Jovem Cientista”, “Fundos

(1) Quarenta escolas aderiram em Belo Horizonte e cinquenta em Porto Alegre.  (2) Formação dos pares de forma a minimizar a distância geográfica entre eles. 

(3) Na prospecção do projeto eram documentos em excel ou word, que foram substituídos, na 

disseminação, por um sistema acessado via internet. 

(4) Que foi acompanhado pelo Instituto no piloto e cuja tecnologia foi repassada às secretarias de educação 

(22)

Concursáveis”, “Sistema de Reconhecimento”, “Superação na Escola” e “Campanha Estudar

Vale a Pena”, desenvolvidas pelo IU.

O JF trabalhou com incentivos e metas, partindo do princípio que as escolas

conheciam sua função de produção, uma vez que elas eram relativamente livres(5)para decidir

a forma de aplicação do incentivo: R$100/aluno (piso mínimo de R$ 100 mil/escola)(6), com

meta dupla(7): melhora no desempenho dos jovens do ensino médio (medido em proficiência

em Língua Portuguesa e Matemática) e a redução da evasão dos jovens na escola.

Para validação e acompanhamento do projeto, foram formados supervisores e

técnicos das Secretarias Estaduais nos Estados em que as escolas foram inseridas.

Hoje disseminado, “a integração do Jovem de Futuro e do ProEMI deu origem ao

Programa Ensino Médio Inovador/Jovem de Futuro (ProEMI/JF), que reflete o desenho

estruturado de uma parceria público–privada entre o MEC e o Instituto Unibanco, que

permitirá, até 2016, universalizar o programa nas escolas públicas de Ensino Médio do Ceará,

Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará e Piauí, atendendo a cerca de 2.500 mil unidades de ensino e

mais de 2 milhões de alunos.”

 

 (5)  restrição de utilização de, no máximo 40% em infraestrutura e de, no mínimo, 30% para atividades 

de incentivo ao desenvolvimento pedagógico dos professores (premiações, capacitação e fundo de apoio a  projetos pedagógicos), sendo o restante para incentivar os alunos a participarem do programa e à melhoria  de seu desempenho escolar (premiações, bolsas de monitoria, fundo de apoio a atividades desenvolvida  por eles e fundo de apoio a necessidades especiais). 

 (6) Na disseminação, o incentivo financeiro foi mantido em um patamar um pouco menor e as restrições 

são dadas pelas regras de orçamento do ProEMI. 

(7) Três escolas de Porto Alegre deixaram de ser beneficiadas pelo projeto por não terem cumprido as 

(23)

3.1 POSSÍVEIS IMPACTOS DO PROJETO NOS CANAIS APRESENTADOS

3.1.1 Corpo discente

No curto prazo, não era esperado a alteração dos fatores socioeconômicos do

corpo discente no que se refere a aspectos educacionais dos pais, ou financeiros da família,

embora houvesse a possibilidade de ocorrer alteração nas matrículas ao longo dos três anos

caso as famílias mudassem sua percepção sobre a escola a ponto de desejarem a troca, seja

ingressando ou deixando a mesma.Teríamos, nesse caso, uma autoseleção dos alunos/família.

Por outro lado, dois subprojetos do JF impactam o corpo discente, eventualmente,

economicamente: Grupo Gestor e Agente Jovem.

No Grupo Gestor, a participação da família nas atividades da escola era desejada e

incentivada através de sugestão da presença de pais e alunos, adicional à presença de

representantes de associações de pais e mestres já existentes. A partir disso e de eventos

promovidos pela escola que envolvesse a comunidade, poderíamos ter alterações de conduta

dos pais relacionadas ao incentivo aos estudos, por exemplo. Além disso, fazia parte do

escopo do grupo gestor observar problemas individuais que poderiam acarretar em

intervenção escolar no âmbito familiar: este poderia decidir, por exemplo, que devido a

dificuldades de frequência de aula (ou em atividades extraescolares) por determinados alunos

devido a problemas financeiros (temporários ou não), a escola iria adquirir e doar

vales-transportes a tal grupo.

