PÁGINA DO ESTUDANTE
ESTUDO DOS ASPECTOS ÉTICOS DOS RANSPANES NA AMÉRICA A INA *Virglnia Maria Coelho de Holanda** Franélia Loureiro Ney **
Mata Barrozo Azevedo ** Tania Critina Botelho Mendes **
RESUMO: Respeitando recomendações da OMS, foi feito estudo retrospectivo co paativo das Legislações de 1 6 Países da América Latina, a saber. Agentina, Bolíia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Chile, Cuba, Equador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paaguai, Peru, Repúblia Dominicana e Venezuela, do período de 1 963 a 1 992, enfatizando-se os aspetos éticos referentes a doação, deteminação da mote, onlito de inteesses, seleção do receptor, comercialização e intercambio intenacio nal de ógãos.
ABSTRACT: The authos made a retrospetive study by comparison of legal and ethic aspects of ogan and tissue donation by human living pesons and cadaver donos, death detemination , receptor seletion, conlit of interest, selling and buying ogans, and intemational interchange of ogans in 16 Countries rom Latin America (Agentin , Bolívia, Brazil, Colombia, Costa Ria, Chile, Cuba, Equador, Guatemala, Honduras, Mexico, Panama, Paraguai, Peru, Dominican Republic and Venezuela), accoding to the HO ecommendation.
UNITERMOS: Ética - Transplantes - Legislação da América Latina.
1 . INRODUÇÃO
Tansplante é a ablação de ógãos de um oganismo para ser instalado em outro, a im de neste exercer as mesmas funções(1 3).
Durante os últimos 26 anos, o mundo tem pesenciado grandes avanços na tecnologia de transplante de ógãos . A medida que foam sen do derubadas as barreiras para os tansplantes de ógãos de doador pos-motem e entre pes soas vivas, sugiram obstáculos legais e étios, que limitaram e limitam em grande pate a dis ponibilidade de ógãos.
Esses obstáculos passaram requerer toma da de decisões undamentais na sociedade e, por sua vez, izeram com que os govenos egu lamentassem os assuntos petinentes, o que deteminou as pespetivas do tratamento me diante transplantes(5). Por essa razão, em 1 987, a OMS reconheeu a necessidade de desenvol ver aodo intenaional paa esta inteenção e, na Assembléia Mundial de Saúde(1 ) , apovou a esolução nO 40. 1 3, em que institui estudo dos aspetos legais e éticos relacionados a essa deliada intevenção.
Dada à impotância da regulamentação legal e ética, estudando a fundo o assunto paa
ga-Trabalho apresentado omo Tema Livre no 5° Congreso Brasileiro de Enfermagem. Olinda-Recife, 28 de novembro a 3 de dezembro de 1 93.
Alunas do Cuo de Enfermagem da Faculdade Nosa Senhora das Graças. Universidade de Pernambuco - Recife-PE.
rantir tanto os direitos do doador, como do recep tor, considerados pacientes pela Declaação so bre Transplantes Humanos de 1 987(1 ,5), ealiza mos o pesente trabalho com o objetivo de com parar os aspetos étios e a legislação de 1 6 países d a Améia Latina.
2. METODOLOGIA
Respeitando recomendação da OMS, foi fei to estudo comparativo das Legislações de 1 6
Países d a América Latina, a saber: Agentina, Bolívia, Basil, Colômbia, Costa Rica, Chile, Cuba, Equador, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominica na e Venezuela, do período de 1 963 a 1 992
(ANEXO 1 ) , enfatizando-se os aspetos éticos
refeentes à doação, determinação da mote, conlito de interesses, seleção do receptor, co merialização e intercâmbio internacional de ór gãos.
3. DISCUSSÃO
A obtenção de ógãos ou tecidos, problema que se reveste de impotAncia social e técnico cientíica, poderá ser consegúida atavés de doação ou de intercâmbio intemacional om ou tos entros de transplante.
Doação é a concessão gaciosa, feita em vida ou após a mote, pelo próprio doador, ou por seu representante legal, atavés de expressão vebal com testemunhas, ou de documento oi ciai, esito, no qual delae, estando em pleno gozo de suas faculdades mentais, ser de sua vontade doar ógãos ou tecidos de seu corpo, após sua mote (testamento) ou em ida (decla ração)(2).
