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PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FRUTOS DE AMENDOIM DURANTE A SECAGEM.

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Revista Caatinga, Mossoró, v. 28, n. 4, p. 170 – 180, out. – dez., 2015

PROPRIEDADES FÍSICAS DOS FRUTOS DE AMENDOIM DURANTE A

SECAGEM

1

WILLIAN DIAS ARAUJO2, ANDRÉ LUÍS DUARTE GONELI2, ROBERTO CARLOS ORLANDO2, ELTON APARECIDO SIQUEIRA MARTINS2, CESAR PEDRO HARTMANN FILHO2*

RESUMO - Objetivou-se com o presente estudo avaliar o efeito da secagem sobre as características físicas dos

frutos de amendoim. Os frutos foram utilizados com um teor de água inicial de aproximadamente 0,63 decimal bs e submetidos à secagem com temperatura de 40 ºC. Foram determinadas as propriedades físicas, quais se-jam: massa especifica aparente; massa específica unitária; porosidade; massa de mil grãos; esfericidade; circu-laridade; área projetada; área superficial; e a relação superfície/volume. Com base nos resultados encontrados

conclui-se que a redução do teor de água proporcionou redução em todas as propriedades físicas dos frutos de

amendoim, com exceção da relação superfície/volume, que tiveram seus valores aumentados com a redução do teor de água. A esfericidade, assim como a circularidade dos frutos de amendoim, tiveram seus valores reduzi-dos durante o processo de secagem.

Palavras-chave: Arachis hypogaea L.. Massa específica aparente. Porosidade. Esfericidade.

PHYSICAL PROPERTIES OF PEANUT FRUITS DURING DRYING

ABSTRACT- The present work was accomplished with the objective of evaluating the drying effect on the

peanut fruits physical properties. Peanut fruits with an initial moisture content of 0.63 decimal db were dried

with a temperature of 40 ºC. Bulk density, true density, porosity, thousand-grain weight, sphericity, circularity,

projected area, surface area and surface/volume ratio physical properties were determined. Based on these re-sults, it is concluded that reducing the moisture content promotes reduction in all the physical properties of pea-nut fruits, except the surface/volume ratio that have their values increased with the moisture content reduction. The circularity as sphericity of the peanut fruit values was reduced during the drying process.

Keywords: Arachis hypogaea L.. Bulk density. Porosity. Sphericity.

___________________

*Autor para correspondência

1Recebido para publicação em 10/04/2014; aceito em 22/05/2015.

Parte do trabalho de Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Agronomia da UFGD do primeiro autor.

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Revista Caatinga

INTRODUÇÃO

A produção de alimentos tem sido cada vez mais exigente no que diz respeito à qualidade ali-mentícia. Produtos que possuam algum perigo em potencial de desenvolvimento e proliferação de pra-gas e doenças durante o cultivo e processamento devem ter toda a sua cadeia de produção e pós

-colheita rastreada a fim de serem tomadas medidas que contribuam para a redução e/ou eliminação de qualquer foco de deterioração e perda de qualidade. Culturas como o amendoim, onde o produto é colhi-do normalmente com elevacolhi-do teor de água, se tor-nam ainda mais susceptíveis ao ataque de insetos e

microrganismos, tornando-se fundamental o

empgo do processo de secagem, considerando que a re-dução da quantidade de água do material decorrente desse processo irá reduzir atividades biológicas, bem comos mudanças químicas e físicas ocorridas duran-te o armazenamento.

Apesar da redução do teor de água influenciar possitivamente na tentativa de se manter a qualidade do produto após a colheita, mudanças nas caraterísit-cas físicaraterísit-cas dos materiais vegetais durante a secagem também são observadas (RESENDE et al., 2005). Logo, informações teóricas a respeito dessa singula-ridade são de suma importância para auxiliar no pro-cessamento pós-colheita, além de fornecer um

con-junto de dados a engenheiros e projetistas que servi-rão de base na elaboração de máquinas, estruturas, processos de controle e proporcionar melhor eficiên-cia de um equipamento ou operação. Assim, o co-nhecimento sobre as propriedades físicas do amen-doim apresentadas durante a secagem é de

funda-mental importância para o correto manejo pós

-colheita da cultura, a fim de minimizar os custos de produção para maior competitividade e manutenção da qualidade do produto. Informações como tama-nho, volume, porosidade e massa específica, entre outras, são ferramentas importantes no estudo envol-vendo transferência de calor e massa e movimenta-ção de ar em uma massa de grãos (GONELI et al., 2011).

