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Um breve balanço da pesquisa sobre violência escolar no Brasil.

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Academic year: 2017

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U m b r e v e b a la n ç o d a p e s q u i s a s o b r e v i o lê n c ia

e s c o la r n o B r a s il

Ma ri lia Pon tes Spo si to

Uni ver si da de de São Pa u lo

R e s u m o

O ar t i go re a li za ba lan ço da pes qui sa so bre as re la ções en t re vi o lên cia e es co la no Bra sil, após 1980. Exa mi na os ra ros di ag nós -t i cos quan -t i -t a -t i vos em -t or no do -t ema e a pro du ção di s cen -t e (dis ser t a ções e t e ses) na pós graduação em Edu ca ção, no mes -mo pe río do. Ape sar de ain da ser in ci pi en t e, a pro du ção já t ra ça um qua dro i m por t an t e do f e nô me no no Bra sil, mos t ran do as prin ci pa is mo da li da des: ações con t ra o pa t ri mô nio – de pre da -ções, pi cha ções – e f or mas de agres são i n t er pes so al, so bre t u do en t re os pró pri os alu nos.

Du ran t e esse pe río do a vi o lên cia em meio es co lar t an t o f oi exa mi na da como de cor rên cia de um con jun t o sig ni f i ca t i vo de prá -t i cas es co la res ina de qua das, quan -t o f oi in ves -t i ga da como um dos as pec t os que ca rac t e ri zam a vi o lên cia na so ci e da de con t em po râ nea. Nes se úl t i mo en f o que, par t e dos t ra ba lhos pes qui -sou a di nâ mi ca de f un ci o na men t o de es co las si t u a das em áre as sob a in f luên cia do t rá f i co de dro gas ou do cri me or ga ni za do e u m pe que no con jun t o bus cou en t en der o com por t a men t o dos alu nos como uma f or ma de so ci a bi li da de mar ca da pe las agres -sões e pe que nos de li t os, ca rac t e ri za da como in ci vi li da de, qu e se ori gi na na cri se do pro ces so ci vi li za t ó rio da so ci e da de con -t em po râ nea.

P a la v r a s - c h a v e

Vi o lên cia es co lar - Pes qui sas - Bra sil.

Cor res pon dên cia: Ma ri lia Pon tes Spo si to Fa cul da de de Edu ca ção – USP Av. da Uni ver si da de, 308 – Blo -co A – sala 223

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A b r ie f s u r v e y o f t h e r e s e a r c h o n s c h o o l v io le n c e in

B r a z il

Marilia Pontes Sposito

Universidade de São Paulo

A b s t r a c t

The article surveys the research on the relationships between

violence and school in Brazil after 1980. It examines the rare

quantitative diagnostics about the issue, and the theses and

dissertations produced in graduate programs in Education in

the same period. A lthough still incipient those studies already

draw an important picture of the phenomenon in Brazil,

displaying the leading modes of violence: acts against

property – vandalism, graffiti – and interpersonal aggression,

mainly among the pupils.

During this period, violence at school has been examined both

as a consequence of a significant set of inadequate school

practices, and as one of the aspects that characterizes the

violence of contemporary society. Under the latter viewpoint,

some of the works have investigated the dynamics of the

workings of schools located in areas influenced by drug traffic

or organized crime, and a small subset tried to understand the

behavior of pupils as a socialization marked by aggressions

and petty crime, characterized as incivility originated in the

crisis of civilizatory process of contemporary society.

K e y w o r d s

Scho ol vi o len ce- Edu ca ci o nal re se arch - Bra zil.

Cor res pon den ce: Ma ri lia Pon tes Spo si to Fa cul da de de Edu ca ção – USP Av. da Uni ver si da de, 308 – Blo -co A – sala 223

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Est e ar t i go1 re a li za um pri me i ro ba lan ço da pes qui sa so bre as re la ções en t re vi o lên cia e es co la no Bra sil. Embo ra não pos sa of e re cer um qua dro exa us t i vo da pro du ção de conheci -ment o, os t ra ba lhos ana li sa dos re pre sen t am apro xi ma ções di f e ren t es so bre o f e nô me no e of e re cem i n f or ma ções im por t an t es, ca pa zes de ca rac t e ri zar a vi o lên cia es co lar no Bra sil, so bre -t u do nos cen -t ros ur ba nos. Indi cam, ao mes mo t em po, al gu mas la cu nas e a ne ces si da de de no -vas in ves t i ga ções para que essa área de es t u dos se con so li de.

Há um pri me i ro gru po de in ves t i ga ções que ex pri me t en t a t i vas de di ag nós t i cos em âm bi t o l o cal ou mais ge ral que, mes mo não of e re -cen do um qua dro pre ci so so bre a di men são, a di ver si da de e a mag ni t u de da ques t ão, apre sen t am in f or ma ções i m por t an t es so bre a ocor rên -cia des ses epi só di os em vá ri as ci da des bra si le i ras. Essas in ves t i ga ções são em pre en di -das, so bre t u do, por or ga nis mos pú bli cos d a edu ca ção, as so ci a ções de clas se e, de modo me nos f re qüen t e, por ins t i t u t os pri va dos de pes -qui sa ou por pes -qui sa do res li ga dos às uni ver si da des. Nem sem pre, di an t e das con di ções ma t e ri a is em que se re a li zam ou das pre cá -ri as de f i ni ções de amos t ra gem, per mi t em ge ne ra li za ções con f iá ve is. Não bus cam cri ar um qua dro t eó ri co i n t er pre t a t i vo so bre o f e nô -me no, mas of e re cem i n di ca ções im por t an t es t an t o sob pon t o de vis t a do es t í mu lo a no vas pes qui sas como do qua dro em que ocor rem o s prin ci pa is even t os ob ser va dos nas re la ções en -t re a es co la e a vi o lên cia.

O se gun do gru po re ú ne o con jun t o de t ra ba lhos re a li za dos nos es t u dos da pós gra duação e por al gu mas equi pes de invest iga -dores li ga dos às uni ver si da des. A pes qui sa nas Ciên ci as So ci a is vem in cor po ran do nes ses úl t i -mos vin t e anos o t ema da vi o lên cia e seus vários des do bra men t os, t or nan do se um cam -po pro mis sor de i n t e res se dos in ves t i ga do res. M es mo as sim, u m le van t a men t o em pre en di do jun t o a vá ri as ins t i t u i ções do país, não re gis -t rou ne nhum es -t u do so bre vi o lên cia es co lar. Na

área da Edu ca ção, essa t e má t i ca mu i t o t ar di a -men t e co me ça a ser ob je t o de pre o cu pa ção na pós graduação, re f le t in do se, as sim, na pro -du ção dis cen t e.2

Ape sar do in t en so de ba t e pú bli co em t or no da vi o lên cia e de sua re la ção com os seg men t os ju ve nis quer como pro t a go nis t as, quer como ví t i mas, as equi pes de pes qui sa do -res de mo ram a as si mi lar no con jun t o de seus in t e res ses o t ema das re la ções en t re vi o lên cia e es co la. Ve ri f i ca- se, t am bém, nes ses ú l t i mos vin t e anos, a ine xis t ên cia de um pro gra ma na ci o nal de in ves t i ga ções so bre vi o lên cia es co -lar pro pos t o pelo Po der Pú bli co at ra vés d e suas agên ci as de f o men t o à pes qui sa.3 No en -t an -t o, se é pre ci so re co nhe cer a f ra ca i n du ção por par t e dos or ga nis mos pú bli cos, não é pos -sí vel des con si de rar, t am bém, que o in t e res se aca dê mi co pela ques t ão ain da é bas t an t e in ci -pi en t e.4

Por ou t ro lado, qual quer t en t a t i va d e ba lan ço da pro du ção, como af ir mam Débar bieux e M on t o ya (1998), im pli ca t am bém re -co nhe cer que a re a li za ção dos es t u dos se dá em u m es pa ço so ci al de cons t i t u i ção do t ema da vi o lên cia es co lar como ob je t o l e gí t i mo d e de ba t e no in t e ri or da es f e ra pú bli ca e de at en

-1. Texto apresentado no Congresso Internacional sobre Violência em meio Escolar, Paris, 2001.

2 . Somando-se o conjunto de teses e dissertações produzidas entre 1980 e 1998 em toda a pós-graduação em Educação no Brasil verificamos que, de um total de 8.667 trabalhos, somente nove investigaram o tema da violência escolar (Sposito, 2000). Em Ciências Sociais, considerada a produção de onze Programas de pós-graduação (compreendendo centros de intensa produção como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) verifica-se que nesse mesmo período nenhuma dissertação ou tese de doutorado foi defendida sobre o tema em relação a um total de 2.495 títulos objetos de exame (Sposito, 1999).

