• Nenhum resultado encontrado

O Boletim Médico: prescrição dos tisiólogos para a cura da cidade de São José dos Campos (1930-1935).

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "O Boletim Médico: prescrição dos tisiólogos para a cura da cidade de São José dos Campos (1930-1935)."

Copied!
19
0
0

Texto

(1)

O Bolet im Méd ico:

prescrição dos tisiólogos

para a cura da cidade de

São José dos Cam pos

(1930-1935)

The Boletim Médico: the

tuberculosis specialists’

prescription for curing the city

of São José dos Cam pos

(1930-1935)

Valéria Z anetti

Professora de história e pesquisadora da Universidade do Vale do Paraíba (Univap); membro do Núcleo de

Pesquisa Pró-Memória/São José dos Campos. vzanetti@univap.br

Maria Aparecida Papali

Professora de história e pesquisadora da Univap -São José dos Campos – SP; membro do Núcleo de Pesquisa

Pró-Memória/São José dos Campos. papali@univap.br

Maria José Acedo del Olm o

Professora de história e pesquisadora; membro do Núcleo de Pesquisa Pró-Memória/São José dos Campos.

mj.acedo@yahoo.com.br

Paula V. Carnevale V ianna

Professora de saúde coletiva e pesquisadora em planejamento urbano e regional da Univap.

paulavianna@univap.br

Universidade do Vale do Paraíba Av. Shishima Hifumi, 2911 12244-240 – São José dos Campos – SP – Brasil

Recebido para publicação em fevereiro de 2009. Aprovado para publicação em abril de 2010.

ZANETTI, Valéria et al. O Boletim Méd ico: p rescrição d os tisiólogos p ara a cu ra d a cid ad e d e São José d os Cam p os (1930-1935). História, Ciência, Saúde –

Manguinhos, Rio d e Jan eiro, v.17, n .3,

ju l.-set. 2010, p .719-737.

Re su m o

An alisa a tran sform ação d a cid ad e d e São José d os Cam p os em Estân cia Clim atérica p ara o tratam en to d a tu bercu lose p u lm on ar, con d ição oficialm en te in stitu íd a em 1935. Por m eio d e an álise d o p eriód ico ed itad o p elos tisiologistas d a cid ad e, Boletim

Médico, e d e fon tes correlatas, são

an alisad as a m otivação e as estratégias d esse gru p o p rofission al n a con versão d a p acata cid ad e d e São José d os Cam p os em cen tro d e referên cia p ara a cu ra d a tu bercu lose. A in vestigação d os argu m en tos técn icos q u e am p araram esse p rojeto reforça a con statação d e q u e a con d ição d e estân cia era, sim u ltan eam en te, am eaça à p op u lação d a cid ad e e m otriz d a econ om ia local, basead a, até a d écad a d e 1950, q u ase q u e exclu sivam en te n a exp loração d a d oen ça.

Palavras-ch ave: tu bercu lose; Boletim Méd ico; san itarism o; São José d os Cam p os; Brasil.

A b st ra ct

The article explores the transform ation of the city of São José dos Cam pos, which in 1935 received the official designation of “health resort” for the treatm ent of pulm onary tuberculosis. Research of

Boletim Méd ico (a periodical published by

the city’s tuberculosis specialists) and of other, related sources grounds this analysis of both the m otives and the strategies of this professional group when the quiet little town of São José dos Cam pos was transform ed into a m ajor center for tuberculosis cures. This exam ination of the technical argum ents in support of the project reinforces the idea that the city’s status as a health resort was both a threat to city residents and also a driving force behind the local econom y, based alm ost exclusively on exploiting the disease through the 1950s.

(2)

Em d et erm in ad o m o m en t o , o s d o en t es p assaram a d ar a t ô n ica n a vid a d e São Jo sé d o s Cam p o s. De su a d eb ilid ad e vin h a a p ro ficiên cia fin an ceira d a cid ad e... Ho u ve u m m o m en t o em q u e t o d o s acred it avam q u e São Jo sé n u n ca m ais d eixaria d e ser u m a estân cia clim ática... (Bon d esan , São José em quatro tem pos).

São José d os Cam p os, an ôn im a até a p rim eira d écad a d o sécu lo XX, com eçou , a p artir d aí, a ser recon h ecid a p elos resu ltad os satisfatórios n a cu ra d a tu bercu lose. Viven d o sob o regim e d e p eq u en as e m éd ias fazen d as d e café n o p assad o escravist a, a eco n o m ia d o m u n icíp io p erm an eceu , até 1930, con stan tem en te em crise. A p eq u en a p rod u ção d e café n ão con feria à São José im p erial u m lu gar d e d estaq u e ju n to às forças p olíticas n acion ais, com o foi o caso d as vizin h as Tau baté, Jacareí, Loren a e Ban an al, bem rep resen tad as p elos in flu en tes barões d e café (Milliet, 1946, p .41).

O s recu rso s p ro ven ien t es d a p ro d u ção cafeeira fo ram escasso s d u ran t e as p rim eiras d écad as d o sécu lo XX (Ricci, 2006, p .27). Em 1908 o vice-p refeito em exercício com u n icou à Câm ara a exigu id ad e d a arrecad ação e exigiu “p rovid ên cias a resp eito”, o q u e resu ltou em cobran ça ju d icial d os con tribu in tes “relap sos” (Actas..., 25 fev.1908). Em 1918 a arre-cad ação d im in u iu con sid eravelm en te d evid o à su sp en são d a cobran ça d o im p osto sobre cafeeiros d u ran te os exercícios d e 1918 a 1920 (Actas..., 15 ju n . 1918). A p ersistên cia d o

deficit n os p eríod os su bseq u en tes exigiu d a Câm ara n ovas m ed id as, q u e in clu íram o arren

-d am en to -d e terren os p ara cap tação -d e receitas (Actas..., 15 m aio 1929, 20 m ar. 1929; Parecer 26/ 1927, 15 ago. 1927)

O m u n icíp io bu scava ap oio estad u al e fed eral p ara eq u ilibrar o orçam en to. No en tan to, os p arcos recu rsos arrecad ad os n ão eram su ficien tes p ara sald ar a d ívid a q u e se avolu m ava. A situ ação se agravou com o colap so d a p rod u ção d e café. A retração d o m ercad o e q u ed a d a p rod u ção, su jeita a con stan tes in vasões d e p ragas e p erm an en tes secas, levou à falên cia m u it o s p ro d u t o res d a região .1 Essen cialm en t e agríco la, a cid ad e d e São Jo sé assist ia ao

êxodo de su a p op u lação p ara o p rom issor Oeste p au lista.

Esse cen ário d esolad or d a p ersp ectiva d em ográfica e econ ôm ica foi m od ificad o p ela ‘m igração tu bercu losa’, ocorrid a n as três p rim eiras d écad as d o sécu lo XX. O con sid erável flu xo d e p essoas q u e bu scava a cid ad e p ara tratam en to acabou p or gerar n ova receita e sign ificativo au m en to p op u lacion al. O m u n icíp io cresceu d e form a acen tu ad a: a p op u lação trip licou n a virad a d o sécu lo XX, e o ín d ice d e crescim en to d em ográfico an u al m an teve-se alto até 1935 (Tabela 1). A m esm a ten d ên cia é observável n a com p aração d e d ad os cen sitários en tre 1900 e 1950 (Tabela 2). O q u e teria im p u lsion ad o esse crescim en to n as d écad as q u e p reced eram o gran de boom in d u strial n a d écad a d e 1970, n a região?

(3)

A id eia d a con stru ção d e u m san atório n a cid ad e, em 1920, p or em p reen d ed ores p au listas au m en tou sign ificativam en te o n ú m ero d e d oen tes, e várias foram as ten tativas d e criar, forçosam en te, u m a im agem d e cid ad e salu bre.

Em 1938, con form e cen so en com en dado p elo en tão p refeito san itário José Lon go, 1.154 doen tes, corresp on den tes a 10% da p op u lação u rban a, distribu íam -se n os cin co san atórios d a cid ad e e n as in ú m eras p en sões, rep ú blicas e resid ên cias q u e viviam d o acolh im en to d e d oen tes (São José d os Cam p os, 1938). O crescim en to d em ográfico, em p len a crise econ ôm ica, acen tu ou os p roblem as u rban os, sobretu d o a p obreza. Articu listas d o p eriód ico local Correio

Joseense n oticiavam con stan tem en te os p roblem as cotid ian os sofrid os p ela e n a cid ad e,

bu scan d o form as d e resolvê-los, p articu larm en te n as seções Pela Cid ad e e O q u e Devem os Fazer: Em Defesa d a Cid ad e. A tod o m om en to, an u n ciavam a in ten sa in vasão d os p ortad ores d a tem ível p este bran ca.

Tabela 1: População do Vale do Paraíba paulista: números absolutos e crescimento demográfico (1854-1935)

Tabela 2: Evolução decenal da população nos municípios do Vale do Paraíba paulista (1900-1950)

Fonte: IBGE: Dados populacionais. Censo 1900-1950.

Municípios 1900 1920 1940 1950 Crescimento demográfico (% a.a.)

Caçapava 12.267 18.099 16.352 19.301 0,73

Cruzeiro 11.075 12.676 16.466 19.918 0,89

Guaratinguetá 38.263 42.101 29.345 36.657 -0,09

Jacareí 15.309 18.135 23.669 27.561 0,89

Lorena 12.895 15.645 15.961 24.569 0,95

Pindamonhangaba 21.871 26.493 22.995 28.901 0,49

S.J. Campos 18.122 30.681 36.279 44.804 1,19

Taubaté 36.723 45.445 40.970 52.997 0,61

Outras cidades 173.149 159.729 197.009 198.028 0,25

Total 339.674 369.004 399.046 452.736 0,50

Fonte: Construído a partir de Milliet, 1946, p.37.

