REVISTA
PAULISTA
DE
PEDIATRIA
www.rpped.com.br
ARTIGO
ORIGINAL
Déficit
estatural
em
crianc
¸as
do
povo
Karapotó,
São
Sebastião,
Alagoas,
Brasil
Samara
Bonfim
Gomes
Campos
a,
Risia
Cristina
Egito
de
Menezes
a,∗,
Maria
Alice
Araújo
Oliveira
a,
Danielle
Alice
Vieira
da
Silva
a,
Giovana
Longo-Silva
a,
Juliana
Souza
Oliveira
b,
Leiko
Asakura
a,
Emília
Chagas
Costa
be
Vanessa
Sá
Leal
baUniversidadeFederaldeAlagoas(UfAl),Maceió,AL,Brasil
bUniversidadeFederaldePernambuco(UFPE),VitóriadeSantoAntão,PE,Brasil
Recebidoem14demaiode2015;aceitoem30deagostode2015 DisponívelnaInternetem7denovembrode2015
PALAVRAS-CHAVE
Populac¸ãoindígena; Estadonutricional; Antropometria; Desnutric¸ão
Resumo
Objetivo: Descreveraprevalênciadodéficitestaturalentrecrianc¸asdapovokarapotó. Métodos: Estudotransversal,debasepopulacional,incluiucrianc¸asentreseise59mesesda aldeiaPlak-ÔedopovoadoTerraNova,SãoSebastião(AL),feitoentre2008e2009.O défi-citestaturalfoi avaliadopeloíndiceestatura/idade,adotou-secomo pontodecorteescore z≤−2. A prevalênciade déficitestatural foi determinada pela comparac¸ãodasfrequências simpleserelativas.Ascurvasdecrescimentodapopulac¸ãoforamcomparadascomascurvas dereferênciadaOMS.Aanálisedosdadoscontemplouavariáveldedesfechoestatura/idadee asvariáveispreditoraslocaldemoradia,sexo,idade,anemia,pesoaonascer,rendafamiliar, alfabetizac¸ãomaterna.Paracomparac¸ãodasvariáveiscategóricasdosgruposfoiusadooteste doqui-quadradoeotestedoqui-quadradocomcorrec¸ãodeYatesparaasvariáveisdicotômicas, consideraram-secomosignificânciaestatísticap-valores≤0,05.
Resultados: Aprevalênciadedéficitestaturalfoide15,6%paraascrianc¸asdopovoado Terra--Nova e9,1%para asdaaldeiaPlak-Ô.A prevalênciade déficitestatural dapovokarapotó foi de13,4%.Asvariáveis:alfabetizac¸ãomaterna,rendafamiliarebaixopeso aonascerse relacionaramestatisticamentecomodéficitestatural.
Conclusões: Asprevalênciasdedéficitestaturalverificadassãoexpressivas,sãocaracterizadas comoproblemadesaúdepública.Destacam-se,entreosfatoresassociados,condic¸ões desfa-voráveisdealfabetizac¸ãomaterna,rendafamiliarebaixopesoaonascer.Oplanejamentode estratégiasparamudarasituac¸ãoprecisalevartaisfatoresemconsiderac¸ão.
©2015SociedadedePediatriadeSãoPaulo.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Esteéumartigo OpenAccesssobalicençaCCBY(https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/deed.pt).
DOIserefereaoartigo:http://dx.doi.org/10.1016/j.rppede.2016.02.006
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:risiamenezes@yahoo.com.br(R.C.E.Menezes).
KEYWORDS
Indigenous population; Nutritionalstatus; Anthropometry; Malnutrition
ShortstatureinchildrenofKarapotóethnicbackground,SãoSebastião,Alagoas, Brazil
Abstract
Objective: To describe the prevalenceof short statureamong children of Karapotó ethnic background.
Methods: Cross-sectional, population-based study that included children between 6 and 59monthsofagefromthePlak-ÔnativevillageandtheTerraNovasettlement,SãoSebastião, Alagoas,carriedoutbetween2008and2009.ShortstaturewasevaluatedbytheHeight/Age index,usingascutoffzscore≤−2.Theprevalenceofshortstaturewasdeterminedby compa-ringsimpleandrelativefrequencies.ThepopulationgrowthcurveswerecomparedtotheWHO reference curves.Data analysisincludedthe outcomevariable:Height/Ageandthe predic-torvariables:placeofresidence,gender,age,anemia,birthweight,familyincome,maternal literacy.Thechi-squaretestwasusedtocomparethecategoricalvariables,whereasthe chi-squaretestwithYatescorrectionwasusedfordichotomousvariables,consideringasstatistically significantp-values≤0.05.
Results: Theprevalenceofshortstaturewas15.6%forchildrenfromtheTerraNovasettlement and 9.1%for those from Plak-Ô native village. The prevalenceof shortstature among the Karapotóethnicitywas13.4%.The variables:maternalliteracy,familyincomeandlowbirth weightwerestatisticallyassociatedwithshortstature.
