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REVISTA
PAULISTA
DE
PEDIATRIA
ARTIGO
DE
REVISÃO
Ingestão
de
cálcio,
níveis
séricos
de
vitamina
D
e
obesidade
infantil:
existe
associac
¸ão?
Kelly
Aparecida
da
Cunha
∗,
Elma
Izze
da
Silva
Magalhães,
Laís
Monteiro
Rodrigues
Loureiro,
Luciana
Ferreira
da
Rocha
Sant’Ana,
Andréia
Queiroz
Ribeiro
e
Juliana
Farias
de
Novaes
UniversidadeFederaldeVic¸osa(UFV),Vic¸osa,MG,Brasil
Recebidoem10deabrilde2014;aceitoem14deagostode2014 DisponívelnaInternetem28demarçode2015
PALAVRAS-CHAVE Crianc¸as;
Cálcio; VitaminaD; Obesidade; Adiposidade
Resumo
Objetivo: Avaliaraassociac¸ãodaingestãodecálcioeníveisséricosdevitaminaDeaobesidade infantil,pormeiodeumarevisãointegrativa.
Fontesdedados: A pesquisa foi feita nas bases Pubmed/MedLine, Science Direct e SciELO compublicac¸õesde2001a2014.Usaram-seostermosem inglêscombinados:‘‘children’’e ‘‘calcium’’ou‘‘children’’e‘‘vitaminaD’’associados,cadaum,aosdescritores:‘‘obesity’’, ‘‘adiposity’’ou‘‘bodyfat’’,paratodasasbases.Foramincluídosestudosquerelacionassem aspalavras-chave dapesquisa,comdelineamentotransversal, estudosdecoorte eensaios clínicos. Foramexcluídos artigosde revisão ou artigosque não estudaram aassociac¸ão de interesse.
Síntesedosdados: Oitoartigosfizerampartedessarevisão,dosquaiscincoeramreferentesao cálcioetrêsabordaramavitaminaD.Amaioriadosestudosfoidedelineamentolongitudinal.Os estudosanalisadosencontraramassociac¸ãoentreingestãocálcioeobesidade,especialmente quando consideradas características como idade e sexo. Tem-se observadorelac¸ão inversa entreconcentrac¸ões séricasdevitaminaDemedidasdeadiposidadeemcrianc¸as.Essassão influenciadaspelosexoepelasestac¸õesdoano.
Conclusões: Osestudosavaliadosmostraramassociac¸ãoentrecálcioevitaminaDcoma obe-sidadenainfância.Assim,considerandoopossívelefeitoprotetordessesmicronutrientesem relac¸ãoàobesidadeinfantil,asac¸õespreventivasdesaúdepúblicapodemserpautadascom ênfasenaeducac¸ãonutricional.
©2015Associac¸ão dePediatriade SãoPaulo.Publicado porElsevier EditoraLtda.Todosos direitosreservados.
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:kelly.cunha@ufv.br(K.A.Cunha).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rpped.2015.03.001
KEYWORDS Children; Calcium; VitaminD; Obesity; Adiposity
Calciumintake,serumvitaminDandobesityinchildren:isthereanassociation?
Abstract
Objective: ToevaluatetheassociationbetweencalciumintakeandserumvitaminDlevelsand childhoodobesitybyanintegrativereview.
Datasource:TheresearchwasconductedinthedatabasesPubMed/medLine,ScienceDirect andSciELOwith2001to2014publications.WeusedthecombinedtermsinEnglish:‘‘children’’ and‘‘calcium’’or‘‘children’’and‘‘vitaminD’’associatedwiththedescriptors:‘‘obesity’’, ‘‘adiposity’’or‘‘bodyfat’’forallbases.Cross-sectionalandcohortstudies,aswellasclinical trials,wereincluded.Reviewarticlesorthosethatthathavenotaddressedtheassociationof interestwereexcluded.
