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Políticas Científicas e Tecnológicas para a Saúde Coletiva.

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Academic year: 2017

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ARTIGOS

Polít icas Cient íf icas e Tecnológicas para

a Saúde Colet iva

H illegon da Maria Dutilh Novaes

1

Ricardo Lafetá Novaes

1

Resumo:

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Este artigo apresenta a história e os fundamentos da ciência e tecnologia em saúde coletiva, no interior do desenvolvimento da ciência e tecnologia nacionais. Discute a lógica das políticas científicas e sua apropriação pelo campo da saúde, enquanto co mplexo sistema de interações entre a comunidade acadêmica, entidades financiadoras e associação representativa da área de co nhecimento .

O texto recupera o lugar e o espaço da produção científica, do papel do fomento e da avaliação, e termina apontando as tendências e desafios que a saúde coletiva tem pela frente, na década de 90, enquanto campo de co nhecimento .

Palavras- chave: Ciência e Tecno lo gia; Saúde Coletiva; Política Científica; Campo Intelectual

Sum m ary: The paper presents the history and grounds o f Science & Techno lo gy development in the realm o f Public Health, and their relationships with Brazilian scientific milieu. The authors discuss the intrinsic logic o f scientific policies and the w ay they are incorporated by the field o f health sciences as a co mplex system o f interaction o f the academic scene with funding sources and the Brazilian professional association devoted to Public Health (A BRA SCO). The paper addresses the sco pe o f scientific kno w ledge in Brazilian Public Health, and the role o f funding agencies and their strategies o f evaluation. Finally, recent trends and current dilemmas o f Public Health as a scientific endeavor are analyzed.

K eyw ords: Science & Techno lo gy; Public Health; Scientific Policy; Intellectual Realm

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C o n s i d e ra ç õ e s G e rai s

a) Estad o , C i ênci a e T écn i ca

A idéia de que as co nd içõ es de saúde das p o p ulaçõ es relacio nam-se com as co nd i-çõ es de vida que lhes são o ferecid as não constitui exatamente uma no vidade. Diferen-temente c o nc eb id a, seg und o o s d iv erso s mo mento s da história no s quais p o d e ser identificada, assenta-se, no geral, na co ncep ção de que más co nd içõ es de existência "geram" sofridas situaçõ es de vivência. As no vidades situam-se, é claro , no plano da co mp reensão dos pro cesso s que se exprimem nestas rela-çõ es "causais" e, principalmente, nas formas construídas co m o so luçõ es d esejad as. As pri-meiras referem-se à ciência, preliminarmente pensada co m o co nsciência d o mund o , e, as segundas, a açõ es que, de uma maneira ou outra, derivam d o saber que no s permite operar so bre este mund o . Ciência e técnica, saber e fazer, são termos co rrespo nd entes que caracterizam o que é pro priamente humano . Não send o no va a idéia, trata-se aqui d e ressaltar a no vidade d o agir. É so mente so b o capitalismo , co m a rev o lução industrial co nso lid and o sua hegemo nia enquanto mo d o de produzir, que a p o p ulação e suas co nd i-çõ es d e saúd e são to madas co m o questão d e Estado. A Saúde Pública, todavia e em seus primórdios, não é mais d o que uma ação estatal que co rresp o nd e a interesses bem esp ecificad o s, quais sejam o s relativo s à higidez da força d e trabalho. Esta história já é bem co nhecid a e se é aqui relembrada o é, simplesmente, para marcar a diferença co m relação a p o siçõ es po sterio res que no s dizem respeito mais de perto . São elas as co nquis-tas democráticas construídas ao lo ngo de sécu-lo e meio de lutas, traduzidas pela no ção de cidadania. Assim, o que se apresentava co mo uma necessidade do interesse dominante, co ns-trói-se, ho je, co mo exigência da consciência. Ou seja, a ação do Estado eleve ser, também, orientada para benefício da maioria.

To mad o c o m o instrumento po tencial-mente libertador d o ho mem d e sua co nd ição desfavo rável, o Estado d eve pro po rcio nar um d esenv o lv im ento da so c ied ad e q ue, p elo meno s, diminua as d iferenças gritantes exis-tentes entre estratos da p o p ulação . Regulan-d o o s p ro cesso s eco nô mico s e so ciais através d e suas po líticas, deveria ele, enquanto re-presentante de um interesse geral, prover o maio r bem estar social po ssível. É a partir de tal co ncep ção que se co nstró em no çõ es se-gund o as quais a saúd e é "o co mp leto bem estar físico , mental e so cial", d e que ela é "direito d e to d o s" e "d ever d o Estado ", tal qual se enco ntra co nsagrad a em no ssa atual Constituição e, até mesmo , de que o ano 2000 será a data d e realização d o d esejo de que to d o s serão sadio s.

As formas de co nstrução d e um tal mo d e-lo são duas: política e técnica, nesta o rd em de p reced ência. É po r interméd io da primeira que se logrará armar o equip amento indis-pensável à mo ntagem d o cenário no qual a p eça se d esenro lará, seg und o um ro teiro derivado de princípio s e valo res, to mad o s e/ ou vistos co m o universais: liberdade,

igual-d aigual-d e e fraterniigual-daigual-de. À segunigual-d a, pertence o zyxwvutsrqponmlkjihgfeigual-dcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

modus operandi, ou seja, co m o fazer, no co

n-creto , aquilo que feito está na abstração ide-al. A técnica humana, eng enho e arte, é pura invenção e, co m o tal, pro d uto d e uma co ns-ciência semp re racio nal. Quer dizer, o fazer humano d ep end e, sempre e necessariamente, d e um saber, ao co ntrário d o que se dá co m a mais labo rio sa das abelhas.

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rarquizada d eco rre da simples ação da razão, aqui to mad a na sua mais primária ac ep ç ão , qual seja, a da "arg umentação irrefutável". A razão é a afirmação para a qual, co nv en-cid o ou não , não enco ntro p ro p o sição al-ternativa que a neg ue o u a c o m p lem ente. Em geral, a este saber sup erio r, d á-se o no m e d e "ciência".

Não hav end o aqui nenhuma intenção de se retomar qualquer "discussão epistemo ló gi¬ ca", parece importante ressaltar as relaçõ es entre ciência e tecno lo gia, assim co m o as que co m elas estabelecem as instâncias políticas e sociais. Um primeiro aspecto refere-se ao valor que se tem d ad o ao co nhecimento científico , no tadamente quand o o p ensamento se dirige à "técnica", vale dizer, mo d o de fazer que necessariamente significa a reso lução de al-gum pro blema, premente ou não . Assim, e d e um lado, cria-se o mito de que só a ciência po d e "validar" as técnicas e, de o utro , e po r co nseqüência, que o s pro blemas só p o d em ter so luçõ es se elas forem "científicas".

Uma pergunta p arece ser pertinente: para que serve o saber ? É certamente utilitarista esta questão mas, sem dúvida, é sempre da utilidade que se trata quand o se co nsid era o ser vivo. Uma primeira respo sta p o d e, clara-mente, ser admitida: o saber serve ao prazer. O hed o nismo aí identificável não viria mais do que co rro bo rar um do s pilares d o pensa-mento mo d erno que o transformou em "prin-cípio explicativo " da "essência humana", mas também o "amo r à verd ad e" cultivado d esd e os primórdios da civilização o cidental. Mas também, e no v amente co m grande utilidade, o saber serve para co mpreender melhor o mun-do e so bre ele interferir, para no sso prazer.

