CADERNOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA -
39
ROBERT WOOD JOHNSON
--RELAÇOES HUMANAS
Ao.NAS EMPRESAS MODERNAS
,
FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS
SERViÇO DE PUBLlCAÇOES
Direitos reservados da Fundação Getúlio V;:rg3s
Praia de Botafogo. 186 - Rio de Janeiro - GB - ZC-C2 - Ec""l
l' edição
2' edição
outubro de 1955
agôsto de 1966
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FUNDAÇÃOc: -
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f~GASDATA
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© Ccpyright da Fundação Getúlio Vargas
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - SCi'\'iço J~ Plll::b:.:,c.o - Diretor,
Leósthenes Christino; coordena,iJo técnic\ de Deni,: CorJe,ro Po!i(3IÜ; capa de Sérgio Fragoso; composto e impresso n<l Grúfica Editur.1 Livro S.A.,
em linotipo 378 baskervile \0/12. sôbre papel "buLlff""t ,r,'IIH', 113,;';t>,,1.
APRESENTAÇÃO
U Jl1 dos magno, pl'olJlemas criados pelo de,ell\oJyimento industrial hodierno e peb, LOndições atuais de \ida, que mediata ou indiret:tlllente dêle decorrem, é o das relações de e 111
prrgo,
em J)anintlar, e o das re 111 ç üt' S li 11 111 {lIUlS, em geral, en tre as em prêsas e os em pregados.Sôbre o tema, delenas de milhares de pági nas se têm e,,(xito. Opiniõe, as mais variad:1> e divergentes são defendidas por tra-ladi,las, por e'peciali,ta,. por altindislas, jJor p~lI111etários e até
por ,imples curioso,. bto, ali:b, fàólmente se explica . . \s reIa· çiJes entre a, IllOdernas emprbas e seus empregados con'itituenl
Ulll cruciante prolJleIlla de admillistração, nesta época de
com-plexa ati\idade eLOllumica e de agitação social, em que a
maio-: j,1 do, pahe, coloca em primeiro plano a velha questão de har-llwniLar
°
capital e u trabalho.ElllretallLO, ,em di,unir o valor de tantos li\To'i, elh,lI0',
ar-t igos, I LllJalho, de di \1I1ga~~o, talvez se possa afirmar que
ne-11 li Ulll dêles ,e ;l\an uja. elll orig-inalid:lde, ao presente I Llbalho . . \ origillaliLLde prO\ t'lll e,pecialmente das condiçõe, peculiares
<:111 lj ue toi r Li borado: um:l rq ui pr de especialistas em problemas de emllrt'go. homen, til' neglll io, representantes de vários credos religiosus, plOfessôres, fUlltionários públi(()s e empregados
CADER:\'OS DF AD:\fl:"ISTR\ÇÃO P(IHIC\
É \erdade que, na capa, figura comQ autor, ROBFRT "'00l) Jml:'\~O:'\, f,ste, quando chamado à guerra pelos âe\eres de
pa-triotismo, tentou redigir, para informação de seu sócio que
fi-C;I\';1 :'1 testa da emprêsa, uma pequena memória sôbre as
diretri-le~ que a firma de\'eria seguir, na sua ausência, em matéria de
reb~(ies com o" empreg:alos, ~ão o conseguiu, confessa-o no :'rtigo, principalmente por causa dos problemas éticos que de-frol1ta\<I a cada momento,
Terminado o conflito mundial, rooh'eu-sc a rflTn-OClr nu-mClo,a, pe,>soas de boa \'ontade par<l, e111 equipe, c\:aminarem a matl'l"i:l, Dos pormenores desta a\entura e dos <;CllS profícuo, reslIltado" dá conta o extenso relatório do referido grupo, que ser;'1 OpOrL unamente publicado, ror hora, dispomm ape11:15 do
resuIIIO, feito por ROBERT "'OO!l .!OIl:'\SO:\ e publicado pch I-Ja/(enrd fl/lsil/l',iS Un'iell',
,-\ E, B" \, p, promO\'eu-lhe a tradução e oferece-o aos seus estudantes e ao público em geral, Examin:mdo proficuamente os principais problemas atinentes às relações humanas nas cmprê-sas moderna~, con'ilitui êste lT'iUIllO prccio~o sllbsídio para 0, estlldioso, da nratéria, Conseguir-se p:lra cada grupo operan!iC um;l ,iluaç;io de estabilidade e harmonia no empreendimento c no trabalho, que dignificam o homem justamente na sua quali-dade de ser ,uJlerior - eis o magno problema elas relações huma-nas, que o presente ensaio configura,
,
INDICE
Apresentaçüu ...
v
I Introdução 3
11 InterdepuH!ência .... 7
IH .\ TareLi que se nos Depara 13
IV - . \ Dignidade do Homem 1 ~)
v
.\ Estima dos Outros ... .VI A ~atureza Social do Homem 49
I -
INTRODUÇÃO
Durante algum tempo, espe-cialmente a partir da guerra, pessoas de ambos os sexos vêm debatendo e discutindo os pro-blemas com que se defrontam a nação e o sistema de empre-endimento privado. Não
obs-tante a grande diversidade de opiniões, todos se mostram de
acôrdo num ponto: Nenhum
problema é maior ou mais
ur-gente que o de obter sadias relações de cooperação entre empregados e empregadores.
A medida que, no decorrer dêsses anos, a confusão amadu-recia em divergência quanto a essa questão de tão magna im-portância, nossos círculos inte-lectuais ràpidamente adotaram
um hábito que, creio eu, teve geração espontânea, pois nunca encontrei ninguém que confes-sasse tê-lo engendrado. Trata--se de certa moda que assim se pode aproximadamente descre-ver: logo que surge, qualquer questão transforma-se em con-trm"érsia" Em seguida, com"o-cam-se reuniões extraordinárias, nas quais as partes divergentes, em vez de enfrentar um simples debate, lutam mas é com a ta-refa de remendar uma situação
errônea que F ultrapassou
4 C-\DER:'\OS DE\D:\n:-:rSTR.\çÃO PL'BLlCA
se tem atravessado emergência após emergência - e o noticiá-rio revela que muitas indús-trias, de fato, as atravessaram
assistindo reuniões e mais reuniões, sem nunca resolver os problemas fundamentais que lhes motivaram a convocação.
Um acontecimento ocorrido na primeira fase da guerra fêz minha atenção convergir para certas questões essenciais. Pou-ca antes de deixar meus negó-cios para assumir um cargo em \rashington, um sócio me pediu que definisse não oralmente, mas por escrito, as nossas
dire-trizes básicas de emprêgo.
Res-pondi-lhe que o faria na noite seguinte. A experiência apenas serviu para persuadir-me de que três ou quatro horas de c:meta em punho, a acrescen-tar aqui e riscar ali, nada pro-duziriam que valesse o esfôrço. Desculpei-me junto ao meu amigo e prometi desincumbir--me da missão no
fim-de-sema-na que se aYizinhava. Passei o sábado e o domingo agarrado ao trabalho e, na segunda-feira, fui compelido a confessar que não o pudera elaborar.
Lembro-me de que, nessa ocas1ao, fiquei extremamente perturbado, embaraçado mes-mo, para apresentar minhas justificativas, pois quando che-gara a noi te de domingo, eu ainda me encontrava tentando fazer uma exposição sôbre a ética do emprêgo, não apenas para as nossas próprias emprê-sas, mas para os negócios em geral. Pareceu-me então, como ainda me parece, que eu não era a pessoa habilitada para
de-"empenhar aquela tarefa. ;"1as quem o seria, e como iriam os especialistas em éticas vestir suas icféias de modo a forma-rem sentido em relação aos ne-gócios práticos?
REL\S:ÕES l-!L":\lA:\:\S 5
para examinarem essas ques-tões. O grupo consistia de ho-mens de negócio e membros do clero, uns e outros experimen-tados no campo das relações humanas. Embora eu já soubes-se que não era fácil descer aos princípios fundamentais, ainda era bastante neófito para espe-rar uma ou outra destas duas coisas: ou o grupo, após algu-mas reuniões, redigiria uma ex· posição útil, ou se desmancha-ria em expressões corteses de interêsse, mas o trabalho mor-reria no nascedouro.
Kada disso aconteceu. Para meu espanto, todos aquêles es-pecialistas - tanto os negocian-tes como os pastôres - concor-daram com a minha sugestão so-bremodo cautelosa de que se
tratava de um problema de
ética. íJes, por seu turno, não ficaram só nisso e afirmaram que o problema de dar uma só-lida base ética às diretivas de emprêgo era o mais importante
com que se defrontava atual-mente a América. Expressaram,
também, a sua determinação de resoh'ê-Io, sem levar em conta nem o tempo nem Os sacrifí-cios pessoais que acanetasse.