Datasynthesis: Eightarticleswerepartofthisreview,fiveofwhichwererelatedtocalcium andthreetovitaminD.Moststudieshadalongitudinaldesign.Theanalyzedstudiesfoundan associationbetweencalciumintakeandobesity,especiallywhenageandsexwereconsidered. InverserelationshipbetweenserumvitaminDandmeasuresofadiposityinchildrenhasbeen observedandthisassociationwasinfluencedbythesexofthepatientandbytheseasonsof theyear.
Conclusions: ThestudiesreviewedshowedanassociationbetweencalciumandvitaminDwith childhoodobesity.Consideringthepossibleprotectiveeffectofthesemicronutrientsinrelation tochildhoodobesity,preventivepublichealthactionsshouldbedesigned,withemphasison nutritionaleducation.
© 2015Associac¸ão dePediatria deSãoPaulo. Publishedby Elsevier EditoraLtda. Allrights reserved.
Introduc
¸ão
Aobesidadeé consideradaumproblemadesaúdepública quealcanc¸aproporc¸õesalarmantesacadaanoemtodasas regiõesdomundo.1-3DeacordocomaOrganizac¸ãoMundial
daSaúde,mundialmente,aprevalênciadeobesidadequase dobroudesde1980.3
A prevenc¸ão da obesidade na infância é de alta prioridade3 e está associada aos hábitos dietéticos e
àpráticadeatividadefísica.Contudo,jásesabeque, inde-pendentementedaingestãocalórica,outrosfatorespodem determinar aobesidadeinfantil,comoa nutrigenômica, a nutric¸ãopré-natale aamamentac¸ão,asaúdeda microbi-otaintestinal, o consumo de alimentoscom propriedades funcionais e a ingestão de ácidos graxos ômega-3, zinco, vitaminasA,C,D,E,folatoecálcio.4Essesfatorespodem
contribuirparaaprevenc¸ão eauxiliar otratamento dessa doenc¸a.
A deficiência de micronutrientes, como o cálcio e a vitamina D, é frequente em diversos países, independen-temente do estado nutricional, porém sua magnitude é maior em crianc¸as com excesso de peso.2,5-7 Nesse
con-texto, o interesse sobre a associac¸ão entre o consumo de cálcio e os níveis séricos de vitamina D e as doenc¸as metabólicasem crianc¸astemganhadodestaquenomundo científico há pelo menos30 anos.8 Vários são os estudos
que tentam esclarecer as mais diversas questões sobre o assunto,6,9,10 já queacombinac¸ãodebaixosníveisséricos
de25-hidroxivitaminaD(25(OH)D)einadequadaingestãode cálciotemsidoassociadaafatoresderisco cardiovascula-res,taiscomohipertensão,obesidade,síndromemetabólica (SM)ediabetesmellitustipo2.2,4,5,8Ouseja,acombinac¸ão
dadeficiênciadeambososnutrientesmerececonsiderac¸ão especialemcrianc¸as.4
Entretanto, asrecomendac¸ões daingestão decálcio e vitaminaDnãoforampropostasparaprevenc¸ãodedoenc¸as crônicasnãotransmissíveis,vistoqueosestudosaindasão escassos, inconsistentes e às vezes de baixa qualidade.11
ApesardainsuficiênciadevitaminaDeabaixaingestãode cálcioseremcomumenterelatadas,poucosesabesobrea ac¸ãodessesmicronutrientesnaprevenc¸ãoenotratamento de doenc¸as, como a obesidade. Diante do exposto, esta revisãointegrativatevecomoobjetivoavaliaraassociac¸ão entreoconsumodecálcioeosníveisséricosdevitaminaD comoacúmulodegorduracorporal(GC)emcrianc¸as.