A ciência é, assim, não mais d o que o no vo pro duzido pela razão humana, co nfe-rindo sentido ao mund o po r ela p ercebid o . Se tal no vidade não encerra nenhum "valor de uso ", das duas uma: ou a d emand a deriva de uma outra instância, quer dizer, a respo sta obtida pertence a uma esfera diversa daquela na qual a pergunta foi formulada, ou o seu ¬

alcance e utilidade, quem sabe, so mente "um dia" serão visualizados. Em outros termo s, se o no v o é semp re uma respo sta, o seu caráter não é necessariamente "p rático ", o u seja, resolutivo d o estar no mund o . Se o no v o é sempre uma respo sta ao p ensamento , p o d e ela não se referir ao pro blema co ncreto co m o qual me d efro nto , p o d e não ser a so lução pro curada, d ad o que, c o m o já se apo nto u, minha d emand a se origina em instâncias da vida cujo fundamento não é propriamente uma prática d o intelecto que se quer científica. A ssim, se a ciência não p o d e ser a so lução universal, também não se constitui em instru-mental único da ação d o ho mem so bre o mund o . Do nd e, se técnicas dela derivam, tam-bém em o utro s saberes elas enco ntram ori-gem e co nsistência. O que chamamo s, po r exemp lo , "intuição ", tem se revelad o em di-verso s mo mento s c o m o fo nte d e so luçõ es engenho sas, mesmo p o rque, às vezes, sur-gem co ntra a racio nalid ad e d o minante, tida co m o superio r e, po rtanto , científica.

To davia, quand o se co nsid era a historici-dade d o s aco ntecimento s, identifica-se uma tendência da era mo d erna no sentido de co ns-truir seus "mo d o s de fazer" (técnica) de forma cad a vez mais apro ximad a d o saber racional que, po r sua superio ridade, se quer científi-co . Superio ridade argumentativa, já se viu, mas também cad a vez mais assentada nas

no çõ es dezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA previsibilidade e de eficácia. A

primeira d eixo u d e ser função do s o ráculo s, resultando ho je, e essencialmente, de "bases d e d ad o s" so bre as quais cálculo s p o d em ser realizad o s. A segund a, não mais ação de demiurgo s, resulta d e uma outra "astúcia" da razão que é o aprimo ramento d o pro jeto e, principalmente, a avaliação d o resultado, ou

seja, a co mp aração d o o btid o em relação ao esp erad o . A ação d o ho mem so bre a nature-za, na qual ele pró prio se inclui, to rnando -se cad a vez mais p o tente, busca ser cada vez mais eficiente (maio r resultado co m o mínimo

d e d esg aste) c o m v ista a uma m áxim a

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Com que resultados ? Nem sempre o s esperad o s, seja em d eco rrência d e insuficiên-cias do s pró prio s saberes e técnicas, seja, co mo é o mais co mum, pela natureza da dis-tribuição so cial d o s benefício s pro d uzid o s pela ciência e tecno lo gia. Do nd e, no v amente, e em função d o "interesse geral", a reto mada

da cena na qual o Estado o cup a a p o sição central.

b ) Pol íticas científ icas e tecn o l ó g i cas

Isabelle Stengers (1993) co nta que a idéia de subo rdinar a racio nalidade da p ro d ução científica a o bjetivo s que lhes são exterio res ganho u co rp o , nas so cied ad es da Euro pa o cid ental, a partir d o II Co ng resso Internacio nal da Histó ria da Ciência e da Tec no lo -gia, realizado em Londres, em 1931. A partir d e e n tu si asm ad o s p o s i c i o n am e n to s d e Bukarin, jo v ens marxistas ing leses c o m o Needham e Bernal publicam texto s d efend end o uma função social enda ciência na qual pro d ução científica e interesses so ciais e eco nô -micos são solidários d e direito e d e fato. Visão que, ainda que co mbatid a, acaba send o , apó s a Segunda Grand e Guerra, inco rpo rada ao ideário d o s d efenso res das so cied ad es d e "bem-estar so cial". Bem se vê que, d este então, tal d ebate co ntinua vivo entre histo riado -res, so ció lo g o s e filó so fo s da ciência. Tra-ta-se d e melho r d iferenciar o s d eterminantes "interno s" e "externo s" da p ro d ução cientí-fica, tend o em vista o estabelecim ento d e "p o líticas científicas", cad a v ez mais legiti-mad as c o m o instrumento s d e interv enção so bre o so cial.

Outros d ebates p o d em ser identificados, co mo o que o p õ e o s partidários da "tecno -c i ê n -c i a" àq u e l e s q u e , ad v o g an d o um "humanismo ", v êem uma subo rd inação d o ser humano às técnicas e ao s saberes, ou ainda, ciência e gênero , ciência e raça e ciência e co nd içõ es só c io -ec o nô m ic as. To d av ia, um p o nto que mais recentemente tem causad o intensa mo bilização d o s cientistas, principal¬

mente aqueles que estão envo lvid o s co m as chamad as "ciências duras", refere-se a co n-cep çõ es "relativistas", segund o as quais a ativi-d aativi-d e científica é uma p rática so cial esscialmente igual a to d as as o utras. É ev id en-te que o s que d isco rd am o d izem po r enen-ten- enten-d erem que a racio nalienten-daenten-de científica se co ns-trói a partir de critérios e regras específico s, co m o já se fez alusão anterio rmente. De toda forma, sejam quais forem as abordagens e po -sicionamentos so bre a questão , o que interessa ressaltar aqui são as intervenções estatais so b a forma de políticas científicas, às vezes resul-tantes de debates co mo o s acima referidos.

A ssim, e ainda em um p lano mais geral, co nsid era-se o p erío d o que vai d o pós-guerra até o final d o s ano s 60 c o m o o da "idade de o uro " das políticas científicas. Os países capi-talistas, esp ecialmente aqueles que saíram vitoriosos d o co nflito , criaram grandes pro je-tos temático s e instituições d e pesquisas ca-pazes de realizá-los, principalmente nas áreas da física e da química. No p lano tecno ló gico , o p ro cesso industrial tratou d e inco rpo rar as ino v açõ es resultantes d o esfo rço de guerra co m o elemento s de d esenvo lvimento d e suas fo rças produtivas e, po r co nseqüência, d e sua produtividade. Isso p o rque, segund o afirma Ro senberg, no seu artigo, "Co mo o s países d esenvo lvid o s ficaram rico s" (1994, p. 134): "no conjunto de forças que interagem para a construção do sistema industrial, a ap licação do co nhecimento e do método científico a um número cad a vez maior de atividades produti-vas se constitui em um elemento proeminente".

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Para o s ano szyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 9 0 p o d e-se dizer que, se de um lado, sinalizam para uma

internacionali-zação e glo baliinternacionali-zação cada vez maio res das atividades eco nô micas, financeiras e também de pesquisa e d esenvo lvimento , po r o utro , pretendem dar co nta d e questõ es mais esp e-cíficas, sem que haja um caráter de "salvação nacio nal" (O EC D , 1 9 9 2 ; Chesnais, 1 9 9 1 ) .

A tualmente, co nsid era-se que as p o líticas zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

( p o l i c i e s ) em C & T d ev em enfrentar algumas

questões básicas para que sejam efetivas: equi-líbrio entre recurso s público s e privados, re-co nhecimento das no vas d emand as so ciais, integração entre as d imensõ es nacio nais e in-ternacionais e a sup eração de uma certa rigi-dez dos sistemas de Pesquisa e Desenvo lvi-mento (P & D ), tanto no que se refere ao s co nto rno s das áreas de co nhecimento , quan-to à fo rmação e disponibilidade de recurso s humano s (OECD, 1 9 9 2 ) . Também têm sido to mad as em co nsid eração as p ressõ es da chamada "o pinião pública" que, ao externar uma atitude geral favorável à C & T, manifes-ta p reo cup açõ es relativas ao s imp acto s am-bientais e às q uestõ es éticas env o lv id as na d ifusão d e algumas tecno lo gias.

