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Candida albicans isoladas da cavidade bucal de crianças com síndrome de Down: ocorrência e inibição do crescimento por Streptomyces sp.

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Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 3 8 ( 5 ) :3 8 3 -3 8 6 , set-out, 2 0 0 5

ARTIGO/ARTICLE

1 . Departamento de Mic robiologia do Instituto de Patologia Tropic al e Saúde Públic a da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO. 2 . Departamento de Odontologia da Fac uldade de Ciênc ias da Saúde da Universidade de B rasília, B rasília, DF. 3 . Cirurgiõ es-dentistas da Universidade Federal de Go iás, Go iânia, GO. 4 . Espec ialista em Farmác ia Hospitalar e Assistenc ial da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO. 5 . Doutorando em Patologia Molec ular da Universidade de B rasília, B rasília, DF. 6 . Mestranda em Medic ina Tropic al do Instituto de Patologia Tropic al e Saúde Públic a da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO. 7 . Farmac êutic os da Universidade Federal de Go iás, Go iânia, GO.

En de r e ço par a cor r e spon dê n ci a: Dr Jo sé Daniel G. Vieira. R. Delenda Resende de Melo s/n. Seto r Universitário 7 4 5 0 5 -2 2 0 Go iânia, GO. e-mail: j vieira@ iptsp.ufg.br, evandro 0 @ terra.c o m.br, wesleymf@ terra.c o m.br, c ardo so c g@ unb.br

Rec ebido para public aç ão em 2 3 /3 /2 0 0 4 Ac eito em 6 /6 /2 0 0 5

Can dida albican s

isoladas da cavidade bucal de crianças

com síndrome de Down: ocorrência e inibição do crescimento

por

Streptomyces

sp

Ca ndida a lbica ns

isolated from buccal cavity of children with Down’s syndrome:

occurrence and growth inhibition by

Strepto m yces

sp

José Daniel Gonçalves Vieira

1

, Evandro Leão Ribeiro

1

, Cerise de Castro Campos

2

,

Fabiana Cristina Pimenta

1

, Orlando Ayrton de Toledo

2

, Gustavo Morais Nagato

3

,

Niwmar Alves de Souza

3

, Wesley Magno Ferreira

4

, Cléver Gomes Cardoso

5

,

Sueli Meira da Silva Dias

6

, César Aparício de Araújo Júnior

7

, Daniel Teles Zatta

7

e Juliana de Sousa dos Santos

7

RESUMO

Co m p a ra ç ã o e n tre a p re se n ç a d e le ve d u ra s d e Candida n a c a vi d a d e b u c a l d e c ri a n ç a s se m e c o m sí n d ro m e d e Do wn m o stro u - se e sta ti sti c a m e n te si gn i f i c a n te n o c a so d e c ri a n ç a s a f e ta d a s p o r e sta c ro m o sso m o p a ti a , to rn a n d o - a s m a i s pre di spo sta s à c a n di dí a se b u c a l, pro va ve lm e n te f a vo re c i da pe la s a lte ra ç õ e s a n á to m o - f i si o ló gi c a s da b o c a e m de c o rrê n c i a d a tri sso m i a d o c ro m o sso m o 2 1 . Re c i d i va s c o n sta n te s d e c a n d i d í a se b u c a l e m c ri a n ç a s p o rta d o ra s d e sta a lte ra ç ã o c ro m o ssô m i c a le vo u a b u sc a d e p ro vá ve i s a lte rn a ti va s te ra p ê u ti c a s. Vi sa n d o d e te rm i n a r a a ti vi d a d e a n ti f ú n gi c a d e

Streptomyc es sp i so la d o s d e d i f e re n te s so lo s b ra si le i ro s, 5 c e p a s f o ra m te sta d a s f re n te a Candida albic ans, o ri u n d a s d a c a vi d a d e b u c a l d e c ri a n ç a s c o m sí n d ro m e d e Do wn . Ob se rvo u - se q u e o s i so la d o s a p re se n ta ra m u m a d i ve rsi d a d e d e ta m a n h o d o s h a lo s ( 9 - 3 1 m m d e d i â m e tro ) d e i n i b i ç ã o d e c re sc i m e n to d a s le ve d u ra s, su ge ri n d o u m a p o ssí ve l u ti li za ç ã o e m te ra p ê u ti c a a n ti f ú n gi c a .