O olhar interno ao corpo discente sobre esses problemas era realizado pelo Agente

Jovem. Cada escola escolheu um estudante, identificado pelos professores e coordenadores

como líder, cujo papel era animar, mobilizar e cuidar dos jovens colegas, identificando

dificuldades pessoais, motivações, restrições, riscos e vulnerabilidades que influenciavam a

participação dos alunos na vida escolar, articulando soluções junto aos gestores. Para tanto,

estes agentes também passavam por processo de capacitação no projeto em métodos de

pesquisa, sistematização de dados e interpretação dos resultados.

Assim, possivelmente, ocorra alteração na intensidade do impacto desses

indicadores sobre as medidas de desempenho escolar e é esperado maior envolvimento

discente nas atividades realizadas pelas escolas tratadas – aspecto não abordado até então pela

(24)

3.1.2 Infraestrutura das escolas

Como a duração do projeto era de apenas três anos, o valor financeiro entregue à

escola não era muito elevado e havia limitação percentual dos recursos repassados na

infraestrutura, não é esperado encontrar impacto no grupo de tratamento neste insumo escolar

através dos dados do Censo Escolar, mas é esperado encontrar alteração na qualidade dos

insumos mensurados pelo mesmo: realizados através de aquisição de materiais

extracurriculares (jogos, filmes, documentários, equipamentos esportivos, de higiene, xerox,

impressoras, assinatura de periódicos, mesas, cadeiras, carteiras, etc.), reformas e/ou

ampliações de áreas já existentes (salas, banheiros, corredores, auditório, teatro, etc.),

renovação dos itens de laboratório, videoteca e/ou biblioteca, atualização de softwares ou

hardwares dos computadores, aquisição ou reforma do sistema de segurança, de ventilação, de

iluminação e de áudio, etc. Apesar de não termos a maioria dos indicadores específicos,

sabemos que pode existir alteração na intensidade do impacto da infraestrutura já existente

sobre a proficiência.

Além disso, como é esperada a elevação da conscientização discente sobre temas

como sustentabilidade, reciclagem, etc. é possível encontrarmos alteração no indicador de

tratamento do lixo realizado pelas escolas, embora o mesmo esteja, de certa forma,

condicionado à existência de recolhimento público para tratamento do mesmo e que

provavelmente não seja prioridade da escola o desenvolvimento deste tipo de conscientização,

visto medida de desempenho ser a proficiência escolar.

3.1.3 Gestão escolar

Todas as práticas de gestão apresentadas (transparência, democracia, incentivos,

clareza dos papéis e metas monitoradas, compartilhamento de responsabilidade sócio

organizacional partilhada por todos os agentes associada à gestão participativa e à autonomia

financeira, de recursos humanos e pedagógica e da prestação de contas) estão presentes no

projeto JF, porém não temos medida para mensurar a intensidade de cada processo e nem

como avaliá-los individualmente, já que todos ocorreram simultaneamente.

Por outro lado, é esperado alteração na organização interna da escola relacionada

à realocação dos professores nas salas – possivelmente, privilegiando a coorte e os 3os anos

do EM, já que eles terão suas medidas de proficiência quantificadas para definição da

permanência no projeto – podendo a mesma alterar a relação aluno-professor dessas turmas;

(25)

professores, alunos, pais e agentes sociais (através, por exemplo, de parcerias com

universidades, empresas, etc.).

3.1.4 Qualidade do corpo docente

3.1.4.1 Experiência e escolaridade docente

Como pode haver uma alteração na seleção interna dos professores para as

turmas analisadas pelo projeto, conforme descrito no item anterior, é possível que esses

indicadores sejam alterados para a coorte em questão e para os alunos do 3o ano do EM,

embora haja certa restrição, dependendo do tamanho da escola (visto que esse tamanho

determina a quantidade).

Além disso, como o corpo docente terá seus incentivos alterados, tanto no que

tange os aspectos de cobrança (de performance, de presença, etc.), quanto nos benefícios

(premiações, treinamentos, acesso a novos materiais e novas possibilidades de processos),

professores que não se adaptarem ao novo tipo de gestão poderão decidir por solicitar

transferência, podendo elevar esse indicador no curto prazo.

3.1.4.2 Práticas pedagógicas

É esperado alteração nas práticas pedagógicas, tanto devido à disposição de

novos materiais (possibilitando diversificação), à possibilidade de realização de atividades

pedagógico-culturais fora da escola, quanto ao maior conhecimento de diferentes práticas

(promovidas pelos cursos do projeto) e à elevação na motivação dos professores para ser

assertivo na melhora dos indicadores escolares.