Conclusions: Theobservedshortstatureprevalenceratesaresignificant,beingcharacterized asapublichealthproblem.Amongtheassociatedfactors,thefollowingarenoteworthy: unfa-vorableconditionsofmaternalliteracy,familyincomeandlowbirthweight.Theplanningof strategiestoreversethesituationmusttakesuchfactorsintoconsideration.
©2015SociedadedePediatriadeSãoPaulo.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisanopen accessarticleundertheCCBYlicense(https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/).
Introduc
¸ão
Adespeito daimportância, ainda sãoescassos os estudos disponíveissobreacondic¸ãosocial,demográficae epidemi-ológica,emespecialsobreoperfilalimentarenutricional, da populac¸ão indígena brasileira. Embora persista essa escassezdeinformac¸ões,estudosrecentesevidenciamuma marginalizac¸ãosocial,oquetemprovocadoimpactos nega-tivossobreoprocessosaúde/doenc¸adessespovos.1-3Noque
serefereaoperfilnutricionaldospovosindígenasnoBrasil,
percebe-sequeessespassamporumcomplexoprocessode
transic¸ão,marcadopeloaumentodoexcessodepesoentre
adultosepelapersistênciadeagravosrelacionadosàs
carên-ciasnutricionais, em especial o atraso nocrescimentode
crianc¸as.4-6 Essa conjuntura podeser atribuídaà
conside-rávelsociodiversidadeenvolvida, seconsiderarmosque no
Brasil,foramcontabilizados maisde200povos emtodo o
território nacional.7 Quanto ao atraso do crescimentode
crianc¸asindígenas,háregistrosdepovosnosquaisse
identi-ficoumaisdametadedapopulac¸ãoacometidapeloagravo.
Essepanoramapodetersériasimplicac¸õesnasaúdedessa
populac¸ão.8
Dessa forma, para a populac¸ão indígena brasileira,
se observa uma importante sobreposic¸ão de agravos: o
aumento do excesso de peso entre adultos, sem que a
desnutric¸ão de crianc¸as tenha sido superada.1,7,9
Consi-derando que essas questões ainda não foram totalmente
exploradas e com o intuito de contribuir para o melhor
entendimentodadinâmicadoagravonessapopulac¸ão,este
trabalho teve como objetivo descrever a prevalência do
déficit decrescimentoentreascrianc¸asdapovokarapotó
queresidememduaslocalidadesdoEstadodeAlagoas,na
perspectivaderegistraroagravoemumperíododerápida
transic¸ãonutricionalpelaqualpassaopaís.
Método
Esses dados fazem parte da pesquisa ‘‘Vigilância alimen-tar e nutricional: implantac¸ão de áreasentinela em duas populac¸ões do povokarapotó’’. Trata-se deestudo trans-versal,queconsideroucomounidadedeestudoapopulac¸ão decrianc¸asentreseise59mesesresidentesnaaldeia Plak--Ôe nopovoado TerraNova,em SãoSebastião,Estadode Alagoas.Osprocedimentosempregadospelapesquisa,com relac¸ãoàpopulac¸ãodeestudo e àcoletadedadosforam descritosanteriormente.9
O processo demodelagem compreendeu levantamento
censitáriofeitopelosagentesdesaúdeindígena,que
iden-tificaram crianc¸as dafaixaetária delimitadapelo estudo.
Dessas, cinco não foram encontradas nos momentos da
coletadedados,demaneiraqueapopulac¸ãodoestudofoi
de 98 crianc¸as. Uma crianc¸a foi excluída devido à
incon-sistênciadedadosantropométricoseapopulac¸ãofinalfoi
compostapor97crianc¸as.
O trabalho de campo foi feito entre 2008 e 2009 por
equipedevidamentetreinada,aqualestevenaaldeiaeno
Foramfeitasentrevistascomasmães/responsáveispelas
crianc¸as,mediantevisitasdomiciliareseaplicac¸ãode
ques-tionárioscompostosporperguntasreferentesainformac¸ões
socioeconômicas,demográficasebiológicas.Apóso
preen-chimento, os questionários foram revistos para avaliar e
corrigirinconsistênciasdasinformac¸õescoletadas.
A coleta dos dados antropométricos e a dosagem de
hemoglobinaforamfeitasnospolosbasedaaldeiaedo
povo-ado.Aavaliac¸ãoantropométricafoifeitaapóscapacitac¸ão
daequipe,deacordocomarecomendac¸ãodaOrganizac¸ão
Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde.10,11 O
peso corporal foi obtidopormeio debalanc¸a
antropomé-tricatipomarte,comcapacidadede200kgesensibilidade
de50g.Paraaferic¸ãodocomprimentodascrianc¸as
meno-res de 24 mesesfoi usado infantômetro de madeira com
escala de 100cm e resoluc¸ão de 0cm e para crianc¸as
maiores o estadiômetro vertical com 213cm. Essas foram
pesadas emedidas descalc¸as,comvestimenta mínima.As
crianc¸ascomatédoisanosforammedidasemdecúbito
dor-sal e aquelas entredois e cinco anos, em posic¸ão ereta.
Foram feitas duas medidas e calculadas as respectivas
médias.