A pesar de pro blemas co muns, o s países desenvolvidos apresentam trajetórias diversas no enfrentamento das questõ es d e C & T, em função de suas co nd içõ es só cio -eco nô micas gerais, suas estruturas ed ucacio nais e de p es-quisa, a p o sição e formas de atuaçõ es de seus go verno s, assim co m o d e suas características culturais. No que diz respeito especificamen-te à P & D, trata-se de uma das mais co ncen-tradas atividades d o planeta: apenas 5 países (Estados Unidos da A mérica, Jap ão , A lema-nha, França e Reino Unid o ) co ncentram 9 0 % d o s recurso s inv estid o s (Hatz ichro no g lo u, 1991) Para o s ano s 9 0 , o s estudo s indicam que o p ro cesso de internacio nalização se dá de maneira mais acentuada entre o s países co m forte atividade de C & T, o bservand o -se uma tendência d e participação d ecrescente da África e da A mérica Latina neste pano rama. É que, também nestas atividades, são necessárias

certas p ré-co nd içõ es. O "mérito científico" não p arece ser fator suficiente, ainda que neces-sário. " E m n u m e r o s o s c a s o s , a c o n s t r u ç ã o inst i inst u c i o n a l a c o n inst e c e e os r e c u r s o s h u m a n o s e f i -n a -n c e i r o s , a i -n d a q u e i -n s u f i c i e -n t e s , -n ã o s ã o desprezíveis. M a s , o a c ú m u l o d e recursos n ã o leva a u t o m a t i c a m e n t e a u m a a t i v i d a d e p r o d u -t i v a . O u -t r o s f a -t o r e s -tais co mo as c o n d i ç õ e s p a r a a p r á t i c a d a p e s q u i s a , a p r o f i s s i o n a l i z a ç ã o d o s

p e s q u i s a d o r e s e a e m e r g ê n c i a d e c o m u n i d a d e s científicas n a c i o n a i s s o c i a l m e n t e l e g í t i m a s , s ã o d e c i s i v o s . [A par disso, mesmo co m] a institu-c i o n a l i z a ç ã o d a p e s q u i s a , esta n ã o i m p l i institu-c a n e c e s s a r i a m e n t e na sua i n t e r n a c i o n a l i z a ç ã o , pois a p r o d u ç ã o c i e n t í f i c a l o c a l e n f r e n t a d i f i c u l d a -des e m ser r e c o n h e c i d a p e l a s bases d e d a d o s i n t e r n a c i o n a i s . " (Gaillard, 1 9 9 1 ) .

No p ro cesso d e elabo ração d e políticas científicas, to d o s o s países d esenvo lvem, ain-da que co m características diversas, co mple-xo s sistemas d e interação entre co missõ es científicas acad êmicas, entidades financiadoras de pesquisas e so cied ad es científicas de di-versas áreas d o co nhecimento . Em geral, os membro s destas co missõ es são esco lhid o s através de mecanismo s mais ou meno s repre-sentativos d o s seguimento s interessado s, sen-d o alguns insen-dicasen-do s po r instâncias go verna-mentais em co nso nância co m as esferas respo nsáveis pelas diretrizes respolíticas e eco nô -micas mais gerais.

Quanto às tecno lo gias pro priamente di-tas d efiniçõ es d e políticas e prioridades co ns-tituem-se, em geral, em p ro cesso s co mp lexo s e às vezes co ntraditó rio s, d ad o que envo l-v em, além das instâncias já mencio nad as, interesses industriais e co merciais, variáveis segund o as diversas co njunturas. Neste co n-texto , co nsid era-se que, quand o na definição de prioridades a "co munid ad e científica" tem um papel de maio r relevância, tend em as d efiniçõ es a serem mais "co nservad o ras", no sentido da manutenção d e um determinado

status quo. Quer dizer que se ressalta o co

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d as ativ id ad e s em c u rso , o b stac u l i z a redefiniçõ es eventualmente necessárias. Por outro lado, pro po stas que ignoram a dinâmi-ca própria da atividade científidinâmi-ca, que não estruturam de forma sólida suas alianças, que não co ntam co m infra-estrutura própria e nem co m um patamar ad equad o de recurso s, aca-bam po r se revelar inviáveis (OECD, 1991).

Avaliar po líticas, através da co mp aração de resultados co m o que foi d eclinad o , é um pro cesso co mp lexo , principalmente por ser altamente co ntro verso . Se o o bjetivo maior de toda e qualquer política é a p ro mo ção d o "bem-estar" so cial, a verificação de um tal desiderato co m relação às políticas de ciência e tecno lo gia não p o d e ser imediata. Tratan-do-se de "atividade-meio" po r referência àque-les o bjetivo s, a atividade científica só p o d e ser aferida po r critérios que co nsid erem a sua própria finalidade, qual seja, no vo s saberes e fazeres. Resulta isso na crescente importância da divulgação das atividades científicas e téc-nicas, traduzida em publicaçõ es cada vez mais especializadas que buscam a marca maior da credibilidade. De certa fo rma, a publicação dos trabalhos científico s co nfund e-se co m o próprio pro d uto da atividade científica e a sua avaliação ("ciencio metria") assenta-se for-temente em uma med ição das publicaçõ es ("biblio metria") através de uma quantificação feita, preferencialmente, em revistas internacio-nais consideradas "verdadeiramente científicas".

Não se trata d e negar a importância das publicaçõ es para a atividade científica po is, ao pro mo verem a circulação de idéias e d e-bates, constituem-se em importante instrumen-to contra uma tend ência de privatização d o co nhecimento , principalmente no que se refe-re àquele pro duzido po r pesquisas sustenta-das pelo interesse industrial. To davia, o que deve ser questio nad o é o seu uso co m o ins-trumento único de quantificação e qualifica-ção da atividade científica, e até mesmo de definição de pro duto final das ciência. Ques-tão po lêmica (Cassen, 1991; OECD, 1991), mas que não será aqui d esd o brad a.

Po l í ti cas d e C & T e S aú d e C o l eti v a

No co ntexto das tend ências acima referi-das, to rno u-se possível a fo rmulação d o se-guinte d iagnó stico : o d esenvo lvimento indus-trial do s países periférico s, ao to mar co m o p arad igma o m o d elo d e d esenv o lv imento capitalista central levo u, necessariamente, à impo rtação de tecno lo gia que, co nsid erad o o p ro cesso de trabalho , resultou em uma ruptu-ra entre o pro gresso culturuptu-ral e o pro gresso técnico . Significa, no fundamental, uma ex-clusão social e cultural d e quem realmente age no p ro cesso pro dutivo . (MCT, FINEP & CNPq, 1985). As so luçõ es não estavam — e não estão — evid entemente dadas, mas im-plicam em uma revisão da política de ciência e tecno lo gia implementad a p elo Estado brasi-leiro, co nsid erad a a eno rme "dívida so cial" existente, assim co m o necessid ad es mais pre-mentes da p o p ulação brasileira.