3.1.4.3 Utilização de recursos tecnológicos

Uma vez disponível, a elevação na utilização em aula só depende da crença

sobre a eficiência no uso e do conhecimento do corpo docente sobre o manuseio dos

mesmos. Como parte dos recursos devem ser destinados ao corpo docente, é possível a

realização de cursos e/ou treinamentos caso não haja conhecimento necessário e, portanto,

(26)

3.1.4.4 Horas aula e o absenteísmo docente

A exposição do aluno ao professor pode ter sido elevada tanto pelas atividades

extracurriculares, quanto pela redução do absenteísmo docente, devido aos incentivos e

cobranças da comunidade escolar, ou mesmo pela redução do absenteísmo discente, caso o

projeto tenha conseguido motivar os alunos a serem mais participativos.

3.2 ASPECTO SOCIOCULTURAL: VIOLÊNCIA

A autonomia sobre os investimentos possibilita às escolas investirem em

equipamentos de segurança, iluminação e limpeza, independentes dos serviços públicos

existentes. Mesmo se a violência não seja um dos problemas das escolas, devido ao

investimento em outros equipamentos, dado a violência social no geral, é esperado que esse

tipo de investimento ocorra mesmo que preventivamente e, consequentemente, dentro do

complexo escolar, deve haver redução nos casos de roubos e furtos.

4 ANÁLISE DOS DADOS E IDENTIFICAÇÃO DOS IMPACTOS DO PROJETO

 

Nesta seção verificaremoso impacto do projeto em cada um dos indicadores dos

canais citados utilizando a metodologia de diferenças em diferenças (DD).

Para apresentar os resultados da seção 4, utilizamosas seguintes bases de dados:

(I) de proficiência do projeto JF, que são anuais (com informação diagnóstica), acompanham

a coorte e que entendemos serem comparáveis entre as diferentes capitais; (II) da pesquisa

socioeconômica aplicada junto com as avaliações diagnósticas, com alunos da coorte,

aplicada pelo IU; (III) da“pesquisa de clima escolar” com os alunos, realizadas em 2008 e

2010 com os alunos do 3º ano do ensino médio pelo IU; (IV) do Censo Escolar (INEP).

As tabelas de resultados são apresentadas para embasar as observações realizadas.

Quando elas não contiveram todas as informações verificadas, incluímos as tabelas completas

(27)

4.1 CORPO DISCENTE

4.1.1 Fatores socioeconômicos

A tabela abaixo apresenta um resumoda comparação socioeconômica entre os

grupos analisados, dentro de cada fonte de dados. Observamos que, nas escolas tratadas,pelas

bases da pesquisa socioeconômica e do Censo Escolar, há mais alunos não brancos ou

amarelos e eles são mais jovens. A intensidade essas diferenças é explicada pelo fato dos

alunos da base do Censo Escolar serem toda a população do 1º ano do Ensino Médio das

escolas, ao passo que a pesquisa socioeconômico somente contém uma amostra de três turmas

por escola (selecionadas por sorteio). Como ela é relativamente grande, talvez seja um

indicativo que a população da pesquisa socioeconômica não seja representativa da escola. O

gênero não apresentou diferenças significativas em nenhuma das bases.

Conforme já mencionado, a pesquisa de clima foi realizada com alunos do 3º ano

do ensino médio pelo IU, que é uma coorte diferente das outras bases. Isso explica a diferença

dos resultados que encontramos ao comparar os grupos de tratamento e controle (ao contrário

das outras bases, não encontramos diferenças significativas entre os grupos).

A tabela completa, no anexo, mostra que há alguma diferença na questão

financeira (por um lado, o grupo tratado possui mais computadores, por outro tem menos

quartos em suas residências) que, na pesquisa socioeconômica, o grupo de tratamento tem

mães e pais com maior escolaridade e o grupo tratado abandonou ou repetiu o ano escolar

menos que o grupo de controle.

