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Qualidade do sono em diabéticos do tipo 2.

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Academic year: 2017

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QUALI DADE DO SONO EM DI ABÉTI COS DO TI PO 2

Maria Carolina Belo da Cunha1 Maria Lúcia Zanet t i2 Vanderlei José Hass3

Dist úrbios do sono em diabét icos do t ipo 2 const it uem fat ores de risco para o agravam ent o do diabet es, pois podem int erferir no cont role m et abólico at ravés da síndrom e da resist ência à insulina. O est udo foi do t ipo observacional- t ransversal. A qualidade do sono foi invest igada em 50 diabét icos do t ipo 2, sendo aplicado o Í ndice de Qualidade do Sono de Pit t sburgh ( PSQI ) . A m aioria ( 52% ) apresent ou escores do PSQI que indicam qualidade do sono ruim . Aqueles com t em po de diagnóst ico superior a 10 anos e com hipert ensão possuíam pior qualidade do sono. Par a os out r os com v alor es de hem oglobina A1c > 7% , que usam m edicação par a dor m ir , e aqueles que apr esent ar am I MC nor m al a qualidade do sono m ost r ou- se pior . Os achados dest a invest igação reforçam a relevância da t em át ica, pois não exist em inst rum ent os específicos para a avaliação do sono do diabét ico do t ipo 2, dificult ando afirm ações acerca da qualidade do sono do diabét ico.

DESCRI TORES: t ranst ornos do sono; diabet es m ellit us t ipo 2; qualidade de vida

SLEEP QUALI TY I N TYPE 2 DI ABETI CS

Sleeping disorders in t ype 2 diabet ic pat ient s const it ut e risk fact ors for aggravat ing diabet es since t hey can affect t he m et abolic cont rol t hrough insulin resist ance syndrom e. This was an observat ional, cross- sect ional st udy. The m aj orit y ( 52% ) of subj ect s had scores indicat ing poor sleep qualit y. The Pit t sburgh Sleep Qualit y I ndex ( PSQI ) scor es show ed pat ient s w it h a t im e aft er diagnosis ov er 10 y ear s and hy per t ension had t he poor est sleep qualit y . For t hose w it h hem oglobin A1c > 7% t ak ing sleeping m edicines and t hose w ho had norm al body m ass index ( BMI ) , t he sleep qualit y was even poorer. The findings of t he present st udy reinforce t he relevance of t his t opic since t here are no specific t ools for sleep evaluat ion of t ype 2 diabet ics m aking it difficult t o m ake any assert ions on t he sleep qualit y of t hese pat ient s.

DESCRI PTORS: sleep disorders; diabet es m ellit us, t ype 2; qualit y of life

CALI DAD DEL SUEÑO EN DI ABÉTI COS TI PO 2

Los dist urbios del sueño en diabét icos del t ipo 2, const it uyen fact ores de riesgo para el agravam ient o de la diabet es, pues pueden int erferir en el cont rol m et abólico a t ravés del síndrom e de la resist encia a la insulina. El estudio fue del tipo observacional- transversal. La calidad del sueño fue investigada en 50 diabéticos del tipo 2, a quienes se aplicó el Í ndice de Calidad del Sueño de Pit t sbur gh ( PSQI ) . La m ay or ía ( 52% ) pr esent ó punt uaciones del PSQI , que indican calidad del sueño m ala. Aquellos con t iem po de diagnóst ico superior a 10 años y con hipertensión poseían peor calidad del sueño. Para aquellos con valores de Hem oglobina A1c > 7% , que usaban m edicam entos para dorm ir y los que presentaron I MC norm al, la calidad del sueño se m ostró peor. Lo encont r ado en est a invest igación r efuer za la r elevancia de la t em át ica, ya que no exist en inst r um ent os específicos para evaluar el sueño del diabét ico del t ipo 2, dificult ando afirm aciones sobre la calidad del sueño del diabét ico.