Para avaliar o estado nutricional, foi usado o
soft-ware Anthro-2007eadotadoo índiceestatura/idade para
odiagnóstico dedéficitestatural/desnutric¸ão. Foram
usa-dascomoreferênciaascurvasdecrescimentodaOMS.12,13
Aclassificac¸ãodascrianc¸assegundooíndiceestatura/idade
foiexpressaemescorezeadotaram-seospontosdecorte
déficitestatural(≤−2escoresZ)eeutrofia(>−2escoresz).
Para o diagnóstico da anemia, a hemoglobina (Hb) foi
dosada mediante o uso de um hemoglobinômetro
portá-til Hemocue (Fresenius Kabi, Uppsala, Suécia), seguiu-se
procedimentopadrãocomacoletadegotadesangue por
punc¸ão de polpa digital. O ponto de corte usado para
diagnóstico daanemiafoi de hemoglobina<11g/dL.14 Para
todasascrianc¸asdiagnosticadascomanemiafoigarantida
asuplementac¸ãodeferro,comoapoiodoDistritoEspecial
Indígena(DSEI-AL).
Para afeitura doparasitológicodefezes, foram
entre-guesrecipientesaosresponsáveis,osquaisforamorientados
paraa coletadefezes nosseusrespectivosdomicílios.As
amostrasfecaisforamrecolhidas,acondicionadasemcaixa
térmicaresfriadaeenviadasparaanáliselaboratorialpelos
métodosdesedimentac¸ãoespontâneaeKato-Katz.15,16
Foifeitaaduplaentradadedados,avalidac¸ãoeo
pro-cessamento das análises com o uso do software Epi-Info
versão 6.04 (CDC, Atlanta, EUA). As variáveis analisadas
foram categorizadas em local de moradia: Plakô e Terra
Nova; coletade lixo:classificada como ‘‘adequada’’ (lixo
coletado)ou‘‘inadequada’’’(lixoenterrado,queimadoou
depositado em terreno baldio). A variável local de
nas-cimento da crianc¸a foi divida entre as que nasceram no
hospital ou na maternidade e asque tiveramparto feito
na própria casa. Sobre a suplementac¸ão de vitamina A,
foiverificado nocartãodacrianc¸aoregistro deaplicac¸ão
domicronutriente.Ascrianc¸asnascidascompeso≥2.500g
foramclassificadascomo‘‘pesoadequado’’.Asque
nasce-ramcompesomenordoqueessevalorforamclassificadas
como ‘‘peso inadequado’’, obtido a partir do cartão da
crianc¸a.17Arendafamiliarpercapita(rendimentosobtidos
nomês anterioràentrevista) foiclassificada em menor e
maiordoqueumsaláriomínimo.Oníveldealfabetizac¸ão
dasmãesfoiclassificadoem mãesqueleeme escreveme
asanalfabetas.
Aprevalênciadodéficit estaturalfoideterminadapela
comparac¸ão das frequências simples e relativas. Para
compararasvariáveiscategóricas,foiusadootestedo
qui--quadradoouotestedoqui-quadradocomcorrec¸ãodeYates
paraasvariáveisdicotômicas,considerou-seop-valor≤0,05
comosignificânciaestatística.Paraacomparac¸ãodas
cur-vasdecrescimentodapopulac¸ãoestudadacomascurvasde
referênciadaOMS,foramelaboradosgráficosparaoíndice
estatura/idade, com o uso do software Anthro, segundo
localdemoradia.12OprojetofoiaprovadopeloComitêde
Éticaem Pesquisaem SeresHumanos, sob o protocolo n◦
009429/2006-15.Oestudotambémfoisubmetidoàe
apro-vadopelaComissãoNacionaldeÉticaemPesquisa,conforme
prevêdeterminac¸ãoparaestudosempopulac¸õesindígenas,
soboprotocolo1.013.414.
Resultados
Acaracterizac¸ão da populac¸ãoestá descrita na tabela 1,
naqualsepodeobservarpredominânciadosexofeminino
(54,6%)edeidade≥2anos(67%).Constata-seque66%das
crianc¸asdopovoestudadoresidemnaaldeiaPlak-Ôe34%
nopovoadoTerraNova.