Em geral, a forma do produto é uma das prin-cipais propriedades físicas influenciadas pela redu-ção do teor de água durante a secagem. Além desta, tamanho, volume, área superficial, massa específica, porosidade, cor e aparência são algumas outras ca-racterísticas físicas importantes em muitos proble-mas associados com a construção de uma máquina específica ou análise de comportamento de produtos (MOHSENIN, 1986), que também sofrem influência da redução do teor de água.

Deve-se ressaltar que o conhecimento das

propriedades físicas constitui um importante e essen-cial conjunto de dados de engenharia para elaboração de máquinas, estruturas, processos e controle, na análise e determinação de eficiência de um equipa-mento ou operação, no desenvolviequipa-mento de novos produtos de origem animal e vegetal, bem como na

avaliação e retenção de qualidade do produto final. Algumas informações básicas têm valor não somente para os engenheiros, como também para os cientistas e processadores de alimentos, estudos de reprodução de plantas, e outros cientistas que podem explorar essas propriedades e encontrar novos usos (MOHSENIN, 1986). Mata e Duarte (2002) admitem que o conhecimento da porosidade de uma massa de grãos é uma importante ferramenta no dimensiona-mento de silos, contêineres, caixas, embalagens e unidades transportadoras, além de estar contida den-tro dos estudos da transferência de calor e massa, nos processos hidrodinâmicos, aerodinâmicos e termoe-létricos. Sirisomboon et al. (2007) apresentaram as propriedades físicas, área superficial, área projetada, volume, circularidade e esfericidade dos frutos, no-zes e sementes como sendo indispensáveis no dimen-sionamento de máquinas e equipamentos capazes de realizar o processo de descasque.

Muitos são os fatores que podem afetar as propriedades físicas, além do teor de água, sendo um deles o fato de alguns produtos agrícolas, como o fruto de amendoim, apresentar grãos no seu interior. Nesse sentido, inúmeros autores têm investigado as variações das propriedades físicas em função do teor de água e de outros fatores durante a secagem como, por exemplos, Siqueira et al. (2012a) trabalhando com frutos de pinhão manso, Lanaro et al. (2011) com grãos de feijão fradinho, Tavakoli et al. (2009) com cevada e Goneli et al. (2008, 2011) com frutos de mamona.

Considerando a importância do processo de secagem e da necessidade de informações para o desenvolvimento de equipamentos utilizados no pro-cessamento da cultura do amendoim, este trabalho foi realizado com o objetivo de determinar o efeito da variação do teor de água sobre as principais pro-priedades físicas dos frutos de amendoim.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente trabalho foi realizado no Laborató-rio de Propriedades Físicas de Produtos Agrícolas da Faculdade de Ciências Agrárias, pertencente à Uni-versidade Federal da Grande Dourados, localizada no município de Dourados (MS).

Foram utilizados frutos de amendoim da culti-var IAC 505, do grupo vegetativo e comercial Run-ner. Os frutos foram colhidos manualmente a fim de evitar qualquer tipo de influência ou dano físico.

Após a colheita fora realizada a seleção, procurando

-se retirar todos aqueles que apre-sentas-sem defeitos, no intuito de evitar qualquer tipo de influência inde-sejável que pudesse atrapalhar ou interferir nos resul-tados da pesquisa. Inicialmente os frutos apresenta-ram valores com teor de água de aproximadamente 0,63 decimal (base seca, bs).

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40 ± 1 ºC e volume interno de 340 litros, sendo dis-postas aleatoriamente cinco bandejas perfuradas com os referidos frutos. As bandejas continham produto suficiente para não se formar gradiente de umidade durante a secagem, bem como não faltar produto para nenhuma das determinações realizadas. A redu-ção do teor de água foi acompanhada com o auxílio de uma balança com resolução de 0,01 g pelo

méto-do gravimétrico ou perda de massa (conhecenméto-do-se o

teor de água inicial do produto) até os frutos atingi-rem o teor de água final de aproximadamente 0,04 decimal (base seca, bs). Durante a secagem, para diferentes teores de água,o produto era retirado da estufa e homogeneizado para a determinação das propriedades físicas avaliadas. Os teores de água do produto foram determinados pelo método gravimétri-co em estufa, a 105 ± 1 °C, durante 24h, em duas repetições (BRASIL, 2009).

