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Profilaxia da peste.

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P R O F I L A X I A

D A

P E S T E *

R enato d os S an to s A raújo **

O autor parte ãa premissa de que a profilaxia ãa doença infecciosa decorre

do encadeamento epidemiológico: fonte de infecção-veículo transmissor

re-ceptivel, para explicar a da peste, baseada no mesmo princípio.

Depois de citar os 4 principais complexos epidemiológicos ãa peste e afir­

mar que tôda a profilaxia da doença consiste em atingir os dois primeiros elos

dessas cadeias e proteger o último, passa a classificar os vários métodos

profilá-ticos empregados em 2 grandes grupos: o das medidas destrutivas ou provisó­

rias e o das medidas supressivas ou definitivas. Entre as primeiras arrola a

desratização

e

a despulização, às quais acrescenta o tratamento e isolamento

do doente e ão portaãor, e entre as segundas inclui a anti-ratização e a imu­

nização .

A seguir, passa a explicar em que consistem essas várias medidas

profilá-ticas e quais os agentes de que se tem lançado mão para executá-las, expendendo

ao curso dessa exposição o conceito que formula a respeito de cada uma delas,

à guisa de apreciação do seu valor relativo.

Enaltece sobretudo as medidas supressivas ou definitivas, às quais empresta

a maior significação na luta antijpestosa, chamando a atenção, em especial,

para a necessidade de estudos imunológicos para aperfeiçoamento do poder

imu-nitário das vacinas de germes vivos avirulentos, que considera um grande re­

curso para a profilaxia ãa doença, sobretudo para a proteção do rurícola, cujo

labor e modo de vida o expõem inevitavelmente a se infectar, por ocasião da

ocorrência de epizootias de origem silvestre.

Concluída essa primeira parte, passa a fazer o histórico de como se desen­

volveu a campanha contra a peste, no Brasil, desde a época da sua invasão em

1899 pelo pôrto de Santos até os nossos dias.

Nesse histórico, detem-se um pouco para expôr a atuação do extinto Ser­

viço Nacional de Peste, o qual, criado em 1941, após a reorganização do Depar­

tamento Nacional de Saúde, passou, como órgão específico, a cuidar do proble­

ma até sua incorporação em 1956, a dois outros granães Serviços Nacionais (o

de Malária e o de Febre Amarela), para constituição ão Departamento Nacional

de Endemias Rurais, ao qual cabe atualmente a responsabilidade ãa campanha.

A p ro fila x ia d a d o en ça in fecciosa deco r­ re d a su a epidem io lo gia.

É o e n c a d e a m e n to epidem iológico (fo n ­ te de in fecção — veículo de tra n sm issã o — recep tív el) que con dicion a o seu e sta b e ­ lecim e n to e o rie n ta a su a c o n d u ta .

A d a peste, p o r con segu inte, n ã o p o d erá fu g ir a essa p re m issa . F az-se m iste r co­ n h e c e r bem a su a epidem iologia, tã o com ­ p lex a, tã o re p le ta de a p a rê n c ia s c o n tra d itó ­

ria s e com ta n ta s in c ó g n ita s a in d a a se­ re m resolvidas, p a r a que se possa estab e­ lecer u m a p ro fila x ia racio n al, eficiente, efetiv a, que n o s leve a u m perfeito con­ tro le d a s su as in cu rsõ es e no s faça antever u m vislum b re d a su a e rra d ic a ç ã o .

É bem de v er que, em lin h a s gerais, ela te m sido bem o rie n ta d a em tô d a p arte, ta n to assim que h o je em dia, m ercê do seu a p rim o ra m e n to técn ico e dos progressos

* T ra b a lh o do D e p a rta m e n to N ac io n a l d e E n d e m ia s R u ra is , M S., a p re se n ta d o ao III C ongresso d a So­ cied ad e B ra s ile ira d e M edicina T ro p ic a l, 1-4 d e fe v e re iro , 1967, B a h ia __

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crescentes da Q uím ica e da M edicina, com a desco berta de p o te n te s ro d e n tic id a s e de in seticid as de ação tó xico-resid ual, com o em prêgo das su lfas e dos an tib ió tico s no tra ta m e n to dos do en tes e pro teção dos co- m u n ican tes, com a m elh o ria d a s co n d i­ ções hig iên icas das h ab ita ç õ e s d as cidades, p e rd e u a p este aquêle seu c a rá te r a te r r a ­ dor e m o rtífe ro que a cara c te riz o u no s p r i­ m eiros séculos d a no ssa e ra e que a to rn o u o m aio r flagelo d a h u m a n id a d e n a Id ad e M édia, por ocasião da, célebre p a n d e m ia cog no m inad a “m o rte n e g ra ” .

Se perdeu êsse c a rá te r terrífico , que a fêz in c lu sa n a q u e la época e n tre as d o en ­ ças q u a re n te n á ria s, e que a a rro la v a a té bem pouco e n tre os m aio res pro b lem as da S aúd e P úb lica, n ão deixou, con tu do, de c o n tin u a r a m erecer a su a a ten ção , pela sua g ravidad e e pela possibilidade que tem de poder se p ro p a g a r, ta n to p o r c o n tin u i­ dade ou con tiguidad e, com o

versaltum,

à d istân cia, a tra v é s o tra n s p o rte passivo do seu ag en te causai pelos roedores ou seus e c to -p a ra sito s. E ta n to é v erd ad e que c o n ­ tin u a a ser o b jeto de cu id ad o sa vigilância, d en tro d as n o rm a s do R e g u la m e n to S a ­ n itá rio In te rn a c io n a l v ig en te.

Como é sabido, a p a n d e m ia a tu a l, com o é con sid erad a clàssicam en te a su a ir r u p ­ ção nos f in s do século passad o, n a Ásia, após o seu g ra n d e in te rre g n o de acalm ia, e que nos a tin g iu em 1899, pelo p ô rto de S antos, in vad in d o -n o s a segu ir o

hinter-land,

a c h a -se em declínio, m as p ersiste m a in d a os focos enzoóticos já conhecidos e delim itados os quais, vez p o r o u tra se r e a ­ cendem e se to rn a m epizoótiros, com as conhecidas im plicações, e surgem , às vêzes inexplicàvelm ente, o u tro s novos, a d e sa fia r a arg ú cia dos pesq uisad ores e a p e rtu rb a r e in q u ietar, de certo m odo, as a u to rid a d e s s a n itá ria s e n c a rre g a d a s do seu c o n trô le .