J
á lá se do três anos que es-sa decisão foi tomada. Desde então, muitas foram as reuniões e muitos outros peritos genero-samente se juntaram ao nosso grupo. As deliberações acham--se agora consubstanciadas num relatório. É a essência dêste que divulgamos aqui, em forma de artigo; mais tarde, sob forma um pouco diferente, será publi-cado pela editôra Prentice-Hall, lne.pú-C:\.DER:\OS DE AD\I1:\ISTRAC,:,~O PL'BUCA
blicos e cidadãos interessados - é, para mim, altamente
sig-nificativo. Homens ele habili-t:lção, experiência e pontos de \ ista Os mais diversos concor-d:lram em deixar os seus
cam-pos específicos de atividades para emprestarem o seu concur-'o a algo universal e, portanto, fundamental. Talvez não te-nh:lm aIcanç:ldo uma solução
deliniti\'a, mas sem dúvida ob-ti\eram resultados de impor-t:lncia básica.
11 - INTERDEPENDÊ~-!CIA
Dependemos uns dos outros,
- eis um fato elementar.
So-mos constantemente
influencia-dos pelo ambiente. Nosso cará· ter é em parte modelado pelos que nos cercam; em troca, atuamos sôbre nossos
semelhan-tes. A úda econômica de hoje
é interdependente. A maioria
das companhias depende de de-zenas de outras, no que diz
res-peito a suprimentos, material e mercado para os seus produtos. !\a fábrica, há relaçôe; com-plexas entre os yários níyeis de direção e a camada trab:dhado-ra. !\uma palayra, o mundo é social, a "ida é orgânica.
A idéia de que a ocupação é impessoal não passa de
fic-ção. No trabalho, como no
mc1h:mtes e com tôchs a,
aspl-LiÇÕeS de sua natureza. :\ão ILi
nenhum' "homem ecoll<ímico", motiY;ldo apenas po!' intuito, de ganho.
Os homens são criaturas
so-(I:m, sensíyeis :1; por:d:.:raçôes
do orgdho, da yontadc de rea-liDlç}o, da necessidJele de
esc!-ma e de afeição, e similarcs
im-pulsos não-cconômicos. Do
11lé::;mo modo, 05 homens são dct<:dos de consciência c scnso de justiça. =';ão se altera a SlLl natureza, quando ycstcm o
ter-no ele trabalho cu o llncacão de operário.
tstes [ato:; podem ser \'Ístos
por dois prismas. É pOSo heI
8
morai,. Ambas as m:l!1eiras de "er, contudo, são importantes por suas coaseqüências para o homem de negócio.
ASPECTOS PSICOLóGICOS
A natureza do homem
apre-~el1ta certos traços constantes
llue as relações humanas não podem ignorar. Se é yerdade que a conduta do homem pode
~er imprnisíyel em seus por-menores, há impulsos amplos que influem profundamente no Lomportamento. Podemos enu-merar cinco, pertinentes ao nosso terna. Em primeiro lu-gar, o homem tem o senso da
dignidade, a conYÍcção de que possui direitos humanos bási-cos que os outros devem res-peitar. Há as emoções comple-xas que se prendem ao amor próprio: a bmca de
auto-ex-pressão, oportunidade para
progredir, êxito nos empreen-dimentos e satisfação de alcan-çar uma posição útil no mundo.
S~'gumlo, há a nece.s~idade
de gozar da t:stima dos outros. Os homens anelam pelo reco-nhecimento de seus méritos, o sentimentO de que sua digni-dade humana é respeitada, e a certeza de que serão tratados, em tôclas as situações imaginá-yeis, como sêres humanos.
Terceiro, há o illstinto
bá-sico da sobrevivência. Isto pres-supõe a convicção de que o homem e sua família têm di-reito a obter alimento,
Yestuá-llO, habitação; e a satisfazer
outras necessidades, que são re-quisitos de um decente padrão cle \'iela, no mundo atual.
Quarto, os homens desejam
segurança. 1\ão lhes é bastante a satisfação de suas necessida-des presentes. Querem ficar tranqüilos quanto ao futuro.
n::b:;lilJ conjunto lla rc.lL:.l~j.) de cnclrgos comuns.
Tôda~ essas tendências e,tão profundamente arraigad~,~ lU n,:lLlreza do homem. São de 1Il-telê,se \ital para o comércio e a indústria por cama da sua penetrante influência na con-duta do imlidcluo. Se, numa dada situa~'ão, estas nece~sida
des são satisfeitas, os homens mostram-se felizes, operantes, a u x i I i a m-s e mútuamente. Quando se dá o im'erso, ficam rabugentos e amargos. Uma so-ciedade que atenda às necessi-dades básicas do homem flores-cerá, ineútàyelmente. Uma so-ciedade que lhes \"oIte as cos-tas pereceI á. En tre êsses ex tre-mos há \"árias escalas, compa-rá\"cis aos estágios entre a saú-de "igorosa e unn doença fatal.
o
que é wrcladeiro para a sociedade em geral tamb~m o é para grupos mais reduzidos, tais como uma corporação in-dustrial. Gma emprêsa pode9
funcionar cumo uma equil-c fc-liz e produti\"a. Pode também ser destruída por conflitos in-terno,. Ou pode ocupar um es-túgio intermediário entre o êxito completo e um sensÍYel malôgro. ::\ aturalmente, sena incorreto considerar as relações humanas cOmo o único fator, por assim dizer, da saúde
indus-trial. As condições econômicas gerais e a competência técnica da administração e dos traba-lhadores S~IO, do mesmo modo, fatôres decisi\"os. A equação humana, contudo, é um ele-mento importante, embora fre-qüentemente ohidado.
ASPECTOS MOR.AIS
As relações humanas são
10 C\IlER:\OS IH, .\D\II:\I!>TlL\<,:4.0 PL'BUC\
dus homens. Se aceitamos a lr:tternidade humana ~ob a pro. l(~:1O de Deus, elltão daí de-torrem importantt:s conclusõt:s. Cada homem tem uma digni-dade inerente, que implica di-reitos e de eres b:bicos ... \ úda
Ilurtcia-~e pOl um propósi to que a tudo preside. Cabe aos homens julgar a sua conduta, n:iu sómente em têrmos de lu-cro ou de conveniência pessoal, mas também em função do jus-to e do injustO. Torna-se im-portante o ~er\'iço il sociedade, tanto quanto o que visa ao in-terêsse pessoal. O trabalho em equipe e a cooperaç:io não se fazem tardar.
Certas atitudes que tiveram :dguma voga no passado, e ainda hoje repontam ocasional-mente, são incompatíveis com uma úsão moral e religiosa da sociedade. É o caso do pressu-posto de que a liberdade
sig-nifica pr~ticamente um indi\'i-dualismo desregr:tdo e indisci-plinado. A idéia de que (a da homem é a lei de si mesmo, encontrando-se empenhado com os seus semelhantes numa luta impiedosa pela sobre\ ivência, sem outras normas de conduta que não o ardil e o êxito, e ad-mitindo como legítimos todos os expedientes para alcançar o objetivo de um empreendimen-to - essa idéia tem cle ser re-jeitada como indigna da natu-reza moral do homem. Tôdas as pessoas no gôzo da razão
con-cordam em que as preocupa-ções dos nossos semelhantes, o interêsse público e o bem-estar geral não devem ser menosca-bados.
É capi tal a idéia do valor
básico do homem, para um sis-tema livre de vida, oferecido a
todos. A nossa Declaração de Independência 1 ressaltou que
todos os homens são dotados
REIA<,:ÕES I1t:\I.\:\'AS 11
pelo Criador de certos direi-[Os inaliená\eis. As primei-ra~ emendas à nossa Constitui-ção se consubstanciam numa Declaração de Direitos. Desta se origina a clefiniti\a ojeriza que temos pelas ditaduras. Não ~e trata de estabelecer qual sis-tema de \ida é mais eficiente industrialmente ou mais
pode-roso militarmente. Num
re-gime ditatorial, seja comunis-ta, nazista ou fasciscomunis-ta, o homem é escravo do Estado. Não pos-sui direitos - somente privi-légios que podem ser derroga-dos sem mais aquela. A demo-craCla não só reconhece os di-reitos do homem como os lm-plementa numa medida sem paralelo em qualquer outro re-gime. Isso que deu tão bons resultados na vida política é um esquema que se ajusta bem à vida industrial. Neces~it;IIl1os
de garantias de liberdade eco-l1())l1ica, política e religiosa. Um ~:,tem:t econômico que
concor-I' P I.. IJJr~ " . , libcrd::de indi\'idu:tl
reforça a liberdade política e :1 religima.
