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O preço da terra no estado de São Paulo: 1964-1982

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(1)

-1198501688

i 1111111111111111111111111111111111111111

ESCOLA DE ADMINISTRACÃO DE EMPRESAS , DA FUNDACÃO GETÚLIO VARGAS f

Oissertacão de Mestrado

'

O PRECO DA TERRA NO ESTADO DE SAO PAULO

'

1964 --

1982

·

...

~· ·.

;

.

M.e1>trondo: Orientador:

RONALDO BERNAHO&S OLIVELRA , ,

PROF. ROBERTO ~ARIO PEROSA JUNIOR

~ • 1'· •

(2)

ESCOLA DE Am1Jl\ I S TPJ~.Çlí.Cl DE EJ-;PRES/~5 LL SAU PAULO DA

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

RONALDO BERNARDES OLIVEIRA

O PREÇO TIA TERRA NO ESTADO DE SÃO PAULO

·.'

..

' LO co

...

co co

~

. T964- 1"982

Fundação Getulio Varga~ Escola de Adminisb"aç.ão de Emp rSsa...o; de Si\o P'ltt In ·

BihfiorPr.i'

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da EAESP

}FGV-Área de Concentração: Economia

Aplicada à Administração, .. corno

requisito para obtenção de títu-lo de mestre em Administração~

ORIENTADOR: Prof. Roberto Mario Perosa .

SÃO PAULO

1983

Junior

(3)

Escola dd A.J .~:i;;·!..: ~r a-~ ;J o de

~Empr'~SilS 0.3 Silo r ;wro

f3l'tWi1Z~1J

~ [)a ta

\:.t)5

.oJ.J~f

.

N.o Volume - .

Hegistsdo por

l68&' j8eJ" t--\

OLIVEIRA, Ronaldo .Bernardes. O Preço da terra no Estado de

São Paulo: 1964-1982, São Paulo, EAESP/FGV, 1983. 1~~­

(Dissertação de Mestrado apresentada. ao Curso de/Pós--Graduação da EAESP/FGV, Área de Concentração: Economia

Aplicada à Administração. ·

Restimo: Trata do problema· da variação do preço da terra

no Estado de São Patilo no perfodo pós-64 at~ inicio dos

anos 80, caracterizarido e apontando as causas que condi

cionaram o comportam~nto do mercado de terras em Sã~

Paulo. Relaciona a formação do preço da terra à teoria clássica da renda fundiária e às políticas econômicas voltadas para o setor agrário nos Últimos 30 anos,

des-tacando o papel do cr~dito rural subsidiado.

Palavras-Chaves: Preço da terra -Renda da terra - São

Paulo - Crédito Rural - PGlftica Econômica -

(4)

O PREÇO DA TERRA NO ESTADO DE SÃO PAULO

'1'96'4- 1'9'8 2

Banca Examinadora

Prof. Orientador: Roberto Mario Perosa Junior Pro f.

(5)

Ao~:, me.u.6 paA.-.6,

Ao EduaJr.do e.

(6)

PHE :F)í C 1 (1

Agradeço a algumas pessoas que colabora- · ram intensamente para que esta Dissertação de Mestrado pude~

se ser concretizada.

Ao amigo e professor Roberto Mirio 'Pe~o

sa Junior, o meu muito obrigado pelo muito que me orientou I

para a elaboraçio deste _estudo;

Ao Francisco Humberto Vignoli, companhei rode estudo e, acima de tudo, amigo inseparivel, que na lo~

ga batalha travada desde os tempos-de Cur.so Vestibular, par-ticipou diretamente das minhas tristezas e alegrias cotidia-nas, o meu carinho e reconhecimento.

AgradeÇo, ainda, de coraçao:

a Bete e a Rita, pela ajuda na revisio do texto; aos amigos Jos~ Rubens dos Santos, Wilson Morato e Ronaldo Margini Marques, pelo estimulo constan te;

a Rose, pela confecção da capa;

a Irma e a Monique, pela datilografia do texto o riginal;

(7)

ao David, pela confecç~o do~ gr~ficos;

em especial. agradeço a Marcia, minha companheira

cuja ajuda espiritual foi fundamental para que eu

pudesse ultrapassar os momentos de tensão e =·.sé

guir em frente.

.

..

(8)

Página

INTRODUÇÃO . . . .. . . . .. . . . 01

NOTAS

.

. .

.

.

. .

.

. .

.

. . . .

.

. .

. .

.

.

. . .

... .

10

CAP!TULO I

A RENDA DA TERRA- ALGUMAS NOÇOES BÁSICAS .. ... 12

NOTAS . . . ·. . . . 3 3

CAPTTULO II

POL!TICA ECONOMICA ,E SETOR AGRÁRIO NO BRASIL

BREVE RETROSPECTIVA 35

1. Dos anos 30 i crise dos anos 60 . . . ~. 35 2. Período de transição- 1964 a 1967 . .. ... 55

3. Período 68-73 A economia em crescimento 65 4. Período 74-82- Novamente a crise... 75

5. Có:nol.us ão . . . . . . 81

NOTAS . . . . . . . . 83

CAPITULO III

PREÇO DA TERRA NO ESTADO DE SÃO PAULO E SUAS VA

RIAÇOES CfCLICAS NO PER10DO 1964-82 .... .. .. ... 87

1. Sistema Nacional de Crédito Rural ... .. .. 90

2. Programas Especiais ... .. .... .. .... ... 94

(9)

Página

.CONCL1JSAO ... .. ... .... ... .... ... .. ... 132

BIBLIOGRAFIA... 134

QUADROS E GRÁFICOS

CAPfTULO I

QUADRO I TRANSFORMAÇÃO DOS VALORES EM PRE

-ÇOS DE PRODUÇÃO-DADOS HIPOTBTICOS. 18

QUADRO ÍI- CÁLCULO DA RENDA DIFERENCIAL ANTES

DA RENDA ABSOLUTA . . . . . . . . . . . 26

QUADROIII- CÁLCULO DA RENDA DIFERENCIAL COM A

A INCLUSÃO DA RENDA ABSOLUTA'... 27

CAP !TUEO I I·

QUADRO I DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO ECONOMI

-CAMENTE ATIVA POR SETOR DE

ATIVIDA-DE - 1920/40 - BRASIL .. .. .. .. .. . . . 36

QUADRO II- POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA ·poR

SETOR - 1940/60 - BRASIL

QUADROIII- fNDICE DO PRODUTO REAL PARA O SETOR

AGRÁRIO E STOR INDUSTRIAL - 1947 A 41

19 6 O - BRAS I L . . . . . . . . . . . . . 4 2

QUADRO IV- CR~DITO AGR!COLA DE CUSTEIO EM RELA

'

-ÇÃO AO PRODUTO AGRfCOLA(%) - 1951 A

1 9 6 O - BRAS I L . . . . . . . 4 8

QUADRO V - SUBSfDIOS IMPLfCITOS NA IMPORTAÇÃO

DE INSUMOS AGRfCOLAS - 1953 A

(10)

Pagina

QUADRO VI - CRESCIMENTO DA PRODUÇAO AGR!COLA

BRASILEIRA - 1940-60 - TAXA M:EDIA . 51

QUADRO VII- TAXAS PREVISTAS E REAIS DE INFLAÇÃO

1964-66 .. :... 57

QUADROVIII...: EVOLUÇÃO DO fNDICE DO SALÁRIO NA IN

DUSTRIA COM BASE NO PESSOAL TOIAL O

CUPADO . 1963 A 1967 - BRASIL

QUADRO IX - DISTRIBUIÇÃO DA ÁREA RURAL DE

ACOR-DO COM O NUMERO DE ESTABELECIMENTOS

BRASIL - 1970/75

QUADRO X - EVOLUÇÃO PERCENTUAL ACUMULADA DA

U-TILIZAÇÃO DE INSUMOS BÁSICOS PELA A

GRICULTURA- 1967/75- BRASIL

QUADRO XI - ESTRUTURA PRODUTIVA DA AGROPECUÁRIA

59

70

71

NO ESTADO.DE SÃO PAULO- 1965 A 1974 72

CAPfTULO III

QUADRO I - EVOLUÇÃO DAS TAXAS REAIS DE JUROS /

CR:EDITO RURAL NO BRASIL-1970 A 1980 ~2

QUADRO II - DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DO CRtDITO/

RURAL AOS PRODUTORES- BRASIL 1969 A

1976 . . . . . . . . . 93

QUADRO III EVOLUÇÃO DO NUMERO DE CR:EDITOS RU

RAIS CONCEDIDOS BANCO DO BRASIL

-1941-70 . . . . . . . . . . . . . 100

QUADROS IV A XII

e

GRÁFICOS I A IX

PREÇOS DA TERRAS - 1969/83 . 102 .,

a

119

\ { '

\,

(11)

?aoina b

QUADRO XIII - EVOLUÇÃO DO CREDITO RURAL -

BRA-SIL - 1973 a 1981 . . . 123

QUADRO XIV -· PREÇO DA TER~- EVOLUÇÃO DO fNDl

CE DE VARIAÇÃO REAL ACUMULADO

ESTADO DE SÃO PAULO- 1973 a 1981 124

QUADRO XV - UNIDADES DE PRODUTO AGRÍCOLA

NE-CESSÁRIAS PARA ADQUIRIR UM HECT~

RE DE TERRA -ESTADO DE SÃO PAULO

(12)

INTRODUÇAO

E

recente a retomada da discuss~o a respei

to do papel que o setor agrário deve desempenhar na economia

bras i 1 e i r a.