Método
A pesquisa foi feita por meio de busca nas bases de dadosPubmed/MedLine,ScienceDirecteSciELOpara arti-gospublicados entre2001 e junho de2014. Usaram-seos termos em inglês combinados: ‘‘children’’ e ‘‘calcium’’ ou‘‘children’’ e ‘‘vitamina D’’ associados, cada um, aos descritores‘‘obesity’’, ‘‘adiposity’’ ou ‘‘body fat’’, para ambasasbases (fig. 1).Foram usadososparâmetros etá-rios da Organizac¸ão Mundial de Saúde12 para a definic¸ão
Resultados
A pesquisa resultou em 216 estudos sobre o tema (91da busca com o descritor ‘‘calcium’’ e 125 com o descritor ‘‘vitaminD’’).Inicialmente,foramselecionados65artigos paraleituradosresumoscombasenarelevânciadostítulos. Após a leiturados resumos foramselecionados 10 artigos quesereferiamaoestudodaassociac¸ãoentreadiposidade corporaleosmicronutrientesdeinteresse.Entretanto,dois estudosforamexcluídos,apósaleituradostextos comple-tos,pornãoatenderaosobjetivosdessarevisão.Assim,oito artigosfizerampartedessarevisão,osquaisforam publica-dosde2001a2014.Dentreosestudosincluídos,cinco13-17
eramreferentesaocálcioetrês18,20,21abordaramavitamina
D.Afigura1apresentaofluxogramadoprocessofeitoatéa selec¸ãodosestudosincluídosnestarevisão.
Entre os trabalhos que avaliaram a relac¸ão entre a ingestão decálcio e obesidade,a maioria foi de delinea-mento longitudinal.13-16 Foiencontrado apenas umestudo
transversal.17 A faixa etária variou desde crianc¸as mais
jovens13,14,16atéindivíduosnofimdainfância.15,17
Na análise dos resultados dos estudos(tabela 1), qua-tromostraramumaassociac¸ãoinversaentreaingestãode cálcio e indicadores de obesidade.13-15,17 Destaca-se que,
desses,apenasoartigodeSkinneretal.14 nãofezajustes
estatísticos para controle dos fatores de confusão. Algu-masparticularidadesforamverificadasnoestudodeMoreira etal.17ondeessarelac¸ãofoiobservadaapenasemmeninas.
NoestudodeDixonetal.,15verificou-seassociac¸ãosomente
nascrianc¸asnãohipercolesterolêmicasmaisvelhas(setea 10anos).Diferenc¸asnosparâmetrosdeobesidadedos indi-víduoscomdiferentesingestõesdecálcioforamverificadas no ensaio clínicorandomizadofeito por DeJongh,Binkley e Specker:16 nas crianc¸as no menor tercil de ingestão de
cálcio dietético (<821mg/dia), o ganho de massa de gor-durafoimaisbaixo(0,3±0,5kg)nogruposuplementadocom cálcio (dois tabletesde 500mg decálcio elementar como carbonatodecálcio)doquenogrupoplacebo(0,8±1,1kg). Dentreostrabalhosqueabordaramarelac¸ãoentre vita-minaDeobesidadeemcrianc¸as,doisforamtransversais18,20
eumlongitudinal21 (tabela1).Emumestudocomcrianc¸as
desete a nove anos naCoreia, Lee etal.18 encontraram
associac¸ãoinversaentreconcentrac¸õesdevitaminaDeIMC, percentual de gordura corporal (%GC), perímetro da cin-tura,perímetro dobrac¸o e dobracutânea triciptal.Neste trabalhoaconcentrac¸ãode25(OH)D(25hidroxivitaminaD) foidosadaeosníveisforamcategorizadosemtrêsgrupos, de acordocom o Instituto deMedicina (IOM):19 suficiente