Ol'TR.-\S CONSlDER,\ÇÕES _\ experiência mostra, no mundo, uma ampla unidade de motivação que é compatível
LO!1I est:i intel pretação
religio-\:! da '.ida .. -\s conclusões a que
\ imos de chegar com funda-men tos psicológicos e morais poderiam ser também alcança-das mediante outras considera-ções sôbre o problema. Assim é que a moderna ciência eco-nômica se distancia da idéia de que o auto-interêsse possa cons-tituir proveitoso elemento re-gulador do comércio, das fi~ nanças e da indústria. É fato que os economistas atribuem grande importância à competi-cão e à "lei" impessoal da üfer-;a e da procura; mas vão ad-mitindo em escala crescente que a complexidade da vida
econômica moderna reclama
12 C.\Dl"R:\U~ DL "\ll~Il.'\lSTRA(\O Pl:I.\LlCA
setores especializados nOs ad-vertem de que não pode sobre-viver a sociedade, a bem dizer a civilização, que não atende, ao elaborar seus ajustes econô-mico-sociais, no fim ético da atividade econômica. A rejei-ção <.lo li\Te e:npreendimento c::pitalista, hoje em dia genera-lizada em mui las partes do mundo, é um indíóo de que os métodos tradicion:lis, qualquer que haja sido no passado a sua eficácia temporária ou superfi-cial, não satisfazem às presen-tes necessidades e aspirações da humanidade.
Considerando-se o p:oblenn por uma ou por outra forma, a conclusão é a mesma. Tôdas as pessoas esclarecidas crêem que a atividade dos negócios é mais do que um caso ele com-petição e de luta pelo poder. Tem uma influência capital sôbre a vida, dos homens e, por sua vez, é influenciada pela na-tureza e aspirações do homem. Suas diretivas afetam os
ope-rários, os consumidores, os acionistas e tôda a organização política. Estas decorrências mais amplas são fatos indiscutí-veis, quer ou não atentemos nelas ou lhes prodigalizemos acolhida. I\'ão podemos obter bom êxito, fazendo vista grossa aos fatos. Não podemos mote-jar a natureza humana.
Por conseguinte, os homens de negócio têm outros proble-mas além dos seus créditos e Llébitos. Visto como a admini:.-tração do trabalho lida com sê-res humanos, com sua vida so-cial e moral, ela assume o ca-ráter de uma verdadeira cura-tela. Há que considerar as re-lações de grupo em muitos nÍ-\eis. Ebs implicam direitos e de\"eres, bem como interêsses e rei vimliclçucs. Se ignorar os fatos importantes da natureza humana, uma emprêoa não es-tará pagando o seu tributo à sociedade. Dada a natureza
hu-mana, essas obrigações se
111 - A TAREFA QUE SE NOS DEPARA
Conquanto a importância
das relações humanas não seja uma idéia "1ova nos dias que correm, é nas últimas décadas que os homens de negócio dos Estados Unidos têm devotado a,) problema tempo e atenção em escala crescente. A literatu-ra sôbre administliteratu-ração de pes-soal, relações industriais e so-ciologia industrial é volumosa e se expande cada vez mais. A
maioria das mais importantes firmas possui um corpo de fun-cionários, que cuida apenas clêste assunto. :\Iais de uma vintena de universidades de re-lêvo promoveram nesse setor
extensas pesquisas. Várias socie-dacles e periódicos se especia-lizaram em problemas de pes-slJal e de administração. "1\ a
verdade, o estudo das relações humanas no campo industrial poderia ser qualificado como uma ciência cuja importância está sendo ràpidamente reco-nhecida. As modernas emprêsas industriais p comerciais podem ter legítimo orgulho por êste desem'olvimento.
Só a uma necessidade pode-ria corresponder tal progresso. O notáwl adiantamento dos
aspectos puramente técnicos
ela arte de adminj~trar pode muito bem haver ultrapassado, em amplitude, a nossa percep-ção dos aspectos humanos dos negócios. Os homens de negó-cio estão começando agora a perceber que mesmo QS
14 C.\DER~OS DE AD:\II~ISTRAÇÃO Pl:BLICA
são suficientes, Há que aten-der a outras necessidades do homem se uma emprêsa quiser ser uma equipe satisfeita, har-moniosa e eficiente,
PERSPECTIVA HISTóRICA
A importância dêste nôvo desenvolYimento anIl ta, numa perspectin histórica. Talvez estejamos no fim de uma era e no comêço de uma nova fase
do capitalismo. As atitudes das emprêsas modernas têm sido coloridas pela herança de uma revolta bem sucedida e fecunda (ontra a coibição. I\a Idade :\fédia, a lei, o costume e a religião impuseram à sociedade um forte mecanismo de con-trôle, Quando êste arcabouço se esfarelan, era quase sempre substituído, como por exemplo, na França e na Inglatena, por contrôles e,>tatais não muito diferentes de algumas tendên-cia~ atuais. A teoria era de que um gO\'ên19 forte poderiJ.
cons-truir uma socied:lde
econ6mi-ca poderosa, a qual, respeitada a ordem natural das coisas, ha-veria de beneficiar todos os ci-dadãos.
Estalou, na França e na In-glatena, um movimento contra essas imposições, liderado pelos que viviam dos negócios. Liber-tação das restrições tornou-se o lema do dia. Tais atitudes ajus-tavam-se bem à expansão do comércio que surgia dos ím-petos coloniais dos séculos de-zessete e dezoito. O desem'ol-\'Ímento do comércio, por sua \'ez, promoveu a revolução in, dustrial. Os negócios prospera-ram, ultrapassando os mais mi-macios sonhos elos mais otimis-tas.
RELAÇÕES HUMANAS 15
uma lei em si mesmos. Kão po-dia o gm'êrno inten'ir nos in-terêsses da emprêsa, nem a igreja ou a sinagoga proclamar o seu código moral em matéria de negócios. Nem o govêrno nem a religião tinham qual-quer direito sôbre a vida finan·
ceira, industrial ou comercial.
Ka realidade o êxito das em-prêsas não foi completo, no sé-culo XIX. Os lucros quase sem-pre se elevayam a alturas eston-teantes, mas havia, no quadro, uma zona de sombras. Kas ci-dades, bairros miseráyeis se aglomeravam nas imediações das nons fábricas. O trabalho era, de regra, explorado, con-tando-se entre as suas vítimas até mulheres e crianças. TerrÍ-\'eis crises de desemprêgo aba-tiam-se sôbre o povo, comO durante sete anos abateu a pra-ga de pra-gafanhotOs sôbre a terra desgraçada. Desta ou daquela maneira, todavia, as roda, da indústria de~locayam-~e num
ritmo cada vez mais rápido. K avios revelavam a existência. de portos remotos. As nações tornavam-se ricas e prósperas.
O homem, porém, não podia ser negado. Erguia-se um
cla-mor para que a todos fôsse da-do partilhar da riqueza
recém--criada. A legislação social e, em seguida, a influência do
sindi-calismo aliaram-se para varrer as formas mais nocivas de ex-ploração. Em países industriais mais. adiantados, a noya pros-peridade tornou-se mais
ampla-mente difundida, embora a po-breza persistisse. Se é verdade que continua o problema da~ crises de desemprêgo, mesmo
aqui hoU\'e uma transformação. Essas crises hoje não são mais aceitas como uma calamidade
16
1\"ECESSIDADES POR SATISFAZER
O progre5w tem sido real, mas ainda há trabalho por fa-zer_ Me5mo que os homens es-tejam bem alimentados, yesti-dos e abrigayesti-dos, isso não será o ba~tante. As necessidades so-ciais e morais do homem preci-sam também de ser atendidas. Cumpre-lhe sentir que é mais do que um autômato, peça de uma engrenagem. fole possui anelos humanos de estima e re-conhecimento de seus méritos. Estas necessidades são reais, ainda que nem sempre percebi-das conscientemente ou expres-sas de maneira articulada. Tais [atôres poderiam ser compara-dos às yitaminas e minerais im-prescindh"eis à nutrição huma-na. Podemos aparentemente co-mer bem; todavia, quando nos faltam êsses elementos, nossa saúde e vitalidade se ressentenI. Ficamos indispostos, e insatis-feitos, mesmo que não possa-mos atin<lr com a razão de
nossa doença. Anàlogamente, pode hayer in,a:i,f::çZío social quando não atendidas certas
necessidades básicas.