Muitos estudos têm abordado questões,

pro-curando com base no desempenho do setor agrícola nos Últimos

anos, expresso em estatísticas atualizadas, desvendar os efei

tos resultantes de políticas econômicas na resoluç~o dos

pro-blemas conjunturais enfrentados pela agricultura.

De uma análise voltada para o setor

agra-rio de cunho estritamente funcional, característica dos anos

60 - no plano interno, como supridor de alimentos e de

mao--de-obra para a indústria, e no plano externo como gerador de

divisas - o debate atual "in.v e.n.te_ a .te.n.dên.c.ia, .tfl..aze.ndo

a n1.tida pne.oc.upação de. mo~.tnan que_ o ~e_.ton agn2c.ofa não

ape_-na~ e.xe.nc.e. e_ deve_ e.xe.nc.e.fl.. c.e_n.ta~ 6unç5e.~, ma~ exige_ iguafme.n.-;te_ a 6onmulação e_ e_xe.c.uç~o de. uma polZ.tic.a agnlc.ofa que_ fe_ve_

e_m c.on..ta o~ de.maié> ~e_;tone.~, pon c.oJMide_nan a agJtic.ul.tuna in..t~

gnada e_ ~n.te.nde.pe.nde_n.;te_.do ne.é>.to da e.c.on.omia. Agnic.uf.tuna não

maié> ~ome.n..te_ a6e..tan.do o~ ou.tno~ ~e_.tone.~ c.om é>e.u c.ompon.tame.n.to

ma~, .também, ~e.ndo in6fue.n.c.iada de. 6oJta. AgJtic.ul.tuJta que_ deve_

~e_n an.afi~ada c.or11o um ~e..ton igual ao~ ou.tnoLl." ( 1}

Essa mudança de enfoque, nos parece,

deri-vou-se por um lado, das condições internas do desenvolvimento

ao capitalismo em nosso país, tanto a nível do setor urbano

(13)

-atuação do Estado (principalmente apos 1964) -entendido aqui como o centro de correlaçio de forças das facções da classe dominante,e por outro lado, das condições exógenas à nossa economia, representadas pelas variaç6es cíclicas das condi-ções de reprodução do capitalismo nos países desenvolvidos.

Internamente, a crescente oligopolização da economia brasileira verificada principalmente no setor In-dustrial a partir dos anos 70, implicou um aprofundamento nas diferenças estruturais entre os setores indústria e agricult~

ra, na medida.em que o segundo apresenta ,em função das

carac-teristic~s pr6prias 4e estrutura de mercado bem próxima

ao esquema concorrencial de preços - uma crescente dificulda de de manter competividade em termos de troca com o setor industrial.

Na i ndús t ri a . . . "o .6 o ..tig o p Õ..ti o.6 admi

I'Úô-~4am o.6 pneço.6 de m~ncado com o obje~ivo de ob~en uma ~axa de

..tucno monopo..tiJ.J~a, be.m acima da ~axa compe~i~iva (média). Na

ag4icu..t~una aJ.J condiçÕeJ.J de en~nada ôao ..tivne.6 .... A.6.6im ôendo,

em g e.nal aô a~ividadeô agn:Z.co..taJ.J ôão a..t~amen~e coirlpe:ti~iva.6

em ~enmo.6 de pneço.ó,e, no con6non~o com a indÚ.ó~nia o..tigopo..ti

zada, ~an1o na compna de in.6umo.6 e mãquinaJ.J como na venda de

J.Jeu.6 pnodu~o.ó, acabam .6o6nendo uma con~Znua penda em ~e.nmoô

de ~noca. 0.6 pne.ço.6 ne..ta~ivo.6 do J.Je.~on agnZco..ta acabam J.Jendo

penmanen~emen~e. depnimido.ó, ~endendo a deJ.J~nuin a ~axa de

..tu--cno e a nenda de

~enna."(

2

)

(14)

cas setoriais a rentabilidade da atividade agrícola, bem

co-mo proco-mover a co-modernização que seria necessiria ao aumento da

produtividade no campo. Sem entrar no mérito da validade ou

não dessa posição, dois caminhos se apresentam para tornar

concreta a intervenção do Estado no perfil do setor agririo.O

primeiro, pela polÍtica de transferência de renda ao setor,

via combinação de medidas creditícias, tais como implementação

de subsÍdios implÍcitos aos empréstimos, o que contribuiria

para o rebaixamento do componente global dos custos de pr6d~

ção da empresa agrícola, atendendo ~anta .aos objetivos de ele

vação de rentabilidade, corno ao estímulo à capitálização no

setor cbmo um todo. Um segundo caminho seria a adoção de

me-didas alternativas tais corno: política de preços agrícolas,i~

plernentação.de obias rle infraestrutura; ree~truturação fundi~

ria, incremento de pesquisas com vistas à conservação de so-los e/ou desenvolvimento de novas técnicas de plantio, etc.

A realidade nos leva a afirmar, sem receio

de erro. que, no Brasil,a opção feita nas ~ltirnas duas dé~a­

das refletiu a preferência pelos mecanismos de ajuste repre

-sentados pelo crédito subsidiado. "Uma ju~~i6iea~iva pa~a ~al

polZ~iea ~alvet ~enha ~ido a e~ença, en~~e o~ ~e~pon~~vei~ pe

la~ deei~õe~ de que, devido ao~ pe~ado~ ~~ibu~o~ di~e~o~,

in-di~e~o~ e di~6a~çado~ que one~am o ~e~o~ ~u~al, o~ ~e~o~no~

e~am baixo~ pa~a inve~~imen~o~ em a~ividade~ ag~Ieol~, de

~al modo que e~~e~ ~omen~e ~e~iam man~ido~ ao nZvel de~ejadó

.6 e o eapi~al u.~ili zado pelo ~e~ o~ ~e ~o~n.a~~ e men.o~ o n.e~o~ o.

I~~o e, o e~é.di~o ~ ub~idiado eompen~ a~ia, pelo me.n.o~ pa~eial­

men.~e.,

a~

penalidade~

impo~~a~

ao

~e.~o~

ag~Zeola".

131

(15)

poli-tica de cr6dito corno instrumento de planejamento, por

repre-sentar "uma -óoluç.ão ma,é.ó -óeguJr.a que. o p.f..anejame.nto v,éa :

p,'z.e-ç.o" 1 na medida em que "o-6 montante.-6 d,L-óponZve.,L-6 pa.Jr.a. c.Jr.'é.dito

.óão c.Jr.,éa.do-6 ime.d,éa.;ta.me.nte. e. não é p.~r.e.c.i.óo a.guaJr.da.Jr. uma mobif~

za.ç.ão de. poupança. ~o .óe.toJr. p.~r.ivado via aume.nto de. fuc.Jr.o ou

tJr.a.n.ó6e.Jr.~nc.ia. de. a;t,Lvo.ó de. um -6e.toJr. paJr.a out.~r.on.