(≥ 30ng/mL), insuficiente (20,0-29,9ng/mL) e deficiente (< 20ng/mL). Entre ascrianc¸as,84,4% nãoalcanc¸aram os níveis suficientesdevitaminaDe 17,6%estavam deficien-tes. As meninastiveramníveis maiselevados de vitamina D do que os meninos. Outro estudo encontrou menores concentrac¸õesdevitaminaDemcrianc¸asobesasemrelac¸ão às eutróficas. Osvalores séricos de Vitamina D estiveram significativamenteassociadoscommaioresvaloresdeIMC, perímetro da cintura e triacilgliceróis séricos, além de menoresvaloresdeHDL.20Osautoresdesteestudousaram
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Vitamina D–126 artigos Cálcio–91 artigos
Children (Title) AND Calcium (Title/Abstract) AND obesity (Title/Abstract) Science direct: 9 artigos Pubmed: 50 artigos
Children (Title) AND vitamin D (Title/Abstract) AND obesity (Title/Abstract) Science direct: 9 artigos Pubmed: 92 artigos Children (Title) AND
vitamin D (Title/Abstract) AND adiposity (Title/Abstract) Science direct: 3 artigos Pubmed: 10 artigos Children (Title) AND
vitamin D (Title/Abstract) AND body fat (Title/Abstract) Science direct: 10 artigos Pubmed: 1 artigo Children (Title) AND
Calcium (Title/Abstract) AND adiposity (Title/Abstract) Science direct: 1 artigo Pubmed: 9 artigos Children (Title) AND
Calcium (Title/Abstract) AND body fat (Title/Abstract) Science direct: 21 artigos Pubmed: 1 artigo
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Excluídos 2 artigos por não relacionarem o status de vitamina D
com o estado nutricional
Tabela1 Estudosqueavaliaramaassociac¸ãoentrecálcioouvitaminaDeobesidadeemcrianc¸as,2001-2014 Autores/Anodepublicac¸ão País Delineamento
doestudo
Populac¸ão/Amostra Principaisresultados
Cálcio Carruth& Skinner12
(2001)
EstadosUnidos Longitudinal
(retrospectivo)
Crianc¸asbrancas
acompanhadasdos
2-96meses(n=53)
Médiasmaisaltasde ingestãodecálcioemais porc¸õesdiáriasde produtoslácteosforam
associadoscommenorGC
Skinneretal.13
(2005)
EstadosUnidos Longitudinal Crianc¸asbrancas
acompanhadasdos
2-96meses(n=52)
Ingestõesdecálcioe gordurapolinsaturada
foramnegativamente
relacionadasao%GC Dixonetal.14
(2005)
EstadosUnidos Longitudinal Crianc¸asnãoobesasHC
enãoHCde4a10anos (n=342)
Ingestãodecálciofoi inversamenteassociada comoIMC,somatóriode DCeDCdotronconas crianc¸asde7a10anos
nãoHC.Nenhuma
associac¸ãoencontrada paracrianc¸asde4 a6anos
Moreiraetal.16
(2005)
Portugal Transversal Crianc¸asdasescolas
primáriasdePortugal entre7e9anos (n=3.044)
Relac¸ãoinversaentrea ingestãodecálcioeIMC
apenasemmeninas
DeJongh, Binkley& Specker15
(2006)
EstadosUnidos Longitudinal
(ensaio randomizado placeboe controle)
Crianc¸asde3a5anos (n=178)
Menortercildeingestão decálciodietético,menor
ganhodemassade
gorduranogrupo
suplementadocomcálcio
comparadoaogrupo
placebo
VitaminaD LeeHAetal.17
(2013)
Coreia Transversal Crianc¸asde7a9anos
(n=205)
Asconcentrac¸ões
de25(OH)Dforam
inversamenteassociadas comosíndicesde adiposidade LeeSHetal.19
(2013)
Coreia Transversal Crianc¸asde9anos
deidade(n=1.660)
Níveismédiosde25(OH)
Dforammenoresem
crianc¸ascomobesidade totalouabdominal Lourenc¸o
etal.20(2014)
Brasil Longitudinal Crianc¸asmenores
de10anosdeidade (n=796)
OgeneFTOfoi
positivamenteassociado
comoganhodepeso.A
vitDparecemodificaros efeitosgenéticosdoFTO
IMC,Índicedemassacorporal;GC,Gorduracorporal;%GC,Percentualdegorduracorporal;HC,Hipercolesterolêmicas;NãoHC,Não hipercolesterolêmicas;DC,dobrascutâneas;GER,Gastoenergéticoderepouso.
