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ARTIGO
DE
REVISÃO
The
influence
of
antineoplastic
treatment
on
the
weight
of
survivors
of
childhood
cancer
夽
Julia
Ferrari
Carneiro
Teixeira
a,
Priscila
dos
Santos
Maia-Lemos
b,
Mônica
dos
Santos
Cypriano
be
Luciana
Pellegrini
Pisani
c,∗aUniversidadeFederaldeSãoPaulo(UNIFESP),ProgramadePós-graduac¸ãoemAlimentos,Nutric¸ãoeSaúde,Santos,SP,Brasil bInstitutodeOncologiaPediátrica/GrupodeApoioaoAdolescenteeàCrianc¸acomCâncer(IOP/GRAACC),SãoPaulo,SP,Brasil cUniversidadeFederaldeSãoPaulo(UNIFESP),DepartamentodeBiociências,Santos,SP,Brasil
Recebidoem8demarçode2016;aceitoem23demarçode2016
KEYWORDS
Neoplasms; Child; Survivors; Obesity; Radiotherapy; Bonemarrow transplantation
Abstract
Purpose: Obesityisalateeffectinsurvivorsofchildhoodcancerandcorrelateswithchronic
complications.Survivorsofleukemia,braintumors,andhematopoieticstemcell transplanta-tionaremorelikelytodevelopobesityresultingfromtreatmentmodalitiessuchasradiotherapy andglucocorticoids.Thispaperanalyzesandintegratesthecurrentdataavailabletohealth pro-fessionalsinordertoclarifystrategiesthatcanbeusedtotreatandpreventobesityinchildhood cancersurvivors.
Sources: This isaliterature reviewfrom onscientificallyreliable electronicdatabases.We
selectedarticlespublishedinthelastfiveyearsandearlierarticlesofgreatscientific impor-tance.
Datasynthesis: Themechanismsinvolvedinthepathophysiologyofobesityincancersurvivors
arenotcompletelyunderstood,butitisbelievedthatdamagetothehypothalamusand endo-crinedisorderssuchasinsulinresistance,leptinresistance, andhormonedeficiencymaybe involved.Thebodycompositionofthisgroupincludesapredominanceofadiposetissue, espe-ciallyinthoseundergoinghematopoieticstemcelltransplantandtotalbodyirradiation.The useofbodymassindexinthesepatientsmayleadtoanunderestimationofindividualsriskfor metaboliccomplications.
Conclusion: Early identificationofgroupsusingaccurateanthropometricassessments,
inter-ventionaltreatment,and/orpreventativemeasuresandcounselingisessentialtominimizethe adverseeffectsoftreatment.Physicalactivityandhealthyeatingtopromoteweightlossin thewholepopulationshouldbeencouraged.
©2016PublishedbyElsevierEditoraLtda.onbehalfofSociedadeBrasileiradePediatria.Thisis anopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/ by-nc-nd/4.0/).
DOIserefereaoartigo:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2016.04.003
夽 Comocitaresteartigo:TeixeiraJF,Maia-LemosPS,CyprianoMS,PisaniLP.Theinfluenceofantineoplastictreatmentontheweightof
survivorsofchildhoodcancer.JPediatr(RioJ).2016;92:559---66. ∗Autorparacorrespondência.
E-mail:lucianapisani@gmail.com(L.P.Pisani).
PALAVRAS-CHAVE
Neoplasias; Crianc¸a; Sobreviventes; Obesidade; Radioterapia; Transplantede MedulaÓssea
Ainfluênciadotratamentoantineoplásicosobreopesodesobreviventesdocâncer nainfância
Resumo
Objetivo: Aobesidadeéumefeitotardioemsobreviventesdocâncernainfânciaeestá
cor-relacionada comcomplicac¸ões crônicas. Ossobreviventesdaleucemia, tumorescerebraise transplantedecélulas-troncohematopoiéticastêm maiorprobabilidadededesenvolver obe-sidadecomoresultadodasmodalidadesdetratamento,comoradioterapiaeglicocorticoides. Esteartigoanalisaeintegraosdadosatuaisdisponíveisaprofissionaisdasaúdeparaesclarecer asestratégiasquepodemserusadasparatratarepreveniraobesidadeemsobreviventesdo câncernainfância.
Fontes: Estaéumaanálisedaliteraturadebasesdedadoseletrônicascientificamente
confiá-veis.Selecionamosartigospublicadosnosúltimoscincoanoseartigosmaisantigosdegrande importânciacientífica.