Tabela 4.1 – Aspectos socioeconômicos dos alunos

  Fonte: Instituto Unibanco / Censo Escolar (INEP)

Notas: erros padrões robustos para cluster por escola entre parênteses

* Significativo a 10%

** Significativo a 5%

*** Significativo a 1%

N Controle N Média d.p. Controle N Controle

Homem 35,494 0.49 *** ‐0.00  14,155 0.47 0.50 0.48 *** ‐0.01  7,058 0.39 *** 0.01

(0.00 ) 0 (0.01 ) 1 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0

Branco ou amarelo 12,258 0.51 *** ‐0.19  *** 14,021 0.41 0.49 0.43 *** ‐0.02  ** 6,950 0.47 *** 0.01

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 1

Idade 35,494 17.42 *** ‐0.59  *** 14,116 15.82 1.61 15.90 *** ‐0.11  *** 6,926 18.56 *** ‐0.15 

(0.03 ) 0 (0.05 ) 0 (0.03 ) 0 (0.03 ) 0 (0.08 ) 0 (0.10 ) 0

Pesquisa socioeconômica (1ºEM) Pesquisa de clima (3ºEM) CENSO ESCOLAR (1º EM)

trat trat

(28)

Não conseguimos comparar os fatores socioeconômicos entre os anos do projeto,

pois não existiam informações para uma das cidades (Porto Alegre) em 2010.

4.1.2 Participação discente

A participação discente em atividades extraclasse era diferente entre as escolas de

controle e de tratamento e, nas escolas de tratamento, houve elevação de participação do

aluno em projetos especiais, excursões e no parlamento jovem.

Tabela 4.2 – Participação discente

Fonte: Instituto Unibanco

Notas: erros padrões robustos para cluster por escola entre parênteses

* Significativo a 10%

** Significativo a 5%

*** Significativo a 1%

4.2 INFRAESTRUTURA DAS ESCOLAS

Conforme descrito anteriormente, era esperado pouco impacto no grupo de

tratamento neste insumo escolar. Tal hipótese foi confirmada, conforme demonstrado na

tabela abaixo.

Verificamos que não havia diferença de infraestrutura inicial entre as escolas de

tratamento e controle e que em 2010 ocorreu uma redução no oferecimento de alimentação

aos alunos não esperado. Não conseguimos explicar tal alteração.

Na escola, você participa de: N N

Jogos ? 6869 0.36 *** 0.03 *** 12602 0.36 ***0.00 

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 1

6818 0.15 *** ‐0.04  *** 12544 0.15 *** 0.07 ***

(0.01 )

0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0

Competições ? 6830 0.25 *** 0.03 *** 12554 0.25 *** 0.02

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Excursões ? 6766 0.53 ***0.02  12425 0.53 *** 0.15 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Parlamento Jovem ? 6765 0.09 *** ‐0.02  *** 12460 0.09 *** 0.04 ***

(0.00 ) 0 (0.01 ) 0 (0.00 ) 0 (0.01 ) 0

Projetos especiais (dança, teatro, música) ?

2008 2008 vs 2010

Descritivas DD

(29)

Além disso, ocorreu elevação no acesso à internet em 2008 (os missings

apresentados em 2007 não foram tratados. Por isso, a informação apresenta totalidade das

escolas com acesso à internet em 2007 – porém, são apenas 67 escolas, e não 82).

Tabela 4.3 – Infraestrutura das escolas

Fonte: Censo Escolar / INEP

Notas: erros padrões robustos para cluster por escola entre parênteses

* Significativo a 10%

** Significativo a 5%

*** Significativo a 1%

Esta tabela também apresenta uma manutenção do indicador de reciclagem, que

era de 13% em 2007. Esperávamos a elevação dessepercentual, visto que o projeto visava

elevar a responsabilidade socioambiental dos alunos. Tal estabilidade pode ser consequência

de não haver uma meta específica no projeto JF em relação a isso, apesar de ter sido citado

como desejável nos materiais do mesmo.

Ainda em relação às mudanças de infraestrutura ocorridas na escola, também

verificamos que houve elevação considerável sobre a satisfação com o ambiente escolar nas

escolas de tratamento, conforme apresentamos na tabela abaixo. Trabalhamos essa

informação como uma dummy e a diferença entre as variáveis com ou sem o número 2 é no

grau de intensidade da satisfação: sem número, indica a diferença quando o aluno está “muito

satisfeito” para todas as outras opções e, com o 2 a marcação foi realizada tanto para os

alunos que estavam “muito satisfeitos” quanto para os que estavam“satisfeitos”(2) (quando

encontramos significância nas duas variáveis, mantivemos o valor de impacto mais alto,

apresentando todos os resultados no anexo, conforme já mencionado anteriormente). Esse fato

pode indicar que o valor investido em infraestrutura deve ter sido utilizado para realizar

pequenas reformas nos ambientes que já existiam, conforme esperado.