Municípios 1854 1886 1920 1935 Crescimento demográfico(% a.a.)

Areias 11.663 25.661 22.147 23.635 0,63

Bananal - 17.654 11.507 12.932 -0,75

Guaratinguetá 13.714 25.632 43.101 38.838 0,80

Jacareí 9.861 16.565 25.363 31.300 0,85

S.J. Campos 6.935 17.906 30.681 31.606 0,96

Taubaté 22.307 40.624 85.433 68.040 0,83

Outros munic. 41.249 87.522 131.361 136.114 0,86

(4)

No en tan to, d en tro d as p ou cas p ossibilid ad es p ara fazer fren te à retração econ ôm ica d a d écad a d e 1920, a d oen ça rep resen tou , p ela força d a p op u lação q u e com p ortava, a cu ra n ecessária à cid ad e (Vian n a, 2007; Alm eid a, 2008). Já n o fin al d o sécu lo XIX, São José d os Cam p os era con h ecid a n acion alm en te com o “a cid ad e q u e cu rava”. A força d esse d iscu rso ch ego u co m in t en sid ad e n as reu n iõ es d a Câm ara Mu n icip al n o in ício d o sécu lo XX. Meios d e viabilizar e in ten sificar a vin d a d os d oen tes eram d iscu tid os, geran d o u m verd ad eiro arsen al d e p rop agan d as p ara atraí-los em q u an tid ad e.

Os alm an aq u es p u blicad os em 1905 e em 1922 são evid ên cias con tu n d en tes d esse esforço (Câm ara, 1905; Mon teiro, 1922). Essas p u blicações eram rech ead as d e an ú n cios d e farm ácias; d e p en sões; d e clín icas p u lm on ares; d e com p ostos q u e p rom etiam acabar m ilagrosam en te com o bacilo d e Koch ; d e an ú n cios d e m éd icos esp ecialistas n a d oen ça q u e d izim ava sem p ied ad e a in d efesa p op u lação; d o aclam ad o clim a ad eq u ad o p ara tratam en to d os d oen tes d o p eito; d a localização ap razível d a cid ad e, in term ed iad a p ela Serra d a Man tiq u eira; d a “ad eq u ad a in fraestru tu ra”, p róp ria d a d in âm ica d e u m a cid ad e m od ern a etc. O alm an aq u e an u n ciava, em su as p ágin as, a rep resen tação d e u m a cid ad e id eal p ara o tratam en to d o gran d e m al – cid ad e q u e ain d a n ão existia.

Em 1914, a com p ra d e u m terren o p ela Prefeitu ra p ara alojar o san atório Vicen tin a Aran h a, in au gu rad o em 1924, foi o p rim eiro gran d e p asso p ara a oficialização d o id eário m u n icip al. Perten cen te à irm an d ad e d a San ta Casa d e Misericórd ia d a cap ital, o p réd io foi co n st ru íd o co m recu rso s d a Câm ara Mu n icip al d e São Pau lo , d o go vern o fed eral e d o “alt o co m ércio ” p au list a, além d e fu n d o s ben eficen t es an gariad o s p ela elit e p au list an a (Vian n a, 2004). Ap oiad a p elos tisiólogos e p elo m éd ico-p refeito Rod olfo S. Mascaren h as, a oficialização d a estân cia d e tratam en to d a tu bercu lose seria, a p artir d aí, u m a q u estão d e t em p o .

Havia in teresse em fazer d e São José u m a estân cia clim atérica e h id rom in eral? Por q u e era im p ortan te p ara a cid ad e essa con d ição? Não se tem ia a con vivên cia com os tu bercu losos fo rast eiro s? O s jo seen ses aco lh eram d e b o m grad o a id eia d o p o lo san at o rial? Teria a cid ad e reais con dições de tratar os d oen tes e, ao m esm o tem p o, p roteger a p op u lação local con tra a tem ida con tam in ação? Qu al foi o p ap el d os m éd icos n a con stru ção desse p rojeto? Nas d écad as d e 1920 e 1930, a elit e in t elect u al brasileira – m éd ico s, en gen h eiro s e p rofessores – in flu en ciou d e m an eira sign ificativa o p rocesso d e u rban ização. Milton San tos (1996) ch egou a con ceitu ar as cid ad es d o in ício d o sécu lo XX com o “cid ad es d e n otáveis”. Co n ferin d o -lh es o id eário d e m o d ern id ad e ‘civilizat ó ria’, as id eias e açõ es p ro cu ravam en terrar o ‘atraso colon ial’ e ‘im p lan tar u m éthos cap italista’. Um a d as estratégias p ara isso foi a reform u lação d o esp aço u rban o (Hersh m an n , Pereira, 1994, p .26-29).

(5)

ao tratam en to d a tu bercu lose e exerciam cargos d e ad m in istração em san atórios, clín icas e farm ácias.

O período curto de circulação do Boletim pode ser explicado pelo propósito que parece tê-lo gerado: con solidar, divulgar e legitim ar um saber especializado que propagaria a con dição de São José dos Cam pos com o estân cia clim atérica e h idrom in eral. O periódico é im portan te fon te h istórica, esclarecedora sobre a posição dos diferen tes grupos m édicos e políticos com relação à pleiteada con dição, para a cidade, de cen tro de tratam en to da tuberculose. Serviu de in strum en to de propagan da para reforçar os ben efícios do clim a (Boletim Médico, 1933, p.3), as “excelen tes con dições san itárias e h igiên icas”, bem com o propagou a “in fraestrutura apropriada para aten der, sem receio, os portadores da m oléstia” (p.3).

Em tem p os d e cen tralização p olítica, q u an d o os m u n icíp ios eram ad m in istrad os p or in terven tores, a p u blicação d o Boletim ocu p ou o vazio d ocu m en tal d eixad o p ela au sên cia de fon tes diretam en te ligadas à adm in istração pública, duran te a paralisação dos órgãos do p o d er legislat ivo n o s est ad o s e m u n icíp io s, d ecret ad a p o r Get ú lio Vargas, n as d écad as d e 1930 e 1940.2

Há q u e con sid erar tam bém , com o im p ortan te base d ocu m en tal, os jorn ais joseen ses q u e circu lavam n a ép oca3.Porém , o Boletim p ossu i características q u e o q u alificam com o

fon te ú n ica sobre as con d ições m éd icas e san itárias em São Pau lo, e p articu larm en te em São José dos Cam p os, n as três p rim eiras décad as d o sécu lo p assad o. O p eriód ico d eve ser an alisado n o con texto in telectu al q u e lh e foi con tem p orân eo, em q u e n ovos con h ecim en tos técn icos e cien tíficos abriam o cam in h o p ara o p rogresso e a m od ern id ad e.

Na área m édica, os con h ecim en tos p roven ien tes d e p esq u isas em p íricas eram divu lgad os em co n gresso s, co n ferên cias e p u b licaçõ es esp ecializad as; revist as, livro s e m an u ais d ifu n d iam o co n h ecim en t o m éd ico -san it ário n o p aís (Alm eid a, 2000), est ab elecen d o com u n icação en tre a com u n id ad e cien tífica e a socied ad e (Castro San tos, Ferreira, 1999). O s t ext o s gan h aram u m a escrit a co n d izen t e co m esse n o vo cam p o d e sab er e p o d er, com p artilh an d o, p or m eio d e u m a lin gu agem d ireta e técn ica, a p ragm ática visão cien tífica q u e se esten d eria a ou tras form as d e m an ifestação in telectu al (Sá, 2006, p .100-103).

O Boletim , n esse con texto, serviu a u m p rop ósito técn ico e social ao retratar n ão só as p reocu p ações m éd icas, com o tam bém q u estões im p erativas d o setor p olítico local sobre as p olêm icas discu ssões do m om en to. A leitu ra aten ta d essa fon te d eixa en trever os in teresses em jogo. Adicion alm en te, as p rop agan das com erciais in dicam os in ú m eros setores en volvidos n o lu crativo n egócio d a d oen ça: farm ácias, estabelecim en tos com erciais (açou gu es, casas ban cárias, arm azén s, lavan d erias), h o t éis, clín icas d e t rat am en t o , p en sõ es, im o biliárias, casas d e con stru ção, en tre ou tros.

A estância climática e hidromineral: a tuberculose como negócio

(6)

labora-toriais eram in cen tivad as, bem com o excu rsões e in sp eções san itárias n a cid ad e e n o in terior. Id en t ificad a a “co n d ição d e saú d e p ú b lica d a co m u n id ad e”, o alu n o d everia p ro d u zir “cartas san itárias m u n icip ais”, realizar in sp eções san itárias, ou m esm o p lan ejar a d istribu ição de p ostos e disp en sários (p .35).

Con h ecim en tos sobre saú d e e cid ad e eram articu lad os p or m eio d e observação d ireta e registro fotográfico, con form e os p receitos do san itarism o en tão vigen te. Em 1930 o relatório san it ário so bre São Jo sé, ap resen t ad o p elo asp iran t e a m éd ico , segu e essas o rien t açõ es, n u m a avaliação crítica d a cid ad e e d e seu s eq u ip am en tos san itários. O san atório Vicen tin a Aran h a, in au gu rad o em 1924, recebeu am p los elogios; n ão era à toa q u e se h avia torn ad o referên cia n acion al n o tratam en to d a d oen ça. As con d ições san itárias d o p réd io e a ad m i-n istração foram coi-n sid erad as satisfatórias p elo estu d ai-n te d e m ed icii-n a:

O san atório ad m ite d oen tes d e am bos os sexos e tem d u as classes – a d os p en sion istas e a d o s grat u it o s.

