.aRE
Instituto Brasileiro de Economia
Centro de Políticas
Sodais
Metas Sociais Contra Miséria nos
Municípios Fluminenses
Grande Rio· PME
2cro
Estado do Rio de Janeiro PNAD (1998-g))
CENSO 1781)
Mapa do Fim da Fome - CPSIFGV
MAPA DO FIM DA FOME:
METAS SOCIAIS CONTRA MISÉRIA NOS MUNICÍPIOS
FLUMINENSES
"0 homem não vê o universo a partir do universo, o homem vê o universo desde um lugar. "
Milton Santos
No momento em que o Congresso oficializa o fundo de erradicação da pobreza,
é oportuna a avaliação do custo mínimo da empreitada. O fundo foi criado a nível
nacional, uma vez que o combate à pobreza não pode ser levado à frente pelos
municípios mais pobres isoladamente. É sintomático que as melhores práticas sociais
brasileiras são concebidas e paridas em municípios ricos. Cabe ao fundo financiar a
gestação das boas práticas nos bolsões de miséria. A adoção do bolsa-escola no âmbito
do projeto Alvorada representa um exemplo desta estratégia.
Defendemos a algum tempo a adoção de metas sociais. Os governos se
comprometeriam com a trajetória futura de indicadores sociais palpáveis da mesma
forma que o governo federal o faz em relação às metas inflacionarias. Nenhum partido
político ou governo, se convenceu ainda da importância de se estabelecer compromissos
de performance social com a sociedade.
O Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas vem monitorando as
condições de vida da população nas diferentes cidades brasileiras de forma a subsidiar
com informações espacialmente desagregadas a fixação dessas metas. O programa
RJ-TV reeditou recentemente uma série de seis episódios realizada a um ano atrás com base
na atualização desses números para o estado do Rio. A lógica persuasiva dessa parceria
é a do popular ditado: uma imagem vale mais do que mil palavras (ou números).
Este trabalho visa mensurar a pior forma de destituição: a insuficiência de renda
para se comprar uma cesta de alimentos que cubra minimamente necessidades calóricas
básicas. Calculamos o custo do fim da fome de forma espacialmente. desagregada
objetivando focar o debate em tomo da proposição da fixação de metas sociais e de
políticas de combate à pobreza associadas. O estudo se encontra organizado em tomo
i) Avaliação da extensão indigência e do custo da sua erradicação a nível
nacional e das diferentes unidades da federação na década de 90.
ii) Avaliação da extensão indigência e do custo da sua erradicação a nível
do estado do Rio de Janeiro, das suas mesorregiões e das diferentes
cidades médias, grandes e municípios das metrópoles.
iii) Avaliação da evolução recente da miséria metropolitana até final de 2000
desagregada em termos espaciais.
iv) Avaliação da evolução de longo prazo da miséria a nível de estados e
municípios desde 1970.
v) Apresentação do sistema de metas de pobreza e do conceito de metas
SOCIaIS
vi) Apresentação e didatização dos índices de pobreza
vii) Anexos contendo informação adicional àquelas citadas acima.
1) O Custo do Fim da Fome
Começamos pela determinação do custo de erradicação da indigência. Isto é,
quanto de renda adicional cada um deveria receber para garantir o consumo de
necessidades calóricas mínimas fixadas pela OMS, cujo custo de mercado é hoje cerca
de 80 reais mensais por pessoa (a preços de São Paulo ajustado por diferenças regionais
de custo de vida). Assume-se: i) identificação perfeita dos indigentes e de suas
respectivas insuficiências de renda; ii) não há desperdício; iii) custo operacional nulo.
Ou seja, calculamos o custo do programa perfeito de erradicação da indigência capaz de
içar os miseráveis até o piso de suas necessidades alimentares, nem um centavo a mais.
O maior desafio é que somente os miseráveis abocanhem recursos do programa.
Detalhes metodológicos deste cálculo e um texto didático sobre indicadores de pobreza,
em geral, são encontrados na seção sete e no apêndice metodológico ao final do trabalho
Este exercício não deve ser lido como uma defesa de políticas compensatórias
mas como uma referencia ao custo de oportunidade social da adoção de políticas
desfocadas. O exercício demonstra os parcos recursos requeridos para se decretar o fim
da fome no Brasil e em suas localidades. Este dado é útil para traçar o alvo das políticas
e para organizar as fontes de financiamento da empreitada. Ou seja, interessa também
aqueles que propõe a arrecadar fundos ou contribuir para o fim da fome, aí incluindo
governos, em geral, e sociedade civil (famílias, ONGs e corporações). A altíssima
Mapa do Fim da Fome - CPSIFGV
convivendo, lado a lado, com recursos mais que suficientes para elimina-la. O cidadão
comum ao perceber o baixo custo da empreitada pode se motivar a tomar ações
solidárias. A nossa experiência recente com metas de consumo de energia elétrica é
elucidadora da importância do indivíduo dispor de objetivos palpáveis. Como saber,
quantos e como uma detenninada doação em espécie, ou em trabalho voluntário, vai
ajudar. A seção seis do presente trabalho expõe em detalhes da idéia de fixar metas de
redução de pobreza.
2) Brasil e Unidades da Federação
O mapa IA apresenta um quadro nacional da miséria a partir das mesorregiões.
As tabelas abaixo complementam com infonnações a nível dos diferentes estados para
1999. O processamento de microdados da última Pnad disponível a de 1999, revela que
temos 50 milhões de indigentes (29.3% da população brasileira de 169.6 milhões,
segundo o Censo 2000, tem renda mensal inferior a 80 reais per capita). A erradicação
da miséria exigiria a transferência de 10.49 reais em média por brasileiro/mês. O custo
agregado para erradicação da miséria brasileira corresponde a 1.78 bilhões de reais
mensais ou 4.01% da renda familiar. Ou seja, está perfeitamente dentro do orçamento
social dos três níveis de governo 20.9% do PIB.
A tabela 1B apresenta o custo individual mínimo de erradicação da miséria sob
duas perspectivas complementares, a saber: i) quanto cada indigente brasileiro deveria
receber, em média, para que a miséria fosse erradicada. ii) quanto cada não indigente
brasileiro deveria, em média, contribuir para que a erradicação da miséria fosse
atingida. A nível do país como um todo, estes números correspondem a 35.81 reais
mensais e 14.84 reais mensais, respectivamente. Este dados são úteis para traçar o alvo
das políticas e para organizar as fontes de financiamento da empreitada. A altíssima
desigualdade brasileira, nossa principal chaga, implica numa dualidade: muita miséria
convivendo, lado a lado, com recursos mais que suficientes para elimina-Ia. O cidadão
comum ao perceber o baixo custo da empreitada pode se motivar a tomar ações
solidárias. Saber, quantos e como uma detenninada doação em espécie, ou em trabalho
voluntário, pode ajudar a angariar entusiasmo pela causa da erradicação da miséria A
nossa experiência recente com metas de consumo de energia elétrica é elucidadora da
importância do indivíduo dispor de objetivos palpáveis. O trabalho apresenta tabelas e
seus respectivos municípios auto-representativos com população supenor a 100 mil
habitantes.
A tabela 1B apresenta ainda os erros padrões da proporção de indigentes
avaliados ao nível de confiança de 95%. Ou seja, o intervalo de confiança seria de
29.01 % a 29.59%. Este tipo de estatística será fundamental para analisarmos as
estimativas a nível de municípios auto-representativos, quando o tamanho da amostra
cai e o erro padrão assumido sobe.