Resumodosdados: Osmecanismosenvolvidosnafisiopatologiadaobesidadeemsobreviventes
docâncernãosãocompletamenteentendidos,porémacredita-sequeodanonohipotálamoe disfunc¸õesendócrinas,comoresistênciaàinsulina,resistênciaàleptinaedeficiência hormo-nal,possamestarenvolvidos.Acomposic¸ãocorporaldessegrupoincluiumapredominânciade tecidoadiposo,principalmenteempacientessubmetidosatransplantedecélulas-tronco hema-topoiéticaseirradiac¸ãodetodoocorpo.Ousodoíndicedemassacorporalnessespacientes poderálevaraumasubestimac¸ãodoriscodecomplicac¸õesmetabólicasnessaspessoas.
Conclusão: Aidentificac¸ãoprecocedegrupospormeiodeavaliac¸õesantropométricasprecisas,
otratamentointervencionale/oumedidaspreventivaseaconselhamentosãofundamentaispara minimizarosefeitoscolateraisdotratamento.Aatividadefísicaealimentac¸ãosaudáveldevem serincentivadasparapromoveraperdadepesonapopulac¸ãoemgeral.
©2016PublicadoporElsevierEditoraLtda.emnomedeSociedadeBrasileiradePediatria.Este ´
eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/ by-nc-nd/4.0/).
Introduc
¸ão
A obesidade é um efeito tardio reconhecido em sobrevi-ventesdocâncernainfânciaobservadoprincipalmenteem algunsgrupos,comosobreviventesdetumorescerebraisou de leucemia,pois esses tipos de câncer são associados a outrasdoenc¸as crônicas, incluindo diabetes, hipertensão, depressão,doenc¸acardiovascularedislipidemia.1,2A
obesi-dadenessesgruposdepessoasébemdescritanaliteratura;
entretodosossobreviventes,foicomprovadoque
radiotera-piacraniana(CRT),quimioterapiaeesteroidescontribuem
paraumaalterac¸ãonacomposic¸ãocorporaldepacientesjá
liberadosdotratamentooncológico.3
Alterac¸ões endócrinas e metabólicas foram
registra-das como altamente prevalentes em sobreviventes de
câncerquereceberamtransplantedecélulas-tronco
hema-topoiéticas (TCTH). Os fatores de contribuic¸ão podem
incluir tratamento imunossupressor intensivo ou
prolon-gado, disfunc¸ão endócrinapós-transplante e resistênciaà
insulinaouleptina. Emboranãohaja estudosquesugiram
que o TCTH seja a causa, a prevenc¸ão e o tratamento
precoce de riscos cardiovascularesnesses pacientes pode
diminuir a incidência de complicac¸ões tardias após o
transplante.4
Aidentificac¸ãoprecocedegruposdealtorisco,seguida
deumplanodetratamentocombaseemavaliac¸ões
metabó-licasenutricionaisqueincluaoaumentodeatividadefísica,
é umcomponente essencial na prevenc¸ão daobesidade.5
Comesseconhecimento,éimportanteestudarascausasda
obesidadeemtodosossobreviventesdocâncernainfância,
abordar não apenas causas bem documentadas na
litera-tura como influentes, mas tambémfatores causais pouco
exploradosnessegrupo.Tambémquestionamosaeficáciado
índicedemassacorporal(IMC)comoindicadorpara
identi-ficarpacientesacimadopeso,poisessesindivíduospassam
poralterac¸õesnacomposic¸ãocorporale,portanto,os
paci-entescom riscodecomplicac¸ões metabólicaspoderão ser
ignorados. Portanto, nosso objetivo é promover a
discus-sãosobreoassuntopormeiodecompilac¸ãodedadosedo
entendimentodaspossíveiscausasealertarprofissionaisda
saúde sobrea importância desse assunto. A promoc¸ão do
debate na comunidadeacadêmica é essencial para
incen-tivara implantac¸ãodefuturaspolíticaspúblicas desaúde
paraimpediraobesidadeemcrianc¸as eadolescentescom
câncerefuturossobreviventes.
