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A produção da (des)informação sobre violência: análise de uma prática discriminatória.

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Academic year: 2017

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A produção da (des)informação sobre violência:

análise de uma prát ica discriminat ória

Pro d uctio n o f (mis)info rmatio n o n vio le nce :

analysis o f a d iscriminato ry p ractice

1 Cen tro Latin o-Am erican o d e Estu d os sobre Violên cia e Saú d e “Jorge Carelli”, Escola N acion al d e Saú d e Pú blica, Fu n d ação Osw ald o Cru z . Av. Brasil 4036, sala 702, Man gu in h os, Rio de Jan eiro, RJ 21040-361, Brasil.

2 Departam en to de Ep id em iologia e M étod os Qu an titativos em Saú d e, Escola N acion al d e Saú d e Pú blica, Fu n d ação Osw ald o Cru z .

Ru a Leop old o Bu lh ões 1480, 8oan d ar, Rio d e Jan eiro, RJ

21041-210, Brasil. Kath ie N jain e 1

Ed in ilsa Ram os d e Sou z a 1,2 M aria Cecília d e Sou z a M in ayo 1 Sim on e Gon çalves d e Assis 1,2

Abst ract W e p rop ose a crit ica l reflect ion on q u a lit y of in form a t ion con cern in g v iolen ce in Brazil, em p h asizin g som e of th e m ain sou rces of p rim ary d ata: Pu blic Law En forcem en t Dep art-m en ts, Police, an d Mu n icip al an d State Secretaries of Health . Th e city of Rio d e Jan eiro is tak en as a typ ical “case”in th is an alysis. Th e h yp oth eses are: (a) in th e p rocess of p rod u cin g th is in for-m ation , its gen eration , systefor-m atiz ation , an d d issefor-m in ation are p oor qu ality, th u s becofor-m in g ba-n a l a ba-n d rev ea liba-n g t h eir d iscrim iba-n a t ory b ia s; (b ) d a t a a re t rea t ed a s p riv a t e t ools a ba-n d ba-n ot a s a p u blic serv ice, th u s reflectin g an au th oritarian an d bu reau cratic in stitu tion al stru ctu re. Th ey th em selves becom e a form of (m is)in form ation , void of an y valid social or p olitical m ean in g an d in su fficien t to in form society abou t th e real exp ression of violen ce an d to aid in form u latin g ef-fective p u blic p olicies. Con clu sion s are as follow s: 1) th at in form ation on violen t ev en ts be val-u ed from th e tim e it is record ed val-u n til it is p val-u t to social val-u se: 2) th at p rofession als an d in stitval-u tion s d ea lin g w it h t h e issu e t ra n sform st ru ct u res a n d id ea s w it h a v iew t ow a rd s a n in t egra t ed a n d con sciou s fu lfillm en t of t h eir socia l roles; a n d 3) t h a t societ y orga n iz e a n d w ork collect iv ely again st violen ce, bolsterin g th e valu e of h u m an life.

Key words In form ation ; Violen ce; Pu blic Health ; Qu ality of Registries

Resumo No p resen te artigo, realiz a-se u m a reflex ão crítica d a qu alid ad e d a in form ação sobre violên cia n o Brasil, d estacan d o-se algu m as d as p rin cip ais fon tes p rim árias d e d ad os: as Secreta-rias d e Segu ran ça Pú blica e d e Polícia Civil e as SecretaSecreta-rias Mu n icip ais e Estad u ais d e Saú d e. O Mu n icíp io d o Rio d e Jan eiro é abord ad o com o u m “caso”exem p lar n esta an álise. Parte-se d as h i-p óteses d e qu e: (a) n o i-p rocesso d e i-p rod u ção d essa in form ação, a geração, sistem atização e d ivu l-gação são d e m á qu alid ad e, ban aliz ad as, esp etacu lariz ad as e d iscrim in atórias; (b) os d ad os são tratad os com o in stru m en to d e d om ín io p rivad o e n ão com o u m a p restação d e serviço ao p ú blico e refletem u m a estru tu ra in stitu cion al au toritária e bu rocratiz ad a. Con stitu em se em (d es)in -form ações esvaz iad as d e sign ificad o sócio-p olítico, in su ficien tes p ara in -form ar à socied ad e so-b re a rea l ex p ressã o d a v iolên cia e p a ra a form u la çã o d e p olít ica s p ú so-b lica s. Com o con clu sã o, d estaca-se a n ecessid ad e d e qu e: 1) as in form ações sobre os even tos violen tos sejam valoriz ad as d esd e o seu registro até o seu u so social; 2) os p rofission ais e as in stitu ições en volvid as com o te-m a tran sforte-m ete-m estru tu ras e te-m en talid ad es n o sen tid o d e u te-m a ação in tegrad a e con scien te d o seu p ap el social; 3) a socied ad e se organ iz e e atu e em con ju n to con tra a violên cia e p ela valori-zação d a vid a h u m an a.

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Introdução

As fon tes oficiais d e in form ação sob re violên -cia n o Brasil, d en tre as q u ais en con tram -se as Secretarias d e Segu ran ça Pú b lica e as Secreta-rias Mu n icip ais e Estad u ais d e Saú d e, in d icam qu e este fen ôm en o tem crescid o, esp ecialm en -te n as áreas u rb an as d e su as gran d es m etróp o-les. Co m b a se n o s d a d o s d a q u ela s p r im eira s sã o sistem a tiza d os os crim es e d elitos en q u a -d ra -d o s p elo Có -d igo Pen a l, en q u a n to à s In sttu ições d e Saú d e cab e in form ar sob re a m orb i-d ai-d e e a m ortalii-d ai-d e p or cau sas extern as (esta ú ltim a con stitu i u m gru p o d a Classificação In -tern a cio n a l d e Do en ça s/ CID, so b o s có d igo s E800 a E999 d a n o n a revisã o, q u e en glo b a to -d os os aci-d en tes, os su icí-d ios e os h om icí-d ios). Va len d o -se d o s d a d o s p o licia is, é p o ssível id en tifica r q u e a gra n d e m a io ria d o s crim es é com etid a con tra a p rop ried ad e p rivad a. A an álise feita p or Teixeira (1994) em relação ao cen -so p en iten ciário d o Rio d e Jan eiro, em 1988, re-vela qu e 62% d a p op u lação carcerária estavam con d en ad os p or esses crim es; só 11% d as con -d en ações eram p or crim es con tra a vd a (h om i-cíd ios e lesões corp orais).