Ensinam-nos os psicólogo, que, habitualmente, os anseio; ocultos se expressam por meio de atitudes irracionais. A quei-xa manifestada pode não indi-car o verdadeiro ressentimento. 1\"ão explicará isto uma situa-ç5.o que tem freqüentemente embaraçado os homens de ne-gócio? Afirmam-se, :\s vêzes, que os operários nunca estão satisfeitos, não importa o que seja feito por êles. ;\fal são re-mediados os abusos alegados, segue-se nova onda de
um esquema que venha a aten-der globalmente aos reclamos da natureza social e moral do homem.
RESPONSABILIDADE :\fúTUA
Uma atitude gendna de con-fiança, ou de responsabilidade ~ocial, da parte tanto dos em-pregados como dos empregado-res, concorreria como parcela considerável para melhorar a feição essencial da sociedade moderna. Átenuaria os confli-tos entre o capital e o trabalho. Ha\'eria mais senso de coope-ração no esfôrço para alcançar objetivos comuns; e menos pen-dor para as hostilidades eco-nômicas. Uma fábrica seria tida como verdadeira comunidade, não como um campo de bata-lha onde prevalece uma trégua armada.
Uma atitude de confiança po-deria modificar certas formas de competição que os homens de negócios e outrai pessoas con-denam como anti-sociais. O
sé-17
cu lo dezenove nu <\ sociedade oscilar entre dois extremos: de um lado, uma impiedosa com-petição que te dia a explorar
°
trabalho, a não levar em con-ta o consumidor e a esmagar o~ negociantes mais fracos; do ou· tro uma tendência para a con· centração econômica que fo-mentava o monopólio, a auto-cracia indmtrial e a instabili-dade econômica. l'iuma atmos-fera de confiança, os méritos reais ela competição - o estí-mulo à iniciativa e à engenhosi-c1aele, bem como a fa bricação de produtos melhores e mais baratos-
poderiam ser man-tidos sem transformar a vidaeconômica numa luta sem
freios pela sobreúvêncÍa.
Anà-logamente, poderiam
eco-18 L\DER:-:OS DE AD:\U:-:ISTRAÇÁO PÚBLICA
nômica, OU nivelam a inércia técnica e a exploração dos con-sumidore~, fatos êsses que, em geral, acompanham o mono-pólio.
O sistema de confiança da-ria realce aos nossos pontos de in terêsse e responsabilidade comuns, e não apenas às
nOs-5:,S diferenças. Um tal espírito
contribuiria para a saúde do mundo dos negócios. Desbor-daria de suas margens indo fertilizar a úda política, secun-dado pelo patriotismo e a pre-cC\lpaçã o do bem comum, a mitigarem as lutas instigadas pelo~ grupos de pressão e pelos interês'ies personalísticos.
:\ ós, homens de negócio, oferecemos estas idéias, não co-mo uma denúncia contra as emprêsas nem para dar a en-tender que são elas os únicos re,ponsá\eis por tais assuntos. Os trabalh::dores e o go\'êrno t~:mbém têm responsabilidades. Tccb\ ia, é tão grande o poder das emprê~as que mesmo a
ini-ciati\'a isolada de nossa parte, sem a ajuda de ninguém, mui-to poderia fazer para transfor-mar a ~ociedade. Uma política social permanente e completa, não esporádica e empírica, en-cabeçada pela comunidade das emprêsas, contribuiria bastante para mudar as atitudes da clas-,e trabalhadora e do go\'êrno. O passado, com suas façanhas e seus malogros, já está para tr:ls. De nada sen'e, rendendo--nos à \'oga das contro\'érsias, determo-nos no êxito ou desas-tre elos séculos dezoito e deze-no\'e. A maneira construti\'a de encarar o problema é apren-der com o passado quais são as oportunidades para o futuro. Tal é o espírito da presente
ex-posição. Oferecemo-la como
desafio a que nos empenhemos em realizações maiores, e não como denúncia das direti\'as atuais ou do passado.
IV -
ADIGNIDADE DO HOMEM
Quando o homem de negá- ra centr:d _ Se a .-ida social e (ios procura proceder de
acôr-do com um sentiacôr-do mais pro-f lindo de responsabilidade so-tial, um ponto ele partida na-t ural é o na-tipo ele relaçõe, que mantém com seus próprios em-pregados. De fato, é possÍ\el considerar-se quase todos os as-pectos de tais relações como tapazes de afetar os trabalha-dores. Até mesmo certos pro-blemas maIs transcendentes, como o ela estabilidade eco-nômica e o de uma socieelade próspera, têm profundas con-,eqüências para o operário. Por conseguinte, a técnica ele elaborar esta exposição consis-ti u em analisar as aspirações b:tsicas do homem, mas focali-zando o assalariado como
figu-etonômica satisfizer às necessi-dades elêle, nosso tipo ele cÍ,i-liLação será bem sucedido e !Jerdllrará .
o
FROBLDI.\. HL":\r.:\:\O DO .-\.SS.-\.L.-\.RI:\DOComo empregadores, pode-mo, perguntar a nós mesmos: quem são estas pessoas que fi-guram na fôlha de
pagamen-lO? :\. resposta dependeria elo
ponto de yÍsta de cada qual. A,sim, alguns economistas e estatísticos parecem julgar o
operário apenas como certa
20 CADER:\"OS DE AD:\II:\ISTRAÇÃO Pl:BLICA
a unidades de can'ão ofereci-das a preço estipulado e a uni-dades de trabalho que deman-dam certo salário. Ambos es-tão enleados na lei da oferta e da procura. Homens úvos, de mistura com máquinas iner-tes, são classificados como "fa-t()res de produção", fazendo jus a uma recompensa de acôr-do com o valor que se atribuir à sua contribuição, e na
me-clida em que tal valor seja de-terminado pela justiça cega no mercado.
Tais atitudes têm o seu lu-gar legítimo, embora limitado. A oferta de trabalho não está i,enta de considerações eco-nômicas. Quando, porém, a lei da oferta e da procura rege o mercado de trabalho com a exclusão de considerações hu-manas, uma grande injustiça é praticada. O trabalho não é apenas uma utilidade que se pode comprar e vender, usar e pôr de lado, como uma
ferra-tensa ine\'itabilidade da "lei econômica" não é suficiente para justificar o descaso insen-sÍ\'el pela dignidade básica do homem. l'\ãci há "lei econômi-ca" fora das relações huma-nas.
Os operários oferecem os seus sen'iços num mercado su-jeito a normas ou baseado na competição. tstes mesmos ope-rários, tOdavia, são homens .
P05suem coração e mente.
Amam e são amados. Têm
seus momentos de aspirações nobres, bem como seus desli-zes que os podem levar para os caminhos do mal. As suas vi-das, porém, em sua maior par-te, não são espetaculares. São homens comuns, são vidas den· tro da bitola corriqueira.
~a maioria, não pedem mui· to à sociedade, mas suas neces-sidades básicas lhes são vitais. Sua primeira exigência é que sejam tratados como sêres hu-manos, não como simples
RELAÇÕES HL\IA:\AS 21
A ATITCDE DOS E\'IPREG:\.DORES
O senso de dignidade huma· na expressa-se mediante os im-pulsos básicos já por nós indi-cados antes, Os homens que-rem auto-respeito, o respeito dos outros, oportunidade para \i\'er, alguma garantia de se-gurança e uma "ida social, Demais, se nos concentrarmos apenas em uma dessas neces-~idades e deixarmos de lado as outras, os homens se tor-nam infelizes e frustrados, Era uma falácia, a que se ocul-tava por trás da noção do "ho-mem econômico",
Preocupava--~e ,ómente com o desejo de sobre\'i\ência, Admitia que, se os operários recebiam salários suficientes para o alimento, o \'estuário e a moradia adequa-da, estariam satisfeitos, :\las, tal maneira limitada de foca-lizar o problema é má psicolo-gia e má ética, Ignora as ne-cessidades e aspirações vitais
da natureza do homem _ Deixa ele respeitar a sua recôndita dignidade, baseada em sua na-tureza espiritual, sua origem di\'ina e seu destino no plano traçado por Deus para o uni-\'erso - esteja êle ou não in-teiramente consciente de s s a vontade superior,
Daí decorre que é inadequa-elo o trabalho que apenas pro-vê os meios de subsistência, \'isto que o trabalho é uma parte tão importante da \'ida dos homens, a esterilidade, no caso, significa frustração e in-felicidade pela maior parte do dia, Os homens frustrados pro-curam quase sempre compen-sações na ação agressiva _ \'Ios-tram-se hostis para com o em-pregador e o trabalho, l\' as ho-ras de descanso, podem pro-curar e\'asão em formas anti--sociais de ,ida_ Homens como êsses não são os melhores ali-cerces de uma sociedade sã,
À. luz desta análise,
CADER:\"OS DE AD\rJ:\"ISTRAÇ.4.0 PL-BUC.-\
atitude elos empregadores para com o~ empregados. Isto apre-,enta um duplo problema. De
um lado, emolw o emprêgo de técnicas apropriadas. São necess~írios sadia política de pe,soal, métoelos adequados pa-ra neutpa-ralizar ressentimentos, meios eficazes de comunicação, e recursos semelhantes. Os re-cen tes e im portan tes progres,C?, nesses setores eleúam ser do conhecimento elos chefes exe-(Utivos responsáveis. Sem isso,
é bem provável que a boa von-tade se torne vaga e elestituída
de objetivo. Procedimentos
adequaelos, contudo, não são o ,uficiente. Precisam, também, ,cr animados de uma atituele de respeito pela dignidaele dos tra balhaelores . Se isso faltar, os planos mais engenhosos po-derão ir por úgua abaixo. Tal é, freqüentemente, a explicação do êxito desigual dos "plano, de bem-estar" . Participação nos lucros, bonificação e expe-dientes semelhantes têm tido,
nos negócios americanos, uma hi,tória cheia de peripécias. :'\ as ocasiõe, em que falharam, a razão fundamental foi, qua-se sempre, desconfiança elo~ empregados. Os operúrios per-ceberam que tudo isso não pas-sava ele planos esmerados p:ua obter mais trabalho em troca ele salários menores. I\ão se chegou a firmar um ambiente de confiança.