3 . A principal agência de pesquisas do estado de São Paulo, FAPESP, uma das mais sólidas no país, lançou um programa especial de pesquisas sobre a escola pública no início de 1996. Até fevereiro de 2001 foram contemplados 65 projetos de um total de 279 inscrições. Nenhuma das propostas encaminhadas teve como tema a violência escolar.

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ção do Est a do na con di ção de pro ble ma so ci al. Por es sas ra zões, bus ca- se con si de rar o diá lo go e a in t e ra ção que a pró pria pro du ção de co nhe -ci men t o re a li za com os pro ces sos so -ci a is que a cir cun dam e as pos si bi li da des de sua in t er f e -rên cia no cam po das ori en t a ções dos at o res.5

A c o n s t i t u i ç ã o d o t e m a d a v i o lê n c ia e s c o la r n o e s p a ç o p ú b li c o

Con f or me at es t am al guns es t u da dos re a -li za dos (M ar t ins, 1996; Za lu ar, 1999; Pe ral va, 1997a, 2000), o t ema da vi o lên cia, so bre t u do aque la que ocor re nos gran des cen t ros ur ba nos na so ci e da de bra si le i ra, é par ce i ro do pro ces so de de mo cra t i za ção, à m e di da que, a par t i r do iní cio dos anos 1980, essa ques t ão eclo de com f or ça n o de ba t e pú bli co. Isso acon t e ce, de um lado, por que de man das la t en t es ad qui ri ram vi si bi li da de nos es pa ços pos si bi li t a dos pela dis -t en são po lí -t i ca, pro pi ci an do ma i or aber -t u ra para as ques t ões que af e t a vam a qua li da de d e vida da po pu la ção das pe ri f e ri as das gran des ci -da des, onde a se gu ran ça cons t i t u ía pro ble ma im por t an t e e at é hoje não re sol vi do. De ou t ro, t ra t a va- se, na que le mo men t o, de lu t ar por uma ma i or de mo cra t i za ção das ins t i t u i ções of i ci a is – so bre t u do do apa re lho de se gu ran ça – re sis -t en -t es aos no vos ru mos -t ri lha dos pelo país. M as é pre ci so re co nhe cer que a ele va ção da vi o lên -cia à con di ção de pro ble ma na ci o nal no de ba t e pú bli co de cor re t am bém de sua dis se mi na ção e di ver si f i ca ção no âm bi t o da so ci e da de ci vil.6

É no qua dro de uma am pla de man da de se -gu ran ça por par t e dos mo ra do res das pe ri f e ri as dos cen t ros ur ba nos que o f e nô me no da vi o lên cia nos es t a be le ci men t os es co la res t or na- se vi sí vel e pas sa a acom pa nhar a ro t i na do sis t e ma de en si -no pú bli co -no Bra sil, des de o iní cio dos a-nos 1980. Nes se mo men t o, a mí dia, so bre t u do a im -pren sa es cri t a e a t e le vi são, age como es pa ço pos sí vel de res so nân cia de de nún ci as que af e t a vam a vida dos es t a be le ci men t os es co la res si t u a -dos na pe ri f e ria de ci da des como São Pa u lo. Em

ge ral, o t om pre do mi nan t e era o de ex por as pre cá ri as con di ções dos pré di os quan t o aos equi pa men t os mí ni mos de pro t e ção. Eram de -nun ci a das, t am bém, as cons t an t es de pre da ções dos edi f í ci os e in va sões, ob ser va das nos pe río -dos oci o sos, em es pe ci al nos f ins de se ma na.

A ci da de de São Pa u lo cons t i t ui um bom exem plo da dis se mi na ção das de man das de se gu ran ça nos es t a be le ci men t os si t u a dos em re -giões pe ri f é ri cas. As re i vin di ca ções di ri gi das aos pri me i ros go ver nos ele i t os pelo vot o popular, no iní cio dos anos 1980, re u ni ram pro f es so res, alu nos e pais que bus ca vam melhores con di ções de f un ci o na men t o das uni da des es co la res. As res pos t as, em ge ral, re sul t a vam em al gu mas me di das como: poli -ciament o nas áre as ex t er nas, ze la do ri as, mu ros, ilu mi na ção nas áre as ex t er nas e pá t i os es co la res, gra des em ja ne las, por t ões al t os, et c.

Nes ses pri me i ros anos da dé ca da de 1980 ob ser va- se cer t o con sen so em t or n o d a idéia de que as uni da des es co la res pre ci sa vam ser pro t e gi das, no seu co t i di a no, de ele men t os es t ra nhos, os mo ra do res dos ba ir ros pe ri -f é ri cos, at ri bu in do a eles a con di ção de mar gi na is ou de lin qüen t es. Tra t a va- se as sim de uma con cep ção de vi o lên cia ex pres sa n as ações de de pre da ção do pa t ri mô nio pú bli co, es pe ci al men t e, e, em me nor grau, no medo da in va são dos pré di os por ado les cen t es ou jo -vens mo ra do res, apa ren t e men t e sem vín cu lo com a uni da de es co lar.7

5 . As orientações defendidas por Debarbieux e Montoya apoiam-se largamente nos estudos empreendidos por Chamboredon (1972) quando examina o tema da delinqüência juvenil, pois Débarbieux considera que esse autor “ não constrói uma nova apresentação de uma delinquência pré-existente às pesquisas que a descobririam, como um atributo ou uma essência individual. Ele tenta a construção do objeto delinquência que é desconstrução/reconstrução da emergência social do fenômeno” (Debarbieux, 1998, p.94) (minha tradução).

6 . Peralva, entre outros, observa que a violência a partir dos anos 1980, com exceção no meio rural, deixou de ser eminentemente política abrindo caminhos para a delinqüência, criminalidade e práticas de justiça extra-legal como os linchamentos e justiceiros (Peralva, 1997a, p. 217).

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Na que le m o men t o não es t a vam sen do ques t i o na das as f or mas de so ci a bi li da de en t re alu nos, mas eram cri t i ca das as prá t i cas i n t er nas aos es t a be le ci men t os es co la res pro du t o ras d a vi o lên cia.

M ar ca da pela con jun t u ra, a dis cus são da vi o lên cia da es co la es t e ve in dis so ci a vel men t e li ga da à ques t ão de mo crá t i ca. De cer t o modo t ra -t a va- se de bus car um mo de lo mais de mo crá -t i co de ges t ão dos es t a be le ci men t os, in cor po ran do alu nos, pais e de ma is usuá ri os na t o ma da de de -ci sões. Bus ca va- se uma ins t i t u i ção mais aber t a, me nos au t o ri t á ria em suas prá t i cas e pro pi ci a -do ra de me lho res con di ções de per ma nên cia -dos alu nos mais po bres no sis t e ma f or mal de en si no. Des de os pri me i ros anos da dé ca da de 1980, o Po der Pú bli co t en t ou res pon der ao cli -ma de in se gu ran ça com dois t i pos de me di das: de um lado, aque las re la t i vas à se gu ran ça dos es t a be le ci men t os, cada vez mais sob res pon sa -bi li da de das agên ci as po li ci a is e, de ou t ro, as ini ci a t i vas de cu nho edu ca t i vo, que t en t a vam al t e rar a cu l t u ra es co lar vi gen t e, t or nan do- a mais per meá vel às ori en t a ções e ca rac t e rís t i cas dos seus usuá ri os.

Du ran t e a dé ca da de 1980 e iní cio dos anos 1990 o t ema da se gu ran ça pas sa a pre do -mi nar no de ba t e pú bli co. Os ei xos f or t es que ar t i cu la vam a dis cus são da es co la pú bli ca em t or no de uma de se ja da aber t u ra de mo crá t i ca se ar re f e cem.

Nes se pe río do, não obs t an t e a ado ção de me di das pon t u a is, o pro ble ma da vi o lên cia nas es -co las per sis t iu, sob a f or ma de de pre da ções -con tra os pré di os, in va sões e ame a ças a alu nos e pro fes -so res. Mas o cli ma de in se gu ran ça agra va- se com a in t en si f i ca ção da ação do cri me or ga ni za do e do t rá f i co em al gu mas ci da des bra si le i ras. Au men t am a cri mi na li da de e o sen t i men t o de in se gu ran ça, so bre t u do nos ba ir ros pe ri f é ri cos, e, des sa f or ma, a vida es co lar pas sa a so f rer de for ma mais ní ti da os im pac t os des sa nova con jun tu ra. Essas ques t ões t or na ram- se mais vi sí ve is em ci da des como o Rio de Ja ne i ro, mas es tão pre sen t es, t am bém, em ou -t ros cen -t ros ur ba nos.

