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Uso de um inibidor prostaglandinico nas crises de enxaqueca: estudo de 40 casos.

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Academic year: 2017

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USO DE UM INIBIDOR PROSTAGLANDINICO NAS

CRISES DE ENXAQUECA

ESTUDO D E 40 CASOS

ANTONIO LUIZ DOS S A N T O S WERNECK NETO* GILNISE DO SOCORRO BALES MARIOTTO **

ANTONIETA CAMPOS XAVIER ··

As prostaglandinas são formadas por ácidos graxos insaturados com 20

átomos de carbono derivados do ácido protanóico básico inativo. O ácido

protanóico é formado por um anel ciclopentano com 2 anéis hidrocarbonetos ligados aos átomos de carbono vizinhos. Essa substância foi descoberta em

conseqüência de observações independentes de Goldblatt e Euler em 1933-1934

que, em plasma seminal humano, encontraram um material vaso — depressor

e constritor dos músculos lisos. Conforme a configuração do anel ciclopentano

são classificados em 4 tipos: E, F, A e Β . 7

A prostaglandina Ε ( P G E )

liberada em certos tecidos, inclusive no cérebro, é capaz de sensibilizar os receptores da dor, provocando um estado de hyperalgesia.8

Welch e col.1 5

demonstraram que a PGE tem uma ação vasodilatadora

específica na artéria carótida externa e por este motivo "roubaria" sangue

de sistema carotídeo interno. Esta diminuição do fluxo sangüíneo carotídeo

interno poderia ser responsável pelas manifestações de déficit do sistema nervoso

central que ocorrem durante a c r i s e1 3

. Como a PGE é liberada na artéria

carótida externa, provavelmente por estímulo bioquímico da serotonina, acredi-ta-se que esteja envolvida no mecanismo da enxaqueca. Segundo Welch, os

pacientes com enxaqueca teriam uma hipersensibilidade hereditária da carótida

externa à P G E1 5 .

Pennink e col.1 2

demonstraram uma ação vasoconstrictora da prostaglandina

F 2 alfa, a qual pode estar relacionada com o primeiro estágio da enxaqueca.

Vários autores que fizeram estudos com esteróides não inflamatórios veri-ficaram que estas substâncias são capazes de baixar o nível da prostaglandina

Ε no líquido cefalorraqueano, por serem inibidores da síntese de

prostaglan-dinas 3 , 1 4 .

Os fenamatos, por inibirem a síntese e a ação exógena da prostaglandina

F na musculatura lisa brônquica, foram utilizados nas crises de enxaqueca por

(2)

Vardi e col.1 4

. Estes autores concluíram que o ácido flufenâmico pode ser

de grande utilidade na crise de enxaqueca, pois os resultados encontrados foram

superiores aos das drogas comumente empregadas neste tipo de cefaléia. A

indometacina inibe a síntese das prostaglandinas. Por este motivo resolvemos

empregar esta substância no tratamento da crise de enxaqueca.

Vardi e col.1 4

. Estes autores concluíram que o ácido flufenâmico pode ser

de grande utilidade na crise de enxaqueca, pois os resultados encontrados foram

superiores aos das drogas comumente empregadas neste tipo de cefaléia. A

indometacina inibe a síntese das prostaglandinas. Por este motivo resolvemos

empregar esta substância no tratamento da crise de enxaqueca.

M A T E R I A L Ε MÉTODO

O medicamento foi utilizado em 40 pacientes. Elm t o d o s estabeleceu-se c o m

certeza o diagnóstico d e enxaqueca. A idade variou entre 15 e 40 anos; 28 pacientes

eram d o s e x o feminino* e 12 eram d o sexo masculino. A sintomatologia apresentava

poucas variações de um paciente para outro, A duração d o tratamento foi de um

ano e meio.

Os pacientes que apresentavam crises dolorosas mais intensas usaram a dose inicial

de lOQmg, em sua maioria p o r v i a retal (31 c a s o s ) . Aqueles que apresentavam

crises mais moderadas utilizaram a dose d e 50mg e na sua maioria p o r via oral

(9 c a s o s ) . Elm todos o s pacientes, caso não houvesse melhora o u desaparecimento da

crise a medicação era repetida, na mesma dose, 6 horas depois.