No âm bito da Saúde Pública, o con hecim en -to q u e se tem é d e q u e, n a d écad a d e 80, a vio-lên cia m u d ou o p erfil d e m ortalid ad e d o p aís, p assan do de quarta p ara segun da causa de m orte, p erd en d o a p en a s p a ra a s d o en ça s ca rd io vascu lares. Os aciden tes de trân sito e a crescen te freqü ên cia d os h om icíd ios foram os resp on -sá veis p ela m a io r m a gn itu d e e im p a cto d esse gru p o d e m ortes em relação às d em ais cau sas. Sab e-se, en tretan to, q u e u m a gam a sign ifi-cativa d essas form as d e violên cia n ão ch ega ao con h ecim en to in stitu cion al oficial, con stitu in -d o u m a cifra ‘n egra’, sob re a qu al n ão h á qu ais-q u er in fo rm a çõ es. Além d isso, o u tra s ta n ta s form as d e violên cia n ão são seq u er recon h eci-d a s p ela socieeci-d a eci-d e e, con seq ü en tem en te, p or su a s in stitu içõ es, co m o é o ca so d e certa s ex-p ressões d e violên cia con tra crian ças, ad oles-cen tes e m u lh eres, qu e p erm an ecem in visíveis. Mesm o o q u e é registra d o p a d ece d e séria s li-m itações, ten d o eli-m vista o li-m al p reen ch ili-m en to d os form u lários qu e d eixam d e in form ar d ad os essen cia is a o escla recim en to d o s even to s, o q u e tem im p licações n a resolu ção d os casos e p u n ição d os agressores.

É com b ase n estas con statações qu e se p re-ten d e d esen vo lver a p resen te reflexã o crítica acerca d a in form ação sob re violên cia n o Brasil, b u scan d o-se d iscu tir su as p ecu liarid ad es, d es-d e a gera çã o a té o sign ifica es-d o e u tiliza çã o n os m eio s cien tífico, p o lítico e so cia l. Pro cu ra -se d estacar a relevân cia d este p rocesso d e p rod u

-çã o d a in fo rm a -çã o n o co n texto gera l d o Pa ís, cu jo im p acto n a m orb i-m ortalid ad e p reten sam en te d everia sam ob ilizar u sam sen tisam en to d e in -d ign ação e en sejar m ovim en tos -d e tran sform a-ção d essa realid ad e n o sen tid o d e valorizaa-ção d a vid a.

Pa ra este ob jetivo, con sid era -se com o violên cia os even tos fa ta is e n ã o fa ta is d ecorren -tes d e to d o s o s tip o s d e a cid en -tes, b em co m o aq u eles p roven ien tes d e violên cia in ten cion al (agressões, h om icíd ios, su icíd ios e su as ten ta-tivas).

O s paradoxos da informação no mundo moderno

Um d os a sp ectos q u e ca ra cteriza m a segu n d a m eta d e d o sécu lo XX é a im p la n ta çã o d e u m a red e p la n etá ria d e teleco m u n ica çõ es e d e in -fo rm a çõ es. Segu n d o a ten d ên cia m u n d ia l d e glob a liza çã o, u m a gra n d e p a rte d a p op u la çã o d o p lan eta receb e d iariam en te n otícias d e ou -tra s socied a d es, e essa n oçã o d o glob a l, a in d a q u e in cip ien te e caricata, p assa a ser in corp orad a à cu ltu ra. Por ou tra p arte, m ilh ões d e in -d iví-d u os qu e se in tegram em re-d es -d e in form á-tica se corresp on d em , crian d o, assim , u m a n o-va n oção d e in tegração e com u n icab ilid ad e.

Vários au tores, d en tre os estu d iosos b rasileiros, têm an alisad o o im p acto d essas m u d an -ças q u e, d e u m lad o, en glob am as totalid ad es, d im in u em a s d istâ n cia s e d ã o n ovo ritm o a o tem p o e, d e ou tro, criam in fin itas p ossib ilid a-d es a-d e p ro lifera çã o a-d e fo n tes a-d e in fo rm a çã o, am p lian d o o d om ín io d e algu n s, d ialetizan d o e rein terp reta n d o o q u e é p ro d u zid o (Ro n d elli, 1995; Fau sto Neto, 1995; Pitta, 1995). Ou tros co-m o Njain e (1994) e Ribeiro &aco-mp; Sou za (1995) bu s-cam en fren tar o d esafio d e refletir sob re o u so social d a in form ação.

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No caso esp ecífico d a violên cia, a ser tratad o a q u i, o p ro cesso tratad e p ro tratad u çã o tratad a in fo rm a ção, p or u m lad o, n ão reflete a realid ad e e a in -ten sid a d e d o s even to s q u e d everia reco b rir; p or ou tro, a d eq u a -se à con cep çã o d om in a n te d e violên cia e d e su jeitos violen tos qu e a socie -d a -d e h egem o n ica m en te retém em seu im a gi-n ário, realizagi-n do u m a crítica sobre essa criação sim b ólica. Destas con statações ad vém o p rin -cip al ob jetivo d este trab alh o, qu e é o d e refletir criticam en te sob re essa criação sim b ólica.

Esse p rocesso d e p rod u ção, tom ad o exem -p larm en te d o caso Rio d e Jan eiro, reú n e n a su a o rigem u m con ju n to d e in stitu ições p ú b lica s, tais com o as Secretarias d e Segu ran ça Pú b lica e a Estad u al e Mu n icip al d e Saú d e, além d e ou -tra s in stitu ições govern a m en ta is e n ã o gover-n am egover-n tais, alim egover-n tagover-n d o as estatísticas ciegover-n tíficas d os gru p os d e p esq u isa e o n oticiário ‘in -form ativo’ d as ‘m u ltim íd ias’.

As h ip óteses in iciais, q u e p od erão ser con -firm ad as através d os d ad os aqu i ap resen tad os, são d e qu e:

1) n o n ível d a geração d e in form ações: a) co n sta ta -se u m a p recá ria fo rm a çã o d o s p rofission ais qu e lid am com os registros e u m a d esco n exã o d essa ta refa co m o flu xo gera l d a in form ação;

b ) existe u m a d esvalorização cu ltu ral d o regis-tro n as in stitu ições p ú b licas;

c) essa d esvalorização está relacion ad a ao es-tigm a so cia l cria d o em to rn o d a p a rcela p re-p o n d era n te d a s vítim a s d e vio lên cia , q u e sã o p o b res, n egro s e resid em n a s p eriferia s u rb a -n as.