O estado do Rio de Janeiro apresenta, em 1999, 14.38% de sua população na
indigência. O custo para erradicação da indigência no estado corresponde 4.86 reais por
habitante, ou 68 milhões de reais mensais avaliados a preços de hoje. O estado gastava
na área social em 1995 aproximadamente 26.8% do PIB, aí incluindo recursos
originados nas três esferas de governo. Dessa forma, o programa perfeito da erradicação
da indigência custaria cerca de 4.6% desse orçamento. Cálculos idênticos para o período
o
CUSTO POR ESTADOMAPA DO FIM DA FOME
ESTADOS
População 2000
Mapa do Fim da Fome - CPSIFGV
Brasil- 1999
Renda
Domiciliar Proporção População Transferencias Mínimas para erradicar a miséria Per Capita Indigentes indigente R$ pessoa R$ total mês % renda R$ total ano
Mensal PO %
Brl\sil --i69~544'-44j ----iiii:S4 ----i9:3-Õ ---49,67S,4ÕÕ ----iÕ.4-cj ---i~ii8'-7s5,õjS.63 ---4:õi ---ii~j45,-õiiõ'-4ii.6-i
Acr~ 557,337 264.86 33.69 114,386 12.24 6,821,804.88 4.62 81,861,658.56
All\goas 2,817,903 128.59 56.84 1,530,500 20.90 58,891,918.38 16.25 706,703,020.53
Aml\zonas 2,840,889 157.82 42.74 824,804 14.76 41,922,430.80 9.35 503,069,169.54
Amllpá 475,843 172.06 41.08 146,437 16.88 8,032,229.84 9.81 96,386,758.08
Balda 13,066,764 125.51 53.95 7,000,812 19.98 261,126,211.78 15.92 3,133,514,541.31
Cearl\ 7,417,402 132.52 55.50 3,890,999 21.43 158,928,222.21 16.17 1,907,138,666.55
Distrito Federal 2,043,169 473.36 17.94 337,442 5.65 11,552,894.79 1.19 138,634,737.52
Espirlto Santo 3,093,171 259.46 24.04 700,663 8.36 25,863,858.63 3.22 310,366,303.60
GolI\s 4,994,897 234.14 26.57 1,283,938 8.03 40,111,020.87 3.43 481,332,250.43
Maranhão 5,638,381 112.58 62.37 3,326,337 22.80 128,532,533.28 20.25 1,542,390,399.31
Minas Gerais 17,835,488 241.64 26.22 4,511,035 8.63 153,955,932.42 3.57 1,847,471,188.99
Mato Grosso do Sul 2,075,275 255.42 23.15 461,618 7.24 15,029,971.66 2.84 180,359,659.92
Mato Grosso 2,498,150 235.Ql 24.51 579,113 6.94 17,335,162.48 2.95 208,021,949.76
Pará 6,188,685 166.60 40.41 1,280,496 12.91 79,898,398.82 7.75 958,780,785.89
Paraíba 3,436,718 183.25 49.36 1,639,964 18.43 63,323,591.18 10.06 759,883,094.17
Pernambuco 7,910,992 140.22 52.13 3,933,250 19.86 157,086,985.95 14.16 1,885,043,831.35
Phmf 2,840,969 110.98 61.26 1,631,938 24.66 70,060,568.32 22.22 840,726,819.78
Pl\raná 9,558,126 287.80 21.54 1,994,825 7.46 71,265,387.46 2.59 855,184,649.47
Rio de Janeiro 14,367,225 350.27 14.38 1,978,542 4.86 69,859,194.84 1.39 838,310,338.08
Rio Grande do Norte 2,770,730 156.08 47.69 1,263,543 16.96 46,998,230.55 10.87 563,978,766.62
Rondônia 1,377,792 261.89 20.57 169,041 7.25 9,987,338.65 2.77 119,848,063.80
Roraima 324,152 254.96 17.78 32,773 6.49 2,103,098.18 2.54 25,237,178.11
Rio Grande do Sul 10,179,801 335.72 16.44 1,629,006 5.46 55,598,001.14 1.63 667,176,013.70
Santa Catarinl\ 5,333,284 312.10 14.41 728,233 4.67 24,900,036.34 1.50 298,800,436.07
Sergipe 1,779,522 155.76 50.25 848,158 19.59 34,858,700.55 12.58 418,304,406.64
Tocantins 1,155,251 136.69 47.43 534,217 16.81 19,417,458.81 12.30 233,009,505.70
São Paulo 36,966,527 380.18 11.53 4,115,088 4.20 155,377,706.29 1.11 1,864,532,475.44
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CUSTO MÍNIMO POR ESTADOMAPA DO FIM DA FOME
Brasil - 1999
ESTADOS Proporção Erro Padrão Transferencias Mínimas para Erradicar a Miséria Indigentes 95% R$ indigente R$ não indigente R$ pessoa
. iirilsi,-
---Acre Alagoas Amazonas Amapá B!llt\a Ceará Distrito Federal Esplrito Santo Goiás Mamnhão Minas Gerais Mato Grosso do Sul Mato Grosso Pará Paraiba Pern!lmbuco Piaui P!lranIÍ
Rio ~e Janeiro
Rio àrànde do Norte Rondônia
PO%
---29:ãõ ---õ.2!f ---
ã5~ãi-33.69 5.73 59.64
56.84 42.74 41.08 53.95 55.50 17.94 24.04 26.57 62.37 26.22 23.15 24.51 40.41 49.36 52.13 61.26 21.54 14.38 47.69 20.57 2.87 2.98 6.62 1.09 1.35 1.53 2.11 1.35 2.49 0.83 2.01 1.94 1.88 2.41 1.23 2.73 1.05 0.76 2.74 3.22 38.48 50.83 54.85 37.30 40.85 34.24 36.91 31.24 38.64 34.13 32.56 29.93 62.40 38.61 39.94 42.93 35.73 35.31 37.20 59.08
Roraima 17.78 6.22
Rio Grande do Sul 16.44 0.79
-- --14:84 ---1Õ:49
---15.40 45.74 20.79 24.38 43.05 45.07 6.77 10.81 10.81 55.59 11.55 9.31 9.03 16.28 35.24 39.49 57.95 9.42 5.64 31.18 8.26 12.24 20.90 14.76 16.88 19.98 21.43 5.65 8.36 8.03 22.80 8.63 7.24 6.94 12.91 18.43 19.86 24.66 7.46 4.86 16.96 7.25
Sant!l Catarina 14.41 1.40 34.19 5.41 4.67
Sergipe 50.25 2.69 41.10 37.43 19.59
Tocantins 47.43 3.03 36.35 31.27 16.81
São Paulo 11.53 0.58 37.76 4.73 4.20
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Mapa do Fim da Fome - CPS/FGV
3) Mesorregiões e Municípios Autorepresentativos
Em termos metodológicos, a nossa inovação básica inicial foi processar
conjuntamente diversas PNADs-IBGE consecutivas a fim de aumentar a densidade
amostraI das estimativas. Buscamos atualizar as estimativas censitárias datadas de 1991
a nível de mesorregiões e municípios auto-representativos. Não devemos desprezar as
transformações sociais ocorridas ao longo da década de 90, em particular, aquelas
relativas à composição espacial da miséria.
O estado pode ser dividido nas mesorregiões colocadas na Tabela 2A, no mapa
2A, discriminadas pelo nome no mapa 2C. Detalhamento maior dos dados que deram
origem a tabela e a lista de municípios constantes de cada mesorregião podem ser
encontradas no anexo.
As Tabelas 3A e 3B apresentam o custo de erradicação da fome para o período
1996 a 1999, aberto por municípios acima de 100 mil habitantes. O município da capital
está entre aqueles com menor proporção de indigentes no estado. Este percentual
equivale a 629 mil pessoas - mais que a população inteira de Niterói, onde a taxa de
indigência é de 10.95% e a renda é a mais alta do estado: 644 reais por pessoa. O custo
mínimo da erradicação da pobreza na cidade maravilhosa seria 4.12 reais mês por
carioca, o que corresponde a cerca de 289 milhões de reais por ano ou cerca de 0.8% da
renda local, segundo a Pnad-IBGE. Ou seja, o esforço para eliminar a indigência é
trivial na perspectiva de parte dos demais membros da sociedade carioca. Cada um pode
ver quantos indigentes em média pode ajudar, na média são necessários 4.74 (32.28,
5.55) reais mês por habitante (indigente, não indigente) carioca. Dos municípios com
mais de 100 mil habitantes Macaé, Volta Redonda e Nilópolis se apresentam com a
melhor situação com menos de 8 indigentes em cada cem habitantes. Dentre os
municípios maiores, ltaboraí é o mais pobre com 29.66% de indigentes, nível
comparável ao observado em termos nacionais. O leitor é convidado a fazer inferências
semelhantes para outros municípios do estado.
Em termos temporais, a redução da indigência entre 1996 e 1999 é em quase
todas seis mesorregiões fluminenses superior àquele observado no universo nacional
(-1.54% a.a.). A exceção é a área das baixada que apresentou uma taxa de incremento
convergência de renda, onde o desempenho das áreas mais pobres foi superior ao das
demais.
4) A Evolução Recente da Miséria
O monitoramento de pobreza com base na Pesquisa Mensal de Emprego (PME)
do IBGE é fundamental em todos os momentos pela agilidade da pesquisa mais crucial
em momentos que a PNAD-IBGE não foi a campo, como 1994 e 2000. Dado
formidável esforço empreendido no Censo, os novos números da miséria nacional só
serão conhecidos com defasagem, meados de 2002. Até lá os dados ficarão estacionados
na última PNAD, outubro de 1999. A defasagem média da aferição da pobreza pela
PME é de dois meses e meio, a da PNAD é de 10 meses para o dado sair, adicionado de
mais seis meses pelo fato dela ir a campo uma vez por ano I. No caso do Censo estas
demoras correspondem a dois anos e meio e cinco anos, respectivamente. Esta estrutura
de defasagens observada na difusão de informação tornam a PME um indicador
antecedente2 precisão da PNAD, enquanto ambas pesquisas desempenham o mesmo
papel em relação ao Censo.