Palavr as- chaves: Candida albic ans. Síndrome de Down. Streptomyc es sp.

ABSTRACT

Co m p a ri so n o f th e p re se n c e o f Candida ye a sts i n th e b u c c a l c a vi ty o f c h i ld re n wi th o u t a n d wi th Do wn ’s syn d ro m e sh o we d a sta ti sti c a lly si gn i f i c a n t d i f f e re n c e i n th e c a se o f c h i ld re n th a t we re a f f e c te d b y th i s c h ro m o so m o p a th y, re n d e ri n g th e m m o re p re d i sp o se d to b u c c a l c a n d i d i a si s, p ro b a b ly d u e to a n a to m i c o p h ysi o lo gi c a lte ra ti o n s o f th e m o u th re su lti n g f ro m tri so m y o f c h ro m o so m e 2 1 . Co n sta n t re c u rre n c e o f b u c c a l c a n d i d i a si s i n c h i ld re n wi th th i s c h ro m o so m a l a lte ra ti o n le a d to th e se a rc h f o r a p o ssi b le th e ra p e u ti c a lte rn a ti ve . Se e k i n g to d e te rm i n e th e a n ti f u n ga l a c ti vi ty o f Streptomyc essp

i so la te d f ro m va ri o u s Bra zi li a n so i ls, 5 stra i n s h a ve b e e n te ste d f o r Candida albic ans i so la te d f ro m th e b u c c a l c a vi ty o f c h i ld re n wi th Do wn ’s syn d ro m e . It wa s o b se rve d th a t th e i so la te p re se n te d a d i ve rsi ty i n th e si ze o f th e h a lo s ( 9 - 3 1 m m i n d i a m e te r) o f gro wth i n h i b i ti o n o f th e ye a sts, su gge sti n g a p o ssi b le u se a s a th e ra p e u ti c a n ti f u n ga l.

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Vieir a JDG col s

As leveduras do gênero Candida são microrganismos integrantes da microbiota bucal do homem desde o nascimento2. Esta condição

microbiológica propicia comumente uma relação de equilíbrio entre parasita-hospedeiro, diante da manutenção da integridade das barreiras teciduais, relação harmônica da microbiota autóctone e funcionamento adequado do sistema imunológico humano, havendo em contrapartida por parte do fungo leveduriforme, permanência equilibrada da capacidade de aderência e da produção de enzimas e toxinas. Alterações físicas, químicas, iatrogênicas e mecânicas, que se processem na cavidade bucal, como a mastigação, possam entre diversos fatores descritos favorecer a ruptura do equilíbrio estabelecido entre o fungo e o hospedeiro fazendo com que as infecções por Ca ndida sejam de origem geralmente endógena2 3.

Nas crianças com síndrome de Down, além das alterações anátomo-fisiológicas bucais, macroglossia, estagnação salivar decorrente de incompetência muscular da boca, dificuldade motora, constantes doenças respiratórias e comprometimento simultâneo da resposta imunológica inata e adquirida fazem com que estes fatores adicionais, as tornem mais suscetíveis a processos infecciosos, inclusive fúngicos, onde as espécies de Candida são os agentes etiológicos mais preponderantes4 7 17 18 20. Este sítio bucal altamente povoado por

cepas de Candida faz também com que as crianças detentoras desta alteração cromossômica possuam o biofilm e dentário com uma interferência fúngica maior, fazendo com que haja uma ação direta ou coadjuvante na ocorrência da cárie dentária, gengivite e periodontite, quando os estreptococos do grupo m uta ns atuam como agentes principais3 12 15 19. Candidíase pseudomembranosa é o quadro clínico

fúngico mais detectável em crianças com esta cromossomopatia3 4 7 10.

Todavia, cerca de 20 a 55% da população assindrômica podem apresentar isolados de Candida como leveduras participantes da mucosa bucal do homem18 19 25.