Tabela1 Caracterizac¸ãodapopulac¸ãodascrianc¸as meno-resdecincoanos,dopovokarapotó.SãoSebastião-Alagoas, 2008/9
Variáveis Ncominformac¸ão %
Localdemoradia
Plak-Ô 33 66,0
TerraNova 64 34,0
Sexo
Masculino 44 45,4
Feminino 53 54,6
Idade
<2anos 32 33,0
≥2anos 65 67,0 Coletadelixo
Adequada -
-Inadequada 97 100,0
Localdenascimentoa
Maternidade/Hospital 94 97,9
Casa 2 2,1
Suplementac¸ãovitaminaAa
Sim 67 77,0
Não 20 23,0
Anemiaferropriva
Não 41 42,3
Sim 56 57,7
Presenc¸adeparasitosesa
Não 24 32,9
Sim 49 67,1
Tabela2 Déficitestatural,emmédiadeescoreZ,emmenoresdecincoanos,dopovokarapotó,segundovariáveisrelacionadas acrianc¸aematernas.SãoSebastião-Alagoas,2008/9
Variáveis N % Estatura/idadeescorez
¯
x±DP p-valor
Localdemoradia
Plak-Ô 33 66,0 −0,27±1,52 0,29
TerraNova 64 34,0 −0,68±1,24
Sexo
Masculino 44 45,4 −0,43±1,33 0,23
Feminino 53 54,6 −0,64±1,37
Idade(anos)
<2 32 33,0 −0,56±1,32 0,89
≥2 65 67,0 −0,54±1,37 Anemianacrianc¸a
Não 41 42,3 −0,29±1,32 0,10
Sim 56 57,7 −0,73±1,35
Pesoaonascer
Adequado 88 90,7 −0,46±1,28 0,02
Inadequado 9 9,3 −1,35±1,80
Rendafamiliara
≥1Saláriomínimo 56 58,3 −0,22±1,40 0,03
<1Saláriomínimo 40 41,7 −0,78±1,28
Alfabetizac¸ãomaterna
Lêeescreve 62 63,9 −0,30±1,25 0,01
Analfabeta 35 36,8 −0,97±1,42
aValorreferenteaosaláriomínimovigenteem2008/9.
Observou-seprevalênciadedéficitestaturalde15,6%em crianc¸ascujasfamíliasresidiamnopovoadoTerra-Novaede 9,1%paraashabitantesdaaldeiaPlak-Ô.Paraascrianc¸asdo povokarapotó,aprevalênciadodéficitestaturalencontrada
foide13%(fig.1).Odéficitestatural,emmédiasde
esco-resz,nãoserelacionoudeformasignificativacomosexo,
aidade,apresenc¸adeanemiaeolocaldemoradia.Para
asvariáveisalfabetizac¸ão materna, renda familiar e peso
ao nascer, foramencontradas diferenc¸asestatisticamente
significativasentreascategoriasanalisadas,observaram-se
menores médias de escores z de estatura/idade entre as
86,6 % 90,9 % 84,4 %
9,1 % 13,4 %
Karapotó Plak-Ô Terra Nova
Eutrofia (>–2 escores z) Déficit de crescimento (≤–2 escores Z) 15,6 %
Figura1 Estadonutricional,segundooíndiceestatura/idade, entrecrianc¸asmenoresde cincoanosdo povokarapotó,por localdemoradia.SãoSebastião-Alagoas,2008/9.
crianc¸asquenasceramcombaixopeso,naquelascujasmães eramanalfabetasenaspertencentesafamíliascomrenda percapitainferioraumsaláriomínimo(tabela2).
Afigura2apresentaacomparac¸ãododéficitde
cresci-mento,peloíndiceestatura/idadedapopulac¸ãoestudada,
comascurvasdereferênciadaOMS.Ascrianc¸as
apresenta-ram,deformageral,valoresinferioresdeescorez,quando
comparados com os pontos de referências analisados, e
apresentaram,nasduaslocalidades,curvasdecrescimento
comtendênciasdeinclinac¸ãodeslocadasàesquerda.
Discussão
A populac¸ão investigada habita duas localidades de um municípiodoNordestebrasileiro,SãoSebastião,regiãodo semiárido alagoano.O povo karapotó é formado por uma populac¸ãoestimadaem1.067habitantes,cujoestilodevida e de subsistênciaassemelha-se à populac¸ão nãoíndia do Brasil.18
Emrelac¸ãoàcondic¸ãoambiental,emespecialnoquese
refereavariávellixo,observa-sequeapopulac¸ãoanalisada
nãoteveacessoàcoletaadequadadedetritosnoperíodo
analisado. Essa condic¸ão, assim como o alto índice de
infestac¸ãoporparasitoseintestinalidentificado(67%),
den-treoutrasquestões,temsidofrequentementeassociada à
desnutric¸ãoemcrianc¸as.1,19Nocontextodasmúltiplas
cau-sasassociadasaoagravo,essascondic¸õessanitáriasdevem
45%
40%
35%
30%
25%
15%
5% 20%
10%
0%
–5 –4,5 –3,5 –2,5 –1,5 –0,5 0
z-score
Referéncia OMS Etnia Karapotó
Crianças
45%
40%
35%
30%
25%
15%
5% 20%
10%
0%
Crianças
0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 –1
–2 –3
–4 –5 –4,5 –3,5 –2,5 –1,5 –0,5 0
z-score
0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 –1
–2 –3 –4
45%
40%
35%
30%
25%
15%
5% 20%
10%
0%
Crianças
–5 –4,5 –3,5 –2,5 –1,5 –0,5 0
z-score
0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 –1
–2 –3 –4
Referéncia OMS Povoado Terra Nova
Referéncia OMS Aldeia Plak-Ô
Figura2 Comparac¸ãodacurvadecrescimentodemenoresdecincoanos,dopovokarapotó,comacurvadaOMS,segundoíndice estatura/idade,porlocaldemoradia.SãoSebastião-Alagoas,2008/9.