DESCRI PTORES: t ranst orno del sueño; diabet is m ellit us t ipo 2; calidad de vida

Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o, da Universidade de São Paulo, Cent ro Colaborador da OMS para o Desenvolvim ent o da Pesquisa em Enferm agem , Brasil:

1 Enferm eira, Mest re em Enferm agem Fundam ent al, e- m ail: carolindabelo@yahoo.com .br; 2 Enferm eira, Livre Docent e, Professor Associado, e- m ail:

(2)

I NTRODUÇÃO

D

en t r e as con dições cr ôn icas, o diabet es

m ellitus é considerado um problem a de saúde pública pela sua alta m orbim ortalidade, com perda im portante da qualidade de vida dos pacient es.

As proj eções no Brasil para 2030 são de que possam exist ir cerca de 11,3 m ilhões de diabét icos, o que representa um aum ento de m ais de 100% em

relação aos at uais 5 m ilhões de diabét icos( 1).

Den t r e as cau sas apon t adas n a lit er at u r a, co m o e x p l i ca çã o p a r a e sse a u m e n t o , e st ã o o e n v e l h e ci m e n t o d e m o g r á f i co d a p o p u l a çã o , a s t endências r elat iv as aos fat or es de r isco que est ão d i r e t a m e n t e r e l a ci o n a d o s a o s p r o ce sso s d e m odernização da sociedade e a m elhoria dos critérios

diagnóst icos( 2). Em r elação aos fat or es de r isco, os

m ais invest igados para o diabet es m ellit us, referem -se à al i m en t ação p o u co sau d áv el d u r an t e l o n g o per íodo de t em po, o t abagism o, o sedent ar ism o, a

obesidade e o consum o exagerado de álcool( 2).

Na at u alidade, os f at or es de r isco par a o diabet es m ellit us t ais com o obesidade, adiposidade v iscer al, idade av ançada t am bém est ão associados aos d ist ú r b ios r esp ir at ór ios d u r an t e o son o( 3 ). A

d e sco b e r t a d e n o v o s f a t o r e s q u e p o ssa m se r desencadeadores do diabetes m ellitus, a relação entre alteração do m etabolism o da glicose e dim inuição das h or as d e son o v em sen d o at u alm en t e, ob j et o d e inv est igação.

Durant e o sono, há um a série de alt erações d e f u n ções cog n it iv as e sist êm icas, t ais com o a redução do débit o cardíaco e da resist ência vascular periférica; com conseqüente queda da pressão arterial dev ido à dim inuição da at iv idade sim pát ica, hipo e

hipervent ilação, hipot erm ia e secreção horm onal( 4).

Dent r e os hor m ônios pr oduzidos dur ant e o so n o , d e st a ca - se a m e l a t o n i n a , se cr e t a d a p e l a g l â n d u l a p i n ea l , cu j a f u n çã o est á r el a ci o n a d a à r egulação do sono e por sua ação ant iox idant e. A lept in a, t am bém secr et ada du r an t e o son o, é u m hor m ônio que at ua com o m oder ador da saciedade, equilibrando a necessidade de ingest a e o gast o de ener gia( 4).

Nessa direção, na privação do sono, ocorre a su a h i p e r se cr e çã o , o q u e l e v a a u m a m a i o r n e ce ssi d a d e d e i n g e st ã o , p r i n ci p a l m e n t e d e carboidrat os, o que pode desencadear ou agravar a obesidade. Cabe dest acar que a obesidade predispõe a d o e n ça s cr ô n i co - d e g e n e r a t i v a s, t a i s co m o o diabet es m ellit us( 5).

Por out r o lado, sabe- se que a pr iv ação do sono, t am bém inibe a produção de insulina at ravés da elev ação dos nív eis de cor t isol, a longo pr azo, podem induzir ao estado pré- diabético ou até m esm o

ao diabet es m anifest o( 6).

Durant e o sono, em indivíduos norm ais, há um equilíbrio entre a secreção de insulina e a glicose, sem pr esença de hipoglicem ia e hiper glicem ia. Por out ro lado, nos diabét icos, est e equilíbrio apresent

a-se com prom et ido pela ocorrência de hipoglicem ias( 6).