A im pren sa e a mí dia t e le vi si va pas sam a dar uma co ber t u ra es po rá di ca ao f e nô me no da vi o lên cia, pri vi le gi an do os ho mi cí di os qu e ocor rem nas cer ca ni as ou no in t e ri or dos pré -di os es co la res, e os even t os que pas sam a ser no t í cia são aque les que f o gem das ro t i nas j á no t i ci a das, como os in cên di os de es co las pro -vo ca dos por ex- alunos. Obser va- se, nos anos 1990, que a vi o lên cia es co lar pas sa a ser ob -ser va da nas in t e ra ções dos gru pos de alu nos, ca rac t e ri zan do um t ipo de so ci a bi li da de en t re os pa res ou de jo vens com o mun do adul t o, am pli an do e t or nan do mais com ple xa a pró pria an á li se do f e nô me no. As no t i ci as e es t u -dos re a li za -dos já dão con t a da pre sen ça d e ocor rên ci as em vá ri as re giões do país, al can çan do ci da des de mé dio por t e, in clu in do ca pi -t a is e ou -t ros cen -t ros.

A par t i r de me a dos da dé ca da de 1980 at in gin do os úl t i mos anos da dé ca da de 1990, a vi o lên cia nas es co las f oi pe remp t o ri a men t e con si de ra da como ques t ão de se gu ran ça, ar -re f e cen do as pro pos t as de t eor edu ca t i vo, com ra ras ex ce ções por par t e de go ver nos lo -ca is (es t a du a is ou mu ni ci pa is) de cu nho pro gres sis t a.

A ex pan são de ad mi nis t ra ções munici -pais e es t a du a is de ori en t a ção de es quer da ou de cen t ro- esquerda no país mar ca os úl t i mos anos da dé ca da de 1990. Esse é um pe río do mar ca do por um gran de nú me ro de ini ci a t i vas pú bli cas pre o cu pa das em re du zir a vi o lên cia nas es co las. Algu mas ocor rem em par ce ria com or ga ni za ções não go ver na men t a is – ONG’s – ou mo vi men t os da so ci e da de ci vil. Tra t a- se, as sim, de f e nô me no bas t an t e emer gen t e, que me re ce, ain da, uma sé rie de es t u dos ca pa zes de ava li ar seu im pac t o.8 Além de en f a t i zar as

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pro pos t as de cu nho edu ca t i vo, de cer t o modo re t o man do o qua dro de de ba t es em t or no da idéia de ma i or de mo cra t i za ção da cul t u ra dos es t a be le ci men t os es co la res, as ini ci a t i vas mais re cen t es pro cu ram de sen vol ver no vas con cep ções em t or no do t ema da se gu ran ça, t ra di ci o -nal men t e dis t an t e do uni ver so de pre o cu pa ções dos seg men t os pro gres sis t as, que cen t ra ram suas pla t a f or mas de ação em t or no das po lí t i cas so ci a is.

O s p r i m e i r o s e s t u d o s n a d é c a d a d e 19 8 0

Os pri me i ros pas sos mais sis t e má t i cos para a com pre en são do f e nô me no de cor rem d e ini ci a t i vas dis per sas do Po der Pú bli co em re gis -t rar as ocor rên ci as de vi o lên cia nas es co las para es bo çar um qua dro mais re a lis t a de sua mag n i -t u de e ex -t en são.

A pre ca ri e da de das in f or ma ções é sig ni f i ca t i va e de cor re de uma sé rie de f a t o res. O pri -me i ro diz res pe i t o à au sên cia de con t i nu i da de nas f or mas de re gis t ro e de mo ni t o ra men t o do f e nô me no. Cada ges t ão en con t ra seus pró pri os pro ce di men t os ou, mu i t as ve zes, não em pre en -de a t a re f a do acom pa nha men t o si s t e má t i co t en do em vis t a o grau en con t ra do de di f i cul da -des. As uni da des es co la res re sis t em em cum prir de t er mi na ções de re gis t rar as ocor rên ci as e as ra zões dis so os ci lam mu i t o, de pen den do do cli -ma do mi nan t e na rede pú bli ca: hou ve épo cas em que a no t i f i ca ção de epi só di os de vi o lên cia evi den ci a ria as even t u a is f ra gi li da des do t ra ba lho pe da gó gi co das es co las; em ou t ras oca -siões, a no t i f i ca ção po de ria re dun dar em ga nhos adi ci o na is aos es t a be le ci men t os como ma i o res re cur sos ma t e ri a is e hu ma nos ou em al gu mas van t a gens sa la ri a is a pro f es so res qu e t ra ba lhas sem em áre as de ris co.

Os pri me i ros di ag nós t i cos ba se a dos em le van t a men t os par ci a is sem pre apon t a ram as de pre da ções, f ur t os e i n va sões em pe río dos oci o sos como os gran des pro ble mas dos anos 1980 em ci da des como São Pa u lo, Sal va dor,

en t re ou t ras (Spo si t o, 1994, 1999; Pin t o, 1992, Sar men t o, 1987).9

Sob o pon t o de vis t a da pro du ção aca -dê mi ca na pós- graduação em Edu ca ção, o t ema da vi o lên cia f oi abor da do em t oda a dé ca da ape nas por duas pes qui sa do ras. Uma de -las, em suas pes qui sas de mes t ra do e dou t o ra do (Gu i ma rães,1984, 1990), in ves t i -gou es co las pú bli cas da ci da de de Cam pi nas, lo ca li za da no in t e ri or do es t a do de São Pa u -lo.1 0

Os t ra ba lhos ut i li zam- se de apro xi ma ções qua li t a t i vas, cujo eixo f oi o es t u do de uni da -des es co la res, acom pa nhan do suas ro t i nas por meio de ob ser va ções e en t re vis t as com pro -f es so res e alu nos. Des lo can do o -f oco do t ema da se gu ran ça, as pri me i ras pes qui sas aca dê -mi cas pri vi le gi am a vi o lên cia que par t e das prá t i cas dos es t a be le ci men t os es co la res, con si de ra das au t o ri t á ri as e, por t an t o, es t i mu la -do ras -do cli ma de agres sões, t ra du zi -do prin ci pal men t e pe las de pre da ções e t am bém pe las i n va sões dos es pa ços es co la res e bri gas en t re os gru pos, nem sem pre iden t i f i ca dos como de alu nos.1 1

A pri me i ra pes qui sa re a li za da por Gu i -ma rães (1984) of e re ce um qua dro bas t an t e su ges t i vo ao con t ra ri ar hi pó t e ses do mi nan t es no pe río do que pro pu nham ser a vi o lên cia em meio es co lar de cor rên cia do con t ro le e vi

-9 . Os dados sempre oscilaram em torno de 40% em relação ao número de estabelecimentos que sofriam algum tipo de violência, sendo mais acentuadas as áreas urbanas e grandes cidades.

10 . Embora todos os diagnósticos produzidos pelo Poder Público durante a década confirmassem a hipótese de uma maior intensidade da violência nas escolas situadas na região metropolitana de São Paulo, não é possível desconsiderar a presença desse fenômeno em cidades de porte médio como Campinas.

11. Moura (1988) também realiza estudo qualitativo de mesma orientação interpretativa. Nesse momento tanto a noção de violência simbólica, ancorada em Bourdieu (1975), como os estudos de Foucautl (1987) são utilizados como fonte interpretativa. O primeiro autor inspira a crítica dos aspectos pedagógicos, sendo a noção de violência simbólica utilizada de forma bastante ampla e às vezes imprecisa. Foucault inspira as análises que tratam tanto dos mecanismos disciplinares como dos micropoderes envolvidos na cultura escolar.

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gil ân cia exer ci do por pro f es so res e de ma is pro f is -si o na is das uni da des es co la res. O t ra ba lho de cam po1 2

ha via evi den ci a do que esse f e nô me no es t a va pre sen t e t an t o em es co las al t a men t e rí gi -das sob o as pec t o dis ci pli nar quan t o em es co las per mis si vas e de sor ga ni za das. Em seu se gun do es t u do a au t o ra ve ri f i ca, já no f i nal dos anos 1980 que a in t en si f i ca ção do po li ci a men t o re sul t a va na di mi nu i ção dos ín di ces de de pre da ção es -co lar, sen do per cep t í vel, ao mes mo t em po, o au men t o das bri gas f í si cas en t re alu nos.1 3

A p e s q u i s a n o s a n o s 19 9 0

Os di ag nós t i cos e al gu mas pes qui sas de na t u re za des cri t i va so bre a vi o lên cia es co lar são pro du zi dos ao lon go da dé ca da de 1990 por al gu mas or ga ni za ções não- governament ais e en t i da des de pro f is si o na is da edu ca ção (sin -di ca t os do cen t es e as so ci a ções de -di re t o res de es co las), se gui dos por al guns es t u dos em pre en -di dos por or ga nis mos pú bli cos.