Co mo se sabe, uma primeira tentativa de se criar uma instituição o rientado ra de uma política de ciência e tecno lo gia foi realizada em 1931, pela A cad emia Brasileira de Ciên-cias. Só em 1949, o Presidente Eurico Gaspar Dutra, diante d e uma p retensão das po tênci-as nucleares d e então de que tênci-as reservtênci-as de minério radioativo só deveriam ser po r elas utilizadas, p ro p ô s ao Co ngresso Nacional a criação d o Co nselho Nacio nal d e Pesquisa — CNPq. A lei de 1951 que o institui co nfere-lhe duas funçõ es: a p ro mo ção d o desenvolvimento científico e tecno ló gico d o país e o co ntro le d o apro veitamento da energia nuclear.

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nico-Científico — FUNTEC. A qui, um o bjetivo marcante teria sido o d e despertar o interesse da empresa nacional para o desenvolvimento de atividades de pesquisa e desenvolvimento.

A p artir d e 1971, a FIN EP — Financiadora de Estudos e Pro jeto s — , passa a ser a secretaria executiva d o FNDCT — Fun-do Nacional de Desenvo lvimento Científico e Tecno ló gico — , vind o a se tornar uma agên-cia de fo mento à C & T e um do s ato res de importantes iniciativas co mo , po r exemp lo , a criação da COPPE. É neste co ntexto que o I PND (1972-1974) faz referência a uma política tecno ló gica, visand o acelerar a transferência de tecno lo gia d o exterio r para o país, assim co mo esfo rço s no sentido de uma elabo ração própria de tecno lo gia. Implanta-se, em 1972, o Sistema Nacional de Desenvolvimento Cien-tífico e Tecno ló gico — SNDCT — , que teria a finalidade de co o rd enar as açõ es das agências (CNPq, CAPES, FINEP, "ó rgão s seto riais" e " ó rg ão s s e c c i o n a i s " d e M inisté rio s — EMBRAPA, SUDEPE, EMATER, NUCLE-BRÁS, CNEN, entre outros) e de seus usuários.

De 1973 a 1985, foram elabo rad o s três Planos Básico s d e Desenvo lvimento Científi-co e Tecno ló g iCientífi-co — PBDCT — , visand o esta-belecer co nd içõ es institucionais para um pla-nejamento em C & T. Seus o bjetivo s básico s eram a co nstrução de uma estrutura d e p es-quisa e a capacitação d e recurso s humano s, fo rtalecimento da empresa nacio nal no que diz respeito à tecno lo gia para, finalmente, lograrse uma relativa ind epend ência tecno ló -gica em relação a países dela pro d uto res. Entre a intenção e o gesto , naturalmente, há alguma distância. Se a d écad a d e 7 0 viu cres-cer o s recurso s destinado s à C & T, entre 1979 e 1984 a participação co njunta d o CNPq, CAPES e FINEP caiu d e 1,16 % para 0,58 % do o rçamento da União . O FNDCT, que rece-bia cerca de 1/ 3 d o s recurso s d o o rçamento da União para ciência e tecno lo gia em 1979, foi co ntemplad o co m 6,0 % d o o rçamento re-alizado em 1984. De o utro lado, as agências existentes, em que p ese as diretrizes formais

de articulação e planejamento , reforçaram suas "v o caçõ es", seguind o seus pro pó sito s origi-nais: fo rmação d e pesso al e fo mento à pes-quisa através d e bo lsas de estudo s e auxílio pesquisa (CNPq), ap erfeiço amento de recur-so s humano s para as universidades (CA PES) e financiamento d e pro jeto s institucionais, não individuais (FINEP). O "sistema" co nta ainda co m a p articip ação d e instâncias ligad as à C & T em alguns Ministério s e em empresas estatais que, no geral, d esenvo lvem suas ati-vidades em função d e seus interesses e ne-cessid ad es relativas à p ro d ução . Em relação ao s estad o s fed erad o s, d estaca-se a FAPESP no Estado d e São Paulo e, mais recentemen-te, iniciativas semelhantes no Rio de Janeiro , Rio Grand e d o Sul e Minas Gerais, co mo mecanismo s de financiamento de ciência e tecno lo gia.

Uma avaliação primeira da "política" de C & T permite identificar certas tensõ es, de-rivadas do s interesses e p o sicio namento s dos atores presentes no p ro cesso . Em relatório apresentad o ao Ministério de Ciência e Tec-no lo gia pelas so cied ad es científicas, intitula-d o "Ciência e Tecno lo gia na Nova República:

A nálise e Perspectivas", lê-se quezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA " e m u m a a v a l i a ç ã o d e c o n j u n t o , a o r g a n i z a ç ã o d e s e n

v o l v i d a nos ú l t i m o s a n o s d e v e ser a p e r f e i ç o a d a , m a s s e m m u d a n ç a s d r á s t i c a s , p r e s e r v a n d o se o p a p e l d a s d i f e r e n t e s a g ê n c i a s e seu c a r á -ter p l u r a l í s t i c o . As d i f i c u l d a d e s a t u a i s r e s u l t a m m a i s d a i m p e r í c i a e d e g a s t o s excessivos e m a d m i n i s t r a ç ã o , d e m u d a n ç a s f r e q ü e n t e s d e ori-e n t a ç ã o ori-e d ori-e rori-ecursos ori-escassos ori-e i r r ori-e g u l a r ori-e s , d o q u e d a s i n a d e q u a ç õ e s d o m o d e l o . M u i t o s d o p r o b l e m a s p e l o s q u a i s este t e m p a s s a d o se p r e n d e m à o r i e n t a ç ã o t e c n o c r á t i c a d e a l g u m a s D i r e ç õ e s , m a i s p r e o c u p a d a s e m ' p r o g r a m a r ' , ' p l a n e j a r ' , ' a v a l i a r ' , ' a d m i n i s t r a r ' , ' a c o m p a n h a r '

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No entanto , e já se viu anterio rmente, toda e qualquer política persegue uma finali-dade. Assim, também, uma política de ciência e tecno lo gia. Ciência e tecno lo gia vistas, em geral, co mo "atividade meio ": saber e fazer para o d esenvo lvimento eco nô mico , para a ind epend ência nacio nal para, finalmente, um d esenvo lvimento social que represente o fim das injustiças e desigualdades. Teleo lo gica¬ mente pensad a, a atividade científica d eve ser planejada, administrada, aco mpanhad a e ava-liada. Inclusive po r uma exigência fundamen-tal de o rdem material que é aquela relativa aos recurso s. De que forma e po r quem tais funçõ es serão exercid as ?

Em princípio po r quem paga. Melho r di-zendo , po r quem gerencia recurso s que são , ou deveriam ser, de to d o s, e para o s quais, por definição , o melho r uso d eve ser busca-do . São as agências financiabusca-doras que, atra-vés de mecanismo s nem sempre semelhantes, decidem p elo ap o io ou não ao pro jeto , co m base, em princípio, em seu co nteúdo . O mérito da pro po sição p o d e ser avaliado, evid ente-mente, segund o diversas perspectivas. A pri-meira, parece claro , refere-se à sua co nsistên-cia científica. Uma segund a, à sua pertinênnsistên-cia co m relação à sua co ntribuição científica, pro priamente dita, e, ainda, po r referência ao que poderia ser entend id o co m o "utilidade social". Se são critérios genérico s para a ati-vidade de investigação científica, para o cam-po da Saúde Coletiva têm eles aparecido co mo quase uma exigência.

