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Análise e reflexões sobre o ensino de Artes Visuais

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Academic year: 2017

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Deivisson Silva Bernardes

ANÁLISE E REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE ARTES

VISUAIS.

Especialização em Ensino de Artes Visuais

Belo Horizonte

(2)

Deivisson Silva Bernardes

ANÁLISE E REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DE ARTES VISUAIS. Especialização em Ensino de Artes Visuais

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Ensino de Artes Visuais do Programa de Pós-graduação em Artes da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ensino de Artes Visuais.

Orientadora: Antônia Dolores Belico Soares de Alvarenga

Belo Horizonte

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Bernardes, Deivisson Silva,1989 -

Análise e reflexões sobre o Ensino de Artes Visuais: Especialização em Ensino de Artes Visuais / Bernardes, Deivisson Silva. – 2015.

68f.

Orientadora: Antônia Dolores Belico Soares de Alvarenga

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Monografia intitulada Análise e reflexões sobre o Ensino de Artes Visuais: de

autoria de Deivisson Silva Bernardes, aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores:

_______________________________________________________

Antônia Dolores Belico Soares Alvarenga - Orientadora

_______________________________________________________

Geraldo Freire Loyola

_______________________________________________________

Prof. Dr. Evandro José Lemos da Cunha Coordenador do CEEAV

PPGA – EBA – UFMG

Belo Horizonte, 2015

Av. Antônio Carlos, 6627 – Belo Horizonte, MG – CEP 31270-901 Universidade Federal de Minas Gerais

Escola de Belas Artes

Programa de Pós-Graduação em Artes

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AGRADECIMENTOS

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo principal proporcionar uma revisão bibliográfica sobre a abordagem do tema arte-educação, em duas importantes instituições brasileira Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade de São Paulo (USP). Buscou-se investigar e conhecer as propostas e as práticas pedagógicas dos autores selecionados. A pesquisa foi desenvolvida através de consultas no banco de dissertações e teses das bibliotecas virtuais, por meio das palavras chaves arte-educação e ensino de Artes Visuais, entre o ano de 2002 a 2014, com a finalidade de conhecer e apresentar os principais avanços e contribuições dos autores no ensino de Artes Visuais. O texto propõe reflexões sobre o papel e a importância do professor no ensino da disciplina, descreve os principais problemas e desafios vivenciados por esses profissionais, destaca a necessidade de capacitação e valorização dos educadores. Por fim, relata as principais contribuições e resultados observados no desenvolver dos trabalhos.

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SUMÁRIO

Introdução ... 09

1. Breve Histórico sobre o Ensino de Arte ... 12

1.1 O papel do Arte-Educador ... 16

2. Descobrindo novas possibilidades no ensino de Artes Visuais ... 19

2. 1O uso das tecnologias informatizadas no Ensino Fundamental I: O uso do computador no Ensino das Artes Visuais” - Fátima Pinheiro Barcelos (UFMG). ... 21

2.2 “O Ensino da Arte e a Produção de Histórias em Quadrinhos no Ensino Fundamental” - João Marcos Parreira Mendonça (UFMG) ... ... 23

2.3. “Inventário e Partilha”, - Juliana Gouthier Macedo (UFMG) ... 25

2.4. “me adiciona.com: Ensino de Arte+Tecnologias Contemporâneas + Escola Pública” - Geraldo Freire Loyola (UFMG)...28

2.5.“Ensino de Arte: Entre a Imagem e a Ação” - Sâmara Oliveira Carbonari Santana (UFMG) ... 30

2.6.Interfaces Abertas: Dispositivos Programáveis no Ensino de Artes Visuais” - Sara Moreno Rocha (UFMG) ... 32

2.7.“Possíveis Travessias: uma possibilidade na formação de arte/educação” – Sonia Leite de Assis Fonseca (UFMG) ... 33

2.8.“Memórias escolares e formação de professores: um olhar sobre a experiência de arte-educadores de Campinas” – Lívia Seber Van Kampen (USP) ... 34

2.9.“Mãos que tecem tapetes e realizam círculos: um estudo sobre a imaginação e a formação de educadores autores nas artes visuais” – Anna Rita Ferreira de Araújo (USP) ... 35

2.10. “Mãos que tecem tapetes e realizam círculos: um estudo sobre a imaginação e a formação de educadores autores nas artes visuais” – Anna Rita Ferreira de Araújo (USP). ... 36

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3.2. “O Ensino da Arte e a Produção de Histórias em Quadrinhos no Ensino

Fundamental” - João Marcos Parreira Mendonça ... 40

3.3. “Inventário e Partilha”- Juliana Gouthier Macedo ... 41

3.4. “ME ADICIONA.COM” - Geraldo Freire Loyola ... 43

3.5.Ensino de Arte: Imagem e a Ação”- Samara Oliveira Santana ... 46

3.6.“Interfaces Abertas: Dispositivos Programáveis no Ensino de Artes Visuais” – Sara Moreno ... 48

3.7.“Possíveis Travessias: uma possibilidade na formação de arte/educação” – Sonia Leite de Assis Fonseca ... 51

3.8.“Memórias escolares e formação de professores: um olhar sobre a experiência de arte-educadores de Campinas” – Lívia Seber Van Kampen ... 53

3.9. “Arte-Educação e Educação Ambiental. Uma reflexão sobre a colaboração teórica e metodológica da Arte-Educação para a Educação Ambiental” – Ana Cristina Chagas dos Anjos ... 56

3.10. “Mãos que tecem tapetes e realizam círculos: um estudo sobre a imaginação e a formação de educadores autores nas artes visuais” – Anna Rita Ferreira de Araújo ... 58

Considerações finais ... 62

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INTRODUÇÃO

Ao longo do tempo, o ensino de Arte passou por várias modificações e transformações, influenciadas principalmente por questões políticas, sociais e religiosas. Essas mudanças começaram com a chegada dos padres Jesuítas e posteriormente foram potencializada com a vinda de Dom João VI e a missão francesa em 1816. Até então, a disciplina não apresentava um planejamento definido e diversos processos e lutas foram realizadas para o reconhecimento da Arte, como área de formação do conhecimento humano (ROCHA, 2012; SCHlICHTA, 2009).

A Arte desempenha uma importante função para o desenvolvimento do pensamento humano e também possibilita a ampliação do conhecimento, da sensibilidade e da reflexão. O aprendizado artístico proporciona o envolvimento com as produções coletivas e individuais. Através da Arte o indivíduo pode desfrutar de várias experiências que poderão influenciar no seu desenvolvimento intelectual, social e profissional (ROCHA, 2012).

Porém, observar-se no país o descaso com o ensino de Artes Visuais. A maior parte das escolas não disponibilizam as condições necessárias, para a realização das aulas expositivas e práticas. Poucas escolas possuem laboratórios ou espaços apropriados para o desenvolvimento de projetos teóricos e experimentais, normalmente estes eventos são realizados dentro das salas de aulas utilizando de materiais precários e improvisados. Infelizmente a realidade vivenciada dentro do ambiente escolar demonstra que os professores encontram-se bastante desmotivados e desacreditados na prática docente, as salas de aulas estão desestruturadas, os materiais didáticos são ultrapassados e os estudantes cada vez mais desinteressados (LOYOLA, 2009; SANTANA, 2010).

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Sendo assim, a pesquisa e os estudos sobre o ensino de Artes Visuais, são necessários e justificados, visto que as percepções sobre a disciplina vêm evoluindo nos últimos anos, o preconceito e a depreciação estão sendo eliminados. Conseqüentemente observa-se a valorização e o reconhecimento da disciplina como área fundamental do conhecimento humano e não apenas uma matéria irrelevante, empregada na maioria das vezes como: forma de lazer, descanso, momento ocupacional ou terapêutico (ROCHA, 2012; SANTANA, 2010).

Diante dessa problematização buscou-se conhecer e demonstrar, por meio do presente trabalho o modo em que está sendo abordado e estudado o tema arte-educação e ensino de Artes Visuais, em duas grandes Universidades do Brasil UFMG e a USP.