Os le van t a men t os na ci o na is ob ser va dos no f i nal da dé ca da de 1990 apre sen t am uma pe cu li a ri da de. Não são es t u dos vol t a dos de modo pri vi le gi a do para o exa me das re la ções en t re vi o lên cia e es co la. Os mais f re qüen t es são gran des

sur veys

que se re a li zam com jo vens mo ra do res de ca pi t a is, onde suas re la ções com a vi o lên cia são exa mi na das no in t e ri or de ou t ras va riá ve is. Re gis t ra se ape nas um úni co es -t u do na ci o nal re a li za do so bre con di ções de t ra ba lho com pro f es so res da rede de en si no pú -bli co, no qual o t ema da vi o lên cia e se gu ran ça nas es co las é abor da do.

Par t e sig ni f i ca t i va de di ag nós t i cos quan t i -t a -t i vos so bre ju ven -t u de -t em sido con du zi da por or ga ni za ções não- governament ais e por al guns ins t i t u t os de pes qui sa. Den t re es ses des t a ca- se a Unes co, que em pre en de, em par ce ria com vá rias ins t i t u i ções, pes qui sa na ci o nal so bre jo vens n o Bra sil, en vol ven do as ca pi t a is.1 4

Tais pes qui sas nas cem par t i cu lar men t e a par t ir de 1997, o que con f i gu ra cla ra men t e uma pre o cu pa ção em de -ci f rar cer t as con du t as vi o len t as de jo vens, que

at in gem, t am bém, os se t o res mé di os.1 5 Embo ra pou cas, al gu mas das ques t ões são di ri gi das aos jo vens e seus edu ca do res so bre o t ema da vi o -lên cia na es co la.

A pri me i ra pes qui sa re a li za da pela UNESCO com jo vens de Bra sí lia apon t a va qu e es ses seg men t os es t a vam mais en vol vi dos do que as me ni nas em si t u a ções de agres sões f í -si cas, dis cus sões e ame a ças ou i n t i mi da ções no in t e ri or da es co la. Des ses t rês t i pos de con du t a, a mais f re qüen t e in ci dia so bre as dis cus -sões (qua se 55% do t o t al de en t re vis t a dos se en vol via com esse t ipo de prá t i ca mu i t as ve zes ou às ve zes, ocor ren do pou cas di f e ren ças en t re ho mens e mu lhe res). As ame a ças e in t i mi -da ções en vol vi am 28% dos me ni nos mu i t o f re qüen t e men t e ou mais ra ra men t e e ape nas 10% das me ni nas. As agres sões f í si cas ocorriam em me nor n ú me ro, pois há por cen -t a gens bas -t an -t e ele va das de jo vens que nun ca se en vol ve ram (72% dos jo vens e 93% das mu lhe res jo vens) ((Wa i sel f isz, 1999, p.62).

O le van t a men t o re a li za do em 1997 (Abra mo vay e ou t ros, 1999) en vol ven do jo vens das ci da des da pe ri f e ria de Bra sí lia i n di -ca va que para 37,3% des ses seg men t os a es co la não era lo cal de vi o lên cia; qua se me t a -de con si -de ra va a ins t i t u i ção como âm bi t o d e mé dia vi o lên cia; e 16%, de mu i t a vi o lên cia. Esses jo vens clas si f i ca ram como mu i t o vi o len t os: a t e le vi são, os ba i les, f es t as e shows. Den -t re -t o dos os am bi en -t es ci -t a dos, ape nas a f a mí lia é i n di ca da, por am pla ma i o ria (75%

13 . Em seu estudo, Moura (1988) recorre a uma concepção ampla da violência, analisando os mecanismos de controle e punição e as formas cotidianas da linguagem que não respeitariam a experiência que o aluno traz de seu meio.

14 . A Fundação Perseu Abramo também realizou pesquisa nacional com os segmentos jovens (Venturi e Abramo, 2000). As pesquisas conduzidas pela UNESCO ainda se encontram em andamento, mas os resultados de algumas cidades já estão publicados: Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba e Florianópolis.

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dos en t re vis t a dos), como lo cal de não- violência (Abra mo vay e ou t ros, 1999, p.61).

A pes qui sa na ci da de do Rio de Ja ne i ro re ve lou al guns re sul t a dos pe cu li a res, f ora do pa drão do sen so co mum, pois me di an t e es t ra t i -f i ca ção so ci al do u n i ver so in ves t i ga do em cin co gru pos, f oi pos sí vel ve ri f i car que os jo vens dos es t ra t os pri vi le gi a dos (A e B) re la t a ram ma i or nú me ro de ocor rên ci as de ame a ças (19,2% es t ra t os A e B; 18,6%, C, D, e E) e de agres sões f í -si cas (28% A e B; 23,3%, C, D, e E) do que os de ori gem po pu lar (M i na yo, 1999).

O úni co le van t a men t o na ci o nal que abor -dou o t ema da vi o lên cia es co lar, pu bli ca do em 1998, t raz um re t ra t o bas t an t e su ges t i vo, em bo -ra t e nha sido de cor ren t e de uma in ves t i ga ção re a li za da ape nas com pro f es so res (Codo, 1999).1 6

Três t i pos de si t u a ções f o ram iden t i f i -ca das como as mais f re qüen t es: as de pre da ções, f ur t os ou rou bos que at in gem o pa t ri mô nio, as agres sões f í si cas en t re os alu nos e as agres sões de alu nos con t ra os pro f es so res. Os ín di ces dos es t a dos quan t o ao van da lis mo, f ur t os e rou bos, os ci lam numa es ca la de 68% no Pará, na re gião Nor t e, a 33% em Ala go as, na re gião Nor des t e. Apa ren t e men t e, não há cor re la ção en t re ní vel de de sen vol vi men t o so ci o e co nô mi co de de t er mi -na do es t a do e os ín di ces de de pre da ção, mas a pes qui sa ve ri f i cou que os es t a be le ci men t os d e ma i or t a ma nho (com mais de 2.200 alu nos) são os mais sus ce t í ve is a es sas prá t i cas, acen t u an -do- se aque les que são lo ca li za dos nas ca pi t a is. Se gun do os au t o res, a pes qui sa

t am bém evi den ci ou que não exis t e re la ção en t re

a m a i or ex t en são de re cur sos de se gu ran ça

int erna nas es co las pú bli cas bra si le i ras e as

ocor rên ci as de rou bo e/ ou van da lis mo nos

est abeleciment os, ou me lhor, a exis t ên cia d e

ma i o res pro ble mas de van da lis mo co in ci de exa

-t a men -t e com a pre sen ça de se gu ran ça os -t en si va

(Codo, 1999, p. 155).1 7

As agres sões a alu nos den t ro da es co la são re gis t ra das pe los pro f es so res en t re vis t a dos,

va ri an do a i n t en si da de por es t a do da f e de ra -ção. Os ín di ces mais al t os in ci di ram so bre o Dis t ri t o Fe de ral (58,6%) e os me no res so bre o es t a do de Go iás (8,5%). As agres sões a pro f es so res no in t e ri or do es t a be le ci men t o são t am -bém re gis t ra das pe l os su je i t os in ves t i ga dos, mas em me n or nú me ro: M at o Gros so é o es t a -do em que os pro f es so res re la t a ram o ma i or nú me ro de agres sões (33% dos en t re vis t a dos) e o Rio de Ja ne i ro (1,2%) apre sen t a os me no -res ín di ces. Do mes m o modo, as prá t i cas de agres sões, t an t o en t re os alu nos como con t ra os pro f es so res, são mais co muns nos es t a be le ci men t os de gran de por t e e nas ca pi t a is (Ba -t is -t a e El- M oor, 1999, p. 151- 153).

Embo ra os re sul t a dos se jam bas t an t e f rag men t á ri os, é pos sí vel con si de rar que os anos 1990 apon t am mu dan ças no pa drão d a vi o lên cia ob ser va da nas es co las pú bli cas, at in gin do não só os at os de van da lis mo, que con t i nu am a ocor rer, mas as prá t i cas de agres sões i n t er pes so a is, so bre t u do en t re o pú bli co es t u dan t il. Den t re es t as úl t i mas, as agres sões ver ba is e ame a ças são as mais f re qüen t es. O f e nô me no al can ça as ci da des mé -di as e re giões me nos i n dus t ri a li za das e não é evi t a do a par t ir de me di das de se gu ran ça in -t er na aos es -t a be le ci men -t os.