Durant e a privação do sono, foi evidenciado a u m e n t o d o s n ív e i s d e g l i co se , d e co r r e n t e d a dim inuição do seu m et abolism o e níveis elevados de cort isol. Além de agravar o est ado diabét ico quando ocorre aum ent o dos níveis glicêm icos, a privação do sono pode aum ent ar o risco para o desenvolvim ent o do diabet es( 7).

D esse m o d o , a d i f i cu l d ad e em m an t er o padrão de sono para os diabéticos pode significar m ais do que cansaço no dia seguint e, pois elas int erferem n o co n t r o l e m e t a b ó l i co , n a p r o d u çã o d e glicocort icóides e da glicem ia, e no aparecim ent o da resist ência à insulina.

Os distúrbios intrínsecos do sono - apnéia do sono, insônia, m ovim ent os periódicos das pernas; e os ext rínsecos - rit m o circadiano, higiene do sono e consum o de subst âncias psicoat ivas, foram relat ados em est u d os com p acien t es d iab ét icos. Den t r e os dist úrbios do sono, a apnéia foi descrit a com m aior freqüência( 8- 9).

I ndiv íduos com apnéia for am inv est igados, v er ifican do en t r e eles, n ív eis elev ados de lept in a, a co m p a n h a d o s d e r e si st ê n ci a à su a a çã o . Est a si t u a çã o t e n d e a o a g r a v a m e n t o d a o b e si d a d e , predisposição ao surgim ent o de doenças, t al com o o diabet es( 5).

O efeito da leptina não se restringe apenas à m oder ação do apet it e, m as, t am bém à ação sobr e os quim ior r ecept or es que det ect am alt er ações nas concentrações de oxigênio e gás carbônico. A etiologia d e d i sf u n çõ e s v e n t i l a t ó r i a s e m d i a b é t i co s e st á t a m b é m , a sso ci a d a a a l t e r a çõ e s n o s p r ó p r i o s q u i m i o r r ecep t o r es r esp o n sáv ei s p el o m ecan i sm o cent ral da respiração.

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co m r e t i n o p a t i a , q u a n d o e x p o st o s a n ív e i s d e lum inosidade reduzidos no am bient e escuro, durant e o sono, t êm o suprim ent o de oxigênio inadequado.

Cabe- n os at en t ar par a a fr agm en t ação do son o cau sada pela n ict ú r ia e ain da qu e, o at o de lev ant ar - se v ár ias v ezes no per íodo not ur no, pode

ser reflexo do m au cont role da glicêm ico( 10).

Por out ro lado, cabe não considerar apenas o s n ív e i s g l i cê m i co s e l e v a d o s co m o p a r t e d a s alterações no padrão de sono do diabético do tipo 2. A h ipoglicem ia n ot u r n a ocor r e com fr eqü ên cia em 29% a 56% dos pacientes com diabetes do tipo 1 ou tipo 2 em uso de insulina, podendo ser im perceptível o u a co m p a n h a d a d e m a n i f e st a çõ e s q u e p o d e m com prom et er a qualidade do sono.

Outro distúrbio do sono intrínseco é a insônia psicofisiológica, definida com o a dificuldade de iniciar ou m anter o sono, e está entre os distúrbios do sono m ais freqüent es, relat ados pelos diabét icos.

A síndrom e das pernas inquietas, com o outro d ist ú r b io in t r ín seco d o son o, é car act er izad a p or se n sa çõ e s d e sco n f o r t á v e i s q u e o co r r e m , p r i n ci p a l m e n t e d u r a n t e o p e r ío d o d o so n o . O sur gim ent o da síndr om e das per nas inquiet as est á relacionado à idade avançada, urem ia, polineuropatia, ar t r it e r eum at óide, anem ia e alt er ação m et abólica,

inclusive diabet es m ellit us( 11).