a mesma categorizac¸ão dos níveis de vitamina D doIOM, porém citaram outrareferência.22 Finalmente,umestudo
longitudinal, na região amazônicabrasileira, acompanhou crianc¸asde2007a2012comoobjetivodeavaliaroefeito dogene FTO nasmodificac¸ões doIMC durante a infância, alémdeverificarseo statusdevitaminaD poderia modi-ficar esse efeito. Com modelos de regressão múltipla, os autoresencontraramefeitodoFTOqueaumentouoIMCao longodos anos e a deficiência devitamina D (<75nmol/L em 32%daamostraem2007) eexacerbou esseefeito,ou
seja,aumentouaindamaisoIMC.21Emtodosessesestudos
queabordamavitaminaDosautoresfizeramajustespara possíveisvariáveisdeconfundimento.
Discussão
foramencontradasnosresultadose issopodeestar relaci-onadoa diferenc¸as metodológicasnos estudos,como,por exemplo,métodosdeavaliac¸ãodietética(recordatóriode 20 horas, registros alimentares, questionário de frequên-ciaalimentar), bemcomo o períodode tempoavaliado e o ajuste do cálcio dietético por energia ou outros possí-veis confundidores nos modelos estatísticos. Além disso, afonte dietética decálcio tambémpodeter influenciado nos efeitos sobre a obesidade. Segundo Zemel & Miller,23
ocálciooriundodefonteslácteaspareceexercermaiores efeitoscomparadoàqueledefontessuplementaresou forti-ficadas.Essesefeitos,provavelmente,podemseratribuídos àpresenc¸adeoutroscompostosbioativosdoslaticíniosque atuamsinergicamentecomocálcioparareduzira adiposi-dade.
Os mecanismos envolvidos na relac¸ão entre cálcio e obesidadeestão apresentados na figura 2. Esses mecanis-mosaindanãoestãocompletamenteelucidados,entretanto algunsestudosfornecemalgumasexplicac¸õesplausíveis.24,25
Uma delas é que a baixa ingestão de cálcio aumenta os níveis séricos de calcitriol, o que pode estimular o fluxo de cálcio dos adipócitos por receptores de membrana da vitaminaD,identificadoscomoassociadosà membranade respostarápidaaesteroides.Oaumentodosníveis intrace-lularesdecálcio,porsuavez,aumentaaatividadedaácido graxosintase,inibeaexpressãodalipasehormônio-sensível, promovealipogênese,inibealipóliseeresultanoacúmulo degorduracorporal.Alémdisso,ocalcitriolinibea expres-sãodaproteínadesacopladora-2(envolvidanaregulac¸ãodo metabolismo, na termogênese induzida pela dieta e con-troledopesocorporal), pormeiodos receptoresclássicos
devitaminaDnuclearemadipócitos,e aumenta,assim,a eficiênciadeenergia.24,25Adicionalmente,aregulac¸ãopelo
calcitrioldaproteínadesacopladora-2edosníveisdecálcio intracelular parecedesempenharumefeito sobreo meta-bolismodaenergiaaoafetaraapoptosedeadipócitos.24
Omecanismoexatopeloqualaingestãodecálcioinduza reduc¸ãodaobesidadeabdominalaindanãoestáclaro,mas aproduc¸ãodecortisolautócrinodotecidoadiposopoderia explicaresseefeito.24Foidemonstradoqueocalcitriol