3.1 Dação
A doaão de ógãos nos países da Améia Latina, à exceção da Guiana Franesa, Suina me, Guiana e Nicarágua, reveste-se de caate rístias peculiares, em vitude de peconceitos culturais e religiosos, tradições etremamente fomais, que exigem legislação abrangente e procedimentos legais complexos e demorados, refeentes a doaões pos-motem e em vida.
3.1 .1 Doação "posmotem" - Agentina, Bolívia, Basil, Colômbia, Costa Rica, Chile, Cuba, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Venezuela (ANEXO 2).
As doações "pos-motem" podem ser on senidas, ou seja, feitas por desejo epresso do doador, ainda em vida (por testamento, por con sentimento formal ou por pesunção) ou por edido obigatóio, ou seja, solicitação dos pro issionais de saúde à família, após a mote do doador.
- Doação Consentida: por testamento -República Dominiana e Costa Rica.
Uma pessoa não pode doar seu corpo por testamento, já que o corpo não é considerado como uma popriedade legal e, potanto, nao é pate dos bens testamentários(8). No entanto, a República Dominicana e a Costa Ria, com base no direito civil, assim o consideram para ins de doação de ógão.
Embora este tipo de doação tenha a vanta gem de não estar sujeito ao eto dos familiares, na prática não tem se mostrado seguro ou ei ciente, uma vez que há demora tanto para aber tura do testamento, quanto para se inormar ao reeptór os proedimentos técnicos essenciais à doação(8). Isto acareta raramente haver te po hábil para o aproveitamento do ógão.
- DoaÇão Consentida: por consentimento fomal (cateia de doação) -Agentina, Bolí via, Bràsil, Colômbia, Costa Rica, Chile, Cuba, Guatemala, Honduas; Méio, Panamá, Para guai, Peru e Venezuela.
Este pocedimento é a melhor forma de doa ção voluntáia, pois facilita a identificação do doador a qualquer tempo, tanto pelas autorida-. des de segurança pública, quanto pelos profis sionais de saúde.
Não obstante, esta forma de doação tem sido a causa da esassez atual de ógãos na América Latina, pois os agentes de segurança pública e a equipe média ainda não adotam sistematicamente procurar o docu mento e co muniar à equipe responsável, com antecipação suiciente para ealizar a etação.
- Doação Consentida: por pesunção -. Bolrvia, Brasil, Panamá e Peru.
Segundo este citério, os ógãos dos cadá eres podem ser etraídos, a menos que se onheçam objeções do doador, antes de faleer, ou de familiares, aso o doador não a tenha autorizado especificamente.
Para que tenha validade o consentimento pesumido, o doador em potencial deve enten der seu signiiado e ompreender que se não manifestar claramente que não quer doar, será interpretado como consentimento(4). O parecer do Conselho da Euopa em 1 976(4), foi de que os países transformem gradualmente suas leis em consentimento pesumido, já que na América latina este método não é utilizado.
Com este tipo de doação dever-se-ia conse guir maior quantidade de ógãos do que através do consentimento afirmativo do doador. No en tanto, os médios hesitam em etrair os ógãos sem o consentimento expresso do doador ou dos familiares - que têm a autoridade de vetar o onsentimento de um doador de igual parentes o ou de parentesco mais distante -, pela preo cupação de que o consentimento presumido limite o direito do indivíduo em decidir o que vai oorrer com seu corpo, ou ainda, de que a família os pocesse legalmente, mesmo nos casos em que tenha haido consentimento formal, do qual o doador desistiu.
Uma variante do critério de consentimento pesumido é o que se deve acompanhar de uma noiicaçlo, isto é, a equipe médica deve fazer todos os esforços para entrar em contato om os familiares mais próximos, consultando-os se de sejam negar a doação(6). Se a pessoa falecida não tiver se opoto à doação e não for possíel localizar o paente mais próximo ou tutor, a equipe estará autorizada a etrair quàlquer
ór-gão. .
