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Riqueza e densidade de vocalizações de anuros (Amphibia) em uma área urbana de Corumbá, Mato Grosso do Sul, Brasil.

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A atividade de vocalização dos anuros em determinado horá-rio é condicionada por caracteres fisiológicos relacionados ao seu modo de vida. Devido à necessidade do meio aquático para sobrevivência das larvas, o acasalamento na maioria das espé-cies de anuros tende a ocorrer em épocas restritas do ano, con-dicionadas principalmente pelas chuvas e pela temperatura (CARDOSO & MARTINS 1987).

Recentemente, a conservação dos anfíbios tem recebido considerável atenção, sobretudo após as informações sobre a redução drástica de muitas populações (FERRIER 2002). Várias causas são apontadas para essa diminuição, dentre elas a des-truição de hábitats (PAPP & PAPP 2000, MAZEROLLE 2001),

intro-dução de espécies exóticas (SEEBACHER & ALFORD 1999), tráfico ilegal (SUMMERS 2002) e o desenvolvimento urbano (JANSENetal. 2001). No entanto, algumas populações podem apresentar flutuações naturais, dificultando a percepção dos impactos antrópicos (PECHMANNetal. 1991, MARSH 2001).

O desenvolvimento urbano degrada e fragmenta hábitats naturais, limitando a dispersão e alterando as condições cli-máticas locais, além de favorecer as espécies exóticas (KOENIGet al. 2002). Além disso, muitos animais podem ser mortos inten-cional ou acidentalmente, como por exemplo, atropelados (CARR & FAHRIG 2001). Anfíbios são particularmente suscetíveis à urbanização devido à necessidade de água em seu ciclo vital

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Brasil

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Robson Waldemar Ávila

1

& Vanda Lúcia Ferreira

2

1 Pós-graduação em Ecologia e Conservação, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Caixa Postal 549, 79070-900

Campo Grande, Mato Grosso do Sul, Brasil. E-mail: robsonavila@nin.ufms.br

2 Laboratório de Zoologia, Departamento de Ciências do Ambiente, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Avenida Rio

Branco 1270, Caixa Postal 252, 79301-970 Corumbá, Mato Grosso do Sul, Brasil.

ABSTRACT. Richness of species and density of vRichness of species and density of vRichness of species and density of vRichness of species and density of vocalization of anRichness of species and density of vocalization of anocalization of anocalization of anurocalization of anururururans in an urban arans in an urban arans in an urban arans in an urban arans in an urban area of corea of corea of corea of corea of corumbá,umbá,umbá,umbá, matoumbá, mato mato mato mato gr

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grosso do sul,osso do sul,osso do sul,osso do sul,osso do sul, br br br brazil. brazil.azil.azil.azil. The richness and intensity of vocalization of anurans in urban areas of Corumbá, State of Mato Grosso do Sul, Brazil, were studied from February 2002 to January 2003 in a secondary forest and surroundings of a temporary pond. We used a transect with four stop sites on which the presence of species and the intensity of vocalization were recorded according to North American Amphibian Monitoring Population index. The turn when vocalization happened was also recorded. We registered 16 species of four families: Bu-fonidae (2), Hylidae (7), Microhylidae (1), and Leptodactylidae (6). The reproduction of these species was corre-lated to the rainy season, from December to March (r2 = 0,806, F(1,10) = 41,530 p = 0,002, n = 12). The species

that presented greater intensity of vocalization were Scinax nasicus (Cope, 1862) and Physalaemus albonotatus (Steindachner, 1864), with peaks during January. The species that presented the greater period of vocalization was Leptodactylusfuscus (Schneider, 1799), from September to February. The majority of species and individuals vocal-ized from 7:00 p.m. to 11:00 p.m.

KEYWORDS. Amphibian, Pantanal, temporal distribution, temporary pond.