Como as prá t i cas mais vi o len t as en t re os alu nos pas sam a se dis se mi nar, no f i nal d a dé ca da ob ser va- se um in t e res se, ain da que bas t an t e i n ci pi en t e, para a re a li za ção de pes -qui sas so bre vi t i mi za ção no am bi en t e es co lar. A in ves t i ga ção de sen vol vi da pelo ILANUD – Inst i t u t o La t i no Ame ri ca no das Na ções Uni -das para Pre ven ção do De li t o e Tra t a men t o do De lin qüen t e – em es co las pú bli cas na ci da de de São Pa u lo cons t i t ui uma das pou cas ini ci a

-16 . O universo da pesquisa foi constituído por 52.000 profissionais dos sistemas públicos de ensino, distribuídos em todo o país. O trabalho de campo teve início em 1997 e foi produto do apoio da CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, UNICEF e CNPq.

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t i vas vol t a das para essa ques t ão (ILANUD, 2000).1 8 De modo ge ral, ob ser va se que, do t o -t al de alu nos, as mo da li da des mais f re qüen -t es de vi t i mi za ção f o ram o f u r t o de ob je t os de pe que no va lor den t ro da es co la (48,1% dos alu -nos), ame a ça de agres são (36,5%), per t en ces da ni f i ca dos (33,1%) e agres são f í si ca por co le -ga (4,6%). As vi o la ções au t o- assumidas (

self

re por ted ofen ses

) i n ci di ri am so bre 25,4% dos alu nos, que af ir ma ram de al gu ma f or ma t er de pre da do a es co la; 1,9%, que de cla ra ram t er le -va do ar mas de f ogo; e 8,9%, ar mas bran cas.1 9A pes qui sa con clu ía que os pou cos di ag nós t i cos re a li za dos re ve lam que as uni da des de en si no não vi vem “ um qua dro de vi o lên cia ge ne ra li za -da. Com por t a men t os como ir a es co la por t an do arma de f ogo são bas t an t e ra ros en t re os es t u -dan t es pa u lis t as” (Illa nud, 2000).

A dé ca da de 1990 f oi t am bém mais pro -mis so ra sob o pon t o de vis t a da pro du ção do co nhe ci men t o, n o i n t e ri or da uni ver si da de, so bre o t ema da vi o lên cia es co lar. Apa re cem, nes -se pe río do, um con jun t o de es t u dos ex pres sos pe las t e ses e dis ser t a ções na área da Edu ca ção2 0 e al gu mas in ves t i ga ções re a li za das por equi pes uni ver si t á ri as (Can dau, 1999). Algu mas de l as a par t ir de de man das do Po der Pú bli co (Fu kui, 1991; Ta va res dos San t os, 2000).2 1

Nes se mo men t o, par t e i m por t an t e d a pes qui sa aca dê mi ca pro cu ra exa mi nar as re la -ções en t re a vi o lên cia que ocor re nos ba ir ros pe ri f é ri cos e f a ve las de al guns cen t ros ur ba nos, so bre t u do em re giões de do mí nio do cri me or -ga ni za do ou do nar co t rá f i co, e a vida es co lar. Des t a cam se, nes se qua dro, os es t u dos re a li za -dos na ci da de do Rio de Ja ne i ro (Cos t a, 1993; Ro dri gues;1994, Gu i ma rães 1995; Paim, 1997, Car dia, 1997).2 2

Esses t ra ba lhos t ra zem ques t ões im por -t an -t es para a com pre en são das re la ções en -t re a vi o lên cia e es co la, apon t an do, prin ci pal men t e, a in f luên cia do au men t o da cri mi na li da de e da in se gu ran ça so bre os alu nos e a de t e ri o ra ção do cli ma es co lar. Gu i ma rães (1995) in ves t i ga a ação das ga le ras f unk e do nar co t rá f i co nas

es co las pú bli cas da ci da de do Rio de Ja ne i ro. A au t o ra apre sen t a re la t o, de cu nho et no grá -f i co, que des cre ve a ins t i t u i ção es co lar como re f ém do cri me or ga ni za do, mas, ao mes mo t em po, como es pa ço de di s pu t a en t re gru pos de jo vens per t en cen t es a ga le ras ri va is.2 3

A ló -gi ca do t rá f i co, que bus ca a am pli a ção do seu do mí nio t er ri t o ri al, e a ló gi ca das ga le ras, qu e bus cam ex pan dir o raio de suas ações a f im de se con so li dar en quan t o gru po, in va dem a uni -da de es co lar, im pe din do a sua ação edu ca t i va. Esse pro ces so re sul t a em am pl a f rus t ra ção d e ex pec t a t i vas das clas ses po pu la res que ain da acre di t am na edu ca ção es co lar como ins t ru -men t o de de mo cra t i za ção so ci al.

O t rá f i co de dro gas e a dis pu t a pe los t er ri t ó ri os nos mor ros são con si de ra dos as gran des ca u sas da onda de vi o lên cia nas es co -las pú bli cas do Rio de Ja ne i ro pe -las pes qui sas de Cos t a (1993), Ro dri gues (1994), Paim (1997) e Gu i ma rães (1995).2 4

No en t an t o, os

18 . A pesquisa foi realizada em quatro escolas públicas e três particulares, envolvendo 1.026 alunos da cidade de São Paulo.

19 . Maior parcela afirmou ter visto alguma vez colegas portando armas de fogo (14,6%) e armas brancas (36,1%).

2 0 .O levantamento da produção discente até 1998 foi realizado em

caráter exaustivo, em âmbito nacional. A partir dessa data há um conjunto novo de trabalhos aqui incorporados, sem a pretensão de abranger todo o universo possível.

2 1. Aparecem também nesse período artigos e livros dedicados ao tema da violência escolar que, embora não retratem diretamente resultados de pesquisa, examinam reflexivamente a questão, sob aportes teóricos diversos (Ver Cadernos Cedes 47, Morais, 1995). Os estudos desenvolvidos por Alba Zaluar em torno da criminalidade, tráfico e juventude no Rio de Janeiro, são marcos significativos para a compreensão da violência no Brasil. Algumas de suas pesquisas examinaram as relações dos jovens com a escola, tendo sido tratada, também, a questão da violência (Zaluar, 1985, 1994; Zaluar e Leal, 1997).

2 2 .A respeito do crime e a organização do tráfico consultar Zaluar (1985 e 1994), Peralva (2000), Velho e Alvito (1996).

2 3 .Guimarães também distingue o fenômeno do narcotráfico do

fenômeno das galeras, uma vez que, apesar de algumas conexões, estas não podem ser consideradas como desdobramentos juvenis da ação criminosa, sendo, principalmente, uma forma de prática coletiva marcada pela sociabilidade de moradores jovens de favelas no Rio de Janeiro.

2 4 .No entanto, essa situação provoca muitas vezes, por parte das

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es t u dos t am bém re co nhe cem os ef e i t os da ba -na li za ção da vi o lên cia so bre a so ci a bi li da de dos alu nos e a exis t ên cia de um cli ma t en so en t re adul t os e ado les cen t es ou dos alu nos en t re si que af e t a o con jun t o da at i vi da de es co lar (Ro -dri gues, 1994; Cos t a, 1993; Car dia, 1997).2 5

Par t in do da i n ves t i ga ção das per cep ções da vi o lên cia n o ba ir ro, Car di a (1997) exa mi na seus pos sí ve is ef e i t os so bre a vida es co lar. Em áre as mar ca das por ocor rên ci as de ho mi cí di os o cli ma de medo in va de as ro t i nas es co la res. Em lo ca is onde há me n or i n t en si da de, mas ou t ras prá t i cas vi o len t as, so bre t u do aque l as qu e ocor rem no in t e ri or da f a mí lia, ve ri f i ca se o f e nô -me no da nor ma li za ção da vi o lên cia, ou seja, sua ba na li za ção. Esse cli ma ob ser va do nos bairros at in ge as es co las in ves t i ga das, onde são co muns as prá t i cas de in ci vi li da de, t ais como bri gas, agres sões f í si cas e ver ba is. M ais da me -t a de dos alu nos jul ga va qu e a vi o lên cia vi nha cres cen do, mu i t os de les sen do t es t e mu nhas d e de li t os ob ser va dos nos ba ir ros. M u i t os con si de ra vam que as uni da des es co la res, no seu con -jun t o, apre sen t a vam me n or grau de vi o lên cia do que o ba ir ro.