2) n o n ível d a d ivu lgação d essas in form ações: a) d o p on to d e vista cien tífico, existe u m a in satisfação em relação à in su ficiên cia d esses d a -d os, b u scan -d o-se p or artifícios técn icos m in i-m izar as d eficiên cias d estes n as fon tes p rii-m á-rias;

b ) d o p o n to d e vista d a m íd ia , a m a io ria d a s in form ações sob re violên cia é acolh id a acr iticam en te, com o tem a d e n otícias e m atérias cu -rio sa s, d e d isfu n çã o so cia l, co tid ia n a m en te tra n sfo rm a d a em rela to s jo rn a lístico s sen sa -cion alistas, p or su as características p oten cial-m en te d racial-m áticas e aterrorizan tes. Ela é tran s-m itid a d en tro d e u s-m a ótica d e “in fors-m ação es-p etácu lo”. Desta form a, ressaltam -se fatos vio-len to s rela tivo s à m o rte, a o a cid en te o u a o agravo d e p essoas n otórias d o m u n d o p olítico, d o s n egó cio s e a r tístico. Perm a n ece, p o rém , qu ase ign orad a, qu an d o se trata d os p árias, ex-clu íd os e p resos, categorias sociais sem rosto e sem n o m e, p a ssíveis d e ser elim in a d o s, u m a vez q u e sã o co n sid era d o s eco n o m ica m en te d esn ecessários e in viáveis, p oliticam en te in

cô-m od os e socialcô-m en te in op ortu n os, cocô-m o b ecô-m exp ressam Cru z Neto & Min ayo (1994). Con co-m itan teco-m en te à exclu são sócio-p olítica, econ ô-m ica e cu ltu ral, in cide sobre eles taô-m béô-m a “ex

-clu são m oral”, n as p alavras d e Pin h eiro (1995). A im p ren sa escrita , sob retu d o a q u ela q u e, se-gu n d o o d ito p op u lar, “se esprem er sai san gu e”, u tiliza-se d essa exclu são social p ara d issecar os co rp o s, co m p o n d o h istó ria s p a tética s, m o stran d o o in sólito e o m on stru oso, seja d os au -tores, seja d as vítim as d a violên cia.

Font es de informação dos event os violent os

As in form ações sob re violên cia são gerad as p or d iversas fon tes, con form e p od e ser visu alizad o n o organ ogram a (Figu ra 1).

O rganograma

Cad a u m a d essas in stitu ições tem atrib u ições, ob jetivos e fu n ções sociais d istin tas e su as ati-vid ad es en volvem d iferen tes n íveis d e com p le-xid a d e, exigin d o co n h ecim en to e técn ica s es-p ecíficas. Na es-p rática, con tu d o, es-p erceb e-se q u e organ izam se com o estru tu ras fortem en te b u -rocratizad as, su b m ersas em u m a rotin a arcaica e cu ltu ralm en te au toritária, em qu e a tarefa d e in form ar é d eslocad a d e su a fu n ção social, n ão sen d o, p ortan to, con sid erad a im p ortan te. A es-se resp eito Sod ré (1992) refere-es-se, citan d o Maf-fesoli, ao id en tificar a existên cia d e u m tip o d e violên cia in visível, qu e é a violên cia in stitu cio-n a l, o u seja , a vio lêcio-n cia d o s ó rgã o s b u ro crá ti-cos, dos estados e do serviço público. Trata-se de in stitu ições cu ja cu ltu ra in form acion al con sti-tu i-se, ela m esm a , n u m a p rá tica vio len ta , à m ed id a em q u e esvazia o sen tid o e o sign ifica-d o ifica-d a in form ação, n ão con trib u in ifica-d o p ara qu al-qu er m u d an ça social.

Produzindo a (des)informação sobre violência

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re-gistro s a s p éssim a s co n d içõ es d e tra b a lh o e o d esp rep aro d os p rofission ais com relação à im -p ortân cia d a -p ró-p ria ativid ad e qu e realizam .

Esta s a firm a çõ es p o d em ser m a is b em visu a liza d a s n a s Ta b ela s 1 e 2, o n d e estã o lista -d a s a s p ro p o rçõ es -d e ‘in fo rm a çã o ign o ra -d a’ e ‘sem in form a çã o’ d e a lgu n s ca m p os d os b ole-tin s d e o co rrên cia p o licia l e d a d ecla ra çã o d e ó b ito, resp ectiva m en te. De a co rd o co m esta s ta b ela s, o b ser va m -se eleva d a s p ro p o rçõ es d e in form ações n ão esclarecid as em relação a cer-ta s va riá veis fu n d a m en cer-ta is p a ra a elu cid a çã o ad equ ad a d o even to violen to.

Co m o se p o d e o b ser va r n esta s d u a s ta b e -la s, ta n to n a s in fo rm a çõ es o ficia is d a Po lícia , qu an to n as d a Secretaria d e Saú d e, a qu alid ad e em rela çã o a a lgu n s d a d o s essen cia is é extrem aextrem en te p recária, con trib u in d o p ara a ob scu -rid ad e e im p u n id ad e d os crim es com etid os, n o caso d os registros p oliciais, e p ara a d istorção d a realid ad e, n o qu e se refere às estatísticas d a Secretaria d e Saú d e q u e vão alim en tar o Siste-m a d e In fo rSiste-m a çã o so b re Mo rta lid a d e d o Mi-n istério d a Saú d e.

Essa situ a çã o vem refo rça r a h ip ó tese in i-cial d e q u e n ão é im p ortan te id en tificar n em o agressor n em a vítim a, n a m ed id a em qu e su as vid as valem p ou co (ou n ad a), qu e esses p ap éis p od em ser in tercam b iáveis, e q u e esse even to fa ta l n ã o red u n d a rá em n en h u m a ju stiça o u em n en h u m a in d ign ação d a socied ad e. Qu ase sem p re, p or falta d e p rovas, arqu ivam -se in

ves-tiga çõ es q u e n em ch ega m a p ro cesso s ju d i-ciais. Em u m a en trevista d o titu lar d a Segu n d a Va ra d a In fâ n cia e Ju ven tu d e, o Ju iz Gera ld o Pra d o a firm o u q u e m il m en o res m o rrera m d e form a violen ta n o Rio, en tre jan eiro e ou tu b ro d e 1995. Destes, 60% fo ra m a ssa ssin a d o s, en -q u a n to 40% fo ra m vítim a s d o trâ n sito e d o s ch am ad os ‘au tos d e resistên cia’, ou seja, foram m o rto s so b a a lega çã o d e q u e en fren ta ra m a p o lícia a tiro s. O ju iz co m en ta q u e a p en a s 3% d esses joven s tin h a m sid o p ro cessa d o s ju d i-cialm en te (Jorn al d o Brasil, 1996a). Em recen te p esqu isa realizad a p elo In stitu to Fern an d es Fi-gu eira , d a Fu n d a çã o Oswa ld o Cru z, com b a se n o s b o letin s d e o co rrên cia p o licia l d o Rio d e Ja n eiro, a p u ro u se q u e, d o s 106 ca so s d e vio -lên cia con tra crian ças d e zero a cin co an os d e id ad e ocorrid os em 1990, em ap en as 24 foram in stau rados in qu éritos. Destes, som en te u m ca-so foi con clu ído, in do a ju lgam en to e o agresca-sor sen d o ab solvid o.