D eixando de lado, porém , essas con sid e­ rações p relim in ares, d ita s a p e n a s p a r a re ssa lta r a im p o rtâ n c ia de que se rev este o problem a, e estrib a n d o -n o s n a prem issa acim a e n u n c ia d a , fica b em claro que p a ra que se possam estab elecer as n o rm a s de u m a p ro filax ia c o rre ta d a p este, tem os que e n c a ra r os vário s com plexos ou e n c a - deam entos, já deduzidos do seu estu d o epi- dem iológico, a té ago ra, a sab er:

a ) R oedor in fe c ta d o — v eto r — hom em in d en e;

b) H om em do en te — v eto r — h o m em in d e n e ;

c) P o rta d o r — v eto r — h o m em in d en e; d) H om em d o en te — con tág io — h o ­

m em in d e n e .

Os trê s p rim eiro s m ecanism o s são os que se verificam n a eclosão e ex p an são d a s fo r­ m as clínicas bubônica, de que a pn eu m ô - n ic a se c u n d á ria é u m a com plicação, e sep- ticêm ica p rim á ria , e n q u a n to o ú ltim o ob ­ serva-se a p e n a s n a o c o rrê n c ia e d issem i­ n a ç ã o d a fo rm a p n eu m ô n ica p rim á ria .

E sta ú ltim a fo rm a clínica, d e n o m in ad a peste dêm ica, é co n sid e ra d a de c a rá te r e p i­ sódico, exceção fe ita d a que ocasionou a epidem ia d a M a n d u c h ú ria de 1910/11 e que vitim o u cêrca de 60 m il pessoas, e n q u a n to a fo rm a b u b ô n ica é c o n sid e ra d a com o p e s­ te zoótica, de c a rá te r p e rsiste n te , e n d ê m i­ co. P o r sua vez, as fo rm a s clín icas septi- cêm ica p rim á ria e p n eu m ô n ica secu n d ária, felizm ente de m u ito m e n o r exp ressão pela su a m en o r freq ü ên cia, decorrem , com o é sabido, p rim à c ia lm e n te , do com plexo: v iru ­ lê n cia do germ e — re sistê n c ia do p a c ie n te .

O a ta q u e aos dois p rim eiro s elos dessas cad eias e a p ro teção do te rc e iro tê m sido a base em que se te m estrib ad o , com ju s ­ ta razão, a p ro fila x ia d a d o en ça.

P ro c u ra n d o d e s tru ir o ro ed o r in fectad o , o qu al é, p rim à c ia lm e n te , o d ep o sitário do a g en te etiológico e a su a v ítim a p re fe re n - te, po r isso que, com o sabem os, é a in fe c ­ ção pesto sa u m a zoonose que sc a c id e n ta l­ m en te acom ete o ho m em rev estin d o e n tã o o c a rá te r de ân tro po -zo ono se; tr a ta n d o o p a c ie n te enferm o , isolando-o, bem com o ao p o rta d o r suspeito, ev en tu a lid a d e e sta ú lti­ m a discutível e excepcional, p o rém reg is­ tr a d a n a lite r a tu r a especializada e po r con segu inte d ig n a de co n sid eração ; p ro ­ c u ra n d o d e stru ir o v eto r an im a d o ou se ja o pulicídio, elo d a m a is in d iscu tív el sig n i­ ficação ; p ro te g e n d o o ho m em in d e n e pela su a im u nização ou p elas m ed id as de d e fe ­ sa pessoal (uso de re p e le n te s p a r a a b u ­ bônica, de m á sc a ra s e p ro te to re s o cu lares p a r a a p n eu m ô n ica, etc) e d a su a m o rad ia, visan d o o a fa s ta m e n to do m u ríd eo d a sua convivência; en fim , to m a n d o -se essas m e ­ didas, iso lad a o u c o n ju n ta m e n te , é que, com efeito, se te m conseguido e f e tu a r um co n trô le razoável d a d o en ça e ev itad o a

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S in tetizan d o , cifram -se tô d a s essas m ed i­ d a s em dois g ra n d e s grupos, que podem assim ser ro tu la d o s:

I — M edidas d e stru tiv a s o u provisórias; I I — M edidas sup ressiv as ou d efin itiv as.

E n tre as p rim e ira s a lin h a m -se : a d e sra ­ tização e a despulisação, a que podem os a c re sc e n ta r o tr a ta m e n to e iso lam en to do doente e do p o rta d o r.

E n tre as seg u n d as fig u ra m : em p rim eiro p lano — a a n ti-ra tiz a ç ã o e a seg u ir — a im unização, que, a p e sa r de a in d a in s a tis ­ fa tó ria , será, a nosso ver, a que ao lado d a preced en te, isto é, d a a n ti-ra tiz a ç ã o , p o ­ d erá a longo p razo no fu tu ro , tã o logo se­ jam obtidos a p e rfeiço am en to s im p re sc in d í­ veis p a r a o seu em prêgo, n o s oferecer g a­ ra n tia de p ro teção efetiv a, sob retu d o p a r a a população ru ra l, cujo m odo de v id a in e - v itàv elm en te a expõe a c o n tra ir a doença, sem pre que a m esm a e s te ja aco m eten d o a fa u n a ro ed o ra silv estre.

V ejam os a g o ra com o tê m sido a p lic a d a s essas m edidas.

DESRATIZAÇAO

A d esratização , qu e visa, com o o seu nom e bem in d ica, a d e stru ição dos m u rí- deos, te m la n ç a d o m ão de vário s recursos, os quais se podem c la ssific a r com o m eios físicos, quím icos e biológicos, todos fa lh o s e in sa tisfa tó rio s, p o r isso m esm o que se ria utópico p e n s a r e m e x tin g u ir espécies a n i­ m ais tã o p ro lífic a s e n u m e ro sa s.