A série de pobreza calculada a partir da PME evidencia que após a queda da
proporção de pobres de cerca de um terço (33.4%) para um quarto (25.1 %) entre 1994 e
1996, a média anual do indicador volta com as sucessivas crises a um valor
intermediário em 1999 (29%). Cabe ressaltar que a PME é um indicador antecedente
apenas imperfeito da PNAD pois cobre apenas a renda do trabalho nas seis principais
regiões metropolitanas. No período 96-99, esta cai a uma média de 4.5% a.a. contra o
ganho de outras fontes de renda de outras localidades de 6.23% a.a .. Ou seja, a PME
cobre justamente o trabalho metropolitano, que constituiu o epicentro dos efeitos sociais
da série de crises externas (Asiática, 1997; Russa, 1998; e a desvalorização do real,
1999.) que atingiram a economia brasileira.
A informação mais relevante divulgada pela PME se refere ao período posterior
a ultima PNAD disponível, onde não existem outras fontes disponíveis. A retomada do
crescimento observada recentemente gera a primeira queda da pobreza depois de finda a
lua de mel com o real: 27.9% em 2000 contra 29% em 1999, uma queda de 3.8%.
Este ano esta demora será mais longa pela ausência de PNAD 2000 em função do Censo ..
2
As seis regiões metropolitanas aonde a PME é aplicada representam cerca de 30% da nossa população e são bastante
diferentes do resto do país, com rendas 42.5% superiores. Outra limitação dessas pesquisas é que elas cobrem apenas a renda
oriW1da do trabalho ignorando outras fontes de renda que representam 26.9% do total de renda auferida corno aluguéis. juros e
diYidendos e principalmcnte aqucla. iDfJ.w:nciada por políticas públicas (beneficios previdenciários. seguuHiesernpn:go e outras
Mapa do Fim da Fome - CPS/FGV
Proporção Miseráveis
0.36 0.34 0.32 0.3 0.28 0.26 0.24 0.22
Jan AtJ Ma Out Mai De Jul- Fe Set Abr No Jun Jan Ag Ma Out Mai De
-91 0- r~ -92 -93 z- 94 v- ·95 -96 v- -97 -98 0- r- -99 -00
z-91 92 93 95 96 98 99 00
Fonte: Microdados PME - IBGE; Elaboração:
Apresentamos também a evolução recente da miséria em cada uma das seis
regiões metropolitanas. As maiores quedas foram observadas em Salvador (9.6%) e
Porto Alegre (5.6%) superando a média aritimética simples das seis experiências
consideradas (5.1 %). Belo Horizonte e Recife apresentam desempenhos intermediários
enquanto São Paulo e Rio de Janeiro apresentam reduções de pobreza menores em
termos relativos. Os gráficos abaixo demonstram que este desempenho inferior do Rio
no período 1999-2000 deve-se a capital (aumento de 1.5% na pobreza) e não na
periferia metropolitana.
Evolução recente da Miséria baseada em renda
do trabalho - 6 Metrópoles
Variação
Metrópoles 1999 2000 2000/1999
Recife 0.51354 0.49239 -4.1%
Rio de Janeiro 0.29177 0.28622 -1.9% São Paulo 0.24712 0.23879 -3.4% Belo Horizonte 0.25998 0.24745 -4.8% Porto Alegre 0.19185 0.18115 -5.6% Salvador 0.44971 0.40891 -9.1% Média SimEles 0.32566 0.30915 -5.1%
Proporção de Miseráveis
Município do Rio de Janeiro
0.45 0.43 0.41 0.39 0.37 0.35 0.33 0.31 0.29 0.27 0.25
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Periferia do Estado do Rio de Janeiro
0.5
0.45
0.4
0.35
0.3
0.25
0.2
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5) Tendência de Longo Prazo da Pobreza a Nível Municipal
A presente seção descreve tendências de longo prazo da miséria brasileira.
Apresentamos o nível e a variação da pobreza de diversos estados e municípios auto
representativos tomando como base as informações contidas no Atlas do
Desenvolvimento Humano (ADH) do PNUD da ONU e geradas a partir dos Censos de
1970, 1980 e 1991.
Os mapas 4A e 4B apresentam a evolução da miséria a nível municipal nos anos
de Censo de 1970, 1980 e 1991 a nível do estado do Rio e do Brasil. As tabelas 4 no fim
do texto e no anexo explicitam os mesmos dados agregados a nível de unidades da
federação.
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Mapa do Fim da Fome - CPSIFGV
No mapa nacional4B é nítida a redução da pobreza ocorrida entre 1970 e 1980
quando muitos dos municípios com graus mais acentuados de pobreza os pontos mais
escuros (entre 80 a 100% da população vivendo com menos de meio salário mínimo real
de 1991) saem desta situação permanecendo apenas uma concentração forte no
nordeste, em particular nas áreas rurais. Como conseqüência deste processo, a
percentagem de municípios na faixa mais alta de miséria diminui sensivelmente. No
período subsequente correspondente a chamada década perdida de 1980 o processo é
revertido em parte. O mapa do estado do Rio evidencia a conhecida decadência
fluminense do período 1970-91, que inclui o Rio capital.
A tabela 4 apresenta o nível da pobreza para 1991, 1980 e 1970 de diversos
municípios auto representativos do estado em questão tomando como base as
informações. É importante ressaltar que a ordem de grandeza da linha de pobreza
utilizada nesses dados difere daqueles apresentados com base na PNAD anteriormente
(embora não muito), de forma que a taxa de variação da pobreza nos seguintes
intervalos observados entre os dados censitários: i) 1991 em relação a 1970. ii)1991 em
relação a 1980. e iii) 1980 em relação a 1970.
6) METAS SOCIAIS
Concepção
A política macroeconômica brasileira tem sido bem sucedida no controle da
inflação. Uma parte não desprezível desse sucesso deve-se a uma atitude pragmática
voltada para objetivos palpáveis. A adoção de metas inflacionarias desempenha hoje um
papel fundamental nesse processo. Em primeiro lugar, coordenando a formulação de
políticas públicas dentro do próprio estado. Em segundo lugar, sinalizando à sociedade
sobre as prioridades da ação governamental. Estes compromissos transmitem
tranqüilidade aos formadores de preços do lado real da economia e aos mercados
financeiros. Os potenciais beneficios de um ambiente econômico bem informado não
devem ser subestimados. Entretanto, a maior consistência macroeconômica obtida tem
encontrado pouca ressonância entre os brasileiros. O cidadão comum. ao contrário dos
mercados, se sensibiliza menos com déficits financeiros do que com o resgate da dívida
social.
A sugestão é que os governos estabeleçam compromissos com a sociedade
ao debate travado cotidianamente pelos governos com a sociedade, explicitando
restrições orçamentárias e prioridades sociais. As maiores falhas observadas
recentemente no campo social são a falta de mecanismos de diálogo. Nesse processo o
embate social entre governo federal e seus críticos tem se centrado lado a lado nos
custos do desemprego vis a vis aos beneficios proporcionados pela baixa inflação.
Como se a questão social se restringisse aos problemas do mercado de trabalho ou à
estabilidade de preços. A resolução destes problemas, não garantem a conquista do
desenvolvimento humano sustentável. É preciso distinguir condições necessárias das
suficientes.
O debate social brasileiro algumas vezes circunscrito a uma análise elevador do
tipo "piorou ou melhorou" deveria incorporar a velocidade almejada de progresso
social. se comprometam com a trajetória futura de indicadores sociais. De forma a
nortear e fomentar o debate com a sociedade.
A idéia seria colocar a performance social no topo das prioridades nacionais
perseguidas. O diagnóstico é que os níveis de renda e de gastos sociais observados hoje
no Brasil permitem uma melhora sustentável das condições de vida da população. A
obtenção de uma distribuição mais equânime dos recursos depende, por sua vez, de uma
abordagem mais focada e agressiva sobre as carências sociais. O papel das metas sociais
é disciplinar, justificar e motivar a ação pública.
As metas sociais visam nortear a ação pública permitindo comparar diretamente
os impactos de programas sociais e de políticas macroeconômicas sobre o bem estar da
população. Busca-se, dessa forma, aumentar a progressividade e a durabilidade dos
beneficios da política social. O alongamento das ações voltadas para os pobres,
dissociadas de ciclos eleitorais, e a consecução de maior coordenação e racionalidade
social ao debate constituem, dois subprodutos do sistema proposto.