A massa específica aparente (ap) foi

determi-nada para os frutos de amendoim utilizando um reci-piente em PVC, de formato cilíndrico com relação altura/diâmetro de 1:1, sendo o volume do recipiente de 2 L. A cada período de amostragem, determinado em função da perda de massa durante a secagem (método gravimétrico), o produto foi acondicionado no recipiente e somente então pôde-se realizar as

leituras do volume. Posterioemente, o recipiente con-tendo os frutos foi pesado em uma balança com reso-lução de 0,01 g.

Na determinação da massa específica real ou unitária 10 frutos foram escolhidos ao acaso e secos individualmente, sendo realizadas leituras periódicas durante a secagem. Com auxílio de um paquímetro digital com resolução de 0,01mm foram realizadas medidas nas dimensões características dos produtos como: comprimento (a); largura (b); e espessura (c), conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1. Representação esquematica dos eixos triaxiais do fruto de amendoim.

A determinação do volume (Vg) para cada

teor de água dos frutos de amendoim foi baseada na equação proposta por Mohsenin, (1986), Equação 1 mostrada a seguir:

em que:

Vg- volume, mm³;

a - comprimento, mm;

b - largura, mm;

c - espessura, mm.

A equação proposta por Mohsenin (1986), a qual visa a determinação do volume de produtos agrícolas (Equação 1), foi utilizada neste trabalho para o amendoim após testes preliminares com 200 frutos, divididos em 5 repetições. Após as dimensões características dos frutos serem determinadas cada repetição de 40 frutos fora imersa em tolueno em uma proveta graduada e seu volume real determinado pela diferença entre o volume total da proveta e o volume de tolueno gasto. Assim, foi possível verifi-car se os valores de volume calculados pela Equação 1 retornavam valores próximos ao real. Jain e Bal (1997) propuseram uma nova equação para detemi-nação do volume de produtos agrícolas considerando a forma do produto “cono-esféreica”, desde então

sendo utilizada por muitos pesquisadores nos mais diferentes produtos, incluindo o próprio amendoim (BALASUBRAMANIAN et al., 2011; PAYMAN et al., 2011). Apesar disso, o volume calculado pela equação proposta por aqueles autores retornavam valores de volume dos frutos de amendoim muito diferente do real determinado com tolueno nos testes

preliminares, optando-se portanto pela Equação 1.

Após a determinação do volume os frutos de

amendoim foram pesados utilizando-se uma balança

com resolução de 0,001g e a massa específica unitá-ria determinada pela Equação 2.

em que:

ρu- massa específica unitária, kg m-3;

mg- massa de um fruto de amendoim, g.

A porosidade da massa dos frutos de amen-doim foi determinada pela relação:

em que:

ε - porosidade, %;

ρap- massa específica aparente, kg m-3. Vg =

(a b c)

6 (1)

u = mg

Vg (2)

ε= 1− ap u

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Revista Caatinga

A massa de 1000 de frutos foi determinada de acordo com a Regra de Análise de Sementes, a partir da escolha aleatória de 100 frutos de amendoim para

cada teor de água ao longo da secagem. Utilizando

-se uma balança com resolução de 0,01 g, em oito repetições, fora realizada a pesagem da massa do produto, sendo os resultados ajustados para 1000 frutos (BRASIL, 2009).

A forma dos frutos de amendoim foi caracteri-zada pela esfericidade e circularidade. A esfericidade (Es) foi calculada utilizando-se a expressão proposta

por Mohsenin (1986), qual seja:

em que:

Es: esfericidade, %.

A circularidade (C) dos produtos foi determi-nada pela expressão (MOHSENIN, 1986):

em que:

C: circularidade, %.

A área projetada (Ap), em mm2, dos frutos de

amendoim foi determinada pela expressão:

em que:

Ap: Área projetada, mm².

A área superficial (S), em mm2, dos frutos de

amendoim foi calculada pelo modelo de Mohsenin

(1986), realizando-se ajustes nas dimensões

caracte-rísticas do produto, auxiliado da seguinte expressão:

onde:

em que:

S - área superficial, mm2;

B - média geométrica entre o comprimento e a

largu-ra do fruto, mm; E - excentricidade.