E n tre os m eios físicos de d e sra tiz a ç ã o tem -se la n ç a d o m ão p rin c ip a lm e n te do la n ç a -c h a m a s e d e a rm a d ilh a s dos m a is variados tipos, e n tre as q u a is citam o s a s que c o rre n te m e n te em p reg am o s e n tre nó s ou sejam as ra to e ira s , tip o s g u ilh o tin a e m aleta .

Em bora a fin a lid a d e p re c íp u a dessa ú l­ tim a m edida, isto é, d a s ra to e ira s, s e ja a ca p tu ra dos m u ríd io s p a r a exam e la b o ra ­ torial, visando a o b ten ção dos vário s ín d i­ ces utilizados com o in d icativ o s d a situ a ç ã o epidem lológica, com o sejam o pu licid ian o (global ou específico), o de in fe c tiv id a d e e outros, bem com o p a r a classificação d a fa u n a ro ed o ra e seu s e c to p a ra sito s, n ã o resta dúvida que exerce ta m b é m u m d im i­ nuto papel d e sra tiz a d o r.

Q u an to ao la n ç a -c h a m a s, tã o em voga em c e rta época, m a is com o in s tru m e n to de despulização do que p rò p ria m e n te como d e sratizad o r, foi po sto em desuso, tã o logo co m eçaram a ser usad os os in seticidas de ação tó x ico -resid u al e os m od ern os roden- tic id a s .

E n tre os m eios quím icos fig u ra m p rin ­ cip alm en te as fum igações de gases tóxi­ cos e a s iscas ra tic id a s, bem com o o em prê­ go de a g e n te s quím icos em n a tu re z a , re- correndo -se a u m a g am a considerável dê- les, e n tre os qu ais en u m erarem o s: a cila ou m e lh o r o seu alcalóide — a c ilitin a, o a r ­

sênico, o fósforo, a e striq u in in a , o anidrldo sulfu ro so , o ácido sulfú rico, o gêsso, o áci­

do cian íd rico , o A n tú , o W a rfa rin e o 1.080 ou flu o ra c e ta to de sódio.

T odos êsses a g e n te s tê m os seus présti- m os e perigos, as su as indicações e in co n ­ v en iên cias e tê m gozado de m aio r ou m e­ n o r aceitação , conform e a s épocas.

O an id rid o sulfu ro so (SO2), obtido ou- tr o r a pela com b ustão do enx ofre, estêve m u ito em voga n o p rin cíp io do século. E ra em pregad o in ic ia lm e n te nos denom i­

n ad o s “ exp urgo s”, to rn a n d o -se , porém , n e ­ cessário n ã o só a confecção de tra b a lh o sa s c o b e rtu ra s dos prédios em que e ra apli­ cado, com o ce rc a r-se o seu uso de in ú m era s precauções, p a r a ev itarem -se dan os m a te ­ ria is . P o ste rio rm e n te , com m elh or té c n i­ ca, com eçou a ser u tiliz a d a po r m eio de a p a re lh o s especiais, dos q u ais o m a is u sa ­ do é o de C layto n, que serve, e n tre outros fins, p a r a d e s in fe sta r navios, tre n s, esgo­ to s e g a le ria s d e ág u as plu v iais em zonas p o rtu á ria s, e tc . De q u a lq u e r sorte, acha- -se h o je su p erad o p o r a g e n te s de m ais f á ­ cil ap licação .

A cila e o fósfo ro são precon izad os como ó tim os d e sra tiz a n te s, porém , a prim eira, sob retudo , é de c u sto elevado o p o r conse­ g u in te d esaco nselhável com o m ed id a p a ra larg o uso . N ão tem o s ex p eriên cia sôbre os m e sm o s.

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sul-G30 Rev. Soe. Bras. M ed . Trop. Vol. I — N.? 6

fúrioo foi em pregad o e reco m en d ad o n a s Ín d ia s Inglesas, de m is tu ra com a lc a trã o , n a s tocas, de acôrdo com o esquem a de K ing.

O arsênico, sob a fo rm a de ácicio arse n io - so, já estêve m uito em voga e n tre nós, e m ­ pregado sob a fo rm a de iscas ra tic id a s p re ­ p a ra d a s de m is tu ra com fu b á de m ilh o e corretivos diversos, segundo in stru ç õ e s de L ong. M ostrava-se bom d e sratizad o r, q u a n ­ do aplicado p ela p rim e ira vez, to rn a n d o -se de pouco préstim o , em d esratizações su b ­ seqüentes.

O ácido cian íd rico pode ser usado sob a form a líquida, em g a rra fa s m e tálicas a p ro ­ p riad as, absorvido em su b stâ n c ia s in e rte s

(discos de papel, polpa de m a d e ira ou dia- to m ita , que é u m h id ro -silic a to de a lu m í­ nio) ou sob a fo rm a de c ian eto de cálcio. E m bebido em d ia to m ita existe no com ér­ cio com o nom e de Zíclon B e sob a fo rm a de cian eto de cálcio com o nom e r,e C iano- gás. Ê ste ú ltim o estêve em g ra n d e voga e n tre nós, e a té h o je a in d a goza de alg u m conceito, em bo ra te n h a se re strin g id o um ta n to o seu uso . É aplicad o n a s to cas de ra to , po r m eio d e b o m b as m a n u a is de f á ­ cil m anejo, m a s req u er cuidados especiais po r p a rte do o p erad o r p a r a e v ita r su a in ­ toxicação, que pode ser f a ta l. O c ian eto de cálcio é prop elid o de m is tu ra com o a r e e n tra n d o em c o n ta c to com o seu v ap o r d ág ua e seu CO2 g e ra HCN n a sc e n te de efeito su m am en te le ta l.

O A n tu ou a lfa -n a ftil-tiu ré a é u m ó ti­ mo desratizad o r, porém , te m esp ecificid a­ de pelo

Rattus norvegicus,

fican d o a su a ação lim ita d a a essa espécie, e x iste n te a p e ­ n a s n a s zonas p o rtu á ria s ou em lo c a lid a ­ des próx im as a ela s. É ta m b é m de difícil aplicação e de custo elevado, o que, ao la ­ do da especificidade p re c ita d a , to rn a o seu em prêgo re strito .