Métodos
Tabela1 Resumodosestudossobreosprincipaisfatoresderiscorelacionadosaobesidadeesíndromemetabólicaem sobre-viventesdocâncernainfância
Resultados N◦ de
estudos Obesidade
Fatorderisco Autor/Tipodetumor
Radioterapiacraniana(CRT) Oeffingeretal.(2003)/Leucemia Chowetal.(2013)/Leucemia
Lustigetal.(2003)/Sistemanervosocentral(SNC) Ahmetetal.(2006)/SNC
Milleretal.(2010)/Leucemiaelinfoma
5
CRTfeminino(>20GY) Oeffingeretal.(2003)/Leucemia 1
Idade(<5anos) Oeffingeretal.(2003)/Leucemia 1
Idade(<10anos) Chowetal.(2013)/Leucemia 1
Transplantedecélulas-tronco hematopoiéticas(TCTH)
Chowetal.(2013)/Leucemia Inabaetal.(2012)/Todosostipos Rubleetal.(2012)/Todosostipos
3
Tratamentoantineoplásico
(qualquertipoeestágio)
Mayeretal.(2000)/Leucemia Esbenshadeetal.(2011)/Leucemia
2
Sobrepeso
(iníciodotratamento)
Zhangetal.(2014)/Leucemia 1
Sobrepeso
(independentementedeoutras
características)
Zhangetal.(2014)/Leucemia 1
Cirurgialocal/Extensa Lustigetal.(2003)/SNC Ahmetetal.(2006)/SNC
2
Deficiênciadehormôniodocrescimento (GH)
Lustigetal.(2003)/SNC Ahmetetal.(2006)/SNC
2
Gastodeenergiareduzido Harzetal.(2003)/SNC 1
Capacidadefuncionalcomprometida
(mobilidadereduzidae/oufraqueza
muscular)
Nessetal.(2014)/SNC Pietiläetal.(2009)/SNC Hoffmanetal.(2008)/Sarcoma
3
Assistiràtelevisão Milleretal.(2010)/Leucemiaelinfoma 1
Nutric¸ãoinadequada Berdanetal.(2014)/Todosostipos
Shams-Whiteetal.(2015)/Leucemiaelinfoma
2
Síndromemetabólica N◦ de
estudos
Fatorderisco Autor/Tipodetumor
TCTH
(incluindoirradiac¸ãodetodoocorpo[TBI])
VanWaasetal.(2010)/LeucemiaeSNC Oudinetal.(2011)/Leucemia
Taskinenetal.(2000)/Todosostipos Frisketal.(2011)/Todosostipos ScottBakeretal.(2007)/Todosostipos
5
grandeimportância científica,com exclusãodaquelesque não se adequam ao trabalho proposto, e estratificamos segundoomodelodoestudo,númerodeparticipantes,tipo detumor,objetivodoestudoeosresultadosobtidos.Segue um resumodos principais estudos que serão abordados e descritosnestaanálise(tabela1).
Optamos por dividir ostópicos dediscussão de acordo
comotumor eotratamento porseremosprincipaistipos
descritosnaliteraturacorrelacionadaàobesidade.
Resultados
e
discussão
Leucemialinfoblásticaaguda(LLA)
OganhodepesoexcessivoduranteotratamentodaLLA
normalmente está relacionado ao uso de esteroides, aos
transtornosalimentares,àradioterapiadosistemanervoso
central(SNC)eaogastoreduzido deenergiadevidoà
ina-tividadefísica.3 Oganhodepeso posterior ao tratamento
tambémfoiassociadoàCRTeasmulheressãomaisafetadas
doqueoshomensdeacordocomumaanálisede1.765
adul-tossobreviventesdecâncernainfânciainscritosnoEstudo
deSobreviventesdeCâncernaInfância(CCSS).Entreeles,
assobreviventesdosexofemininotratadascom20Gy
apre-sentaramumaprobabilidadeduasatrêsvezesmaiordeser
obesasemcomparac¸ãocomseusirmãosdosexomasculino.
Aquelestratadosantesdos5anosapresentaram uma
pro-babilidadequasequatrovezesmaiordeserobesos doque
seusirmãos.Alémdisso,meninostratadoscom20Gy
apre-sentaramumachancequaseduasvezesmaiordeserobesos
emcomparac¸ãocomseusirmãosdosexomasculino.7,8
Deacordocomessainfluênciadaradioterapiaobservada
combasenopeso, Mayeretal.relataramquea
prevalên-ciadaobesidadefoisignificativamentemaiorapósaterapia
deLLAquandoos fatoresdeobesidadeapós a terapiade
LLA foram avaliados durante um estudo transversal com
39 sobreviventes da doenc¸a. Em comparac¸ão com os
pacientes não irradiados, aqueles submetidos à terapia
apresentaramtaxasdemetabolismobasal(TMB)altamente
reduzidas,bemcomo umareduc¸ão em seusníveis de
ati-vidade física e concentrac¸ões menores de proteína 3 de
ligac¸ão ao fator de crescimento semelhante à insulina
edetiroxinalivre.9
EmsuaanálisedosefeitosdiferenciaisdeCRT,
radiote-rapiaespinhal e irradiac¸ão de todo o corpo (TBI) sobreo
crescimentoe a func¸ão endócrinade 3.467 sobreviventes
deLLA,oCCSSconstatouqueospacientestratadoscomTBI
apresentavam,deformasignificativa, maiorprobabilidade
deterpesoabaixodamédiadoqueaquelesquenão
rece-beram dose de radioterapia. Também foi constatado que
aquelestratadoscomCRTapresentavam,deforma
significa-tiva,maiorprobabilidadedeestaracimadopesoouobesos.