A avaliação da eficácia das nossas políticas sociais carece de parâmetros. Ao
conferir um peso maior às ações voltadas para os pobres, as metas sociais conciliam o
atendimento aos mais necessitados com economias do lado fiscal. O pobre genuíno é
barato. Caro é devotar aos segmentos altos da sociedade que se julgam médios, o grosso
dos recursos sociais disponíveis que, a princípio, deveriam se voltar para a classe baixa.
A correção desta distorção freqüentemente observada na aplicação de recursos públicos
Mapa do Fim da Fome - CPS!FGV
Compromissos Macroeconômicos e Sociais
Os governos se vêem constantemente diante do incentivo de produzir surpresas
inflacionarias, a fim de "comprar" uma redução transitória do desemprego. Entretanto,
os agentes privados, sejam empresas ou trabalhadores, passam a antecipar estes
movimentos no processo de fixação de preços e salários.
A justificativa para a adoção da meta inflacionaria é evitar que a população
reajuste preços e salários como antecipação a comportamentos oportunistas por parte
dos governos. Esta tentação é especialmente forte em anos eleitorais. Ao assumir o
compromisso com as metas inflacionarias, o governo produz o mesmo desemprego, mas
com menos inflação e incerteza. Nesse sentido, "regras (ou metas) são melhores que
discrição". Agora além de ter sido o recordista mundial de inflação no período 1960-95,
o Brasil se encontra hoj e próximo do lugar mais alto do ranking da concentração de
renda.
Que metas de pobreza fixar?
A mudança básica sugerida em relação ao debate macroeconômico
tradicionalmente travado seria usarmos índices de pobreza ao invés do PIB per c apita.
O PIB parte do pressuposto ético, ou julgamento implícito de valor, que "cada um vale
o que ganha". A escolha do índice de pobreza, por sua vez, envolve outros aspectos
éticos. Primeiramente, a fixação da linha de pobreza. Escolhemos a linha de indigência
que cobre apenas as necessidades básicas de forma a focar o processo nos mais
necessitados. Embora, como veremos, o nosso sistema de metas é a prova de linhas de
pobreza.
A abordagem mais simples e popular é a da contagem do número de pobres. No
caso do índice denominado po contamos a parcela da população cuj a renda familiar per
capita está abaixo da linha arbitrada. O pI é um outro indicador que revela quanta renda
adicional cada pobre deveria receber para satisfazer as suas necessidades básicas. pI
constitui um indicador mais interessante que po por diferenciar o muito pobre do pouco
pobre. A sua utilidade para o desenho de políticas sociais é direta, exatamente como
vimos anteriores, ele é capaz de informar os valores mínimos necessários para erradicar
a indigência, avaliados percentualmente em relação ao valor da linha.
Finalmente, o indicador conhecido como p2 eleva ao quadrado a insuficiência de
renda dos pobres, priorizando as ações públicas aos mais desprovidos. Se a meta fixada
segmento logo abaixo da linha de pobreza e não nos mais miseráveis. Além desse viés,
o foco das políticas seria bastante sensível à escolha sempre arbitrária da linha de
pobreza.
No caso do p2, independentemente da linha arbitrada, a prioridade é sempre
voltada aos de menor renda. A adoção do p2 corresponde a instituição de uma espécie
de ascensor social que partiria da renda zero. A meta de redução do p2 ao conferir
prioridade máxima às ações voltadas para os mais carentes é mais eficiente em termos
fiscais.
Em suma, as prioridades da política social estão mal definidas com a contagem
de pobres (po), sua implicação é "primeiro os menos pobres". Apesar da complexidade
associada a maior aversão a pobreza do p2, o seu corolário imediato "primeiro os mais
pobres" nos parece, ética e fiscalmente, mais adequado. O ataque à ignorância exige
inteligência. Os pobres merecem algo mais do que políticas pobres. Não basta contar
miseráveis, os mais miseráveis deveriam contar mais na formulação das metas sociais.
Sumário de Objetivos das Metas Sociais
Os tipos de imperfeição que as metas sociais procuram lidar são de ordens
diversas: i)ciclos eleitorais - alongar horizontes temporais e dissociar as ações públicas
do calendário eleitoral, problemas similares àqueles que as metas inflacionarias buscam
resolver. ii)coordenação - reduzir problemas de coordenação na confecção do
orçamento consolidado de ações da sociedade. Agora que o debate econômico brasileiro
começa assimilar a noção de restrição orçamentária, falta definir melhor prioridades de
alocação social. Evidências factuais e contrafactuais podem ajudar na escolha de
programas a serem aplicados, principalmente quando há uma função objetivo explícita
iii)focalização - As metas não visam apenas contar miseráveis mas fazer com que os
mais pobres contem mais. Essa abordagem progressiva é inclusive mais em conta do
ponto de vista fiscal. iv)baixa representatividade eleitoral dos miseráveis (relacionado
aos três items acima colocados)- Nas democracias o sistema é um adulto. um voto (e
não uma pessoa, um voto). Cerca de 45% dos indigentes brasileiros tem menos de 16
anos, ou seja, estão fora da idade eleitoral. A linha mais rápida de cumprimento das
metas de redução de miséria passa inevitavelmente por intensificar as ações voltadas aos
Mapa do Fim da Fome - CPSIFGV
7) Didatizando os Índices de pobreza
Esta seção apresenta uma visão simplificada a partir de exemplos práticos acerca
dos indicadores de pobreza (PO, Pl e P2) apresentados nos anexos e que estão por trás
dos cálculos apresentados até agora. O apêndice encontrado ao final do trabalho
apresenta um maior detalhamento da metodologia destes indicadores.
Imagine uma sociedade muito simples composta de cinco pessoas com os seguintes
níveis de renda per capita:
A-R$ 6000
B-R$ 600
C -R$ 160
D-R$ 142
E- R$ 12
Se utilizannos uma linha de pobreza de R$ 154 e a de R$ 76 reais de indigência, D e E
seriam pobres e apenas E seria indigente, o que acarretaria em proporções de pobres e
de indigentes (PO) de 40% e 20% respectivamente. O Hiato médio (Pl) em relação a
linha de pobreza é calculado somando quanto falta para cada indivíduo atingir a linha de
pobreza:
A-R$O
B-R$O
C-R$O
D-R$12
E -R$ 142
Hiato Total = 154
Perfazendo um hiato total de renda R$154 reais, este é o menor custo financeiro
para erradicação da pobreza alcançável nesta nossa sociedade fictícia , o que nos dá um
hiato médio de renda por habitante de R$ 30.8. O Pl corresponde.litera1mente a razão
entre o hiato médio e a linha de pobreza (30.8/154) 20% da linha de pobreza.
O hiato médio ou (Pl) constitui um indicador mais interessante que a proporção
de pobres (PO) por diferenciar o muito pobre do pouco pobre. No nosso exemplo os
indivíduos D e E entram com o mesmo peso no PO mas E vale quase 13 vezes mais que
A vantagem da proporção de pobres (PO) é obviamente a sua simplicidade. Por
outro lado, PI nos dá diretamente o custo do programa de combate a pobreza mais
eficiente que pode ser implementado. Vejamos: o necessário em média por pessoa para
se erradicar a pobreza seria R$ 30.8 (20% de R$ 154, a linha de pobreza) se
multiplicarmos pela população total chegamos ao custo agregado da erradicação da
pobreza coincidentemente nesse caso de R$ 154.
A utilidade do P1 para o desenho de políticas de combate a pobreza é óbvia pois
temos os valores que seriam gastos caso conseguíssemos identificar perfeitamente os
pobres e a sua respectiva insuficiência de renda (problema de focalização), que não
houvessem vazamentos de qualquer ordem (problemas de desperdício) e que o custo
administrativo destes programas fosse zero.
pl confere maior peso aos mais pobres mas o impacto de uma dada transferência
de renda (digamos x reais) sobre o índice independe do nível de renda daqueles que
recebem a transferência. No nosso exemplo, se o agente C ou o agente D recebe mais 10
reais o pl cairia da mesma forma para cerca de 23%. p2 resolve este problema
atribuindo mais peso para os muito pobres, ao elevar ao quadrado o hiato de pobreza
observado. No nosso exemplo inicial p2 corresponde a este último índice corresponde à
distância média ao quadrado dos pobres com respeito à linha de pobreza.
Em suma, à medida que caminhamos dos índices po ao p2, estamos aumentando
a ponderação dos indivíduos mais pobres nos cálculos, o que reflete uma mudança de
juízo de valor. No P2 o mais pobre dos pobres é o alvo prioritário das ações.