Dent re os dist úr bios ext r ínsecos dest aca- se aq u eles r elacion ad os aos f at or es am b ien t ais, t ais com o, ruídos, prática de atividades com o ouvir m úsica, fazer um a leit ura, assist ir t elevisão, fazer t rabalhos m an u ais, en t r e ou t r os, assim com o a in g est a d e alim ent os e líquidos excessivam ent e no período que precede o sono, ret ardam o início do sono.

Os dist ú r bios in t r ín secos e ex t r ín secos do sono, de certa form a, alteram a qualidade de vida do d i a b é t i co e e x e r ce m u m i m p o r t a n t e p a p e l n a qualidade do sono.

Ao con sid er ar q u e os d iab ét icos p ossu em dist úrbios ext rínsecos e int rínsecos, relacionados ao sono e que este tem a tem sido pouco explorado pelos en f er m ei r o s, h á a n ecessi d a d e d a u t i l i za çã o d e inst rum ent os fidedignos e específicos que for neçam dados obj et ivos acerca da qualidade do sono. Est es inst rum ent os possibilit arão ao enferm eiro condições par a t r açar est r at égias efet iv as par a a qualificação da assist ência de enferm agem .

Co m b a se n a l i t e r a t u r a r e f e r e n t e à s alt erações durant e o período de sono e sua relação com o desequilíbr io m et abólico do diabét ico, faz- se

necessár io apr ofundar a inv est igação acer ca dest e t em a, a f im d e of er ecer b ases cien t íf icas p ar a o p l a n e j a m e n t o d e e n f e r m a g e m . Est u d o s d e st a n at u r eza f or n ecem f er r am en t as p ar a as con d u t as t erapêut icas que envolvam a prom oção do sono em diabéticos, visando à consolidação de um a assistência int egral ao pacient e diabét ico.

OBJETI VOS

An a l i sa r a q u a l i d a d e d o so n o e m u m a população de pacient es diabét icos em um Cent ro de Pesquisa e Ext ensão Universit ária em um a cidade do int erior paulist a.

MATERI AL E MÉTODOS

Tr a t a - se d e u m e st u d o o b se r v a ci o n a l

-transversal, realizado no período de 20 de m aio a 20

d e j u n h o d e 2 0 0 5 , em u m Cen t r o d e Pesq u isa e Ex t e n sã o Un i v e r si t á r i a d o I n t e r i o r Pa u l i st a . A população foi constituída por 54 pacientes diabéticos-ca d a st r a d o s n o Pr o g r a m a d e At e n d i m e n t o Sist em at izad o ao Pacien t e Diab ét ico, n o r ef er id o Cen t r o. Desses f or am ex clu íd os 4 p acien t es q u e a p r e se n t a r a m a v a l i a çã o co g n i t i v a p r e j u d i ca d a identificada através do Mini Exam e do Estado Mental. A am ostra foi constituída por 50 pacientes diabéticos. Para avaliar a qualidade do sono do paciente diabét ico, u t ilizou- se um quest ionár io den om inado Í ndice de Qualidade do Sono de Pit t sburgh- PSQI . O Í ndice de Qualidade de Sono de Pittsburg- PSQI é um inst r um ent o ut ilizado na m ensur ação da qualidade subj et iva do sono e a ocorrência de seus dist úrbios. Est e in st r u m en t o f oi d esen v olv id o e v alid ad o( 1 2 ),

a p r e se n t a n d o se n si b i l i d a d e d e 8 9 , 6 % e u m a especificidade de 86,5% . Ao ser t raduzido e validado para o port uguês, m ant eve sua alt a sensibilidade de 80% . No ent ant o, um a especificidade ligeir am ent e

m enor de 68,8%( 13).

(4)

sendo que as questões de um a quatro são abertas e as de cinco a dez sem i- abert as.