RESUMO. A riqueza e intensidade de vocalizações de anuros em uma área urbana de Corumbá, Mato Grosso do Sul, Brasil, foram estudadas de fevereiro de 2002 a Janeiro de 2003 em uma poça temporária. Foi utilizado um transecto com quatro pontos de escuta onde foram consideradas as espécies visualizadas e a intensidade das respectivas vocalizações. Foram registradas 16 espécies de quatro famílias: Bufonidae (2), Hylidae (7), Microhylidae (1) e Leptodactylidae (6). O período reprodutivo dessas espécies esteve correlacionado com a estação chuvosa, de dezembro a março (r2 = 0,806, F(1,10) = 41,530 p = 0,002, n = 12). As espécies que apresentaram maior

intensidade de vocalização foram Scinaxnasicus (Cope, 1862) e Physalaemus albonotatus (Steindachner, 1864), com picos em janeiro. A espécie que apresentou maior período de vocalização foi Leptodactylusfuscus, de setembro a fevereiro. O maior número de espécies e de indivíduos vocalizando ocorreu de 19:00 às 23:00 h.

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(JANSEN etal. 2001). Para tan to, fazem -se n ecessários p rogram as

d e m on itoram en to a lon go p razo (WILSON & MARET 2002) e

co-n h ecim eco-n to d o com p ortam eco-n to e ecologia d as p op u lações d e an u ros (HODGKISON & HERO 2001).

O Mu n icíp io d e Coru m bá, localizad o n o Pan tan al d e Mato Grosso d o Su l, à m argem d o rio Paragu ai, vem p assan d o p or in ten so p rocesso d e u rban ização, com in cen tivo à in d u s-trialização e criação d e u m p ólo m in ero-sid erú rgico, p od en d o in terferir d rasticam en te n a p op u lações d e an u ros d a área u rba-n a. Neste trabalh o são ap reserba-n tad os d ad os sobre a riq u eza e d en sid ad e d e vocalizações d e an u ros n aq u ela área u rban a.

MATERIAL E MÉTO DO S

Área de coleta

As coletas foram realizadas n a m ata da em presa Cim en to Itaú (18º58’48”S, 57º39’18”W ), localizada n a área u rban a de Corum bá, n a divisa com o m un icípio de Ladário, Mato Grosso do Sul. A vegetação é secun dária, com predom in ân cia de árvo-res das fam ílias Euph orbiaceae, An acardiaceae e Legum in osae. As ch uvas con cen tram se de outubro a m arço (Fig. 1), form an -do u m a lagoa tem porária qu e desaparece n o perío-do de estia-gem dan do lugar às gram ín eas. De acordo com a classificação de Köppen , o clim a de Corum bá é do tipo Awa, ou seja, tropical de alt it u d e, m egat érm ico , co m in vern o seco e verão ch u vo so (SORIANO 1997).

Metodologia

O registro da riqueza e in ten sidade de vocalização das es-pécies de an uros foi realizado de fevereiro de 2002 a jan eiro de 2003, e cada am ostragem teve cin co dias con secutivos de obser-vação, en tre aproxim adam en te 17:00 h e 06:00 h . Um tran secto com qu atro pon tos foi percorrido e o registro das espécies foi feito através de vizualização e vocalização. A seqüên cia de regis-tros por pon tos foi realizada por sorteio sem reposição. An im ais en con trados em h abitações h um an as foram con siderados n a ri-queza total do local. Os registros foram realizados n a fase cres-cen te da lua, m in im izan do a in terferên cia em poten cial do pa-drão de atividade (ver DUELLMAN & TRUEB 1994, BYRNE 2002).

Para as vocalizações, foi utilizado um ín dice de in ten sida-d e, con form e o Nation al Am erican Am p h ibian Mon itorin g Pop u lation , sen do: (0) n en h u m in divídu o da esp écie vocali-zan do; (1) vocalizações esparsas, sem sobreposição e n úm ero de in divíduos estim ável en tre 1 e 10; (2) vocalizações se sobrepõe, m as ain da é possível in dividualizá-las e estim ar o n úm ero de in divíduos (11-35 in divíduos); (3) form ação de coro em que as vocalizações in dividuais são in distin guíveis e n ão se pode

esti-m ar o n úesti-m ero de in divíduos (> 35) (WEIR 2001 apud CROUCH &

PATON 2002).