8) Cenários de Desigualdade, Crescimento e Miséria
A desigualdade está para o Brasil assim como a violência está para a Colômbia
ou a discriminação racial está para a África do Sul. A desigualdade de renda brasileira
está entre as três maiores do mundo. Tomemos a medida de desigualdade mais usual
entre os analistas: o índice de Gini que varia entre zero e um. Quanto maior o resultado,
mais desigual é a sociedade. Numa situação utópica aonde a renda de todos fossem
exatamente iguais, o índice de Gini seria zero. No extremo oposto, se um único
indivíduo concentrasse toda a renda da sociedade, ou seja, todos os demais teriam renda
zero, o índice de Gini seria um. Para entender a inaceitável extensão do 0.59
correspondente ao nosso Gini não precisa ser gênio: estamos mais próximos da perfeita
Mapa do Fim da Fome - CPSIFGV
Vejamos outras medidas de concentração. No Brasil os 10% mais ricos detém
quase 50% da renda nacional. Ao passo que os 50% mais pobres se apropriam de pouco
mais de 10% da renda nacional. Ou seja, a renda individual do grupo de elite é quase 25
vezes aquela observada no grupo mais pobre.
Se por um lado a alta desigualdade é a nossa principal chaga. Esta mesma
desigualdade abre espaço para implementação de um espectro mais amplo de ações
contra a miséria. Alta desigualdade significa que a pobreza pode ser reduzida através de
transferências de renda. Por exemplo, na Índia país muito pobre mas razoavelmente
igualitário (Gini de 0.29) não existe solução para a erradicação da miséria que não seja o
crescimento. No caso brasileiro políticas anti-desigualdade constituem um importante
aliado na redução da pobreza. Vejamos alguns cenários que serão úteis para avaliar que
metas de miséria traçar a nível nacional.
Usaremos como exemplo didático a proporção de indigentes, PO, embora o
indice P2 fosse o mais indicado conforme discutimos nas duas últimas seções. A
proporção de indigentes no Brasil (indivíduos que vivem com menos de 80 reais por
mês, quantia insuficiente para suprir as suas necessidades alimentares básicas) cairá dos
atuais 29.3% para 24.1 %, se a renda per capita nacional crescer 4% ao ano por cinco
anos consecutivos. Isso significa que quase nove milhões de brasileiros atravessarão a
linha da indigência nos próximos anos, se o país transformar a sua atual traj etória de
expansão num milagre econômico. Mas o verdadeiro milagre social aconteceria se todo
este crescimento viesse de mãos dadas com alguma redução da desigualdade.
Se a expansão econômica acumulada de 21.6% fosse combinada com uma queda
de 8.5% do Gini a indigência brasileira cairia quase à metade (46%). A proporção de
indigentes passaria para 15.79%. Ou seja: os 49675 milhões de pobres iniciais se
reduziriam para 26777 milhões. Vale assinalar que a queda mencionada apenas levaria a
desigualdade brasileira medida pelo índice de Gini de 0.59 para os níveis de 0.54
encontrados no estado de São Paulo.
Na verdade, a pobreza poderia ainda recuar substantivamente mesmo se o país
deixasse de crescer nos próximos cinco anos. A redução do Gini de 8.5% sozinha
diminuiria a proporção de indigentes em 8.3 pontos de percentagem contra 5.1 pontos
daquela obtida no cenário de crescimento puro mencionado antes.
A causa fundamental da miséria brasileira é a má distribuição de renda e aí
adoção de metas sociais ajudaria a priorização e a coordenação no combate à nossa
miséria.
Indigência
Renda Per MédiaPO
(%)
Var
(%)
PI Var
(%) (%)
P2
(%)
Brasil 99 261.54 29.30 13.11 8.06
Var (%)
---_._ ..
_._---_._._---.---Efeito crescimento* 318.21 24.08 -17.81 11.02 -15.96 6.97 -13.52
Efeito Desigualdade** 261.54 21.01 -28.29 8.75 -33.25 5.45 -32.31
Ambos Efeitos 318.21 15.79 -46.09 6.66 -49.21 4.36 -45.84
Fonte: PNAD99-IBGE Elaboração: CPS-FGV
* crescimento per capita de 4% aa (por 5 anos)
**Troca da desigualdade do Brasil pela Desigualdade de São Paulo (Gini cai de 0.59 para 0.54)
9) Conclusões
Segundo Milton Santos: "O homem não vê o universo a partir do universo, o
homem vê o universo desde um lugar". E não era apenas de geografia que o célebre
. pensador parecia se referir. Cada um deve poder enxergar as facetas do seu mundo, sem
cortinas ou véus. A democratização do acesso à informação promovida pelo IBGE
permite aos diversos segmentos da nossa sociedade, olhar o país desde uma perspectiva
própria. Nas palavras do seu presidente, Sérgio Besserman, o IBGE não emite opinião
sobre políticas públicas mas informa realidades. A ampliação do acervo difundido pela
instituição cresce a olhos vistos. O site www.ibge.gov.br é como a escotilha de uma
nave sobrevoando "Brasis".
A revolução informacional ibgeana não se restringe à divulgação de publicações
e estatísticas prontas. A disponibilização de microdados originados de pesquisas de
campo possibilitam a produção independente de indicadores sociais. As siglas PNAD,
PME, POF, PPV escondem segredos inusitados, mesmo àqueles que vivem debruçados
sobre estes números. É verdade, que o nível de precisão das estimativas locais advindas
dessas pesquisas, não se aproximam daqueles oferecidos pelo Censo. É como comparar
a nitidez da TV convencional com a da TV digital, ou a do aparelho videocassete com a
do DVD. Entretanto, enquanto as tabulações e os microdados do Censo 2000 não
chegam ...
Objetivo
A presente iniciativa VIsa informar à sociedade o custo de erradicação da
Mapa do Fim da Fome - CPS/FGV
paulista a 24.66 (57.95) reais mês por habitante (não indigente) piauiense. Este dado é
útil para traçar o alvo das políticas e para organizar as fontes de financiamento da
empreitada. A altíssima desigualdade brasileira, nossa principal chaga, implica numa
dualidade: muita miséria convivendo, lado a lado, com recursos mais que suficientes
para elimina-la. O cidadão comum ao perceber o baixo custo da empreitada pode se
motivar a tomar ações solidárias. Saber, quantos e como uma determinada doação em
espécie, ou em trabalho voluntário, pode ajudar a angariar entusiasmo pela causa da
erradicação da miséria A nossa experiência recente com metas de consumo de energia
elétrica é elucidadora da importância do indivíduo dispor de objetivos palpáveis.
Nesse aspecto, e mais importante, sugerimos a fixação de metas agregadas de
redução de miséria. A idéia é que governos, em geral, e sociedade se comprometam
com a trajetória futura de indicadores sociais. Exatamente como o Banco Central faz no
caso das metas inflacionarias. Agora por que a sociedade não alocar diretamente essa
tecnologia a objetivos não menos nobres, como o fim da miséria nacional? O estudo
apresentou o conceito de metas sociais, discutindo as principais vantagens da sua
implementação. A adoção de metas explícitas de redução da miséria constitui a
principal prescrição de política do estudo.
Principais Resultados - Brasil:
Abordamos o que talvez seja a pior forma de destituição: a insuficiência de renda
para se comprar uma cesta de alimentos que cubra minimamente necessidades calóricas
básicas. 50 milhões de brasileiros ou 29.3% da nossa população tem renda mensal
inferior a 80 reais per capita. O menor custo possível para a erradicação da miséria
corresponde a 1.78 bilhões mensais ou 4.01% da renda familiar. Ou seja, está
perfeitamente dentro do orçamento social dos três níveis de governo 20.9% do Pffi,
desde que não haja desfocalização, custos administrativos e desperdícios
desproporcionais. A obtenção destas condições exige disciplina e motivação por parte
de governos e da sociedade, justamente nesse ponto entram as metas sociais.
O estudo apresenta estes e outros cálculos para cidades brasileiras com mais de
100 mil habitantes. Por exemplo, o morador de São Gonçalo no Rio ou do Sul
Fluminense, pode se informar como as fases da lua de mel com o plano Real, ou das
crises externas impactaram a sua vizinhança. Ou como evoluiu a miséria lá, durante o
o
estudo apresentou ainda indicadores antecedentes da evolução da indigência para as principais metrópoles brasileiras quais Apresentamos agora a evolução recenteda miséria em cada uma das seis regiões metropolitanas. Neste aspecto as maiores
quedas de pobreza entre 1999 e 2000 associadas ao processo de retomada da economia
foram observadas em Salvador (9.6%) e Porto Alegre (5.6%) superando a média
aritmética simples das seis experiências consideradas (5.1 %). Belo Horizonte e Recife
apresentam desempenhos intermediários enquanto São Paulo e Rio de Janeiro
apresentam reduções de pobreza menores em termos relativos. Além de ter traçado uma
perspectiva das tendências de longo prazo da miséria brasileira baseada em informações
dos Censos de 70,80 e 91.