O edifício cen tral é reservado para os pen sion istas. Con ta três pavim en tos: o 3o é destin ado

à resid ên cia d o p esso al d o san at ó rio ; o 2o d est in ad o às m u lh eres, est an d o lo calizad a n o

cen tro d este a cap ela (p rovisória); n o 1o p avim en to estão in stalad os o con su ltório, a sala

d e p eq u en a ciru rgia, cu rativos, in jecções, etc., o gabin ete d e raios-X, com câm ara escu ra, gabin ete de otorrin olarin gologia, o laboratório, a farm ácia, a gerên cia e a sala dos m édicos, ala d o vest íbu lo .

Esta seção com porta 46 pen sion istas, divididos em três categorias, con form e os aposen tos q u e o cu p am – A, B, C: o s p reço s d as su as p en sõ es são , resp ect ivam en t e, d e 1:200$000, 900$000 e 600$000 (m en salm en t e), est an d o já co m p reen d id o s n est e p reço o s serviço s m édicos.

Há q u at ro p avilh õ es p ara d o en t es p o b res, sen d o d o is gran d es e d o is p eq u en o s co m cap acid ad e – o s gran d es p ara 20, e o s p eq u en o s p ara 10 d o en t es. Cad a sexo o cu p a u m p avilh ão gran d e e u m p eq u en o .

Co m p o rt a, p o is, o san at ó rio p o u co m ais d e u m a cen t en a d e d o en t es.

A ad m in ist ração in t ern a [é] co n fiad a às irm ãs d e S. Jo sé (Am aral, 1930, p .136).

En q u an to as con d ições h igiên icas e san itárias d o Vicen tin a Aran h a foram elogiad as, n ão faltaram críticas ao fu n cion am en to d as p en sões q u e alojavam tísicos. Perp lexo com o elevad o n ú m ero d e h osp ed arias n a cid ad e em 1930, Am aral ressaltava q u e o n ú m ero d e tu bercu losos n a cid ad e seria m u ito p rovavelm en te su bestim ad o, u m a vez q u e a ativid ad e con sistia em form a van tajosa d e obten ção d e recu rsos. As irregu larid ad es observad as p elo est u d an t e n o asp ect o san it ário d a cid ad e levaram -n o a co n clu ir q u e o p o d er p ú b lico , in op eran te, com p actu ava com aq u ele “grave estad o d e coisas”:

São Jo sé d o s Cam p o s, so b o p o n t o d e vist a san it ário , n ão p o d e ser eq u ip arad o a u m a cidade com u m . Estân cia Clim atérica, on de as con dições ordin árias de u m cen tro popu loso se com p licam com as su as con d ições p ecu liares d e h osp ed eira d e tu bercu lose em bu sca d e alívio , devia ter um aparelham ento sanitário em proporção com as suas necessidades.

(7)

É d e co n vir q u e é p o u co ... é m u it o p o u co m esm o ....

Essa escassez d e p essoal é u m a aten u an te p ara certas irregu larid ad es q u e se observam n o t o can t e à vila san it ária d a cid ad e, e m ais u m a vez vem co m p ro var a n o ssa afirm ação d e q u e São Jo sé d o s Cam p o s – inegavelm ente fadado a um grande futuro, dada sua condição de

Canaã dos tuberculosos – é u m a cid ad e n ão ap en as d escu rad a, co m o ab an d o n ad a p elo s

p od eres p ú blicos (Am aral, 1930, p .129; grifos n ossos).

Bastan te con sisten te, o relatório in valid ava as d eterm in ações q u e fariam d o m u n icíp io u m a est ân cia d e cu ra, ap esar d e a cid ad e viver p rat icam en t e d o n egó cio d a ‘saú d e’. O p osto san itário local, p or exem p lo, exigia q u e a abertu ra d as p en sões fosse p reced id a d e u m a licen ça, co m fich a d o p ro p riet ário e vist o ria d o p réd io , m as, co n fo rm e n o s relat a Am aral, algu m as n ão se ad eq u avam às exigên cias san itárias:

En co n t ram o s a p en são d e u m sírio , cu jo n o m e n ão ficam o s sab en d o ; at é h á p o u co tem p o p ossu ía u m arm azém d e secos e m olh ad os em fren te ao Mercad o Mu n icip al; com o as co isas n ão lh e co rressem b em , reso lveu m u d ar d e n egó cio ; d isseram -lh e q u e casa d e pen são “dá m ais”; ali estava pois com a su a pen são aberta – u m a casa com u m de residên cia, sem a m en o r o b ra d e ad ap t ação – já co m u m o u d o is p at rício s d o en t es ab o let ad o s em q u artin h os su jos, atu lh ad os d e m alas e m óveis ord in ários.

Nem seq u er se p reocu p ara com req u erer licen ça. Para q u e tan ta form alid ad e? ...

Seria m u ito racion al q u e, p ara se abrir u m a casa d e h osp ed agem p ara tu bercu losos, além d e se exigir o p reen ch im en to d e certas con d ições q u an to ao p réd io, se exigissem tam bém , d o p reten d en te, con d ições d e id on eid ad e m oral: n ão é, p or certo, q u alq u er ven d ed or d e secos e m olh ad os – cu jos con h ecim en tos se cifram em saber q u an tos m il réis gan h ou ou p erd eu n o fim d e cad a d ia – q u e est á à alt u ra d e co m p reen d er o seu p ap el e a su a resp on sabilid ad e com o ch efe d e u m estabelecim en to d essa n atu reza.

E o q u e observam os em certas pen sões (sobretu do de italian os e sírios) n os leva a con clu ir q u e tais casas ap resen tam u m p erigo real, n ão só p ara os h ósp ed es, d oen tes, com o p ara a p op u lação sã d a cid ad e: vim os em várias d elas d oen tes escarran d o n o ch ão, com a m aior sem -cerim ô n ia (é verd ad e q u e n o q u in t al, m as sem p re ao alcan ce d as m o scas), a casa ain d a d esarru m ad a e su ja, t ran sfo rm ad a em fo co d e m o scas, em h o ras n as q u ais já h á m u ito d evia estar com p osta e lim p a: crian ças d a fam ília d o p rop rietário n a m ais absolu ta com u n id ad e com tu bercu losos (jogan d o com eles d am a, vísp ora etc.), in scien tes d o risco q u e est ão co rren d o .

Tu d o isso p or falta d os m ais elem en tares con h ecim en tos d e h igien e in d ivid u al e social p or p arte d os resp on sáveis (Am aral, 1930, p .161-162).

Além d o exten so rol d e estabelecim en tos sem con d ições id eais d e fu n cion am en to, 23 p en sões estavam regu lares, n a op in ião d e Am aral (1930), tod as con cen trad as n o Cen tro d a cid ad e. Com o a fon te d e riq u eza estava assen tad a n a d oen ça, casas p op u lares in salu bres e sem con d ições d e alojar, m u ito m en os tratar, os p ortad ores d o bacilo torn avam -se m orad as d e tu bercu losos, rep resen tan d o am eaça à saú d e p ú blica. A econ om ia d o m u n icíp io, an corad a fortem en te n a d oen ça, p arad oxalm en te d eixava tran sp arecer a fragilid ad e d as con d ições estru tu rais d a cid ad e com o estân cia, objetivo ú ltim o d a asp iração m éd ica local.

(8)

d e m áq u in as. Isso é p ara Tau b at é e Jacareí. Precisam o s é d e d o en t es.... Essa é a n o ssa in d ú stria” (citad o em Bon d esan , 1967, p .31). Um a in d ú stria q u e se ben eficiava, in clu sive, do m on opólio da m orte. O projeto de lei de 18 de m arço de 1930 con cedia exclusividade do serviço fu n erário n o m u n icíp io à San ta Casa d e Misericórd ia d e São José d os Cam p os. O in stru m en to legal garan tiria

à San t a Casa o m o n o p ó lio so bre o com ércio da m orte. So m en t e a m esm a p o d eria fabricar caixõ es e art igo s fu n erário s e ven d ê-lo s, est abelecer o serviço d e t ran sp o rt e fu n erário . A con cession ária p od ia con tratar o serviço fu n erário d e terceiros, m as d u ran te a con cessão (p erío d o d e 30 an o s), a Câm ara n ão co n ced eria licen ça p ara a fab ricação e co m ércio d e artigos fu n erários e caixões m ortu ários, bem com o o tran sp orte fú n ebre (Alm eid a, 2008, p .59-60).

A vocação san atorial d e São José d os Cam p os criou u m com ércio em torn o d a d oen ça, d a cu ra e d a m o rt e. Em 1924, an o d a in au gu ração d o san at ó rio Vicen t in a Aran h a, a Câm ara Mu n icip al au t o rizo u o p refeit o , p ela lei n . 142, a am p liar a área d o cem it ério “ap roveitan d o os terren os d a p raça fron teira a n ecróp ole, p rom oven d o a con stru ção d os resp ectivos m u ros de fech o, e dividin do o terren o n o acrescido com essa in corp oração em q u ad ras p ara sepulturas de prim eira, segunda e terceira classe”(Correio Joseen se, 27 jan . 1924, p .4; grifos n ossos).

A lei m u n icip al 145, d e abril d e 1924 isen tava d o im p osto d e in d ú stria e p rofissão, p elo p razo d e d ez an os, os estabelecim en tos fu n erários q u e fossem fu n d ad os n a cid ad e (Correio Joseen se, 27 abr. 1924). Além d a exp an são d o cem itério, foram in stalad as n a cid ad e fábricas d e m osaicos e p rod u tos cerâm icos, assim com o d e tú m u los d e m árm ore (Actas..., 15 set. 1928). As p recárias co n d içõ es h igiên icas e san it árias d e algu m as p en sõ es cert am en t e am p liaram a acu m u lação d e riq u ezas basead as n os n egócios d a m orte.