Oestudomostrouqueaidadeinferiora10anosno
diagnós-ticoeoTCTHsãocaracterísticasindependentesassociadas
a alterac¸ões noIMC e a um maior risco de sobrepeso ou
obesidade.Outrosachadosdoestudoincluemoseguinte:a
suplementac¸ãocomhormôniodocrescimento(GH)foi
asso-ciadaaopeso abaixodamédiae assobreviventesdosexo
feminino,aocontráriodeestudosanteriores,apresentaram
menorprobabilidadedeestaracimadopesoouobesasdo
que os sobreviventesdo sexo masculino. Os autores
con-cluíramquepacientestratadoscomquaisquerdasterapias
mencionadas apresentaram maior risco de alterac¸ões na
composic¸ãocorporal.10
Apesardediversasevidênciasdaassociac¸ãoentre
obesi-dadeeradioterapia(RT),osestudostambémtêmmostrado
queospacientesapresentamriscodesobrepesoemtodasas
fases detratamento, independentemente damodalidade.
Aoavaliaro IMC de183 pacientescomLLAdurante todas
asfasesdetratamento(diagnóstico,induc¸ão,consolidac¸ão
e manutenc¸ão), observamos que, nodiagnóstico, 36% dos
pacientesestavamacimadopesoe19%estavamobesos.O
escorezdeIMCmédioaumentouduranteafasedeinduc¸ão
e, posteriormente, retornou à linha de base; entretanto,
aumentounovamenteao longodos primeiros22mesesde
manutenc¸ão.Aotérminodotratamento,49%dospacientes
estavamacimadopeso e21%estavamobesos.Oaumento
no escore z de IMC durante o diagnóstico foi associado
ao aumento do escore z durante a fase de manutenc¸ão.
Oestudoconcluiuqueospacientescorremriscodeaumento
doIMCemtodasasfasesdetratamento,oqueimplicaum
riscomaiorcomrelac¸ãoacondic¸õesdesaúdeadversasno
futuro.11
Outroestudo semelhanteexaminouo IMCde 83
sobre-viventespediátricosdeLLAefoiobservadoque opesono
diagnóstico eo escorez deIMC sãodoisimportantes
pre-ditoresdesobrepesoeobesidadenofimdotratamento.Os
pacientesqueestavamacimadopesoouobesosno
diagnós-ticoapresentaramprobabilidade11,9maiordeestaracima
do peso ou ser obesos no fim de seu tratamento do que
aqueles que estavam com peso abaixo da média ou com
peso normalnodiagnóstico. Umaumentodeumaunidade
noescorezdeIMCnodiagnósticofoiassociadoàtriplicac¸ão
do risco de estar acimado peso ouobeso no fim do
tra-tamento. O estudo finalmente conclui que sobreviventes
deLLA têmrisco deficaracima dopeso noiníciodo
tra-tamento e que seu aumento de peso é mantido durante
todootratamento,oquetornanecessáriaumaintervenc¸ão
precoce.12 Emreafirmac¸ãodessesachados,omesmoautor
descobriu em uma metanálise dos sobreviventes de LLA
que aobesidadeé prevalentenesse grupoe nãodepende
das características dos pacientes,como sexo ouidade no
diagnóstico,e dostratamentos,como irradiac¸ãocraniana.