O

W arfarin , que é um deriv ado do di- cum arol e age com o a n tic o a g u la n te , é de peq uen a toxidez, req u eren d o sucessivas in - gestões, n u m período n u n c a in fe rio r a 5 dias, pelo que se to rn a um a g e n te pouco prático, dispendioso e de d im in u ta e fic iê n ­ cia.

P o r fim , o 1.080, que é o flu o r-a c e ta to de sódio, é que te m sido e n tre n ó s c o n c e itu a ­ do com o o m ais p o te n te e e ficien te ro d en - tic id a . É em pregad o em solução a 1:1000 ou em iscas sólidas a 2:1000, n a d e s ra tiz a ­

ção, sob retu d o de g ra n d e s a rm a z é n s de

m ercad o rias, depósitos de m a te ria is, porões de navios, ralo s e coletores de á g u a s p lu ­ viais, e tc . A sua ação le ta l é, p o r assim

dizer, quase fu lm in a n te , pois a m o rte dos roedores se d á e n tre 1/2 e 8 h o ra s apó s a su a in gestão , e n c o n tra n d o -se -o s às vêzes m o rto s n a s pro x im id ad es dos v asilh am es, qu an d o é fe ita su a ap licação sob a fo rm a de solução. O seu em prêgo, porém , te m que ser cercado de cuidados especiais, n ão só p a r a pro teção do o p erad o r, com o p a r a e v ita r que se ja m atin g id o s c ria n ç a s ou a n i­ m a is dom ésticos, d a d a a su a a lta to xidez. P o r fim , e n tre os m eios biológicos de d esratização , citam o s a caça d ire ta ( a p a u ) ou com a n im a is ra te iro s (cães

Jox-terr:er,

scotsh-terrier

) , o em prêgo de c u ltu ra s de salm o n elas (v íru s de L oeffler, de D anysz) e o processo d en o m in ad o seleção se x u a l.

A caça d ire ta o u com a n im a is ra te iro s te r á que ser p ra tic a d a com o p erad o res e

a n im a is a d e stra d o s p a r a ta l fim .

O em prêgo de c u ltu ra s de salm on elas, sob a fo rm a de iscas, tem sido acon selh ado sob retu d o c o n tra ra to s silvestres, porém , te m se m o stra d o pouco eficien te n a p r á ti­ ca, segundo re la to dos ob serv ado res que as tê m u sa d o . H á vário s tip o s dessas c u ltu ra s que fo ra m cog no m inad as com o “v íru s” (de L oeffler, de D anysz, e tc .) O seu p rep aro , com o é óbvio, deve re q u e re r m o n ta g e m de lab o ra tó rio bacteriológico p a r a ta l fim , n ã o p a recen d o co m p en sar a despesa d essa m o n ta g e m em re la ç ã o com a e ficiên cia aue se p o d erá o b te r. S egundo foi c o n s ta ta ­ do pelos ob serv ado res que a s tê m e m p re ­ gado, os efeito s da difu são d a s do enças que podem pro v o car n o s m u ríd eo s n ã o fo ­ ra m verificad os, lim ita n d o -se a su a ação

a p e n a s ao ro ed o r que in g ere u m a dessas iscas. Além disso, h á o perigo de co n ta m i- n a c ã o dos oo erad o res que as m a n ip u la m , bem com o dos alim en to s, n o s lo cais em que os roedores atin g id o s po ssam e n tr a r em c o n ta c to com êstes.

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DESPULIZAÇAO

A despulização é a p rá tic a p ro filá tic a que visa in te rro m p e r o ciclo epidem ioló­ gico dos 3 p rim eiro s en ca d e a m e n to s acim a citado s, com a elim in ação do seu elo in ­ te rm e d iá rio ou se ja o vetor, pela d e s tru i­ ção dos pulicídios, seu p rin c ip a l re p re se n ­ ta n te .

E sta d estru ição , co n segu ida o u tro ra às c u sta s dos próp rios expurgos obtidos com

os gases tóxicos (SO2, CO,

e tc .) e m p re g a ­ dos n a d e sratização , com o em prego do la n ­ ç a -c h a m a s, com o dissem os a trá s , com com ­ postos quím icos vário s (íen o l, cresil, lisol, clo ro picrin a, n a f ta lin a ) , com em ulsões de p etró leo e sab ão ou dêste ú ltim o com q u e­ rosene,

passou a ser exercida, após o últi­

mo

con flito m u n d ia l, m ercê o em prêgo dos in se tic id a s clo rad os de ação tóxico re si­ d u al, sob retudo o DDT (d iclo ro -d ifen il-tri- c lo re ta n o ) e o BHC (h e x a c lo ro -b e n z e n o ).

O D D T te m sido em pregad o, p u ro ou a s ­ sociado ao BHC, em solução n o querosene a 5%, em pó, de m is tu ra com talco ou cao- lim a 10%, e em susp ensão, sob a fo rm a de pó m olhável, p ro cu ran d o -se o b te r u m a c o n c e n tra ç ã o ta l que se consiga aspergi-lo à ra z ã o de 2 g r. p o r m 2 e que o seu ad-

ju v a n te , o BHC, o seja n a prop orção de 0,5 g r. po r m^.

TRATAMENTO E ISOLAMENTO DO DOENTE E DO PORTADOR

O tr a ta m e n to , o u tro ra efe tu a d o p e la so- ro te ra p ia , com os seus percalços e perigos, evoluiu h o d ie rn a m e n te de m a n e ira consi­ derável, após a desco b erta d as su lfas e dos m od ern os antib ióticos, de ta l so rte que a le ta lid a d e d a doença, que orçava, n a fo r­ m a bu bônica, em re d o r de 30% a 40% e que a tin g ia , n a s fo rm a s septicêm ica e p n eu m ô n ica, as a lta s c ifra s de 95% e 100%, resp e c tiv a m e n te , to rn a n d o sob retu d o e sta ú ltim a fo rm a de u m a fa ta lid a d e inevitável, baixou g ra n d e m e n te . D e sta rte , a ten u o u -se um pouco o c a r á te r de in c u ra b ilid a d e d es­ sas fo rm a s e b aixo u co n sid erav elm en te o índice le ta l d a bu bônica, que o rça h o je e n ­ tre 3% a 5%, nos casos tr a ta d o s . É b em de ver que no s referim o s aos casos que são m edicados a tem po, isto é, nos prim eiros d ias d a d o ença, com o p a c ie n te em co n d i­

ções a in d a de re a g ir sa tisfa to ria m e n te , pois em q u a lq u e r in fecção a g u d a e sob retudo n a p este, a precocidad e do t r a ta m e n to é condição in d isp en sáv el p a r a o seu sucesso.