Se São José d os Cam p os n ão d isp u n h a d e in fraestru tu ra san itária p ara ser oficialm en te con sid erad a cen tro d e referên cia e tratam en to d a tu bercu lose, algu n s ‘m éritos’ p od eriam alçar a cid ad e a t al co n d ição (Am aral, 1930, p .160). Além d as p ro p agad as co n d içõ es clim áticas n atu rais, d a m igração d e d oen tes e d a p resen ça d o san atório, Am aral con sid e-ro u a “ab u n d an t e” red e d e farm ácias, “sin gu larid ad e q u e d esp ert a lo go a at en ção d o visitan te” (p .153) e u m p recioso cap ital: oito m éd icos, sen d o cin co tisiólogos. Ao m en os d ois, Nélson D’Avila, “u m a d as p erson alid ad es m ais ben q u istas e in flu en tes d o m u n icíp io”, e Ru y Dória, “ad versário p olítico d e Nélson d ’Avila”, clin icavam em ap arelh ad os con su ltórios (p .152-153).

(9)

A estância idealizada: ação dos tisiologistas entre a tuberculose e a cidade

O Boletim Médico su rgiu em u m m om en to em q u e as forças p olíticas locais im p in giam à cidade a con dição de polo san atorial e, sim ultan eam en te, buscavam form as de preservar a cid ad e d a con tam in ação em m assa. Nesse em p reen d im en to, os m éd icos tin h am fu n ção d estacad a, crian d o con d ições p ara q u e a in vasão d e tu bercu losos fosse con trolad a e n ão rep resen tasse p erigo à com u n id ad e.

O p eriód ico circu lou com ed ições bim en sais d u ran te q u atro an os. Não h á in form ação acerca d a su a tiragem . De in ício o tabloid e era d istribu íd o gratu itam en te n o estad o d e São Pau lo, su l d e Min as Gerais e Rio d e Jan eiro. A p artir d e setem bro d e 1935, p assou a ser cobrad a assin atu ra an u al, in iciativa q u e coin cid iu com a d ata d e oficialização d a estân cia e m u d an ça d o red ator d o Boletim , com a su bstitu ição d o d ou tor João B. d e Sou za Soares p elo dou tor Ru y Dória.

Os fascícu los eram com p ostos d e u m ed itorial, cerca d e d ois a q u atro artigos m éd icos e esp aços reservados p ara d ivu lgação com ercial. Além d os tisiólogos d e São José, artigos de au toria d e tisiologistas ilu stres com o Clem en te Ferreira e Hélio Fraga eram tran scritos e am p lam en te d ebatid os. Clem en te Ferreira teve p articip ação im p ortan te em u m ed itorial sobre colap soterap ia e su a carta foi p u blicad a n a ín tegra n o n ú m ero d e jan eiro d e 1936. Os artigos técn icos in clu íam revisões, ap resen tação de casos raros e estu dos exp erim en tais q u e abran giam n ovas técn icas d iagn ósticas e laboratoriais e terap ias in terven cion istas.

O Boletim era am p arad o e su bven cion ad o p elo p od er p ú blico p or seu “in con testável valor p ara o fu tu ro d e n ossa p ou co con h ecid a São José d os Cam p os” (Actas..., 18 m ar. 1930)4, fu tu ro este im p u tad o à força m éd ica p ara torn á-la im p ortan te estân cia clim atérica.

Era objetivo do Boletim “d ifu n d ir o con h ecim en to d os p roblem as d a tu bercu lose, fazen d o con h ecid a su a p rofilaxia e seu s p roblem as d e h igien e en tre os leigos e su a terap êu tica en tre os p rofission aes” (Boletim Méd ico, m aio-ju n .1934, p .16).

Po r m eio d o Boletim , o s d o en t es d as m ais lo n gín q u as regiõ es d o Brasil t o m aram co n h ecim en t o “d a b o a d ireção ”, “d a d iscip lin a rígid a” e d a “lo calização segu ra d as in stalações” q u e, n a cid ad e, acolh iam os tu bercu losos. A p u blicação tam bém in form ava os van tajosos valores d e estad a e cu sto d e vid a. Em resp osta à rep ercu ssão d o Boletim , a seção In d icad or d o Boletim Méd ico p assou a con star, a p artir d o terceiro n ú m ero, com en dereços de san atórios, h otéis, p en sões, m édicos e farm ácias, en tre ou tros estabelecim en tos. Serviu ain d a com o veícu lo d e p rop agan d a d as m ú ltip las van tagen s q u e a cid ad e oferecia a o s t ísico s, “co m su a s o b ra s d e a ssist ên cia so cia l, co m a sp ect o s d e su a t o p o gra fia en can tad ora, seu s fartos recu rsos p rofission ais e com erciais, etc.” (Boletim Méd ico, m aio 1933, p .1).

(10)

d e Sou za Lop es e João Batista d e Sou za Soares d efen d iam o estabelecim en to d e san atórios p op u lares e a n ecessid ad e d e u m a séria p olítica san itária e h igien ista (Boletim Méd ico, m aio 1933, ju l. 1933, ju l. 1934). Nas p ágin as d o in form ativo tran sp arecem as d iferen tes vert en t es p o lít icas ligad as, in clu sive, à exp an são u rban a d a cid ad e. O p o sicio n am en t o p ro fissio n al acerca d a Prefeit u ra San it ária, co n sen su alm en t e p leit ead a p elo s m éd ico s e p elo d iretor d o Dep artam en to d e Ad m in istração Mu n icip al d esd e 1933, foi tem a em d iversos n ú m eros, abord ad o em geral n o Ed itorial. O in form e foi u tilizad o p elos p rofission ais p ara esclarecer a p o p u lação a resp eit o d as n o rm as legais d e fu n cio n am en t o d a est ân cia. O s esp ecialistas d eixavam claro à p op u lação q u e a p refeitu ra san itária n ão acarretaria n ovos im p o st o s n em t raria “d esp esas in co m p at íveis co m o an gu st io so m o m en t o eco n ô m ico . Tam bém n ão é seu fim , com o m u itos p en sam , en tregar a cid ad e aos tu bercu losos” (Boletim Méd ico, ju n .1933, p .2).

No t a-se o d esco n h ecim en t o acerca d a in st it u cio n alização d a est ân cia. O t em o r d a in iciativa n o q u e con cern e às esferas econ ôm ica e social fica evid en te. Para acalm ar os ân i-m os d aq u eles q u e p od eriai-m obstacu lizar o ali-m ejad o d estin o d e cid ad e san atorial, os i-m éd icos trataram logo de exp licar: “a p resen ça de u m en gen h eiro esp ecializado em q u estões san itárias, com a assistên cia m éd ica in d isp en sável, será a garan tia d e u m a orien tação p erfeita d os serviços m u n icip aes ... Os serviços d e h igien e e assistên cia p ú blica serão tam bém am p liad os e ap erfeiçoad os” (Boletim Méd ico, ju n . 1933, p .2). Assegu rava-se, aos am ed ron tad os cid ad ãos joseen ses, q u e a cid ad e n ão seria en tregu e aos tu bercu losos.

Os serviços públicos eficien tes, tão alm ejados pela m un icipalidade, com o rede de esgotos e água en can ada, n a visão dos m édicos só viriam com a Prefeitura San itária. Os tisiólogos ressaltavam : “den tro desse regim en adm in istrativo, o m un icípio verá aplicados, em seu ben e-fício, os recu rsos m u n icip ais, accrescid os d os q u e, n o regim en atu al, o Estad o arrecad a, em São José d os Cam p os” (p .2). A con d ição d e estân cia p erm itiria à ad m in istração con tar com u m m on tan te d e oitocen tos con tos an u ais, d ed u zid os ap en as os ven cim en tos d os fu n cion ários das várias repartições da Prefeitura San itária, que seriam tran sform ados em ben e-fícios que, segun do os m édicos, “só podem recusar os in teresseiros e os ign oran tes” (p.2).

A p rim azia d a técn ica era reiterad a p elos m éd icos cien tistas; ou sad os n a d efesa d a con -d ição san atorial p ara a ci-d a-d e, tem iam q u e o p refeito san itário se ap roveitasse -d a p osição p ara criar u m esq u em a de in teresses p essoais e p olíticos: “é p reciso, en tretan to, recon h ecer q u ão ju stificad o é o tem or q u e m u itos têm d e q u e a Prefeitu ra San itária seja tran sform ad a, p elo filh otism o e p ela falsa n oção q u e m u ita gen te tem d a carid ad e, em u m a esp écie d e retiro p ara os q u e, afetad os em su a saú d e, q u iserem rep artir os seu s p ad ecim en tos com o in teresse p ú blico. E é tam bém o q u e tem em os...” (Boletim Méd ico, ju n . 1933, p .2).

(11)

evitar p ara q u e n ão p erm an eçam n o p ap el os p lan os gran d iosos q u e traz em seu bojo a id eia d e Prefeitu ra San itária” (Boletim Méd ico, ju n .1933, p .2).