Assim,profissionaisdaáreadasaúdepoderãoprecisar
pres-taratenc¸ãoespecialaessessobreviventes.13
Além de obesidade, a síndrome metabólica (SM)
tam-bémé vivenciadaporsobreviventesdecâncerna infância
como consequência de tratamentos antineoplásicos.A SM
pode ser definida como um grupo de fatores de risco
inter-relacionados de origem metabólica que contribuem
diretamenteparaodesenvolvimentodedoenc¸a
cardiovas-cular (DCV) e/ou diabetes mellitus tipo 2. Os fatores de
risco bemconhecidosdaSMincluemdislipidemia
aterogê-nica,pressão arterialelevadaeníveis elevados deglicose
plasmática.Pessoascomessascaracterísticasnormalmente
apresentam estado pró-trombótico e pró-inflamatório. A
dislipidemiaaterogênicaincluiváriasalterac¸õesnosníveis
de lipoproteínas,incluindoum aumentonotriacilglicerol,
na apolipoproteína B (apo B) e na lipoproteína de baixa
densidade(LDL)eumareduc¸ãonalipoproteínadealta
den-sidade(HDL). Obesidadeabdominal,resistênciaà insulina
(RI),sedentarismo,envelhecimentoedesequilíbrio
hormo-nalpodempromoverfatoresderiscometabólicos.14
Ossobreviventesdocâncernainfância,principalmente
ostratadoscomirradiac¸ãocraniana,enfrentammaiorrisco
de desenvolver SM quando adultos,15 principalmente os
que tiveramLLAe cânceres noSNC e apresentaram
fato-res derisco como adiposidadevisceral, dislipidemia,RIe
hipertensão.16,17Osautoresdeumestudodeterminaramque
aprevalênciadeSMemsobreviventesfrancesesdeLLAfoi
de9,2%,odobrodataxanapopulac¸ãogeraldejovens
adul-tosfranceses.Nãohouveassociac¸ãoentreaprevalênciade
SM e sexo,idade nodiagnóstico, subtipo deleucemia ou
tratamentocomesteroidesouirradiac¸ãodoSNC.18
Asdoenc¸asendócrinasobservadasemsobreviventesque
receberamumTCTHsãomultifatoriaisecorrelacionadasà
idadedopaciente,doenc¸abaseetipodetransplante
que usa doses elevadas de agentes quimioterápicos
sozi-nhosoucombinadoscomradioterapia,destinadoaeliminar
célulasmalignasativaseresiduais,poderáserumfatorde
contribuic¸ão parao desenvolvimento dedoenc¸as
endócri-nas.Outrofatordecontribuic¸ãopodeseraadministrac¸ão
deagentesimunossupressores,destinados aproduzir
toxi-cidadehematopoiética precoceoutardia, comoprofilaxia
contraadoenc¸adoenxertocontraohospedeiro(DECH).19,20
Sistemanervosocentral
Deficiências hormonais e obesidade são complicac¸ões comunsapósotratamentodetumoresdoSNC.Atualmente, osprincipaisfatoresderiscoqueparecemprevero desenvol-vimentodeobesidadeemsobreviventesdetumoresdoSNC sãoidade no diagnóstico, irradiac¸ão do hipotálamomaior doque 51Gy,localizac¸ão do tumor, extensãoda cirurgia, histologiadotumorepresenc¸adedoenc¸asendócrinas, prin-cipalmenteadeficiênciadeGH.21,22
Oscraniofaringiomassãotumoresrarosquerepresentam
2% a 5% dos tumores do SNC e se originam de resquícios
doepitélioescamosodabolsadeRathke.23 Os
sobreviven-tesdecraniofaringiomaapresentamriscosubstancialmente
elevadodeobesidadeextremadevidoàlocalizac¸ãodeseu
tumor cerebral e a lesões do hipotálamo resultantes de
ressecc¸ãocirúrgica.Essaspessoasvivenciamumestadode
obesidadehipotalâmica,definidacomoqualquer lesãonos
centrosdecontroledeenergiadohipotálamo,responsável
pelaregulac¸ãodepesocorporalpormeiodoequilíbrioentre
ingestão de alimentos, gasto de energia e quantidade de
tecidoadiposo.24Essaslesões,quepodemaparecerno
hipo-tálamoventromedial,nonúcleoparaventricular,nonúcleo
arqueadoe nohipotálamolateral,podemresultarde
pro-cedimentos cirúrgicos, tratamentosantineoplásicos ou do
própriotumor.Alesãopodeserdenaturezaestrutural,
fun-cionalougenéticaecomprometer,emúltimainstância,as
func¸ões dohipotálamo e levar a umestadode obesidade
severa.25
Aconsequentemorbidezdaressecc¸ãoradical dotumor
feita para reduzir as chances de recidiva é explicada