Can dau (1999) in ves t i gou, t am bém na ci da de de Rio de Ja ne i ro, o t ema da vi o lên cia es -co lar no uni ver so dos pro f es so res da rede pú bli ca.2 6

Re co nhe cen do o au men t o da vi o lên -cia es co lar como mais uma das ex pres sões do au men t o da vi o lên cia so ci al, a ma i o ria dos en t re vis t a dos apon t ou a prá t i ca de agres sões f í si -cas e ver ba is en t re os alu nos como uma das mo da li da des mais f re qüen t es en con t ra das n a sua ex pe riên cia de t ra ba lho. No en t an t o, al -guns t am bém re la t a ram a pre sen ça des se t ipo de con du t a par t in do do mun do adu l t o (f un ci o -ná ri os e pro f es so res).2 7 As de pre da ções e agres -sões ao pa t ri mô nio, como é o caso das pi cha ções, t am bém f o ram apon t a das pe los pro f es so res, sen do me nor a f re qüên cia de si t u a -ções de rou bo e de in t i mi da ção de agen t es ex t er nos à es co la (che f es lo ca is do cri me).

Esse con jun t o de t ra ba lhos so bre a ex pe -riên cia da vi o lên cia e a re la ção com o uni ver so

es co lar na ci da de do Rio de Ja ne i ro,2 8 re a li za -dos por pes qui sa do res iso la -dos, apre sen t am um qua dro i m por t an t e para a ca rac t e ri za ção do f e nô me no no uni ver so so ci al e o am bi en t e es co lar es t u da dos, par t i cu lar men t e para as uni da des de en si no si t u a das em re giões do mi -na das pelo cri me or ga ni za do. Nes se caso, a violência ob ser va da na es co la re t ra duz par t e do am bi en t e ex t er no em que as uni da des es co la res ope ram, par t i cu lar men t e em lo ca li da -des do mi na das pelo cri me or ga ni za do. No en t an t o, dada a ine xis t ên cia de um pro gra ma con jun t o de pes qui sas, t or na se di f í cil es t a -be le cer com pa ra ções en t re re a li da des so ci a is, cul t u ra is e ur ba nas, com pre en den do ou t ras re giões e ci da des bra si le i ras.2 9

Ou t ro cen t ro ur ba no que f oi f oco de int eresse da pro du ção dis cen t e na pós gra du a

-2 5 .Maria Regina Castro (1998) discute em seu mestrado as

representações de crianças e adolescentes a respeito da violência. O grupo de sujeitos investigado foi composto por quatorze alunos de uma escola pública e dez de uma escola particular do município do Rio de Janeiro, com idades entre 10 e 19 anos. Observou que, na escola particular freqüentada pelas classes médias, o eixo articulador das representações é o crime e os alunos se percebem como vítimas da violência; como estão mais distantes dessas práticas em seu cotidiano, são capazes de fazer projetos de futuro e mantêm uma auto-estima positiva. Na escola pública, o eixo é a morte e os alunos não se percebem nem como vítimas nem como agressores; seu cotidiano é marcado pela violência e pela proximidade da morte, o que dificulta a elaboração de projetos de futuro.

2 6 .O estudo, de natureza qualitativa, caracterizou-se pela realização de 31 entrevistas com professores de escolas públicas que atuavam em regiões violentas, sendo quatro deles com aulas também na rede particular de ensino. Três, dentre as cinco unidades investigadas, estavam localizadas em regiões dominadas pelo narcotráfico.

2 7 .Reiterando as percepções registradas por Cardia (1997),

professores também consideram que a presença da violência familiar acaba por afetar o clima da escola, sobretudo o trabalho em sala de aula, prejudicando o rendimento escolar.

2 8 .Essas pesquisas recorrem a procedimentos de natureza

qualitativa tendo a unidade escolar como eixo fundamental do trabalho de campo.

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ção é Por t o Ale gre, ci da de de mé dio por t e (em t or no de 1,2 mi lhões de ha bi t an t es), lo ca li za da no sul do país. So bre ela, t rês dis ser t a ções de mes t ra dos f o ram re a li za das, sen do a pri me i ra de las (Oli ve i ra, 1995) de na t u re za com pa ra t i va, na qual f o ram in ves t i ga das as di f e ren t es per cep ções que alu nos de es co las pú bli cas e par t i cu la -res t êm so bre a vi o lên cia no in t e ri or das prá t i cas es co la res.3 0

Há dois es t u dos so bre es co las man t i das pela pre f e i t u ra da ci da de de Por t o Ale gre, que re ve lam pe cu li a ri da des im por t an t es no exa me da ques t ão das re la ções en t re vi o lên cia e es co la no Bra sil (Cos t a, 2000;3 1 Paim Cos t a, 2000). Ambos re a li za ram t ra ba lho de cam po em uni da des es co la res lo ca li za das em ba ir ros m ar ca -dos por alt o grau de vi o lên cia so ci al, si t u a -dos na pe ri f e ria da ci da de. As in ves t i ga ções de na -t u re za qua li -t a -t i va evi den ci am a exis -t ên cia de es t a be le ci men t os es co la res at u an t es, cu jas equi pes pro f is si o na is f or mu la vam pro je t o pe da gó gi co apo i a do nas ori en t a ções da ad mi nis -t ra ção mu ni ci pal.3 2

Nes sas pes qui sas é re co nhe ci da a pre sen -ça co t i di a na de at os mar ca dos t am bém pe las agres sões ver ba is, em bo ra para gran de par t e dos at o res en vol vi dos, in clu si ve pais, o sen t i do da vi o lên cia es t e ja emi nen t e men t e li ga do à coação f í si ca. Cer ca das por um am bi en t e hos t il, as uni da des man t êm re la ções com os pais que t en dem a se apro xi mar da es co la e que bus cam um lu gar se gu ro para a edu ca ção de seus f i lhos. As ri va li da des en t re gru pos j u ve nis que ex pres sam a seg men t a ção da re gião em uni da des t er -ri t o -ri a is bas t an t e con f li t u o sas e as b-ri gas en t re os alu nos af e t am a exe cu ção do pro je t o edu ca -t i vo da es co la, re ve lan do cer -t a per ple xi da de do gru po de pro f es so res, que apre sen t a di f i cul da -des em su pe rar a ques t ão.3 3

Inves t i ga ção con du zi da pelo Inst i t u t o de Fi lo so f ia e Ciên ci as Hu ma nas/ UFRGS, em par -ce ria com a pre f e i t u ra de Por t o Ale gre (Ta va res, 1999), pro cu rou sis t e ma t i zar os epi só di os de vi o lên cia ob ser va dos na rede de es co las mu ni -ci pa is a par t ir de 1990.3 4

Do t o t al de re gis t ros

(204), o ma i or ín di ce re ca iu so bre as agres sões con t ra a pes soa (60% das ocor rên ci as), com pre en den do as le sões cor po ra is, rou bo (car -ros, di nhe i ro) e bri gas e in va sões no es pa ço es co lar.

Ampli an do o uni ver so ge o grá f i co de in -ves t i ga ção, es t u dos re cen t es de sen vol vi dos em ou t ras ci da des bra si le i ras t ra zem ele men t os no vos para a con s t i t u i ção do t ema en -quan t o ob je t o de in ves t i ga ção.

A dis ser t a ção de mes t ra do de sen vol vi da em es co la pú bli ca de Belo Ho ri zon t e (Ara ú jo, 2000) pri vi le gia os epi só di os de vi o lên cia ob -ser va dos na uni da de es co lar, que t ra du zem a ex pe riên cia de af ron t a men t o de mo ra do res de ba ir ros ge o gra f i ca men t e pró xi mos, mas dis -t an -t es sim bo li ca men -t e em ra zão da ri va li da de e de f or mas de con f li t os co t i di a nos. Sen do f re qüen t a da por jo vens de ba ir ros di f e ren t es, um de les es t ig ma t i za do pe l os ín di ces de vi o -lên cia e cri mi na li da de, a es co la en f ren t a va pro ble mas in t er nos gra ves que di f i cul t a vam a con du ção da at i vi da de pe da gó gi ca. O es t u do in o va por que i n ves t i ga as f or mas de const i -t uição da iden -t i da de des ses ado les cen -t es qu e ex pe ri men t am não só a vi o lên cia no seu co t i -di a no, mas o es t ig ma no in t e ri or da es co la em de cor rên cia do seu lu gar de mo ra dia. M er gu -lha dos em am bi en t es de ex t re ma i n se gu ran ça e medo, os jo vens de sen vol vem al gu mas

3 0 .Foram aplicados questionários em 148 alunos de 7ª e 8ª séries da escola particular e em 88 alunos das mesmas séries da escola pública.

3 1. O trabalho de Costa elegeu como sujeitos da investigação crianças entre 8 e 13 anos, integrantes de turmas que apresentavam sérios problemas de aprendizagem, que se pronunciaram quanto à sua experiência de violência na família, no bairro, na escola. Eram reconhecidos na escola como grupo de alunos com sérios problemas de agressividade.

3 2 .Trata-se do projeto Escola Cidadã, que busca alterar práticas e orientações das escolas municipais a partir de novas propostas pedagógicas em torno de um ideal cidadania voltada para os segmentos populares que situa a escola como direito.