En t re sen t im en t o s d e m ed o e o u sad ia, e so b o id eário d aq u ele in ício d e sécu lo , o s esp ecialistas d efen d iam a id eia d e q u e era p ossível ad m in istrar a d oen ça com u m a organ iza-ção técn ica d irigid a p or m éd icos e en gen h eiros san itários. Acred itavam q u e a organ izaiza-ção san itária d e u m a cid ad e com clim a p rop ício p ara o tratam en to d a tu bercu lose req u eria au torid ad es m u n icip ais esp ecializad as (Boletim Méd ico, ju l. 1933, p .5). Em crítica feroz à p o lít ica d o en t ão p refeit o , o q u al alegavam q u e n ão co n d izia co m as n ecessid ad es d o cargo, os m édicos m an ifestavam p reocu p ação com q u e a doen ça tom asse p rop orções in con -troláveis:

as m edidas de p roteção e h igien e vêm sen do vítim as, em S. José dos Cam p os, de in ju n ções p olíticas ou d e ou tras origen s, q u e lh es d estroem tod a eficiên cia. ... Sem u m a au torid ad e t écn ica, ú n ica e in d iscu t ível, em an ad a d e o u t ro p o n t o q u e n ão o m eio lo cal, o n d e a p o p u lação e o s h o m en s p ú b lico s q u e ela cria vivem verd ad eiram en t e à m argem d esses p ro b lem as, d esap erceb id o s d o p ap el m éd ico -so cial d a cid ad e, co m o h o sp ed eira d a t u b ercu lo se d e t o d as as p ro ced ên cias, jam ais se co n segu irá em São Jo sé d o s Cam p o s o cen t ro san it ário q u e São Pau lo já n ão p o d e d isp en sar (Bo let im Méd ico , o u t .1933, p .3).

Du vid an d o d a co n d u t a d o s ad m in ist rad o res lo cais, o s m éd ico s d en u n ciavam q u e a falta d e con h ecim en tos esp ecializad os, im p rescin d íveis p ara a d ireção d e u m m u n icíp io d e n ecessidades san itárias p articu lares com o São José dos Cam p os, trazia con stan tes em baraços à ação d o h igien ista e d o en gen h eiro san itário (Boletim Méd ico, ou t. 1933, p .2).

À força d os esp ecialistas ju n tavam -se as d e com ercian tes e d on os d e p en sões – algu n s d eles m éd icos –, san atórios e alojam en tos. O Boletim Médico registrou o árdu o trabalh o dos m éd icos, u m a vez q u e as con d ições n atu rais e o d esin teresse d os in vestid ores n o ram o in viabilizavam o em p reen d im en to. Sem gran d es tru n fos in d u striais, o jeito foi bu scar as p oten cialid ad es n atu rais d e São José e en altecê-las. Utilizan d o-se d a força d a p ersu asão e de alegações técn icas, am p arados p elo discu rso dos “bon s ares”, os tisiólogos en con traram u m forte argu m en to p ara atrair seu s clien tes.

A vocação d a cid ad e, con stru íd a basicam en te com a p rop agan d a d os ben efícios d e seu s ares e escorad a n os lu cros ad vin d os d essa forçosa ad jetivação, an im ava as forças locais, q u e con tavam com ap oio d e en tid ad es filan tróp icas e p arceiros d a socied ad e civil. Sim u l-tan eam en te criou -se, p ara atrair o in teresse d e in d u striais, u m a com issão esp ecial en carregad a d e d ivu lgar as van tagen s q u e a cid ad e oferecia ao ram o – van tagen s q u e tam bém estavam além d as su as reais p ossibilid ad es, in clu in d o p rom essa d e favores, p or p arte d a Câm ara, aos in vestid ores.

(12)

Em bora d iversos p eriód icos locais en altecessem as con d ições clim áticas d a cid ad e, o

Boletim con feriu legitim id ad e cien tífica ao q u e era ‘em p iricam en te’ observad o. Em ed ição

d e 1925 d e O Correio Joseense, lê-se:

Em bora existam n o m u n d o m u itos p aíses com clim a bom , p ou cos são os lu gares q u e se d est acam p o r u m clim a excep cio n al co m o Davo s e a Ilh a d a Mad eira.

No Estad o d e São Pau lo tem os Cam p os d e Jord ão e São José d os Cam p os. Pelo p rim eiro tem se feito m u ita p rop agan d a e, em bora d e gran d e e m erecid a fam a, n ão é p ara tod os os d oen tes, d evid o a su a altu ra, p or ser m u ito d ifícil a viagem e p or falta d e recu rsos. De São José d os Cam p os n u n ca foi feita p rop agan d a, com o en tretan to h oje ele está se im p on d o é o m elh or sin al q u e realm en te p ossu i o q u e se ch am a id eal.

Há d ezen as d e an os ch egam aq u i p essoas d oen tes q u e voltaram cu rad as p ara seu s lares, p esso as q u e eram d ad as co m o caso s p erd id o s p elo s seu s m éd ico s e q u e ch am aram a at en ção p ara São Jo sé. ...

Po ssu i São Jo sé t o d o s o s recu rso s e o s seu s m éd ico s d ed icad íssim o s go zam d e real fam a p ara d oen ças p u lm on ares ... (Correio Joseen se, 18 ju n . 1925).

Já n o Boletim Médico o tem a gan h ou ou tro con torn o. Um a rep rod u ção da Con ferên cia d e Dió gen es Cert ain , rep resen t an t e d o Disp en sário Clem en t e Ferreira, em São Pau lo , d estacava as d iversas características a serem an alisad as em relação ao clim a: tem p eratu ra, u m id ad e, irrad iação solar, p ressão barom étrica, lu m in osid ad e, p u reza d o ar, ven tos, latitu d e/ lo n git u d e, alt it u d e, n at u reza d o so lo , co m p o sição geo ló gica, cu rso s d ’águ a e flo rest as (Boletim Méd ico, ago.1934, p .8-12).

No en tan to, a clim aterap ia p assava a ser an alisad a p ela ciên cia. A m ed icin a p asteu rian a, p reced en d o a d escoberta d o tratam en to m ed icam en toso d a tu bercu lose, já q u estion ava o p ap el d e clim a, rep ou so e alim en tação em m ed id as terap êu ticas. Diógen es afirm ava:

A clim atologia e a clim aterap ia têm ain d a d e sofrer m u itas restrições n as su as in d icações e resu ltad os. Não estão ain d a assen tes su as bases e este é o m otivo d a d escon fian ça d e u n s e das su rp resas desagradáveis d e ou tros. Os p rocessos m odern os de cu ra vêm su p rin do n os lu gares a q u e falt am virt u d es t erap êu t icas o d eslo cam en t o d o s d o en t es p ara fo ra d e seu s lares ou d as cid ad es em q u e exercem su as ativid ad es (Boletim Méd ico, ago. 1934, p .11).

O clim a torn ava-se coadju van te do tratam en to. Em São José, n o en tan to, sobrevivia o discurso h egem ôn ico local. Os tisiologistas rebatiam o con tradiscurso do clim a favorável da cidade, den un cian do “o absurdo de tais doutrin as”: “h oje em tisiologia discute-se a questão dos clim as e, com o reação ao outro extrem o que fazia da estação clim atérica con dição sine

qua do tratam en to, têm surgido opin iões exageradas que querem n egar-lh es todo e qualquer

valor” (Boletim Médico, out.1933, p.2; grifos n ossos).

A exp eriên cia ain d a era con trap osta à argu m en tação cien tífica. Nas p ágin as d o Boletim

Médico (n ov. 1933, p .2), o d ou tor Soares afirm ava: “o q u e é essen cial sob o p on to d e vista

in d ivid u al é p rocu rar d e p referên cia u m clim a realm en te exp erim en tad o, com lon gos an os d e o b serva çã o d o cu m en t a d a , e n ã o u m clim a a p o n t a d o co m o t a l p o r u m o u m a is in teressados n a su a exp loração com o estân cia d e cu ra”.

(13)

eteo-rológicos. É p reciso recorrer à exp eriên cia clín ica, e d aí a van tagem d e p referir clim as já p rocu rados h á m u itos an os p or gran d es q u an tid ades d e doen tes, com resu ltad os eviden tes” (Boletim Méd ico, m aio 1933, p .1). Plan ejavam , in clu sive, u m cin tu rão san itário-clim ático q u e abran gesse d iferen tes altitu d es, com estân cias em Cam p os, São José e Caragu atatu ba (Boletim Méd ico, ou t. 1933, p .3).

Os m éd icos, d e d iferen tes p osicion am en tos e id eários, d eixavam claro q u e as d iscu ssões n ão eram p artid árias: “n ão se trata ... d os in teresses d o Partid o Rep u blican o Pau lista, ou do Partido Socialista e n em dos Volu n tários ou d os Dem ocráticos, n em m esm o dos Cató-licos serem aten didos em su as con ven iên cias p artid árias com essa solu ção. Mas os in teres-ses d a saú d e p u blica est arão d efen d id o s e am p arad o s co m segu ran ça (Bo let im Méd ico , ou t. 1933, p .3).

Tecn icam en te am p arad os, os esp ecialistas en cam in h aram ao Serviço San itário d o Estad o u m m em orial p ara a oficialização d a cid ad e com o estân cia (Boletim Méd ico, ou t. 1933, p .4). Un in d o in teresses m ú ltip los, o p erfil d a fu tu ra cid ad e se d elin eava, e em 1933 São José d os Cam p os alcan çava a con d ição d e Estân cia Clim atérica.

Méd icos, ad m in istrad ores locais e com ercian tes viram n a d oen ça d o p eito a cu ra d a cid ad e term in al. O m ercad o d a m oléstia con stitu iu im p ortan te fon te d e ren d a, p erm itiu q u e segm en t o s se cap it alizassem co m ele e co n feriu à cid ad e u m a via alt ern at iva d e d esen vo lvim en t o u rb an o . A evo lu ção d o n ú m ero d e h ab it an t es p o r m u n icíp io , já n o in ício d o sécu lo XX, revelava u m a ten d ên cia acelerad a d e crescim en to p op u lacion al em São José d os Cam p os, em com p aração region al (Resch ilian , 2005, p .5; Tabelas 1 e 2).