Est e i n st r u m en t o v em aco m p an h ad o d as in st r u ções par a pon t u ação par a cada u m de seu s com ponent es. A pont uação m áxim a do inst r um ent o é 21 pont os. Os escor es super ior es a cinco pont os indicam m á qualidade no padrão do sono. A pontuação g l o b a l é d e t e r m i n a d a p e l a so m a d o s se t e co m p o n e n t e s, ca d a co m p o n e n t e r e ce b e u m a pont uação est abelecida ent re zero e t rês pont os. Um rot eiro sem i- est rut urado foi ut ilizado para obt enção dos dados referent es às variáveis sócio- dem ográficas ( sex o, id ad e, est ad o civ il, escolar id ad e, an os d e est udo, ocupação e renda fam iliar) e clínicas ( t em po de diagnóst ico, diagnóst ico de hiper t ensão ar t er ial, n i ct ú r i a , m e d i ca m e n t o s u t i l i za d o s, h e m o g l o b i n a glicada, peso e alt ura) .

Os dados foram coletados no referido Centro, as terças e quartas- feiras, das 13: 00 às 17: 00 horas, m ediante entrevista, pelo próprio pesquisador em um a sala previam ent e preparada, garant indo confort o e a t r a n q ü i l i d a d e d o p a ci e n t e p a r a a e m i ssã o d a s r e sp o st a s, a p ó s a a ssi n a t u r a d o Te r m o d e Consent im ent o Livre e Esclarecido pelos suj eit os da pesquisa. Para a organização dos dados, criou- se um a base de dados no Pr ogr am a Ex cel, os quais for am t ransport ados post eriorm ent e para o Program a SPSS “ St at it ical Pack age for t he Social Science” ( v er são 13.0 for Windows) . Este software m odular possibilitou o processo analít ico dos dados. Ut ilizou- se núm eros a b so l u t o s, a p o r ce n t a g e m e d i st r i b u i çã o d e freqüências absolut as e m edianas, de acordo com a nor m alidade dos dados.

RESULTADOS

A m ai o r i a d o s p ar t i ci p an t es er a d o sex o fem inino ( 76% ) , casados ( 52% ) , renda m ensal de 3 salários m ínim os ( 52% ) , aposentados ou do lar ( 88% ) , m e d i a n a d e 4 a n o s d e e st u d o . Os su j e i t o s encont ravam - se na faixa et ária ent re 44 e 79 anos, com m ediana de 62 anos. 38% apr esent am t em po de diagnóstico de diabetes superior a dez anos, 70% sã o h i p e r t e n so s, 3 6 % a p r e se n t a r a m v a l o r e s d e Hem oglobina A1c m aior que 7% , 72% com nict úria, 85% com I MC equivalent e à obesidade e 22% usam m edicação para dor m ir.

A seg u ir, ap r esen t am os os escor es t ot ais obt idos m ediant e a aplicação do Í ndice de Qualidade do Sono PSQI, em pacientes diabéticos tipo 2 (Tabela 1).

Tabela 1 - Escores obt idos na aplicação do Í ndice de Qu a l i d a d e d o So n o ( PSQI ) , e m p a ci e n t e s co m diabetes tipo 2, . São Paulo, 2005

I Q S P o d l a b o l G o ã ç a u t n o

P N %

5 > I Q S

P 26 52%

5 < I Q S

P 24 48%

l a t o

T 50 100%

Na Tabela 1 v er ifica- se que 26 ( 52% ) dos diabét icos do t ipo 2 apresent aram escores do Í ndice de Qualidade do Sono ( PSQI ) infer ior es a 5, o que p er m it e con st at ar q u e, a m aior ia d os d iab ét icos inv est igados encont r av am - se alocados na cat egor ia b oa q u alid ad e d o son o. Par a 2 4 ( 4 8 % ) os d ad os o b t i d o s a p o n t a m p a r a m á q u a l i d a d e d o so n o . Ressalt a- se q u e os d ad os con t id os n os d ist in t os co m p o n e n t e s n ã o p o d e m se r a n a l i sa d o s isoladam ent e. É im port ant e dest acar que o conj unt o de dados obt idos r efer ent es à pont uação global do PSQI é que perm it e avaliar a qualidade do sono do diabético do tipo 2.