É, também, co m estas mo tivaçõ es que, ao lado, po r exemp lo , da política já assentada de apo io a projetos individuais implementadas p elo CNPq, iniciativas p io neiras buscarão orientar a atividade d e pesquisa co m finalida-des mais esp ecificamente so ciais. A FINEP surge co m o primeiro instrumento desta "no va política de C & T em Saúde Coletiva". Do is objetivos maio res p o d em ser aí ressaltados: a criação e co nso lid ação de grupo s de pesqui-sa, precisão de o bjeto de estudos e defini-çõ es de linhas d e investigação . A ssim, entre ¬

1975 e 1978, a FIN EP, no c o ntexto d o so erguimento da FIOCRUZ , e inaugurand o

uma política dezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA apoio institucional, destina

substanciais recurso s ao PESES/ PEPPE e ao Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual d o Rio de Janeiro (UERJ). A intenção era de que, fo rmad o s, o s grupo s seriam ab-sorvidos pelas instituições, o que se verificou co m relativo sucesso .

Este é um co ntexto pro pício a iniciativas po lítico -acad êmicas, co m o aquelas que resul-taram na criação , em 1979, da A sso ciação Brasileira de Pó s-grad uação em Saúde Coleti-va — A BRA SCO. A mpliando o esp aço de atu-ação política d o então "mo vimento sanitário", que se inaugura co m o CEBES — Centro Bra-sileiro de Estudos d e Saúd e — , em 1976, a nova asso ciação busca co ngregar as Faculda-des e Esco las d e Saúd e Pública, Departamen-tos d e Medicina Preventiva e/ ou Social, além de Institutos d e Pesquisa pertinentes, em tor-no de um pro jeto acad êmico -científico volta-d o para a co nso livolta-d ação volta-d o camp o volta-da Saúvolta-de Coletiva co m o área de co nhecimento científi-co . Buscand o afirmar sua especificid ad e na co nstrução d e exp licaçõ es mais amplas d o p ro cesso saúd e-d o ença, a Saúd e Co letiva implementa a ap ro ximação d e disciplinas que tinham já co m o seus o bjeto s as relaçõ es hu-manas e so ciais, tais co m o a antro po lo gia, a so cio lo gia e a psico lo gia, entre outras, apar¬ tand o -se, d e mo d o s e intensidades variadas, das tradicionais áreas d e cunho mais bio ló gi-co . O pro jeto , bem se v ê, quer melho r funda-mentar as d ecisõ es necessárias à realização de mud anças nas co nd içõ es de vida e saúde da p o p ulação brasileira.

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d o fo m ento trad uzise na inclusão d e o u-tras áreas d o c o nhec im ento , no tad am ente das ciências so ciais. A estratégia revelo u-se limitada d ad o que, e principalmente, o s re-curso s fo ram fo rtemente co ncentrad o s em po ucas instituições. Talvez pela incapacid ad e dos "grupos emergentes", 60% do s recurso s foram alo cad o s no Instituto d e Medicina So -cial da UERJ e no Departamento de Ciências Sociais da PUC/ RJ. Lê-se no Do cumento Pre-liminar de A valiação d o Programa de Saúde Coletiva FINEP/ CNPq que: "a 'co o rd enação horizontal' nunca se efetivou, os projetos se de-senvolveram de forma isolada e o ap o io à PUC não teve co mo co nseqüência a co nso lid ação de linhas de pesquisa em saúd e." (Pellegrini,

NicolettizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA et al., 1986, p. 46)

O primeiro Programa de Saúde Coletiva (1983) resulta, naquilo que lhe é fund amen-tal, no esfo rço d e técnico s da FINEP em d e-linear e efetivar uma política de C & T em saúde (Szklo , 1988). Tend o co m o meta a ex-p ansão e co nso lid ação da caex-p acid ad e d e pesquisa da área de Saúde Coletiva, inova na co ncep ção gerencial ao buscar articular as agências financiado ras co m atuação na área tais co m o a própria FINEP, o CNPq, o MEC/ CAPES, o Ministério da Saúd e e a OPS. A lém de uma co o rd enação co mpartilhada, isto é, co mp o sta p o r rep resentantes das diversas agências, pela primeira vez uma asso ciação de co rte científico tem presença definida no p ro cesso d ecisó rio . À A BRA SCO caberia a assessoria de grupo s em fase de implantação , além de organizar e co o rdenar as atividades de avaliação e aco mpanhamento do programa.

Em 1984, realizo u-se a I Reunião de Ava-liação d o Programa de Saúde Coletiva FINEP/ CNPq cujos o bjetivo s foram, co nfo rme o "Do -cumento Preliminar" já citado , enco ntrar res-postas para o s seguintes aspecto s: "necessi-dade de otimização dos recursos existentes, num contexto onde se tornam prioritárias as deman-das pela produção de conhecimentos voltados para a superação dos problemas vividos pelo setor e onde se torna fundamental a utilização ¬

da experiência acumulad a no manejo de ins-trumentos de planejamento científico; as deman-das que se delineiam para o processo de pla-nejamento da Política de Ciência e Tecnologia em futuro próximo e a possibilidade de partici-p ação de forma organizada dos partici-pesquisadores da área de saúde coletiva neste pro cesso , atra-vés da A BRA SCO." (Pellegrini, Nicoletti et ai,

1986, p. 41). Racionalizar recurso s e partici-par em d ecisõ es, eis a questão .

Dep arand o -se co m uma grande diversi-d adiversi-d e diversi-d e pro jeto s, diversi-de referências teóricas e diversi-de meto do lo gia d e pesquisa, verifica-se ainda que o s pro jeto s analisado s eram de implantação recente e que "são evidentes os esforços dos pesquisadores para a sup eração das dificulda-des enfrentadas. Sem dúvida, a problemática analisada enfrenta a própria situação de pio-neirismo de algumas áreas temáticas, em espe-cial aquelas voltadas para a análise da deter-minação social do processo saúde/ doença e para a análise da tecno lo g ia em saú d e." (FINEP/ CNPq, 1986, p. 74). Entre as reco men-d açõ es finais men-da Reunião , p arece significativa aquela que p ro p õ e o d esenv o lv imento de mecanismo s d e integração entre as diversas áreas, "d e mo d o a superar as dificuldades verificadas na p ro d ução do co nhecimento ". Ressalta-se este p o nto no sentido de apontar dificuldades na própria d efinição d o o bjeto de um camp o , ele pró prio em definição , exi-gindo alguma to lerância d o s juízos so bre ele fo rmulad o s.

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própria "utilidade so cial" daquilo que a so -ciedade pro duz através de seus aparatos téc-nico -científico s e, de outro, a admissão da existência d e um co nhecim ento utilizável.

Neste sentido , a Saúde ColetivazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA " d e v e a s s u m i r o d e s a f i o d e c o n t r i b u i r p a r a o e s t a b e l e c i m e n t o

d e políticas e m á r e a s essenciais p a r a o s e t o r s a ú d e , inclusive as c h a m a d a s d e p o n t a co mo b i o t e c n o l o g i a , q u í m i c a f i n a , i n f o r m á t i c a , m i c r o e l e t r ô n i c a e o u t r a s " . Para isso, é essenci-al que se explicite uma articulação entre o social e o bio ló gico , co nsid erad o s o s níveis de investigação científica e tecno ló gica. Assim, " a s l i n h a s p r i o r i t á r i a s d e i n v e s t i g a ç ã o d e -v e m a b r a n g e r to do o e s p e c t r o d e a t u a ç ã o d a s a ú d e c o l e t i v a , d e s d e seus limites m a i s p r ó x i m o s à i n v e s t i g a ç ã o p u r a m e n t e c l í n i c a e b i o l ó -g i c a , p r i n c i p a l m e n t e n o c a m p o d a e p i d e m i o l o g i a , b e m co mo p r ó x i m o s a o s limites d a á r e a d e a d m i n i s t r a ç ã o e p l a n e j a m e n t o , a t r a -vés d o s e s t u d o s d e a v a l i a ç ã o d e p r o g r a m a , b e m co mo a t i n g i n d o com clareza o c a m p o s o c i a l e d e políticas e m s a ú d e , l i m i t a n d o - s e com os estudos p u r a m e n t e s o c i o l ó g i c o s e / o u p o l í t i c o s . " (FINEP, 1987).