Importante destacar que no transcorrer da leitura e do levantamento de informações, ficou explícito a ausência de adequação e padronização dos termos relacionados a pesquisa. As principais terminologias utilizadas nos textos: arte-educação, arte-educadores, professor de Artes, Artes Visuais e ensino de Artes Visuais, não obedeceram o mesmo padrão ou norma de escrita, alguns autores utilizaram no mesmo trabalho as palavras em letras maiúsculas e minúsculas, separadas ou não pelo hífen.

O objetivo principal da monografia foi detectar as propostas pedagógicas desenvolvidas pelos autores. Pretendeu-se também disponibilizar alguns resultados e contribuições visualizados no decorrer da execução das atividades e dos projetos elaborados pelos pesquisadores.

A pesquisa foi realizada através de consultas às bibliotecas virtuais das instituições e por fim foram selecionados 10 trabalhos que trouxeram em destaque conteúdos práticos e teóricos sobre o assunto. Além disso, o trabalho permitiu a consolidação do aprendizado da disciplina.

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1. Breve Histórico sobre o Ensino de Arte.

A história do ensino de Arte do Brasil iniciou-se, com a chegada dos Padres Jesuítas. Eles tinham como objetivo principal, a disseminação da fé e a implantação dos princípios da igreja Católica. A catequese era a principal, ferramenta utilizada para a execução dos trabalhos, que envolviam os povos indígenas, mestiços e também indivíduos pertencentes à população portuguesa (PIMENTEL, 2008).

Os estudos literários e a retórica eram priorizados, dentro do sistema de ensino, utilizados e aplicados pelos Padres Jesuítas. Os trabalhos manuais possuíam valores insignificantes, grande partes dos educadores adotavam a valorização do desenvolvimento intelectual e da eloqüência (PIMENTEL, 2008).

Porém, as metodologias e princípios utilizados pelos sacerdotes, foram abolidos do sistema de ensino brasileiro (SIEBERT; FISCHER, 2009). No dia 28 de junho de 1759, os padres jesuítas foram expulsos do país. Esse fato foi concretizado, por meio de um alvará (Alvará Régio), expedido pelo primeiro ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, onde se dava ao Marquês de Pombal, autoridade e poder de cessar o sistema da ordem religiosa. Por fim, o ensino de arte, passou por vários experimentos, utilizando-se diversas metodologias e conceitos importados de outros países, sem nenhuma adequação ou adaptação para a realidade brasileira.

De acordo com Pimentel (2008), a partir do ano de 1816, ocorreram eventos importantes que, influenciaram e permitiram a organização e a estruturação do sistema de ensino brasileiro. Com a chegada de Dom João VI, posteriormente a missão francesa, ocorreu a substituição do Barroco brasileiro para o Neoclassicismo, a troca do estilo permitiu o surgimento de novas referências e possibilidades (ALVES, 2005).

Liderados por Joachim Lebreton, os artistas franceses tinham como objetivo principal, a criação e a implantação do ensino de Belas-Artes do Brasil (FILHO,

2013). “Com proposições essencialmente técnicas, o grupo chegou para criar a

Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, voltada para o ensino de ofícios

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PIMENTEL (2008) afirma que, o ensino de arte brasileiro iniciou oficialmente, após a troca do nome da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, por Academia Imperial de Belas-Artes. Conseqüentemente houve a mudança de clientes e freqüentadores da instituição, pois a proposta inicial da escola era de, preparar os indivíduos para as atividades artesanais e mecânicas. Utilizando técnicas manuais, aplicadas ao surgimento de novos instrumentos de trabalhos, entre eles o desenho industrial (FILHO, 2013).

Com a troca da clientela, o ensino de arte se tornou, mais elitizado. Grandes partes, dos freqüentadores pertenciam a famílias da alta classe da sociedade com aspirações aristocráticas. Por causa das alterações, as metodologias também foram modificadas, passou-se a empregar exercícios técnicos e formais, extremamente intensivos (ALVES, 2005).

Conseqüentemente, o ensino de arte acabou se tornando, uma atividade exclusivista, reconhecido como símbolo de distinção social. Pode se afirmar, que a partir destas divisões, que começaram os preconceitos e a rejeição, por grande parte da sociedade (SCHIICHTA, 2009).

O ano de 1870 foi marcado, pela necessidade de compreensão e valorização do ensino de arte na educação. Impulsionados principalmente pela primeira industrialização brasileira e as distintas formas de utilização do desenho, nas áreas indústrias, comerciais e artísticas (PIMENTEL, 2008).

Rui Barbosa foi o principal idealizador, da abordagem da disciplina, nas escolas primárias e secundárias, defendendo a obrigatoriedade dos conteúdos relacionados, dentro do âmbito escolar. Também foi responsável, pela criação do primeiro projeto de lei, em que o ensino da disciplina surgia como maior relevância (ALVES, 2005).

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projeto de ensino independente, que fosse isento de influências internacionais (PIMENTEL, 2008).

Após a chegada do educador e escritor Anisio Teixeira, deram-se início a construção de novas perspectivas e possibilidades na educação brasileira. Baseados nos conceitos e fundamentos filosóficos do pedagogo norte-americano John Dewey, professor de Teixeira, no Teacher College da Columbia University. O educador participou de ações, que permitiram a elaboração de projetos que, resultaram na modernização do sistema de ensino e na criação do movimento escola nova. A partir desse movimento, a arte recebeu status diferenciados, em relação às demais disciplinas passou a ser bastante valorizada e provocou o despertar das atenções das autoridades educacionais e os profissionais da educação (PIMENTEL, 2008).

Com a modernização do ensino de arte, começaram a surgir escolas especializadas na disciplina. Essas escolas ofereciam gratuitamente, cursos de música, desenho e pintura, para criança de oito a quatorze anos e era coordenado, pelo educador e historiador Theodoro Braga (FILHO, 2013).

Diversas artes educadoras, também participaram e colaboraram para a implantação dessas escolas. Porém Noêmia Varela, em mil novecentos e quarenta, iniciou na cidade do Recife o projeto das escolinhas de arte. O movimento tinha como diretrizes principais, a liberdade de expressão e a exteriorização dos sentimentos e pensamentos (PIMENTEL, 2008).

Em 1948, a arte-educadora foi convidada a dirigir a Escolinha de Arte do Brasil. Os resultados foram bastante expressivos, com apoio do governo, a instituição possibilitou a formação de vários professores. Posteriormente esses profissionais, eram capacitados a disseminar a proposta de valorização do ensino da disciplina, demonstrando os benefícios da liberdade de expressão para os estudantes, em diversas localidades do território nacional (PIMENTEL, 2008).

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Além disso, a lei pôs as diversas formas de manifestações artísticas, música, teatro, dança reunidas em apenas uma disciplina, nomeada como Educação Artística. Conseqüentemente foi instituído o curso, de formação de educadores especializados nessa área. Disponibilizando duas formas de graduação, licenciatura curta em dois anos e a licenciatura plena em quatro anos (PIMENTEL, 2008).

Mesmo com a obrigatoriedade, do ensino da disciplina nas instituições escolares, a arte era tratada com bastante desprezo e despreparo, na maioria das vezes era substituída, por atividades sem nenhuma relação ou princípios artísticos. Diante dessa realidade, no ano de 1985, diversas manifestações, seminários, congressos, foram realizados pelos arte-educadores brasileiros. Com a finalidade de discutir e propor medidas, capazes de melhorar, adequar e qualificar o ensino de artes. Também são criadas associações estaduais e a Federação de Arte-Educadores do Brasil (BRASIL, 1997; PIMENTEL, 2008).

Outra importante conquista foi à regularização da Lei de Diretrizes e Bases Nacionais (LDBN), que garantia a educação para todos os cidadãos, abrangendo as diversas áreas sociais, culturais e familiares. De acordo com a Lei 9394/96, de 20-12-1996, “Art.26. O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis de educação básica, de forma a promover o

desenvolvimento cultural dos alunos”.

Com a implantação da lei, o ensino de arte consegue importantes conquistas, o reconhecimento oficial da disciplina como área de conhecimento. Além disso, ocorre a troca do termo Educação Artística, para disciplina de Arte (SIEBERT; FISCHER, 2009).