N Controle N Controle N Controle N Controle

Fornecimento de alimentação aos alunos 67 0.88 *** 0.05 149 0.81 *** 0.08 164 0.88 *** 0.05 164 0.90 ***‐0.10  **

(0.05 ) 0 (0.07 ) 0 (0.07 ) 0 (0.12 ) 0 (0.05 ) 0 (0.08 ) 1 (0.05 ) 0 (0.05 ) 0

Acesso à internet 67 1.00 *** ‐0.02  149 0.97 *** 0.17 **164 1.00 *** 0.05 164 0.98 ***‐0.02 

(0.00 ) 0 (0.02 ) 0 (0.03 ) 0 (0.08 ) 0 (0.00 ) 0 (0.03 ) 0 (0.02 ) 0 (0.04 ) 1

Reciclagem do lixo escolar 67 0.13 ** ‐0.05  149 0.10 * 0.02 164 0.13 ** ‐0.00  164 0.13 ** 0.03

(0.05 ) 0 (0.07 ) 0 (0.05 ) 0 (0.09 ) 1 (0.05 ) 0 (0.09 ) 1 (0.05 ) 0 (0.09 ) 1

2007 2007 vs 2008 2008 vs 2009 2009 vs 2010

Descritivas DD

trat_ano

trat trat_ano trat_ano

(30)

Tabela 4.4 – Satisfação com a infraestrutura das escolas

Fonte: Instituto Unibanco

Notas: erros padrões robustos para cluster por escola entre parênteses

* Significativo a 10%

** Significativo a 5%

*** Significativo a 1%

4.3 GESTÃO ESCOLAR

Conforme descrito anteriormente, esse era o foco principal do projeto.

Porém, esse é um indicador difícil de analisar de forma direta, uma vez que ele é

liderado pelos gestores escolares, mas o condiciona à participação de toda ou parte da

comunidade escolar. Além disso, todas as escolas tratadas tiveram obrigatoriedade em realizar

todos os itens (transparência, democracia, incentivos, clareza dos papéis e metas monitoradas,

compartilhamento de responsabilidade sócio organizacional partilhada por todos os agentes

associada à gestão participativa e à autonomia financeira, de recursos humanos e pedagógico

e da prestação de contas), de forma que não tínhamos grupos comparáveis com diferentes

intervenções para identificar quais procedimentos foram a fonte do impacto alcançado.

Apresentamos abaixo alguns indicadores que entendemos que são relacionados à

gestão escolar, porém sabemos que eles não capturam as alterações efetuadas pelo programa.

Satisfação com: N N

Ambiente físico (2) 6956 0.36 ***0.04  *** 12672 0.36 *** 0.16 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Salas de aula 6987 0.04 *** ‐0.00  12729 0.04 *** 0.03 ***

(0.00 ) 0 (0.00 ) 0 (0.00 ) 0 (0.01 ) 0

Banheiros 6983 0.25 *** ‐0.05  *** 12724 0.25 *** 0.12 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Laboratórios 6896 0.13 *** 0.04 *** 12605 0.13 *** 0.11 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0

Quadras esportivas 6950 0.38 ***0.01  12675 0.38 *** 0.11 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Pátio 6929 0.47 *** ‐0.05  *** 12643 0.47 *** 0.16 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Biblioteca 6880 0.55 *** ‐0.07  *** 12578 0.55 *** 0.13 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Salas de informática 6914 0.21 *** ‐0.03  *** 12629 0.21 *** 0.22 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Limpeza 6990 0.57 ***0.05  *** 12728 0.57 *** 0.06 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Barulho 7001 0.33 ***0.04  *** 12742 0.33 *** 0.05 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

2008 2008 vs 2010

Descritivas DD

(31)

Tabela 4.5 – Gestão Escolar

Fonte: Censo Escolar / INEP

Notas: erros padrões robustos para cluster por escola entre parênteses

* Significativo a 10%

** Significativo a 5%

*** Significativo a 1%

Não verificamos diferenças significativas no tamanho da escola e apenas na turma

de 2º ano do Ensino Médio havia diferença na relação matrícula por professor de Língua

Portuguesa. Tal diferença não impacta as medidas para avaliação do projeto relacionadas à

proficiência, pois não faz parte da coorte analisada.