Drogas azólic as e antibiótic os poliênic os c onstituem os recursos terapêuticos mais comumente empregados em candidíase buc al. Entretanto, c onstantes rec idivas de manifestaç ões de

Ca n di da na boc a de c rianç as, inc lusive nas portadoras de síndrome de Down, favorecem a busca de novas drogas1 1.

Os antibióticos são exemplos de metabólitos secundários produzidos por certos microrganismos que possuem a capacidade de inibir o crescimento de seres microbiológicos, quando utilizados em baixas concentrações1 5. Do grande número de antibióticos

conhecidos de origem microbiana, somente 123 são produzidos atualmente por fermentação. Além disto, mais de 50 antibióticos são produzidos como compostos semi-sintéticos e 3 antibióticos são sinteticamente produzidos6 21 22. Entre as bactérias, a maior

variedade em estruturas e número de antibióticos é encontrada nos actinomicetos, especialmente no gênero Strepto m yces22.

O iso lamento de no vo s ac tino mic eto s, pr inc ipalmente

Stre pto m yc e s, c om atividade antifúngic a tem sido apontado c om grande entusiasmo no descobrimento de novos agentes antifúngic o s c o m po tenc ial de empr ego ter apêutic o . Este isolamento está intimamente associado a técnicas clássicas para isolamento e seleção ( técnica de diluição e inoculação em ágar com posterior utilização de fungos como alvos de seleção)1 3.

Este trabalho teve por objetivo verificar a ocorrência e determinar a atividade antifúngica de Stre pto m yce s sp, isolados dos solos

da Mata Atlântica do Estado do Espírito Santo ( ES) e do Cerrado brasileiro frente às cepas de Ca ndida oriundas da cavidade bucal de crianças com síndrome de Down.

MATERIAL E MÉTODOS

Isolamento e identificação. Setenta amostras de secreção salivar foram coletadas com swa b s esterilizados da mucosa jugal de c rianç as, sendo 3 5 amostras de c rianç as portadoras de síndr o m e de Do wn ( gr upo - te ste ) e as de m ais c r ianç as desprovidas desta síndrome ( grupo controle) . Todas as crianças possuíam faixa etária de 0 a 1 0 anos, apresentavam mucosa bucal íntegra, não faziam uso de nenhuma medicação e foram atendidas na Clínica de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás ( FO/UFG) em Goiânia-GO, Brasil. Após a homogeneização, as amostras de saliva foram semeadas e m duplic a ta e m m e io á ga r Sa b o ur a ud de xtr o s e c o m cloranfenicol e mantidas a temperatura ambiente por 1 5 dias no Laboratório de Micologia do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública ( IPTSP/UFG) . As colônias leveduriformes branco-amareladas desenvolvidas foram identificadas mediante pesquisa de tub o ge r minativo e m so r o fe tal b o vino , fo r maç ão de c lamidósporos em ágar c orn-meal ac resc ido de tween 8 0 e realização de testes de assimilação e fermentação de carbono8 10.

Este estudo foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Médica Humana e Animal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás, e os pais e/ou responsáveis pelas crianças forneceram consentimento aos pesquisadores.

Estatística. Foi realizada aplic ando o teste de

χ

² ( Qui-quadrado) para correlacionar os índices de carreamento de leveduras de Ca n dida entre as c avidades buc ais de c rianç as c om e sem síndrome de Down e os valores obtidos foram considerados estatisticamente significantes quando p< 0 ,0 5 .

Cepas de Can dida utilizadas na análise antifúngica.

Foram esc olhidas aleatoriamente 8 c epas de Ca n dida isoladas e identific adas dentre as provenientes da muc osa buc al de c r ia n ç a s c o m s ín dr o m e de Do wn . Fo i utiliza do c o m o referênc ia a c epa de C. a lb i c a n s CBS 5 6 2 , previamente c edida pe la m ic o te c a do I n s tituto de Ciê n c ia s B io m é dic a s da Universidade de São Paulo ( ICB /USP) B rasil.