processohabitualmentelongo,em especialquandonãose preveemmedidasdemelhoriadascondic¸õesambientaisde saneamentoedequalidadedevida.1,2
Apesar do acesso ao parto hospitalar identificado em
quasetodapopulac¸ãoavaliada(cercade98%),odeficiente
acesso dessepovo aosservic¸osde saúdeé retratado pela
baixacoberturadasuplementac¸ãocommegadosesde
vita-minaA,ressalta-seque23%dapopulac¸ãonãoreceberamo
suplementomedicamentoso.Crianc¸asdesnutridas
frequen-tementeapresentamhipovitaminoseA,oqueseguramente
compromete seu prognóstico.20 A vitamina A deveria ser
administrada,comdosesprofiláticas,conformeprevê
estra-tégia brasileira de controle do agravo.21 A administrac¸ão
dessemedicamentopropiciariaaessascrianc¸asumaumento
da resistência a infecc¸ões, em especial no aparelho
res-piratório e digestivo, e preveniria infecc¸ões respiratórias
agudas e asdiarreias, agravos extremamente corriqueiros
nessafasedavida.21
Outroagravonutricionalidentificadonapopulac¸ãofoia
anemiaferropriva,queacometeu quase60% dapopulac¸ão
no períodoanalisado. Esse tipo de anemia, comumentre
ascrianc¸asbrasileiras,repercutenegativamenteno
desen-volvimentoneuropsicomotore na capacidadecognitivado
indivíduo, em especial quando incide precocemente
(pri-meiros anos de vida), o grupo etário mais vulnerável ao
agravo.22
O déficit de estatura atingemaisde 13% dascrianc¸as,
prevalênciasuperioràdecrianc¸asnãoindígenasnoestado
de Alagoas (10,3%)23. Ressalta-seainda que a prevalência
aquiencontradaéquaseduasvezessuperioràdecrianc¸as
nãoindígenasdoBrasil(7%),segundoaPesquisaNacionalde
DemografiaeSaúde.24
Situac¸õesimportantesdaexistênciadadesnutric¸ãoentre
crianc¸asindígenas foramregistradasnoInquéritoNacional
deSaúde e Nutric¸ãodos Povos Indígenas/2009.7 Oestudo
trouxe à tona informac¸ões relevantes sobre o perfil das
sociedades indígenas noBrasil, ao retratar a presenc¸ade
transic¸ãonutricionalnessapopulac¸ão, comemergênciado
sobrepeso(30,2%)eobesidade(15,7%)emmulheresde14a
49anos,semqueadesnutric¸ãoentreascrianc¸astenhasido
superada.Areferidapesquisarevelouque26%dascrianc¸as
menoresdecincoanos têmdéficit deestatura poridade,
proporc¸ãoaindamaiornaregião nortedopaís(41,1%).7
Noquedizrespeito aoatraso docrescimento,segundo
local de moradia, sexo e idade das crianc¸as, não foram
detectadasdiferenc¸assignificativadopontodevista
esta-tístico.Essefatoindicaqueoagravoacometeuascrianc¸as,
nascategoriasanalisadas,em termosdemagnitude,numa
mesmaintensidade.
O uso de −2 desvios-padrão como limite implica que
2,3% da populac¸ão de referência são classificados como
‘‘desnutridos’’ até mesmo se forem indivíduos
verda-deiramente ‘‘saudáveis’’, sem apresentar dificuldades de
crescimento.Portanto,2,3%podemserconsideradoscomo
‘‘valordebase’’ouprevalênciaesperada.Embora as
pre-valênciasem populac¸õescarentes sejamgeralmente mais
elevadasdoque2,3%,25aexpressivavulnerabilidade
nutri-cional dessa populac¸ãoé demonstrada pelos valores aqui
encontrados(cercade9%a16%,segundolocaldemoradia),
ultrapassamentrequatroesetevezesmaisovalorlimítrofe.
Emboraestejaclaroquecrianc¸asindígenasbrasileirasainda
apresentemelevadaprevalênciadoatrasodecrescimento,
acompreensãodosprincipaisfatoresrelacionadosaoagravo
aindaélimitada.7,8
No que diz respeito à associac¸ão do déficit estatural
eidade das crianc¸as,os resultadosaquiapresentadossão
semelhantesa estudos com ascrianc¸as kaingang, para as
quaisaidadenãosemostrousignificativamenteassociadaao
déficitponderal.26 Contrariamente,estudofeitoem
idadedacrianc¸a:quantomenoraidade,melhorseuestado
nutricional.27Osautoresdotrabalhoapontaramparao
alei-tamentomaternocomofatordeprotec¸ãoparaoagravono
grupoavaliado.