3 3 .O estudo de Paim Costa apresenta também um quadro de

vitimização forte por parte de vários alunos, não só no ambiente escolar como na família.

3 4 .A coleta sistemática dos registros ocorreu a partir de 1995

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es t ra t é gi as na bus ca de se gu ran ça e f or ma ção da iden t i da de pes so al que re cu sam, al gu mas ve zes, f or mas gru pa is de so ci a bi li da de, co muns nes sa f a i xa et á ria. Ao per ce ber apo io ape nas n o gru po f a mi li ar e em pou cos ami gos, os jo vens t en t am li dar com a pró pria am bi güi da de des sa si t u a ção. Ao se rem es t ig ma t i za dos pela ori gem de sua mo ra dia, pro cu ram re t i rar al gu ma van t a gem des sa si t u a ção dis pon do se ao en f ren t a -men t o com os ou t ros alu nos, de modo a se im por pelo medo ou pela f or ça. Assim, a vi o lên -cia ob ser va da n a es co la não é ex clu si va men t e es co lar, pois ex pri me me nos uma re a ção à ins t i t u i ção do que a de mar ca ção de es pa ços de po -der, uma es pé cie de af ir ma ção, pela vi o lên cia, do di re i t o de ser re co nhe ci do, em si t u a ções d e ex t re ma des van t a gem, de cor ren t e do es t ig ma.3 5 La t er man (2000) in ves t i gou duas es co las em Flo ri a nó po lis, no sul do país, mar ca das pela sen sa ção de caos e de t e ri o ra ção do cli ma diá rio das in t e ra ções. Inspi ra da nos es t u dos f ran ce ses que re cor re ram à no ção de in ci vi li da de, a pes qui sa do ra re com põe o qua dro t en so das re la -ções diá ri as e o mal- est ar que at in ge t an t o alu nos como pro f es so res. Em suas con clu sões ve ri f i ca que “ não é pos sí vel af ir m ar que as in ci vi li da des se so mam ou se t rans f or mam, ao lon -go do t em po, em cri mes, como se f os sem uma gê ne se da que les acon t e ci men t os mais gra ves” (2000, p. 151). No en t an t o, res sal t a o f at o de que os li mi t es an t i- sociais das con du t as, sen do ul t ra pas sa dos, f a ci li t am est e in de se já vel avan -ço ao lado da af ir ma ção da “ au sên cia de po der (seja da so ci e da de em ge ral, dos edu ca do res, dos pais, dos va lo res) que a isso se opo nha” (p.152).

Ca ma cho (2000), em seu dou t o ra do, exa -mi na o t ema da vi o lên cia es co lar na ci da de d e Vi t ó ria, ca pi t al do es t a do do Espí ri t o San t o. Ape sar de não ser uma gran de ci da de,3 6 Vi t ó ria apre sen t a al t os ín di ces de mor t es vi o len t as d e jo vens na f a i xa et á ria de 15 a 24 anos, ocu pan -do, de acor do com a UNESCO, o pri me i ro l u gar no

ran king

das ca pi t a is (Ca ma cho, 2000).3 7

O ca rá t er ino va dor do es t u do de cor re do pró prio

uni ver so de in ves t i ga ção, pois f o ram se le ci o na das duas es co las: uma par t i cu lar con f es si o -nal, des t i na da aos f i lhos das eli t es l o ca is; e uma pú bli ca, f re qüen t a da so bre t u do por alu -nos ori un dos de ca ma das mé di as. M e di an t e ob ser va ções pro lon ga das e en t re vis t as com gru pos de alu nos, a pes qui sa evi den cia mo da -li da des di ver sas de re la ção en t re os pa res e des t es com os adul t os nas duas es co las in ves t i ga das. Des con t en t es com a in t e ra ção man t i -da com os pro f es so res, os alu nos -da es co la de eli t e op t am por prá t i cas de agres são, so bre t u do ver ba is, n a sala de au la, de ma ne i ra dis si -mu la da aos olhos dos pro f es so res que, de modo ge ral, con du zem a aula sem gran des pro ble mas com a dis ci pli na. Os ado les cen t es da es co la pú bli ca, que vi vem um cli ma de in dis ci pli na na sala de aula, en con t ram no re -cre io e nas de ma is ho ras oci o sas os mo men t os de ex pres são das prá t i cas de agres sões não só ver ba is como f í si cas. Se na es co la par t i cu lar o f oco das prá t i cas de vi o lên cia i n ci dem so bre aque les que são por t a do res de di f e ren ças sen -sí ve is di an t e dos gru pa men t os es pon t â ne os f or ma dos (os ne gros, os sus pe i t os de ho mos -se xu a li da de, os mais gor dos e f e i os), na es co la pú bli ca os di f e ren t es (re co nhe ci dos a par t i r dos di f e ren t es es t i los de seus gru pos e con du t as que os de f i nem como mem bros de gan -gues) agru pam- se e se f ir mam nes sa si t u a ção ao pra t i ca rem agres sões ver ba is e f í si cas con -t ra seus pa res.

* * *

O con jun t o, ain da que pe que no de t ra ba lhos con clu í dos na dé ca da de 1990, so bre -t u do nos úl -t i mos anos, é re ve la dor de u m a qua dro com ple xo re gi do pe l as f or mas de vi o

-3 5 .Embora não trate do tema violência e escola, Monteiro (1998) em seu estudo de escolas públicas mostra a dificuldade dos professores e diretores em lidar com os alunos que explicitamente fazem parte de grupos juvenis, no caso estudado, de gangues.

3 6 .Em 1996 Vitória possuía cerca de 265 mil habitantes; em 2000,

cerca de 291 mil.

3 7 .O estudo desenvolvido por Codo (1998) mostra que o estado do

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lên cia so ci al que per me i am a vida ur ba na em ba ir ros pe ri f é ri cos ou f a ve las3 8 das ci da des bra -si le i ras.

A ins t i t u i ção es co lar t em sido per meá vel a esse qua dro, so bre t u do em re giões mar ca das pela pre sen ça do cri me or ga ni za do e do nar co t rá f i co. Os es t u dos de Za lu ar (1985,1994) e Pe -ral va (2000) t êm evi den ci a do não só o po der que li de ran ças cri mi no sas exer cem so bre o co t i di a no dos mo ra do res como as múl t i plas re la -ções que de cor rem de uma f or ma in di vi du a lis t a da so ci a bi li da de vol t a da para o con su mo, que af e t a, em par t i cu lar, os seg men t os j u ve nis.

No en t an t o, o qua dro da au sên cia de se gu ran ça e o in cre men t o da cri mi na li da de ur ba -na por si só não t ra du zem a com ple xi da de do f e nô me no da vi o lên cia em meio es co lar. A au sên cia de um dis po si t i vo ins t i t u ci o nal de mo -crá t i co no in t e ri or de al gu mas ins t i t u i ções pú bli cas – como é o caso dos apa re lhos da se -gu ran ça, em par t i cu lar, a po lí cia, ar t i cu la da à f ra ca pre sen ça es t a t al na of er t a de ser vi ços pú -bli cos de na t u re za so ci al des t i na do aos se t o res po bres – é um f a t or a ser con si de ra do na in t en -si f i ca ção das prá t i cas vi o len t as nos ba ir ros e es co las.

Essas ca rac t e rís t i cas que acom pa nha ram o pro ces so de t ran si ção de mo crá t i ca são ali a -das, t am bém, do pro ces so de aber t u ra das opor t u ni da des es co la res que ab sor veu am plo con t in gen t e de es t u dan t es ori un dos dos seg -men t os em po bre ci dos da so ci e da de, so bre t u do no en si no f un da men t al e, mais re cen t e men t e, se re f le t in do so bre o cres ci men t o das ma t rí cu las do en si no mé dio. Expan são do en si no pú bli -co sob -con di ções pre cá ri as, ex pres sas n a au sên cia de in ves t i men t os ma ci ços na rede de es co las e na f or ma ção dos do cen t es, so ma- se à au sên cia de pro je t os edu ca t i vos ca pa zes de ab sor ver essa nova re a li da de es co lar. A cri se eco -nô mi ca e as al t e ra ções no mun do do t ra ba lho in ci dem di re t a men t e so bre as at ri bu i ções que ar t i cu la vam os pro je t os po pu la res de aces so ao sis t e ma es co lar. A es co la, so bre t u do para a ge -ra ção at u al, de se jo sa de t er aces so aos pa drões

de con su mo de mas sas, não apa re ce como ca -nal se gu ro de mo bi li da de so ci al as cen den t e para os mais po bres. Assim, uma pro f un da cri se da ef i cá cia so ci a li za do ra da edu ca ção es co -lar ocor re nes se pro ces so de mu t a ção da so ci e da de bra si le i ra, que of e re ce ca mi nhos de si gua is para a con quis t a de di re i t os no in t e -ri or da ex pe -riên cia de mo crá t i ca.