Qu a n t o à q u a l i d a d e d o so n o 3 0 % d o s diabéticos apresentam qualidade do sono prej udicada. Quant o à lat ência do sono, obt eve- se que 62% dos diabéticos do tipo 2 dem oraram m enos de 15 m inutos para dorm ir; 16% de 16 a 30 m inutos; 12% de 31 a 60 m inut os; e 10% m ais de 60 m inut os. No que se r efer e a dur ação do sono obt ev e- se que 3 8 % dos diabét icos do t ipo 2 r efer ir am dor m ir m ais de set e horas por noite, 22% dorm iram de seis a sete horas; 18% de cinco a seis horas, e 22% m enos de 5 horas

por noite. Quanto a eficiência habitual do sono

obteve-se que 6% apreobteve-sent aram eficiência do sono superior a 85% ; 22% de 75 a 84% ; 28% de 65 a 74% e 44% inferior a 65% .. Os distúrbios m ais freqüentes foram : nictúria, tosse ou ronco alto, dificuldade para respirar, calor, f r io e d or. Qu an t o ao u so d e m ed icam en t o obt ev e- se que a m aior ia não ut iliza m edicam ent os para dorm ir. No que ser refere a sonolência diurna e distúrbios durante o dia, tam bém a m aioria não referiu pr oblem as dessa nat ur eza.

(5)

Tabela 2 - Dist ribuição de pacient es com diabet es do t ipo 2 segundo o Í ndice de Qualidade do Sono e o t em po de diagnóst ico. São Paulo, 2005

o ã ç a u t n o P I Q S P o d l a b o l G o c i t s ó n g a i d e d o p m e T s o n a 0 1 < o c i t s ó n g a i d e d o p m e T s o n a 0 1 >

N % N %

5 > I Q S

P 12 42.9% 12 54.5%

5 < I Q S

P 16 57.1% 10 45.5%

l a t o

T 38 100% 22 100%

Em relação aos escores de PSQI e os valores

da hem oglobina A1c obteve- se que 33% dos diabéticos

do t ipo 2 com Hb A1c m aior que 7% , apresent aram

alterações da qualidade do sono, ou sej a m á qualidade do sono ( Tabela 3) .

Tabela 3 - Dist ribuição de pacient es com diabet es do t ip o 2 seg u n d o o Í n d ice d e Qu alid ad e d o Son o e hem oglobina glicada. São Paulo, 2005

l a b o l G o ã ç a u t n o P I Q S P o d a d a c i l g a n i b o l g o m e H % 7 > a d a c i l g a n i b o l g o m e H

≤≤≤≤≤7%

N % N %

5 > I Q S

P 6 33.3% 18 56.2%

5 < I Q S

P 12 66.7% 14 43.8%

l a t o

T 18 100% 32 100%

Cabe dest acar que ao analisar o I MC e os e sco r e s d o PSQI v e r i f i co u - se q u e 4 7 , 6 % d o s diabét icos obesos, est iv er am alocados na cat egor ia m á qualidade do sono. Observou- se t am bém que os p a ci e n t e s d i a b é t i co s co m t e m p o d e d i a g n ó st i co superior há 10 anos e com hipertensão possuíam pior qualidade do sono.

DI SCUSSÃO

A classificação da qualidade do sono, advinda d a s r e sp o st a s d o s d i a b é t i co s d o t i p o 2 , se f a z i m p o r t a n t e p r i n ci p a l m e n t e p o r q u e m u i t o s d e l e s podem acreditar que possuem um a qualidade do sono m uito boa e, no entanto, não a possuem . A qualidade do son o do diabét ico do t ipo 2 , n esse est u do, foi av aliada em con j u n t o às in for m ações de t odos os outros com ponentes. Sendo assim a opinião expressa por ele, em r elação à qualidade do seu sono nem sem pre será correspondent e a um escore global do PSQI que indique boa qualidade do sono.