Cumpre notar, que tal política somente

re-forçou uma prática existente desde 1937, quando da criação da

Carteira de Crédito Agrícola e .Industrial do Banco do Brasil,

que possuía uma filosofia voltada à '·"ga..~r.a.n;t,La da. e.xi.ót~nc.ia.

de. .~r.e.c.uJr..óo-6 pa.Jr.a. 6,énanc.,La.me.nto da..ó a.tivida.de.-6 Jr.uJr.a.i.ó, a

pa.Jr.-tiJr. de. 6onte.t> .óupJr.idoJr.a-6 que. a..time.nta..~r.ia.m o Banc.o do BJr.a..óil ;

e.-6 ;tab e..e.e.c.im e.nto de.. p.ir.a.zo-6 _ ade.q ua.do.ó ã. na.tu.~r.e.za. e. e.-6 pe.c.i6 ic.idE:_

de..ó da..b ope.lta.çÕe..ó; c.onc.e..b.óa.o de. ta.xa.-6 de. juJr.o.ó Ja.volte.c.ida.ll 1 já

que. 0.6 6ina.nc.,éa.me.nto.6 .óe.Jr.ia.m 6e.ito.6 a. c.u.6to~ in6e.Jr.iolte..ó

ã.que.-.e. e..ó n oJr.m a.ã.que.-.e.m e. nte. c. o b !ta. do .6 de. o utlt o.ó .6 e.t olt e..ó da e. c. o no m ,La. • " ( 5 l

Não queremos dizer com isso.que nao houve

mudanças quali tatl.vas .na forma. de captação e aplicação de

re-cursos destinados ao setor agrícola, quando da passagem. da

CREAI do Banco do Brasil para o Sistema Nacional de Crédito

Rural (Lei n9 4.829 de 05.11.65). O que pretendemos é

vali-dar a hip6tese de que a filosofia básica não mudou, ou seja,

a de garantir

à

agricultura um patamar de custos financeiros

que lhe -proporcionasse uma ma.rgem de rentabilidade capaz de

esti-mular o aumento .da produção.

(16)

os dias atuais, foi fruto da necessidade de, ao mesmo tempo

em que se penalizasse o setor agrícola com o objetivo de trans

ferir a renda para o incremento da acumulação do capital

in-dustrial, oferecer a esse mesmo setor condições que estimula~

sem pelo menos . a manutenção das taxas relativas de cres

cimen-to da oferta de producimen-tos (alimencimen-tos e matérias-primas) para

o abastecimento da estrutura industrial. "Ao J.J ubJ.J-<-d-<-aJt OJ.J

alime.ntoJ.J que. comp~e.m o cuJ.Jto da pltoduç~o (AgJz.Zcola), o

EJ.Jta-do gaJtavde. a g e.Jtaç~O de um J.J obJte.lucJto ne.J.JJ.Ja a;tividade., que. PE.

de em paJtte. J.Je.Jt apltopJtiado pe.loJ.J pltoplt.<_e.;tã.JtioJ.J JtuJtaiJ.J, que. J.Jã.o

;também oJ.J e.mpJte..õã..iz.ioJ.J capi;tal.<_.õ;ta.ó, .maJ.J que. acima de. ;tudo via

bil-<-za a J.Jua ;tJtanJ.Jne.Jtência paJta. noJz.a do J.Je.;toJt agJz.Zcola.

a) paJt.;te. de.óJ.Je.ó ".óub.õZd-<-o.ó11 que. apaJte.c.e.m ao .óe.toJt

agfLZcola .óã.o na ve.Jtdade. 6oJtma..ó de. via.bilizaJt a

acumula.çã.o em de.te.Jtminado.ó .õe;toJte.ó da indíl.ó- ,,

tJtia., c.om o

é

o ca..ó o . doJ.J c..ha.mado.ó 11

in.ó um a

mo-de.Jtna.ó 11

, e.ntJte. 0.6 quai.ó .6 e. de..ó ;tacam a.ó mã.q

ui-na.ó .. e. e.q uipam e.n;toJ.J agfLZc.. ola.ó , 0.6

6

e.Ji:;tili z an;te.J.J

e o .6 de. 6 e. M i v o .6 q uZm i co .á ;

b) eJ.Jf..e..ó .óub.óZd-<-o.6 .;têm na ve.Jtdade., e.m c..on;tJtapaJtti

da, a.6.6 e.g uJta.do baixo.ó pJte.ço.6 do.6 plto du;to.ó agJt_;

c o la.6 a;tJta. v 'é..ó de me can i.óm O.ó de. .<_ nc e n;ti v o.6 e.

c. o n6i.6c O que. pe.Jtmi;tem . ao ca.pi;ta.l i ndu.õ.tJtial

~, come.Jtcial atuM na. ca.p;taçã.o do.ó e.xce.de.n;te..õ

do· me.-<-o JtuJtal11 L6l. ,

(17)

6.

cujo principal investimento ~ o crfdito subsidiado, esti atual

mente sendo questionada de forma contundente por alguns inte

1 e c tuais, que apontam efeitos des astros os dos q ua1s se

des-tacam:

a) Rombos frequentes no orçamento monetário - ori

ginados principalmente pela existência da

''con-ta em aberto" do Banco do Brasil;

b) Participação· inexpressiva .dos pequenos

produto-res na obtenção de emprés times rurais -- dado

que o "p!t-i.m e-i.Jt o c.Jti:fé_h..-i. o p aJt a o Jtec.eb-i.mento

(do c.Jt~dito) ~ a po~~e da teJtJta, Jtequi~ito que

~e 6az mi~.teJt palta Jte~.tJtingiJt o~ 6undo~ ~ub~i­

d.iado~

ao

~

etoJt JtuJta.t" ( 7) •

c) Concentração da propriedade fundiária;

d) Processo.de especulação no mercado de terras

-- refletido pelo aumento vertiginoso dos·

pre-ços da terra rural no Brasil.

Dentre esses efeitos, interessou-nos

estu-dar o processo· de formaçãà de preços no mercado de terras

co-mo reflexo da política econômica, no que tange aos programas

àe suporte financeiro .ao capital agrícola.

o

que se afirma

é

que o preço da terra nao

estaria condicionado exclusivamente à dinâmica do processo prE_

(18)

-pah~a a ~eh um componente qu~ nao dchiva do phoce~~o

phodu~i-vo.

A

valohizaçao da teh~a de peh Ai pode at~ me~mo helegah

a Aua condiçao de meio de p4oduç5o a uma poAiçao Aecund~hia , dado que Aua healizaçao, enquanto phophiedade phivada não phE

v~m maiA, neceAAahiamente, de um excedente acima do lucho ob-tido pelo C.apital. "(S)

A terra, nessa condição, e~erceria a

fun

-çao de reserva de valor, e a sua posse garantiria, independe~

tement~ .da produçio, sua renda condicionada i pr6pria elevação

do pr-eço, ou seja, ao "difienencial eApehado do pneço da tenha

de um ano pana outno."( 9 )

Esse diferencial de renda, proporcionado

,

pela expectativa de elevaçio do preço do ativo terra e

consi-derado-por RANGEL como 49 renda-- além da renda diferencial

I e II e renda absoluta -- que "mensurável no processo de rea

valiaçio de ativos, opera como se de fato fosse uma renda ter ritorial até porque perde-se a consciéncia de sua verdadeira

etiologia. Assim mesmo a terra nio utilizada -- a qual, con:s~

quentemente não produz nenhuma verdadeira renda

territorial-- produz 49 renda, a qual se soma às outras, caso existam e,

dado que o preço da terra é uma função direta da renda total,

di to preço pode distanciar-se grandemente do que se resulta ria à.a capitalização da renda strictu-sensu"(JO).

No caso brasileiro, o ganho real proporei~

nado com a apropriaçio privada de terras estaria nos filtimos

anos ligado por um lado, à auséncia de um mercado de capitais

(19)

de inversão com altas taxas de retorno e pouco risco e por

butro ~ politica econ6mica do governo dirigida para o setor

agrário, consubstanciada no crédito subsidiado e dos

íncentí-vos fis caí s.

:I: exatamente essa relação, evolução do pr~

ço da terra/politíca econ6mica voltada ao setor agrário, que

queremos abordar restringindo-nos ao caso específico do Estado

de São Paulo.

No primeiro capítulo lançamos mao da

con-cepçao marxista da renda fundiária e consequentemente da

for-mação do preço da terra, que na sua ess~ncia constituir~se-ía

em .11 p~eço de QOmp~a não do ~oto, ma~ da Renda Fundiã~ia

que ete p~opo~Qiona~ ~al~ulando-~e e~~e p~eço de a~o~do ~om

a .taxa

QO~~en.te

de j

u~o

11

• ( 11 l

... .

Pareceu-nos necessar1o apontar as noções

b~sicas a respeito da concepção clássica da renda da terra, ~

medida em qu~ ~.com bas~ nesta concepção. que asse~ta a discus

são maior do objeto central do presente trabalho.