Como analisar outros Estados
O trabalho âncora aqui apresentado utilizou como referência adicional ao nível
nacional, o Estado do Rio de Janeiro, onde as análises foram abertas a nível de
mesorregiões e dos principais municípios.
°
leitor está convidado a replicar as mesmasanálises para os estados do BA, CE, GO, MG, P A, PE, PR, RS e SP com base nas
tabelas do anexo 2. Ou a entrar no site www.fgy.br\cps e buscar um acervo mais amplo
de informações sobre estes estados como:
i) Extensão indigência e do custo da sua erradicação a nível do estado, das suas
mesorregiões e das diferentes cidades médias, grandes e municípios das
metrópoles em três pontos da década de 90.
ii) Evolução recente da miséria metropolitana até o final de 2000.
iii) Evolução de longo prazo da miséria a nível de estados e municípios desde
1970.
iv) Anexos contendo informações complementares àquelas citadas acima.
Principais Resultados - Estado do Rio de Janeiro:
Em termos metodológicos, a nossa inovação básica inicial foi proc.essar
conjuntamente diversas PNADs-ffiGE consecutivas a fim de aumentar a densidade
amostraI das estimativas. Buscamos dessa forma atualizar as estimativas censitárias
datadas de 1991. Dos municípios com mais de 100 mil habitantes Macaé, Volta
Redonda e Nilópolis se apresentam com a melhor situação com menos de 8 indigentes
em cada cem habitantes. Dentre os municípios maiores, ltaboraí é o mais pobre com
Mapa do Fim da Fome - CPSIFGV
o
município da capital está entre aqueles com menor proporção de indigentes noestado. Este percentual equivale a 629 mil pessoas - mais que a população inteira de
Niterói, onde a taxa de indigência é de 10.9% e a renda é a mais alta do estado: 644
reais por pessoa. O custo mínimo da erradicação da pobreza na cidade maravilhosa seria
4.12 reais mês por carioca, o que corresponde a cerca de 289 milhões de reais por ano
ou cerca de 0.8% da renda local, segundo a Pnad-IBGE.
Este exercício não deve ser lido corno uma defesa de políticas compensatórias mas
como uma referencia ao custo de oportunidade social da adoção de políticas desfocadas.
O exercício demonstra os parcos recursos requeridos para se decretar o fim da fome
fluminense. Para voltarmos a tocar Titãs: "não queremos só comida!".
Bibliografia:
IPEA (março de 1993 ) . O Mapa da Fome: Subsídios à Formulação de um Política de
Segurança Alimentar, Peliano ,Anna Maria T. M, coord., Documento de Política
no. 14, IPEA- RJ .
Ferreira F., Lanjouw, P. e Neri, M. "A New Poverty Profile for Brazil Using PPV,
PNAD and Census Data", mimeo www.fgv.br/cps, 2000.
Foster, J., Greer, J., Thorbecke, E. "A Class of Decomposable Poverty Measures",
Econometrica, V.52, 1984
Neri, M., Pinto, A. et all "Los Activos, los Mercados y la Pobreza en Brasil", no EI
Trimestre Económico, V. LXVI (3), N° 263, pp. 419-458, México, Julho-Setembro de
1999.
--- "A Evolução da Pobreza e da Desigualdade Brasileiras ao Longo da
Década de 90", em Revista Economia Aplicada, Ano 3, Volume 3, pp.384-406,
Julho-Setembro, 1999.
PNUD, Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 1998
Apêndice:
Aspectos metodológicos sobre Indicadores de Pobreza
Apresentamos agora uma breve digressão acerca dos indicadores de pobreza
utilizados ao longo deste estudo. Em primeiro lugar, as medidas de pobreza aqui
calculadas se baseiam no conceito de renda domiciliar per capita, o que nos permite
captar o processo de redistribuição de renda intradomicílios das rendas auferidas
individualmente por seus membros do trabalho, de aposentadorias, de alugueis, de juros,
de seguro-desemprego etc . Outra vantagem deste conceito é incorporar os efeitos de
dois elementos centrais do debate sobre o mercado de trabalho brasileiro: o desemprego
e o trabalho precário.
Uma forma simples de sintetizar os níveis e de desigualdade de renda num único
indicador com vistas ao monitoramento da população alvo de programas sociais é a
contagem do número de indivíduos pobres. Isto é, a avaliação da proporção da
população cuj a a renda familiar seria insuficiente para adquirir uma cesta de bens de
consumo capaz de satisfazer as necessidades básicas individuais.
De maneira mais geral, trabalhamos com índices de pobreza absoluta. O cálculo
desses índices pode ser dividido em três estágios: em primeiro lugar, se fixa um valor
monetário correspondente à linha de pobreza. Esta é determinada a partir da ligação
entre necessidades mínimas de consumo fixadas exogenamente com os hábitos de
consumo da população local evidenciados a partir de pesquisas de orçamentos
familiares. Em segundo lugar, a população é dividida em indivíduos pobres e
não-pobres dependendo de se a renda familiar per capita de cada indivíduo for inferior ou
não à linha de pobreza fixada. Nesse sentido, medidas de pobreza podem ser vistas
como medidas de bem-estar social truncadas, nas quais só os indivíduos abaixo da linha
de pobreza são levados em consideração. E, como último passo, se agrega a distância
dos pobres em relação à linha de pobreza, de forma a se dar mais ou menos peso aos
indivíduos relativamente mais pobres da população.
Os índices de pobreza absoluta guardam, dessa forma, dois aspectos normativos:
o valor da linha de pobreza e o critério de agregação dos pobres. No que tange ao
segundo aspecto, a nossa opção aqui será trabalhar com três Índices de pobreza
pertencentes à classe proposta por Foster, Greer e Thorbecke (1984): o índice de
proporção dos pobres (PO), o hiato médio de pobreza (P1); e o hiato quadrático de
Mapa do Fim da Fome - CPSIFGV
No índice PO referente à proporção dos pobres, todos os indivíduos situados
abaixo da linha de pobreza entram com pesos idênticos. pI é um aperfeiçoamento de po
desde que este consegue distinguir o indivíduo muito pobre do não tão pobre. O fato é
que p 1 é conhecido como o hiato de pobreza, que corresponde ao valor médio da
distância dos pobres em relação à linha de pobreza,. O inconveniente de pI é que este
não considera os efeitos na mudança da distribuição entre os pobres, se o valor esperado
da renda deste grupo não é afetado. p2 resolve este problema atribuindo mais peso para
os muito pobres na medida de pobreza agregada calculada. Este último índice
corresponde à distância média ao quadrado dos pobres com respeito à linha de pobreza.
À medida que caminhamos dos índices po ao p2, estamos aumentando a
ponderação dos indivíduos mais pobres nos cálculos, o que reflete uma mudança de
juízo de valor. No índice po referente à proporção dos pobres, todos os indivíduos
situados abaixo da linha de pobreza entram com pesos idênticos. No caso de pI e p2, os
indivíduos são ponderados de forma proporcional, respectivamente, à distância e ao
quadrado da distância, de suas rendas per capita em relação à linha de pobreza. O
outro aspecto normativo que tem sido objeto de debate recente é o da fixação da linha
de pobreza e do seu corolário imediato: a determinação do número de indivíduos
pobres. Entretanto, apesar dos aspectos técnicos envolvidos, a fixação da linha de
pobreza sempre tem um caráter arbitrário. A opção aqui adotada foi focar a análise na
indigência e trabalhar com linha de pobreza, propriamente dita, afim de testar a
robustez das conclusões tiradas a partir de cada um dos três índices de pobreza citados
no parágrafo anterior. A linha de indigência cobre apenas as despesas de consumo de
alimentação dos domicílios corresponde a cerca de 80 reais per capita para a região
metropolitana de São Paulo a preços de hoje. A linha de indigência toma como base o
consumo calórico mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e
calcula o custo monetário desta cesta de alimentos tal como calculado em um artigo em
parceria com Francisco Ferreira hoje na PUe-Rio e Peter Lanjouw hoje no BID. Uma
parte importante deste calculo se refere aos índices regionais de custo de vi~ utilizados
f;j;J1.1i.êt~l': iftaiçes~~e2lºilli~;~~'e~Viaà,~ijj)j:
..