No ca so esp ecífico d a s Secreta ria s d e Sa ú -d e, q u e co leta m o s -d a -d o s p reen ch i-d o s n a -d e-cla ra çã o d e ó b ito p elo In stitu to Méd ico Lega l (IML), a in su ficiên cia d e in form ação reflete d i-reta m en te n a elu cid a çã o d a ca u sa b á sica d o ób ito. O n ão-p reen ch im en to d o cam p o p róp rio n a d eclaração d e ób ito sob re o tip o d e violên -cia o co rrid a p o d e ser o b ser va d o n a Ta b ela 2, o n d e se vê q u e 53,2% d essa va riá vel co n sta m com o sem in form ação ou a in form ação é ign o-ra d a . Ou tro fa to r fu n d a m en ta l é a fa lta d e

es-Evento Violento

Serviço de Saúde

Estatísticas (ho spitalar/ amb ulato rial) Declaração de ó b ito (DO )

Outras Estatísticas de instituiçõ es g o vernamentais, não -g o vernamentais e imprensa Delegacia de Polícia

Bo letim de o co rrência po licial

Instituto M édico-Legal Laudo médico e DO

Polícia Civil Estatísticas

Polícia M ilitar Estatísticas

Grupamento Bombeiros Estatísticas

Secretaria de Segurança Pública Estatísticas o ficiais

Secretaria Estadual e M unicipal de Saúde

Estatísticas o ficiais Fig ura 1

Fluxo d a info rmação so b re vio lê ncia*.

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clarecim en to sob re as circu n stân cias qu e leva-ram à m orte. O IML, qu e p or lei d eve atestar to-d o s o s ó b ito s p o r ca u sa s exter n a s, in fo rm a a p en a s a lesã o q u e p rovo co u a m o rte sem es-clarecer o gru p o d e cau sa extern a n o q u al essa lesã o p od e ser cla ssifica d a (se a lesã o ocorreu p or cau sa d e u m acid en te, p or u m su icíd io ou p or u m h om icíd io). Em algu m as cap itais b rasi-leira s essa d ificu ld a d e d e escla recim en to é m ais gritan te, com o é o caso d o Rio d e Jan eiro. Nesta cid a d e, q u a se m eta d e d a s m o rtes p o r cau sas extern as são classificad as p ela Secreta-ria d e Saú d e n o gru p o d as lesões q u e se ign ora se a cid en ta l o u in ten cio n a lm en te in fligid a s (có d igo s E980E989 d a Cla ssifica çã o In tern a -cion al d e Doen ças/ CID), p orqu e n ão se con se-gu e sa b er d e q u e d eco rrera m . Va le ressa lta r qu e a gran d e m aioria d os ób itos qu e com p õem esse gru p o d e m ortes p or cau sas extern as, in a-d eq u aa-d am en te classificaa-d as n este gru p o in es-p ecífico, en volve o u so d e a rm a s d e fogo. Fica claro qu e m u itos h om icíd ios acab am in serid os n essa categoria e n ão n o gru p o d os h om icíd ios p ro p ria m e n te d ito s, le va n d o à su b e stim a çã o d esta cau sa. Essas d istorções p od em ser vistas n a Tab ela 3.

De acord o com a Tab ela 3, p od e-se con sta-tar qu e são elevad as e crescen tes as p rop orções d e m ortes p or cau sas extern as classificad as co-m o lesã o ign o ra d a , ch ega n d o a rep resen ta r 69%, em 1992, e 60%, em 1994, d o to ta l d a s cau sas extern as. Por ou tro lad o, p erceb e-se qu e o gru p o d as lesões ign orad as p or arm a d e fogo rep resen ta, en tre 1985 e 1993, m ais d a m etad e d e tod as as lesões ign orad as. Em fu n ção d essa d istorcid a classificação, os p ercen tu ais d e h o-m icíd ios fica o-m su b estio-m a d os, u o-m a vez q u e se sab e p or m eio d e ou tros estu d os (Sou za, 1994) q u e a gran d e m aioria d os h om icíd ios são p er-p etrad os er-p or arm a d e fogo e qu e gran d e er-p arce-la d as lesões ign orad as com a u tilização d esse in stru m en to tem características típ icas d e h o-m icíd ios (Sou za, 1991). Essa au tora, estu d an d o a m ortalid ad e em Du q u e d e Caxias, en con trou qu e os h om icídios in form ados n a declaração de ób ito eram cerca d e três vezes m en os freq ü en -tes d o q u e n os b oletin s d e ocorrên cia p olicial. Gran d e p arte d os h om icíd ios in form ad os p ela p olícia estavam classificados com o lesões ign o-rad as p or arm a d e fogo n a d eclaração d e ób ito. Um a o u tra fo rm a d e id en tifica r fa lh a s n a gera çã o d o s d a d o s fo i o b serva d a p o r So u za & Freitas (1995). Esses au tores, an alisan d o os h om icíd io s d e a d o lescen tes d e 15 a 19 a n o s, in -form ad os p ela Secretaria d e Polícia Civil d o Estad o d o Rio d e Jan eiro, n o an o d e 1990, en con -traram q u e cerca d e 67% d esses crim es n ão ti-n h a m escla recid a s a s circu ti-n stâ ti-n cia s em q u e

fo ra m p erp etra d o s, co n sta n d o co m o h o m icíd ios sem q u aisq u er in form ações sob re as cau -sas q u e os m otivaram , sem n en h u m a id en tifica çã o d o a gresso r e sem n en h u m a testem u -n h a . Pa ra essa s m o rtes, -n o lo ca l o -n d e d everia ser feito o relato d o fato, p reen ch e-se sim p les-m en te ‘seles-m in forles-m ação’.

Sa b e-se q u e essa ca rên cia d e in fo r m a çã o ad vém , em p arte, d a d ificu ld ad e d a p olícia em con segu ir ob ter algu m d ep oim en to d a p op u

la-Tab e la 1

Pro p o rção d e variáve is se m info rmação e info rmação ig no rad a se g und o b o le tins d e o co rrê ncia p o licial*.