Diante dessas grandes conquistas, houve no início do século XXI, o desenvolvimento de uma nova forma metodológica, sistematizada pela arte-educadora Ana Mae Barbosa, a Abordagem Triangular. A autora sugere que as metodologias, devem ser elaboradas pelos educadores dentro da sala de aula,

respeitando a realidade do contexto social dos estudantes. “A proposta Triangular

veio para reestruturar o ensino da Arte, que já estava desacreditado e

desgastado” (SIEBERT; FISCHER, 2009, p. 10)

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museu, em galerias, nas escolas ou até mesmo em locais públicos. Desbancando princípios em que a arte, era praticada e vivenciada através da manipulação de materiais e objetos, por meio de técnicas previamente estabelecidas (ALVES, 2005; SANTANA, 2010).

A proposta Triangular é constituída, por três eixos principais, o fazer, o ver e o contextualizar a arte. A utilização desses parâmetros pode ser, aplicadas de forma aleatória, partindo de qualquer ponto e não é necessária a submissão de hierarquias (SIEBERT; FISCHER, 2009).

Além disso, em mil novecentos e noventa e oito, o trabalho realizado pela arte-educadora, recebeu um maior destaque. Tornando-se referência, para formulação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), contribuindo efetivamente, no crescimento e desenvolvimento do sistema de ensino brasileiro (BRASIL, 1997; PIMENTEL, 2008).

O ensino de Arte encontra-se, numa constante evolução, por isso é extremamente importante, a busca de estudos e pesquisas, capazes de contribuir na atualização da disciplina. Pois através da Arte, o homem consegue ultrapassar as barreiras, dos pensamentos expressando-os de forma liberal e independente. A disciplina também proporciona ao homem o desenvolvimento da capacidade, de percepção, sensibilização, exteriorização e crítica (PEREIRA, 2011).

1.1 O papel do Arte-Educador.

O ambiente escolar possui uma importante função, na construção da sociedade, pois nessas instituições os indivíduos iniciam uma longa jornada em direção à vida adulta. Por meio, das relações interpessoais e de ensino aprendizado são repassados ensinamentos e princípios essências, que influenciaram na formação do caráter e no desenvolvimento de profissionais produtivos, solidários e qualificados (BRASIL, 1996).

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A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentindo a experiência humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas pela natureza e nas diferentes culturas (BRASIL, 1997, p.19).

Diante dessas observações o professor precisa estar constantemente preparado e atento as transformações que afetam o cotidiano escolar. Pois através do trabalho desses profissionais, os estudantes conseguem construir conhecimentos e aprendizado necessários, para o seu desenvolvimento estudantil (LOYOLA, 2009).

A história do ensino de Arte demonstra que por vários anos a maioria dos professores não era, capacitados e não recebiam o devido apoio e valor, pela escola e a sociedade. Convivam com enormes desafios, tais como a regulação da profissão, a ausência de planejamento, preconceito e a invalidade profissional (PIMENTEL, 2008).

As aulas eram desenvolvidas, através de metodologias importadas e sem nenhum compromisso com a realidade sociocultural dos estudantes. Além disso, as atividades desenvolvidas não abordavam conteúdos específicos da matéria, ao contrário eram feitos trabalhos de outras disciplinas e até exercícios de relaxamento e psicológicos. Com isso, cada vez mais o papel do professor tornava-se irrelevante, pois o mesmo era incapacitado e desmotivado, a exercer sua profissão (ALVES, 2005).

De acordo com SIEBERT; FISCHER (2009), com a criação da LBDN essa situação começou a ser transformada. Através do projeto, ocorreram diversas ações que resultaram na reestruturação do ensino de Arte. Dentre elas a afirmação da disciplina como área de formação do conhecimento, também foi determinado à obrigatoriedade do ensino da disciplina, na educação básica brasileira, obrigando todos os estados da federação, se adequar as diretrizes e

normas instauradas pelo documento. “O Ensino da Arte constituirá componente

curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a

promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (BRASIL, 1997, p. 30)

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valorização profissional. Contudo o desenvolvimento dos trabalhos tornaram-se mais aprimorados, permitindo ao professor à criação de planos de ensino independentes, flexíveis e alcançáveis.

O movimento Arte-Educação permitiu que se ampliassem as discussões sobre a valorização e o aprimoramento do professor, que reconhecia o seu isolamento dentro da escola e a insuficiência de conhecimento e competência na área (BRASIL, 1997, p. 25).

Assim, o arte-educador pode exercer sua função de forma integral e segura, aplicando os conhecimentos adquiridos dentro e fora da escola. Visto que, nos dias atuais espera-se que esse profissional, usufrua da Arte não só dentro da sala de aula. Mas sim, esteja em busca de novos conhecimentos, através das atividades práticas e também da vivência em ambientes que disponibilizem o contato, com as distintas formas de manifestações artísticas (FILHO, 2013).

Espera-se também que o arte-educador trabalhe sempre com instrumentos atualizados acompanhando as novas tecnológicas. Para que, os conteúdos abordados sejam sempre relevantes e eficazes nos processos educacionais. Outro importante requisito é o compromisso com a ética e a veracidade de informação, propondo aos alunos atividades de integração e aproximação com o mundo das Artes. O profissional deve auxiliar e apoiar os indivíduos na busca do desenvolvimento de novas habilidades e o aprimoramento daquelas que já existem (LOYOLA, 2009).

É notório a importância do papel do arte-educador no contexto escolar, além de ser um agente multiplicador de conhecimento exerce também uma enorme influência e responsabilidade na formação dos indivíduos.

Desta maneira, o arte-educador, através de seu percurso acadêmico e de suas experiências de vida, deverá ser capaz de implementar na escola uma cultura pedagógica que esteja voltada aos aspectos mais sensíveis da formação de seus alunos (FILHO, 2013, p. 50).

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2. Descobrindo novas possibilidades no ensino de Artes Visuais.

O ensino de Artes Visuais passou por várias modificações e transformações, diversos processos e ações permitiram a evolução e a consolidação da disciplina. Graças aos trabalhos e as lutas de vários arte-educadores, políticos e membros da sociedade civil. A disciplina conseguiu adquirir respeito e reconhecimento dentro do sistema educacional brasileiro, estabelecendo parâmetros e diretrizes que, garantem a sua importância e benefícios para a sociedade (FILHO, 2013).

Atualmente os conteúdos, relacionados à matéria estão totalmente independentes e atualizados. Os arte-educadores, podem elaborar o planejamento educacional, baseados nos parâmetros curriculares nacionais (PCN) estabelecido pelo governo, sendo permitido o desenvolvimento de metodologias individuais e criativas, que adéquam à realidade da comunidade escolar. Além disso, encontram-se disponíveis diversas ferramentas e recursos, tais como: computadores, internet, câmeras, aplicativos e programas para celulares, que auxiliam efetivamente, no desenvolvimento das atividades propostas pelos educadores (BARCELOS, 2002; LOYOLA, 2009).

Diante dessas afirmativas e considerações, o presente capítulo apresenta uma pesquisa sobre o ensino em Artes Visuais. A escolha do tema ocorreu, por estímulo das aulas práticas e teóricas vivenciadas no decorrer do curso de especialização. As experiências contribuíram bastante na compreensão e na valorização da disciplina. Contudo foi observada a necessidade de pesquisar e aprofundar a dinâmica que envolve os processos, os métodos e os instrumentos que estão inseridos nesse contexto.

Outro fator importante que também, influenciou na decisão do tema, foi a dificuldade em realizar uma atividade prática em sala de aula, pois infelizmente não estou trabalhando em um estabelecimento de ensino. Além disso, através da internet, é possível acessar e pesquisar as publicações em horários alternados, facilitando o desenvolvimento do trabalho.

A pesquisa foi desenvolvida por meio de acessos a biblioteca virtual e banco de teses e dissertações da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e também da Universidade de São Paulo (USP). Inicialmente foram consultadas publicações

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de 2002 a 2014, com a finalidade de conhecer e apresentar os principais avanços e contribuições dos autores, no ensino de Artes Visuais.