~;;;n~~ ;1:;!f~.'·'!~i"JJ;'··L;~ts:~, d~l:l~;:~''l;·;:i·~1:!~iC;~~Região Base: RM de São Paulo
RM Fortaleza 0.986109
RMRecife 0.932428
RM Salvador 0.847505
Nordeste Urbano 0.96894
Nordeste Rural 1.048351
RM Belo Horizonte 1.042928
RM Rio de Janeiro 0.997842
RM São Paulo 1
Sudeste Urbano 1.105314
Sudeste Rural 1.123974
Em termos absolutos, a linha de pobreza corresponde a pouco mais de duas
vezes o valor da linha de indigência para cada região, correspondendo a cerca de 154
reais per capita para a região metropolitana de São Paulo a preços de 1999. A linha de
pobreza por sua vez leva em conta também calculo de outras despesas não alimentares
como transporte, habitação, serviços públicos etc. Em geral, a partir de necessidades
calóricas mínimas constantes da linha de indigência multiplicada por uma relação
estimada entre despesas de alimentação e outras despesas denominada coeficiente de
Tabela la
o
CUSTO POR ESTADOMAPA DO FIM DA FOME
ESTADOS População
2000
Mapa do Fim da Fome - CPS/FGV
Brasil-1996 a 1999
Renda Domiciliar Proporção População Transferencias Mínimas para erradicar a miséria Per Capita Indigentes Indigente R$ pessoa R$ total mês % renda R$ total ano
Mensal PO%
jir-;.;i(··· ·i69~544,44j··· 272:29-···-29.2(;"··· 49,(jÕÕ,4ii)···· iõ:6"6"··· i,8Õ7~43-7~2i8.7i)···· 3.92-··· -2-1~689,i46,745:48-·
Acre 557,337 263.01 31.28 174,307 11.62 6,475,364.20 4.42 77,704,370.41
Alagoas 2,817,903 142.05 55.43 1,561,907 20.56 57,936,085.68 14.47 695,233,028.16
Amazonas 2,840,889 183.23 38.79 1,101,952 13.61 38,667,908.36 7.43 464,014,900.28
Amapá 475,843 189.56 36.56 173,973 13.36 6,354,978.43 7.05 76,259,741.20
Ilahiij 13,066,764 130.99 54.80 7,160,456 21.28 277,998,017.45 16.24 3,335,976,209.43
Cear4 7,417,402 135.57 55.73 4,133,792 22.08 163,758,434.40 16.28 1,965,101,212.74
Distrito Federal 2,043,169 483.19 16.21 331,279 5.40 11,029,843.53 1.12 132,358,122.36
Espírito Santo 3,093,171 813,690 8.76 27,106,076.11 3.35 325,272,913.29
Goiás 4,994,897 1,271,451 7.77 38,808,351.73 3.21 465,700,220.77
Maranhão 5,638,381 3,592,494 25.46 143,580,244.49 23.26 1,722,962,933.87
Minas Gerais 17,835,488 4,778,127 8.92 159,049,747.79 3.59 1,908,596,973.47
Mato Grosso do Sul 2,075,275 461,894 7.03 14,586,692.92 2.64 175,040,315.04
Mato GrosslI 2,498,150 253.23 25.89 646,696 8.12 20,294,970.60 3.21 243,539,647.20
Pará 6,188,685 167.18 41.75 2,583,528 13.59 84, I I 1,655.57 8.13 1,009,339,866.86
Paraiba 3,436,718 164.65 50.22 1,725,920 18.95 65,124,431.41 11.51 781,493,176.95
Pernambuco 7,910,992 145.31 50.95 4,030,730 19.45 153,897,273.97 13.39 1,846,767,287.65
Piau! 2,840,969 109.82 61.75 1,754,327 25.90 73,572,006.00 23.58 882,864,071.99
Paraná 9,558,126 294.38 20.88 1,996,023 6.85 65,507,572.35 2.33 786,090,868.24
Rio de Janeiro 14,367,225 365.89 14.68 2,108,678 4.74 68,077,658.94 1.30 816,931,907.28
Rio Grande do Norte 2,770,730 160.46 46.93 1,300,193 16.52 45,774,676.18 10.30 549,296,114.21
Ron(\ônia 1,377,792 262.55 22.35 307,937 7.29 10,047,961.50 2.78 120,575,537.97
Roraima 324,152 254.16 20.16 65,339 6.84 2,217,718.32 2.69 26,612,619.88
Rio Gran(\e do Sul 10,179,801 339.41 16.76 1,706,135 5.53 56,306,515.29 1.63 675,678,183.49
Santa Catarina 5,333,284 328.23 14.40 767,726 4.67 24,887,236.46 1.42 298,646,837.49
Sergipe 1,779,522 159.18 50.14 892,270 19.34 34,418,802.72 12.15 413,025,632.58
São paulo 36,966,527 407.45 10.41 3,848,955 3.75 138,787,128.97 0.92 1,665,445,547.63
Tocantins 1,155,251 141.64 51.27 592,274 19.90 22,991,343.30 14.05 275,896,119.62
F~rrt;I-CpSit-GV~ap;rtir-d~;Mi;od~~s"PNÂD~mGE"""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""""" ... -_ .. .
Tabela Ib
o
CUSTO MÍNIMO POR ESTADOMAPA DO FIM DA FOME
Brasil- 1996 a 1999
ESTADOS Proporção Erro Padrão _--..:T:..:r.::a.::n:!.:st;.::e~re:::;n:.::c.::ia!:!s~M=ín!!i!!m:::a::.s.1:p.::a~ra:...:::E::.;rr:..:a:.::d:::ic:::a!!r..!a!..;M~is:::é:!.r!!ia:..-_
Indigentes 95% R$ indigente R$ não indigente R$ pessoa
PO%
,---Brasil 29.26 0.15 36.44 15.07 10.66
Acre 31.28 2.86 37.15 16.91 11.62
Alagoas 55.43
Amazonas Amapá Bahia Ceará Distrito Federal Espírito Santo Goiás Maranhão Minas Gerais Mato Grosso do Sul Mato Grosso Pará Paraiba Pernambuco Piauí Paraná Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rondônia
Roraima Rio Grande do Sul
38.79 36.56 54.80 55.73 16.21 26.31 25.46 63.72 26.79 22.26 25.89 41.75 50.22 50.95 61.75 20.88 14.68 46.93 22.35 20.16 16.76
Santa Catarina 14.40
Sergipe 50.14
1.46 37.09 1.46 35.09 3.25 36.53 0.56 38.82 0.69 39.61 0.75 33.29 1.10 33.31 0.67 30.52 1.24 39.97 0.42 33.29 1.00 31.58 1.01 31.38 0.95 32.56 1.22 37.73 0.64 38.18 1.37 41.94 0.53 32.82 0.39 32.28 1.40 35.21 1.68 32.63 3.23 33.94 0.40 33.00 0.71 32.42 1.35 38.57
São Paulo 10.41 0.28 36.06
46.13 20.56 22.24 13.61 21.05 13.36 47.07 21.28 49.87 22.08 6.44 5.40 11.89 8.76 1Q.42 7.77 70.18 25.46 12.18 8.92 9.04 7.03 10.96 8.12 23.33 13.59 38.07 18.95 39.66 19.45 67.71 25.90 8.66 6.85 5.55 4.74 31.13 16.52 9.39 7.29 8.57 6.84 6.64 5.53 5.45 4.67 38.79 19.34 4.19 3.75
Tocantins 51.27 1.56 38.82 40.84 19.90
·f~ni;:-cP.;iGv ;~.;rt;r-d~;M;c;~;do~ PNÃD~rnGÊ- ---
Mapa do Fim da Fome - CPSIFGV
Tabela 2a
Indigência por Mesorregião - Rio de Janeiro
Linha de Indigência*
Prop. Indigentes PO (%)
MESORREGIÔES 1996-1997 1998-1999
BAIXADAS
CENTROFLUNITNENSE
METROPOLITANA DO RlO DE JANEIRO
NOROESTEFLUNITNENSE
25.49
8.31
13.48
33.81
NORTE FLUNITNENSE 26.48
26.40
7.38
12.96
20.06
23.93
Taxa de Variação
Anual (%)
1.77
-5.78
-1.93
-22.97
-4.93
SULFLUNITNENSE 16.89 15.19 -5.15
---.---_.-.---.--.-Fonte: CPS/FGVa partir dos Microdados PNAD-IBGE
* Linha de Pobreza para a Região Metropolitana de São Paulo ajustada pelo custo de vida regional
Tabela2b
o CUSTO POR MESORREGIÃO
MAPA DO FIM DA FOME
RIO DE JANEIRO - 1996 a 1999
MESORREGIÕES População Proporção População Transrereneias Mínimas para Erradicar a Miséria 2000 Indigentes Indigente R$ pessoa R$ total mês % renda R$ total ano
---~~~~---Total- Estado 14,367,225 14.68 2,108,678 4.74 68,077,658.94 1.3 816,931,907.28 BAIXADAS 462,239 25.95 119,970 8.12 3,751,901.52 4.1 45,022,818.18 CENTRO FLUMINENSE 452,019 7.85 35,470 1.74 785,066.60 0.5 9,420,799.19 METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO
NOROESTE FLUMINENSE NORTE FLUMINENSE
11,523,528 13.22 297,512 27.31 696,756 25.16
1,523,295 4.41 81,251 7.88 175,332 7.30
50,768,054.96 2,343,442.52 5,087,433.61 1.1 3.9 2.9 609,216,659.48 28,121,310.26 61,049,203.32
~~!-_~~'l~}~!õ~S_~ ___________________________ ~~51~ ~1 ____ ~6,~~ ______ ~~9: ~~~ ___ ~c87 _______ 4.!~~2.:~~2c~~ ____ 1_.~ _________ 3~c6l-~!?~~)~_ Fonte: CPSIFGV a partir dos Microdados PNAD-mGE
Tabela 2c
O CUSTO MÍNIMO POR MESORREGIÃO
MAPA DO FIM DA FOME
RIO DE JANEffiO - 1996 a 1999
MESORREGIÔES Proporção Erro Padrão _=-T~r:,:a:.::n.::;s~:.:;:er:..:e:.::n=ci:.::as::..M:.:;:;ín:.::i:.::m.::a:::,s,.t:p=ar:,:a:..:E:.::r~r=adi:.::·=ca::r-::a=..;M=is:.:;:én:..:';:a_
Indigentes 95% R$ indigente R$ não indigente R$ pessoa
PO%
Tot;j" ~ E-st;d~ ---14.68- ---Õ.39Õ ---3i~ii ---5-.55--- ---"4:74 ---.