Apesar dos problemas apontados poderem atrasar a etração de um ógão a ponto de tomá-lo insevível, os grupos inteessados na doação de ógãos são conscientes da publicida de advesa, que pode provoar uma situação de etrair um ógão sem o onsentimento expresso, o que pejudicaia todo o sistema de doação oluntária(2, 6).
- Por Pedido Obrigatório(3)
Segundo eOHEN(4) o incipal obstáculo paa a doaçlo de 6rglos nlo é a igno�ncia dos Jlnicos, nem os roblemas econOmios, nem as
reocupaões legais . . . é simplesmente nlo a
pe-d· , f. '
A solicitação obrigatória remediaria o proble ma, ao obigar as equipes dos hospitais a discu tir com o familiar mais próximo do povável doa dor, a possibilidade da etração do ógão. Isto evitaia que o médio se isse obrigado a tomar a decisão de peguntar, ou não, aos familiaes de um doador em potencial, sua pedisposição em doar ógãos.
Desta maneira, como assinalam COTON E SANDLER(6) o pedido obigat6io respeta o ca ráter voluntáio do sistema, apesar de obrigar que se tome uma decislo a espeto da doaçlo,
e é de se esperar o aumento do número de ógãos solicitados e também o número de ógã os disponíveis, embora este procedimento se convetendo em otina, possa resulta em menor eficácia que a esperada(9).
PROTAS(1 5) é de opinião que a petição obrigatória nasce da crença que a aquisiçlo se asseelha mais a uma autentica obigaçlo do que a um ato expontaneo de geneosidade. Se os médicos não insistem suicientemente na ne cessidade de doadores beneficentes, a negação de doar poderá se tomar automátia.
3.1 .2 Doação em vida
O problema de doação entre pessoas vivas se oncenta, basiamente, no consentimento do doador, uma vez que a etração do ógão sadio far-se-á por pocedimento ciúgico para benefício terapêutico de outra pessoa. Daí a necessidade do consentimento informado, que provém, segundo COTON e SANDLER(5), de uma autonomia tradicional do paciente, na rela ção médico-paciente.
O consentimento informado se cumpe após o médio explicar adequadamente ao doador, maior de idade e em pleno uso de suas faculda des mentais, a natureza do tratamento, os risos e os benefícios, e dele obter autorização por escito, no intuito de permitir que o paciente reflita melhor, poporcione registro legal da deci são e salvaguade o médio e o hospital de problemas utuos que podeão advir, aso o paciente se arrependa posteriomente(1 1 ).
O onsentimento por escrito poderia minimi zar a problemática da escassez de ógãos, em bora enolva a estipulação de normas para
teger os menores de idade e os incapacitados mentais, por não compreenderem as conse quências da operação e poderem ser facilmente pesuadidos e enganados paa beneficiar um receptor em potencial, e os prisioneiros e as mulheres gráidas, pelo isco de negociar sua libedade condicional, física ou social, à custa da doação.
Apenas 1 3 países da América Latina, dente os 1 6 estudados, especiicam doadores legal mente competentes a fazer doação em vida, confome Quado abaixo.
3.2 Deteninação da Mote e Conlito de Interesses
A mote tem sido definida, tadicionalmente, como o cessar da unção cádio-respirató/ia(1 6). Não obstante, à medida que se desenvolveu a tecnologia médica, os respiradoes atiiciais permitiam manter vivos os indivíduos que sofre ram lesões graves, além de apesentaem ou tros usos, como, por exemplo, no caso de dano neurológico grave, em que a recuperação seja impossível, poder-se-iam consear melhor os ógãos paa tansplantes, mantendo o corpo do doador mediante sistemas de nutição atii cial(1 5).
Para isso foi neessário edefinir a mote, adotando o conceito do uncionamento ceebral. Atualmente, na legislações, adotam-se tês en foques paa deiní-Ia:
a. enoque sem deiniçJo de téios -detemi nada mediante a prátia médica habitual; aceito na Costa Rica, Cuba, México e Vene zuela, em que o direito consuetudinário si plifica a legislação e facilita os transplantes; b. deiniçJo de mote ceebral -aceita na Bolí via, Brasil, Chile e Colômbia. Embora seja coneniente nos casos de coma por super dose de drogas e nos estados de choque, a demora na deteminação da mote e a nees sidade de aparelhagem e pessoal especiali zado, podem representar pejuízos teciduais desnecessá/ios, marcadamente fora dos grandes centros urbanos;
c. deini)es seqDenciais que inluem a mote ceebral - aceitas no Equador, Panamá e Peu. Embora apresentem as mesmas des vantagens que o enfoque b, é mais seguro, reduzindo a responsabilidade médica, princi palmente quando o paciente pedeu apenas as funções erebrais(1 O).