Os trabalhos começaram por meio das consultas nos sites, onde se encontram

as bibliotecas virtuais, em seguida foram redigidas as palavras chave “arte

-educação e/ou ensino de artes visuais”, no ícone “busca avançada”.

Posteriormente foram analisadas aproximadamente 40 páginas, que abordavam o termo. Logo após, houve a seleção das publicações, que apresentavam em destaque o tema pesquisado.

A busca demonstrou que, no intervalo de 12 anos, foram realizadas várias pesquisas sobre o tema. No entanto, buscou-se priorizar as dissertações, que abordavam e tratavam especificamente o ensino de Arte, observando a proposta pedagógica desenvolvida pelos autores. Por fim, 10 trabalhos foram selecionados, para o desenvolvimento da pesquisa. São eles:

1)“O uso das tecnologias informatizadas no Ensino Fundamental I: O uso do

computador no Ensino das Artes Visuais” - Fátima Pinheiro Barcelos (UFMG).

2) “O Ensino da Arte e a Produção de Histórias em Quadrinhos no Ensino

Fundamental” - João Marcos Parreira Mendonça (UFMG).

3) “me adiciona.com: Ensino de Arte+Tecnologias Contemporâneas + Escola

Pública” - Geraldo Freire Loyola (UFMG).

4) “Inventário e Partilha”, - Juliana Gouthier Macedo (UFMG).

5) “Ensino de Arte: Entre a Imagem e a Ação” - Sâmara Oliveira Carbonari

Santana (UFMG).

6)“ Interfaces Abertas: Dispositivos Programáveis no Ensino de Artes Visuais” -

Sara Moreno Rocha (UFMG).

7) “Possíveis Travessias: uma possibilidade na formação de arte/educação” –

Sonia Leite de Assis Fonseca (UFMG).

8) “Memórias escolares e formação de professores: um olhar sobre a experiência

de arte-educadores de Campinas” – Lívia Seber Van Kampen (USP).

9) “Arte-Educação e Educação Ambiental. Uma reflexão sobre a colaboração

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10) “Mãos que tecem tapetes e realizam círculos: um estudo sobre a imaginação

e a formação de educadores autores nas artes visuais” – Anna Rita Ferreira de

Araújo (USP).

2.1) “O uso das tecnologias informatizadas no Ensino Fundamental I: O uso

do computador no Ensino das Artes Visuais” - Fátima Pinheiro Barcelos

(UFMG).

O primeiro trabalho analisado foi à dissertação de mestrado, apresentada pela autora Fátima Pinheiro Barcelos no ano de 2002, ao Programa de Pós Graduação em Artes da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. A pesquisa tinha como o objetivo, apresentar um estudo sobre o uso do computador no ensino fundamental, abrangendo crianças com idades entre 8 e 10 anos.

Para Barcelos (2002), a utilização dos computadores é extremamente relevante e indispensável no ambiente escolar pois, através dos recursos disponibilizados por essas máquinas, os estudantes conseguem adquirir e desenvolver conhecimento e habilidades intelectuais, capazes de potencializar, o aprendizado e a compreensão do universo das Artes Visuais. Atualmente existe uma diversidade de ferramentas, que possibilitam a execução de atividades relacionadas à disciplina, programas que permitem a criação de desenhos, de vídeos, músicas, edição de imagens, dentre outros. Com o auxilio desses dispositivos, os indivíduos podem desfrutar de várias possibilidades na criação das obras, aplicando texturas e efeitos e a multiplicidade das cores, Aumentando ainda mais, a capacidade de criar, fazer, contextualizar, reconstruir e usufruir das distintas produções artísticas.

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As possibilidades de criação artística a partir das novas tecnologias são uma oportunidade sem fim. Pode-se, com o uso de equipamentos computadorizados (câmera e filmadora digital, escaneador, etc), criar infinitamente, facilitar a criação artística sem contar a amplitude e tempo de exposição que a divulgação de toda a produção artística consegue como advento da internet (BARCELOS, 2002, p. 41).

Com a finalidade de comprovar esses benefícios e suas possibilidades. Barcelos (2002) desenvolveu uma proposta pedagógica, capaz de permitir o acesso e a experimentação com os aparatos tecnológicos. O trabalho foi realizado, no segundo semestre de 2001, na Escola de Ensino Fundamental Balão Vermelho, localizada na cidade de Belo Horizonte. As atividades contaram com as participações, de alunos de 5 turmas do turno matutino e vespertino os indivíduos tinham idade entre 6 a 9 anos.

A proposta sugerida e aplicada pela autora tinha como objetivo a criação de um projeto de animação, através de programas de edição reconhecido como Animator e o Iota software.

A utilização de um programa de animação foi pensada como uma estratégia importante, tendo em vista que era objetivo do trabalho compreender a construção, desconstrução e manipulação de imagens a partir do desenho produzido pelas próprias crianças e compreender como transforma o desenho inicial, dando-lhe outra dimensão, localização e movimento. Como um mesmo personagem poderia ser modificado em sua posição no desenho, em sua expressão facial, sem que se precisasse desenhá-lo novamente. Manter o traço do autor no desenho original e dar a ele nova função no contexto do trabalho (BARCELOS, 2002, p.63).

Os usos desses programas estimulando a relação entre estudante e computadores, considerados máquinas frias impossibilitadas de atingir a sensibilidade humana. Além disso, as ferramentas possibilitavam o aprendizado de objetos, que não podiam ser ensinados ou compreendidos, por meio de lápis e papel, tais como, tridimensionalidade, o volume, o movimento (BARCELOS, 2002).

No decorrer da criação do projeto de animação surgiram algumas surpresas positivas. Os alunos e professores se mostraram tão envolvidos na execução dos trabalhos que, a partir das observações e das experiências individuais e coletivas, outros projetos originaram (BARCELOS, 2002).

Através da utilização da história elaborada, pelos estudantes, intitulada “O

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livro de conto sobre o enredo desenvolvidos pelos estudantes. Além disso, através da proposta pedagógica os indivíduos tiveram a oportunidade de ter acesso aos programas de edições convencionais, como o Power Point, que permite a elaboração de slides, animações e até edições de áudio e vídeo (BARCELOS, 2002).

2.2) “O Ensino da Arte e a Produção de Histórias em Quadrinhos no Ensino

Fundamental” - João Marcos Parreira Mendonça (UFMG).

A dissertação apresentada pelo estudante João Marcos Parreira Mendonça, ao Curso de Mestrado em Artes Visuais da Escola de Belas Artes, da Universidade Federal de Minas Gerais, no ano de 2006, intitulada “O ENSINO DA ARTE A

PRODUÇÃO DE HISTÓRIAS EM QUADRINHOS NO ENSINO FUNDAMENTAL”,

destacou a utilização das (HQ) no ensino de Arte, propondo a utilização dessa metodologia, como ferramenta principal para se aprender e fazer Artes Visuais.

De acordo com Mendonça (2006), as HQ ao longo do tempo, possuíam pouco significado nas modalidades de ensino em Artes. Na maioria das vezes recebiam valor comercial e sua aceitação no âmbito escolar demorou a acontecer por estarem diretamente vinculadas a revistas e jornais, que alcançavam uma população abrangente e indefinida (MENDONÇA, 2006).

A inserção da modalidade, no contexto escolar ocorreu de forma gradativa e tímida, sendo inserida primeiramente nos livros didáticos e posteriormente foi utilizada como suporte pedagógico para algumas disciplinas. No entanto, a utilização HQ, permite o conhecimento e a aplicação de diversos elementos das obras visuais, tais como, a linha, o ponto, a textura, as cores. Além disso, o autor aponta que, através das HQ, pode-se promover a integração, a exteriorização,o respeito e o trabalho coletivo entre os estudantes (MENDONÇA, 2006).

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A proposta pedagógica sugerida por Mendonça (2006) incentiva o emprego das histórias em quadrinhos, para o processo de ensino e aprendizagem em Artes Visuais. No capítulo 3 da dissertação, o autor descreve as possibilidades de criação dos desenhos, por meio de cartum, letras e números, que posteriormente serão utilizados, na criação das historias.