esti-mulaaexpressãoda11-hidroxiesteroidedesidrogenase-1, aqualcatalisaaconversãodecortisonaacortisol(envolvido nadeposic¸ãodegorduraprincipalmentenaregião abdomi-nal)nosadipócitos.Assim,sugere-sequeasdietasricasem cálcio,aosuprimirosníveisdecalcitriol,levamaummenor acúmulodegorduracorporalpelareduc¸ãodaproduc¸ãode cortisolnotecidoadiposo.26
Outrosestudostêmrelacionadoopapeldocálciona obe-sidade peloefeito desse micronutrientesobre a excrec¸ão fecaldegorduraeregulac¸ãodoapetite.Ocálciodadieta edesuplementospodeaumentaraexcrec¸ãofecalde gor-dura, por meio da formac¸ão de complexos insolúveis no intestino.24 Entretanto, os estudos têm demonstrado que
esseefeitoérelativamentepequeno(especialmentecomo cálciosuplementar).27,28Dessaforma,essemecanismo
con-tribuiparaoefeitoantiobesidadedecálcio,masnãopode explicá-lo completamente.24,25,27 Sugere-se queaingestão
de cálcio possainterferir na regulac¸ãodo apetite. Entre-tanto, esse efeito foi avaliado em poucos estudos e a hipótesenãoéconfirmada.6,29
O fato de um dos estudos ter encontrado relac¸ão inversadaingestãodecálciocomparâmetrosdeobesidade
↓ Ingestão de cálcio
↑ Calcitriol
↑ Cortisol
↑ eficiência energética ↑ deposição de gordura
↑ 11 β-OHE D-1
Cortisona
Obesidade Lipogênese
AGS LHS
Proteína Desacopladora-2
Lipolise Ca2+
D D DDD
D D DD
D DDD
D D D
D D
D D D D
D D D DD
D D D
D D D D
D
D D
D D D
D D D DD
D D D
D D D D
D D D
D Receptor de
vitamina D
Tecido adiposo
Tecido adiposo Tecido adiposo
Figura2 Mecanismossugeridosparaexplicararelac¸ãoentreingestãodecálcioeobesidade.
Vitamina D (Lipossolúvel)
Vitamina D acumulada no tecido adiposo
↓ Biodisponibilidade Hipotálamo
Acionado
Lipogênese Adipogênese
↑ Fome
↓ Gasto energético
↑ PTH
Tecido adiposo D
D D DD
D D DD
D D D
D D
DD D D
Figura3 Mecanismossugeridosparaexplicararelac¸ãocíclicaentredeficiênciadevitaminaDeoaumentododepósitodegordura corporal.
PTH,Paratormônio.
apenasem meninas17 necessitadeinvestigac¸ão. Issopode
serelacionaracaracterísticasintrínsecasaogênero,jáque oaumentonopercentualdegordura corporalocorremais cedoecommaiorintensidadenosexofemininodurante a puberdade.Alémdisso,osmeninosapresentammaior con-teúdodemassacorporalmagraporcentímetrodealturado queasmeninas.30Moreiraetal.17levantaramahipótesede
umapossível interac¸ão entreo conteúdode gordura cor-poraleocálciodietéticoesugeriramqueosefeitos desse micronutrientedependemdeummaiorpercentualde gor-dura corporal, o que não foi observado nos indivíduos do sexomasculino.
Aassociac¸ãoinversaentreaingestãodecálcioemedidas deadiposidadeverificadaapenasemcrianc¸asmaisvelhas15
podeserexplicadapelopadrãodecrescimentonessafaixa etária. A GC diminui gradualmente durante os primeiros anosdevida ealcanc¸aumconteúdomínimoentrequatro eseisanos.Apartirdesseperíodo,ascrianc¸aspassampelo ‘‘rebotedaadiposidade’’,comumaumentonopeso corpo-ralempreparac¸ãoparaoestirãodecrescimentopuberal.31
DeJongh,BinkleyeSpecker,16queestudaramcrianc¸asentre
trêsecincoanos,tambémsugeremqueoefeitodaingestão decálciodevesermaiornafaixaetáriaemqueaGCestá aumentada.