Iso la do s de Str e p to m yce s sp utiliz a do s. Fo r am utilizados 5 isolados de Stre p to m yc e s sp, provenientes dos solos da Mata Atlântic a ( ES) ( TIJA 2 , TIJA 1 2 e TILA 1 ) e do Cerrado brasileiro ( ADU 1 .3 e ADU 2 .1 ) . Estes isolados fazem par te da b ac te r io te c a do Lab o r ató r io de Mic r o b io lo gia Ambiental e B iotec nologia ( IPTSP/UFG)2 4.

De te c ç ã o de a tivida de a ntifúngic a . Espo r o s do s

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tamb é m da c e pa indic ado r a C. a lb i c a n s CB S 5 6 2 fo r am previamente semeadas com auxílio de swa b. Estas placas foram incubadas a 3 0oC por 2 dias até o desenvolvimento de halos de

inibição de crescimento. Os diâmetros ( mm) destes halos de inibição foram determinados segundo Vieira2 4.

RESULTADOS

Das 7 0 amostras de secreção salivar coletadas das crianças detectou-se a ocorrência de Ca ndida em 3 6 ( 5 1 ,4 %) amostras, sendo todas pertencentes à espécie a lb ica ns. A diferença entre a detecção de leveduras de Ca ndida carreadas entre as mucosas buc ais de c rianç as c om e sem síndrome de Down mostrou significância estatística ( p< 0 ,0 5 ) ( Tabela 1 ) .

Tabela 1 - Ocorrên cia de cepas de Candida albicans isoladas da m u cosa ju gal de crian ças aten didas n a Clín ica de Odon topediatria da FO/UFG.

Cepas Crianças com Crianças sem

síndrome de Down síndrome de Down*

no % no %

Ca ndida a lbica ns 30 85,7 6 17,1

Total 35 35

* Relação estatística entre os grupos CCSD e CSSD (χ² = 32,9; ( p < 0,05)

Atividade antifúngica. Observou-se que todas as cepas de

Stre pto m yce s sp ensaiadas apresentaram atividade antifúngica frente às cepas de C. a lb ica ns testadas. O diâmetro do halo de inibição variou de 9 a 31mm dependendo da cepa de Streptom yces sp e da cepa de C. a lb ic a ns indicadora ( Tabela 2 ) . A c epa de

Stre pto m yce s sp ADU 2 .1 apresentou, em média, maior atividade frente às diferentes cepas de C. a lb ica ns.

Tabela 2 - Atividade an tifú n gica dos Streptomyces sp fren te às cepas de Candida albicans isoladas da mu cosa bu cal de crian ças com sín drome de Down *

Diâmetro dos halos de inibição ( mm)

Cepas de Strepto m yces sp Strepto m yces sp Strepto m yces sp Strepto m yces sp Strepto m yces sp

Ca ndida a lbica ns ADU 1.3 ADU 2.1 TIJA 2 TIJA 12 TILA 1

1 25 30 23 14 23

2 25 20 25 17 25

5 28 30 28 19 26

13 25 30 23 11 22

22 25 20 21 9 20

36 25 30 23 15 20

41 26 31 25 12 22

47 23 27 28 20 24

CBS 562 26 30 22 13 23

* Parâmetros estatísticos de análise da tabela : média, análise de variância, desvio padrão, erro padrão e coeficiente de variação: x = 22,87; S2= 28,47; s = 5,33; Sx = 0,84 e CV = 23,3%

DISCUSSÃO

Com base no c enso populac ional de 2 0 0 0 , a populaç ão i n fa n ti l b r a s i l e i r a n a fa i x a e tá r i a d e 0 a 1 0 a n o s é aproximadamente de 3 6 ,3 milhões de c rianç as9. Sabendo que

a freqüênc ia de c rianç as ac ometidas por síndrome de Down é estimada no B rasil em 1 :6 0 0 nasc imentos1 8 1 9 2 0, teríamos,

po r tanto 6 0 , 5 m il c r ianç as po r tado r as de sta síndr o m e , equivalendo aproximadamente a 0 ,2 % da populaç ão infantil pr esente em no sso País. Esta r ealidade humana c o nstitui sempre um desafio aos profissionais de saúde em busc a de melhor c ondiç ão de vida a estes futuros c idadãos brasileiros, inc lusive no que diz respeito à saúde buc al e prec isamente à bac teriologia e a mic ologia c línic a.