No p eríod o d e estiagem , os registros foram realizad os d u ran te u m a h ora d iária, en tre 18:00 e 24:00 h . Na ép oca ch u -vosa, o h orário d e in ício e térm in o (tu rn o) d as vocalizações d e cad a esp écie foi con sid erad o a cad a h ora, a p artir d e 18:00 h até n ão h aver m ais registros d e vocalizações. Dad os abióticos

com o tem p eratu ra, u m id ad e relativa d o ar, ch u va e d isp on ibi-lid ad e d e águ a n a lagoa foram registrad os p ara a verificação d a in flu ên cia d estes n as ativid ad es d e vocalizações d as esp écies. As m éd ias m en sais d e tem p eratu ra, u m id ad e relativa d o ar e p recip itação m en sal foram forn ecid as p ela Divisão d e Aero-n áu tica d e Coru m bá. A largu ra, com p rim eAero-n to e p rofu Aero-n d id ad e d a lagoa foram m ed id as a cad a m ês.

Os m icro-h ábitats e su bstratos u tilizad os p ara as voca-lizações, tais com o tip o d e vegetação e d istân cia d a águ a foram u tilizad os p ara a d eterm in ação d a d istribu ição esp acial d os an u ros. A d eterm in ação d os m od os rep rod u tivos foi classifica-d a con form e DUELLMAN & TRUEB (1994), a p artir classifica-d a observação d o tip o d e d esova, am p lexo e ou tros fatores. A classificação e ap resen tação d as esp écies registrad as segu iram FRO ST (2002).

RESULTADO S E DISCUSSÃO Riqueza específica

Foram registrad as16 esp écies, d istribu íd as em q u atro fa-m ílias e n ove gên eros (Tab. I). A an u rofau n a é cofa-m p osta, p re-d om in an tem en te, p elas fam ílias Hylire-d ae (43,75%) e Lep tore-d ac-tylid ae (37,5%), fato com u m n a região Neotrop ical (DUELLMAN & TRUEB 1994) e registrad o p ara ou tras localid ad es d o Brasil (BERTOLUCI & RODRIGUES 2002).

En tre tod as as esp écies, 75% foram en con trad as tam bém

em h abitações h u m an as. Scinaxacum inatus (Cop e, 1862) foi

en con trad a ap en as em h abitações n as p roxim id ad es d os locais am ostrad os, n ão h aven d o registro d e su a vocalização n a m ata

ou em torn o d a lagoa tem p orária. Três esp écies (Bufoschneideri

Wern er, 1894, Phrynohyasvenulosa (Lau ren ti, 1768) e Scinax

fuscovarius (A. Lu tz, 1925)) vocalizaram fora d o p eríod o d e

re-gistro, n ão ten d o sid o con sid erad a a d en sid ad e d e in d ivíd u os vocalizan d o.

Distribuição espacial

Das 16 esp écies registrad as, n ove (56,25%) são terrestres, seis (37,5%) arborícolas e u m a aq u ática (6,25%). Os m

icro-Figura 1. M édias da precipitação (linha), tem peratura (barras cin-zas) e um idade relativa do ar (barras brancas) em Corum bá, M ato Grosso do Sul, no período de fevereiro de 2002 a janeiro de 2003. Fonte: M inistério da Aeronáutica, Divisão Corum bá.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

fevereiro março abril maio junho julho agosto setembro outubro novembrodezembro janeiro

2002 meses 2003

Temperatura e Umidade relativa

0 50 100 150 200 250 300 350

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h abitats u tilizad os p ara a vocalização foram : a) valas d e

escoa-m en to de água e bueiros, distan te do corpo d’água: Leptodactylus

syphax Bokerm an n , 1969; b) Flutuan do ao n ível da água: Pseudis

paradoxa (Lin n aeu s, 1758), Physalaem us albonotatus e Derm

a-tonotusm uelleri (Boettger, 1885); c) Solo seco: Leptodactylusfuscus

(Sch n eider, 1799), Leptodactylusm ystacinus (Bu rm eister, 1861)

e Scinaxfuscovarius; d ) Margem d o corp o d ’agu a, sobre o solo

en ch arcado: Leptodactyluschaquensis Cei, 1950 e Leptodactylus

labyrinthicus (Sp ix, 1824); e) Margem d o corp o d ’águ a, com os

m em bros subm ersos: Bufogranulosus Spix, 1824 e Bufoschneideri;

f) Sobre a vegetação h erbácea m argin al: Hylanana Bou len ger,

1889 e Scinaxnasicus (Cop e, 1862); g) Sobre a vegetação arbu

s-t iva m argin al, m en o s d e 1,5 m d e als-t u ra: Scin ax n aiscus e

Phyllom edusahypochondrialis (Dau d in , 1800); h ) Sobre a

vege-tação arbu stiva e arbórea, m ais d e 1,5m d e altu ra: Phrynohyas

venulosa.