Importante destacar que, após os textos e reflexões do pesquisador, são expostos alguns exemplos de desenhos que, utilizam as técnicas apresentadas por ele capaz de transformar um numeral, por exemplo, o algarismo “6” em um peixe e até a vogal “E” em uma parte do rosto de um animal. Também sugere e

ensina a criação de revistas em quadrinhos, após a finalização das histórias de cada aluno (MENDONÇA, 2006).

No entanto a dissertação não apresenta nenhum trabalho prático, aplicado ou realizado no ambiente escolar ou em outro local. Destaca principalmente, o histórico das HQ no ensino de Artes Visuais, a evolução da modalidade no contexto artístico, promove o dialogo com outros escritores, como Marjane Satrapi. Por fim, demonstra e ensina os métodos e as técnicas, que podem ser empregadas, na elaboração das aulas de Artes Visuais (MENDONÇA, 2006).

2.3) “Inventário e Partilha”, - Juliana Gouthier Macedo (UFMG).

A autora Juliana Gouthier Macedo, buscou em sua dissertação investigar o ensino da disciplina de Arte, realizada em organizações não governamentais as ONGs. Intitulado “Inventário e Partilha”, a dissertação foi apresentada no de

2008, ao Programa de Pós Graduação em Artes da Escola de Belas Artes, da UFMG.

(25)

que utilizam a Arte como instrumento de socialização e de transformação social nas comunidades onde estão inseridas.

Ressalta também alguns indicadores que influenciam no processo de ensino e aprendizado dos indivíduos assistidos, como o imediatismo na realização das obras, a participação de patrocinadores e principalmente a desvalorização do ensino de Arte, como área de conhecimento, pois as maiorias das organizações não abordam o ensino de Arte em sua totalidade, mas sim a utilizam com a finalidade de gerar um produto (MACEDO, 2008).

A autora relata também as experiências e a bagagem, gerada no decorrer de sua vida profissional, nas instituições. Realiza uma série de interlocuções e questionamento, sobre o verdadeiro valor da arte-educação para os indivíduos, que participam e estão envolvidos no cotidiano das organizações não governamentais (MACEDO, 2008).

A proposta pedagógica foi, desenvolvida através de quatro experiências em três projetos diferentes, realizados em ONGs que utilizam a Arte como ferramenta para o ensino. Os trabalhos foram executados entre os anos de 2003 a 2006, alguns trabalhos ocorreram simultaneamente nas instituições. Os projetos foram construídos com a participação de todos os participantes, sem vinculo com os projetos, existentes nas instituições. Embasados nos pensamentos de Paulo Freire, Ana Mae Barbosa e Hélio Oitica (MACEDO, 2008).

O primeiro trabalho, intitulado como “Da Terra ao Corpo/Casa” ocorreu por meio

de oficinas de Arte Visuais, em um projeto social ao lado de uma vila e próximo a

uma região rica de Belo Horizonte. Com tema “meio ambiente a partir do nosso cotidiano” cerca de 50 crianças e jovens entre 8 e 17, tiveram a oportunidade de

fazer Arte através de aulas práticas e teóricas (MACEDO, 2008).

(26)

Posteriormente, foi sugerida outra atividade, que consistia a exposição do olhar dos participantes perante as moradias da vila. A professora pediu aos participantes que tirassem uma foto, da suas casas. Grande parte, dos indivíduos demonstraram incomodados, diante dessa proposta, pois eles acreditavam que em suas moradias não existiam, nada de interessante e bonito (MACEDO, 2008).

Porém, após as explicações da arte-educadora, as crianças e jovens, conseguiram entender a dimensão e o poder da fotografia, conseqüentemente, ficaram entusiasmados na realização da tarefa. Além disso, foi possível observar, um enorme potencial artístico e a satisfação entre os indivíduos (MACEDO, 2008).

Outro trabalhado citado pela autora é o “desenho com laranjas”, desenvolvido

em 2004, com cerca de 60 crianças e jovens de um projeto social de Belo Horizonte. A idéia surgiu a partir do tema transversal escolhido pela instituição naquele ano. Com base nos diálogos e reflexões do autor Paulo Freire e Ana Mae Barbosa a professora, juntamente com os assistidos do programa, iniciaram uma pesquisa sobre a leitura da obra de arte e o fazer artístico (MACEDO, 2008).

A imagem da obra do autor Jailton Moreira “Como desenhar laranja”, publicado no suplemento do Mais do jornal da Folha de São Paulo. Foi a que mais despertou interesse dos participantes. Com a escolha do tema, os indivíduos tiveram que desenvolver uma obra, inspirada nas concepções do autor

selecionado. ”Ninguém abriu mão das laranjas. Cada um usou a fruta do seu jeito,

se valendo de algumas partes – cascas, gomos, sementes ou suco – ou mesmo

da laranja inteira” (MACEDO, 2008, p. 28).

Outra proposta feita pela autora abordou o tema “Identidade e espaço”, as

atividades ocorreram na cidade de Ibirité no ano de 2005. O projeto propôs a aplicação do tema, na contextualização dos ambientes freqüentados pelos jovens e crianças, que participavam do projeto. A autora relata que a estrutura da sala onde eram ministradas as aulas de Artes Visuais, era bastante precária e o espaço não poderia ser reconhecido como um ambiente de ensino artístico (MACEDO, 2008).

(27)

participantes personalizaram as lixeiras, com símbolos que pudessem identificar as salas onde ocorriam as aulas de danças, músicas e Artes Visuais (MACEDO, 2008). Também foi criado na sala de Arte, um painel com o tema múltiplas identidades.

Usamos pintura, colagens e fotografia digital, criando referências pessoais e coletivas em pequenas plaquinhas de amostras de fórmica. A idéia foi fazermos rostos e colarmos imagens de pessoas com quais nos identificamos (MACEDO, 2008, p. 36).

Por fim, a última proposta relatada pela autora recebeu o nome de “O desafio da

pintura”. Ao contrário dos outros projetos anteriores. Todas as aulas aconteciam

todos os sábados em uma escola bem estruturada, na região do vale do Jatobá, na periferia de Belo Horizonte. No entanto, observa-se ainda a prevalência de vários problemas relacionados à Arte, entre eles a falta de conhecimento e domínio dos coordenadores do projeto, quantidade excessiva de participantes, a dificuldade de acesso a locais que permitem a fruição a pinturas e o mais preocupante a ausência de arte-educadores habilitados. Grande parte dos monitores, não tinha nenhuma formação em Artes Visuais (MACEDO, 2008).

Diante dessas limitações a autora buscou, através de livros, algumas referências

de artistas que utilizavam a pintura para expressar suas habilidades. “Em todos os

nossos encontros havia sempre uma mesa com alguns livros de arte à disposição para quem quisesse consultá-lós” (MACEDO, 2008, p. 47). Por fim os indivíduos desenvolveram por meio de tinta e papel, suas obras, expressando suas percepções e sentimentos com bastante criatividade e autonomia.

2.4) “me adiciona.com: Ensino de Arte+Tecnologias Contemporâneas + Escola Pública” - Geraldo Freire Loyola (UFMG).

O trabalho realizado pelo pesquisador Geraldo Freire Loyola, foi denominado

“me adiciona.com”, esse também foi apresentado no ano de 2009, ao Programa

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Loyola (2009), afirma que através do avanço da internet e principalmente a conexão banda larga, o ambiente virtual tornou-se mais dinâmico e acessível. Grande parte da sociedade, encontra-se inserida produzindo e acessando um grande fluxo de informação e conhecimento.

Por meio das tecnologias de audiovisual, diversas manifestações artísticas podem ser visualizadas de forma virtual e esporádica em locais antes restritos, como museus, galerias, bibliotecas, acervos públicos e privados. O uso do computador permitiu a ampliação do acesso e consulta a estes conteúdos, visto que, na ausência das máquinas, a maioria dos alunos tinha contato, com as obras de Artes apenas por meio do livro didático (LOYOLA, 2009).

O referido autor afirma também que o espaço virtual pode ser um importante ambiente cultural para os estudantes, pois através dele os indivíduos podem armazenar os trabalhos confeccionados experimentando diversas possibilidades, por meio da interatividade e o compartilhamento das experiências vivenciadas.