pela relac¸ão anatômicaíntima dos craniofaringiomas com
a neuro-hipófise e principalmente com o hipotálamo. O
transtornohipotalâmico-hipofisário---caracterizadopor
pan--hipopituitarismo, obesidade, hiperfagia, obsessão com a
buscadecomidaedistúrbiosneuropsicológicos---afeta
dras-ticamente aqualidade devidadascrianc¸as afetadase de
suasfamílias.26
Emboraadosagemeadurac¸ãodotratamentocom
dexa-metasonapericirúrgicatenhaumainfluênciadecurtoprazo
sobreoganhodepesopós-cirúrgicoempacientescom
crani-ofaringioma,nãoépossívelafirmarqueafetemaobesidade
mórbida de longoprazo. Outros fatorespodemestar
cor-relacionadoscom oganho depeso nessegrupo,conforme
observadoporHarzetal.,quedescobriramqueseus
pacien-tesobesoscomcraniofaringiomaapresentaramuma
inges-tãocalóricapróximadonormal,porémumgastodeenergia
reduzidoemcomparac¸ãocomogrupodecontrolecomIMC
semelhante.Osautorestrabalhamcoma hipótesedeque
essefenômenopossaestarrelacionadoadéficits
neurológi-cosevisuais,bemcomoaumaproduc¸ãonãocontroladade
melatonina,elevaraumaumentodasonolênciadiurna.27
Ostratamentos forampropostos de formaa minimizar
aobesidadehipotalâmicapresentenessegrupode
pacien-tes.Emumestudorandomizadoduplo-cegoqueusaterapia
comoctreotidaparaobesidadehipotalâmicapediátrica,foi
observadoque,deformaanálogaàsomatostatina,resultou
naestabilizac¸ãodopesoe doIMC.Adicionalmente,o
tra-tamentocomplacebonãoresultouem alterac¸ãonoíndice
deganhodepeso,oquesugereefeitosbenéficosda
octreo-tidanessegrupo.28Outroestudoavaliouoefeitodaterapia
combinadacom diazóxido emetformina paraaobesidade
hipotalâmica e observou uma reduc¸ão no IMC e na área
abaixodacurvadeinsulina,oqueéumavariávelpreditora
daeficáciadotratamento.29
Alémdasterapiasmedicinais,agastroplastiaredutorafoi
propostacomoummétodoeficienteeseguroparatratara
obesidadehipotalâmica,conformedescritoem umestudo
de caso de um homem adulto submetido à ressecc¸ão do
craniofaringiomaaos8anos.Após18mesesda
gastroplas-tiaredutora, houveumareduc¸ãonoIMC de 52kg/mpara
31,9kg/m,bem comoremissão totaldadiabetes tipo2 e
melhoriaexpressadesuaapneia.30
Outrostiposde tumoresnoSNCtambémpodemafetar
ometabolismodeformaimportante.Heikensetal.
inves-tigaram fatores de risco de DCV em um grupo misto de
sobreviventesdelongoprazodetumoresnoSNCe
descre-vemumperfilderiscoalteradoparaessegrupodepacientes
devidoadislipidemia,obesidadeabdominalepressão
arte-rialsistólicaelevada,principalmenteparaosquesofremde
umadeficiênciadeGH.31Mecanismosadicionaiscontribuem
paraoexcesso depeso nessegrupo,incluindomobilidade
reduzida, fraqueza nos músculos e tolerância reduzida a
atividadefísica,oquecomprometesuacapacidadede
par-ticiparcompletamentedeumarotinadiárianormal.32,33
Outrostiposdecâncer
Oexcessodepeso nãofoidemonstrado apenasem sobre-viventesdeLLAoudetumoresdoSNC.Outrosestudosque exploramgruposisoladosdetiposdetumores,alémde estu-dosagrupados sobre sobreviventesdocâncer na infância, mostraramalterac¸õesnospadrõesdeIMCdossobreviventes. Ao analisar os sobreviventes do sarcoma na infân-cia−predominantementeosarcomadeEwing---nosEstados
populac¸ãofoiassociadoaosníveisreduzidosdetestosterona ecapacidadefuncional.34
Foram descritas as alterac¸ões na composic¸ão corporal
dos sobreviventese os problemas relacionados ao uso do
IMC. Um estudo com 170 sobreviventes de LLAe linfoma
buscoucompararindicadoresdegorduracorporalefatores
metabólicosrelacionadosàgorduracorporaledeterminaro
riscodeadiposidadeemsobreviventesdocâncernainfância
quereceberamumaamplagamadetratamentos.Osautores
concluíramqueastaxasdegorduratotaldocorpoe
abdo-minalsãomaioresemsobreviventesdecâncernainfância
dosexomasculinodoqueemcontrolesirmãoseoIMCnão
éumindicadorsensíveldeadiposidade.Parasobreviventes