OS critérios de determinação de mote são
QUADRO COMPARATIVO DE COMPET�NCIA LEGAL PARA DOAÇÃO EM VIDA EM 1 3 PA[SES DA AMÉRICA LATINA "
COMPET�NCIA LEGAL DE DOADORES
PAisES INCAPACITADO
MENORES DE IDADE MENTAL OU INCONS- CIENTE
ARGENTINA - Família Decide
BoLlvlA Incapaz Incapaz
BRASIL -
-COLOMBIA Incapaz
-COSTA RICA -
-CHILE -
-EQUADOR - Incapaz
GUATEMALA Incapaz Incapaz
HONDURAS - I nonsciente
MÉXICO Incapaz Incapaz
PANAMÁ Incapaz Incapaz
PARAGUAI - Incapaz
VENZUELA - Incapaz
Fonte: Legislação dos Países Consultados
1 86
R. Bras. Enen., Brasllia. v.47, n.2, p.1 -1 94, ar.jun. 1 994PRESOS
-Só a parente
-Inapaz
-Inapaz
-Inapaz Inapaz Inapaz
-MULHER GRÁVIDA
-Inapaz
-especialmente impotantes no caso de trans plantes poque, além da responsabilidade usual da prática médica, há um componente ético muito mais fote, a que denominamos onlto de interesses. Não se pode duvidar que é encago
médico examinar o paciente no momento de seu falecimento, mencionar à família a questão da doação de ógãos , obtendo anuência, notificar as autoridades competentes da existência de doador.
Segundo DICKENS(8), a ética médica exige que os médicos que atendem a pessoas, consi deadas doadoes adequados de 6rgaos, no me mento de falece, nao estejam nem paeçam etar em situaçao de conlito de interesses .
. .)
Seu trabalho nao deve ser prejudicado pela sus peita de que sua reocupaçao pelo paciente oi inluenciada pela idéia de beneficio que sua mote reresenta para os receptores de 6gaos.Para asseguar menor conlito de interesses, é consenso internacional que o médico respon sável pela deteminação da mote não fará pate da equipe de transplante, devendo ter seu pare cer técnico atificado pela mesma, no momento da etração dos ógãos(7).
A obediência à ética média pela maior pate dos países da Améica Latina (exceção ao Equador e Paraguai, que se mantêm omissos sobre o assunto), especialmente neste aso, beneficia o médico, na medida em que reduz seu desgaste emocional perante o paciente; o pa ciente moribundo, poque reduz sua ansiedade quando é assistido num seviço em que a recu peração de órgãos pode se efetuar em condiçõ es adequadas, e a coletividade, uma vez que essa postua médica facilita a doaão voluntá ia(1 2).
3.3 Seleção do Receptor
Tomadas as precauções para incentivar a doação de órgãos, cumpre estabelecer critérios para selecionar os receptores.
Para as doações em vida, a legislação da Argentina, Brasil, Costa Ria, Honduas, México e Venezuela prevê que o doador detemine o receptor ou estabelece que este seja parente até terceio grau ou consanguíneo até quato grau do doador, enquanto que a do Peru, Panamá, Equador, Guatemala e Cuba explicitam a esco lha por necessidade média, compatibilidade
e/ou idade (ANEXO 3).
Nas doações pos-motem, no entanto, deve
se decidir entre considerar que os ógãos doa dos são propriedade moral da comunidade (per mitindo que se adotem critérios técnicos de prio ridade de receptores, distribuindo-os equitativa mente a todos os centros de transplantes), ou aceitar que são propriedade do centro que os obteve. Impotante realmente é que a distribui ção seja justa, criteriosa, respeitadora dos valo res sociais e publicamente divulgada para incen tivar novas doações(7).