Variáveis** Sem informação +

(n = 9.204) Informação ignorada(%)

Se xo d a vítima 0,3

Id ad e d a vítima 3,2

Ho ra d a o co rrê ncia 0,3

Instrume nto utilizad o 15,2

Id e ntificação d o ag re sso r 57,7

Co municante d o fato 5,8

Re alização d e e xame 83,9

Existê ncia d e te ste munha 12,4 Lo cal d e o co rrê ncia d o fato 5,7

Se xo d o ag re sso r 35,5

Re lação d o ag re sso r co m a vítima 55,3

Lo cal d o fe rime nto 48,8

* Dad o s re fe re nte s à p o p ulação d e ze ro a 19 ano s d o Municíp io d o Rio d e Jane iro , no ano d e 1990.

** Inclue m re g istro s fatais e não fatais d a Se cre taria d e Estad o d e Po lícia Civil d o Rio d e Jane iro .

Tab e la 2

Pro p o rção d e variáve is se m info rmação e info rmação ig no rad a se g und o d e claraçõ e s d e ó b ito *.

Variáveis Sem informação +

(n = 5.095) Informação ignorada(%)

Se xo d a vítima 0,2

Estad o civil d a vítima 10,7 Lo cal d e o co rrê ncia d o ó b ito 1,6

O cup ação d a vítima 74,6

Naturalid ad e d a vítima 11,5

Instrução d a vítima 31,9

Assistê ncia mé d ica 35,2

Instituição ate stante 14,3

Ne cro p sia 32,2

Lo cal d o acid e nte 60,6

Tip o d e vio lê ncia 53,2

Fo nte : Se cre taria Estad ual d e Saúd e d o Rio d e Jane iro .

(6)

ção, q u e m u itas vezes testem u n h a o ocorrid o, m a s silen cia p or m ed o. É a ch a m a d a lei d o si-lên cio. O m ed o é m an ifestad o tan to em relação à p o lícia , q u a n to à a m ea ça rep resen ta d a p elo d ito b a n d id o o u gru p o d o crim e o rga n iza d o qu e d om in a o local.

A (d es)in form ação tam b ém é fru to d o acob erta m en to d e m o rtes p rovo ca d a s p elo co n -fron to com p oliciais. É, n o m ín im o, con trad itó-rio n o ta r q u e, n u m a a n á lise d a série h istó rica d e 15 a n o s (1980 a 1994) so b re a m o rta lid a d e d e cria n ça s e a d o lescen tes d o Rio d e Ja n eiro, n en h u m ób ito d ecorren te d essa circu n stân cia foi registrad o (Sou za et al., 1996), qu an d o a m í-d ia í-d iariam en te n oticia vítim as fatais em tiro-teio s co m a p o lícia . Em rep o rta gem d o Jo rn a l d o Brasil, d e 7 d e ab ril (1996b ), d estacam -se o cre scim e n to d e m o rte s d e civis p o r p o licia is m ilitares, a n ão-id en tificação d e cerca d e m e-tad e d as vítim as e d e su as características p es-so a is e a s fa lsa s n o çõ es d e q u e essa s p eses-so a s estão sen d o m ortas p or serem su p ostos crim i-n o so s, resistirem à p risã o e ei-n co i-n tra rem -se fortem en te arm ad as.

Tod a essa p rob lem ática, q u e p rod u z in for-m ação d e for-m á q u alid ad e, tafor-m b éfor-m p rovéfor-m d e d istin tos en ten d im en tos q u an to à cau sa d a m orte. Para o IML, esclarecer a circu n stân cia em que ela ocorreu sign ifica determ in ar a causa jurídica do óbito. Isto n ão p ode, ou n ão deve ser feito, an tes d as d evid as in vestigações, u m a vez q u e a d eclaração d e ób ito p od e vir a ser u sad a com o p rova d e in qu érito com as d evid as im p li-cações legais p ara o agressor. Já p ara a Secreta-ria de Saúde, in teressa iden tificar a causa básica qu e p rovocou a m orte d aqu ela vítim a, a fim d e com p or as estatísticas d e m ortalid ad e d o País.

Com o ob jetivo d e con ciliar esses d istin tos en ten d im en to s, o Min istério d a Sa ú d e a cres-cen tou à d eclaração d e ób ito u m a ad vertên cia d e q u e a in fo rm a çã o ser ve a p en a s p a ra fin s ep id em io ló gico s, n ã o se p resta n d o, p o rta n to, p a ra fin a lid a d es lega is. Essa ten ta tiva n ã o fo i a in d a d evid a m en te a va lia d a , d e m o d o q u e se d esco n h ece su a efetivid a d e. Sa b e-se q u e, em certas cap itais, com o é o caso d o Rio d e Jan ei-ro, existe u m a resistên cia p or p arte d o IML em ad otar essa n ova con cep ção.

As esp ecificid ad es d e cad a u m a d essas in s-titu ições q u an to ao registro e classificação d os fatos, q u e se associam às lógicas d e fu n cion a-m e n t o d a s a-m e sa-m a s, n ã o e n ce rra a-m p o r a í. A u tiliza çã o d e d iferen tes term o s p a ra d esign a r u m m esm o fato é u m ou tro com p licad or d a in -fo rm a çã o q u e p rovém d o u so d e d iferen tes classificações. En qu an to as Secretarias d e Saú -d e a -d o ta m a Cla ssifica çã o In tern a cio n a l -d e Doen ças, recom en dada p ela Organ ização Mu n -dial d e Saú d e, a Polícia u tiliza os term os d o Có-d igo Pen al. Desse m oCó-d o, com o exem p lo, o q u e p a ra o Seto r Sa ú d e é u m a cid en te d e trâ n sito, p ara a Segu ran ça Pú b lica é u m h om icíd io cu l-p oso.

Em b ora existam q u estões técn icas aven ta-d as com o ta-d escu lp as p ara ta-d eficiên cias n a p res-tação d e in form ações, as p ráticas cu ltu rais d os p rofission a is d a Segu ra n ça Pú b lica e d o Setor Sa ú d e ta m b ém refo rça m e sã o refo rça d a s p e lo s e stigm a s q u e d e sign a m a s vítim a s d a vio lê n cia e a ca b a m rep ro d u zin d o u m tip o d e in -fo rm a çã o p reco n ceitu o sa e segrega d o ra . Ao d escreverem n as, m in im izam o fato, n egligen -ciam ou m esm o se om item em relação a certos ca so s q u e lh es ch ega m à s m ã o s, o ra p o rq u e

Tab e la 3

Mo rtalid ad e p o r causas e xte rnas e sub g rup o s e sp e cífico s*.