Co mo bem se vê, trata-se d e um camp o de máxima amplitude, cujo o bjeto seria a totalidade da vida, bio ló gica e so cial. To d a-via, se na raiz da co nstituição d o camp o da saúde coletiva enco ntrava-se uma certa exclu-são d o bio ló gico , até mesmo co m o estratégia de co nstrução de identidade e legitimação , o que aqui se afirma co m o um no v o p o nto de inflexão é a recup eração , para o p ensamento d o o bjeto , d o nível bio ló gico , sem o qual torna-se impossível pensar a vida e, po r co n-seqüência, a própria idéia de saúd e. Por isso, o II PSC imagina áreas e linhas de atuação para o camp o . Uma primeira seria de nature-za epistemo ló gica, visando o aprimo ramento d e seu instrumental teó rico -meto d o ló g ico . Uma outra envo lveria pesquisas o rientadas para o estabelecimento d e políticas nacio nais em áreas estratégicas para o seto r saúd e, co mo , po r exemp lo , imuno bio ló gico s, medi-camento s e equip amento s bio méd ico s, entre ¬

o u tro s. Fi n al m e n te , um te rc e i ro nív el " c o r r e s p o n d e r i a a o s e s t u d o s e p e s q u i s a s v o l t a -d o s p a r a a a v a l i a ç ã o e a p r i m o r a m e n t o -d a s p r á t i c a s d e a t e n ç ã o à s a ú d e " . Traçand o o bje-tivos, metas e indicado res avaliabje-tivos, o II PSC co nso lida mais claramente previsõ es o rçamen-tárias e, através d e um Grup o d e A ssesso ra-mento ampliad o (po is passa a co ntar formal-mente, além das agências financiado ras, pre-sentes ao lo ngo d o p ro cesso , co m o então INAMPS e representantes da co munid ad e cien-tífica), busca co o rd enar e co mpatibilizar d e-manda e oferta d e recurso s em função d e um planejamento aco rd ad o .

O II Seminário d e A valiação d o Programa d e Saúd e Coletiva realizo u-se em d ezembro de 1988. Um primeiro e fundamental desta-que refere-se a uma certa imprecisão na defi-nição e delimitação d o camp o e ao reco nhe-cimento de que a Saúde Coletiva, send o en-tão uma área no va, não havia tido temp o , esp aço e p ro d ução suficientes para sua co m-pleta co nfiguração . Do nd e, uma certa multi-plicidade de o bjeto s, teorias, méto d o s e téc-nicas de investigação , o que, certamente, di-ficulta p ro cesso s avaliató rio s. Em primeiro lugar, da própria p ro d ução da área. Mas em segund o , e fund amentalmente, da eficácia da atividade de investigação científica quand o se co nsideram seus pro d uto s, referenciad o s ao que deveria ser uma política d e ciência e tecno lo gia articulada a um pro jeto nacio nal que teve co m o núcleo s aglutinado res a Co ns-tituição de 1988, a Reforma Sanitária e o Sis-tema Único de Saúd e.

Po l í ti cas C i e n tí f i cas e

T e cn o l ó g i cas e m S aú d e C o l e ti v a

— a n o szyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 9 0

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oriundos d o FNDCT e gerido s pela FINEP, quanto d o s administrados p elo CNPq. Situa-ção que em seus traços gerais perdura até o s presentes dias, excetuand o -se o s mecanismo s de distribuição cie bo lsas que foram relativa-mente preservado s nesta crise. O sistema, sem dúvida, tem p ro p o rcio nad o importantes resul-tados quanto à fo rmação de recurso s huma-nos, também para a Saúde Coletiva, co m re-flexo s positivos so bre o ensino e so bre o s serviços de saúd e. Ainda que a co nso lid ação das pós-graduações represente um dos grandes sucesso s da política de Ciência e Tecno lo gia brasileira, é evid ente que a baixa dispo nibi-lidade de recurso s para o financiamento d e pesquisas repercute no impacto que as p ó s-grad uaçõ es p o d eriam ter na fo rmação d e pesquisad o res mais experimentad o s.

Constituindo-se em elemento importantís-simo para o esvaziamento das políticas d e C & T até então formuladas, a red ução de re-cursos situa-se ao lad o d e outros fatores que para ele também contribuíram. Segund o

Gui-marães (1994a, p. 12): "A [razão]zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA m a i s g e r a l diz r e s p e i t o às estreitas v i n c u l a ç õ e s d a p o l í t i c a

científica e t e c n o l ó g i c a c o m a a ç ã o do E s t a d o n o â m b i t o d e u m p r o j e t o ' n a c i o n a l ' . C o m a crise d o E s t a d o - N a ç ã o , v ê m se a m p l i a n d o as d i f i c u l d a d e s p a r a a r e f l e x ã o e p r á t i c a s o b r e C & T. S i n e r g i c a m e n t e , t a m b é m c o n c o r r e a p o s i ç ã o d o s países t a r d i a m e n t e i n d u s t r i a l i z a d o s

n o p a n o r a m a d a

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Terceira Revolução Industrial e d a n o v a d i v i s ã o d o t r a b a l h o d e l a d e c o r r e n t e . A

p o s i ç ã o d o Brasil, país p e r i f é r i c o , d e i n d u s t r i a -l i z a ç ã o r e c e n t e e d e s v i n c u -l a d o d o s p r i n c i p a i s

b l o c o s e c o n ô m i c o s e x i s t e n t e s n o m o m e n t o , p o s i t i v a m e n t e n ã o a n i m a o d e b a t e s o b r e as q u e s t õ e s d e C & T " . Co mo elemento s especí-ficos que afetam a oferta, mencio na o autor a existência d e pro blemas nas políticas de co -o rd enaçã-o , articulaçã-o , gestã-o e avaliaçã-o e, do lado da d emand a, o (d esfinanciam ento das universidades e a crise departamental.

A nalisando o s limites d o d esenvo

lvimen-to científico e tecno ló gico no Brasil, Ferraz zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

( ap n d Marques, 1989, P- 19) diz haver: " u m

s é r i o d e s a j u s t e e s t r u t u r a l e n t r e a o f e r t a t e c n o l ó -g i c a e o q u a d r o i n s t i t u c i o n a l existente n o país, f a l t a n d o c a p a c i t a ç ã o t é c n i c a , g e r e n c i a l e e m -p r e s a r i a l n a b u r o c r a c i a -p ú b l i c a e e m m u i t o s s e g m e n t o s p r o d u t i v o s p r i v a d o s n a c i o n a i s , b e m c o m o u m a d e s c o o r d e n a ç ã o e n t r e a g ê n c i a s p ú blicas e inexistência d e i n s t r u m e n t o s d e i n t e r v e n -ç ã o a d e q u a d o s p a r a o f o m e n t o d e C & T n o p a í s " .