Qu a n t o à l a t ê n ci a d o so n o , o u se j a , dificuldades em iniciar o sono ou aquelas relacionadas

à co n t i n u i d a d e d o so n o , e st ã o r e l a ci o n a d a s à s situações que os indivíduos enfrentam devido a estado de tensão e ansiedade no seu cotidiano. Em particular para os diabéticos do tipo 2, essas dificuldades podem com prom eter o seu controle m etabólico, pois é durante o ciclo de sono que os horm ônios que desem penham papéis vit ais no funcionam ent o do nosso organism o,

são produzidos( 4).

Qu a n t o à d u r a çã o d o so n o u m a d u l t o necessita de sete horas de sono, e esse núm ero tende a r eduzir com o pr ocesso de envelhecim ent o. Cabe ressaltar que o núm ero de horas que são necessárias par a pr opor cionar descanso v ar ia de um indiv íduo para out ro, m uit as vezes pode sent ir- se descansado

após um reduzido núm ero de horas de sono( 14). Ao

considerar que 60% dos diabét icos do t ipo 2, nesse est u do, são idosos, os dados en con t r ados podem refletir a necessidade de sono relacionada ao processo de envelhecim ento e à própria alteração da estrutura int rínseca do sono nest a fase do ciclo vit al.

No que se refere à eficiência habitual do sono 44% dos diabéticos do tipo 2 apresentaram eficiência h a b i t u a l d o so n o i n f e r i o r a 6 5 % . Est e d a d o é p r e o cu p a n t e , p o i s o so n o é u m a n e ce ssi d a d e f i si o l ó g i ca p r i m o r d i al p ar a u m a v i d a sau d áv el e possibilit a a rest auração física do organism o.

Além das alt erações horm onais que ocorrem quando o or ganism o é subm et ido a um padr ão de so n o i r r e g u l a r, p o d e m o co r r e r e m cu r t o p r a zo , ir r it abilidade, r edução da capacidade de planej ar e execut ar t arefas, alt erações do hum or e dificuldade de concent ração, e em longo prazo, envelhecim ent o precoce, doenças cardiovasculares e gast rint est inais,

obesidade e diabet es m ellit us( 6).

Ao considerar que 66% dos diabéticos do tipo 2 apresent aram problem as para dorm ir, relacionados a acordar durant e a noit e ou de m anhã m uit o cedo, infer e- se que nesses pacient es a eficiência habit ual do sono pode estar com prom etida. No entanto, outros est u dos pr ecisam ser r ealizados, par a est abelecer est a r elação.

A n i ct ú r i a e x e r ce u m i m p o r t a n t e p a p e l q u an d o d a m an if est ação clín ica d o m au con t r ole m et abólico. Essa sit uação lev a o diabét ico ao r isco de desidr at ação, dev ido à diu r ese osm ót ica. Além dessa com plicação, t am bém , episódios de n ict ú r ia p o d em o casi o n ar f r eq ü en t es d esp er t ar es, o q u e int erfere na qualidade, lat ência, duração e eficiência

(6)

A invest igação da presença de t osse, ronco alt o ou dificuldade para respirar, est á relacionada à m anifest ação da apnéia do sono. Durant e o episódio d e ap n éi a n o p er ío d o d e so n o , h á o b st r u ção d a passagem de ar na traquéia, com produção de vários son s qu e car act er izam os r on cos. Na m aior ia das vezes não é percebida pelo indivíduo que a apresenta, podendo ser detectada, claram ente pelo com panheiro de quart o( 16).

Por outro lado, sabe- se que durante a apnéia há hipóxia e consequent em ent e, poderá desenvolver in t oler ân cia à g licose, com com p r om et im en t o d e

funções m et abólicas( 17). Desse m odo, recom enda- se

que out r os est udos descr ev am det alhadam ent e os distúrbios do sono, a fim de estabelecer o diagnóstico de apnéia do sono par a o diabét ico do t ipo 2 que ap r esen t e p r ob lem as p ar a d or m ir r elacion ad os a e p i só d i o s d e t o sse , r o n co a l t o e d i f i cu l d a d e s r espir at ór ias.