Asdiferenc¸asencontradasnosparâmetrosdeobesidade dos indivíduos com menores ingestões de cálcio, compa-rados com aquelescom maiores ingestões, indicam queo efeitodoaumentodaingestãodessemicronutrientenaGC émaisobservadonosindivíduoscombaixasingestõesusuais decálcio.16 Issopodeserexplicadopelopapeldocalcitriol
na absorc¸ão docálcio. Ocalcitriol influenciao transporte ativoporaumentarapermeabilidadedamembrana,regular
a migrac¸ão de cálcio por meio das células intestinais e aumentar o nível de calbindina.32,33 A frac¸ão de cálcio
absorvidaaumentaconformesua ingestãodiminui,devido aumaadaptac¸ãoparcialàrestric¸ãodessemicronutriente, oqueresultanoaumentodotransporteativomediadopelo calcitriol. Assim, o transporte ativo torna-se o principal mecanismodeabsorc¸ãodecálcioquandoasuaingestãoé baixa.34
Pode-seperceberquemuitosdosmecanismosque expli-camaadiposidadeesuaassociac¸ãocomosmicronutrientes estudados demostram a estreita relac¸ão entre o cálcio e avitamina D presente nos eventosmetabólicos da adipo-gênese. A presenc¸aou ausência deum delespode trazer prejuízosnãoapenasósseos, masàsaúdecomo umtodo. Osmecanismos envolvidos na associac¸ão entreobesidade e níveis séricos de vitamina D não sãodescritos especifi-camente para crianc¸as. A figura 3 apresenta os possíveis mecanismosenvolvidosna relac¸ãoentrea vitamina De a obesidade.
Cabeaquiressaltarque,apesardea25(OH)D3 (calci-diol)nãoserometabólitomaisativo,éomaiscomumente avaliado,jáqueosníveisplasmáticosdavitaminaDativa, a 1,25 di-hidroxivitamina D (1,25(OH)2D3), são
regular-mente mantidos em concentrac¸ão normais; além disso, os níveis plasmáticos de 25(OH)D3 são aproximadamente 100vezesmaioresdoqueosde1,25(OH)2D3eameia-vida da1,25(OH)2D3édeaproximadamenteseishoras,enquanto ada25(OH)D3,deduasatrêssemanas.11
QuandosecomparamosníveisséricosdevitaminaDdas crianc¸as doestudodeLourenc¸o21 noBrasilcomumestudo
feitonosEstados Unidos,35 observam-se maiores níveis no
solaremáreastropicaiseaumentaaconversãodavitamina Demsuaformaativa,queédosada.Webb,Kline&Holick36
jáexplicavamessefenômenoe mostravam quea latitude easestac¸õesafetamaquantidadeequalidadedaradiac¸ão solarqueatingeaterra,especialmentenoespectroUVB,e influenciamdeformadrásticaasíntesedevitaminaD cutâ-nea.Acredita-setambémque adeficiência devitamina D podeestarrelacionadaàfaltadeexposic¸ãosolardos indiví-duosobesos,umavezquesãomaissedentárioseficammais abrigadosdosol.Poressesfatoresestareminterligadoscom apioranoquadrodaobesidade,nãoéclaraaindaarelac¸ão decausaeefeitoentreasduaspatologias.37
Lee et al.18 destacaram que as diferenc¸as nos níveis
séricosdevitaminaDemrelac¸ãoaogêneropodemser expli-cadaspelofatodeasmeninasalegaremterumaalimentac¸ão maissaudávelemtodososquesitosquestionados.Poroutro lado,essadiferenc¸a entregênerosnãofoiencontrada em outroestudo.20
OmecanismopeloqualavitaminaDinfluenciaa adipo-sidadecorporalnãoestácompletamenteelucidado,porém existem vertentes que tentam explicar essefenômeno. A vitaminaDélipossolúvel,porissoésequestradaefica arma-zenadanosadipócitos.Issoreduzabiodisponibilidadedelae acionaohipotálamoparagerarumacascatadereac¸õesque levaaoaumentodasensac¸ãodefomeereduc¸ão dogasto energético, de modo a compensar a falta da vitamina.37
Entreessasreac¸õesestáoaumentodohormônioda para-tireoide(PTH),quepromovelipogênese38,39epodemodular
aadipogênesepormeiodasupressãodoreceptorde vita-minaD,queinibecompostosenvolvidosnadiferenciac¸ãoe maturac¸ãodosadipócitos.39,40Demaneirageral,percebe-se
queoaumentodaGCpodeagravaradeficiênciadevitamina Dque,porsuavez,podeaumentaraindamaisoacúmulode gorduraegerarumciclo(fig.3).