Há um consenso geral de que dentre os critérios médicos, a indicação clínica, a pob abilidade de êxito, a compatibilidade imunológi ca, o benefício em termos de qualidade de vida, a sobrevida, a idade, a utilidade social, o estilo de vida anterior ao transplante, a estrutura fami liar do receptor devem ser considerados na se leção, mesmo reconhecendo que a ponderação destes fatores é difícil e complexa(2).
É impotante que os comitês de ética médica ampliem a representação pública e reqüente mente discutam os critérios de seleção de reep tores, para poder acompanhar o avanço tecno lógio, atender aos requisitos técnico-científicos e assegurar maiores benefícios sociais(1 1 , 1 4).
3.4 Compensação do Doador e Comercialização
No processo de doação de ógãos, há um prejuízo para o doador vivo e para o reeptor, referente tanto à perda de ganho monetário (sa lário e outras vantagens financeiras), quanto às despesas com os procedimentos diretamente .relacionados ao transplante, a saber: exames pré-operatórios, gastos com manutenção (trans pote e alimentação), dano cirúrgico, recupera ção, obetura de riscos imediatos e futuros, aquisição e manutenção de medicamentos es pecíficos(5) .
Estes gastos inanceios, que nenhuma das
legislações estudadas deine claramente, são aHos e, principalmente nos países da América Latina, são a causa de desigualdade de acesso aos transplantes, pois para o governo assegurar estes pocedimentos, será obrigado a deixar de subsidiar ações de saúde mais prioritárias e de maior abrangência social, embora isso possa parecer que fere o princípio da igualdade de
tratamento(1 O).
o onsenso é de que o doador não deve arcar om qualquer despesa, cabendo-as ao receptor. Apenas as legislações da Agentina e do Panamá pevêem a cobetua desses custos pelos cores públicos.
A inexistência de uma base legal que permi ta a ompensação do doador, desestimulando as doações em vida e pos-motem, geram uma
confusão entre compensação e comecialização de ógãos, que é inentivada pela esassez da ofeta e também pelo baixo poder aquisitio dos países da Améia Latina.
Assim é mistér que se estabeleam regula mentações legais e éticas bastante rigorosas para que o silêncio não seja um inentivo, mo ralmente intolerável, à comercialização de órgã os e tecidos, favorecendo receptores ricos em detrimento dos pobres e induzindo doadores pobres a vender seus tecidos. Este mercado, se não coibido, eliminará a doação voluntária(1 0).
O Brasil, a Repúblia Dominicana, o Para guai e o Peu, se não aprovam a comecializa ção, também não a proibem expressamente(7).
3.5 Intercâmbio de Órgãos
Considerando-se os avanços tecnológicos médicos é de se antever um intercâmbio inter nacional de órgãos, feito de forma altruísta, a bem da saúde mundial, num sistema de recipro cidade que aumentaria a chance de compatibili dade doador-recepto(1 6).
No entanto, or ser o assunto ainda noo, não há onsenso nem um posicionamento clao, legal, por pate dos países da Améria Latina, exeto a Colômbia que poibiu explicitamente a distibuição de ógãos.
4. CONCLUSÃO
O transplante de ógãos, mais que um
pro-cedimento técnico-científico, onstitui-se numa mudança de hábito e numa revisão de valores sociais, morais e éticos.
Por este motivo, com este estudo constatou se que os países da América Latina regulamen taram desde procedimentos ágeis, como a doa ção onsentida por presunção, até a doação consentida por testamento, tão lenta que chega a iniabilizar o transplante.
Há alguns itens, como os critérios de seleção dos receptores, o conlito de interesses, a pró pria conceituação e constatação da mote, que precisam ser melhor estudados e debatidos, para que a regulamentação se faça de foma a assegurar maiores benefícios à sociedade.
Para que se aumente a ofeta de órgãos a adultos e a menores de idade, é mistér que se estimule a discussão entre os vários segmentos proissionais e a sociedade para:
a. evitar que o silêncio se constitua num con sentimento passio de comecialização; b. incentivar as doações;
c. fazer com que agentes de seguança pública e equipes de saúde adquiram novos hábitos no atendimento aos pacientes - doadores em potencial ou onsentidos por opção;
d. transformar a solicitação de doação de órgã os num hábito das equipes de transplante e do corpo clínico dos hospitais, sem onflito de interesses e sem constrangimento.