Ano Ext ernas Homicídios Lesões ignoradas Lesões ignoradas por (E800-E999) (E960-E969)** (E980-E989)** arma de fogo(E985)***

n n % n % n %

1980 943 276 29,3 299 31,7 13 4,3

1985 954 78 8,2 444 46,5 301 67,8

1990 1.310 615 46,9 162 12,4 93 57,4

1991 1.203 328 27,3 554 46,1 326 58,8

1992 1.070 162 15,1 738 69,0 427 57,9

1993 1.172 288 24,6 624 53,2 340 54,5

1994 1.271 313 24,6 762 60,0 321 42,1

Fo nte : Se cre taria Estad ual d e Saúd e d o Rio d e Jane iro .

* Dad o s re fe re nte s à mo rtalid ad e na faixa d e ze ro a 19 ano s no Municíp io d o Rio Jane iro . ** Pe rce ntuais calculad o s e m re lação às causas e xte rnas.

(7)

n ã o co n sid era m q u e seja d e su a a lça d a , o ra p orq u e im p rim em às vítim as estereótip os q u e as relacion am a situ ações de m argin alidade. Es-sa atitu de dos p rofission ais acaba p or descarac-terizar o even to violen to.

Em p esq u isa realizad a p elo Cen tro Latin o-Am erican o d e Estu d os sob re Violên cia e Saú d e “Jorge Carelli” (Claves, 1995), verificou -se q u e a p róp ria lin gu agem u tilizad a p elo p olicial p a -ra p reen ch er o s b o letin s va ria em fu n çã o d a su a form ação, d a su a visão d e m u n d o, m as, sob retu d o, p ela p ercep ção q u e ele tem d a clien -tela aten d id a, segu n d o os esp aços sociais. As-sim , p ara as crian ças e ad olescen tes qu e su m i-ram d e casa d a Zon a Su l d a cid ad e d o Rio d e Ja-n eiro, o registro é feito com o u m seq ü estro, ao p asso q u e, q u an d o se trata d e u m a crian ça ou ad olescen te d a Zon a Norte, a qu eixa é registra-d a co m o u m sim p les registra-d esa p a recim en to, in registra-d i-can d o claram en te u m a classificação territoria-lizad a d os even tos.

Qu a n to a o s ca so s q u e en vo lvem vio lên cia sexu al, d esd e o exib icion ism o até aqu eles in d i-cativos d e estu p ro, costu m am ser classificad os p ela Polícia com o aten tad o ao p u d or. Por ou tro lad o, a lei qu e rege esses crim es ap en as ad m ite o estu p ro qu an d o ocorre a p en etração vagin al. Nos casos d e p en etração an al ou ou tras form as m en os graves d e ab u so sexu al, con sid era in d i-feren tem en te co m o u m a ten ta d o vio len to a o p u d or, cu ja p en a lid a d e é a m esm a d o estu p ro (d e seis a d e z a n o s d e p risã o ). No s ca so s em q u e o estu p ro é q u a lifica d o (p rovo ca lesõ es corp orais graves), o crim e p assa a ser con sid e-ra d o h ed io n d o e a p en a so b e p a e-ra o p e-ra zo d e o ito a 12 a n o s. Da d o s d e Assis & So u za (1995) m o stra m q u e, em 35% d a s cria n ça s e a d o lescen tes d o Rio d e Ja n eiro vítim a s d e a b u so se -xu a l, n ã o fo i efetu a d o n en h u m tip o d e exa m e p ericia l p a ra in vestiga r a vera cid a d e d o fa to. Com relação aos agen tes d e saú d e, ob serva-se u m a p ercep ção seletiva p or p arte d estes, a qu al ten d e a d esta ca r a vio lên cia sexu a l em d etr i-m en to d e o u tra s fo ri-m a s i-m a is freq ü en tes d e vio lên cia , co m o a física e a p sico ló gica . Além d isso, d e m o d o gera l, a s vítim a s d e vio lên cia sexu al sofrem u m tratam en to d iscrim in atório p or p arte d as in stitu ições q u e, su p ostam en te, d everia m p resta r-lh es a ssistên cia , a gra va n d o ain d a m ais o sofrim en to d estas.

Nu m a an álise d e d ois p rocessos d o con h e-cid o exterm ín io d e Aca ri, p esq u isa d o res d o Cla ves p u d era m p erco rrer a co n stru çã o p o li-cia l d o in q u érito, n o q u a l o b ser va ra m : (a ) a tra n sfo rm a çã o d a s vítim a s em cu lp a d a s, d is-torcen d o os d ep oim en tos d e testem u n h as n os in q u éritos; (b ) a d iferen ça en tre os d ep oim en -tos d os fam iliares, q u e ten d em a h u m an izar as

vítim a s, e o d iscu rso d o s p o licia is, q u e a p ro -fu n d a in sisten tem en te estereó tip o s, a p elid o s d ep reciativos e a cu lp a social d os m ortos.

O processament o dos regist ros sobre violência

Oficialm en te, as in stitu ições têm a resp on sab i-lid a d e d e fo rn ecer a s in fo rm a çõ es so b re o s even tos violen tos, em b ora su as atrib u ições ex-trap olem essa fu n ção. O qu e se ob serva, en tre-tan to, é q u e estas in form ações são d esq u alifi-ca d a s, p erd en d o -se d e vista o seu p o ten cia l an alítico. Dos registros (b oletin s d e ocorrên cia e d ecla ra çã o d e ó b ito ), m u ito p o u co se a ca b a sab en d o (e o qu e se sab e reflete tod as as d istorções já referid as). As estatísticas oficiais, qu an -d o m u ito, in fo rm a m a p en a s a -d istrib u içã o -d a violên cia segu n d o tip o, sexo e faixa etária, d es-ca ra cteriza n d o -se, d essa fo rm a , gra n d e p a rte d os atrib u tos d as vítim as e d as circu n stân cias d o even to.

Tra ta -se, p o rta n to, d e registro s p a ra o s q u a is m a io r d eta lh a m en to e refin a m en to d e certos d ad os só são p ossíveis qu an d o o p róp rio in teressad o (u su ário) se d isp õe a efetu á-los.

De m od o geral, as in form ações p or p arte d e qu em as p rocessa, com o os Min istérios d a Saú -d e e -d a Ju stiça e a s Secreta ria s -d e Sa ú -d e, sã o d efasad as, às vezes em an os, com o é o caso d as esta tística s d e m o rta lid a d e, im p ed in d o q u a l-qu er tom ad a ráp id a d e ação.