tantodosexomasculinocomodofeminino,aCRTouassistir
àtelevisãoforamassociadosàadiposidade.35
Os tratamentos do câncer podem ter impacto sobre a
regiãocerebral dohipotálamo-hipófisee causarmudanc¸as
delongoprazonoconsumoenacompulsãoalimentar,como
sugeridoporautoresqueusaramum‘‘inventáriodedesejo
alimentar’’modificadoem22sobreviventesdeleucemiae
linfomana infância. Comparados com sobreviventes
diag-nosticadosmaiscedo(<4,5anos), aquelesdiagnosticados
maistardetiveramsignificativamentemaisdesejosnototal
edesejoporfastfood,doces,carboidratosegordura;
por-tanto,aidadedediagnósticopossivelmenteafetadesejos
alimentaresemsobreviventesdecâncernainfância.36
Hábitosmaissaudáveis,comonutric¸ãoadequada,fator
modificável e preventivo de doenc¸as crônicas, não foram
demonstradosemsobreviventes,comofoiindicadoemum
estudo por Berdan et al. em 2014 que pretendeu avaliar
a adesãode sobreviventesde câncer na infância às
dire-trizesda SociedadeAmericana contra o Câncer (ACS) em
comparac¸ão comumgrupo decontrole.Apenas35,8%dos
pacientessobreviventesseencaixaram em umafaixa
sau-dáveldeIMC, aopassoque 2,9%estavamabaixo dopeso,
28,9%estavam acimado peso e 32,4% foramclassificados
comoobesos.Ossobreviventeshispânicosapresentaramum
IMCmaiordoqueosbrancos.Arespeitodoconsumode
ali-mentos,apenas4,8%dossobreviventesaderiramtotalmente
àsrecomendac¸õesdaACS.Apenas10,2%seguiramaingestão
recomendadadefibraalimentare 17,7%consumiam cinco
frutas e verduraspor dia, aopasso que 46,2%seguiram a
recomendac¸ãoparacarnevermelhaprocessada.37
Transplantedecélulas-troncohematopoiéticas (TCTH)
OsTCTHs,incluindotransplantesdecélulas-tronco autólo-gas oualógenas damedula óssea, do sangue periférico e dosangue docordãoumbilical, aumentaram consideravel-mentenosúltimosanos.OTCTHéaplicávelprincipalmente no tratamento de leucemia e tumores sólidos, mas tam-bém é efetivo no tratamento de doenc¸as hematológicas, imunológicasegenéticasenacuradedoenc¸asmetabólicas nãohematológicas.Avanc¸osnatecnologiadetransplantee práticasdeapoioaotratamento levarama melhorias pro-gressivasnasobrevidadereceptoresdeTCTH;contudo,em virtude deos pacientesviverem maisapós o transplante, o risco de desenvolver complicac¸ões tardias relaciona-das a exposic¸ões pré, peri e pós-transplante aumentou. Essas complicac¸ões podem causar morbidez substancial,
piorianaqualidadedevidadospacientesecontribuirpara a mortalidade tardia nessas pessoas. Os efeitos colate-rais maiscomuns, que normalmente resultam de regimes decondicionamentopré-transplante,incluemdistúrbiosde crescimentoedatireoide,alterac¸õesmetabólicas, insufici-ênciagonadaleosteoporose.4,38
Quandoafrequênciadeefeitostardiossobreaglicosee
o metabolismo lipídico após o transplante na infância foi
avaliada, 52% dos pacientes com transplantes
apresenta-ram RI.Osprincipais indicadoresde SM (hiperinsulinemia
e hipertrigliceridemia combinadas)foramencontradosem
39%dospacientesdetransplante,emcomparac¸ãocom8%
emumgrupodecontroledesobreviventesdeLLAtratados
apenascom quimioterapia(sem TCTH)e 0% noscontroles
saudáveis.AfrequênciadeRIaumentoucomotempodepois
que o TCTH foifeito. A obesidadeabdominal eracomum
entrepacientescom RI.Osautores chegaramà conclusão
dequeossobreviventesdelongoprazosubmetidosaoTCTH
apresentamriscosubstancialdeRI,intolerânciaaglicosee
diabetesmellitustipo2mesmocompesonormaleemuma
idadejovem.39Osautoressugeremqueareduc¸ãona
sensibi-lidadeàinsulinapodeserexplicadaporcomposic¸ãocorporal
adversa após TCTH, conforme avaliado em um estudo
transversal com 18 sobreviventes do câncer do sangue
(leucemia e linfoma) na infância que foram submetidos
ao transplante e completaram dez anos sem tratamento.