5. AGRADECIMENTOS
A Professora Ruth Cândida Peeira, da Disciplina de Deontologia, pelo incentivo e apoio para a confecção deste trabalho; a Senhoa Raquel Cotizo, bibliotecária da Faculdade de Medicina que nos auxiliou na pesquisa bibliog ráica e a Doutora aís G. Vieira, pela coopera ção na metodologia cientíica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS
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éica e Saúe. sao Paulo: CEDAS, 1 987, p.1 63-1 95. 3. CAPLAN, A.L Ethial and Poliy Isues in the Proure nent of Cadaver Organs of Transplaniation. N. Enrl J. Med. v.31 1 , n.1 5, p,81 -983, 1 984.
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5. COTON, R.D. e SANDLER, A.L. e Regulation of Organ Prourement and Tranplantation in the United States. J. Leg. Med. v.7, n.1 , p.55-6, 1 96.
6. . J. Leg. Med. v.7, n.1 , p.64-67, 1 986.
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9. . Tranlantaion Today. v.2, p.6-7, 1 987. 10. . Legal and Ethial Isues in Buying and
Seeling Organs. Tanlantaion Today. v.4, p.5-21 , 1 987.
1 1 . GELAIN, I. Deontoioia e Enemagem. 2. ed., sao Pau lo: Pedagógia e Universária, 1 87.
1 2. ANDMANN, J. A :ica MJda em Mlcaa. Rio de
Janeiro: Guanabaa Joio S.A., 15.
1 3. NORRIE, D. McK. Human Tisue Tranplants: Legal Ha bility in Diferent Jurisdictions. /ntemaiona/ and Com paraive Law Quately. v.34, n.3, p.1 42, 1 985. 1 4. ORGANIZACION MUNDIAL DE LA SALUD. Asemblea
Mundial de la Salud. Reso/ución 42, 5, 1 989.
1 5. PROTAS, J.M. The Rules for Aking and Anwering:
The Role of Law in Organ Donation. Univeiy o( Deit Law Reiew. v.63, n.41 5, p.1 86-1 91 , 1 985.
1 6. ROSENBERG, J.C. e APLAN, M.P. Evolving Legal and Ethial Atitudes Toward Organ Tranplantation rom Cadaver Donors. ia/yis and Translantaion. v.S, n.9, p.907, 1979.
Recebido para publicação em 1 7.01 .94
ANEXO 1
Fontes Jurídicas Consultadas paa Elaboração deste Trabalho
PAlsES IDENTIFICAÇAo DATA DE PUBLICAÇAo
ARGENTINA LEI 21 .41 21 /MARÇO/1 977 LEI 23.64 23/MARÇO/1 987 EMENDA DA LEI 21 .541
DE 21/3m
DECRETO 397/89 28/MARÇO/1 989
BOL(VIA DECRETO-LEI 1 5.69 1 1JULHO/1 978
REGULAMENTO MARÇO DE 1 982 (SUMÁRIO)
BRASIL LEI 4.280 6/NOVEMBRO/1 963
LEI 8.489 1 8/NOVEMBRO/1 992
COLÔMBIA LEI 9 JANEIRO DE 1 979
DECRETO 2.63 25/JULHO/1 986
CADUCOU COM A LEI
73, DE 0/1 2/8 E NÃO FOI ADOTADA
NENHUMA NOVA
DISPOSiÇÃO
COSTA RICA LEI 5.560 2O/AGOSTO/1 974
CUBA LEI 41 1 3/JULHO/1 983
CHILE LEI 1 8.173 1 5/NOVEMBRO/1 982
REGULAMENTO 03/DEZEMBROI1 983
EQUADOR LEI 4 1 /JUNHO/1 987
GUATEMALA DECRETO 45-79 9/AGOSTO/1 979
(SUMÁRIO)
REGUAMENTO 07/0UTUBROI1 986 HONDURAS DECRETO 1 31 07/JUNHO/1 983 MÉXICO CÓDIGO SANITÁRIO 26/FEVEREIROI1 973
REGULAMENTO 1 6/AGOSTO/1 976
PANAMÁ LEI 1 0 07/JULHO/1 983