Ap ós gerad as e p rocessad as p or cad a in sti-tu ição, o resu ltad o é d esalen tad or. A in form a-ção é in con sisten te, cad a in stitu ia-ção refere d i-feren tes m o n ta n tes p a ra u m m esm o even to e acab se sem sab er ao certo, p or exem p lo, d a-d os b ásicos com o qu an tos acia-d en tes a-d e trân si-to ou q u an si-tos h om icíd ios ocorreram n o p erío-d o erío-d e in teresse. Isso sem co n ta r o u tro s erío-d a erío-d o s d ecisivos p ara a form u lação d e p olíticas p ú b li-cas em geral.

(8)

Qu a isq u er p o lítica s p ú b lica s ca lca d a s em in fo rm a çõ es q u e seq u er servem p a ra d irecio -n ar as p róp rias ações d as i-n stitu ições -n as qu ais são gerad as torn am se in viáveis ou in op eran -tes, p orq u e an tes d e q u alq u er coisa, caracteri-zam -se com o u m falso d ad o d a realid ad e, cu ja exp ressã o so cia l e p o lítica rep ro d u z o “sta tu s q u o” e reforça as d iscrim in ações.

A divulgação de informações sobre violência at ravés da mídia

A in form ação assu m e a form a e a im p ortân cia q u e lh e é d ad a p ela socied ad e. No caso d a vio-lên cia, p erceb e-se qu e o gru p o social m ais viti-m izad o é aq u ele socialviti-m en te exclu íd o d a festa d o con su m o, d esp rovid o d os sím b olos q u e ca -racterizam o ‘cid ad ão d e b em’, revestid o p elos sign o s d a p o b reza , co m o ser jovem , n egro e m orar em m orro ou p eriferia d a cid ad e, sen d o id en tificad o com o b an d id o. O fato d e ser ad o-lescen te o u a d u lto jovem , d o s 15 a o s 24 a n o s, d o sexo m a scu lin o, ta m b ém rep resen ta risco p ara esse gru p o social, con form e d estacam Mi-n a yo & So u za (1993). Pa ra estes, a so cied a d e n ão se im p orta em esclarecer a m orte, p orq u e n o im agin ário social essas m ortes rep resen tam u m a esp écie d e ‘lim p eza’ e d e so lu çã o p a ra o p rob lem a d a violên cia e d as q u estões sociais e econ ôm icas d o País. Su as vid as são sen ten cia-d as su m ariam en te (Cru z Neto & Min ayo, 1994). Assim , a ‘cu lp a’ socialm en te con stru íd a e atri-b u íd a a esta p arcela d a socied ad e, q u e p assa a p reen ch er a fu n ção d e b od e exp iatório, im p e-d e q u e esta m esm a so ciee-d a e-d e to m e co n h eci-m en to e resp on sab ilize ou tros eci-m eeci-m b ros, d e es-tra to s so cia is m a is p rivile gia d o s, e n vo lvid o s em seu s p rocessos d e crim in alid ad e.

Ca b e à m íd ia u m a d esta ca d a con trib u içã o n a d esq u alificação d as in form ações sob re violên cia , p ois essa ocu p a n a socied a d e con tem -p orân ea u m -p a-p el im -p ortan te com o m ed iad o-ra social, com o agen te d e socialização, ao lad o d a fa m ília , d a esco la e d e o u tra s in stitu içõ es (Rey, 1993). Desse m o d o, a televisã o e d em a is m eios d e com u n icação são in stru m en tos, d is-p o sitivo s cu ltu ra is e so cia is. Qu a n d o n esses m eios circu lam in form ações sob re o tem a vio-lên cia, é d e form a b an alizad a, geran d o m u itas vezes u m clim a d e p ân ico e m ed o n a socied ad e. Assim , socializase u m m oad o ad e ver e ad e in -terp retar o fen ôm en o, qu e d istorce a realid ad e, h ip ertrofia os fatos através d a esp etacu lariza-ção d a n otícia e d a estética d as im agen s, d esvia o foco d a aten ção p ara o p erigo im agin ário qu e se restrin ge e localiza em certos tip os d e su jeitos e n as cam ad as e esp aços sociais m en os fa

vorecid os. Ao gerar in form ações sob re violên -cia, a m íd ia rep rod u z, d e certo m od o, o p roces-so d e tran sm issão d essas in form ações efetu a-d o p elo s ó rgã o s o ficia is a-d o govern o, o n a-d e o sen tid o d o s d iverso s tip o s d e vio lên cia q u e o co rrem n a so cied a d e e, p rin cip a lm en te d a violên cia estru tu ral, é d esfeito ou d esrealizad o, con form e trata Sod ré (1992).

Na verdade, com o revela Ron delli (1994/ 95), a m íd ia está m u ito m ais voltad a a en treter q u e a in form ar, tem seu s p róp rios critérios d e rele-vâ n cia , e, a ssim , o tem a d a vio lên cia p o d e ser p o litiza d o o u d esp o litiza d o em fu n çã o d o re-fo rça m en to e d a a m p lia çã o d o s estereó tip o s sociais.

Este texto, n o en tan to, n ão p reten d e tratar d a rela çã o d e ca u sa e efeito q u e a sso cia a m íd ia à rep roíd u ção ou au m en to íd a violên cia so cial, m as an alisar a qu estão d a qu alid ad e d a in -form ação sob re violên cia n os esp aços p r ivilegiad os q u e ela ocu p a d en tro d e u m q u ad ro in -form acion al m ais am p lo. E é exatam en te p or se situ ar n estes lu gares n a socied ad e q u e a in for-m ação d eve ser p en sad a cofor-m o u for-m elefor-m en to d e m u d an ça e d e tran sform ação social.

Considerações finais

A con stru ção de u m a sociedade m en os violen ta e m a is d em o crá tica im p lica a p a rticip a çã o d e tod os os seu s setores e segm en tos, u m a m aior con sciên cia dos seu s agen tes sociais e ações so-lid árias, tan to n o n ível in d ivid u al qu an to in sti-tu cion al.

Nesse sen tid o, a in form a çã o a ssu m e gra n -d e im p ortân cia qu an -d o su rge com o u m -d ireito d a so cied a d e e n ã o co m o u m p ro d u to d e u so p rivad o d e in stitu ições, sejam elas cien tíficas, b u rocráticas, ad m in istrativas ou d e com u n ica-çã o. Ela ta m b ém tem o p o ten cia l, a o ser b em gera d a , sistem a tiza d a e d ivu lga d a , d e m ed ia r os p rocessos d e con scien tização d e d ireitos, e d e in tegração d os setores segm en tad os d a so -cied ad e, sob retu d o através d as red es q u e h oje se form am visan d o à cid ad an ia, em con trap o-sição ao u so ap en as m ercad ológico.