E.\IPRrGO
O reconhecimento dos direi. tos elo trabalhador eleve fazer--se sentir em tôdas as fases do
seu emprêgo. Pode começar
to-leram. Os futuros empregados de\"em compreender que a po-lítica da companhia não per· mite qualquer discriminação por moti\"o de religião, raça, origem nacional, ou quaisquer outras considerações alheias
:1
capacidade de realizar o traba-lho. Todos os esforços de\Cm ser feitos para descobrir as sua, a ptidões e colocar a pessoa in-dicada no lugar justo.O nô\"o empregado de\"erá ser instruído no exercício de suas funções e tomará conhe-cimento elas elireti\"as da com-panhia. Um capataz, ou um colega, é destacado para ajucLí--lo a adaptar-se ao seu nô\"o trabalho. Se êle falha ou se mostra insatisfeito, procura-se, num esfôrço apurar-se a causa. Pode-se experimentá-lo em ou-tro tipo de trabalho. Êle aca-ba, assim, se cOlwencendo de que a companhia tem interês-se direto em interês-seu êxi to.
:\létodos como êsses podem dar resultado, e dão realmente,
23
mesmo numa fábrica muito grande; o importante é não re· cusar o esfôrço necessário à ccnsecução do objeti\"o em
yis-Li. Instituem-se as clireti\"as
b;ísicas e descentralizam-se a aU-toridade e a responsabilidade. .-\nibuem-se, a funcionários en-urregados da supenisão, o di-reito e o de\·er de orientar os no\"os empregados, confofIllê as diretrizes da emprêsa.
::\ão é bastante que o nÍYel superior de administração de-termine essa política. Um
pro-grama de rel,lções humanas só pode ser eficaz quando accit:), c1e ponta a ponta, pelos cliri-gc:n tes de todos os nÍYeis de dutoridade, e explicado aos tra-balhadores. Isto en\"ol\"e um programa educacional comple-xo, a fim de que o trabalho em equipe \"enha a ser eficien-te em suas \"árias fases. Para afastar qUZllquer indício de pa_ ternalismo, é mister dar
eqüi-24
CADER;-.iOS DE AD:'lI;-.iISTRAÇÁO Pl:BLICAdade. Um empregador exigen-te, porém justo, é, de regra, respeitado por seus subalternos. U ma vez conquistado o respei-to, é posshel progredir na di-reção de etapas cada vez mais elevadas de participação, cOO-per;~ção e cordialidade.
FR013LE~fAS DE
PERSO::-'; ALIDADE
~Iesmo nos lugares em que se fizeram sadios esforços para ;\ justar o trabalhador às suas tarefas, persistem certos proble-mas residuais. Verificar-se-á que uma certa percentagem de empregados apresenta dificul-dades de personalidade. Estas, às vêzes, relacionam-se com a n:~tureza do trabalho, mas, na m;llOlla dos casos, têm suas raízes em problemas domésti. COS, na convivência com os co-legas de trabalho, ou na cons-ti tuição geral do indivíduo. Um trabalhador desajustado é sempre infeliz e ineficiente no
seu emprêgo. Suas relações po-dem afetar, de modo adverso, Os companheiros. É posshel que se mostre propenso ao absenteísmo e que ocorra ser uma vÍtima habitual de aci. dentes ou incidentes. Um ho-mem dêsse tipo é psicologica-mente doente. Precisa de tra-t:ll1Tento tanto quanto um tra· balhador acometido por febre ou que sofra uma lesão.
Para fazer face às necessida. des de homens assim, muitas firmas grandes possuem atual-mente conselheiros industriais.
Sua incumbência é tratar de problemas individuais de per-sonalidade. tles devem ficar distanciados do intrincado ha. bitual de relações e ressenti-mentos. Escutam atentamente
RELH,:ÕES HL:-'L\:\.\S
25
empregado, dentro da fábrica. Tal seria o caso, por exemplo, se fôsse considerado útil o tra-balho sob as ordens de um ou-tro superintendente, ou num ~1J11biente físico diverso. Em outras instâncias, o ajustamen-to tem que ser feiajustamen-to 11:IS atitu-des indiúduais ou nm proble-Illas domésticos. Isto é um cam-po relativamente nôvo p~lra a grande indústria, mas pode ser
importante no esquema total das relações humanas. Em ne-gócios de pequeno Hllto, tais questões, de comum, são trat3.-das clirel,;mente pelo empr::ga-dor.
.\fOTI\'OS DE QU.ElX.\
o
aconselhamento do empre-gado não dew colidir com os processos normais de neutrali-ZJ.ção de ressentimentos. É es-sencial que se disponha de ex-pedientes adequados para o ajustamento de di\'ergências ori undas das condições deIra-Galho, no que estas possam afetar os problemas indiúduais de personalidade. Tais nor-mas, hoje em dia, são usual-llTenle especificadas nos contra-tos sindicais; todavia, mesmo nas emprêsas em que já exis-t em méexis-todos sisexis-temaexis-tiz3.dos
pa-Ll fazer face a motivos de
quei-~:l, ,:s atitudes do empregador ~,ão Yitais. Perfilhando-se ati-tude errada, os
mentos podem fonte constante que conduzirá a
descontenta-tornar-se uma
CADER"OS DE .\D~!l"bTRAS·ÃO p( RUe.-\
,ão atingidos graças a atituue, por \":irios processo,; de comu-illteligentes da administraç:io e nicas:1O entre a administração ao treinamento correto de su- e o tr:lbalhador, com \"Ístas a perintendentes.
PROGR.\~L\S
EDL'CACIO~.\IS
proporcionar li\Te trânsito à
informação e ao entendimento. l'ma das conseqüências é mi-110Llr a monotonia e a aparen-te falta de objeti\'o do traba-Os métodos para eliminar lho de rotina, \"inculando-o ao de,contentamentos e o
acon,e-lhamento dos empregados
fa-lem face aos probfa-lemas depois que êstes surgem. É muito mais importante antecipar-se ilS dificuldades mediante a adoção de um programa positi\"o. .\1-gumas tirmas têm alcançado êxito nesse desiderato atra\"és de um amplo programa educa-cional, em geral executado em colaboração com o sindicato. .\ educação começa com um curso de orientação para os operúrios no\"os, o qual se des-tina a familiarizá-los com as ,uas tarefas, mas também com as diretriles e planos da com-panhia, considerados global-mente. O curso é completado
Uil1junto da~ realizações da fir-ma. O operário sente-se orgu-lhoso de sua ocupação e de SU:I companhia.
=" ormalmen te os programas
educacionais amplos incluem, ~dém do treillamento para a função, o desem'olYimento de 11a bilidades suscetÍ\'eis de aper-fe:çoamento futuro. Algumas firmas têm ido mais longe e oferecem oportunidades de edu-c~!Cão num sentido muito mai, dilatado. Estimulam, também, o aperfeiçoamento da capaci-c!z;dc dos operários em domí-nios não diretamente ligados ilq
-- I
t:tbriGl, dá-se oportunidade, ao da, compreende que tem opor-operürio, de culti\:lr maiores tllnidadc, de progredir cle acôr-aptidües e inter[:,ses.