Em estu d o realizad o em área d e m ata em Rio Claro (São

Pau lo), TOLEDO etal. (2003) en con traram seis esp écies com u n s

ao p resen te estu d o e u tilizan d o os m esm os m icroh abitats: Bufo

schneideri, Hylanana, Scinaxfuscovarius, Leptodactylusfuscus, L.

labyrinthicus e L.m ystacinus. Segu n d o HÖDL (1977), a u tilização

d e sítios d e vocalização d istin tos tem gran d e im p ortân cia n o recon h ecim en to en tre os in d ivíd u os d a m esm a esp écie, au xili-an d o n o isolam en to rep rod u tivo.

Foram en con trad os q u atro tip os d e m od os rep rod u tivos d en tre as esp écies (segu n d o DUELLMAN & TRUEB 1994): Mod o 1: ovos d ep ositad os d iretam en te n a su p erfície d a águ a. Presen te

n as esp écies d e Bu fon id ae (com a colocação d os ovos em cor-d ões sobre a su p erfície) e n as esp écies cor-d e Hylicor-d ae, com exceção

de Phyllom edusahypochondrialis. Modo 8: con stru ção de n in h os

d e esp u m a d iretam en te n a águ a. Presen te em Leptodactylus

ch a q u en s i s, L. l a b y ri n t h i cu s e Ph y s a l a em u s a l b on ot a t u s (Stein d ach n er, 1864). Mod o 18: p ostu ra d os ovos n a vegetação

a c i m a d a á g u a . Pr e se n t e a p e n a s e m Ph y l l om ed u s a

hypochondrialis. Mod o 21: escavação d e tocas e con stru ção d e

n in h os d e esp u m a em seu in terior. Utilizad o p or Leptodactylus

fuscus e L.m ystacinus. Perten ce a este m esm o m od o a

coloca-ção d o n in h o d e esp u m a em valas p oten ciais p ara escoam en to

d e águ a, u tilizad o p or Leptodactylussyphax.

Segu n d o DUELLMAN & TRUEB (1994), a p ostu ra d e ovos d i-retam en te n a su perfície da águ a (m odo 1) trata-se do m eio m ais p rim itivo e gen eralizad o d e rep rod u ção en tre os an u ros e os m od os 8 e 21 u m ten d ên cia à terrestrialid ad e, sen d o este ú lti-m o lti-m ais d erivad o. A ten d ên cia à ovip osição n o lti-m eio terrestre p od em ser ad ap tações p ara evitar a d essecação e m in im izar os efeitos d e even tu ais alterações n o m eio aq u ático (DUELLMAN & TRUEB 1994) ou p ara red u zir os efeitos d a p red ação sobre os ovos (MAGNUSSON & HERO 1991).

Distribuição temporal

O n ú m ero de esp écies vocalizan do esteve correlacion ado

com a estação ch u vosa (d ezem bro a m arço) (r2 = 0,806, F(1,10)

= 41,530 p = 0,002, n = 12) (Fig. 2). Segu n do DUELLMAN & TRUEB

(1994), a p recip itação é o p rin cip al fator in flu en cian d o a

ativi-Tabela I. Lista das fam ílias e espécies de anfíbios anuros, habito e m icrohabitats registrados em um a área urbana de Corum bá (M S), no período de fevereiro de 2002 a janeiro de 2003. (ARB) Arbustos, (ARV) árvores, (HAB) habitações hum anas, (NA) nível da água, (SM ) solo na m argem do corpo d'água, (SS) solo seco, (VH) vegetação herbácea, (VA) valas e bueiros.

Fam ílias Espécies Hábito M icrohabitat

Bufonidae Bufo granulosus Terrestre SM , HAB

Bufo schneideri Terrestre SM , HAB

Hylidae Hyla nana Arborícola VH

Phrynohyas venulosa Arborícola ARB, ARV, HAB

Scinax acuminatus Arborícola HAB

Scinax fuscovarius Arborícola SS, HAB

Scinax nasicus Arborícola VH, ARB, HAB

Phyllomedusa hypochondrialis Arborícola ARB

Pseudis paradoxa Aquático NA

M icrohylidae Dermatonotus muelleri Terrestre NA, HAB

Leptodactylidae Leptodactylus chaquensis Terrestre SM , HAB

Leptodactylus fuscus Terrestre SS, HAB

Leptodactylus labyrinthicus Terrestre SM , HAB

Leptodactylus mystacinus Terrestre SS

Leptodactylus syphax Terrestre HAB, VA

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d ad e rep rod u tiva d os an u ros n os tróp icos. O n ú m ero d e esp écies vocalizan d o n ão se relacion ou com a m éd ia d a tem p eratu