BAIXADAS 19.05 0.334 3\.74 7.47 6.05
CENTRO FLUMINENSE 25.95 0.568 31.27 10_% 8.12
METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO NOROESTE FLUMINENSE NORTE FLUMINENSE 7.85 13.22 27.31 1.645 0.434 3.339 22.13 33.33 28.84 1.88 5.08 10.84 1.74 4.41 7.88
Tabela 3a
o CUSTO POR MUNICÍPIO
MAPA DO FIM DA FOME
RIO DE JANEIRO - 1996 a 1999
MUNICÍPIOS População Proporção População Transfereneias Mínimas para Erradicar a Miséria AUTO - REPRESENTATIVOS 2000 Indigentes Indigente R$ pessoa R$ total mês % renda R$ total ano
. _________________________________________________ _ X~~~ ___________________________________________________________ .
Total- Estado 14,367,225 14.68 2,108,678 4.74 68,077,658.94 1.3 816,931,907.28 Total- Municípios Anto-Representativos 11,675,484 13.47 1,572,626 4.47 52,168,547.04 1.2 626,022,564.50 Angra dos Reis 119,180 10.12 12,062 3.25 387,191.98 1.5 4,646,303.81 Barra Mansa 170,593 14.32 24,429 3.83 653,439.43 1.8 7,841,273.13 Cabo Frio 126,894 28.59 36,279 9.90 1,256,250.60 4.8 15,075,007.20 Campos dos Goytaeazes
Duque de Caxias ltaborai Macae Mage Nilopolis Niteroi Nova Friburgo Nova Iguaçu Petropolis Rio de Janeiro Sao Gonealo 406,279 770,858 187,038 131,550 205,699 153,572 458,465 173,321 915,364 286,348 5,850,544 889,828 28.88 13.38 29.66 6.52 23.48 7.94 10.95 8.16 18.08 10.27 10.76 14.61 Sao Joao de Meriti 449,562 13.09 Teresopolis 137,550 16.94
Y9!~.~e.d9I1~" ______________________________ ].~?c8?? ____ ?c0'! ___ _ Fonte: CPSlFGV a partir dos Microdados PNAD-mGE
Tabela 3b
O CUSTO MÍNIMO POR MUNICÍPIO MAPA DO FIM DA FOME
117,342 103,118 55,479 8,578 48,294 12,189 50,197 14,145 165,489 29,419 629,519 129,995 58,857 23,300 8.50 3.99 9.22 1.80 6.81 3.48 3.71 2.12 5.17 2.94 4.12 4.43 3.65 5.23 3,452,396.43 3,073,565.02 1,724,340.73 237,210.96 1,399,905.11 534,430.56 1,702,188.85 367,995.15 4,729,136.57 841,404.96 24,076,158.67 3,943,717.70 1,639,642.53 719,001.36 4.0 \.8 5.6 0.4 4.5 1.2 0.6 0.6 2.6 0.8 0.8 \.8 \.6 2.3 41,428,757.16 36,882,780.21 20,692,088.76 2,846,53 \.52 16,798,861.37 6,413,166.72 20,426,266.22 4,415,941.77 56,749,638.84 10,096,859.56 288,913,904.03 47,324,612.35 19,675,710.32 8,628,016.32
RIO DE JANEIRO - 1996 a 1999
;
MUNICIPIOS Proporção Erro Padrão Transferencias Mínimas (!ara Erradicar a Miséria
AUTO - REPRESENTATIVOS Indigentes 95% R$ indigente R$ não indigente R$ pessoa
PO%
---._---Total - Estado 14.68 0.39 32.28 5.55 4.74
Total- Municípios Auto-Representativos 13.47 0.41 33.17 5.16 4.47
Angra dos Reis 10.12 3.25 32.10 3.61 3.25
Barra Mansa 14.32 2.88 26.75 4.47 3.83
Cabo Frio 28.59 4.74 34.63 13.86 9.90
Campos dos Goytacazes 28.88 2.62 29.42 11.95 8.50
Duque de Caxias 13.38 1.82 29.81 4.60 3.99
ltaborai 29.66 4.60 31.08 13.11 9.22
Macae 6.52 2.38 27.65 1.93 1.80
Mage 23.48 3.66 28.99 8.89 6.81
Nilopolis 7.94 3.01 43.85 3.78 3.48
Niteroi 10.95 1.98 33.91 4.17 3.71
Nova Friburgo 8.16 2.31 26.02 2.31 2.12
Novalguaçu 18.08 1.40 28.58 6.31 5.17
Petropolis 10.27 2.16 28.60 3.27 2.94
Rio de Janeiro 10.76 0.54 38.25 4.61 4.12
Sao Goncalo 14.61 1.69 . 30.34 5.19 4.43
Sao Joao de Meriti 13.09 2.23 27.86 4.20 3.65
Teresopolis 16.94 3.45 30.86 6.29 5.23
Volta Redonda 7.07 1.83 42.11 3.20 2.98
---.---.----..
Mapa do Fim da Fome - CPSIFGV
Tabela 4
Mapa da Pobreza Municipal - Rio de Janeiro
Prop. Indigentes PO (%)
MUNICÍPIOS 1991 1980 1970
AUTO REPRESENTATIVOS
Brasil 45.46 39.47 67.90
Rio de Janeiro 31.46 18.72 26.34
Angra dos Reis 40.08 21.07 39.62
Barra do Piraí 35.97 25.54 10.18
Barra Mansa 35.66 20.23 21.49
Cabo Frio 40.98 22.19 41.25
Campos dos Goytacazes 52.35 38.13 30.80
Duque de Caxias 35.97 21.35 30.27
Itaboraí 48.96 42.32 38.96
Itaguaí 44.94 27.04 26.42
Itaperuna 48.65 43.05 68.28
Macaé 31.88 33.24 17.91
Magé 50.43 33.39 20.04
Mangaratiba 37.00 30.84 27.42
Maricá 39.84 36.05 27.58
Nilópolis 27.27 13.88 27.75
Niterói 18.20 11.53 11.32
Nova Friburgo 26.18 20.31 25.62
Nova Iguaçu 42.45 24.14 31.06
Paracambi 42.02 29.63 57.22
Petrópolis 28.37 17.87 16.26
Resende 36.23 21.12 13.74
Rio de Janeiro 21.16 10.04 23.65
São Gonçalo 31.20 18.26 32.74
São João de Meriti 34.32 16.79 35.32
Teresópolis 39.47 23.01 18
Três Rios 48.30 24.96 12.8
Volta Redonda 27.03 11.03 22.59