Vinte e seis pacientes» j á haviam utilizado ergotamina n o combate à s crises e

obtiveram um resultado pobre. Aqueles que apresentaram b o a resposta à ergotamina

não entraram em nosso estudo.

R E S U L T A D O S

Vinte e nove pacientes obtiveram remissão completa da crise c o m a primeira ou

segunda dose d o medicamento. T r ê s pacientes obtiveram melhora discreta a p ó s a

primeira o u segunda dose. Verificamos também q u e este grupo de pacientes

apresen-tava resultados parciais apenas nas primeiras crises, poid à medida que as crises

se repetiam, a indometacina passava a n ã o provocar qualquer atenuação na

sintoma-tologia. Um destes pacientes queixava-se d e baixa acentuada da visão no início da

crise e referiu recrudecimento completo d e tal sintoma c o m a indometacina, sem melhorar

da d o r de cabeça.

Os oito pacientes restantes não obtiveram melhora alguma na crise de enxaqueca

(3)

Dentre o s efeitos colaterais o mais freqüente foi o aparecimento de tonteiras em

20% d o s pacientes. Também 20% d o s pacientes apresentaram náuseas, enquanto 10%

referiram discreta sonolência. Nenhum destes efeitos, entretanto, prejudicou o uso do

medicamento, j á que foram desaparecendo c o m o emprego regular do mesmo.

COMENTÁRIOS

A indometacina é uma arma potente no combate às crises de enxaqueca.

O único esteróide não inflamatório utilizado nas crises de enxaqueca que

conhe-cemos é o ácido flufenâmico. Os autores que o utilizaram referiram bons

resultados e julgaram que por ser o único inibidor de prostaglandina que inibe

não somente a síntese da prostaglandina, mas também a ação vasodepressora

da prostaglandina F, seria o mais capaz de atuar nas crises de enxaqueca.

Pelo nosso estudo, verificamos que os efeitos da indometacina sobre a

crise de enxaqueca são semelhantes aos do ácido flufenâmico, o que ao nosso

ver invalida a possibilidade de predomínio da ação inibidora vasodepressora

sobre a ação inibidora da biossíntese das prostaglandinas. A indometacina

é, portanto , bastante útil no tratamento das crises de enxaqueca e pode até

mesmo superar a ergotamina em efetividade, principalmente se levarmos em

conta dois fatos: a) os efeitos colaterais da ergotamina que são muito mais

intensos; b) o maior número de pacientes que não respondem à ergotamina.

RESUMO

Um anti-inflamatório não esteróide (indometacina) foi utilizado em um grupo

de 4 0 pacientes com enxaqueca. O medicamento foi utilizado apenas durante

as crises, sendo obtidos resultados positivos em 72% dos casos. Esta é a primeira vez que se realiza um trabalho estatístico com esta substância nas

crises de enxaqueca. Vinte e seis pacientes já haviam utilizado a ergotamina

em larga escala sem apresentar melhoras.

SUMMARY

Use of a prostanglandin inhibitor in migraine attacks.

An anti-inflamatory nonsteroidal drug (indomathacin) was employed in a

group of 40 migrainous patients. The drug was utilized just during the attacks.

Positive results were obtained in 72% of the cases. Twenty-six patients had

already utilized the ergotamine tartrate on a large scale without improvement.

R E F E R E N C I A S

1. CARLSON, L . Α . ; E K E L U N D , L . G. & O R O , L . — Clinical and metabolic effects of different dosea o f prostaglandin El in man. Acta m e d . Scand. 183:423, 1968.

RESUMO

Um anti-inflamatório não esteróide (indometacina) foi utilizado em um grupo

de 4 0 pacientes com enxaqueca. O medicamento foi utilizado apenas durante

as crises, sendo obtidos resultados positivos em 72% dos casos. Esta é a primeira vez que se realiza um trabalho estatístico com esta substância nas

crises de enxaqueca. Vinte e seis pacientes já haviam utilizado a ergotamina

em larga escala sem apresentar melhoras.

SUMMARY

Use of a prostanglandin inhibitor in migraine attacks.

An anti-inflamatory nonsteroidal drug (indomathacin) was employed in a

group of 40 migrainous patients. The drug was utilized just during the attacks.

Positive results were obtained in 72% of the cases. Twenty-six patients had

already utilized the ergotamine tartrate on a large scale without improvement.

R E F E R E N C I A S

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