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com o u m a p restação d e serviços à socied ad e, o qu e ju stificaria o p ap el p ú b lico d essas in stitu i-ções.

Colocam -se em q u estão os lim ites e as p on sab ilid ad es d os agen tes in stitu cion ais, res-tritos a o cu m p rim en to m ín im o e m eca n iza d o d e seu s d everes p rofission a is, sem vislu m b ra-rem e sem se com p rom etera-rem com o sign ificativo crescim en to d a vio lên cia e su a s co n se -qü ên cias, o qu e os torn a tam b ém resp on sáveis p ela d esqu alificação d a in form ação. Isto se ex-p ressa ex-p a ra lela m en te à a tu a çã o tru cu len ta d a p olícia, qu e atira an tes d e p ren d er p ara in vesti-gar a cu lp ab ilid ad e (Am ericas Watch , 1993). Do m esm o m od o p od e ser en ten d id a a in tolerân -cia e o tra ta m en to d iferen -cia d o d os p rofissio-n ais d e saú d e em relação às vítim as d e cau sas extern a s, so b retu d o o s b a lea d o s q u e ch ega m a os h osp ita is d e em ergên cia , a lém d o d esp re-p aro técn ico e d o d esin teresse re-p ara id en tificar, tratar e en cam in h ar os casos.

Em term o s d e p ro p o sta s, en ten d e-se q u e cad a in stitu ição d eve em p reen d er u m esforço n o sen tid o d e m elh orar su as con d ições d e tra-b alh o, cap acitar seu s p rofission ais oferecen d o cu rsos d e ap erfeiçoam en to n a área, n os q u ais a co m p reen sã o e co n scien tiza çã o d a im p o r-tân cia d o con ceito d e in form ação n o p rocesso d em ocrático d o País sejam in corp orad as à su a p rática. No caso esp ecífico d os p oliciais, é p re-ciso p en sa r n u m a m u d a n ça d e m en ta lid a d e in stitu cion al, a fim d e q u e a arb itraried ad e e o ab u so d e au torid ad e sejam p ráticas d esestim u -lad as e n ão con d ecorad as com o tem acon teci-d o.

Em rela çã o a o s registro s, ressa lta -se a n e-cessid a d e d e q u e o s m esm o s p a ssem a in fo r-m a r a d eq u a d a r-m en te q u a n to a : id en tifica çã o d o a gresso r; tip o d e even to o co rrid o ; rea liza -çã o d e exa m es; o cu p a -çã o e in str u -çã o d a víti-m a ; lo ca l d e o co rrên cia d o even to. Pa ra isto, to rn a -se im p rescin d ível q u e a s in vestiga çõ es p oliciais sejam im p arciais e eficien tes, ou seja, qu e cu m p ram o seu p ap el.

Ou tra qu estão im p ortan te é a d efin ição d as resp o n sa b ilid a d es q u e ca b em a ca d a in stitu i-ção, p orqu e n a geração d e in form ações h á u m a con sid erá vel p erd a cu m u la tiva n o flu xo d esse p rocesso, resu ltan te d o fato d essas in stitu ições n ã o d esem p en h a rem d evid a m en te su a s fu n -ções. Exem p lo d isto é o n ão-esclarecim en to d a cau sa b ásica d o ób ito p elo In stitu to Méd ico Le-ga l, p reju d ica n d o a q u a lid a d e d a s esta tística s d e m ortalid ad e sistem atizad as n as Secretarias d e Saú d e.

A n ecessid a d e d e m elh ora r a q u a lid a d e d a in form ação n ão d eve ser en ten d id a ap en as d o p o n to d e vista técn ico, m a s sim co m o u m a

p ossib ilid ad e d e cap acitar a socied ad e a tom ar d ecisõ es co eren tes co m o s seu s p ro b lem a s, com vistas ao avan ço d a cid ad an ia e d a q u ali-d aali-d e ali-d e viali-d a.

Por ou tro lad o, acred ita-se qu e a p rática d e-m ocrática d e en fren tae-m en to d a violên cia p re-cisa ser resp ald ad a p or p olíticas p ú b licas m ais am p las d e p reven ção e d e p rom oção d a saú d e – com a p articip ação d e setores organ izad os d a socied ad e, u m a vez qu e se trata d e u m fen ôm e-n o qu e afeta a tod os. É, e-n o m íe-n im o, coe-n trad itó-rio e p reocu p an te q u e, em u m a socied ad e q u e se p ro cla m a d em o crá tica , o s Min istério s d a Ju stiça e d a Saú d e n ão ten h am ain d a se u n id o p ara p rom over a im p lan tação d e u m p rogram a p rioritário d e com b ate à violên cia, n o seu sen -tid o m ais am p lo.

Nos ú ltim os an os, ob servou se o su rgim en -to d e associações e p rogram as d e d efesa d a ci-d aci-d an ia, com o a associação ci-d e p aren tes ci-d as ví-tim as d e violên cia, o gru p o d as m ães d e Acari e d a Cin elân d ia, a Casa d a Paz, em Vigário Geral, o d isq u ed en ú n cia im p la n ta d o n o Rio d e Ja -n eiro, d e-n tre o u tro s, q u e visa m , so b retu d o, a d en ú n cia , a p u ra çã o e reso lu çã o d e ca so s d e violên cias e d e d esap arecim en tos. Esses m ovi-m en tos orga n iza d os, p or u ovi-m la d o, vêovi-m su p rir as lacu n as d eixad as p elas in stitu ições p ú b licas e, p o r o u tro, revela m q u e a so cied a d e está se organ izan d o e se m ob ilizan d o con tra a violên -cia.

Ou tras exp eriên cias, com o o p rogram a De-sep az – Desarrollo, Segu rid ad y Paz (Gu errero, 1995), im p la n ta d o em Ca li, Co lô m b ia , têm m ostrad o resu ltad os p ositivos, reverten d o ten d ên cia s a scen d en tes d o s in d ica d o res d e vio -lên cia. Este p rogram a d e con trole e p reven ção b u sca u m trab alh o con ju n to d e setores e in sti-tu ições sociais, n o sen tid o d e m elh orar a qu ali-d a ali-d e ali-d a a çã o e ali-d a in fo r m a çã o, to rn a n ali-d o -a s co eren tes e co m p a tíveis en tre a s vá ria s in sti-tu içõ es n o tifica d o ra s, e d e a sti-tu a çã o in tegra d a visan d o a m ed id as p reven tivas.

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