A síndr o m e de Do wn é de c o r r e nte da tr isso m ia do cromossomo 2 1 do cariótipo humano, a qual pode ser provocada por não-disjunção, translocação ou ainda mosaicismo2 0. Esta

cromossomopatia induz alterações bucais que afetam estruturas ósseas, como os dentes, língua gengiva e mucosa. Deste modo, a capacidade de colonização e/ou patogenicidade das cepas de

Ca ndida pode ser favorecida pela protusão da língua, respiração bucal, irritação da mucosa com fissuras linguais e nos cantos labiais, problemas respiratórios e higiene bucal deficiente1 7 1 8 1 9.

Agrega-se ainda a esta situação, o comprometimento do sistema imuno ló gic o em r elaç ão as r espo stas c elular e humo r al. Linfócitos T e células k ille r possuem suas atividades funcionais afetadas. Níveis baixos de imunoglobulinas IgG2 e IgG4 favorecem infecções microbiológicas, além da irregularidade fisiológica da peróxido-desmutase c omprometer a defesa orgânic a c ontra microrganismos, levando cepas de Ca ndida e Sta phylo co ccus

a serem agentes etiológic os predominantes nos proc essos infecciosos bucais1 9. O carreamento de leveduras de Ca ndida

na boc a das c rianç as c om síndrome de Down pode ser assim apo ntado c o m o um pr o váve l fato r induto r à c andidíase b uc al4 1 9. Em nosso estudo, a elevada detecção de isolados de

C. a lb ica ns presentes na mucosa bucal de crianças portadoras desta alteração cromossômica em relação ao grupo controle ( crianças sem síndrome de Down) mostrou a predisposição significativa que estas crianças apresentam a esta patologia bucal induzida por este fungo leveduriforme. Carstedt e cols4 e Ribeiro

e cols1 9 presenciaram esta mesma realidade trabalhando com

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Apesar de todo arsenal antifúngico disposto no mercado, relatos de cepas de Ca ndida resistentes a estes fármacos são cada vez mais comuns e as recidivas infecções bucais por estas leveduras em crianças com síndrome de Down estimulam a busca de potenciais alternativas terapêuticas que venham favorecer o surgimento de novos medicamentos1 6 2 3 2 5.

Os actinomicetos, especialmente os Stre pto m yce s, têm sido desc ritos c omo as maiores fontes de antibiótic os desde que Waksman os introduziu num programa sistemático de seleção de novos antibióticos a partir de 19401 4. A abordagem para a pesquisa

e descobrimento de novos antibióticos é geralmente baseada na seleção de actinomicetos que ocorrem naturalmente1 2. Erwealor

& Njoku-Obi5 e Lee & Hwang1 1 trabalhando com o isolamento e

seleç ão de Stre p to m yc e s em so lo s afr ic ano s e c o r eano s, respec tivamente, isolaram diversas espéc ies c om atividade antifúngica, demonstrando que os ensaios in vitro para a seleção de compostos antifúngicos apresentaram grande sucesso.

Resultados preliminares obtidos pelo nosso grupo de trabalho sugerem um grande potencial na descoberta de novos produtos naturais biologic amente ativos de ac tinomic etos isolados de diferentes solos brasileiros1 24. As substâncias bioativas produzidas

por estes actinomicetos têm mostrado nos últimos anos uma das alternativas mais promissoras no desenvolvimento de novas drogas antimicrobianas, antitumorais e enzimáticas1 6 11 23 24. A inibição de

cepas de C. a lbica ns, procedentes da cavidade bucal de crianças com síndrome de Down, pelos isolados de Stre pto m yce s sp. testados, tem sugerido que novas condutas terapêuticas para o tr atamento de c andidíase buc al c o m r ec idivas fr eqüentes apresente-se viável no futuro próximo6.

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Referências

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