O tr a ta m e n to do doente, a lém do po n­ to de v ista e s trita m e n te clínico, deve ser con sid erad o como u m a m edida p rofilática, pois, em bo ra seja o ho m em u m a vítim a a c id e n ta l d a doença, que é p rio rita ria ­ m e n te do roedor, n ã o deixa, qu an d o aco­ m etido, de se c o n stitu ir u m a fo n te de in ­ fecção, que, n ã o podendo e não devendo se r e x tin ta , com o o fô ra o u tro ra , nos c a la ­ m itosos tem p o s em que e ra m queim ados vivos os p a c ie n te s a ta c a d o s do m al, tem que ser e sta n c a d a ou con tid a pela te ra p ê u ­ tic a e pelo iso lam en to .

Ê ste ú ltim o pode ser dom iciliar ou hos­ p ita la r, e, se pode a té certo ponto ser m iti­ gado, qu and o se t r a t a d a fo rm a bubônica, dado o discutível perigo de transm issão , con stitu i-se com o m edida p ro filá tic a im ­ prescindível, qu an d o se t r a t a jda form a pn eu m ô n ica, pois, como depreendem os do ú ltim o e n c a d e a m e n to epidem iológico em que no s estrib am o s, n ão concorre n a sua pro p ag ação ou dissem inação o veto r a n i­ m ado, m as, tã o som ente, o m ecanism o do con tág io, se ja a tra v é s das g o íículas de F lügge W ells e m itid a s p ela tosse, s e ja a tr a ­ vés do exp uto ou de fô m ites.

ANTI-RATIZAÇÃO

Sob essa ru b ric a a lin h a m -se in ú m e ra s m edidas que visam a f a s ta r o m urídeo da h a b ita ç ã o h u m a n a , e to rn á -la im p ró p ria p a ra a su a coex istência.

Em p rim eiro plan o destaca-se a im p e r­ m eabilização, que pode ir desde m edidas m enos rigorosas, como sejam a sim ples im ­ p erm eabilização dos pisos e dos rodapés a té 30 cm s de a ltu ra , a d m itid a p a ra os p e­ quenos núcleos u rb a n o s e p a ra a zona r u ­ ra l, a té a b lin d ag em de em barcações e de prédios, e s ta ú ltim a a co n creta, c o n s titu in ­ do o d en o m in ad o

rat-proofing.

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332 Rev. Soe. B ras. M ed . Trop. Vol. I — N.? 6

A p rim e ira dessas m edidas,

isto é,

a b lin ­ dagem dos edifícios, nos ce n tro s u rb a n o s m ais desenvolvidos, em que os códigos e p o stu ra s m u n icip ais de lo ng a d a ta já a exi­ gem, tem sido o p rin c ip a l fa to r p a r a o d e­ sap arecim en to d a peste dos m esm os.

São tô d a s elas, n a re alid ad e, as m ed i­ das p ro filá tic a s de m aio r v alia n a c a m p a ­ n h a c o n tra a peste, em b o ra se ja m de d i­ fícil obtenção, em face às a tu a is condições econôm ico-sociais de g ra n d e p a r te do m u n ­ do e p a rtic u la rm e n te do nosso P a ís.

T êm sido re co m en d ad as e o b tid as com g ran d e sacrifício, e n tre nós, p rin c ip a lm e n ­ te n a s zonas ru ra is, pela p e rtin e n te a tu a ­ ção dos nossos g u a rd a s sa n itá rio s, in v e s­ tidos p a ra êsse m iste r n a q u alid ad e de educadores sa n itá rio s, im p rov isad os e em ­ píricos, m as n em por isso m eno s prestim o - sos e ú te is. Em c e rta época a trá s , qu an d o a in d a em a tu a ç ã o o e x tin to Serviço N acio­ n a l de P este, essa c a m p a n h a e d u c a tiv a e ra com p lem en tad a po r m ed id as coercitivas, p rev istas no seu R eg u lam en to , e que ia m d a n o tificaçã o às in tim açõ es e a té aos a u ­ tos de in fra ç ã o e de m u lta , nos casos de r e c a lc itrâ n c ia .

IMUNIZAÇÃO

A im u nização sem pre ocupou as aten çõ es dos s a n ita ris ta s e em p ro fila x ia d a peste deve ser in clu íd a e n tre as m edidas d e fin i­ tiv as ou supressivas.

Q uando p red o m in av a a te ra p ê u tic a pelo sôro específico, e ra êste usad o tam b ém como elem en to im u n izan te, c o n stitu in d o a d en o m in ad a im u n ização passiva, em p re g a ­ d a ap e n a s p a ra a pro teção dos com u nican - tes, já que e ra a m esm a m u ito fu g az ou seja de p rev alên cia a p e n a s p o r 10 a 15 dias. C o n tem p o rân eam en te ao em prêgo do sô­ ro, com eçaram a se u s a r v acin as (im u n iz a ­ ção a tiv a ) com germ es m ortos (pelo calor, ou pelo fo rm o l), cujo tipo m ais em voga foi a de H a ffk in e . P rovocavam fo rtes reações locais e gerais, pelo que fo ra m send o po s­ ta s em desuso.

Depois, com eçaram a su rg ir as v acin as de germ es vivos, av iru le n to s ou de v iru lê n ­ cia a te n u a d a , cujo em prêgo n ã o o casion ava n e n h u m a reação, e em que a d im inu ição d aq uela n ão p re ju d ic a as su as qu alid ad es a n tig ê n ic a s. D estas v acin as são as m ais conhecidas a T jiw id ej, do L ab o rató rio de B an d o en g em Ja v a e a E .V . de T a n a n a riv e em M ad ag ascar.