M as os es t u dos re i t e ram a pre sen ça d e f or mas vi o lên cia vol t a das con t ra a es co la, so bre t u do aque las que di zem res pe i t o às agres -sões ao pa t ri mô nio, du ran t e os úl t i mos vin t e anos. Apon t am, t am bém, para um pa drão d e so ci a bi li da de en t re os alu nos mar ca do por prá t i cas vi o len t as – f í si cas e não f í si cas – ou in ci vi li da des que se es pra i am para além das re giões e es t a be le ci men t os si t u a dos em áre as di f í ce is ou pre cá ri as, at in gin do, t am bém, es -co las par t i cu la res des t i na das a eli t es. Cha ma a at en ção o f at o de que mes mo es t an do di s se -mi na das en t re o con jun t o dos alu n os, o discurso aca dê mi co t en de a agre gar es ses com por t a men t os em t or no da con du t a dos gru pos ju ve nis, sen do es t es úl t i mos f or t e men -t e res pon sa bi li za dos pela dis se mi na ção da violência no in t e ri or da es co la. Epi só di os re la -t a dos por pro f es so res e às ve zes re gis -t ra dos de f or ma se cun dá ria n os es t u dos em pí ri cos i n di cam a pre sen ça de si t u a ções de ex t re ma vi o -lên cia con du zi da pelo

con jun to do cor po

3 8 .São ainda necessárias investigações que recortem, no interior

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dis cen te

, con f i gu ran do qua se qu e u m pa drão de re be lião co le t i va, ain da não es t u da do. Essas ocor rên ci as po dem ser ob ser va das em si t u a ções de oci o si da de na es co la, em de cor rên cia das f al t as dos pro f es so res ou quan do há i n t er rup ção re pen t i na do f or ne ci men t o de ener gia elé -t ri ca no pe río do n o -t ur no. Em al guns mi nu -t os car t e i ras e t odo o mo bi liá rio es co lar são des t ru -í dos por gran de par t e dos alu nos pre sen t es nos es t a be le ci men t os.3 9

Essas ques t ões re i t e ram t am bém a crí t i ca que os es t u dos t êm es t a be le -ci do em t or no de af ir ma ções bas t an t e cor ren t es que re la ci o nam vi o lên cia e po bre za como uni -da de in dis so lú vel.

Assim, para além do re co nhe ci men t o dos f e nô me nos da vi o lên cia co t i di a na so f ri da pe los mo ra do res da pe ri f e ria ab sor vi dos em gra us di -f e ren ça dos pela es co la, os es t u dos t en dem a apon t ar uma f or ma de so ci a bi li da de en t re os pa res, ou en t re o m u n do adu l t o e ju ve nil, mar -ca da pe las agres sões, t en den do a se apro xi mar da no ção de in ci vi li da de t ra ba lha da por vá ri os au t o res que exa mi na ram a vi o lên cia es co lar n a Fran ça (Dé bar bi e ux 1996; Char lot , 1997; Pe ral -va, 1997).4 0

A per cep ção das t en sões exis t en t es en t re alu nos ou en t re es t es e o mun do adul t o t em af e t a do o cli ma dos es t a be le ci men t os es co la -res, es pe ci al men t e a ação dos pro f es so -res, qu e pas sam a sen t ir- se sob ame a ça per ma nen t e, quer real ou ima gi ná ria. O medo do alu no leva o do cen t e a uma f re qüen t e de man da de se gu -ran ça, par t i cu lar men t e po li ci al, nas uni da des es co la res, com pro me t en do a qua li da de da in t e -ra ção edu ca t i va. Por ou t ro lado, as prá t i cas d e agres são mu i t as ve zes si t u am- se no li mi ar dos de li t os cri mi no sos, uma vez que no Bra sil o aces so às ar mas de f ogo é dis se mi na do e, por essa ra zões, bri gas ju ve nis po dem f a cil men t e re sul t ar em ho mi cí di os.

M as os es t u dos, ao in di ca rem a pre sen ça de prá t i cas de in ci vi li da de (re co brin do a vi o lên -cia f í si ca ou não f í si ca) em ou t ros gru pos so ci a is, mos t ram, t am bém, que a cri se da ef i cá cia so ci a -li za do ra da es co la re co bre, de f or mas va ri a das, a

ex pe riên cia ju ve nil de di ver sas clas ses so ci a is na sua re la ção com o mun do adul t o re pre sen t a do pela ins t i t u i ção es co lar. Ou seja, as in ci vi -li da des si na -li za ri am, t am bém, um con jun t o de in sa t is f a ções ma ni f es t a das pe los alu nos di an t e de sua ex pe riên cia es co lar e, ao mes mo t em po, as di f i cul da des da uni da de es co lar em cri ar pos si bi li da des para que t ais con du t as as su mam a f or ma de um con f li t o ca paz de ser ge ri -do no âm bi t o da con vi vên cia de mo crá t i ca.

A com ple xi da de da pes qui sa so bre vi o lên cia em meio es co lar no Bra sil de cor re, as -sim, da in t er se ção com o t ema da vi o lên cia so ci al, so bre t u do nas ci da des e na in t e ra ção que o mun do do t rá f i co es t a be le ce com os seg men t os j u ve nis, alu nos ou ex- alunos da es co la pú bli ca. M es mo es t an do ar t i cu la dos, u m f e nô me no não se dis sol ve no ou t ro, exi gin do ins t ru men t os t eó ri cos e re cur sos me t o -do ló gi cos de in ves t i ga ção ca pa zes de f a ci li t ar a com pre en são des sas co ne xões.

Por ou t ro lado, os de no mi na dos con f li -t os en -t re gru pos ou pa res de j o vens mu i -t as ve zes vêm pro pon do no vos t e mas para a in -ves t i ga ção, pois eles, em cer t a me di da, es t ão dis so ci a dos dos f e nô me nos da de lin qüên cia e da cri mi na li da de. De modo gra du al, a no ção de in ci vi li da de t en de a ser in cor po ra da pelo seu f e cun do uso em ou t ras si t u a ções e pa í -ses,4 1 in di can do a ocor rên cia de pe que nos de li t os e t rans gres sões que não se caract e ri -zariam como at os de cri mi na li da de ou de lin qüên cia. Tal n o ção in di ca ria a cri se de um pa drão ci vi li za t ó rio oci den t al, ca rac t e ri -za do pela con t en ção da agres si vi da de e dos im pul sos e pelo cres cen t e pa pel do Est a do

3 9 .O fenômeno dos “ apagões” tem sido observado nos centros

urbanos a partir de 1997, sobretudo na região Sudeste. O episódio de destruição das carteiras durante a falta de energia elétrica foi relatado à autora em 1997 por professora de história do período noturno de escola pública da cidade de São Paulo.

4 0 .Para Debarbieux a noção de incivilidade recobre uma série de

práticas cotidianas expressas nos pequenos delitos, nas agressões verbais, na falta de polidez, nas ameaças e nas freqüentes irrupções de desordem nos estabelecimentos escolares (1996).

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como ins t ân cia que re ú ne o mo no pó lio da f or ça e da co er ção (Eli as, 1989). No exa me da si -t uação bra si le i ra, al guns cu i da dos me re cem ser con si de ra dos, pois o seu uso in dis cri mi na do pode acen t u ar ape n as um dos pó l os da ques t ão – os alu nos – e des ca rac t e ri zar uma sé rie de pro ble mas con t i dos na re la ção en t re o mun do adul t o e o ju ve nil, sen do o pri me i ro mu i t as ve -zes in ca paz de es t a be le cer prá t i cas ca pa -zes de ge rir o ine vi t á vel con f li t o en t re os gru pos et á rios, so bre t u do nos mo men t os de cri se de ef i cá

-cia das ins t i t u i ções so ci a li za do ras. Por es sas ra zões, a pes qui sa não est á isen t a da ne ces si -da de de i n ves t i gar os pro ces sos am plos qu e con f i gu ram a ex pan são da es co la ri da de nos úl t i mos anos, ali a da à cor ro são das pos si bi li -da des m ai s ef e t i vas de mo bi li -da de so ci al e à cri se da so ci e da de as sa la ri a da. Assim, a pró pria es co la, en quan t o cam po de con f li t i vi da -de que con f i gu ra a in t e ra ção en t re jo vens e ins t i t u i ções do mun do adu l t o, deve ser in ves -t i ga da e sub me -t i da à crí -t i ca.

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Re ce bi do em 28.08.01 Apro va do em 04.09.01

Referências

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