Somente em 2008 observamos uma elevação na relação matrícula por professor de

Matemática nas escolas participantes do projeto. Isso parece ter ocorrido devido à redução de

professores desta disciplina e elevação concomitante de número de matrículas (ambas as

diferenças são não significantes individualmente).

Adicionalmente, a tabela abaixo apresenta o resultado sobre a satisfação dos

alunos com a direção, coordenação e com a democracia. É interessante observar

que,inicialmente, esses indicadores estavam piores nas escolas de tratamento e que se não

melhoraram também no indicador de muita satisfação, o fizeram no de menor intensidade, de

forma bastante significativa.

Tabela 4.6 – Satisfação com a gestão escolar

Fonte: Instituto Unibanco

Notas: erros padrões robustos para cluster por escola entre parênteses

* Significativo a 10%

** Significativo a 5%

*** Significativo a 1%

N N N N

Matrículas / prof de LP (2ºEM) 69 140.37 *** 49.77 **124 167.64 *** 10.97 141 140.37 *** ‐37.93  139 151.27 *** ‐1.09 

(11.99 ) 0 (21.95 ) 0 (14.97 ) 0 (35.47 ) 1 (11.99 ) 0 (30.42 ) 0 (11.93 ) 0 (30.95 ) 1

Matrículas / prof de MT 82 177.94 *** 16.12 149 221.16 *** 44.75 * 164 177.94 *** ‐2.88  164 163.08 *** ‐21.83 

(10.84 ) 0 (14.33 ) 0 (16.89 ) 0 (25.16 ) 0 (10.84 ) 0 (19.25 ) 1 (7.86 ) 0 (19.60 ) 0

trat_ano Controle trat Controle trat_ano Controle trat_ano Controle

2007 2007 vs 2008 2008 vs 2009 2009 vs 2010

Descritivas DD DD DD

Satisfação com: N N

Democracia (2) 6948 0.46 ***0.04  *** 12652 0.46 *** 0.12 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Direção (2) 6950 0.60 *** ‐0.03  ** 12660 0.60 *** 0.11 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Coordenação (2) 6916 0.61 ***0.03  ** 12604 0.61 *** 0.10 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

2008 2008 vs 2010

Descritivas DD

(32)

4.4 QUALIDADE DO CORPO DOCENTE

4.4.1 Experiência e escolaridade

Observamos que não existiam diferenças significativas entre os docentes das

escolas de tratamento e controle e que a quase totalidade deles eram brasileiros, metade

nasceram no estado em que lecionavam, a maioria não era branca ou amarela, tinham, em

média, 42 anos em 2008, cerca de 6% não tinham graduação, cerca de 30% deles tem

pós-graduação e nenhum lecionava mais de uma matéria.

Dentre os professores que lecionam língua portuguesa, 37% tinham licenciatura

em língua portuguesa e 92% eram formados em língua portuguesa (com ou sem licenciatura).

Não conseguimos obter informações de experiência através da base de dados do

Censo Escolar, pois ela somente traz informações dos professores a partir de 2007.

Em relação à rotatividade do corpo docente, houve manutenção de 94% do quadro

de professores das escolas de tratamento e 93% nas escolas de controle. Essas alterações

ocasionaram pequenas mudanças na estrutura docente (em 2010, sobre os professores de

Língua portuguesa: elevou-se a quantidade de brancos ou amarelos e a quantidade de

professores que lecionavam mais de uma matéria; em 2009, houve redução de professores de

Matemática com duas graduações), conforme demonstrado no quadro abaixo.

Como verificamosalguma alteração das características docentes, mas não

observamos grande diferença no índice de transferência, nos parece que houve aceitação do

programa pelos docentes e que talvez tenha ocorrido alguma seleção de professores para a

coorte, embora em um padrão, de certa forma, não esperado (porque a literatura não evidencia

melhora ou piora devido a essas alterações, mas pode ser contrário ao que poderíamos pensar

de forma leiga: professores de Língua Portuguesa lecionando duas matérias e professores de

Matemática com menos graduação).