Com o uso daDexa, foi mostrado que a massa gordaera
significativamentemaioreamassacorporalmagraera
signi-ficativamentemenornossobreviventesdoquenospacientes
dogrupodecontrole eessesparâmetrossecorrelacionam
inversamente com sensibilidade à insulina. O IMC
medi-anodosobreviventefoide21,6kg/m2.OIMCtendeuaser
menor nogrupodesobreviventesdevidoàmassa corporal
magrareduzida,porémseuspercentuaismaioresdemassa
gorda foramassociados a umareduc¸ão na sensibilidade à
insulina.40
AlémdopróprioTCTH,aTBIcomoterapiapreparatória
para TCTH foidescrita por desempenharumpapel
essen-cial na gênese da RI, conforme indicado por um grande
estudo multicêntrico que incluiu sobreviventes adultos e
pediátricosdetransplantes.Oriscodedesenvolverdiabetes
mellitustipo2eratrêsvezesmaiorempacientesqueforam
submetidosaTCTHeesseriscofoiassociadoàTBI.41
Embora as complicac¸ões endócrinas em pacientes que
receberamumTCTHtenhamsidobem descritasna
litera-tura,ascausasdoexcessodepesonessegrupocontinuaram
controversas.Essacontrovérsiaexistepossivelmentedevido
à especificidade comprometida do uso do IMC como
indi-cador de SM em sobreviventes do câncer na infância,
principalmente nos que foram submetidos a transplante.
Um estudomediu asalterac¸ões dopeso longitudinal e da
composic¸ão corporal em sobreviventesde doenc¸as
hema-tológicas malignas na infância e observou uma reduc¸ão
significativanoIMCdesobreviventesapós oTCTH, devido
principalmente a uma reduc¸ão na massa corporal magra.
Deacordo comosautores, osachados doestudo poderão
seratribuíveisàTBIe/ouaograudaDECHcrônica.
Adicio-nalmente,eles sugeremqueprofissionais dasaúdedevem
estar alertas para perdas não apenas no IMC, mas
tam-bém na massa magra desses sobreviventes, para garantir
intervenc¸ão precoce e adequada com base em educac¸ão
Rublesetal.corroboraramessesachados eobservaram
que 54% dos sobreviventes apresentavam percentuais de
gordura corporal (medidos pela Dexa) que ultrapassaram
asrecomendac¸õesparaumacomposic¸ãocorporalsaudável
e 31% apresentavam obesidade abdominal. O tratamento
anteriorcomTBIfoiassociadoaopercentualdegordura
cor-poralmaioreàobesidadeabdominaleaDECHaopercentual
de gordura corporal menor. Oscritérios de IMC não
iden-tificaramcorretamenteossobreviventesdoTCTH comum
percentualdegorduracorporalelevado.Oestudoconcluiu
queossobreviventesquereceberamumTCTH na infância
corremriscodedesenvolverobesidadeeobesidade
abdomi-nal,oquenãoéfacilmenteidentificadopelos critériosde
IMCpadrão.43
Conclusão
Ossobreviventes deLLA e tumores do SNC sãomais pro-pensosa desenvolverobesidadedevidoàsmodalidadesde tratamento empregadas, porém tratamentos antineoplási-cosinfluenciamaaparênciadeexcessodepesoemtodosos sobreviventesdocâncernainfância,independentementedo tipode tumor. Comona populac¸ão em geral, outros fato-res contribuem para o ganho de peso nos sobreviventes, considerandoqueaobesidadeéumadoenc¸amultifatorial; essesfatoresincluemmánutric¸ão,sedentarismoe caracte-rísticasgenéticas individuais.Além disso, a administrac¸ão de TCTH e TBI afetaa composic¸ão corporal ao aumentar a adiposidade, reduzir a massa corporal magra e aumen-tarcomplicac¸õesmetabólicas.Anecessidadedeassistência nessegrupoéclara.Estratégiasparaidentificac¸ãoprecoce de pacientes de alto risco e desenvolvimento de mode-losintervencionistas,incluindoaconselhamentonutricional, devemseroferecidosporprofissionaisdasaúdepara mini-mizar e/ou prevenir essa complicac¸ão crônica de terapia antineoplásica.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Agradecimentos
Coordenac¸ãodeAperfeic¸oamentodePessoaldeNível Supe-rior(Capes).Opapeldafontedefinanciamentoéincentivar aeducac¸ãoeodesenvolvimentodepesquisasnopaís.
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