Na área de Saúde Coletiva, co mo já foi apontado anteriomiente, as políticas de C & T vincularam-se fortemente ao mo v imento de sustentação d o pro jeto da Reforma Sanitária. É inegável que este mo v imento foi de fundamental impo rtância no p ro cesso de red emo -cratização d o país e na d efinição de direitos básico d e cidadania na área da saúde (inco r-po rad o s à Co nstituição d e 1988), assim co mo na criação d o Sistema Único de Saúde — SUS. To davia, as co njunturas políticas, internas e externas, impediram a implantação efetiva de muitas dessas d eterminaçõ es legais e, tal co mo se verificou em outros países, instala-se uma certa p ercep ção de crise na Saúd e Coletiva: crise da teoria e/ ou crise das práticas (OPS, 1992a) ?

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lógico (particularmente na área biomédica) e responder às demandas de conhecimento exi-gido pela complexidade crescente do quadro epidemio ló gico " (OPS, 1994, p. 394). Nesse sentido, "estudos descritivos de perfis e tendên-cias de investigação científica em um campo determinado ajudam a identificar problemas cardeais deste campo em momentos históricos precisos, abrindo caminho para estudos poste-riores mais refinados que permitem aprofundar os determinantes das tendências observadas e predizer a direção do desenvolvimento neste camp o , o que é de inegável importância para o p ro cesso de p lanejam ento " (Pelleg rini, 1992b, p. 15).

Os estudos so bre p ro d ução científica na área da saúde na d écad a de 80, que se vaiem de bases de dado s co m o LILACS, MEDLINE e ISI, observam que no Brasil, para a área da saúde co mo um to do e da Saúde Coletiva em particular, ho uve um crescimento no número de publicações, ainda co m baixa participação

em revistas internacionais (ViacavazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA et ai, 1992;

Guimarães & Vianna, 1994; OPS, 1995b). Se para a América Latina, a participação brasileira no período apresenta uma tendência crescente, em relação à pro dução mundial a área da saú-de mantém uma presença discreta, em torno saú-de 1,5%. Ressaltam os autores a dificuldade de interpretação dos dados registrados, principal-mente quando se tenta utilizá-los co mo repre-sentativos da totalidade da produção científica. Dificuldade mais acentuada quando se trata da Saúde Coletiva dado que, freqüentemente, uti-liza-se ela de outros veículos co mo instrumen-to de difusão dos resultados de suas pesqui-sas, tais co mo livros e relatórios técnicos, de difícil acesso quando se busca fazer análises da natureza da acima referida.

Em síntese, as avaliaçõ es das políticas d e C & T para a Saúde Coletiva na d écad a de 80, realizadas já no co ntexto d o refluxo dos ano s 90, apo ntam para uma institucionalização de um sistema d e pesquisa na área (curso s d e pó s-grad uação , grupos de pesquisa co nso li-dados co brind o temáticas ampliadas), anco ¬

rado fund amentalmente no s meio acad êmico . Co ncentra-se d e uma forma muito importante na região sudeste, o bserv and o -se uma baixa produtividade quand o medida p elo número de p ublicaçõ es e co mparad a a pad rõ es inter-nacio nais. É uma área ainda p o uco resistente a crises conjunturais, d ad o que se vale de uma variedade restrita d e fo ntes de financia-mento e co m uma lenta reno v ação de seus quadro s de pesquisad o res. Po d se co nsid e-rar, no entanto e d esse p o nto d e vista, que as políticas científicas para a área foram relativa-mente bem suced id as, ainda que não tenham alcançad o as metas inicialmente estabelecid as.

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Em relação a "tecno lo gias d e p ro cesso ", po d e-se dizer que a Saúd e Coletiva teve ativa participação na elabo ração de pro po stas d e planejamento , administração , pro gramação e gestão , tend o em vista a Reforma Sanitária e a implantação d o SUS. A avaliação de tal atividade reveste-se de eno rmes dificuldades dado que, e principalmente, a refo rmulação do sistema d e saúde tem se revelad o muito mais pro blemática d o que se pensava, expres-sando uma dinâmica co mp lexa que, po r ve-zes, mascara a eventual inco rp o ração efetiva de pro cesso s ino vad o res.

De toda fo rma, mud anças se anunciavam

necessárias. Os primeiros ano s da d écad a d e zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 9 0 mostraram uma ausência quase total de

qualquer tipo d e atividade pro spectiva. No fundamental, tentava-se so breviver ao "fura-cão Collor". Desd e então , foram o rganizado s alguns grandes evento s, co m reco rtes esp ecí-ficos, e que to maram a política de C & T co mo temática central. A se ressaltar, portan-to, a ausência de uma atividade estruturada, articulada e de natureza co ntínua que traba-lhe esta questão , e que diga respeito não só à Saúde Coletiva mas, também, ao seto r saú-de co m o um to d o . A lguns d esses evento s devem ser lembrad o s.

Em 1 9 9 3 , a Fund ação Osw ald o Cruz — FIOCRUZ — realiza seu II Co ngresso Interno , tendo po r tema "Ciência e Saúde Co mpro -misso Social da FIOCRUZ ". No texto d o semi-nário p rep arató rio "Ciência, Tecno lo g ia e Saúde: Funçõ es Públicas face às Transfo rma-çõ es So ciais" afirma-se que: "o q u e se i m p õ e na a t u a l i d a d e é a s u b s t i t u i ç ã o d a a u s ê n c i a d e u m a s e l e t i v i d a d e e s t r u t u r a l d a d a p e l a d e f i n i ç ã o d e u m a a r b i t r a r i e d a d e p o l i t i c a m e n t e c o n s t r u í d a .

Em o u t r o s t e r m o s , t e r e m o s q u e d e f i n i r p r i o r i d a -d e s , t r a ç a r e s t r a t é g i a s , c r i a r m e c a n i s m o s -d e p l a n e j a m e n t o e a v a l i a ç ã o c o n t í n u o s . " (FIO-CRUZ, 1 9 9 3 a , p. 9 ) - Send o assim, " a s o p ç õ e s d e d e s e n v o l v i m e n t o c i e n t í f i c o e m e t o d o l ó g i c o e m s a ú d e d e v e m t e r a s e n s i b i l i d a d e d e r e c o

n h e c e r a d i n â m i c a d a r e a l i d a d e s o c i a l e s a n i -tária n a c i o n a l , i d e n t i f i c a r os p o n t o s críticos e as ¬

e s t r a t é g i a s a c u r t o , m é d i o e l o n g o p r a z o . D a

m e s m a f o r m a q u e n ã o d e v e m d e s c o n h e c e r q u e o p r o c e s s o d e d e s e n v o l v i m e n t o c i e n t í f i c o n ã o p o d e estar a l h e i o às r e l a ç õ e s t a n t o com a co -m u n i d a d e i n t e r n a c i o n a l q u a n t o co-m o s e t o r p r o d u t i v o . " (id em, p. 1 1 ) . Em relação às "pro -postas para d iscussão ", co nsid era-se que, para a Instituição, são parâmetro s de priorização de pesquisa "o q u a d r o e p i d e m i o l ó g i c o , a v o c a ç ã o i n s t i t u c i o n a l , as d e m a n d a s s o c i a i s , a e x c e l ê n c i a c i e n t í f i c a e o a c o m p a n h a m e n t o d o d e s e n v o l v i m e n t o c i e n t í f i c o i n s t i t u c i o n a l " , co nstituind o -se em critério s d e relev ância " i m p a c t o n a m o r b i d a d e , i m p a c t o a m b i e n t a l , p r o d u ç ã o e d e s e n v o l v i m e n t o t e c n o l ó g i c o , circ u l a ç ã o e d i f u s ã o d a i n f o r m a ç ã o e i n t e g r a -ç ã o m u l t i d i s c i p l i n a r e i n t r a / i n t e r i n s t i t u c i o n a l . " (FIOCRUZ , 1 9 9 3 b ) .