A argu m en tação técn ica e p oliticam en te articu lad a d os m éd icos com o Estad o, d ivu lgad a n o Boletim Médico, foi aten d id a, e São José d os Cam p os, em 1935, p rom ovid a a Estân cia Clim atérica; fin alm en te o tão afam ad o e p olêm ico clim a d a cid ad e trou xe n ovos ares p ara ela. Pou co tem p o d ep ois, con q u istou -se u m n ovo títu lo: em 16 d e d ezem bro d o m esm o an o, a cid ad e p assou a ser tam bém estân cia h id rom in eral, p ara su rp resa d e m u itos. Os m éd icos d e São José d os Cam p os, atu an d o em p len a cid ad e-laboratório, gan h aram fam a e p rest ígio p o lít ico . Su a fo rça ext ravaso u co n su lt ó rio s e clín icas, e gan h o u esp aço n o s d om ín ios d a ad m in istração p ú blica.

Com a tran sform ação em estân cia clim atérica, o p refeito d o m u n icíp io (p refeito san itário) p assou a ser n om ead o p elo estad o; a eleição d a Câm ara p or voto p op u lar foi m an tid a e o m u n icíp io p assou a receber verba ad icion al, através d o Fu n d o p ara Melh oria d as Estân cias (Fu m est), p ara ap arelh am en to. As receitas, a p artir d aí, seriam con stitu íd as d e im p ostos e taxas arrecad ad os n o m u n icíp io p ela Prefeitu ra e p elo estad o, sen d o a ren d a m u n icip al destin ada à m an uten ção da adm in istração m un icipal e a ren da estadual, aos serviços públicos, a fim de aprim orar a in fraestrutura urban a da estân cia (Vian n a, 2004, p.130-131).

(14)

A acolh id a estad u al d a reivin d icação d os m éd icos criou u m gran d e im p asse: o títu lo d e Estân cia Clim atérica e Hid rom in eral p reced eu as con d ições n ecessárias p ara a cid ad e torn ar-se u m cen tro d e referên cia em tratam en to d a tu bercu loar-se. São José d os Cam p os carecia d os m eios p ara tal, in clu sive eq u ip am en tos u rban os e p olítica esp ecífica p ara o con trole d a d oen ça. Com o títu lo con q u istad o p ela cid ad e, os m éd icos teriam q u e em p reen d er gran d es esforços técn icos e p olíticos p ara con cretizar o alm ejad o d esejo d e tratar d os d oen tes e con ter a p rop agação d a tu bercu lose. Um gran d e tru n fo p ara essa con q u ista, segu n d o p arece, foi a verba ad icion al q u e o m u n icíp io p assou a con tar d o Estad o.

A estância oficial: a cidade remodelada

Se a estân cia clim atérica era u m en god o, a estân cia h id rom in eral era u m a verd ad eira blasfêm ia, n a op in ião d e m u itos m orad ores.5 A p eq u en a fon te d e águ a “q u e p ossibilitou

est a co n versão ..., além d e p eq u en a vazão , era im p ró p ria p ara o co n su m o ” (Vian n a, 2004, p .128).

Ora, a con cretização d o id eário m od ern izad or, ligad o ao caráter h igien ista e san itário, exigia ‘lim p eza’ d o esp aço u rban o, su a aeração, ad eq u ad o abastecim en to d ’águ a, in stalação d e esgoto e ru as calçad as. O ‘líq u id o p recioso’, d em asiad am en te red u zid o p ara u m a estân cia h id rom in eral, d eixava p or lon gos p eríod os a cid ad e n a m ais com p leta seca. Para assegu rar o p rojeto san atorial, o p roblem a d e abastecim en to d ’águ a d everia ser san ad o, e este p assou a ser o gran d e d esafio d os m éd icos d o p eito q u e lu taram p elo títu lo alcan çad o.

Em 1933 avalio u -se o in acabad o e d eficien t e serviço d e abast ecim en t o , in au gu rad o ain d a em 1909 e q u e cap tava as elevad as águ as d a Boa Vista p ara o cen tro d a cid ad e. Su a m á q u alid ad e e o alto grau d e con tam in ação, com “a p resen ça d e 10.000 colis (bacilos) p or 100 cen tím etros cú bicos, ... a colocou en tre as águ as d e p éssim a q u alid ad e e h á m u ito d everia ter sido con siderad a p elas au torid ad es san itárias com o im p róp ria p ara o con su m o” (Correio Joseen se, ago. 1933, p .6).

Além disso, o sistem a, con stan tem en te in terrom p ido p or en tu p im en to de can os cau sado p or desabam en tos n os m orros, n ão su p ria a p op u lação, q u e crescia vertigin osam en te. Em 1937 a m u n icip alid ad e, em d eco rrên cia d a co n d ição d e est ân cia clim at érica, p o rt an t o ap oiad a p elo govern o d o estad o, p ôd e reavaliar su a red e d e abastecim en to. Os m éd icos reforçaram a con d en ação d as águ as, realizad a q u atro an os an tes p ela Rep artição d as Águ as e Esgotos. A altern ativa d e cap tar as águ as d o rio Paraíba, tratá-la com cloro, d ecan tá-la e filtrá-la criou an im osidad e n a p op u lação, q u e recu sava as águ as do rio p olu ído p or esgotos d e ou tras cidades. Criou -se u m im p asse, p ois os órgãos com p eten tes acu savam a p op u lação d e d esen volver “u m fetich ism o p elas águ as d e fon tes p u ríssim as”. Na visão d os esp ecialistas, era “u m erro ab an d o n ar águ as p ró xim as d e t rat am en t o fácil p ara b u scar, à cu st a d e sacrifícios en orm es, águ as altas, d e cabeceiras, águ as d e regim es in certos e q u ase sem p re in su ficien t es só p ela esp eran ça vã e sem fu n d am en t o d e q u e sejam m ais p u ras q u e as ou tras” (Correio Joseen se, 6 ju n . 1937, p .1).

(15)

obras p orq u e o técn ico d aq u ele Dep artam en to “p reten d ia con stru ir, ju stam en te n o largo d a Matriz, u m a torre d e 26 m etros d e altu ra p or 8 m etros d e largu ra, p reju d ican d o n ão só aq u ela bela p raça n a su a área com o n a su a estética” (Correio Joseen se, 9 jan . 1938, p .2). Os elem en t o s d e m o d ern ização d o esp aço , au t o rit ariam en t e im p o st o s, in co m o d avam a p op u lação joseen se.

Os en gen h eiros, ad m in istrad ores e, p osteriorm en te, arq u itetos se u n iram aos m éd icos em su a m issão civilizatória, m an ten d o o au toritarism o técn ico e a p olítica cen tralizad ora. In flu en ciados p ela dou trin a p ositivista, ad otavam p ostu ra in terven cion ista n a vida p essoal e n a p olítica d e saú d e, m esclan d o ciên cia e m oral. A filosofia vigen te d a m ed icin a ‘cu rad ora’ de todos os m ales, in clu sive os sociais, aliava-se à p rop osta m odern izadora de racion alização d os esp aços. Os m éd icos in flu en ciavam a vid a u rban a e social; eram eles con su ltad os p ara escolh a d o m elh or local p ara ed ificação d e estabelecim en tos d e cu ra e p ara am p liar os esp aços p ú blicos, d efen d en d o a d esap rop riação e d em olição d e m orad ias q u e im p ed iam a livre circu lação d os ares.

A atu ação sobre o esp aço u rban o, tecn icam en te legitim ad a, foi facilitad a p elo d esem -p en h o -p olítico d os tisiologistas. En tre os 15 m éd icos q u e clin icaram n a cid ad e d e 1904 a 1950 (12 tisiologistas), n ove foram veread ores e seis p refeitos (Silva, 2009, p .49). Em 1930 o m éd ico Ru y Dória p assou a in tegrar a Ju n ta Govern am en tal d e São José d os Cam p os, em su bstitu ição ao govern o vigen te e à Câm ara Mu n icip al, extin ta até 1936. Dória foi o p rim eiro in terven tor d a Rep ú blica Nova, n om ead o em 1931.

Com a abertu ra d a Câm ara, ocorrid a ap ós a criação d a Estân cia, o p refeito en gen h eiro san it ário p asso u a ser in d icad o p elo go vern ad o r e su b o rd in ad o ao Dep art am en t o d e Ad m in ist ração Mu n icip al. Méd ico s vo lt aram a o cu p ar a Câm ara d e Veread o res e, p o r segu id as vezes, a cad eira d e ch efe d o Execu tivo, in flu en cian d o d iretam en te n as p olíticas p ú blicas. Atrelad a à p rop osta d e fazer d a cid ad e u m cen tro d e tratam en to d e d oen ças, a p olítica d e m elh oram en to u rban o estava in trin secam en te ligad a aos m éd icos e en gen h eiros san it arist as. As açõ es ap rego ad as in clu íam co lo cação d e gu ias e ap ed regu lh am en t o d as ru as e p raças, ajard in am en to e arborização d a cid ad e, serviço d e en can am en to, regu larização d o ab ast ecim en t o d e águ a, ilu m in ação p ú b lica p o r elet ricid ad e e co n st ru ção d e fo ssas sép ticas an eróbicas e red e d e esgotos. Elas foram efetivam en te ap licad as ao esp aço u rban o a p artir d e 1935, aceleran d o as m u d an ças in iciad as u m a d écad a an tes: “A cid ad e velh a, u m tan to an ti-h igiên ica, está sen d o reform ad a com casas m od ern as, a águ a au m en tad a, a u si-n a d e força e lu z grasi-n d em esi-n te m elh orad a” (Correio Joseesi-n se, 18 ju si-n . 1925, p .2). Os m elh o-ram en tos con cen trao-ram -se n a região cen tral d a cid ad e, com a criação d a zon a san atorial e a con stru ção d o Pavilh ão d a Higien e (1935).