O saber ler e escrever da mãe influenciou
favoravel-menteoestadodenutric¸ãodeseusfilhos.Maioresmédias
de escores z foram identificadas entre os filhos de mães
alfabetizadas.Quandotaisachadossãocomparadoscomos
estudosfeitoscomapopulac¸ãoemgeral,osresultadosaqui
apresentados corroboram os dados da literatura. Estudos
indicamabaixaescolaridadematernacomofatorpreditivo
dadesnutric¸ão entrecrianc¸as. Sem dúvida,a desnutric¸ão
é maisfrequenteem populac¸ões combaixa escolaridade,
devido,em parte,àrelac¸ãoentreescolaridadematernae
inserc¸ãodamulhernomercadodetrabalho,oquepermite
oaumentodopoderaquisitivodafamíliaeafetadeforma
diretaadisponibilidadeeoacessoaosalimentos.28,29
Emrelac¸ãoàanálisedorendimentofinanceirodas
famí-lias, sabe-se que essa envolve diferentes aspectos que
dificultamainterpretac¸ãodessesdados,considera-sequeas
comunidadestradicionais,taiscomoapopulac¸ãoindígena,
configuramorganizac¸õessociaisqueoperamformas
econô-micascompoucaacumulac¸ãodecapitalefortedependência
dasatividadesdesubsistência.Dessaforma,amensurac¸ão
dopoderaquisitivopormeiodorendimentofamiliarpode
nãoseramaneiramaisapropriadaparamensuraroacesso
aoalimentonessetipodepopulac¸ão.30Sabe-se,entretanto,
queodéficit estaturalseassocia,predominantemente,às
condic¸õeseconômicasdasfamílias.Assim,aassociac¸ão
posi-tivaaquiencontradaentrebaixarendaedéficitestaturalde
crianc¸asremeteàpremissadequeoincrementomonetário
dasfamíliastemrelac¸ãodiretacomoestadonutricional,na
medidaemqueumarendamaiorpossibilitamaioracessoaos
alimentos.28 Os dadosaqui apresentadoscorroboram essa
premissaao seidentificaremmaiores médias deescoresz
entreas crianc¸as que fazem parte das famílias de renda
maiorquandocomparadascomasderendainferioraoponto
decorteadotado.
Asensívelrelac¸ãoentreapresenc¸adaanemiaferropriva
eoatraso docrescimentodecrianc¸astemsidoregistrada
naliteraturacientífica.Entretanto,nãofoiencontrada
sig-nificânciaestatísticaentreaassociac¸ãododéficitestatural
e a anemia nesse grupo, apesar das elevadas
prevalên-ciasencontradasparaosdoisagravosemquestão.Defato,
crianc¸asdesnutridas apresentam frequentemente anemia,
dentreoutras carênciasnutricionais associadas, e se
con-sidera que a desnutric¸ão é caracterizada pela deficiência
simultâneadeváriosnutrientes.31 Considerandoaelevada
prevalênciadoatrasodocrescimento(13,4%)easimultânea
ocorrênciadaanemiaferropriva(57,7%)nessegrupamento
populacional,recomenda-sequeainvestigac¸ãodesses
agra-voseseusrespectivosfatoresassociadossejaaprofundada.
Sobreesseaspecto,ressalta-seaindaque,aoseanalisarem
asvariáveisassociadas aoestado nutricional dessegrupo,
nãosepretendeuestabelecerumarelac¸ãodecausa-efeito.
O presente estudo fez uma avaliac¸ão com o objetivo de
detectarmaioroumenorvulnerabilidadenutricionalemum
grupopopulacionalaindapoucoinvestigado.
Pode-sesupor,em níveldecausaimediata,queo peso
inadequadoaonascerpossaimpedirque ascrianc¸asdesse
povoalcancemseuplenopotencialdecrescimentolinear.32
Aassociac¸ãoestatísticaentredesnutric¸ão ebaixopeso ao
nascer,aquiencontrada,podeserresultadodefatores
rela-cionados ao período gestacional aqui não investigados.33
Ahipóteseestabelecidaéqueumamácondic¸ãonutricional
nessaetapadavidaconstitui umexpressivoesignificativo
fatorderiscoparaoposterioratrasodocrescimento.Éoque
os dados aquiapresentados parecem confirmar, ao serem
identificadasmenoresmédiasdeescoreszemcrianc¸asque
nasceram com baixo peso,32 fato tambémconfirmado por
Kühl etal.,26 que encontraram associac¸ão entreo atraso
de crescimento com o baixo peso ao nascer em crianc¸as
kaingang.
Emrelac¸ãoàcomparac¸ãodascurvasdecrescimentoda
populac¸ãoestudadacomasdereferênciadaOMS,
percebe--seclaramentequeascrianc¸asdopovokarapotóresidentes
na aldeia Plak-Ô e asdo povoado Terra Nova apresentam
valoresdeescorezinferioresaopontodecorteadotado.As
curvasdaOMSsãoumconjuntodeinformac¸ões que
repre-sentamamelhordescric¸ãodecrescimentolinearfisiológico
decrianc¸assaudáveisemcondic¸õesambientaisfavoráveis,
independentementedeseupovo.Destaca-seaindaqueuma
característicaimportantedessascurvaséaderepresentar
umaamostrainternacionalemultiétnicausadaparaavaliar
populac¸õesindígenas.1-3,5,26,27
Dessa forma, as inclinac¸ões à esquerda das três
cur-vasexibidas emrelac¸ãoaopadrãodereferênciaadotado,
segundo local de moradia, evidenciam médias de escore
z inferiores ao esperadoem umapopulac¸ãosaudável. Ou
seja,asinclinac¸õesdas curvasaquiapresentadasdefinem
o atraso decrescimentoevidenciado entreascrianc¸as do
povoavaliado.