PARAGUAI LEI 836/80 1 21DEZEMBROI1 980
(SUMÁRIO)
PERU LEI 23.41 5 0lJUNHO/1 982
REGULAMENTO 06lMAIO/1 983
REPÚBLICA LEI 391 01 lDEZEMBRO/1 81
DOMINICANA
VENEZUELA LEI 72 28/AGOSTO/1 972
1 90
R. Bas. Enem., Bras/lia. v.47, n.2, p.1 83-1 94, abr.jun. 1 994ABREVIAURA
UTILIADA
L. 77
L.87
0. 89 DL. 78
R. 82
. L. 63
L. 92
L. 9
0. 86
L. 74 L. 83
L. 82
R. 83
L. 87
0. 79
R. 86
0. 83
H.C. 73 R. 76 L. 83
L. 80
L. 82 R. 83
L. 81
ANEXO 2
Comparação das Legislações dos 1 6 Países da América atina quanto a Doações Pos-Motem
PAisES E LEIS
IDADE LIMITE
ARGENTINA maior de
L. 77
1 8
anosL. 87
D. 89
BoLivlA -
-D.L. 78 R. 82
BRASIL -
-L. 63
L. 92
COLÔMBIA -
-L. 79 0. 6
COSTA RICA -
-L. 74
CUBA -
-L. 83
CHILE -
-L. 82 R. 83
DOACÕES POS-MORTEM
CONSENTIMENTO ORDEM DE CONSENTIMENTO USO
DO DOADOR PARA USO DO CADÁVER MÉDICO-LEGAL
DO CADÁVER escrito, se cônjuge, filhos adultos,
-legal- mente pais, imãos adultos, avós competente e netos, parentes em 4° em gozo de grau de
con-facul- dades sanguineidade e 2° grau mentais e do de parentesco ou, na receptor ausência, o centro de
transplantes
escrito ou parente legalmente com
automá- tico, autoriza- do se o cadáver autorização se for embal- tiver sido abandonado ou das
samado ou a direção do hospital autoridades cremado autoriza seu uso sanitárias escrito ou se entre cônjuges, inclusive na falta de
não tier sido cunhados e entre paentes paren- tes, só
negado, do até 2° grau do doador com
autori-conjuge, zação do
ascen- dente diretor da
ou descen- instituição em
dente que ocorreu o
óbito além dos itens an-teriores
- parente até 4° grau de
-con- sangüinidade ou até 2° grau de parentesco, pais e filhos adotivos ou
se houver sido
abandonado
escrito cônjuge, filhos adultos, com
pais e imãos adultos e a autorização " dieção do hospital do
médio-&spom ável
- em confomidade om o
-Mi- nistério da Saúde
Públia
escrito, cônjuge, filhos, pais e -legalmente imãos ou se tier sido
competente abandonado ou com
ou de doadora consentimento de pa-casada rentes de
1
° grau deconsan- güinidade
ANEXO 2
Comparação das Legislaçes dos 1 6 Países da América Latina quanto a Doaçes Pos-Motem
PAíSES E LEIS DOAÇOES POS-MORTEM
IDADE LIMITE CONSENTIMENTO ORDEM DE CONSENTIMENTO DO DOADOR PARA USO DO CADÁVER
EQUADOR - escrito, cônjuge, ilhos, pais ou
L. 87 legaVom- inãos
petente ou doadoa casada
GUATEMAA - escrito se tiver sido abandonado
0. 79 ou se os parentes
R. 6
concodaem e tier consentimento do doador HONDURAS -" escrito, se legal- cônjuge, filhos aduHos,
0. 83 mente pais, inãos aduHos e avós
ompetente
MÉXICO - escrito parentes, se tiver sido
H.C. 73 aban- donado pode ser
R. 76
usado sem consentimento
PANAMÁ Maior de escrito, cônjuge, filho aduHo, pais.