Para completar o quadro referencial? elabo

ramos l..una breve :retrospectiva da economia brasileira nos Últi

mos 30 anos (capitulo II), procuranqo destacar a influência

das politicas econ~micas adotadas pelo Estado na pr6pria evo~'

lução do setor agrário.

(20)

a evoluçio do preço da terra no Estado de S~o Paulo no

perío-do 1964-82, com o objetivo de demonstrar que a concepçao clis

sica da formação do preço da terra nio ~ suficiente para ~n­

terdermos o comportamento dos preços das propriedades

fundii-rias, visto que tal comportamento tem uma correlação intensa,

não s6 com o tipo de polftica econ~mica adotada pelo Estado

nestes Últimos anos, como também com os ciclos de expansão e

(21)

NOTAS

01 - ROBERTO MÁRIO PEROSA- PolÍtica Agrícola no Brasil, in Coleção Análise e Pesquisa - vol. 25 - Secretaria do Planejamento - (Brasília 1982), pg. 89.

02- YOSHIAKI NAKANO- Questões prioritárias na formulação de Políticas Agrícolas in Coleção Análise e Pesquisa

- vol. 25 - Secretaria do Planejamento (Brasília ,19 82, pg. 128.

03 -ADILSON JOS~ .DA COSTA REGO E CHARLES L. WEIGHT- Uma anã lise da àis·tribuição do Crê di to Rural no Brasil in Re-vista.de Economia Rural- vol. 19, n9 2 (Brasília,1981) pg . . 219.

04 - JOÃO SAYAD - Planejamento, Crédito e Distribuição de Renda in Estudos Econômicos, vol. 12, n9 2 (São Paulo, 1982), pg. 15.

OS - DERCIO GARCIA MUNHOZ - Economia Agrícola - Agricultura-- Uma defesa dos subsídios - Editora Vozes

(Petrópo-1 es , 19 8 2) , p g. 2 O •

(22)

07- ADILSON JOSE DA COSTA REGO e CHARLES L. l\iRIGHT, Or>. cit., pg. 221.

08 - JOSE GRAZIANO DA SILVA- Op. cit., pg. 62 e 63.

09 - IGNÁCIO RANGEL - "Questão Agrária e Capitalismo", in

En-contros com a Civilizaçio Brasileira, n9 7 (Rio de

Ja-neiro , 1 9 7 9) , p g. 19 O •

10 - IGNÁCIO RANGEL - Estrutura Agrária, Sociedade e Estado

in Boletim da Associação Brasileira de Reforma Agrária

(ABRA), (Campinas, 19 78), pg. 33.

11 - KARL MARX - O Capital, E di tora Civilização Bras i lei r a ,"Li.

vro 3, vol. 6, Cap. XXXVII (Rio de Janeiro, 1974), pg.

(23)

CAPITULO J

A RENDA DA TERRA - AL.GUMAS NOÇOES BÁSICAS

Com o advento do Modo Capitalista de Pro-dução (MCP) a terra passa a pertencer a uma determinada elas se "criada" historicamente pelos modos de produção anterio-res.

E

esse monopÓlio, essa propriedade privada da terra que permite ao seu·detentor·jurídico.uma ~articipação econômica,

atrav~s da apropriação de parte do produto do trabalho

so--

-cial, a medida em que depende dele o acesso do capitalista a terra para a produção de mercadorias agrícolas.

"Ela (a classe dos proprietários fundiá-rios) nao participa do processo produtivo, que coloca face a face o proprietário do capital (meios de produção) e o vende

dor da força de trabalho, mas se apropria de parte da mais-va lia produzida ne~te processo, pelo fato de dispor de um tí-tulo jurídico sobre a terra." C l)

A parcela da mais-valia que é apropriada pelo proprietário da terra, dado o seu título jurídico, e

-portanto o resultado de relações sociais concretas, determi~

nadas em um modo de produção específico que "invade" o campo: o Modo Capitalista de Produção.

(24)

de mercadorias, colocando de um lado uma classe historicamen te determinada, proprietiria dos meios de produção, e de ou-tro o trabalhador, que desprovido desses meios de produção , tem que vender sua força de trabalho como sua condição Única de reprodução.

O valor de qualquer mercadoria é composto de três componentes a saber: capital constante (capital fixo e circulante), capital variivel e mais-valia efetivamente ga~

tos quando da produção da mercadoria.

O capi~al .constante contitui-se de toda a

gama de meios de produção, representada por edifícios, maqui:._ nário, etc. (capital fixo) e por matérias-primas (capital ci!

culante). O capital variável· é dado pela quantidade de força de trabalho utilizada no processo de produção. A mais-valia corresponde ao .excedente ou acréscimo de valor do capital adiantado no circuito da produção.

Capital, temos:

Utilizando a nomenclatura de Marx, em O

Valor-mercadoria = c+v+m onde c = capital constante

v

=

capital variável m = mais-valia

Uma parte do valor-mercadoria corresponde

(25)

J --: .

ao preço de custo da produç~o constituido de c+v, cuja gran-deza em termos monetirios abrange os gastos efetivos desembo! sados pelo capitalista para o desencadeamento da produção

(capital consumido).

Se o retorno em termos monetários para o capitalista, advindo da venda de seus produtos, fosse igual ao preço de custo, isto somente garantiria ao proprietário do capital a recuperação do montante investido na produção , sem conceder-lhe nem um tostão a mais.

Como a valorização do dinhe~ro em capital

~ condição sine qua non para a pr6pria exist~ncia do Modo Capitalista de Produção, o retorno esperado pelo proprietário dos meios de produção deve conter um ganho adicional, que o motive a investir novamente. Esse ganho adicional nada mais

~ do que o lucro ou mais~valia, representado pelo diferencial entre o valor~mercadoria e o preço de custo, e que tem sua origem na apropriação gratuita 'por parte do capitalista, de parte da força de trabalho incorporada i produção. Em outras palavras, o lucro auferido pelo proprietário do capital na produção e realizado quando da venda do produto~ resultado de trabalho não pago.

Com efeito, "o trabalhador .durante uma parte do proc~sso de trabalho, so produz o valor de sua for-ça de trabalho, isto~. o valor dos meios de subsist~ncia que lhe são necessários. Produzindo ele num sistema 4ue se fund~

(26)

l

s .

seus meios de subsist~ncia, mas um valor (sob a forma de urna mercadoria particular, o fio, por exemplo) igual ao valor dos

seus meios de subsistência ou ao dinheiro com que os compra. A parte do seu dia de trabalho despendida para esse fim e maior ou menor segundo o valor dos meios de subsistência, os quais em média necessita diariamente, segundo, portanto, o tempo de trabalho em média diariamente exigido para a produ-ção deles. Se o valor desses meios de subsistência represen-ta em média o dispêndio de 6 horas de trabalho, tem o trabalha dor em média de trabalhar 6 horas por dia para criá-lo . Se ele não trabalhasse para o capitalista, mas para si mesmo,i~

dependentemente, teria, não se alterando as demais circuntân cias, de trabalhar, em média como dantes, a mesma parte alí-quota do. dia, para produzir o valor de sua força de trabalho e assim obter os meios de subsistência necessários i sua ma-nutenção ou reprodução contínua. Na parte do dia de trabalho na qual gera o valor diário da força de trabalho, digamos 3 xelins, o trabalhador só cria o equivalente ao valor dela já pago pelo capitalista, apenas substitui o valor desembolsado do capital variável pelo novo valdr criad6, e essa criação de valor é mera reprodução. Chamo de tempo de trabalho ne~es

sário essa parte do dia de trabalho na ~ual sucede essa re-produção; e de trabalho necessário o trabalho despendido d~­

rante esse tempo. Ambos são necessários ao trabalhador pois não dependem da forma social de seu trabalho, e necessários

ao capital e ao seu mundo baseado na existência permanente

do trabalhador~(Z)

(27)

o preço de venda j~ traz em si embutido o lucro, que ~ igual

a massa de mais-valia incorporada ao valor da mercadoria. Is

to por~m, não significa que todas as mercadorias são vendidas

pelo seu valor. Senão vejamos.