Umalimitac¸ãodoestudoéodesenhotransversal,aspecto
queimpedeinferênciasdecausaeefeito.Portanto,os
acha-dosdevemsertratadoscomcautelaatéqueumaavaliac¸ão
longitudinal de fatores de risco seja feita. Embora
estu-dosdenaturezatransversalnãopossibiliteminferênciade
causalidade,são fundamentaisparaestabelecerhipóteses
e direcionar planejamentos de estudos prospectivos que
estabelec¸am relac¸õesclaras entreosfatores
condicionan-tes/determinantesdodéficit estaturaldecrianc¸as.Apesar
daslimitac¸õescitadas,oestudoéinéditonessepovo,
repre-sentaouniversodecrianc¸askrapotóepermiteconcluirque
adesnutric¸ão aindaseapresentacomoimportante agravo
nutricionalnessapopulac¸ão.
É importante ressaltar que a desnutric¸ão em crianc¸as
contacomdeterminac¸ãomúltipladeumacomplexaredede
fatores,envolveaspectosbiológicos,demográficos,
socioe-conômicoseculturais,dentreoutros.5,6,8,27,34Dessaforma,
acrianc¸a,emespecialdepovostradicionais,nãopodeser
vista como uma unidade isolada. Explicitar o dinamismo
e a heterogeneidade da situac¸ão nutricional deindígenas
brasileiros demanda uma interac¸ão da ordem
antropoló-gica, biológicae social,considerando-se acrianc¸aem seu
contexto.Nessapopulac¸ão,aprevalênciadoatrasode
cres-cimentoencontradaéexpressivaemcomparac¸ãoàsituac¸ão
dapopulac¸ãonãoindígenanopaís,distancia-sedas
referên-ciasestabelecidaspelaOMS.Destacam-se,entreosfatores
associados, as condic¸ões desfavoráveis de alfabetizac¸ão
materna,rendafamiliareobaixopesoaonascer.
Assim, diante da conhecida sensibilidade desses
fato-res de expressar o padrão de vida de uma populac¸ão,
é fundamental consideraras especificidades dogrupo em
enfrentamento dos problemas identificados.Considera-se,
portanto,indispensávelestabelecerpolíticasquevalorizem
aculturaeaspráticasalimentareserespeitemos
conheci-mentostradicionaiseabiodiversidadedessepovo.
Financiamento
OestudorecebeufinanciamentodaFundac¸ãodeAmparoà PesquisadoEstadodeAlagoas/FAPEAL.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
Referências
1.BarretoCT,CardosoAM,CoimbraCEJr.Estadonutricionalde crianc¸asindígenasguaraninosestadosdoRiodeJaneiroeSão Paulo,Brasil.CadSaudePublica.2014;30:657---62.
2.SouzaLG,SantosRV,PagliaroH,CarvalhoMS,FlowersNM, Coim-braCEJr.DemografiaesaúdedopovoindígenaxavantedeMato Grosso,Brasil.CadSaudePublica.2011;27:1891---905. 3.SouzaLG,SantosRV,Coimbra CEJr.Estruturaetária,
natali-dadeemortalidadedopovoindígenasavantedeMatoGrosso, Amazônia,Brasil.CiencSaudeColetiva.2010;15:1465---73. 4.Reis CE, Vasconcelos IA, Oliveira OM. Panorama do estado
antropométrico dos escolares brasileiros. Rev Paul Pediatr. 2011;29:108---16.
5.MoraisMB,AlvesGM,Fagundes-NetoU.Estadonutricionalde crianc¸asíndiasterenas:evoluc¸ãodopesoeestaturae preva-lênciaatualdeanemia.JPediatr(RioJ).2005;81:383---9. 6.OrellanaJD, Coimbra CEJr,Lourenc¸o AE,Santos RV.Estado
nutricional e anemia em crianc¸as suruí, Amazônia, Brasil. JPediatr(RioJ).2006;82:383---8.
7.Associac¸ão Brasileira de Saúde Coletiva. Inquérito Nacional deSaúdeeNutric¸ãodos PovosIndígenas: relatóriofinal.Rio deJaneiro:ABRASCO;2009.
8.PedrazaDF,SalesMC,QueirozD,LeitãoLC.Crianc¸asindígenas brasileiras:revisãodosestudossobreoestadonutricional.Rev Nutr.2014;27:473---88.
9.Pereira JF, Oliveira MA, Oliveira JS. Anemia em crianc¸as indígenas do povo karapotó. Rev Bras Saude Mater Infant. 2012;12:375---82.
10.WorldHealthOrganization.Physicalstatus:theuseand inter-pretationofanthropometry.Geneva:WHO;1995.