E sta ú ltim a foi, em c e rta época, p r e p a r a ­ d a e a p licad a, e n tre nós, te n d o sido su sp e n ­ so o seu uso p e la dificu ld ad e do seu e m p rê ­ go n a zon a ru ra l a que se d e stin a v a , e pelo pouco re n d im e n to que tin h a o m esm o, em co n fro n to com os delicad os cuidad os té c ­ nicos requerid os p a r a o seu p re p a ro , p a ra o seu aco n d icio n am en to e tra n s p o rte a té os locais de ap licação e p a r a a su a co n ­ serv ação, a qual, n a s m elh o res condições, só p e rd u ra v a a té 15 d ia s depois d a su a co n fe c ç ã o .

P odem os a te s ta r, a té ce rto po nto, o prés- tim o dessa ú ltim a v a c in a porque, te n d o si­ do e fe tu a d a s no S eto r F e ira do S.N.P., cêr- ca de 85.000 vacinações, em n e n h u m caso de p este ocorrido d u ra n te o perío do de su a ap licação foi c o n sta ta d o o fa to do p a ­ c ien te h a v e r sido a n te rio rm e n te im u nizad o p e la m esm a, o que in fo rm a ria o seu des- v a lo r.

E m b o ra n ã o desco nh eçam os que a im u ­ n id a d e c o n ferid a p ela v a c in a E .V . é de c u r ta du ração , n ã o in do além de 6 a 8 m e ­ ses, segundo a firm a m alg u n s observadores, ou no m áxim o a 1 ano, é de la m e n ta r que n ã o te n h a m o s p a rtid o p a r a o p re p a ro do tip o liofilizado dessa v a c in a , o que de m u i­ to fa c ilita ria o seu em prêgo e n o s fo rn e c e ­ ria m a is u m elem en to, de su m a im p o rtâ n ­ cia, p a r a a p ro fila x ia n a s á re a ? r u ra is . É bem de ver que a lg u n s estu dio sos do a s ­

su n to a firm a m que m esm o a v acin a liofi- liz a d a n ã o reso lv erá a c o n te n to o pro b lem a d a im u nização , com o a rm a p re íilá tic a de efeito d u rad o u ro , sabido ser o seu po der im u n iz a n te id ên tico ao d a a n te rio r.

C ontudo, em f a lta de o u tra e a té que possa su rg ir, pelo a p rim o ra m e n to técn ico dessa im u nolog ia específica, u m tip o de c a ­ p acid ad e im u n itá ria m a is d u ra d o u ra , seria

aco n selh áv el o uso d a lio filizad a p a r a a pro teção sob retu d o do nosso m ríc o la , ex­ posto pela n a tu re z a do seu lah o r e do seu m odo de vida, a in fe c ta r-se , sem p re que es­ te ja a ocorrer, com o já sa lie n ta m o s a n te ­ rio rm e n te , q u alq u er su rto epizoótíco de o ri­ gem silv estre.

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N ovem bro-D ezem bro, 1967 Rev. Soc. Bras- M ed. Trop. 333

d u ra a p e n a s e n q u a n to êsses elem en tos es­ tã o sendo m in istra d o s e a té a su a e lim in a ­ ção.

CONDUTA PRO FILÁ TICA NO BRASIL

V ejam os ag o ra, em lin h a s gerais, com o te m sido con du zid a a c a m p a n h a p ro filá ­ tic a c o n tra a p este no B ra sil.

No com êço do século, logo ap ó s a su a in ­ vasão pelo p ô rto de S a n to s e a su a ir ru p ­ ção em São P au lo e em v á ria s c a p ita is li­ to râ n e a s, com o Rio de Ja n e iro , F o rta le z a , R ecife, S alv ador, P ô rto Alegre, B elém e o u ­ tr a s , tiv e ra m as a u to rid a d e s s a n itá ria s de e n tão , d esp rev en id as e re la tiv a m e n te d e ­ sa rm a d a s em face ao nôvo p ro b lem a, que e n fre n tá -lo com coragem e resolução, p a ­ r a p o d er co n ju rá -lo , com os p arco s recurso s de que d isp u n h a m .

S endo u m a do en ça im p o rta d a e que nos p ro v in h a a tra v é s o trá fe g o com ercial m a ­ rítim o , e ra ju s to que aq u elas a u to rid a d e s se p reo cu p assem p rin c ip a lm e n te com m e ­ didas s a n itá ria s de d e sin fe sta ç ã o dos n a ­ vios que no s a p o rta v a m e de iso lam en to e

v ig ilân cia dos p a c ie n te s p o r ela acom e­ tidos.

Em f a lta de u m m elh o r co n h ecim en to epidem iológico d a doença e em v irtu d e do d e sa p a re lh a m e n to em que se e n c o n tra v a m os serviços sa n itá rio s, so b retu d o os p o rtu á ­ rios, n a q u e la época, n ã o foi possível à q u e ­ la s a u to rid a d e s re a liz a r m a is do que o que fizeram , com ab n eg ação e coragem , dig­ n a s de to do s os encôm ios.

F oi e n tã o que co m e ç a ra m a ser e m p re ­ gados os “exp u rg o s” com gases tóxicos, so­ b re tu d o o SO2, bem com o o u tra s m ed id as re la tiv a s ao iso lam en to e ao tr a ta m e n to dos d o en tes e à p ro te ç ã o dos seus co n tato s.

Iniciou-se o tr a ta m e n to pelo sôro esp e­ cífico, bem com o a im u n ização p o r êste e pelas v a c in a s de germ es m ortos, e bem de v er que de m odo cautelo so e re strito , pelo d e sco n h ecim en to dos seus efeito s e das reaçõ es que prov ocav am .

C o m eçaram a ser re co m en d ad as ta m ­ bém nos códigos s a n itá rio s m edvdas de a n ­ ti-ra tiz a ç ã o , e n tre as quais p rin c ip a lm e n te as im p erm eabilizações, e e sta tu iu -se a o b ri­ g a to rie d a d e d a n o tificaçã o dos casos su s­ peito s p a r a co n h ecim en to e p rov id ências d a s a u to rid a d e s s a n itá ria s .

L a m e n ta v e lm e n te , porém , n ã o fo ra m e s ­ sas m edidas, e n e m o p o d eriam ser, su fi­

cien tes p a r a e v ita r que a doença, à s custas do trá fe g o com ercial ferroviário, se exp an­ disse a o u tros ce n tro s do nosso in te rio r e dêsses últim o s atin g isse a zon a ru ra l, onde p e rd u ra a té o p re se n te m om ento, em c a rá ­ te r end êm ico.