Como o valor das mercadorias ~ medido

pe-la somatória de c+v+m, o valor da produção dos diversos

ra-mos depende da composição t~cnica existente entre c e v para

cada ramo. Supondo composições t~cnicas diferentes para cada

ramo · - o que na realidade .ocorre · - , e taxa de mais-valia

(~) igual para todos os

V· ramos, haverá um nível de taxa de

m

cada deles, na medida

lucro (c+v) para um mesma em que a

ta-xa de lucro e sempre determinada por dois fatores: taxa

-

de

mais-valia e composição do valor do capital.

À medida em que nao há barreiras a livre

movimentação dos capitais, há uma tend~ncia para que o

capi-tal-dinheiro empregado em ramos de produção menos lucrativos

se desloque para os mais atraentes ao longo do tempo, estab~

lecendo-se uma m~dia de todas as taxas de lucro, resultando

numa taxa geral de lucro ou taxa de lucro m~dio.

~ esta possibilidade de formação de uma

taxa de lucro m~dio que permite a transformação dos valores

em preços de produção, que nada mais são do que a somatória

do preço de custo mais o lucro m~dio, que por sua vez ~

cal-culado pela aplicação da taxa geral de lucro sobre o capital

(28)

~ '

Os desvios verificados em cada ~sfera do preço de produção em relação ao valor poderão ser positivos ou negativos, implicando a venda das mercadorias acima ou abaixo de seus valores. Em certos ramos o fato de o preço de produção se aproximar do valor, sugere que nestes ramos a com posição c+v está bem próxima da média.

Salientamos mais uma vez que somente a concorrência intercapitalista pode igualar as diferentes ta xas de lucro, o que ocasiona a formação ao longo do tempo de uma taxa de lucro médio responsivel pela conversão dos

valo-res em preços de produção.

(29)

QUADRO 1 .. ,·~. ·1i'RANSFORMAÇÃO DOS' VALORES EM PREÇOS DE PRODUÇÃO - DADos· HIPOTSTICOS

- DESVIOS .DO

CAPITAL CAPITAL TAXA DE VALOR DA PREÇD DE LUCRO PREÇO DE PREÇO DE PRO

RAM)S DE

rotAc"

CONSUMIOO MAIS-VALIA . MAIS-VALIA TAXA DE LUCRO

PROIUÇÃO CUSTO Mi:DIO PRODUÇÃO DUÇÃO EM RE-::

PRODUÇÃO

·c:+v ·.

I I m LAQ\0 1\0

VI\-c+v m m

yl c+v H = 100 LüR

.

e=d+a cf=b+d @=b (~ 'Cl+ 5)

'.'-·_ ~. ..·

I

=

G+H J

=

I - F

(a) (b) C c) (d) . . . . '

I

. ---1

I

I 70c+30v 50c+30v 100% 30 30% 110 80 31 111 +l '

--~

I

II 65c+35v l . 50c+35v 100% 35 35%. .. 120 85 31 116 -4

--III 55c+4\ 40c+30v 100% 30 30t 100 70 31 101 +1 I

I

I

_ - - - ... 1

IV 60 +40 c v 45c+40v 100%. 40 40% 125 85 31 116 -9

I

----1

v

80c+20v 70c+20v 100% 20 20% 110 90 31 121 +11

_ _ _ . ...!

NOTAS: 1- Composição m~dia do Capital - 66c + 3lv

2- Taxa Geral de tucro ou Taxa de Lucro M~dio = 31%

(30)

Q mesmo raciocinio utilizado para os ra-mos de produção cOmo um todo, pode ser aplicado a um ramo

isoladamente. Dentro do mesmo ramo, haverá uma formação de preços individuais de produção determinados a partir da com-posição técnica de cada empresa. Logicamente as empresas que possuirem condições técnicas mais vantajosas poderão, ainda que temporariamente, auferir.um lucro suplementar ou sobrei~

cro, que reside na diferença entre o preço individual de pr~

dução e o preço geral de produção da esfera em que estão in-seridas.

Para que este sobrelucro auferido por um ou mais ramos de produção em relação aos demais ou por uma ou mais empresas dentro do mesmo ramo seja permanente, e ne cessário que não haja.mobilidade de capitais e/ou que a li-vre concorrência não impere.

No caso da indústria,o lucro extraordiná-rio ou sobrelucro pode ou não existir de forma permanente . Basta que haja livre co~corrência entre os .capitais para que. o sobrelucro não passe de um fenômeno passageiro~;

No capitalismo avançado, particularmente

nas e~feras de produção com caracteristicas oligop6licas, o

sobrelucro torna-se um fato permanente, à medida em que as empresas pertencentes

a

uma estrutura concentrada, não permi tem.a entrada de novos capitais, formando barreiras de aces-so às condições superiores à média de que desfrutam.

(31)

vre movimentação dos capitais ~ inerente a pr6pria exist~n

c1a do Modo Capitalista de Produção, ~medida em que, press~

pondo a propriedade privada da terra, di o direito ao propri~

tário do solo de permitir ou não a utilização em termos pro-dutivos, através da aplicação de capital alheio.

O capitalista encontra, no caso da agri-cultura, barreiras criadas. não por outro capitalista C 3) , co-mo pode ocorrer no caso da indústria, mas sim por uma classe social, que como já dissemos anteriormente~. deriva de trans-formaçõe.s hist6ricas que a fizer.am J?PSSuidora de parcelas do globo

terres~re,

cuja

exisi~ncia

~iil~a

não depende, logica-mente, da açao do capital.

11

A propriedade fundiária supoe que certas

pessoas:t~~ o monop~li~ de dispor de det~rminadas porções do

j 1 • '!

globo terres t~e como esferas priva ti vá·s- de' sua vontade parti cular, com exclusão de todas as demais Vontades."(4)

'Neste sentido, o acesso do capitalista a terra está condicionado ã permissão do proprietário fundiá-rio, que em troca-de tal permissão, requer do capitalista o pagamento de um determinado montante de renda: a renda fun-diária ou renda da terra.

Pelo raciocinio exposto, deduz-se que to-da a terra, desde que monopolizato-da, deve pagar uma rento-da,que se cohs'ti tui ·tomo pagàm€mto por, sua utilização .

. " ~ ... ~

(32)

Para Marx, existem dois tipos de renda que compõem a renda fundiária global: a renda diferencial e a Ten a.a absoluta.

Partiremos primeiramente para a explicação da renda diferencial.

Os terrenos disponiveis para cultivo con-têm qualidades diferentes, representadas pela fertilidade na-tural do solo e pela localização em relação ao mercado consu-midor. Abstraindo-se o efeito localização, a aplicaçao de por-ções iguais de capital em terras de diferente fertilidade,oca sionará resultados diferentes, medidos quando da colheita dos produtos do solo. As terras de melhor qualidade, dada sua maior fertilidade, mantidas iguais às demais condições, deve-rão render mais em relação às de pior. qualidade, rendimento este que pode se da~ atrav~s da maior quantidade de produtos por area plantada ou pela própria qualidade relativa dos

pro-dutos.

Como no Modo Capitalista de Produção,todos os produtos do .trabalho sao trocados como mercadorias, o pre-ço de venda dos produtos da terra será aquele alcançado no mercado, que garanta ao capitalista o lucro, ao trabalhador

do campo o salário e ao proprietário da terra uma renda.

(33)

desenvolvido a partir da açao do capital. Mostramos ainda que os capitalistas industriais possuidores de condições de produção mais vantajosas que a média,têrn "direito, a auferi-rem um sobrelucro ou lucro suplementar.

O mesmo raciocínio é válido na análise da produção agrícola, somente com duas diferenças fundamentais.

A primeira reside em que, na agricultlira, o lucro suplementar

-e r-esultado da .dif-er-ença -entr-e o pr-eço individual:.d-e produ-ção e o preço de produprodu-ção definido-no pior terreno, cujas con

diçõe~ ·de produçã_o' .. são a? piores do ramo. A segunda

diferen-ça é que, ccinsiderando-se o ca~it~lista e o proprietário da terra pessoas distintas, a apropriação desse lucro suplemen-tar caberá ao proprietário do _solo, que sem interferir na produção, recebe um pag~mento pela permissão do uso de um sol o ''que

.

"é .seu~

'

:fi"··

"A renda diferencial é exatamente esse lu cro extraordinário acima do lucro médio, obtido pelos capi tais que operam em condições mais favoráveis de produção .. "CS)

'\ ~/YÀL i Q\r-..9-" '-'\,

_....---

---

--AÍ reside a natureza da renda diferencial. O lucro suplernentari originado pela maior produtividade do capital empregado em terras de melhor qualidade, se converte em renda fundiária, que em outras palavras representa urna apropriação, por parte do proprietário da terra de parcela da mais-valia criada na produção agrícola e realizada no

rnerca-do..- I. • I . l '

(34)

~

Cumpre notar que nao e a terra de melhor qualidade a responsável pela criação da renda fundiária,con~

tituindo-se simplesmente como base de sua criação, na medida em que possobili ta uma maior produtividade do capital a . ·ela aplicada.