A internet, com o seu desenvolvimento e popularização, assume cada vez mais característica de participação e colaboração, com tecnologias que viabilizam a criação e a interação com obras de arte em ambientes virtuais e se configura como mais um espaço para atividades e pesquisas no ensino/aprendizagem. A interatividade propicia a experimentação favorece a construção de conhecimento e amplia o campo de recursos pedagógicos para o ensino de Arte (LOYOLA, 2009, p. 11).

A pesquisa aborda o ensino de Artes Visuais, através da perspectiva da Abordagem Triangular, sistematizada por Ana Mae Barbosa buscando analisar as possibilidades atuais do uso do computador e da internet no ensino da disciplina. Também apresenta e relata experiências vivenciadas em escolas públicas e procura investigar as possibilidades da tecnologia e da internet, como recurso para o desenvolvimento de novas metodologias no ensino de Arte (LOYOLA, 2009).

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Algumas atividades merecem destaque, diante dos vários trabalhos realizados pelo professor. Entre eles estão, os projetos desenvolvidos com estudantes jovens e adultos do EJA da Escola Municipal Francisca de Paula, localizada na região oeste de Belo Horizonte. O projeto proporcionou o aceso e a familiarização com os computadores através da pesquisa de imagens e textos sobre a pré historia e a Arte rupestre e a criação de desenhos digitais. Também foi criada dentro da escola uma rádio com acesso a internet, que possibilitava o compartilhamento de notícias e conteúdos para todos os usuários da instituição.

“É importante ressaltar a importância de implementação de projetos colaborativos

dessa natureza na escola pública, com proposta e objetivos que promovem o

acesso à informação” (LOYOLA, p. 39).

Outro projeto bastante expressivo foi realizado pelos alunos do EJA da Escola Municipal Hélio Pellegrino, localizada na região norte da cidade, no ano de 2007.

Utilizando o site “Rede Interativa Virtual de Educação”, do Ministério da

Educação, os estudantes tiveram acesso a programas que estimulavam o uso da cor, luz e cores. Essas ferramentas permitiam conhecimento a vários conteúdos explicativos relacionados à Arte (LOYOLA, 2009).

Diante dessas informações, um aluno sugeriu ao professor a criação de um trabalho com mandalas, pois visualizou nos disco de cores dispostos nos programas a possibilidade, de fazer um projeto que envolvesse o conhecimento adquirido contextualizado com a realidade dos indivíduos. A sugestão foi aceita pelo professor e em seguida todos os alunos desenvolveram um desenho do objeto (LOYOLA, 2009).

Porém, ao repassar o desenho das mandalas para o disco rígido, foi observada uma enorme variação de cores e formas e poucos indivíduos respeitaram o desenho original. Alguns estudantes realizaram o trabalho utilizando os desenhos de estampas, de ralinhos de banheiro, partes do corpo, meio ambiente, etc. As obras realizadas pelos indivíduos foram colocadas numa exposição dentro da escola, confirmando os benefícios e a facilidade em usufruir da Arte (LOYOLA, 2009).

(30)

Horizonte. Posteriormente as respostas fornecidas pelos arte-educadores e as experiências do autor serviram como fontes para tecer reflexões e considerações sobre o tema.

2.5) “Ensino de Arte: Entre a Imagem e a Ação” - Sâmara Oliveira

Carbonari Santana (UFMG).

Em 2010, a estudante Sâmara Oliveira Carbonari Santana, apresentou ao Programa de Pós Graduação em Artes da Escola de Belas Artes da Universidade

Federal de Minas Gerais. A dissertação de mestrado intitulada como, “Ensino de Arte: Entre a Imagem e a Ação”.

A pesquisa foi desenvolvida, a partir da utilização de três teorias contemporâneas acerca da cognição da Abordagem Triangular proposta por Ana Mae Barbosa das Metáforas Cognitivas explicitada por Arthur Efland e da Educação da Atenção, criada por Tim Ingold (SANTANA, 2010).

O objetivo do trabalho foi salientar a importância das aulas de Artes como ferramenta principal para o desenvolvimento da imaginação dos estudantes, com base nas argumentações pedagógicas dos três teóricos (Barbosa, Efland e Ingold). A investigação ocorreu em dois projetos realizados em aulas de Artes de uma escola particular localizada na cidade de Belo Horizonte.

De acordo com Santana (2010), a utilização das aulas de Arte como estratégia para o desenvolvimento da imaginação e das habilidades dos estudantes são totalmente aprovados e justificáveis pois, a partir delas os estudantes são estimulados e conseguem potencializar a capacidade em fazer e usufruir das obras visuais.

O ensino de arte é território fértil para o pensamento imagético já que o contato com a arte permite que a imaginação seja estimulada na oferta de desafios complexos aquele quer produz arte, ao formar metáforas

cognitivas e ao “educar” a atenção na construção de habilidades

específicas (SANTANA, 2010, p. 110).

(31)

sugestões dos professores, estudantes e da equipe de Arte. Diante dessa realidade a implantação dos projetos elaborados pela autora conseguiu se encaixar perfeitamente na estrutura pedagógica da escola.

O primeiro trabalho desenvolvido foi “O Projeto Máquinas”, realizado em outubro

de 2008. Participaram das atividades estudantes da segunda série, com idade

entre 6 a 8 anos.” A finalidade era que se fizesse uma sequência de aulas sobre a

construção individual de uma máquina utilizando sucata” (SANTANA, 2010, p.42).

O projeto foi estruturado em um conjunto de aulas nas quais o uso da sucata possibilitou a criação de uma máquina. O tema era livre e as máquinas eram construídas de acordo com o sonho e o desejo dos estudantes. Os objetivos das atividades eram de trabalhar a prática artística e estimular a produção visual da escolha das sucatas até a finalização com a pintura (SANTANA, 2010)

O outro projeto “Vídeo Arte”, também foi realizado no ano de 2008 no segundo

semestre. “Primeiramente, foi proposto para turmas de quarta série, no final de

2008. Posteriormente, no início de 2009 para turmas de terceira série durante as

aulas de Arte” (SANTANA, 2010, p.66). O objetivo do projeto era proporcionar

aos estudantes o desenvolvimento da criatividade na elaboração de uma peça de teatro, do roteiro até a edição final. Contudo os alunos puderam aprender e desenvolver conhecimento técnico de programas de edição, dramaturgia e filmagem (SANTANA, 2010).

2.6) “Interfaces Abertas: Dispositivos Programáveis no Ensino de Artes

Visuais” - Sara Moreno Rocha (UFMG).

Outro trabalho que também abordou a tecnologia e Arte foi da autora Sara

Moreno Rocha, defendido no ano de 2012, intitulada como “Interfaces Abertas:

Dispositivos Programáveis no Ensino de Artes Visuais”. A autora propôs uma

reflexão sobre o uso de tecnologias contemporâneas no contexto do ensino de Artes.

De acordo com Rocha (2012), a Arte e a tecnologia sempre apresentaram alguma relação e estiveram sempre inseridos no desenvolvimento e na evolução

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criação, o estudo e a disseminação da Arte, assim como aconteceu em todas as

outras áreas do conhecimento” (ROCHA, 2012, p. 12).

Através das tecnologias contemporâneas e a internet qualquer indivíduo portando tal recurso consegue usufruir de uma diversidade de métodos que viabilizam o contato com os conteúdos relacionados a Artes. Por exemplo, acesso a galerias de foto, experiências com obras de webart que foram criadas especificamente para o mundo digital e a utilização de softwares que permitem a criação de imagens, som e vídeo (ROCHA, 2012).

A dissertação busca comprovar os benefícios da utilização das inovações tecnológicas no ensino e no fazer Artes Visuais, porém a autora sugere e enfatiza a necessidade da utilização dos recursos digitais em sua totalidade, que vai além do emprego funcional estabelecido pelas ferramentas, permitindo que o usuário possa ter acesso a recursos de controle, que são na maioria das vezes omitidos pelos programadores (ROCHA, 2012).