Outro método empregado para se calcular a área superficial dos frutos de amendoim foi a

equa-ção da superfície da esfera, levando-se em

considera-ção o diâmetro geométrico do produto (Dg), equação

esta também utilizada por Tunde-Akintunde e

Akin-tunde (2004).

onde:

A relação entre a área superficial (S) e a mas-sa dos frutos de amendoim foi determinada segundo a equação (MOHSENIN, 1986):

em que:

S - área superficial, mm²;

Dg- diâmetro médio geométrico, mm;

ξ e d - constantes da relação, adimensionais;

W - massa, g.

A relação superfície/volume (SV) dos frutos de amendoim foi calculada por meio da expressão:

Os dados experimentais referentes às proprie-dades físicas dos frutos de amendoim foram submeti-dos a análise de regressão linear. Para o ajuste submeti-dos

modelos de regressão utilizou-se o programa

compu-tacional STATISTICA 7.0® (STATSOFT, INC.,

2007). O nível de significância da regressão, junta-mente com os valores do coeficiente de determinação (R²), pelo teste t, serviu de parâmetros para seleção do modelo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Figura 2 são apresentados os valores expe-rimentais e estimados da massa específica aparente dos frutos de amendoim para diferentes teores de água durante a secagem.

Verifica-se na Figura 2 que houve redução na

massa específica aparente dos frutos de amendoim de forma linear ao longo da secagem, contrariando a maioria dos produtos agrícola. Em geral, como a massa específica é uma relação entre a massa e o volume do produto durante a secagem a taxa de redu-ção do volume é maior do que a taxa de perda de massa devido a redução do teor de água. Assim, para a maioria dos produtos agrícolas ocorre aumento da massa específica aparente com a redução do teor de

Es=

(a b c)1/3

a 100 (4)

C = b

a 100

(5)

Ap=

a b

4 (6)

S = B

2

2 +

a B

2 E sen

−1 E (7)

B = b c 1/2 (8)

E = 1− B

a 2

(9)

S = Dg

2

(10)

Dg= a b c1/3 (11)

S =ξ Wd (12)

SV = S

Vg

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água, diferente do que ocorre com os frutos de amen-doim, tendo em vista a baixa redução de seu volume durante a secagem. Razavi et al. (2007), trabalhando

com pistache, verificaram resultados semelhantes aos observados no presente estudo.

Figura 2. Valores observados e estimados da massa específica aparente dos frutos de amendoim em função do teor de água.

Observa-se também na Figura 2 que os

valo-res experimentais da massa específica aparente dos frutos de amendoim variaram de 297 a 248 kg m-3 em uma faixa de teor de água de 0,63 a 0,04 decimal

(bs), respectivamente. Nota-se, também, que a

redu-ção dos valores da massa especifica aparente pode ser satisfatoriamente representado por um modelo de regressão linear simples (Tabela 1). Siqueira et al. (2012a) encontraram resultados semelhantes a estes, no qual houve redução nos valores de massa

especí-fica aparente dos frutos de pinhão-manso.

Na Tabela 1 estão alocados os modelos ajus-tados aos dados observados para as diversas proprie-dades físicas estudadas dos frutos de amendoim em função do teor de água. Esses modelos se mostram adequados ao estimar as propriedades físicas dos frutos de amendoim, apresentando elevados valores do coeficiente de determinação (R2) e significância

satisfatória dos modelos.

Tabela 1. Equações ajustadas aos valores das propriedades físicas dos frutos de amendoim em função do teor de água.

Variável analisada Modelo R

2

(decimal) F Plevel

Massa específica aparente ρa = 238,7430 + 91,3798 *

M 0,9745 191,4523 <0,0001

Massa específica unitária ρu= 610,0642 + 360,1568 *

M 0,9934 757,0493 <0,0001

Porosidade ε = 61,1113 + 5,6972 *M 0,9480 91,1380 <0,0002

Massa de mil frutos M1000 = 1070,9538 + 956,1933 *

M 0,9822 440,8948 <0,0001

Área projetada AP = 344,5888 + 60,7847 *M 0,9470 89,3446 <0,0002

Área superficial1 S = 1025,2980 + 165,8699 *M 0,9659 141,6356 <0,0001

Área superficial2 S = 883,0712 + 143,7282 *M 0,9665 144,4021 <0,0001

Relação superfície/volume S / V = 0,2859 + (-0,0213 *M) 0,9584 115,1690 <0,0001

Relação superfície/massa S / M = (770,3594 *W0,2133) 0,9744 190,5769 <0,0001

1Área superficial calculada pela Equação 10 (Tunde-Akintunde e Akintunde, 2004); 2Área superficial calculada pela Equação 7 (Mohsenin, 1986);

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Assim como a massa específica aparente, os

valores da massa específica unitária dos frutos de amendoim também sofreram redução, conforme a redução do teor de água (Figura 3).