Progra-mas dêsse tipo podem ser ofe-recidO'; pela companhia, junta-mente com o sindicato, ou a tra\és de escola, e uni \·er,ida-des locais.
O efeito final de todos os processos assinalados neste ca-pítulo é ele\ar o moral do tra-balhador. Ele sente que é re-conhecido e respeitado como um indidc1uo. Seu trabalho adquire um sentido mais am· pIo. Dá-se conta ela utilicbelc de sua contribuicão. \Iai,
v -
AESTIMA DOS OUTROS
o
homem é um indidduo,mas, ao mesmo tempo, um ser ~ocial. Almeja desenvoh"er sua própria personalidade e au
to--respeito. Deseja oportunidade para realizar e criar. Rejubila--se com a auto-afirmação que dimana da capacidade autênti-ca e da possibilidade de apli-cá-la. Poucas pessoas contentar--se-iam em ser eremitas, ainda que pudessem evidenciar a si próprias um domínio comple-to de seu ambiente. Com efei-to, é apenas em pane que o amor-próprio encontra seu fundamento numa com"icção íntima de valor. Em grande escala, constitui um subproduto do aprêço em que os outros nos têm.
!stes sentimentos acham-se
tão interpenetrados que é, com freqüência, impossh"el dizer, na
prática, até que ponto um
da-do programa eleve dirigir-se ao amor-próprio do homem, ou
ao seu desejo de ser
devida-mente valorizado pelos que o
rodeiam. Os programas condu-centes a afirmar a dignidade humana básica dos empregados eúdenciam, ao mesmo tempo,
a estima do empregador por êstes. Há, contudo, uma larga diferença entre planos que pro. porcionam ao trabalhador uma oportunidade de se desenvolver e os que demonstram aprêço e reconhecimento pelas suas
30 CA.DER:\"OS DE AD:\fI:\"ISTR.\ÇÃO P{BLICA
.-\ ~ ECESSIDADE DE C:O:'lIL'\"lCAÇÃO
o
sentimento do trabalha-dor, ele que é al\"o da conside-raç:w do, outros, alicerça-se melhor mediante um sistema de comunicação, participação e trabalho em equipe. .-\co-sua atuação como mediadores, não raro matizam inconscien-temente as direti\as adminis-trati\"as com as tintas do seu prúprio temperamento e pon-tos de \ista. Por outro lado, os operários interpretam as or-dens projetando-as sôbre o pa-no de fundo de sua experiên-municação é uma troca de cia anterior e de sua própria idéias, efetuada por um
cami-Ilho ele ida e volta, entre
em-pregados e empregadores. .\ imtituição de um sistema co-mo ê,se não é tão simples coco-mo
pm.sa parecer. Estudos recen-tes têm demonstrado que o antiquado método de comuni-(ação - a transmissão, num só sentido, de ordens emanadas de cima - nem sempre tem sido dic<iz na realização do seu objeti\"o. ;\0 processo em
ques-tão há dois moti\"os mais acen-tuados ele deturpação. O pri-mei:'o decorre de uma longa linha ele comunicação atra\"és de \"ári~ls camadas de autori-dade. Os superintendentes, na
organilação psicológíca. O re-sultac[o, quase sempre, é uma
inconcebhel deturpação da
memagem original.
e
m administrador senshel às reaç()es dos empregados \'erifi-ca que a experiência pré\"ia dê"tes, em rc!ação à companhia,necessá-REL\ÇÕES HL\IA:\AS 31
no para o lançamento de um nô"o produto entre consumI-dores, Isto sói acontecer mes-mo quando as transformações \'êm beneficiar os trabalhado-res, Paciência, cautela e inte-ligência - eis os requisitos ne-cessários para explicar, de mo-do efeti\"o, as diretrizes da c o m p a n h i a, especialmente quando em'oh'em modificaçõe"
A idéia mesma, porém, d.l
comunicação a processar-se
numa direção exclusi"a é in-compathel com o desejo que tem o homem de se sentir esti-mado pelos outros, Os homens querem ser consultados sôbre os planos que lhes cumpre exe-cutar. O aconselhamento não significa necessàriamente que a administração abra mão de sua autoridade, Uma emprêsa não é um clube de debates, A direção goza, realmente, da "antagem de uma perspecti\'a mais ampla e de opinião aba-lizada para tomar decisões,
Toda"ia, descura uma excelen-te oportunidade quando deixa ele incluir os empregados en-tre os seus consultores.
Dezenas de companhias têm descoberto em seus operários fon tes inesgotáwis de idéias,
Os empregados contribuem
com sugestõe.s para melhorar o, produtos, apurando os mé-todos de produção, pondo um paradeiro a certos desperdícios e aumentando a eficiência, Quando os empregados sentem que são uma parte respeitada na companhia, ajudam alegre-mente a fomentar os interêsses elela, que também são seus,
:\IÉTODOS DE CO:\IU:\ICAÇAO
32 CADER~OS DE A[)~!I"ISTRA<,:ÃO PéBLICA
estão sendo feitas e a razão pela qual talvez se tornem ne-cessárias algumas transforma-ções. Ganham, todavia, uma certeza ainda maior de parti-ci pação, quando a priOJ i são postos a par dos problemas, c se lhes pergunta, ou direta-mente, ou Gltravés de seus re-presentantes, como os resoh·e-riam. Suas opiniões são dis-cutidas juntamente com as de outros. Quando é alcançada a decisão final, sabem com pre-cisão por que o foi. ...\incla quando esta possa ser contrá-ria aos seus primeiros pontos ele vista, têm agora ciência dm argumentos que compeliram à conclusão. Sentem, de regra, que a política adotada é a sua
contam-se os jornais internos, reuniões, avisos nos quadros a isso destinados, urna~ para su-gestões, reuniões, eficientes SIS_ temas de atender às queixas e cuidadosas explicações a cargo elos super\"isores. A êste res-peito, mesmo as técnicas ade-quadas situam-se em plano se-cundário ao das atitudes pre-viamente estimuladas. i\léto-dos idênticos podem ser coroa-dos de êxito, nuns casos; e nou-tros, redundar em malôgro . . \ última hipótese pode ocorrer quando os trabalhadores te-nham motivo para recear que se objetive conseguir uma va-ri:tção no ritmo de trabalho, p,lra acelerá-lo, ou quando se tenham tornado rebeldes, sob política, muito embora não o regime de um indisfarçáwl concordassem de início com paternalismo. É \"ital que os
ela. operários sintam que são
TRA.13.-\LIIO E.\1 EQUIPE
33
A exi,tência de
agn:p::men-tos tc:m qt!e ser leyada em
con-O tr:;b:tlho cm equip~, nu- ta ao tr:.çar-se a política (!:t
m:l companhia, tem um sen- (o111;:anh:::, I.xpcdi:ntes e
p.-á-; ido Eleito mais amplo do que [ins c1j:alt:s ele colocar o
ope-:l da coop:::raç:t:.J formal entre r:',::o e;;:l discórdia com o seu
(':(11))8 Oll, por (p:'.lqucr form:l,
Us o;''CLÍrios tC;:cl~lll a f.)rnnr ;Jl'cj:ldiqucm sua \i:lc:laç::o ao
Q, ,~us próprio, grupos e d2se- ,c;r!lpn, tl2\em ,er con,idera:bs
j:1111 a c';Linn dos seIS (ol,;;::s, ;',!lu do quc ',e :!Giln (le dizer.