-ra d o ar (r2 = 0,13 F(1,10) = 1,620 p = 0,232 n = 12) e a m édia da

u m id ad e relativa d o ar (r2 = 0,234 F(1,10) = 3,055 p = 0,111 n =

12) m en sais, q u e é com p reen sível u m a vez q u e a flu tu ação d es-sas variáveis (m éd ia m en sal) ao lon go d o an o foi baixa (Fig. 1).

A p recip itação é resp on sável p ela form ação da lagoa tem -p orária q u e n o m ês d e jan eiro atin giu a m aior d im en são. A utilização de corpos d’água tem porários para a reprodução en tre os an u ros p od e ser d evid a à au sên cia d e p oten ciais p red ad ores aq u áticos e m aior d isp on ibilid ad e d e m icroam bien tes, com o

gram ín eas e arbu stos (AZEVEDO-RAMOS etal. 1999).

O n ú m ero d e esp écies em ativid ad e d e vocalização va-riou ao lon go d o an o, com p ou cas esp écies vocalizan d o p or

lon gos p eríod os. Seis esp écies (Bufo granulosus, B. schneideri,

D erm at on ot u s m u elleri, Lept odact ylu s labyrin t h icu s, Scin ax

fuscovarius e Phrynohyasvenulosa) ap resen taram p ad rão exp

lo-sivo d e rep rod u ção, associad o às ch u vas m ais fortes (Tab. II).

Com relação à in ten sidade de vocalizações, Scinaxnasicus

e Physalaem usalbonotatus foram as esp écies com m aior n ú m

e-ro d e in d ivíd u os (> 35) vocalizan d o em jan eie-ro. O p eríod o d e

vocalização d e Leptodactylusfuscus foi o m ais lon go (setem bro

a fevereiro); en tretan to, os m ach os em setem bro e ou tu bro n ão se en con travam p róxim os às tocas, local d e d ep osição d os n i-n h os d e esp u m a, o q u e p od e ii-n d icar q u e a rep rod u ção só ocor-ra d e d ezem bro a fevereiro. Corroboocor-ran d o essa observação, SCOTT & WO O DWARD (1994) afirm aram q u e a vocalização em an u ros n ão sign ifica exatam en te rep rod u ção, torn an d o-se n e-cessária a observação d e ou tros fatores, com o am p lexo, ovos ou larvas, p ara a d eterm in ação d o p eríod o rep rod u tivo.

No en tan to, em d ezem bro, os m ach os d essa esp écie

fo-Figura 2. Relação entre a precipitação e o núm ero de espécies vocalizando em área urbana de Corum bá, M ato Grosso do Sul, no período de fevereiro de 2002 a janeiro de 2003.

Tabela II. Núm ero de espécies, m odo reprodutivo, densidade de indivíduos vocalizando, total de espécies vocalizando e profundidade da coluna d'água em um a área urbana de Corum bá (M S), no período de fevereiro de 2002 a janeiro de 2003. As espécies que vocalizaram fora do período de coleta estão assinaladas com "x". (1) 1 a 10 indivíduos, (2) 11 a 35 indivíduos, (3) m ais de 35 indivíduos.

Espécies M odo reprodutivo M eses

Fev M ar Abr M ai Jun Jul Ago Set Out N ov Dez Jan

Bufo granulosus 1 1

Bufo schneideri 1 x

Hyla nana 1 1 2 1

Phrynohyas venulosa 1 x

Scinax fuscovarius 1 x

Scinax nasicus 1 2 3

Phyllomedusa hypochondrialis 18 1 1 1 1

Pseudis paradoxa 1 1 1 1

Dermatonotus muelleri 1 1

Leptodactylus chaquensis 8 1 1

Leptodactylus fuscus 21 1 1 1 1 2 1

Leptodactylus labyrinthicus 8 1

Leptodactylus mystacinus 21 1

Leptodactylus syphax 8 1 1 1

Physalaemus albonotatus 8 2 1 1 3

Profundidade da água (m m ) 200 110 0 0 0 0 0 0 0 0 85 226

Total de espécies vocalizando 7 4 0 0 0 0 0 1 1 0 6 14

0 2 4 6 8 10 12 14 16

fevereiro março abril maio junho julho agosto setembro outubro novembro dezembro janeiro Meses