Figura 3. Valores observados e estimados da massa específica unitária dos frutos de amendoim em função do teor de água.

Esses resultados (Figura 3) podem estar rela-cionados ao fato de que a maior parte dos frutos de amendoim serem compostos por grãos e seu encolhi-mento não é proporcional a perda de massa durante o

processo de secagem. Resultados semelhantes foram

observados e relatados por outros pesquisadores ao trabalharem com frutos de mamona (GONELI et al., 2008), pistache (RAZAVI et al., 2007), arroz em casca (REDDY; CHAKRAVERTY, 2004) e semen-tes de abóbora (PAKSOY; AYDIN, 2004).

Os valores experimentais da massa específica unitária dos frutos de amendoim variaram de 837 a 628 kg m-3 (Figura 3) para a faixa de teor de água de 0,63 a 0,04 decimal (bs), respectivamente. Para estes valores fora obtido um coeficiente de determinação satisfatório com modelo de regressão linear (Tabela 1).

Na Figura 4 estão apresentados os valores experimentais e estimados da porcentagem de espa-ços vazios na massa dos frutos de amendoim em função do teor de água (decimal bs).

Figura 4. Valores observados e estimados da porosidade dos frutos de amendoim em função do teor de água.

Observando a Figura 4 nota-se que a

porosi-dade da massa dos frutos de amendoim apresentou comportamento semelhante ao encontrado para a maioria dos produtos agrícolas, onde seus valores foram reduzidos com o decréscimo do teor de água (SIQUEIRA et al., 2012a; GONELI et al., 2008;

FA-THOLLAHZADEH et al., 2008; DURSUN et al., 2007; KARABABA, 2006). Ao decorrer do processo

de secagem tornou-se possível observar uma

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porosidade pode-se chegar aos resultados

encontra-dos no presente estudo. A porosidade da massa encontra-dos frutos de amendoim foi de 64,57 para 61,53% em uma faixa de teor de água de 0,63 a 0,04 decimal (bs). Essa pequena variação da porosidade esteja provavelmente relacionada à reduzida capacidade dos compostos estruturais que formam a casca dos frutos de amendoim em diminuir o seu volume.

Nota-se ainda que a redução dos valores da

porosida-de da massa dos frutos porosida-de amendoim (Figura 4) poporosida-de ser representada satisfatoriamente por meio de um modelo de regressão linear simples (Tabela 1).

Na Figura 5 são apresentados os valores ob-servados e estimados dos efeitos da variação do teor de água na massa de mil frutos de amendoim em

função da secagem.

Figura 5. Valores observados e estimados da massa de mil frutos de amendoim em função do teor de água.

Pode-se observar na Figura 5 que a redução

do teor de água do produto acaba proporcionando também uma redução dos valores da massa de mil

frutos. Verifica-se ainda que conforme o teor de água

é reduzido a massa de mil frutos de amendoim varia de 1786 a 1147 g. Os resultados deste trabalho corro-boram com os resultados encontrados por outros pesquisadores trabalhando com diversos produtos (BANDE et al., 2012; GONELI et al., 2008; AYDIN, 2007; DURSUN et al., 2007). O modelo linear foi o

que melhor se adequou aos dados experimentais, apresentando elevado nível de significância e eleva-do valor eleva-do coeficiente de determinação (Tabela 1).

Na Tabela 2 são apresentados os valores das dimensões características (a, b, c), o diâmetro

geo-métrico médio (Dg), o volume (V), os índices de

con-tração das dimensões características (a/a0, b/b0 e c/

c0), da circularidade (C) e da esfericidade (E) dos

frutos de amendoim em função da secagem.