Este tipo de renda diferencial, ocasiona-da pela maior produtiviocasiona-dade do capital em terras de maior fer tilidade e de melhor localização, é chamada de renda diferen cial I.

"

Um outro tipo de ~enda ·diferencial é aqu~ la proporcionada por investimentos sucessivos de capital, r~

presentados pela util-ização .de -meios de produção e de traba-lho numa mesma área de terra. Este tipo de renda constitui-se na renda.: diferencial .II.

\

·' r

r'

.Segundo Sergio Silva>" ... a importância da renda diferencial II, como determinante da renda, deve ser associada ~o próprio desenvolvimento do capitalismo no cam-po, de tal forma que ela pode também ser considerada como

forma principal de renda ... ( 6)

Pelo raciocínio elaborado por Marx para a determinação da renda fundiária, tudo nos leva a crer que a forma fundamental da renda fundiária é a renda diferencial nas suas duas formas (I e II) .

. ~

.

·_..,· .'· • o~~/ ' I

~ . ~ ' '

(35)

condiciona-da~ exist~ncia da renda diferencial, como seria possivel o

pagamento de renda na pior terra? Nesta, a renda difero.en-cial, com certeza, seria nula, ~medida em que não haveria criação de lucro suplementar.

O pagamento de renda no pior terreno pode

~

derivar, porem, de duas fontes: ou a renda a ser paga ao proprietário do terreno constitui-se de simples dedução de parte do lucro m~dio a ser apropriado pelo capitalista e/ou dos salários, ou _o preço .de produçãq: deve ser aumentado por um fator q~e represente o equivalente ao pagamento da renda.

Em. condições normais e a segunda hipótese que ocorre. O capitalista adiciona simplesmente ao seu preço de p:J?oduç,ão u;n .mon·tan te correspondente ao pagamento de renda pela

~tiifiaçãp

do

pior\terre~o::~·~~nda

absoluta.

:. .f '

No momento em que isto ocorre, o preço de produção existente no pior terreno passa a ter forma acabada para sua apresentação ·no mercado .. Neste sentido ~ que Marx denomina o preço geral de produção na agricultura de preço de produção regulador de mercado.

(36)

2 5 •

pior terreno sao vendidos pelo preço de produção regulador de mercado, sua expressao monetãria significa para o capitali~ta

a recuperação do valor da produção mais um montante que ser a

-pago ao proprietário fundiário em forma de renda absoluta.Nes

te caso nao haverá possibilidade de pagamento de renda dife-rencial, já que não há terreno de inferior qualidade, no qual se espelharia uma comparação de produtividade. Neste caso o preço de produção regulador de mercado só inclui a renda abso luta.

. . )

Quarido :os produt~~ dos terrenos de maior fertilidade são vendidos, os seui preços de venda seguirão o preço de ~redução regulador de mercado (porque ~ este que de-termina o preço de venda dos produtos. agrícolas) ,e a sua expre~

sao monetária signific~ para os capitalistas que exploram es-ses terrenos, nao somente o valor- de ,·sua produção, como

tam-b~m um sobrelucro que se converte em renda fundiária na forma de renda diferencial. Ã renda diferencial, haveria o

acr~sci-mo relativo

ã

renda absoluta calculadà no pior terreno.

Desta forma "A renda absoluta determinaria simplesmente a adição de uma quantia fixa às rendas

diferen-ciais já determinadas previamente pelos preços de produçã,o."(?)

*

~rº

}\ht~t-Os quadros II.e III tornam mais compreensí v eis· as .. i cléi as expostas.

(37)

· 'QUADRO II - CÁLCULO ·nA RENDA DIFERENCIAL ANTES DA RENDA ABSOLUTA

TERRA VALOR DA PRODUÇÃO .PREÇO DE CUSTO ( l) LUCRO l'viED IO PREÇO INDIVIDUAL(2) QTDES.PRQ PREÇO TOTAL

.. (c+v) DE PRODUÇÃO POR DUZIDAS· DE PROOOÇÃO

(c + v + m) UNIDADE

(A) (B) (C) D = B + C, (E) F= DxE

A 40c + 20v + 20m 60 20 80_ - 1 80

B 40 c + 20 v + 20m 60 20 80 2 160

c

40c + zov + 20m 60 20 80 3 240

D 40 c + 20 v + 20m 60 20 80 4 320

E 40c + 20 v + 20m 60 20 80 5 400.

'

(l); Todo capital i consumido no processo de produção.

....----r-::·~1

LEMENTt\1' ;

ro

i:r.: i LUCR\) SUr

Cül'NERTI RENDA DI G =

-1

2

3

n-:.m;w:

J i' 1 r'

F - J)

RO

11

o

·--(2) Note-se que o Preço Individual de Prod~ção ~ igual ao Valor da Produção, pois os capitais empregados sao de igual montante, fazendo com que o Lucro M~dio coincida com a mais-valia e consequentemente que a taxa de lucro m~dio ou taxa geral de lucro coinctda com as taxàs de lucro individuais.

(38)

QUADRO III - CALCULO DA RENDA DIFERENCIAL COM A INCLUSÃO DA RENDA ABSOLUTA

PREÇO INDI- PREÇO INDI- PREÇO TOTAL

VIDUAL.. ,.DE VI DUAL DE.·.

TERRA VALOR DA PREÇO DE LUCRO PRODUÇAó·POR RENDA AB- PRÓDUÇAO J~E QUANTIDADE PREÇO TO- DE PRODUÇÃO RENDA D

rF·"EREN-PRODUÇÃO CUSTO ~DIO SOLtn'A PRODUZIDA TAL DE REGULADOR CI.AL

(c+v+m) · .. (c+v) UNIDADE GULADOR MERCADO DE PRODUÇÃO DE• ·rviERCA.OO

(A) (B) (C) D ""B +

c

E F

=

D + E G H= D X G I = F X G J = ' ' - r

--·

A 40 +20 +20 60 20 80 10 90 1 80 90

-c v m

B 40 +20 +20 c v m 60 20 80 10 90 2 160 180 ~JO

--···-;

c

40 +20 +20 c v m 60 20 80 10 90 3 249 270 1:·;o

--

---D 40 +20 +20 c v m 60 20 80 10 90 4 320 360 z~·o

- - ·

E 40 +20 +20

c v m 60 20 80 10 90 5 400 450 360

NOTAS: 1- Todo capital ~ Consumido na produção.·

2- Preço Individual de Produção = valor da produção

3- Preço Individual de Produção Regulador de Mercado = Preço Individual de Produção + Renda Absolut<! c;J l··!

lada para o pior terreno 4- Renda diferencial calculada com base no Preço de produção regulador de Mercado.

(39)

Pelos dados dos Quadros li e III, fica bem claro o fato de que a determinação da Renda Absoluta pa-ra Marx, não deriva do processo de produção, ~ão se consti tuin do, portanto, em parcela de mais-valia. A Renda Absoluta de-riva de um simples acréscimo ao preço·de produção, não in-fluindo na sua formação.

'/:!!('

"A forma adotada por Marx para a

determi-_t\

nação da Renda Absoluta conduz a negar a possibilidade de e!!_·

-'f\-

tender essa

~parcela--da

mais~valia

.como,um lucro -s-uplementar.

Com efeito, a Renda Absoluta ê simplesmente adicionada ao pr~ ço de produção, nada tem a ver com a formação do preço de produção, representa, praticamente, uma intervenção do mono-pÓlio da ·terra -externa ao próprio ·processo de produção." C S)

J-CÂ~(l

hfiC...

A Renda Absoluta, nestes termos, tem a propriedade de alterar as rendas diferenciais; sem ':.contudo alterar os preços de produção.

t justamente esta idéia que Sergio Silva nao aceita, pelo fato de que" ... a produção vendida aos pr~

ços de mercado - isto ê, a preços que incluem a renda abso-luta -- e não aos preços de produção, tal como definidos por Marx, repercute necessariamente sobre as aplicações de

capi-tal, seja no que se refere ao montante do capicapi-tal, seja no que se refere ·à distribuição desse montante pelos diferentes tipos·de terri, o que altera os custos de produção. Em

con-sequ~ncia, ê não s~mente a renda diferencial que se altera ,

(40)

Neste sentido, os preços de produção têm que incluir a renda absoluta, cujo montante depende, em ~lti

ma anilise, do custo de produção, ou em outras palavras, do grau de desenvolvimento do capitalismo no campo.ClO)

Como a questão sobre a renda absoluta e bastante polêmica, não a aprofundaremos, o que, se fosse fei to, evidentemente fugiria aos objetivos deste trabalho.