Até a d éca d a de 30 e ra m aqu elas m edi­ das, de d e sratização e de im unização, em ­ p re g a d a s d e sc o n tin u a d a m e n te , po r ocasião a p e n a s dos s u rto s que ia m ocorrendo, a te n ­ didos êsses pelos órgãos sa n itá rio s e sta ­ d u ais e, depois disso, com a cen tralização

s a n itá r ia que se operou apó s a Revolução de 30 e com a criação em 1934 do M inisté­ rio da E du cação e S aúde, passo u o co n tro ­ le p ro filático d a p este a ser pxeicido pelo D e p a rta m e n to N acion al de Saúde, atrav és d as D elegacias F e d e ra is de S aú d e.

E m 1941, porém , reorganiza-3e o D ep ar­ ta m e n to N acion al de S aúde, e cria-se n a e sfe ra fe d e ra l um órgão específico — o S er­ viço N acion al de P este, p a ra c u id ar do p ro b le m a . D a ta d a í e n tã o o seu controle m a is a p rim o ra d o e p e rm a n e n te , m ercê dos m elh ores recurso s que fo ra m d estin ad o s a êsse fim e do m elh o r con hecim en to té c n i­ co que já e x istia e n tã o a seu resp eito.

A essa a ltu r a já e ra b a s ta n te ex te n sa no P a ís a á re a end êm ica em que in cid ia a do en ça e c ria ra m -se e n tã o 4 C ircunscri- ções, subdivid idas em S eto res e D istritos p a r a efeito ad m in istra tiv o , à fre n te de c u ja s C h efias fo ra m colocados m édicos, que tiv e ra m que se especializar sôbre o a s­ su n to a tra v é s de C ursos de P este e de S aú ­ de P ú b lic a .

F oi expedido u m R eg u lam en to próp rio e p a s sa ra m e n tã o as m edidas p ro filá tic a s a ser e m p reg ad as com u n ifo rm id ad e po r tô- das as u n id a d e s s a n itá ria s que com pu­ n h a m o referid o ó rg ão .

F o ra m essas m ed id as p ro filá tic a s, ap lica­ d a s n ã o só aos c e n tro s u rb a n o s com o às fa z e n d a s e sítios d a zo n a ru ra l, as segu in­ tes:

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334 Rev. Soe. Bros. M ed . Trop. Vol. I — N.’ 6

tu a d a ta m b é m com aplicaçõ es de SO2 pelo a p a re lh o de C layto n;

b) despulização o b tid a à s c u sta s d a aplicação d a em ulsão de sabão e querosene, do la n ç a -c h a m a s e po r fim do DD T p u ro ou de m is tu ra com BHC, a p rin cíp io p o r ocasião d a oco r­ rê n c ia de su rto s e p o ste rio rm e n te de m a n e ira sistem ática, m esm o fo ra dessa e v e n tu alid ad e;

c) a n ti-ra tiz a ç ã o a tra v é s as in ú m e ra s p rá tic a s m en cio n ad as com o in te ­ g ra n te s d e ssa m o d alid ad e p ro filá ti- ca, as q u a is e ra m aco n se lh a d a s pelos g u a rd a s do Serviço e ob tid as, qu er pela p ersu asão , qu er pela com p ul­ são, qu an d o se n ece ssitav a la n ç a r m ão dêsses recurso p revisto pelo R e­ g u lam ento;

d) tra ta m e n to e iso lam en to dom iciliar dos doentes, o p rim eiro dos quais, in icialm en te, foi realizad o com a so- ro te ra p ia e p o ste rio rm e n te p asso u a ser feito com as su lfas e antib ió tico s, com p lem entados po r m edicação ad- ju v a n te (an alép tico s, cardiotônicos, diuréticos, v ita m in a B l, e x tra to h e - p ático , d eso xicortico estero na, e tc .) ; e) im u nização passiv a dos com u nican -

tes dos casos h u m a n o s in vestigad os com o em prêgo do sôro antip esto so , in icialm ente, e depois, de certo te m ­ po p a r a cá, q u im io p ro filax ia dos m esm os p elas sulfas. hav end o-se, co­

m o já dissem os a n te rio rm e n te , em certo período, feito ap licação d a v a ­ cin a E .V . a títu lo e x p e rim e n ta l.

C o n co m itan tem en te com êsses tra b a lh o s eram procedidas:

f) c a p tu ra s n a s sedes das v á ria s u n i­ dades do Serviço p a ra le v a n ta m e n to de índices e ap reciação das con di­ ções epidem iológicas, bem com o p a ­ r a id e n tificação dos pulicídios, te n ­ do-se tam b ém , em certo período, em convênio com o M useu N acional, r e a ­ lizado c a p tu ra s de roedores silvestres p a ra classificação dessa fa u n a e seus ecto -p arasito s, bem com o p a r a p e s­ q u isa d a su a possível in fecção n a t u ­ ra l;

g) investigações epidem iológicas de to ­ d as as epizootias e casos h u m a n o s suspeitos no tificad os, e fe tu a d a s p es­

so alm en te pelos m édicos, com co lh ei­ t a siste m á tic a d e m a te ria l p a r a e x a ­ m e la b o ra to ria l, com o que se ia p re ­ cisan d o c a d a vez m a is a á re a e n d ê ­ m ica re a l.

R ealizad a s de m a n e ira u m ta n to in d is ­ c rim in a d a , a p rin cíp io , fo ra m as a tiv id a d e s p ro filá tic a s p a ssa n d o a ser a p lic a d a s a p e ­ n a s n a s á re a s e n d êm icas que ia m sendo m e lh o rm e n te id e n tific a d a s e d elim itad as, à m ed id a que se ia m proced end o às in ves­

tigações epidem io ló gicas.