11.Brasil-MinistériodaSaúde.SecretariadePolíticasdeSaúde -departamentodeatenc¸ãobásica.Saúdedacrianc¸a: acompa-nhamentodocrescimentoedesenvolvimentoinfantil.Brasília: MinistériodaSaúde;2002.
12.WorldHealthOrganization.Anthroforpersonalcomputeres ver-sion22007:softwareforassessinggrowthanddevelopmentof theword’schildren.Geneva:WHO;2007.
13.World Health Organization. WHO child growth standards -methodsanddevelopment:length/height-for-age, weight-for--age, weight-for length, weight-for-height and body mass index-for-age:methodsanddevelopment.Geneva:WHO;2006. 14.MaeyerEM,DallmanP,GorneyJM,HallbergL,SoodSK,Srkantia SG.Preventingandcrontrollingirondeficiencyanaemiathrough primaryheathcare.Aguideforhealthadministratorand pro-grammemanagers.Geneva:WHO;1989.
15.Hoffman WA, Pons JA, Janer JL. The sedimentation--concentrationmethodinschistosomiasismansoniPuertoRico. JPublicHealthTropMed.1934:283---91.
16.KatzN,ChavesA,PellegrinoJ.Asimpledeviceforquantitative stoolthick-smeartechniqueinschistosomiasismansoni.RevInst MedTropSãoPaulo.1972;14:397---400.
17.UnitedNationsChildren’sFund;WorldHealthOrganization.Low birthweight:country,regionalandglobalestimates.NewYork: UNICEF;2004.
18.RicardoB,RicardoF.PovosindígenasnoBrasil:2006/2010.São Paulo:ISA;2011.
19.BusatoMA,AntoniolliMA, TeoCR, FerrazL,Poli G, ToniniP. Relac¸ãodeparasitosesintestinaiscomascondic¸õesde sanea-mentobásico.CiencCuidSaude.2014;13:357---63.
20.Ribeiro-SilvaRdeC,NunesIL,AssisAM.Prevalenceandfactors associated withvitaminA deficiency inchildren and adoles-cents.JPediatr(RioJ).2014;90:486---92.
21.Brasil- MinistériodaSaúde.SecretariadeAtenc¸ãoàSaúde -departamentodeatenc¸ãobásica.Manualdecondutasgeraisdo ProgramaNacionaldeSuplementac¸ãodeVitaminaA.Brasília: MinistériodaSaúde;2013.
22.BlackRE,VictoraCG,WalkerSP, BhuttaZA,ChristianP,Onis M, Ezzati M, et al. Maternal and child undernutrition and overweightinlow-incomeandmiddle-incomecountries. Lan-cet.2013;382:427---51.
23.FerreiraHS,LucianoSCM.Prevalênciadeextremos antropomé-tricosem crianc¸asdoestado deAlagoas.RevSaúdePública. 2010;44:377---80.
24.Brasil-MinistériodaSaúde.CentroBrasileirodeAnálisee Pla-nejamento.PNDS2006: dimensõesdoprocessoreprodutivoe dasaúdedacrianc¸a.Brasília:MinistériodaSaúde;2009. 25.OnisM,BlössnerM.WHOGlobaldatabaseonchildgrowthand
malnutrition.Geneva:WHO;1997.
26.KühlAM,CorsoAC,LeiteMS,BastosJL.Nutritionalprofileand factors associated withmalnutritionin kaingang childrenon theMangueirinhaIndigenousReserve,ParanáState,Brazil.Cad SaudePublica.2009;25:409---20.
27.FerreiraAA,WelchJR,SantosRV,GugelminAS,CoimbraCEJr, Nutritionalstatus.Nutritionalstatusandgrowthofindigenous svantechildrenCentralBrazil.NutrJ.2012;11:1---9.
28.MonteiroCA,BenicioMA,KonnoSC,SilvaAC,LimaAL,Conde WL.Causasdodeclíniodadesnutric¸ãoinfantilnoBrasil, 1996-2007.RevSaudePublica.2009;43:35---43.
29.OlintoMT,Victora CG,BarrosFC,Tomasi E.Determinantsof malnutritioninalow-incomepopulation:hierarchicalanalytical model.CadSaudePublica.1993;9Suppl1:14---27.
30.RibasDL,SganzerlaA,ZornattoJR,PhilippiST.Childhealthand nutritioninaterenaindigenouscommunity,MatoGrossodoSul, Brazil.CadSaudePublica.2001;17:323---31.
31.SchumacherSK,MessmerSE.Malnutritionandmicronutrients deficiences. In: Nelson BD, editor. Essential clinical global health.NewYork:JohnWiley&Sons;2014.
32.ToloniMH, Konstantyner T, TaddeiJA. Fatores derisco para perdaponderaldecrianc¸asfrequentadorasdeberc¸áriosem cre-chesdomunicípiodeSãoPaulo.RevPaulPediatr.2009;27:53---9. 33.LimaGS,SampaioHA.Influênciadefatoresobstétricos, soci-oeconômicos e nutricionais da gestante sobre o peso do recém-nascido:estudofeitoemumamaternidadeemTeresina, Piauí.RevBrasSaudeMaterInfant.2004;4:253---61.