Essa hipótese foi demonstrada através de uma experiência prática intitulada como Mini- Laboratório. Com a participação dos alunos da Licenciatura em Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFMG. A pesquisa visou alcançar dois objetivos principais: citar as concepções que os participantes tinham a respeito dos termos tecnologia e Arte e tecnologia e também destacar a importância e as possibilidades da utilização dos blocos programáveis, como Crickets e o Scracth, no contexto de ensino e aprendizagem, por meio das reflexões e sugestões dos participantes (ROCHA, 2012).

2.7) “Possíveis Travessias: uma possibilidade na formação de

arte/educação” – Sonia Leite de Assis Fonseca (UFMG).

A dissertação de mestrado escrita pela autora Sonia Leite de Assis Fonseca foi apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Artes da Escola de Belas Artes da UFMG, no ano de 2010. Intitulado “Possíveis Travessias: uma possibilidade na formação de arte/educação”.

(33)

Horizonte, demonstrando a importância do desenho de observação, na formação dos arte/educadores. A pesquisa apoia-se principalmente em princípios e conceitos de dois grandes filósofos franceses: Gaston Bachelard e Maurice Blanchot (FONSECA, 2010).

Para Fonseca (2010), apropriar-se das referências de Guinard pode ser um possível caminho na formação de arte-educadores qualificados, pois através do ensino de desenho de observação e da utilização da técnica com lápis de grafite duro, sem a interferência da borracha os indivíduos conseguiram desenvolver e expandir ao máximo o olhar para todos os sentidos visto que, essa metodologia propicia o auto-conhecimento, o silêncio e a concentração, fatores essências para a criação das produções artísticas.

Ponta afiada, o lápis de grafite mais duro obriga o desenhista a um exercício de centramento, o lápis sulca o papel, grava-o inalienalmente. A borracha não ajuda, pouco resolve e, portanto, o desenhista tem de se render a uma profunda observação impulsionada pela quietude em seu ser. A partir desse instante, o desenhista traz no seu gesto a certeza que permite que uma clareza vinda de um lugar inacessível para uma mente analítica lhe ensine as possibilidades do ser artista (FONSECA, 2010, p. 42).

A pesquisa não enfatiza as técnicas e os procedimentos para a realização do desenho, mas tem como objetivo principal apresentar o desenho de observação como valor de descoberta do ser sensível viabilizando um acesso imediato ao mundo impalpável e subjetivo provocado pela quietude e o silêncio da proposta pedagógica, a fim de proporcionar aos indivíduos condições para a compreensão das obras artísticas e dos sentimentos provocados por meio do contato com as obras (FONSECA, 2010).

(34)

2.8) “Memórias escolares e formação de professores: um olhar sobre a experiência de arte-educadores de Campinas” – Lívia Seber Van Kampen (USP).

O primeiro trabalho investigado na biblioteca virtual da USP, foi da autora Lívia Seber Van Kampen, intitulado como “Memórias escolares e formação de

professores: um olhar sobre experiências de arte-educadores de Campinas”,

apresentado no ano de 2013 à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. A pesquisa teve como objetivo principal analisar a relação que os arte-educadores fazem entre suas experiências formativas e a atuação profissional.

A autora realizou entrevistas com 4 arte-educadores de escolas públicas municipais e estaduais, da cidade de Campinas-SP. A série de perguntas abordou temas relacionados à trajetória de vida dos entrevistados fazendo um paralelo entre a experiência docente e as experiências enquanto alunos, com a finalidade de apresentar reflexões e conhecimentos relevantes para a formação de um professor (KAMPEM, 2013).

A seleção dos participantes ocorreu de maneira harmoniosa buscando o equilíbrio entre indivíduos do sexo feminino e masculino, tempo de atuação como a docência e também procurou-se optar por professores com formações nos cursos de Educação Artística ou Artes Visuais de instituições públicas ou privadas, porém em localidades diferentes (KAMPEM, 2013).

2.9) “Arte-Educação e Educação Ambiental. Uma reflexão sobre a

colaboração teórica e metodológica da Arte-Educação para a Educação

Ambiental” – Ana Cristina Chagas dos Anjos (USP).

O tema arte-educação e educação ambiental foi a escolha da dissertação da autora Ana Cristina Chagas dos Anjos. O trabalho foi apresentado no ano de 2010 à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Intitulado

como “Arte-educação e Educação Ambiental. Uma reflexão sobre a colaboração

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O trabalho apresenta algumas indagações e reflexões sobre o trabalho de Arte-educação e Educação Ambiental desenvolvido através da perspectiva interdisciplinar envolvendo educação e conservação do meio ambiente. Os conceitos teóricos da autora Ana Mae Barbosa e do educador Paulo Freire, foram utilizados como alicerces para o desenvolvimento do trabalho (ANJOS, 2010).

De acordo com Anjos (2010), após a criação da Abordagem Triangular sistematizada pela arte-educadora Ana Mae Barbosa e a realização do XIV Festival de Inverno de Campos de Jordão houve um surgimento de novas ideias e possibilidades sobre o uso de propostas pedagógicas de arte-educação em outras disciplinas, buscando utiliza- las como mediadores para a integração de assuntos relacionados a problemas sociais, culturais e ecológicos.

Diante dessas interlocuções a dissertação apresenta no terceiro capítulo o desenvolvimento do programa de educação e conservação ambiental, chamado

“Chão Verde Terra Firme”, cujo foco é a utilização da arte-educação com a

educação ambiental realizado nos anos de 2006 a 2009. O projeto contou com a participação de professores e da comunidade local do Vale do Juquery e da Serra da Cantareira, localizado no segmento norte-noroeste da região metropolitana de São Paulo (ANJOS, 2010).

2.10) “Mãos que tecem tapetes e realizam círculos: um estudo sobre a

imaginação e a formação de educadores autores nas artes visuais” – Anna

Rita Ferreira de Araújo (USP).

Por fim, foi analisada a tese de doutorado da arte-educadora Anna Rita Ferreira de Araújo. Apresentada no ano de 2012 à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Intitulado “Mãos que tecem tapetes e realizam

círculos: um estudo sobre a imaginação e a formação de educadores autores nas

artes visuais”. O trabalho realizou uma pesquisa sobre a imaginação e o seu

papel na formação dos arte-educadores (ARAÚJO, 2012).

(36)

fatos. Ao escrever as cartas a autora apropriava de uma fala bastante pessoal e interativa e afirma que a pesquisa não foi realizada somente com a finalidade de adquirir o título acadêmico, mas sim como um diálogo entres amigos (ARAÚJO, 2012).

Gostaria de iniciar, esclarecendo aos que forem debruçar os olhos sobre estas palavras que pretendo realizar uma escrita em formato de carta. Escolho tal formato para construir a possibilidade de diálogo, pois não quero apenas comunicar algo, gostaria também de receber, como na ancestral prática da troca de cartas, o retorno reflexivo de meus pares e provocar, assim, novas-outras correspondências imaginantes (ARAÚJO, 2012, p. 17).

As atividades da pesquisa foram realizadas através de um curso de capacitação

continuada, nomeado como “curso-pesquisa”. A proposta apresentada aos

professores participantes tinha como objetivo, disponibilizar o aprendizado teórico alienado as práticas desses conteúdos. Buscou-se também, propor ações para que os educadores pudessem exercitar o potencial criador perante o desafio de planejar e propor aulas de Artes Visuais (ARAÚJO, 2012).

(37)

3. Análise e reflexões sobre as principais contribuições das pesquisas investigadas para o Ensino de Artes Visuais.

Nesse capítulo serão expostos, os objetivos alcançados pelos autores nos trabalhos analisados. Importante ressaltar que o presente capítulo, tem a finalidade de demonstrar as contribuições das pesquisas para o ensino de Artes Visuais. Sendo assim, não serão aprofundados termos e conceitos dos objetos de estudo das publicações investigadas.

3.1) “O uso das Tecnologias Informatizadas no Ensino Fundamental I: O

uso do computador no Ensino das Artes Visuais” – Fátima Pinheiro de

Barcelos.