As m u d an ças u rban as segu iram céleres. A gestão d o en gen h eiro san itário Fran cisco José Lon go (1938-1941) m arcou a tran sform ação d o traçad o u rban o. A m od esta ru a São José, n a região cen tral, foi am p liad a e tran sform ad a em aven id a. A d em olição d as casas d o lad o p ar d a ru a abriram a vista p ara u m gran d e vale, o Ban h ad o, fortalecen d o a im agem d e estação d e cu ra d a tu bercu lose.

(16)

aven id as, co rred o res d e circu lação e esp aço s d est in ad o s a ab ast ecim en t o d e águ a e à ilu m in ação .

O ap rim oram en to d a in fraestru tu ra u rban a, in icialm en te n as zon as cen tral/ san atorial, foi p ossibilitad o p elo in crem en to d e recu rsos p roven ien tes d o crescim en to d o com ércio local, bem com o d a verba estad u al, q u e au m en tou o orçam en to m u n icip al em 50%. Os terren os p róxim os à área san atorial, n o circu ito im obiliário q u e con stitu iria a área n obre d a cid ad e, valo rizaram -se. A u rb an ização , p reco ce d a p ersp ect iva regio n al, an t eced e a in d u strialização (Vian n a, 2004). São José se d estacou , igu alm en te, em relação à saú d e.

O m o vim en t o h ist ó rico d e in st it u cio n alização d a saú d e p ú b lica n o p aís d eve ser esp acialm en te d iferen ciad o. O in terior d o p aís, vítim a d o atraso e d as en d em ias, foi grad a-tivam en te ocu p ad o p elo ap arato bu rocrático d as d elegacias d e saú d e (Hoch m an , 1998) e su as ações p reven tivas, m ed id as ed u cativas e d e caráter coletivo. Nas cap itais e cid ad es m ercan tis, além d o con trole d as d oen ças en d êm icas, a ação h igien izad ora in flu en ciou a reform u lação do esp aço u rban o, em p rojetos racion ais e estéticos q u e bu scavam m odern izar as cid ad es co lo n iais. A assist ên cia m éd ica, sep arad a d as açõ es d e saú d e p ú b lica, p ro -p orcion aria, -p or su a vez, con d ições -p ara o -p len o exercício d o trabalh o (Gad elh a, 1982). Em gran d e p art e d as cid ad es brasileiras, o s m elh o ram en t o s im p licavam elim in ação d e d oen ças e exp u lsão d e d oen tes, com o form a d e reord en ação d o esp aço, p rin cip alm en te o relacion ad o a seu p erím etro cen tral.

A cid ad e d e São Jo sé d o s Cam p o s n ão se aju st a a esse m o d elo co n ceit u al. Aq u i, as m u d an ças u rban as con cretizariam o p rojeto san atorial e, sim u ltan eam en te, atrairiam o d oen te, con vertid o em altern ativa à estagn ação econ ôm ica e social d a cid ad e n a virad a d o sécu lo XX. Foi, sobretu d o, em razão d a existên cia d os d oen tes q u e a cid ad e se m od ern izou . O d o en t e em fase san at o rial o cu p o u o esp aço u rb an o cen t ral, q u e receb eu , graças ao cap ital oriu n d o d a d oen ça e d e seu s p ortad ores, u m a aten ção m aior d o p od er p ú blico, viabilizan d o e su sten tan d o a m od ern ização u rban a. A m ercan tilização d a d oen ça retirou d e São José d os Cam p os a con d ição d e cid ad e m orta.

“As largas aven id as, bem calçad as, com p arq u es bem tratad os”, “a águ a abu n d an te e p u rificad a”, “os esgotos eficien tes”, “o clim a salu bre” eram algu m as d as exp ressões d os idealizadores do p rojeto san atorial, p rop agadas p elo Boletim Médico, q u e p oten cializavam , p ara além d a realid ad e, os d otes d a cid ad e.

A estância: avaliação sanitária após uma década de oficialização

São José n ão só alojou com o p rom oveu a d oen ça. Na cid ad e, o ap arato in stitu cion al d o estado, n o q u e tan ge à saú d e p ú blica, foi en red ad o p or in teresses econ ôm icos e p rojetos p olíticos q u e con sideravam a tu bercu lose a m otriz d o desen volvim en to u rban o. Form ou -se u m ap arato p ú blico, ligad o ao Estad o, d irigid o aos d oen tes em p ior situ ação econ ôm ica e orien tad o p ara im p lan tação d e m ed id as n orm ativas, e ou tro p rivad o, ligad o a m éd icos esp ecialistas, san atórios, circu ito econ ôm ico, p ara con trole e tratam en to d a d oen ça.

(17)

a segu ran ça d o s d o en t es e d a cid ad e: as co n d içõ es p ecu n iárias d o s t u bercu lo so s, assim co m o a falt a d e h ab it açõ es n a zo n a san at o rial p ara aco m o d ar a p o p u lação fo rast eira d o en t e co m p eliam “a p o p u lação sã a viver em p ro m iscu id ad e co m as p esso as d o en t es obrigan d o-os a u m con tágio p erm an en te” (p .59).

No m esm o relatório d estaca-se o crescim en to d a cid ad e e d os serviços d e saú d e. En tre as casas d e alven aria, n a região cen tral (algu m as em “con d ições con d en áveis”, ocu p ad as p or t u bercu lo so s), e d e t aip a, n a região ru ral, fo ram id en t ificad o s u m fó ru m , t rês agên cias ban cárias, escolas, m ercad o, igrejas, u m cin em a, u m h otel “d e con stru ção m od ern a” e 25 bares e cafés, a m aior p arte n a zon a com ercial e algu n s n a zon a san atorial.

Os serviços d e saú d e d a cid ad e, em 1944, eram com p ostos p or seis san atórios, u m h osp ital filan tróp ico – a San ta Casa d e Misericórd ia, p ara d oen tes n ão con tagiosos – e u m cen tro de saúde, todos subsidiados pela prefeitura. Treze m édicos cuidavam da população de cerca de 40 m il p essoas. Metade d os recu rsos d o cen tro de saú de era d irecion ada aos fu n cion ários d a Tecelagem Parah yba, p rim eira gran d e in d ú stria d a cid ad e. O relatório ain d a ressaltava a “boa cap acid ad e filan tróp ica” d a cid ad e, con cretizad a em q u atro associações p articu lares e d u as religiosas, con sid erad as n ecessárias à “cau sa d a saú d e p ú blica”.

Um o lh ar p ara a cid ad e em relação ao t errit ó rio est ad u al, n o en t an t o , revela as p ossibilid ad es d e m u d an ça d o p erfil san atorial. Abririam ou tros cam in h os p ara o m u n icíp io o in vestim en to p ú blico em in fraestru tu ra u rban a, p ossibilitad o p ela su bven ção estad u al; o s in cen t ivo s fiscais; a p o p u lação , q u e se am p liava em relação ao vale d o Paraíb a; a p roxim id ad e d e São Pau lo; a in cip ien te in d u strialização (com a p rim eira in d ú stria q u ím ica d a cid ad e, em 1945); os avan ços d a m ed icin a, in clu in d o o tratam en to q u im ioteráp ico d a tu bercu lose; e a p roxim id ad e com o p od er estad u al, ad vin d a com a con d ição d e estân cia. Notad am en te, n u m p rim eiro m om en to a in d ú stria d a d oen ça p ossibilitou q u e a cid ad e d e São Jo sé d o s Cam p o s se exp an d isse eco n o m icam en t e e at in gisse exp ressiva t axa d e u rb an ização . Não t em o s co m o n egar q u e a m ercan t ilização d a d o en ça d o p eit o p elo s m éd ico s, refo rçad a e legit im ad a p o r m eio d a d ivu lgação d o Boletim Médico, acab o u se torn an do a p rescrição q u e a cidade p recisava, m esm o q u e seu s efeitos colaterais se m ostrassem p o r d em ais arriscad o s, p o r t er at in gid o n a m esm a m ed id a a saú d e p ú b lica, a p o lít ica econ ôm ica e o p lan ejam en to u rban o.

NOTAS

1 Essa crise p o d e ser co n st at ad a n o s relat ó rio s d a Prefeit u ra p u b licad o s n o Correio Joseense en t re 1920 e

1935, b em co m o n as at as d a Câm ara d e Veread o res d a cid ad e.

2 At as d a câm ara são im p o rt an t es fo n t es h ist o rio gráficas p ara revelar as d iscu ssõ es acerca d a p o lít ica,

p ro jet o s e refo rm as u rb an as. En t re 1 9 3 0 e 1 9 4 5 , n o go vern o d e G et u lio Vargas, em d eco rrên cia d a d isso lu çã o d o C o n gr esso N a cio n a l, t o d o s o s ó r gã o s legisla t iv o s n o s est a d o s e m u n icíp io s fo r a m p aralisad o s, p assan d o a ser ch efiad o s p o r in t erven t o res est ad u ais e fed erais, q u e, n o m ead o s p elo p o d er p ú b lico , cen t ralizavam t o d as as d ecisõ es. As p esq u isas h ist ó ricas q u e ab ran gem esse p erío d o en fren t am d ificu ld ad es, p o r n ão p o d er co n t ar as at as d as Câm aras m u n icip ais, fo n t e esclareced o ra d o s p ro b lem as d a cid ad e e d as so lu çõ es ad o t ad as p elas ad m in ist raçõ es lo cais.