(33)

Tabela 4.7 – Alterações do corpo docente

Fonte: Censo Escolar (INEP)

Notas: erros padrões robustos para cluster por escola entre parênteses

* Significativo a 10%

** Significativo a 5%

*** Significativo a 1%

4.4.2 Práticas pedagógicas

As informações abaixo foram extraídas da percepção dos alunos.Em relação à

postura pedagógica em sala verificamos que já existia uma pequena diferença inicial entre as

escolas. Nas escolas atendidas pelo programa JF, já se realizava mais trabalhos em grupos e

os professores passavam mais trabalhos extraclasses. Não houve alteração dessas condutas

posteriormente.

 

DD DD

N N N N

Brasileiro 82 1.00 *** ‐0.00  149 1.00 *** ‐0.00  164 1.00 *** 0.00 164 1.00 *** ‐0.00 

(0.00 ) 0 (0.00 ) 1 (0.00 ) 0 (0.00 ) 0 (0.00 ) 0 (0.00 ) 1 (0.00 ) 0 (0.00 ) 1

Nascido no estado 82 0.49 *** 0.02 149 0.35 *** ‐0.06  164 0.49 *** ‐0.00  164 0.49 *** 0.00

(0.08 ) 0 (0.11 ) 1 (0.09 ) 0 (0.16 ) 1 (0.08 ) 0 (0.15 ) 1 (0.08 ) 0 (0.15 ) 1

Homem 82 0.70 *** ‐0.03  149 0.67 *** ‐0.01  164 0.70 *** 0.01 164 0.69 *** ‐0.01 

(0.02 ) 0 (0.02 ) 0 (0.02 ) 0 (0.04 ) 1 (0.02 ) 0 (0.03 ) 1 (0.01 ) 0 (0.03 ) 1

Branco 82 0.31 *** 0.02 149 0.25 *** 0.03 164 0.35 *** ‐0.01  164 0.37 *** 0.01

(0.05 ) 0 (0.07 ) 1 (0.05 ) 0 (0.08 ) 1 (0.04 ) 0 (0.08 ) 1 (0.04 ) 0 (0.08 ) 1

Idade 82 41.64 *** ‐0.35  149 40.37 *** ‐0.07  164 41.64 *** ‐0.11  164 41.80 *** 0.54

(0.51 ) 0 (0.79 ) 1 (0.67 ) 0 (1.23 ) 1 (0.51 ) 0 (1.06 ) 1 (0.50 ) 0 (0.99 ) 1

Sem graduação 82 0.06 *** 0.00 149 0.05 *** 0.00 164 0.06 *** 0.00 164 0.06 *** ‐0.01 

(0.01 ) 0 (0.01 ) 1 (0.01 ) 0 (0.02 ) 1 (0.01 ) 0 (0.02 ) 1 (0.01 ) 0 (0.02 ) 1

Só tem graduação 82 0.65 *** ‐0.04  149 0.76 *** ‐0.05  164 0.65 *** 0.02 164 0.65 *** 0.00

(0.02 ) 0 (0.03 ) 0 (0.03 ) 0 (0.05 ) 0 (0.02 ) 0 (0.04 ) 1 (0.02 ) 0 (0.04 ) 1

Tem duas graduações 82 0.02 *** 0.01 149 1.00 *** 0.01 164 0.02 *** ‐0.01  164 0.04 *** ‐0.03 

(0.00 ) 0 (0.01 ) 0 (0.00 ) 0 (0.01 ) 0 (0.00 ) 0 (0.01 ) 1 (0.01 ) 0 (0.04 ) 1

Tem pós-graduação 82 0.29 *** 0.04 149 0.19 *** 0.05 164 0.29 *** ‐0.02  164 0.30 *** 0.00

(0.02 ) 0 (0.03 ) 0 (0.03 ) 0 (0.05 ) 0 (0.02 ) 0 (0.05 ) 1 (0.02 ) 0 (0.04 ) 1

Prof LP - Branco 80 0.37 *** ‐0.03  146 0.26 *** 0.01 162 0.37 *** ‐0.08  164 0.46 *** 0.15 *