Em junho d e 1 9 9 4 , a A cad emia Brasileira de Ciências, d and o co ntinuid ad e ao s "Enco n-tro s Seto riais: Co ntribuiçõ es d e Ciência e Tecno lo gia para a Á rea So cial", enfo co u a questão da saúd e, p ro mo v end o um enco ntro das co munid ad es científica e tecno ló gica e, também, co m a co munid ad e empresarial, d o qual resultou a p ro p o sição d e macrodiretrizes para uma política d e C & T em saúde. A partir da identificação d e "entrad as" ou "co nceito s o rganizad o res" para o agrupamento das fina-lidades das práticas d e P & D em saúde (No vaes, Szklo & Lafetá, 1 9 9 4 ) , foram defini-d o s quatro camp o s "fim" e um camp o "meio ": pesquisa básica ou fundamental; C & T apli-cadas a o bjetivo s eco nô mico s; C & T aplica-das a o bjetivo s estratégico s; C & T aplicaaplica-das ao planejamento , o rganização e gerenciamen-to d e sistemas d e saúd e e, finalmente, Infra-estrutura d e C & T. Esta catego rização permi-tiria não só a id entificação da especificidade das áreas d o co nhecimento e d e suas práti-cas, e das instituições mais ad equad as ao seu d esenvo lvimento , mas também a visualização das articulaçõ es necessárias à realização de o bjetivo s so ciais esp ecífico s.

(14)

I -

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Ciências básicas ou Fu n dam e n t ai s :

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

a

pesquisa básica na área de saúde deve res-peitar a dinâmica própria da Ciência, co ncili¬ and o -se co m a ad o ção de políticas temáticas para esta área.

II - C & T aplicadas a Objetivos Econô-m i c o s :

a) Reo rg aniz ação emp resarial v isand o reestruturar segmento s d o parque industrial de produtos (insumo s, equipamento s e servi-ço s) para a saúd e, de forma a aumentar a capacid ad e d e ino vação ;

b) Criação de mecanismo s que assegu-rem a qualidade do s pro duto s (insumo s e equipamento s) e serviço s de saúde no país;

c) Criação de co nd içõ es empresariais para o d esenvo lvimento da indústria de química farmacêutica no país, e

d) Criação de co nd içõ es empresariais para o d esenvo lvimento da mo d erna bio tecno lo gia direcionada para a saúd e.

IIIzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA - C & T aplicadas a Objetivos Estraté gicos-.

a) Criar infra-estrutura técnico -científica capacitad a a identificar áreas co nsid erad as estratégicas para o aprimoramento das condi-çõ es de saúde através das atividades de C & T;

b) Pro mo ver o p ro cesso de aprimo ramen-to da intervenção estatal na implementação de P & D em insumo s co nsid erad o s estratégi-co s, e

c) Fo rtalecer a atividade regulatória d o Estad o .

TV - C & T aplicadas ao Planejamento,

Organização e Gerenciamento de Sistemas e Serviços de Saúde, d esenvo lvimento da C & T

necessárias à sup eração de lacunas de co nhcimento e tecno lo gias na implantação e d e-senvo lvimento d o SUS e, finalmente,

V - Infra-estrutura de C & T. identificar

áreas relativ as à infra-estrutura a serem ap o iad as na o timiz ação da C & T em saúd e

e d esenvo lver açõ es necessárias ao seu ple-no funcio namento (A BC, 1994).

Em uma seqüência cronológica, a Coorde-nação Geral de Desenvolvimento Científico e Tecno ló gico d o Ministério da Saúde organizou e realizou, em outubro de 1994, a I Conferên-cia Nacional de CiênConferên-cia e Tecno lo gia em Saú-de, co mo coroamento de conferências estaduais. A poiados em d o cumento s especialmente pre-parados para a o casião , assim co mo em apre-sentaçõ es e debates, os participantes (repre-sentando diversos segmento s envolvidos co m a questão ) elabo raram um d o cumento que deveria definir uma política de C & T em saú-de, co mo co mp o nente da própria Política Na-cional de Saúde (Ministério da Saúde, 1994).

(15)

Ministério da Saúd e, de uma Secretaria Exe-cutiva de C & T, assim c o m o a atribuição a uma forma ampliada da Co missão Intersetorial de C & T em Saúde — CICT — , d o Co nselho Nacio nal d e Saúd e, a tarefa d e fo rmular, p ro p o r e aco m p anhar a Po lítica N acio nal d e C & T em Saúd e (Ministério da Saúd e, Ministério da Ed ucação e d o D esp o rto , Mi-nistério da Ciência e da Tecno lo g ia, 1994). Seguind o o mesmo impulso , a A BRA SCO cria sua própria Co missão d e C & T em Saúde, co mo reflexo d e esp eranças reno vad as.

Passad o s do is ano s, verifica-se que as propostas de reo rganização administrativa que levariam a um sistema articulado d e política de C & T em saúd e, praticamente, não se implantaram, o s recurso s para pesquisa co n-tinuam escasso s e a Co missão de C & T da ABRASCO não saiu d o papel. No entanto , e felizmente, ainda há vida. O s grupo s d e p es-quisa co ntinuam em atividade e pro curam diversificar suas fo ntes d e financiamento ; as tradicionais instituições financiado ras buscam criar mecanismo s que as to rnem mais ágeis e objetivas (a CAPES merece uma especial refe-rência), ampliaram-se o s intercâmbio s interins¬ titucionais e internacio nais, e p ro mo v em-se co ngresso s também para áreas específicas do camp o da Saúd e Coletiva, que mostram uma grande diversidade de temas e abo rd agens.

Assim, no presente mo mento , ainda que

o exercício da políticazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA (politics) esteja sempre

presente, e co ntinue fundamental, e a sua trad ução em d efiniçõ es de políticas (policies)

explícitas e fo rmalizadas não d eixe de ser impo rtante, enquanto elemento racionalizador e aglutinador, estas so mente p o d erão se co ns-tituir em diretrizes co m alguma efetividade se so uberem captar e po tencializar a diversida-d e, hetero geneidiversida-d adiversida-d e e co mp lexidiversida-d adiversida-d e diversida-da prod ução prode co nhecimento s e práticas, e proda pró -p ria v id a so c ial, resistind o à te ntaç ão demiúrgica d e recriar o mund o so mente atra-vés do s d esejo s.

O d iagnó stico geral quanto ao s pro ble-mas a serem enfrentad o s já existe e, no no v o co ntexto d o s ano s 90, o principal desafio para que uma política d e C & T d eixe de ser um exercício virtual e seja capaz de se co nso lidar co m o uma política pública, co m legitimação so cial, é co nseguir mo bilizar e envo lver a diversidade de ato res presentes na pro d ução , d isseminação e utilização d o s co nhecimento s e das tecno lo gias. Os ato res so ciais, em qual-quer atividade, não estão d ad o s a priori,

vis-to que v ão send o inco rpo rad o s no deco rrer da sua dinâmica. Para a C & T em Saúde, além d e no v o s ato res, fazem-se necessárias mud anças nas práticas d o s atores tradicionais, co m o o Estado , o s pesquisad o res, as asso cia-çõ es científicas, o s pro d uto res d e serviços e insumo s, e o s pro fissio nais d e saúd e, para a co nstrução d e no vas relaçõ es d e po der, for-mas de co nvivência e dinâmicas de trabalho.

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Referências

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