A pesquisa salientou os benefícios e o impacto positivo que o emprego das novas tecnologias pode causar na vida dos estudantes e dos professores. Utilizando o computador como ferramenta principal, Barcelos (2002) realizou dentro do ambiente escolar, diversas atividades que permitiram a familiarização dos estudantes com as máquinas através da criação de desenho animado, jogos virtuais por meio de programas específicos como o Animator e também atividades de reconhecimento de programas convencionais inclusos na programação das máquinas como exemplo o Power Point.

Os resultados foram bastante satisfatórios e expressivos no decorrer das atividades vários benefícios foram observados. Através do programa de animação Animator, os alunos puderam discutir e experimentar a expressão gráfica do desenho efetivamente. Também foi observado que o trabalho com a arte foi desenvolvido de forma natural e independente, os indivíduos conseguiram expressar perfeitamente suas ideias e pensamentos (BARCELOS, 2002).

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animação. Novas relações e amizades se formaram indivíduos com dificuldades de socialização foram inseridos pelos grupos, contribuindo na prática do respeito e solidariedade ao próximo (BARCELOS, 2002).

O projeto contribuiu também para a aproximação dos pais e da comunidade escolar, os familiares demonstraram interessados em compreender e auxiliar os filhos na realização dos trabalhos. Por isso foi solicitado à presença da professora para o esclarecimento das atividades e da proposta do trabalho, na reunião bimestral realizada pela escola (BARCELOS, 2002).

A integração ocorreu também entre os professores, o projeto que iniciou com uma proposta bem discreta de elaborar quatro quadros de desenho na aula de Artes, se transformou na criação de um projeto de animação na aula de informática. Em seguida, com o apoio da professora regente foi construído também um livro feito no computador, por meio dos bilhetes escritos no decorrer das aulas.

Foi um trabalho onde a participação de várias disciplinas, artes, informática, língua portuguesa e literatura aconteceu de forma que nenhuma delas perdeu a sua especificidade, nenhuma sobressaiu sobre as outras, mas houve sim uma relação de reciprocidade e colaboração (BARCELOS, 2002, p. 86).

No entanto, a autora destaca que as ferramentas tecnológicas não podem assumir o papel protagonizado pelo ser humano. “As máquinas não agem

sozinhas e sim a partir do pensamento e da (cri)ação humanos. O pensar precede

a ação e a ação precede a tecnologia contemporânea” (Barcelos, 2002, p. 34).

Também critica a falta de investimento por parte do governo e de empresas da área da informática, que não investem em projetos exclusivos para o ensino da disciplina. Ainda expõe o despreparo dos arte-educadores que não conseguem manusear os recursos tecnológicos, tornando-se reféns das máquinas e dos próprios estudantes (BARCELOS, 2002).

(39)

aprendizagem ocorre perfeitamente, sem prejuízo algum aos participantes inclusos nessa dinâmica (BARCELOS, 2002).

Sendo assim, a busca por capacitação e aperfeiçoamento deve ser contínua pelos professores. Visto que, o surgimento de novas máquinas, programas e software, ocorrem de maneira instantânea e os educadores precisam estar atentos a essa realidade. Para que assim, os estudantes possam vivenciar e extrapolar o máximo as suas habilidades intelectuais e sentimentais (BARCELOS, 2002).

3.2) “O Ensino da Arte e a Produção de Histórias em Quadrinhos no Ensino

Fundamental” - João Marcos Parreira Mendonça.

A utilização das histórias em quadrinhos HQ, como proposta metodológica para o ensino de Artes Visuais, foi o destaque deste trabalho. O autor afirma que através das HQ, pode-se promover a integração, a exteriorização, o respeito e o trabalho coletivo entre os estudantes (MENDONÇA, 2006).

Além de ser uma opção para a expressão artística pessoal, através da produção de HQ temos a oportunidade de trabalhar junto com os alunos, entre outras questões, o conceito de grupo, uma característica importante entre os alunos do ensino fundamental, tendo em vista que a criação artística pode ajudar o aluno a compreender o outro, intelectual e afetivamente, contribuindo também para atitudes cooperativas nos grupos de trabalho (MENDONÇA, 2006, p.102).

Mendonça (2006) ressalta ainda, a importância do desenho para o processo de formação do estudante, demonstrando os benefícios em que a prática exerce na vida escolar e de cidadania. Por meio do desenho o indivíduo consegue desenvolver habilidades essências que influenciaram na sua caminhada educacional e civil.

A proposta metodológica desenvolvida pelo autor possui em seu desenvolvimento diversos conceitos teóricos e muitas atividades práticas, que contribuem bastante para a compreensão e a inserção desses alunos no mundo das Artes Visuais.

(40)

produção, pela de seus colegas e de outras pessoas (MENDONÇA, 2006, p. 70).

A prática do desenho também contribui para que os estudantes construam expressem e se comuniquem de forma independente e solidária. Além disso, o uso das HQ no ensino de Arte pode potencializar ainda mais os sentidos, a percepção, imaginação e a reflexão nos estudantes estimulando a pesquisa e a leitura de novas histórias e a criação de novos enredos de própria autoria (MENDONÇA, 2006).

As histórias em quadrinhos conseguem atingir sucintamente os três eixos principais do ensino de Arte, o fazer, o contextualizar e o pensar. No decorrer da realização da HQ os estudantes passam por todos esses parâmetros, primeiramente ele pensa num possível enredo, que por sua vez pode ser uma situação vivenciada no seu contexto escolar ou familiar, posteriormente ele inicia o trabalho elaborando os desenhos, que muita das vezes se associa a cultura local, da comunidade escolar (MENDONÇA, 2006).

Por fim, as HQ tornam-se uma importante modalidade de ensino de Artes Visuais, estimulando e valorizando a capacidade lúdica, a flexibilidade e o espírito de pesquisa dos estudantes. Potencializando cada vez mais, a expressão de ideias, sensações e emoções, que podem originar em enredos e desenhos criativos (MENDONÇA, 2006).

3.3) “INVENTÁRIO E PARTILHA”- JULIANA GOUTHIER MACEDO.

A pesquisa da arte-educadora Juliana Gouthier Macedo, destacou a utilização do ensino de Artes Visuais, em movimentos sociais principalmente em ONGs. Através de suas experiências e práticas nesse ambiente a autora apresenta diversos fatores que interferem no cotidiano dessas instituições.

(41)

independente e autônoma. Isso implica em alguns problemas e prejuízos no ensino de Artes Visuais (MACEDO, 2008) que são.

a) A maioria das ONGs citadas na dissertação carecem de profissionais capacitados e graduados no ensino de Artes e raramente apoiam ou incentivam a formação desses profissionais.

b) Outro problema apontado pela autora é ausência de trabalhadores, pertencentes à comunidade onde está inserido o projeto social. As maiorias das ONGs possuem no quadro de funcionários, principalmente os de coordenação e direção, profissionais capacitados na execução de suas atividades, porém sem nenhum vinculo com a comunidade abrangente. Por isso é importante e necessário o estimulo a formação de arte-educadores e demais profissionais, que façam parte do projeto e estejam inseridos na realidade da comunidade (MACEDO, 2008).

Para Macedo (2008), nessas instituições a Arte possui o valor produtivo, muita das vezes os educadores ou monitores precisam desenvolver atividades imediatas, isentas de planejamento e embasamento teórico tornando as produções automáticas e seriadas. Para posteriormente, apresentar os resultados e os produtos dos indivíduos aos coordenadores e patrocinadores (MACEDO, 2008).

Em alguns Projetos Sociais que atuam com a arte- em suas mais diversas expressões- a arte tem autonomia, aproxima, dialoga, provoca, mobiliza e faz sentido no processo educativo, mas não avança das ações imediatas (MACEDO, 2008, p.67).

Diante dessa realidade os conteúdos e as atividades abordados nas oficinas, são confeccionados com bastante destreza, para que após a finalização sejam expostos aos patrocinadores e a comunidade.

Os patrocinadores avaliam seus investimentos através desses eventos, que não costumam refletir a construção do conhecimento em arte. Pelo contrário, em vários momentos costumam atropelar processos educativos em construção, em função de demandas externas de mostras de exibições públicas que justifiquem ás empresas seus investimentos (MACEDO, 2008, p.67).

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