A -exposição'.t.eóri'ca feit·a até o momento nos serv1u, entretanto, para enfend~r os conceitos bisicos

pertiri~nt~s ao :mecanismo que permite a existência da renda

fundiiria ou renda da terra, como parcela da mais-valia,cria da .na produção e apropriada pelo proprietirio fundiirio, com

' .

a venda dós pr.odu tos agríc~l·as. · . . ,

..

·•

Cabe.ressaltar que se o proprietirio da terra e ao mesmo tempo o capitalista que a explora, não hi conversao do lucro suplementar em renda f~ndiiria, passando tal lucro a incorporar o lucro·global do proprietirio/capita

list~~ auferido com a realização da produção no mercado.

No Brasil, a grande maioria dos proprieti rios fundiirios sao empresirios da produção de suas terras. Isto não impede de forma :alguma, que haja lucro suplementar ou sobrelucro na atividade agrícola, ã medida em que as dif~

• • "!'" • ~- ' •

pm_t~s composiÇões :de ·capital,. -~às d~feren tes fertilidades e localização dos· solo~· ·déterm:lnam .preços individuais de prod~

(41)

30.

Ao contr5rio, a personificaç~o do propr1~

tário fundiário e capitalista em um so, que é a responsável pela queda da barreira ã entrada do capital no campo, :e '· que possibilita a valorização da terra enquanto esfera de aplica ção de capital.

O fato de alguns proprietários/capitalis-tas nao conseguirem momentaneamente auferir lucro

suplemen-tar~deriva não da não obrigatoriedade de pagamento de renda,

mas sim das condiç6es d~ composição do capital e da fertilida

. .

de na!ural ·do solo desses ·propr~etários/capitalistas em rela

' . '

.

ção às' condiç6es do ramo como um ·:todo.

~ preciso considerar que todo o empresário capitalista tem por objetivo alcançar o lucro máximo. O fato

de algu~s não co~seguire~ · i~to, ·p~rticularmente na

agricul-. . . . : . .

·~, ".

tura, não pode se.r explicado pet~ forma de propriedade fundi á ria existente, mas sim pelas Condiç6es do movimento do capi-tal no campo.

Se este raciocínio

é

correto,

de definição do preço da terra; podemos a.1.1rmar, .r·

para

efeit~~-~

~

como o fez Marx, que o preço da terra nada mais é do que a renda fundiá ria capitalizada, considerando-se a taxa de juro médio cor-rente.

Trata-se do preço de compra, nao da terra, ma:s·:;da possibilidade' da apropriação da mais-valia que, na

(42)

de a valorização ao solo proporcionar ao seu possuidor. Como o objetivo deste estudo não pretende analisar as implicações da forma de propriedade fundiiria, consideraremos como preço

-da terra a ren-da fundiiria capitalizada~

Marx, em O Capital explícita:

"A renda fundiiria assim capitalizada, con~ • tituindo o preço de compra ou o valor do s~

lo, ~uma categoria que a primeira vista~e

teVeli irracio~al, como .o pieço do trabalho, pois a terrà não ~ produto d·o trabalho, não tendo portanto valor algum. Mas, atrás des-s'a -forma. irracional oculta-se uma relação real de produção. Se um capitalista compra ·;._,, ~te.rra que· lhe rende anualmeJ'\te 200 libras

esterlinas, p~r 4.000 libras; ~~ceberá por ano o juro m~dio de 5% sobre 4.000 libras , como se tivesse empregado esse capital

em-pap~is rentiveis ou o tivesse emprestado ai

r e t ame n te a j u r os de 5 % • " (ll )

O preço do solo é determinado, desta for-ma., pela renda territorial e pela taxa de juro médio. Hi momentos em que somente a variação na taxa de juro determina variações no preço da terra, independentemente da V8riaçoo: da renda.

·'.' · .. ~ ~ ; . \ . !

(43)

ra, que nao a renda fundiãria, especificamente no caso brasi leiro. Mas esta discussão seri levantada mais adiante.

Por ora, concluímos a parte relativa ao arcabouço teórico mínimo exigido para a compreensão do obje-to central deste trabalho, qual seja, o comportamenobje-to do preço da terra no Estado de São Paulo no período 1964-1982 .

·Entretanto, antes disso, elaboramos uma breve retrospectiva da política econ6mica brasileira vóltada para o setor agri-rio nestes -~ltimos anos, para que, aliada i teoria da_renda

fundiir~~~ forme.nos~o . quadro referencial para a apresenta-.

ção do objeto· central de anilise~

(44)

.:: -'

.

1\: O T A S

01 -WANDERLEY, M.N.B. - "Capital e Propriedade Fundiária na Agricultura Brasileira in Reflexões Sobre a Agricultu-ra BAgricultu-rasileiAgricultu-ra, Ed. Paz e TerAgricultu-ra, Rio de Janeiro (1979).

02- MARX, Karl- "O Capital"- Livro I - Vol. l, Ed. Civili-zação Brasileira, Rio de Janeiro (1968), ps. 241 e 242.

03 -Estamos abstraindo d<l: .. análi'se os .. ,setores .éigrícolas, cuja

,,

concentração e centralizaçiq dé~capitais constituem-se em barreiras

à

entra'da.

04 - :tv'!ARX, Karl - Op. Cit. - Livro III - Volume 6, pg. 707.

'·.i

. ':..

O 5 - SILVA., J. G. ·- "Progresso técnico e relaÇÕes de trabalho na Agricu1 tura", Ed. Hucitec, São Paulo (1981), pg. 9.

06 - SILVA, Sergio S. - ''Valor e Renda da Terra" - Ed. Pólís, São Paulo (1981), pg. 61.

07- SILVA, Sergio S., Op. Cit., pg. 21.

08 - SILVA, Sergio S., Op. Cit., pg. 67.

(45)

.) "i •

10 - Para uma compreensao mais detalhada sobre a crítica de Sergio Silva a Marx, ver ••valor e Renda da Terra", Ed. Polis, São Paulo (1981).

11- Marx, Karl- Op. Cit., Livro III, Vol. 6, pg. 715 .

. ~ .

. ,

(46)

CAPÍTULO II

POLÍTICA ECONOMICA E SETOR AGRÁRIO NO BRASIL UMA BREVE RETROSPECTIVA

-L Dos Anos 30 a Crise dos Anos 60

A economia brasileira apresentou no perí~

do após 1930 até o início da década de 60, um modelo de desen volvimento calcado na substituição de importações, resultante a nível interno, de uma nova correlação de forças sociais as-sentada no crescente fortalecimento da burguesia urbano-indu~

trÍal frente à hegemonia agrário-exportadora, com a particip~

ção crescente do Estado; a nível externo, de uma nova conj.un-tura internacional (de transição) ,propiciada pelo período en-tre guerras.

Os efeitos econ6micos da passagem do ant! go modelo primário-exportador a este novo modelo de desenvol~

vimento não foram imediatos, embora a partir de 30, as pers-pectivas concretas de mudança fossem bem nítidas.

(47)

_; t '

Como prova da pequena transformação ocor-rida no periodo, utilizamos os indices percentuais referentes à concentração da população economicamente ativa do setor agr~ rio durante o periodo.

QUADRO I

DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA POR SETOR DE ATIVIDADE - 1920/40 - BRASIL

Setores - 1920 1940

Agrário 69,7~ 67t

Urbano-Industrial* 30,3% 33%

FONTE:.Baer, Werne;r- "A industrialização e o desenvolvimento econ6mico do Biasil", Ed. FGV, R. de Janeiro (1979),

pág~ 15.