Para essa revisão, é necessário considerar a possibili-dadedeviesesdepublicac¸ão,poisnota-seumatendência dequeresultadospositivos sejammaispublicados.Alguns estudos17,18,20 que avaliaram a associac¸ão do cálcio e
vitamina D com a obesidade apresentaram delineamento transversal.Éimportanteconsideraraexistênciadealgumas limitac¸ões,comdestaqueparaacausalidadereversa,jáque aexposic¸ãoeodesfechosãocoletadossimultaneamente.30
Além disso, é importante levar em conta que um dos estudos14nãofezajustesparafatoresdeconfusãonas
aná-lisesestatísticas,alémdopequenotamanhoamostralusado poroutros,13,14oquepodecontribuirparaconclusões
equi-vocadas.Finalmente,valeaindaenfatizarquesereconhece a importância da avaliac¸ão da qualidade dos estudosnas revisõessistemáticas.Entretanto,destacamosqueaslistas eescalasdequalidadeexistentesusadasparaesseprocesso deavaliac¸ão contêmquestões voltadaspara ensaios clíni-cos.Nessarevisão,foiincluídoapenasumensaioclínicoe, assim,talavaliac¸ãonãofoiaplicada.
Considerac
¸ões
finais
Aassociac¸ãoentreocálcioeavitaminaDcomaobesidade écomplexaemuitoaindahádeserelucidado.Notocante aocálcio,osestudosqueavaliamaassociac¸ãodaingestão emedidasdeobesidadenainfânciatêmencontrado resul-tadosimportantesquandosãoconsideradascaracterísticas
comoaidadeeosexodosindivíduos.Emrelac¸ãoàvitamina D, osestudos sãorecentes e promissores. Todosmostram associac¸ãoinversaentreconcentrac¸õesséricasdevitamina Deobesidadeoumedidasdeadiposidadeemcrianc¸as.Essa associac¸ãoéinfluenciada porestac¸õesdoanoe pelosexo dosindivíduos.
Já é consenso que oshábitos alimentarese comporta-mentaisnasidadesmaistenraspodemafetaravidaadulta. Com isso, a necessidade de mais estudos cuja amostra sejacompostaexclusivamenteporcrianc¸aséextremamente relevante,principalmenteosdedelineamentolongitudinal, uma vez que podem esclarecer a relac¸ão de causalidade entre essas associac¸ões. O cálcio e a vitamina D, avalia-dos tanto pela ingestão dietética quanto por marcadores bioquímicos,mostraram-seassociadosàobesidade.
Assim,considerandoo efeitoprotetor daingestão des-sesnutrientesemrelac¸ãoàobesidadeinfantil,asac¸õesde saúdepública paraprevenc¸ão podemser pautadas princi-palmentena educac¸ãonutricional,por serdefácil acesso ebaixocusto,eauxiliarconsequentementeascondutasde prevenc¸ãodasdoenc¸ascrônicas associadasaosobrepesoe àobesidadeaolongodavida.
Financiamento
Oestudonãorecebeufinanciamento.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Referências
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