Tabela 2. Dimensões características (a, b, c, Dg), volume (V), índices de contração (a/a0, b/b0 e c/c0), circularidade (C) e

esfericidade (E) dos frutos de amendoim em função do teor de água.

De acordo com a Tabela 2 é possível verificar que as dimensões características (comprimento, lar-gura e espessura) dos frutos de amendoim apresenta-ram comportamento semelhante, em que os valores foram reduzidos com o decréscimo do teor de água devido a secagem. A partir da variação das

dimen-sões do produto com a redução do teor de água pro-jetistas de secadores podem aperfeiçoar e/ou projetar um sistema de secagem mais adequado à secagem,

levando-se em consideração fatores como direção do

fluxo de ar, movimentação do produto no secador, dentre outros parâmetros e processos. Resultados

Teor de água

(bs)

Dimensões características (mm)

Volume

(mm³) a/aₒ b/bₒ c/cₒ C (%)

E (%)

a b c Dg

0,63 32,67 14,82 14,03 18,94 3556,78 1,00 1,00 1,00 45,36 57,97

0,49 32,50 14,64 13,81 18,73 3441,24 0,99 0,99 0,98 45,05 57,63

0,36 32,36 14,55 13,74 18,64 3389,09 0,99 0,98 0,98 44,96 57,59

0,26 32,21 14,45 13,71 18,54 3338,71 0,99 0,97 0,98 44,86 57,58

0,17 31,93 14,23 13,62 18,36 3239,87 0,98 0,96 0,97 44,57 57,50

0,10 31,59 14,03 13,52 18,16 3135,84 0,97 0,95 0,96 44,40 57,49

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semelhantes a esses foram relatados por Goneli et al. (2011), Razavi et al. (2007), Corrêa et al. (2006) e Resende et al. (2005). Além disso, os dados deixam evidente que o volume dos frutos de amendoim tem seus valores reduzidos com a redução do teor de água, de forma gradual. Siqueira et al. (2012b),

tra-balhando com pinhão-manso, observaram resultados

semelhante aquele verificado neste trabalho.

Observando a Tabela 2 é possível verificar ainda que os frutos de amendoim, em média, apre-sentaram maior redução no índice de contração da sua largura (b), sendo essa redução de 6%, se compa-rado ao comprimento (a) e a espessura (c), ambas com 4%, variando o teor de água do produto de 0,63

a 0,04 decimal (bs). Além disso, pode-se afirmar que

as magnitudes dos índices de contração das dimen-sões dos frutos de amendoim sofreram pequena in-fluência em função da redução do teor de água du-rante a secagem, fato este relacionando, provavel-mente, com a composição química do pericarpo ou casca do fruto. Goneli et al. (2011) e Resende et al.

(2005) também observaram comportamento seme-lhante aos encontrados no presente estudo.

Ainda de acordo com a Tabela 2 verifica-se

uma pequena redução na magnitude dos valores de circularidade e esfericidade com a redução do teor de água devido a secagem dos frutos de amendoim. Esses resultados são explicados devido a contração uniforme das principais dimensões que compõem os frutos. Goneli et al. (2011), trabalhando com frutos de mamona, também observaram resultados seme-lhantes, nos quais a circularidade e a esfericidade apresentaram pequenas variações em seus valores. Tanto a circularidade quanto a esfericidade mantive-ram seus valores abaixo de 60%, cujos valores tor-nam os frutos de amendoim classificados como não circulares e não esféricos.

Na Figura 6 são encontrados os valores da área projetada dos frutos de amendoim em função da redução do teor de água (decimal, bs) durante a secagem.

Figura 6. Valores observados e estimados da área projetada dos frutos de amendoim em função do teor de água.

Analisando o resultado (Figura 6) pode-se

evidenciar que houve redução nos valores da área projetada dos frutos de amendoim com o decréscimo do teor de água. A diminuição dos valores da área projetada está relacionada com a redução do volume dos frutos de amendoim ao longo do processo de secagem, podendo afetar a passagem de ar em uma massa de frutos de amendoim durante seu processa-mento e/ou secagem. Esse fenômeno também foi observado em outros trabalhos (SIQUEIRA et al., 2012b; GUEDES et al., 2011; GONELI et al., 2008; YALÇIN et al., 2007; AYDIN, 2007; COŞKUNER e

KARABABA, 2007). Nota-se que a área projetada

dos frutos de amendoim (Figura 6) variou de 380,21 a 344,16 mm² para a faixa de teor de água de 0,63 a 0,04 decimal (bs), respectivamente, sendo esse fenô-meno satisfatoriamente representado por um modelo de regressão linear simples (Tabela 1).