L. 83 1 8 anos legalmente Se tiver sido abandonado,
ompetente ou pode- se usar sem tutor consentimento
PARAGUAI - escrito
-L. O
PERU - escrito e voluntá- se não houver manifestão
L. 82 rio, baseado em contária, poderá haver L. 83
informações utili- zação haja ou não prévias consen- timento, pode-se
doar a pais ilhos cônjuge
REP. DOMINICANA - escrito em testa-
-L. 81 mento
VENEZUELA - escrito cônjuge, filhos aduHos,
L. 72 pais inãos
1 92
R. Bras. Enen., Brasllia. v.47, n.2, p.1 83-1 94, abr.�un. 1 94USO
MÉDICO-LE GAL DO CADÁVER
-só as
cóneas
-pode etrair
ógãos aso se
saiba, com
eteza
ANXO 3
Comparação das egislações dos 1 6 países da América Latina para Doaçes em Vida
PAlsES E LEIS
ARGENTINA
L.77 L.87
D.89
BoLlvlA D.L. 78
R. 82
BRASIL L. 63 L. 92
COLOMBIA
L. 79
D. 86
COSTA RICA L. 74
CUBA L. 83
CHILE L. 82
R. 83
DOAÇÕES EM VIDA
ÓRGÃOS QUE SE REGENERAM ÓRGÃO QUE NÃO SE
IDADE LIMITE
maior de 1 8
anos
-maior de 1 8 anos maior de 1 8 anos
-maior de 1 8 anos
REGENERAM RECEPTORES
CONSENTIMENTO IDADE LIMITE
�
ONSENTIMENlDO DOADOR O DO DOADOR
escrito dele e maior de 1 8 escrito do paentes
do receptor, anos doa- dor e diretos do
especi- icando eceptor, doador até
ógãos que especificando 2° grau de
deseja doar ógãos que
consan-de- seja doar güinidade e olaterais até 4° grau de consan-ouineidade
legalmente - do doador
-om- petente em atóio
em ató- rio
desejo - desejo paentes até
epresso epresso 2° grau de
através de através de
onsan-docu- mento docu- mento güinidade,
pessoal ou pessoal ou cu- nhados
oicial oicial e cOniu- oes
escrito maior de 1 8 escrito -anos
escrito em pre- - - paentes até
sença de teste- 4° grau de
munhas
onsan-güinidade ou 3° de
paentes
-ôniuoe
- - - de acordo
om o Ministério da Saúde escrito, se maior de 1 8 escrito, se
-legal- mente anos legal- mente
ompeten- te
ompe-ou de doadoa tente ou de
asada doa- dora
asada
ANEXO 3
Comparação das egislaçes dos 1 6 paises da América atina paa Doaçes em Vida
DOAÇÕES EM VIDA
PAlsES E LEIS ÓRGÃOS QUE SE REGENERAM ÓRGÃO QUE NÃO SE
REGENERAM
IDADE LIMITE
p
ONSENTIMEN IDADE LIMITE CONSENTIMENlO DO DOADOR 0 00 DOADOR
EQUADOR - se - se
L. 87 legalmente legalmente
ompetente ompetente
GUATEMAA maior de
1 8
escrito e do - escrito e do0.79 anos eceptor eceptor
R. 6
HONDURAS maior de
1 8
oluntário maior de21
oluntário0. 3 anos em gozo de anos em gozo de
facul- dades facul- dades
mentais mentais
MÉXICO - escto, om - escrito
H.C. 73
tes-R. 76
temunha maior de
1 8
e menor de
60
anosPANAMÁ - escrito -
-L. 3
PARAGUAI - escrito -
-L. O
PERU - escrito -
-L. 82
L. 3
REP. DOMINICANA - - -
-.L 81
VEN EZUELA - escrito, -
-L.72 doando para
pais, irmãos,
ilhos dos
eceptoes
1 94
R. Bas. Enem., Basllia. v.47, n.2, p.1 3-1 94, abr.jun. 1 4RECEPTORES
segundo neces-sidade médica e compatibilidac e
segundo a necessidade médica, a
co-patibilidade e a idade
{55
ano� segundo a relação com o doador -irmãos segundo-paren- tesco de
1 °
grau,necessidade mé- dica, idade me-nor de
60
anos segundo a
ne-cessidade
médi- ca
-segundo a
ne-cessidade
médi- ca
-pais, ilhos
adultos e
irmãos adultos do