F irm o u-se, p a r a m e lh o r co n trô le e siste- m a tiz a ç ã o do tra b a lh o , o conceito de “á re a de foco”, isto é, de u m a á re a c irc u la r de 6 k m de raio, cujo c e n tro e r a o local em que houvesse ocorrido qu alq u er caso h u ­ m ano , m esm o que fôsse a p e n a s susp eito clin ica m en te, sem co n firm ação la b o ra to ­ rial, ou em que fôsse v e rific a d a e p ’zootia p o sitiv ad a pelo la b o rató rio , e estab eleceu - -se, com o m esm o objetivo, o crité rio de ci­ clos de tra b a lh o . Ê stes se dividiam , p a ra p erio dicidad e do m esm o, em m ensais, t r i ­ m e stra is, se m e stra is e an u a is, de acôrdo com in dicações p ré -estab elecid as e que v a ­ ria v a m segundo a época d a s oco rrências, ab ra n g e n d o tô d a a á re a end êm ica c o n h e ­ cida, te n d o ficado, porém , estab elecido em 1954, após a l.a R eu n ião de T écnicos do S .N .P ., que o tra b a lh o ficasse re strito às á re a s de m enos de 10 anos, lim ite ju lg ad o e n tã o com p atív el em face à se g u ra n ç a que po d iam oferecer as n o v as a rm a s s a n itá ­ ria s .

E m 1956 cria-se o D e p a rta m e n to N acio­ n a l de E n d em ias R u rais, sendo o S .N .P . abso rv ido ju n ta m e n te com o u tro s 2 g r a n ­ des Serviços N acion ais (o <ie M a lá ria e o de F eb re A m arela) e o d estaq u e de a lg u ­ m as o u tra s c a m p a n h a s que a in d a e sta v a m a cargo d a D ivisão de O rg an ização S a n i­ tá r ia .

P a ssa ra m e n tã o a s a tiv id a d e s p ro filá ti­ cas c o n tra a p este a fic a r u m pouco r e ­ leg ad as, em v irtu d e d a fase de org an ização em que se e m p e n h a v a o nôvo D e p a rta m e n ­ to e d a p rio rid a d e que foi c o n f e r d a a a l ­ gu m as d as 13 c a m p a n h a s que fic a ra m a cargo do re fe rid o ó rg ão .

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N ovem bro-D ezem broi 19G7 R ev. Soc. Bras- M ed. Trop. 335

D iscutem -se e n tã o , q u a n to à peste, os vário s asp ecto s d a c a m p a n h a e a su a si­ tu a ç ã o epidem iológica no p a ís . A firm a-se que, a p e s a r de c o n tro la d a e e lim in a d a dos ce n tro s urb an o s, c o n tin u a a in c id ir e m fo ­ cos ativos, em e x te n sa fa ix a r u ra l de v á ­ rios E stad os, te n d o se re g istra d o epizootias de roedores dom ésticos e em m a io r escala de roedo res silv estres.

P a ra ilu s tr a r essa conclusão acim a re fe ri­ da, podem os m esm o c ita r u m a epizootia de certo p o rte o co rrid a e n tre nó s em 1955, com essa ú ltim a c a ra c te rístic a , e que teve início n o m un icíp io de V iória d a C onquis­ ta , de on de se este n d e u a m unicípios vi­ zin ho s .

P ro sseguind o o seu estu do e an á lise da situ a ç ã o epidem iológica, n ã o chegou o G ru ­ po que d isc u tiu o p ro b lem a d a peste, p o ­ rém , à conclusão d a e x istên c ia ou n ã o da peste silv estre e n tre nós, vez que se divi­ dem as opiniões dos vário s técn ico s da c a m p a n h a a êsse resp eito, e recom endou e n tã o um estu do em p ro fu n d id a d e do a s ­ sun to , a se r realizad o sob o p a tro c ín io do nosso I n s titu to de P esqu isas — o I.N.E.Ru., p a r a m elh o r elu cid ação do m esm o, o qual já foi in iciad o, re c e n te m e n te .

Com o q u er que seja, do p o n to de v ista p ro filá tic o p rò p ria m e n te dito, ficou e s ta ­ belecida, e n tã o , a d istin ção e n tre “á re a s de c o n tro le ” e “á re a s de v ig ilâ n c ia ” . N as p rim e ira s fic a ra m co m p reen d id as as em que ho uv e o co rrên cia de p e ste no s 10 ú l ti­

m os an o s e n a s seg u n d as as em que a m e s­ m a te n h a ocorrido e n tre 10 e 14 anos,

te n d o sido fe ita a ressalv a de que êsse li­ m ite n ã o e ra c ie n tific a m e n te rigoroso, m as tã o som en te a d o ta d o com o u m período de g a ra n tia , de acôrdo com a ex p eriência ob­ tid a e m serviço.

A liás, êsse lim ite foi in firm a d o e n tre nós, u ltim a m e n te , em 1965, q u an d o ocorreram epizootias e casos h u m a n o s em vários m u­ n icíp io s do nosso E stad o, em focos que es- ta v a m silen tes h á m ais de 15 e a té 24 anos, de so rte que se im põe u m a retificação do m e sm o .

Como p rá tic a s p ro filá tic a s c o n tin u aram reco m en d ad as, n a s á re a s de controle, a desratização , a despulização e a a n ti-ra ti­ zação, pelos m éto dos que m elh or eficiên­ cia tê m d em o n strad o e n a s á re a s de vigi­ lâ n c ia as m ed id as de a n ti-ra tiz a ç ã o , de con trole de epizootias e de in qu éritos epi- dem iológicos p a r a a p u ra ç ã o do com p orta­ m e n to da fa u n a ro ed o ra n a s diversas zo­ n a s fisio g rá fic a s . N essas á re a s de vigilân­ cia c o n tin u a ra m ta m b é m inclusas, por fo r­ ça dos convênios e reg u lam en to s sanitários in te rn a c io n a is, os p o rto s m a rítim o s de F o r­ ta le z a , R ecife, M aceió, S alvador, Rio de Ja n e iro e S an to s, no s quais além das m e­ didas re c o m e n d a d a s p a r a essas áreas, de- ver-se-ão e fe tu a r p rá tic a s de desratização em su as zon as p o rtu á ria s .

M ais rec e n te m e n te , em 1965, reuniram - -se n o v a m e n te técnicos do P ro g ra m a de P e ste do D .N .E .R u ., os quais ra tific a ra m , em lin h a s gerais, o que fic a ra estabelecido n a R eu n ião p re c e d e n te .

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Referências

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