* Inclui o setor serviços

(48)

"Até 31 de dezembro de 1938, a Carteira tinha realizado 1050 financiamentos, no valor de 98.000 contos: 1021 rurais, no valor de 80.000 contos, e 29 .industriais, no de 18.000 contos. Em fins de 1939, o número de créditos subia a 4344, no mon-tante de 393.000 contos: 4.272 rurais, na importância de 316.000 contos, e 72 in-dustriais, no de 77.000 contos". (4)

Ainda, ~obre a CREAI:

"Além do café, ,da cana--de-açúcar, do al-godão, do arroz, da mandioca, da laranja e do milho, já financiados em boa escala, a Carteira, ~om a preocupaçao constante de amparar as atividades produtoras que mais contribuem para a economia nacional, vem auxiliando também a cultura ou extra çao da oi t icica, mamona, borracha, :car-naúba, linho, fumo,. trigo, feijão, bata-ta, hortaliças, etc. (5)

:t: importante observar, que do total do va

lar do crédito agricola da CREAI para o ano de 1938, 39% cor-respondia ao item café,

e

31% ao item cana-de-açúcar, .o

propiciava a concentração do crédito na área central do

que

..

pa1s (Espirito Santo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, São Paulo,

'

Minas). A indústria,. para o mesmo amo, foram efetuados. apenas

(49)

Estes simples indicadores refletem o qua~

to a economia brasileira ainda estava voltada às suas caracte rísticas agrário-exportadoras, o que continuava gera~do gran-de sensibilidagran-de às variações da conjuntura internacional.

Desta forma, o pequeno impulso industria-lizante ocorrido no Brasil nas décadas de 20 e 30 deveu-se mui to mais a uma conjuntura internacional extremamente desfavorá vel, porque instável, do .que a uma filosofia de desenvolvimen to definida, que apontasse a industrialização como a grande saída para os países·de origem

agrário~exportadora;(

7

)

A Divi sao Internacional do Trabalho, ainda que abalada pela crise de 30, continuava a mesma.

-Somente apos:a segunda Guerra Mundial, mais propriamente na década·de 50, é que o processo de substi tuiçio de importações tomou verdadeiro impulso, em função prin

cipalment~ de uma nova doutrina econômica voltada para os paí

ses de origem agrário-exportadora, que em função de uma con-tínua deteriorizaçio nos termos de troca.de seus produtos no mercado internacional, ter~se-iam tornado periféricos is eco nomias industrializadas. Esta doutrina teve como um de seus principais expoentes o economista argentino Raul Prebish, cu-jos escritos fundamentaram sobremaneira a própria existência da CEPAL (Comissão Econômica para a· América Latina).

(50)

ní-39.

veis de vida das massas nestes e naquela, e as not6rias

des-crep~ncias entre as suas respectivas forças de capitalização,

uma vez que a margem de poupança depende, primordialmente, do aumento da produtividade.

Existe, portanto, manifesto desequilíbrio e qualquer .que seja sua explicação ou a maneira de justifici-lo, trata-se de um fato certo, que destrói a premissa bisica . da divisão internacional do trabalho. Daí o significado fund~

mental da industrialização para os países novos. Ela não ~ um fim em si mesma, mas o único meio de que se dispõe para cap-tar uma parte do fruto de progresso técnico e elevar progres-sivamente o nível de vida das massas". (S)

A-descrença do·autor sobre a possibilida-de dos países possibilida-de origem agrícola obterem os frutos do progre~

so t~cnico alcançados pelos países industrializados,

tornou-se teoria aceita pelos paítornou-ses latino-americano~. dentre eles o Brasil.

A ordem era que a economia brasileira de-veria diversificar-se, buscando a todo custo a industrializa-çao, que propiciaria, a partir de fatores endógenos de cresci menta, o desenvolvimento econômico.

Para que o processo de industrialização, baseado na substituição de importações fosse realmente yv:ii~

vel, haveria o Estado de atuar direta e indiretamente na eco-nomia. Diretamente através da montagem de unidades_produtivas

(51)

for-mulaçâo de medidas econom1cas, ambas capazes de estimular o desenvolvimento industrial.

A polÍtica econômica adotada pelo Estado na década de 50 refletiu este direcionamento. O governo brasi leiro atuou de modo a montar uma "estratégia deliberada de in dustrialização, pela utilização de uma gama de instrumentos bem mais amplá, em comparação com o período anterior". (9)

Entre a~ principais medidas ~ituaram-se:

- controles de câmbio (1947 a 1953) ~

- taxas múltiplas de câmbio (1953 a 1957) ~

preferências para empresas nacionáis e estrangei-ras. para importação de bens de capital~

- taxas de câmbio preferenciais para. importação de matérias-primas industriais, bens intermediários e petrÓleo;

- financiamentos a custo baixo para indústrias favo

recidas~

- financiamento de setor público da infra-estrutura, visando

à

expansão industrial;

- intervenção direta do Governo em subsetores indus

tr~ais (como a indústria pesada) considerados

(52)

Nâo Iremos analisar cada uma destas medi-das, visto que isto fugiria aos objetivos deste trabalho. (lO) Somente as citamos para termos uma idéia do quanto foi objeti va e direta a política econômica do pós-guerra, no sentido de tornar viável a industrialização, via substituição de importa çoes.

Os resultados de tal política foram prati camente imediatos, .o que se deduz pelos indicadóres dos Qua-dros II e III.

QUADRO II

POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA POR SETOR - 1940/1960 BRASIL

Setores 1940 1960

Agrário 67~ 52%

Urbano-Industrial* 33'1 48t

FONTE: Ano de 1940 - Baer Werner, op. cit., pag. 15. Ano de 1960 - Censo demográfico de 1960 - FIBGE

(53)

QUADRO III

ÍNDICE DO PRODUTO REAL PARA O SETOR AGRÁRIO E

SETOR INDUSTRIAL - 1947 a 1.960 - BRASIL

Anos Setor Agrário Setor Industrial

1947 89,5 81,5

1948 95,7 90,5

1949 100,0 100,0

1950 101,5 111,3

1951 102,2 118,4

1952 111,5 124,3

1953 111,7 135,1

1954 120,5 146,8

1955 129,8 162,4

1956 126,7 173,6

1957 138,5 183,5

1958 141;3 213,2

1959 148 ·, 8 238,5

1960 156,1 261,4

FONTE: Conjuntura Econômica - "25 Anos de Economia Brasileira",

(54)

Os números dos Quadros II e III são indi-cadores da expansao verificada no período p6s-guerra, quando

já se encpntrava em pleno funcionamento o modelo de substitui ção de importações. O crescimento do produto real da indústria fixou-se na casa dos 221\ no período 47-60, enquanto que a · agricultura obteve no mesmo período, um acréscimo real de 71%, o que prova a enfâse

à

acumulação industrial, que diga~se de passagem concentrou~se na região Centro-Sul, proporcionando o

. ... . d f d d . l ... b . . . ( 11)

1n1c1o e pro un os esequ1 1 r1os reg1ona1s.

E

neste contexto de riítido privilégiamen-to do seprivilégiamen-tor industrial, que qevemos analisar o comportamenprivilégiamen-to do setor agrário e as políticas mais importantes que lhe' fo-ram _destinadas pelo Estado nas décadas de 40, 50 e início dos anos 60.

Veremos que, sob o modelo de substituição de importações, o setor agrário perderá de vez a sua hegemo-nia, passando a constituir-se como complemento necessário a

industrialização pretendida, na medida em que lhe foram atri-buídas certas funções dentro da política econômica adotada p~ lo Estádo.

A expansao da produção de alimentos e ma-térias-primas tornava-se importantíssima do ponto de vista da reprodução do capital industrial.

Especificamente no.caso brasil~iro, .esta função do setor agrário, principalmente do subsetor de alime~

(55)

mão-dé-obra, o que significo-u un1 moti\.·o facilitador para o aumento da produção.

Baseando-se·o aumento da oferta agrícola no crescimento extensivo da produção, não haveria necessidade de aplicação de grandes montantes de capital com vistas ao au menta da produtividade por área plantada.

''No que concerne ã disponibilidade de f~

tores -de-produÇão ,·_a abundância relativa de mão-de-obra e de terra deu lugar a uma fronteira agrícola em expansao, que permite explicar porque foi possível le-var a cabo um processo de industrializa-çao sem um esforço simultâneo de aumento da produtividade no setor de produção de alimentos". (lZ)

A forma de propriedade que permeava a ex-pansao da fronteira agrícola seguia a regra: a grande propri~

dade era reproduzida nas regi6es de fronteira, uma vez que as culturas de exportação eram expulsas principalmente pelos cul-tivos de matérias-primas destinadas

ã

indústria.

"As principais atividades agrícolas, nes-se processo de,ocupação do território foram culturas de expor tação, hoje consideradas tradicionais como cana, café e

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