Número de espécies

0 50 100 150 200 250 300 350

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ram avistad os vocalizan d o p róxim os às su as tocas e a d en sid a-d e a-d e in a-d ivía-d u os n esse m ês foi m aior q u e em jan eiro e feverei-ro, o q u e p od e sign ificar m aior esforço rep rod u tivo n o p eríod o d e m en or riq u eza d e an u ros, on d e a com p etição p elo esp aço acú stico é m en or.

A con cen tração d as vocalizações (m aior n ú m ero d e es-p écies vocalizan d o) ocorreu n os h orários en tre 19:00 e 23:00h (Tab. III). CARDOSO & MARTINS (1987) con stataram ten d ên cia à con cen tração d a ativid ad e d e vocalização en tre 19:00 e 22:00 h n o Su d este d o Brasil, in ferin d o q u e o en cerram en to d as ati-vid ad es n a segu n d a m etad e d a n oite p ossa estar relacion ad o à econ om ia d e en ergia, n ecessid ad e alim en tar e d im in u ição d a tem p eratu ra.

M e sm o n e ssa p e q u e n a p o r çã o d a á r e a u r b a n a d e Coru m bá, foi registrad o u m n ú m ero relativam en te alto (45,7 %) d e esp écies d e an u ros, q u an d o com p arad o com aq u elas en con trad as n o Pan tan al (ver PCBAP 1997), levan d o a acred itar q u e m esm o em se tratan d o d e área im p actad a e d e m ata secu n -dária, o local oferece con dições para a reprodu ção. Estu dos com en foq u e em abu n d ân cia, ép ocas e h orários ad eq u ad os p ara a rep rod u ção d as esp écies d e an u ros p od em favorecer trabalh os fu tu ros d e m on itoram en to e m an ejo d as p op u lações, a fim d e se evitar a elim in ação d esses an im ais d o local.

AGRADECIMENTOS

À Com p an h ia de Cim en to Itaú p elo livre acesso à área, a o M in ist é r io d a Ae r o n á u t ic a , D iv isã o C o r u m b á , p o r dispon ibilizar os dados clim áticos. A Ch ristin e Strussm an n , José A. Lan gon e, Masao Uetan abaro, Ulisses Caram asch i e u m con

-su ltor an ôn im o p ela leitu ra do m an u scrito e valiosas -su gestões.

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Tabela III. Turno de vocalizações (17:00 às 06:00 h) das espécies de anuros em um a área urbana de Corum bá, M ato Grosso do Sul, de fevereiro de 2002 a janeiro de 2003.

Espécies 17:00

18:00 18:01 19:00

19:01 20:00

20:01 21:00

21:01 2:00

22:01 23:00

23:01 00:00

00:01 01:00

01:01 02:00

02:01 03:00

03:01 04:00

04:01 05:00

05:01 06:00

Bufo granulosus x x x

Hyla nana x x x x x

Phrynohyas venulosa x x x x x x x

Scinax nasicus x x x x x x x x x x x x

Phyllomedusa hypocondrialis x x x x x x x x x x

Pseudis paradoxa x x x x x x x

Dermatonotus muelleri x x x x x x x x

Leptodactylus chaquensis x x x x x x

Leptodactylus fuscus x x x x x x x x x x

Leptodactylus labyrinthicus x x x x x

Leptodactylus mystacinus x x

Leptodactylus syphax x x x x x x

Physalaemus albonotatus x x x x x x x x x x x x x

(6)

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Imagem

Tabela II. Núm ero de espécies, m odo reprodutivo, densidade de indivíduos vocalizando, total de espécies vocalizando e profundidade da coluna d'água em  um a área urbana de Corum bá (M S), no período de fevereiro de 2002 a janeiro de 2003
Tabela III. Turno de vocalizações (17:00 às 06:00 h) das espécies de anuros em  um a área urbana de Corum bá, M ato Grosso do Sul, de fevereiro de 2002 a janeiro de 2003

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