Os m edicam ent os ut ilizados no t r at am ent o dos distúrbios do sono provocam distorções no padrão de sono, pois podem deprim ir ou reduzir a respost a do cór t ex cer ebr al aos est ím ulos e pr oduzir est ado de vigilância, ansiedade e depressão. A m aioria dos indutores do sono deprim e o sono REM, de m odo que

o indivíduo t enha um ciclo de sono alt erado( 15).

Tam bém é preciso considerar que durant e o tratam ento dos distúrbios do sono, esse nem sem pre é aco m p an h ad o p el o m éd i co , q u an t o ao t i p o d e m edicam ent o, dose e horário da adm inist ração. Por ou t r o lad o, q u an d o o t r at am en t o é in d icad o p elo m é d i co , p e r ce b e - se p o u ca a d e sã o p o r p a r t e d o p a ci e n t e à t e r a p ê u t i ca m e d i ca m e n t o sa . Essa s sit uações podem com prom et er a qualidade do sono, const it uindo- se um efeit o adverso.

A ut ilização de m edicam ent os para m elhorar o padrão de sono em diabét icos pode provocar m ais pr oblem as do qu e ben efícios. Nest a dir eção, cabe lem br ar que diabét icos idosos, ger alm ent e, t om am div er sos m edicam en t os par a con t r olar o diabet es, d islip id em ias, h ip er t en são ar t er ial, en t r e ou t r os, p o d e n d o o s e f e i t o s co m b i n a d o s d e v á r i o s m edicam ent os com pr om et er o seu padr ão de sono. Port ant o t odos os t ipos de m edicam ent os ut ilizados p el o s p a ci en t es d i a b ét i co s d ev em ser u t i l i za d o s

crit eriosam ent e e acom panhados pelo m édico( 18- 20).

Ca b e d e st a ca r q u e , a so n o l ê n ci a d i u r n a ex cessiv a é a q u eix a m ais com u m associad a aos

dist úrbios do sono. Est a sonolência diurna pode ser con f u n d id a com p r eg u iça, f alt a d e in t er esse n as

at ividades ou em briaguez( 15).

Po r o u t r o l a d o , em d i a b ét i co s, el a p o d e denotar problem as relacionados aos sinais e sintom as da descom pensação m et abólica, devido ao despert ar fr eqüent e not ur no pela nict úr ia; dor ; for m igam ent o nos m em bros inferiores, sudorese, palpit ação, ent re out r os.

No en t an t o, at u alm en t e, a car act er ização dos episódios de cochilo e at é m esm o a int er r upção n o so n o n o t u r n o , p a r e ce m co n st i t u i r o p a d r ã o acei t o co m o t íp i co d o ci cl o v i g íl i a/ so n o , m as h á ain da con t r ov ér sias. Est u do ex per im en t al m ost r ou q u e a p r i v a ç ã o d o s o n o p o d e d e s e n c a d e a r i n t o l e r â n ci a à g l i co se . D i st ú r b i o s d o so n o sã o r ef er id os com o r esu lt ad os d o ef eit o d elet ér io d o

diabet es m ellit us no m ecanism o cent r al de cont r ole

da r espir ação, por t ant o, m ost r ando que o diabet es

m ellit u s p od e ser cau sa ou ef eit o d os d ist ú r b ios d o s o n o( 3 ). Po r é m , n ã o p u d e m o s a f i r m a r q u e

v alor es d e h em og lob in a g licad a su p er ior es a 7 % com pr om et er am a qualidade do sono, um a v ez que a m aior ia ( 6 6 , 7 % ) d os d iab ét icos d o t ip o 2 q u e

apr esent ar am v alor es de H1Ac > 7 % encont r av am

-se alocados n a cat egor ia qu alidade do son o boa.

CONCLUSÃO

(7)

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