3 O Correio Joseense é o p erió d ico m ais an t igo d a cid ad e e o m ais co m p let o p ara co n su lt a. Circu lo u en t re

(18)

4 Est a at a regist ra q u e o s ed it o res d o Boletim Médico so licit aram u m a su b ven ção d est in ad a a p ro ver p art e

d o cu st eio d a p u b licação . Na sessão d e 15 d e m aio d o m esm o an o , a Co m issão d e Fin an ças e Ju st iça d a Câm ara, exam in an d o o p ed id o , d est in o u u m au xílio d e 200 m il réis p ara o p erió d ico (Act as..., 18 m ar. 1930).

5 Essa id eia p o d e ser co m p ro vad a n as ed içõ es d o Correio Joseense, d e 1935 at é 1938.

REFERÊNCIAS

AC TAS...

Act as d a Câm ara Mu n icip al d e São Jo sé d o s Cam p o s. Fu n d o Câm ara Mu n icip al d e São Jo sé d o s Cam p o s. (Arq u ivo Pú b lico d o Mu n icíp io d e São Jo sé d o s Cam p o s). 1908-1930 ALM EIDA, M art a d e.

Co m b at es san it ário s e em b at es cien t ífico s: Em ílio Rib as e a feb re am arela em São Pau lo .

História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio d e

Jan eiro , v.6, n .3, p .577-607. Disp o n ível em : h t t p :/ / www.scielo .b r/ scielo .p h p ?scrip t = sci_art t ext &p id =S0104-597020000 00400005&ln g=p t &n rm =iso Acesso em : 22 set . 2009. 2000.

ALMEIDA, Valéria Zan et t i.

Cidade e identidade: São Jo sé d o s Cam p o s, d o

p eit o e d o s ares. Tese (Do u t o rad o ) – Pro gram a d e Pó s-grad u ação em Hist ó ria So cial, Po n t ifícia Un iversid ad e Cat ó lica d e São Pau lo , São Pau lo . 2008.

AM ARAL, Jo ão Ferraz d o .

In sp ecção san it ária d e São Jo sé d o s Cam p o s. Un iversid ad e d e São Pau lo , Facu ld ad e d e Med icin a. Trab alh o ap resen t ad o co m o exigên cia d a cad eira d e Higien e. Do cu m en t ação d a Fase San at o rial. (Lab o rat ó rio d e Pesq u isa e Do cu m en t ação Hist ó rica; In st it u t o d e Pesq u isa e

Desen vo lvim en t o d a Un iversid ad e d o Vale d o Paraíb a). 1930.

BO LETIM M ÉD IC O .

São Jo sé d o s Cam p o s. (Arq u ivo Pú b lico d o Mu n icíp io d e São Jo sé d o s Cam p o s). 1933a 1935.

BO N D ESAN , Alt in o .

São José em quatro tem pos. São Jo sé d o s

Cam p o s: Ben t ivegn a. 1967.

CÂMARA, Seb ast ião Pen n a d a (O rg.).

Alm anach de São José dos Cam pos para 1905.

An o 1. Jacareh y: Typ o grap h ia d a Casa Min erva. 1905.

CASTRO SANTO S, Lu iz A. d e; FERREIRA, Lu is O t á v io .

O s p erió d ico s m éd ico s e a in ven ção d e u m a agen d a san it ária p ara o Brasil (1827-1843).

História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio d e

Jan eiro , v.6, n .2, p .331-351. Disp o n ível em

h t t p :/ / www.scielo .b r/ scielo .p h p ?scrip t = sci_art t ext &p id =S0104-5970199900030 0006&ln g=p t &n rm =iso . Acesso em : 18 set 2009. 1999.

C O RREIO JO SEEN SE.

São Jo sé d o s Cam p o s. (Arq u ivo Pú b lico d o Mu n icíp io d e São Jo sé d o s Cam p o s). 1920-1950.

FLÓ RIO , Jo ã o .

Relat ó rio d e in sp eção p relim in ar d o m u n icíp io e est ân cia clim at érica d e São Jo sé d o s Cam p o s. São Pau lo . Dep art am en t o d e Saú d e Pú b lica d o Est ad o d e São Pau lo ; Divisão d e Serviço d o In t erio r. Do cu m en t ação d a Fase San at o rial. (Lab o rat ó rio d e Pesq u isa e Do cu m en t ação Hist ó rica; In st it u t o d e Pesq u isa e

Desen vo lvim en t o d a Un iversid ad e d o Vale d o Paraíb a). 1944.

GADELH A, Pau lo . E.V.

Assistência m édica no Rio de Janeiro (1920/1937):

refo rm as in st it u cio n ais e t ran sfo rm ação d a p rát ica m éd ica. Tese (Mest rad o ) – In st it u t o d e Med icin a So cial, Un iversid ad e d o Est ad o d o Rio d e Jan eiro , Rio d e Jan eiro . 1982. HERSHMANN, Micael M.; PEREIRA, Carlo s Alb ert o Messed er.

O im agin ário m o d ern o n o Brasil. In :

Hersh m an n , Micael M.; Pereira, Carlo s Alb ert o Messed er (O rg). A invenção do Brasil m oderno: m ed icin a, ed u cação e en gen h aria n o s an o s 20-30. Rio d e Jan eiro : Ro cco . p .9-42. 1994. H O C H M AN , G ilb ert o .

A era do saneam ento. São Pau lo : Hu cit ec;

An p o cs. 1998. M ILLIET, Sérgio .

Roteiro do café. São Pau lo : Bip a. 1946.

M O N TEIRO , N ap o leão (O rg.).

Alm anach de 1922. São Jo sé d o s Cam p o s: s.n .

1922.

RESC H ILIAN , Pau lo Ro m an o .

O Vale d o Paraíb a n o co n t ext o d a u rb an ização b rasileira e a q u est ão d o p lan ejam en t o regio n al. Revista Ciências Hum anas, Tau b at é, v.11, n .1, p .25-32. 2005.

RICCI, Fáb io .

(19)

d esen vo lvim en t o n o Vale d o Paraíb a p au list a.

Revista História Econôm ica & Econom ia Regional Aplicada, Tau b at é, v.1, n .1, p .1-11. 2006.

SÁ, Do m in ich i Miran d a d e.

A ciência com o profissão: m éd ico s, b ach aréis e

cien t ist as n o Brasil (1895-1935). Rio d e Jan eiro : Ed it o ra Fio cru z. (Co leção Hist ó ria e Saú d e). 2006.

SAN TO S, M ilt o n .

A urbaniz ação brasileira. 3.ed . São Pau lo :

Hu cit ec. 1996.

SÃO JO SÉ DO S C AM PO S.

Prefeit u ra Mu n icip al d e São Jo sé d o s Cam p o s. Serviço d e Est at íst ica Mu n icip al. Anuário

estatístico da estância hidrom ineral e clim atérica de São José dos Cam pos. Ap resen t ad o ao Prefeit o

San it ário , En gen h eiro Fran cisco Jo sé Lo n go . São Jo sé d o s Cam p o s: s.n . 1938.

SILVA, An a Co n su elo Alves d a.

Dores do corpo e dores da alm a: o est igm a d a

t u b ercu lo se en t re h o m en s e m u lh eres

aco m et id o s. Tese (Do u t o rad o ) – Facu ld ad e d e Ed u cação , Un iversid ad e Est ad u al d e Cam p in as, Cam p in as. 2009.

VASCO NCELLO S, Maria d a Pen h a C. (Co o rd .).

Mem órias da saúde pública: a fo t o grafia co m o

t est em u n h a. São Pau lo : Hu cit ec. 1995. VIANNA, Pau la Vian a Carn evale.

Saúde e cidade: u m a relação in scrit a n o esp aço e

n o t em p o ; a fase san at o rial d e São Jo sé d o s Cam p o s (SP) e su a in flu ên cia so b re o s serviço s d e saú d e d a d écad a d e 1980. Tese (Do u t o rad o ) – Facu ld ad e d e Med icin a, Un iversid ad e d e São Pau lo , São Pau lo . 2004.

VIANNA, Pau la Vian a Carn evale; ELIAS, Pau lo Ed u a r d o .

Cid ad e san at o rial, cid ad e in d u st rial: esp aço u rb an o e p o lít ica d e saú d e em São Jo sé d o s Cam p o s, São Pau lo , Brasil. Cadernos de Saúde

Pública, Rio d e Jan eiro , v.23, n .6,

p .1295-1308. 2007.

Imagem

Tabela 1: População do Vale do Paraíba paulista: números absolutos e crescimento demográfico (1854-1935)

Referências

Documentos relacionados

Para classificação, usualmente uma rede RPE opera como um identificador de classes que recebe um conjunto de vetores de entrada e ativa cada nO de salda, associando-o a cada

A partir desta reflexão inicial, estabelece-se como objetivos gerais do trabalho: realizar uma discussão sobre o Programa Mais Médicos instituído pelo

PARÁGRAFO 3º - Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho, ou após o decurso do prazo supra estabelecido, sem que tenha havido a compensação integral da jornada extraordinária

Importante: Abaixo constam as matrizes de referência dos cursos vigentes, para os alunos ingressantes do primeiro semestre de 2016 da Faculdade Anhanguera de São José dos

1) de reabertura de matrícula, de compensação de ausência às aulas, de mudança de turma ou turno, transferência interna de curso, de vista de prova, de cancelamento de

Originalmente projetado por Burle Marx como espaço de entorno das instalações da Tecelagem Parahyba foi apropriado mais tarde pela população do bairro, passando da condição

Os atributos que representam os casos além dos padrões são: área (tamanho do objeto de desmatamento em hectares), contexto (se o objeto de desmatamento está

(Exercício 05) Numa folha em branco, numere as páginas 1 e 2 e escreva em cada uma delas as frases seguintes: na página 1, “A frase escrita na página 2 é verdadeira” e, na