(0.05 ) 0 (0.07 ) 1 (0.06 ) 0 (0.10 ) 1 (0.05 ) 0 (0.09 ) 0 (0.05 ) 0 (0.09 ) 0

Prof LP formado em LP c/licenciatura 80 0.37 *** ‐0.02  146 0.88 *** 0.04 162 0.37 *** 0.01 164 0.41 *** ‐0.00 

(0.06 ) 0 (0.08 ) 1 (0.03 ) 0 (0.09 ) 1 (0.06 ) 0 (0.11 ) 1 (0.05 ) 0 (0.10 ) 1

Prof LP formado em LP s/licenciatura 80 0.92 *** ‐0.00  146 0.88 *** 0.05 162 0.92 *** ‐0.00  164 0.93 *** 0.02

(0.02 ) 0 (0.03 ) 1 (0.03 ) 0 (0.06 ) 0 (0.02 ) 0 (0.04 ) 1 (0.02 ) 0 (0.04 ) 1

Prof LP - Leciona mais de uma disciplina 80 0.00 0.00 146 0.00 0.00 162 0.00 ** ‐0.07  * 164 0.12 *** 0.07 *

‐ 0 ‐ 0 ‐ 0 ‐ 0 (0.00 ) 0 (0.04 ) 0 (0.03 ) 0 (0.04 ) 0

Prof MT - Tem duas graduações 82 0.02 * 0.03 149 1.00 *** 0.03 164 0.02 * ‐0.05  * 164 0.06 *** 0.01

(0.01 ) 0 (0.02 ) 0 (0.00 ) 0 (0.02 ) 0 (0.01 ) 0 (0.03 ) 0 (0.02 ) 0 (0.05 ) 1

trat_ano Controle trat_ano Controle trat Controle trat_ano Controle

2007 2007 vs 2008 2008 vs 2009 2009 vs 2010

(34)

Tabela 4.8 – Práticas pedagógicas – Atividades desenvolvidas

Fonte: Instituto Unibanco

Notas: erros padrões robustos para cluster por escola entre parênteses

* Significativo a 10%

** Significativo a 5%

*** Significativo a 1%

Por outro lado, os professores das escolas de tratamento indicavam menos livros

para leitura, quadro que se alterou com o projeto.O mesmo ocorreu em relação aos alunos

leram os livros indicados.

Observamos uma pequena elevação significativa na percepção dos alunos sobre

comentários docentes sobre acertos e dificuldades da classe e na utilização de laboratórios,

além de uma pequena redução na realização de debates entre alunos.

Em relação à postura e relação aluno-professor, verificamos pequenas diferenças

entre as escolas de tratamento e controle, de forma que há indicativo que os professores da

escola de tratamento eram um pouco melhores (planejavam menos, mas eram mais

preocupados, tinham mais paciência e tinham relacionamento ético).

 

O professor: N N

Passa trabalho extra 6645 0.28 *** 0.03 *** 12220 0.28 *** 0.01

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 1

Indica livro 6679 0.79 *** ‐0.03  *** 12271 0.79 *** 0.10 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Leio o livro indicado pelo professor 6679 0.64 *** ‐0.01  12271 0.64 *** 0.08 ***

(0.01 ) 0 (0.01 ) 1 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Comenta dificuldades da classe e de cada aluno 6651 0.66 *** ‐0.00  12234 0.66 *** 0.03 *

(0.01 ) 0 (0.01 ) 1 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Sempre desenvolvem atividades nos laboratórios da escola 1659 0.11 *** ‐0.02  3481 0.11 *** 0.04 **

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Sempre fazem debates entre alunos 5348 0.20 *** 0.01 9685 0.20 *** ‐0.03  *

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 0

Sempre desenvolvem trabalhos em grupo 6872 0.63 *** 0.03 ** 12483 0.63 *** 0.00

(0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.01 ) 0 (0.02 ) 1

2008 2008 vs 2010

Descritivas DD

Imagem

Tabela 4.1 – Aspectos socioeconômicos dos alunos
Tabela 4.2 – Participação discente
Tabela 4.3 – Infraestrutura das escolas
Tabela 4.4 – Satisfação com a infraestrutura das escolas
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