I-L't lliU::ll1L!l:C, numa Lbrica, ,\'<;!;ll, censuras públicas
hU1li-lnltito~ grl~po) t1êssc til)O, o, :h~lnt~s, [2iL:S pelos s~lp~rin .. ql:::is \ :'riam desde; o, pcq!:~- cCl1ll::nte5, 5::0 dupL:mcnte
du-nos ;:~n;p:lmento5, nU;.1 sctor L:5 (,C ;!ceiL:r, ::\::8 apen::s
fe;-(I., tl:lb::lho, ::t0 o sindicat8 reEI o ~mor-;);'óprio elo
trab.l-Opcr:íl io, que tudo a barca, .\ 'I:, do;', (OEI0 o fluem sen' ir-se existência de tais combi!!açÕê:i L:2J1()oc::bJdo JO:; 01h8, dos
tCI:1 COIL.:q Üê:1C i as im port:iI1 te~
p::ra Oi prO~:'J!ll::S d.l
(omp,:-nhi:l, T:ó dei tes podcm y;~
rü~r cIódc: a mú yontade dos
cmpreg:!dos cm ac~itar
promo-é é)mp::nhei:'os, Por outro 12do,
;':::1185 I1:Jl Llrlll!!l;cdo.i de
m-lC:l~i'.Oi c s::L'trio; podem
re-'ult:tr no LÍc,llleElbr:llllCnto ele
~:j lij'0S os m:::'i íntimos e, em <o'ões O~l transfcrências que o, c:;l1'cqiiê:1(ia, cncontrar sérl:l
obr;,:;-uem a sair de grupos de resistência, ~!élocbs
intcl;gen-slIa preferência, até atitudes de (éS ele es;ímulo, ao im'és ele
apêgo il firm:t, assumiebs por co:nb:,tcrenr, utilizam as
34 CADERl';OS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
PARTICIPAÇAO NOS
LUCROS
:\Iuitas companhias têm pro-curado estimular o espírito de equipe e de cooperação
me-diante a participação nos lu-cros. Os resultados, em tais casos, têm sido irregulares. A
experiência, em sua maior
parte, depende elos anteceden-tes gerais da companhia na qual é introduzido o sistema.
Os trabalhado:-es ordinària-E,ente não o aCeitam como um substituto de bons salários. 03
lucros são coisJ. muito distan-te e pendendistan-te da fatôres fora
ele seu contrôle. O empregJ.do médio sente que é bastante
que êle pJ.rtilhe dos riscos da indústria através do desemprê-go, sem mais esta ameaça, de SObrCGlrga. :\Ianifesta-se uma resistência algo similar quando tJ.is planos são
primordialmen-te considerados como incenti-vos à melhoria da produção.
De nôvo aqui os elementos de distância e de incerteza consti-tuem barreiras à pronta coope-ração.
A participação nos lucros tem mais probabilidade de êxi_ to quando é um elemento num esquema geral de trabalho em equipe. 1\"05 casos em que tô-das as diretivas da compJ.nhia concorren! para formar um sentimento de confiança e de integração, e em que os salá-nos são bons, a participação nos lucros é considerada um sinal de boa vontade e de um-dade. É mais uma recompensa pela realiz2ção do que um 111-centivo para realizar.
A participação nos lucros, 110
re-RELAÇÕES HCMANAS 35
curso poderia e"'itar que os entendimentos sôbre salário se processassem à base dos dissí-dios e acôrdos coletivos. Como é coisa sabida que aumentem Os sal;írios reais - pelo menos para a classe trabalhadora, co-mo um todo, - apenas enquan-to aumentar a produtividade
(e contanto que nenhum ou-tro grupo esteja recebendo um:! p:!rte anormal do produto), se-ria desejável dispor de algum deEcado instrumento detector, de Ulila fónl11Ila para computar a renda acrescida, proveniente de uma produtividade mais al-ta, e distribuí-Ia entre os ope-rários, consumidores e acionis-tas.
ORCA:\' ll.-\ÇÕES
SI:\DICAIS
Êste estudo não seria leal se deixas~e de abordar cora fran-queza a sin:ação criada pela existência das organizz:ções sin-dicais. Para nos situarmos no
plano dos fatos, temos de re·
conhecer: pode ser verdade
que o sindicalismo constitua uma fôrça importante da in. dústria moderna, mas há lhares de empregadores e mi-lhões de assalariados que não têm a menor ligação com os sindicatos. Além disso, no que toca a atitudes, algum empre-gadores são a favor dos sindi-catos, outros totalmente hostis
e muitos ocupz:m uma posição intennediúria. C~;io é propó-sito desta exposição pronun-liar-se sôbre os sindicatos, seja
em têrmos dos seus erros ou das suas realizações, direitos e deveres) .
Persiste o fatO de que os sin-diGltos são, para muitos em-pregadores, uma quesGo vital nOs seus program::s de relações de empri'>go. Para êles, é im-portante que suas relações com o sinclidlto se aj lIstem ao
pro-granu ele relações humanas
CADER~OS DE AD:\IINISTRAÇÃO PL-BUCA
tem demonstrado que, na
m:~ioria dos asos, a manipula-ç~o inteli;;ente das relações en-tre o sindicato e a administra-<,.'ão pode reduzir os conflitos e promover a cooperação, O sino dicato pode tornar -~e parte in. tegr:;nte de um programa de: uab:!lho em equipe, comunica. \:io e participação,
Constitui-d, enlão, um porta-yoz dO'i t1:1 balhadores, e 11J.O um órg:io
hostil ao empregador,
A cooperação requer sll1cera confiança mútua. Embora n:io tcnhamos outro objetiyo, a'll:i, senão falar pelos empreg::do-res, procurarenros ressaltar a, ali tudes dêstes, capazes de con· quistar a cooperaç;io elo sindi-cato, Dentre tais atitudes, a m:lis importante é a aceit<:ç:io honesta elo sindicato como re-sultante da deliberação ele ins-tituí-lo, tomada pelos tri": Ja·,·
lh::dores, ~ Se o sindicato sen-te que n}o está empenhado nu-ma luta contínua pela sobreYi-\ência, é mais proYú\cl qUe trabalhe com o empregador elo q üe contra êle, Êste pode, en-l:io, aproximar-se elo sindicato e ~ol:cit:lr a sua ajuda para um ~istcnn de trabalho em equipe e partici llaçJo, Se o sindicato se tornar pane integrante dos progr:1mas de relações huma-nas, há menos probabilidade de lutas mo:i\'adas por fideii-d:ldes em conflito.
~:io há nenhuma lI1compa-tibilidade b:ísica entre a leal-dade dos trab~tlh2.elores à com-p~nhi:l e sua fidelidade ao
SIl1-clicato a q u" pcrtencem. :\
YÍ-da está che:a de múltiplas leal-cl:tdes que podcm ser har111o-nizacl::s pelo tom·senso.
Sà-mente em C:1S05 anormais, tais situações eJ1\'oh-em, ele fato,
2) O sistema norte-americano é de pluralidade sindical e qudquer grupo
RELAÇ:ÕES HC:\L\XAS
37
conflitos. De maneira análoga, o empregador não eleye achar que a existência, na sua fábri-ca, de uma o:wmização sindi-cal concorra nece~s;lriamente
para debilitar a lealdade dos empregados à companhia ~ a yenlade, com bom-senso e só-lidas relaçõe~ hUi11anas,
pode--se conseguir um grau de leal-dade ainda mais eleyado. Esta será mais completa porque li-'Te, e não produto de inteira ckpendência.
Quando o oper:i:'io tem um sentimento genuíno ele pa:·tici-p::ç;}o, mostra-se muito m:\is contente com o seu trab:11!lO. () aprêço dos outros e
°
fato de ser ouYÍdo concorrem para ~:ltis[aler as suas llecessi(bdes psicológicas. Em conseq üC:ncÍ:l, o seu moral se eIe':a. Diminui, para°
empr;:gador, o rodízio de mão-de-obr;" e segue-se me-lhor produção. Aumenta a efi· ciência, ao mesmo tempo que declinam o desperdício e oseLmos. São sugeridos melhores processos e noyas idéias.
Cons-tata-se: uma "ez mais, que boas rcl::çõ,; humanas são
indiscuti-HJme~_te a melhor forma ele nJ::ções industriais.
A função econômica do sin-dicalismo tem obscurecido os
seus outros aspectos de
orga-nilaç:iO natural ele pessoas que têm interêsse') e problemas idênticos. TodaYia, o
reconhe-(imento elo aspecto a~sociatiYo
elo sindicalismo pode ser im-port;:nte p::ra
°
futuro. É de esperar-se que melhoresrela-ÇÕ2S humanas e crescente
esta-bilidade econô:nica possam gra-(hlalmente reduzir o conflito ele i;;teêsses que dá relho à fllnç::io dos sindicatos como de-fensores miiitantes elos elireito~
rei,indi-38 CADER~OS DE AD~II~ISTRAÇÃO PÚBLICA
cações comuns elos trabalhado-res.
Se o empregador considera de preferência o sindicato
co-nTO um porta-voz natural dos
empregados, em \ez de um de-safio belicoso aos seus direitos de administrador, êle adotará, naturalmente, para com êsse grupo, uma atitude mais ;:mis-tosa e a herra ~l cooperaç:io. Perceberá que o trabztlhaclor médio não s:lbe expre3sar 03 ~eus pontos ele \isu de uma mzmeira articulada. A maiorú
dos operários não entende a, complicações, tão importante, nos tratos coletivos cle hoje, das leis e da economia.