São apresentados na Figura 7 os valores ob-servados e estimados da relação superfície/volume dos frutos de amendoim em função da secagem.

É observável na Figura 7 que os valores da relação superfície/volume dos frutos de amendoim têm suas magnitudes elevadas com a redução do teor de água durante o processo de secagem. Quanto mai-or o tamanho do mai-organismo menmai-or é sua relação su-perfície/volume, consequentemente menor também será a dissipação de calor em sua superfície e menor o seu metabolismo. Dessa forma, além da proteção a casca permite que o amendoim tenha uma menor perda por respiração durante o processamento, em comparação com os grãos processados já descasca-dos. Assim, o aumento dos valores da relação super-fície/volume com a redução do teor de água indicam redução no tamanho dos frutos com a secagem. Esses

resultados assemelham-se com os observados por

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trabalha-Revista Caatinga

vam com frutos de pinhão-manso. Pode-se dizer que

o fenômeno em estudo pode ser satisfatoriamente representado por um modelo de regressão linear sim-ples, no qual sua equação é apresentada na Tabela 1.

A relação superfície volume dos frutos de amendoim

variou aproximadamente de 0,27 a 0,28 mm-1 para a

faixa de teor de 0,63 a 0,04 decimal (bs), respectiva-mente.

Figura 7. Relação superfície volume dos frutos de amendoim em função do teor de água em estudo.

São apresentados na Figura 8 os valores

ob-servados e estimados da área superficial dos frutos de amendoim em função da secagem, utilizando mo-delos propostos por diferentes autores.

Figura 8. Valores observados e estimados da área superficial dos frutos de amendoim em função do teor de água.

Obsevando a Figura 8 verifica-se que em

am-bos os modelos utilizados houve redução dos valores da área superficial dos frutos de amendoim com a redução do teor de água, uma vez que a equação da superfície da esfera admite apenas o diâmetro médio como parâmetro para a obtenção dos valores da área superficial dos frutos de amendoim, o que torna du-vidoso a precisão dos valores, haja vista a irregulari-dade e conformiirregulari-dade do produto. Sendo assim,

ob-serva-se certa discrepância entre os valores dos

mo-delos empregados para uma mesma faixa de teor de água. Provavelmente esse fenômeno está ligado ao fato de que o modelo de Mohsenin (1986) apresenta

(10)

Revista Caatinga

produto também foi observada por diferentes autores (SIQUEIRA et al., 2012b; GONELI et al., 2008; RAZAVI et al., 2007).

O modelo de representação da área superficial em função da massa dos frutos de amendoim, pro-posto por Mohsenin (1986), foi satisfatoriamente ajustados aos dados experimentais (Tabela 1) obtidos para os frutos de amendoim, apresentando valor ele-vado do coeficiente de determinação, e assemelhan-do-se aos resultados encontrados por Goneli et al.

(2008), trabalhando com frutos de mamona. A partir

dessa relação torna-se possível estimar a área

super-ficial dos frutos de amendoim, em mm2, a partir de

dados de massa unitária, em gramas, dentro da faixa de teor de água estudada, permitindo uma maior faci-lidade para projetistas de equipamentos destinados a

pós-colheita do produto que necessitem dessas

infor-mações.

CONCLUSÃO

Em função dos resultados obtidos neste

traba-lho pode-se concluir que a redução do teor de água

devido o processo de secagem ocasionou variação na magnitude de todas as propriedades físicas avaliadas. Com a redução do teor de água houve redução na massa específica aparente e unitária, na porosidade, na massa de mil frutos, nas dimensões característi-cas, na área projetada, área superficial, circularidade e a esfericidade dos frutos de amendoim durante a secagem. A equação de Mohsenin utilizada para re-presentar a relação entre a área superficial e a massa dos frutos de amendoim pode ser aplicada no presen-te estudo. No que toca à relação superfície/volume dos frutos de amendoim ela aumenta com a redução do teor de água.

AGRADECIMENTOS

À Capes e à Fundect pelo apoio financeiro para a realização desta pesquisa.

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