Mes-mo sôbre questões menos téc-nicas, apresentam normalmente os seus pontos de vista através de líderes que reconheceram como tais e escolheram. É in-disfarçá\el a dificuldade, nas grandes fábricas, ele estabele-cer meios adequados de comu-nicação. Uma organização
tra-balhista oferece, não raro, re-cursos melhores ele comunica-ção do que qu::lquer outra que o empregador pudesse instituir
por seus próprios meios.
.\ POSIÇÃO ATU.-\L DOS SI.'\DICA TOS
É tão profulHlo êsse instin-to de associaç:!o que diflcil-1:1ente se pode pôr em exe-cução, numa grande fábrica, um programa de relações lm-manas, se os trab:llhadores nãCl se agruparem de uma certa forma. Chame-se ao grupo um organismo sindical ou tenha êle qualquer outro nome, os ~eus lideres são porta-vozes
na-turais dos empregados. Por
RELAÇÕES HUMA;,\AS 39
de mo d o geral, demasiado de focalizar o problema, :\1
ui-grande para a comunicação
completa de uns com os outros, em base indi\i~lual. :\Iesmo haycndo boa vontade de am-bos os lados, há sempre pos>i-bilidade de intromiss:io de ele-mentos de paternalimlO ou de
incompreensões, A
indepen-dência tem que ser um fato, não lima concessão, se se
de,e-tos sindicatos encarregam-se de funções educacionais e be-neficentes, As lutas políticas também o, preocupam, E êles trazem à baila, nos dissidics coleti\'os, pretensões que são, em geral, qualifiCldas como in-v,;sào dos direitos dos emprega-dores,
OS DIREITOS D'
ja que o trabalhador avalie, -~
de modo integral, a sua dióni- :\D:'Il~ISTR.-\ÇAO
dade pessoal, A prova difícil atualmcntc é recol:heccr-:oc ot:\
indepcndência e, ao mesmJ
tcmpo, produzir-se um \ ínculo de cooperação cordial,
Esta recente tcndência tem
causado muitas controvérsias ;t/(~d,lS, Se, todayia, a palan<l "interêsse" substituir o têrmo "direito", encontL\remOS muita As organizações trabaíhistas, coisa em comum entre estas elas mcsmas, têm
gradualmen-te algradualmen-terado ou expandido as suas f unções e adOtado pcntos de vista mais amplos, 0-\0 in-yés de sindicalismo militante e beligerante, ou sindicalismo co-mercial do "pão-com-m,_mtei-ga", depara-se-nos, com fre-qüência com uma nova mancira
nO\-as direções e as
recomenda-ções de esclarecidos diretores
de relações humanas. Estão
êles lutando para levar os tra-balhadores a ,se interessarem
pelos problemas econômicos
da ribrica e da indústria,
pro-40 C\DER;';OS DE AD~II:-;ISTRAÇÃO PéBUCA
duç:io e cooperem; que se or-gul:lem do produto ela compa-nhi:l, e co!;;bcrem no sentido l:C :dice!Siu- a boa yontade do Fú!;!ico parJ. com a emprês a .
O re'l!ltülb denomina-se
pnJ-piamente cooper:lç;}o ou
p::r-,!cipç:i.o. Em conseqüência,
qu::ntlo os empregados 1'c\"e1:;;n um inc('1l:S5e dêsse? tipo atra-,és do) sindicatos a que
Fer-tentem, é inconsistente
rotular de "sociali,mo" o
re-s!t!t~,do obtido.
S2 o prohlema [ôr
examll1a-(:" no pL1no ele "direito,,", é qua,e CC;lO que sobreyenha r.l!'ila C(l!1Íus:!o. ~ingué:l1 até
llGlC cCJ:1seguiu definir com
ê:;.:to (j ca:npo elos direitos da
eLim consider::lbs assunto ex-cll:siyo (!:J. ::elministração. Ta(; solo os casos, por exemplo, (Li
eIeti\idade no emprego e das
prr)lnOçÕ2S por antigüid~.dc de
<,('n·;ço. Portanto, parcée <k-,cj:!\'el, na pr:ttica, acolher ele bom grado aquêle interêsse, [j'amfo:';}l<Í-lo em objeto de \"er-d:llleira consulta recíproca c ininterrupta cooperação.
Conquanto os homens ele
ne-~:(}ClO e:-,tejiun em busca ele
11.:~·mo'lia, lomrete sermos rea-list::s e reconhecermos que
po-(:e111 surgir di:,putas ocasionais.
Em tice ela crescente compIe-xilbJe e interdependência (LI no,s:!. economia, os diri~cnte,
(Zl(:a \"ez mZlis admi tem fi ue aclmini,naç:!o. As classificZi- c:'sas cli\"crgências não ófio m;u, S-':;cs e:lgen~Laclas scmpre têm 2Fenas um assunto seu. Tara-exceç;]cs. Demais, h,í setores, bém afel:!m (j interê'Sc (I:!
co-hoje e,11 dia, C;l1 que a de:ibe- munidaclc. D:!Í sentirem-se r3.çãJ e a participação já se
cüns:c!er::m como direi tos elo tr::halhaclor, ao passo que, há
a1.gumas décadas passadas,
COE1 pelidos, em tais casos, a
juntamen-RELAÇÕES HC~IA:-;AS 41
te com os empregados, todos Os necessúrios à satisfação de tal recursos possÍ\eis de solução objetiyo.
para êsses desacordos.
o
I:\STL'\TO DASOBREVIVÊ:\CIA
o
elesejo ele yiver é inerente ;[ natureza humana. O imtin-to de auimtin-topreservação é comi-elerado fundamental. T oe!J.Yia, um conceito mais amplo da na-ture/J humana reputa êste im-pulso mais do que um instin-to: um direito e um elever elc-meneares. Algo ele sagrado en-yoh'e a \ida humana, em de-corrência ela natureza espiri-tual do homem e de sua cria-ção por Deus. Em virtude dis-to, prúticamente todos os códi-gos I~g;lis e morais conhecidos pelo homem proibem o homi-dclio, salyo em autodefesa, em tem-po ele guerra, Ou cama pe-ndidacle por crimes atrozes. O lado positi,'o elê~te quaelro é o elireito que assiste ao homem ele ,iyer e ter acesso aos meios:\0 mundo moderno, o di-reito ele \iver está ligado a um complexo si:.,ema industrial.
Os homen, obtêm
°
seu sus-tel~ to gr;lç1s à produção, me-diante perícia e trabalho, de utilidades e sen'iços, os quais podem ser trocados pelos bens necess:Írios à ,ida. Essa produ-ção, ele comum, enyoh"e opera-ção conjunu Inada a cabo por muitos tr:tb:llltadores que usam tena e Gipital fornecidos por OUlrem e sob uma direção re5-Fon~;Í\ el junto aos possuidores do capital. Por conseguinte, o direi to ele \Í ,"e r, para um grall-ele r:úmero de oper:lrios, hoje em dia significa o direito a um sal:'ilio moral e à oportunidJcle de emp;êgo.SALARIO CO:\\'E:\IE:\TE
re-42 CADER:"\OS DE AmlI:"\ISTRAÇÃO PéBLICA
cebe deye ser suficiente para ca paci tá-lo a viver segundo um padrão condizente com a sua condição humana. Isto signifi-ca mais elo que a simples sub-~istência. \'isto como, em mé-dia, o trabalhador se casa e comtitui família, o sustento normal equiyale a alimento, "estuário, habitação e certos meios de coafôrto para sua fa-mília. É injusto pedir ilS crian-ças, ou às mães que trabalhem
para completar o saLírio total que garantirá o sustento da fa-mília.
o
padrão normal de"eria ser um salário-família, pelo menos nas ocupações que habitual-mente empregam homens casa-doso. Dar ao trabalhador do ,exo masculino, de competên-cia comum, menos do qu;; êste padrão, seria obstruir o cami-nho para a Yida familiar. Os trabalhadores nessa:; condições, ou adiariam o casamento, ou as suas mulheres seriamobriga-das a trabalhar fora de casa. Em funções normalmente de-sempenhada por môças soltei· ras, o padrão humano deye-;'ia ser de molde a possibilitar uma "ida satisfatória fora do lar. :\ão teria cabimento espe-rar que um pai auxiliasse uma filha que trab:l!hasse, pelo fato de ser deficiente a renela des-:a _ Salários abaixo dos pac!;õe'i, concedidos a homens chefes-de-familia ou a môças solteiras, d~bili Iam os ideais de
indepen-dência e de autoconfiança
que são tão importante, na tradição americana.