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Paracoccidioidomicose e infecção pelo virus da imunodeficiência humana.

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Rev. Inst. Med. trop. São Paulo

31 (2): 119-125. março-abril, 1989

PARACOCCIDIOIDOMICOSE E INFECÇÃO PEL O VÍRU S D A IMUNODEFICIÊNCIA HUMAN A

R o g é r i o d e J e s u s P E D R O (1) , F r a n c i s c o H i d e o A O K I (2) , R a q u e l S i l v e i r a B e l l o S t u c c h i B O C C A T O (2) , M a r i a L u i z a M o r e t t i B R A N C H I N I (2) , F e r n a n d o L o p e s G O N Ç A L E S J Ú N I O R (2) ,

P r i s c i l a M a r i a d e O l i v e i r a P A P A I O R D A N O U (2 ) & M a r c e l o d e C a r v a l h o R A M O S (3) .

R E S U M O

São apresentado s doi s caso s d e paracoccidioidomicose , u m e m pacient e co m a síndrom e d a imunodeficiência adquirid a e o outro e m pacient e co m infecçã o pel o H I V . Trata-s e dos primeiros relato s e m qu e est a associação é descrita n a literatura . No primeiro , a micos e s e evidencio u durant e o acompanhament o d e pacient e com A I D S, qu e passou a apresentar hépato-esplenomegali a e febre elevada. A ecogra¬ fia, radiografia simple s e tomografia computadorizad a d o abdômen , demonstrara m nódulos sólidos , alguns calcificados, no parênquim a esplênico . A punçã o aspirativ a da medul a ósse a confirmo u o diagnóstico ; o conjunt o do s achado s caracterizo u a forma agud a disseminad a d a paracoccidioidomicose , a qua l levo u o pacient e a o óbito.

No segund o relato , e m pacient e co m infecçã o pel o H I V , a propósito d e investi -gação de tumoração n a região inguinal e fossa ilíaca à direita, constatou-s e a associa-ção d e doença de Hodgkin, tipo celularidad e mist a e paracoccidioidomicose .

Avalia-se a importânci a deste s relato s frent e a expansã o d a infecçã o pel o H I V e estimas e qu e mai s caso s venha m a ser relatados e m paciente s co m A I D S , proce dentes d e área s endêmicas dest a micose . Propões e a inclusã o d a paracoccidioido -micose com o infecçã o oportunístic a potencia l e m paciente s H I V positivo s nesta s áreas.

U N I T E R M O S : Paracoccidioidomicos e — A I D S; Baço , Nódulos calcificados ; Linfono¬ dos; Punçã o aspirativa d e medula óssea .

I N T R O D U Ç Ã O

A paracoccidioidomicos e é endêmica em vários paíse s d a Améric a Latina . Descrit a inicial

-mente n o Brasi l e m 19089, é causada por fung o

dimórfico, o Paracoccidioides brasiliensis . A i n

fecção traduz-se , clinicamente, so b trê s formas : a paracoccidioidomicose-infecçã o ond e nã o h á sintomas e depressão da resposta imune celular . É própri a d e pessoa s d e área s endêmica s que ,

(1) P r o f e s s o r A s s i s t e n t e D o u t o r . C h e f e d o S e r v i ç o d e D o e n ç a s T r a n s m i s s í v e i s da F a c u l d a d e d e C i ê n c i a s M é d i c as — U N I C A M P , C a m p i n a s , S ã o P a u l o , B r a s i l .

(2) P r o f e s s o r A s s i s t e n t e n a D i s c i p l i n a d e D o e n ç a s T r a n s m i s s í v e i s da F a c u l d a d e d e C i ê n c i a s M é d i c a s — U N I C A M P , C a m p i n a s, S ã o P a u l o , B r a s i l .

(3) P r o f e s s o r A s s i s t e n t e D o u t o r n a D i s c i p l i n a d e D o e n ç a s T r a n s m i s s í v e i s d a F a c u l d a d e d e C i ê n c i a s M é d i c a s — U N I C A M P , C a m p i n a s , S ã o P a u l o , B r a s i l .

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expostas, se infectam, ma s não adoecem. A para -coccidioidomicose-doença pod e ser aguda ou su-baguda (co m doi s subtipo s grav e e moderada ) e crônica , est a un i o u multifoca l podend o se r leve, moderada o u grave . A terceir a modalidad e clínica correspond e à s forma s residuai s o u se -qüelas5.

A paracoccidioidomicos e doença , e m su a forma agud a ou subagud a é, habitualmente, se vera, co m m á evoluçã o e compromete preferen -temente o sistem a monócito-fagocitário . O s doentes, e m geral , apresentam grav e depressã o

da resposta imune celular1 0, embor a tenha m ele

vados título s de anticorpo s específico s circulan -tes2.

Na form a crônica , a doenç a te m duraçã o mais prolongada, podendo acomete r u m o u mai s órgãos o u sistema s e a imunidade celula r pod e estar conservad a o u deprimid a e m grau s variá veis, e m gera l retratand o a extensã o o u gravi -dade d a doença .

As forma s clínica s relatadas traduze m o qu e ocorre e m condiçõe s naturai s na s zona s endê micas desta micose profunda. E m pacientes imu -nocomprometidos, que r po r doenç a subjacente , quer po r açã o d e medicamentos, te m sid o regis tradas n a literatur a médic a alguma s observa

-ções a a ocorrênci a dest a infecção8 1 3 i q , inclu

-sive e m modelo s experimentais1 5. N a Síndrom e

da Imunodeficiênci a Adquirid a ( A I D S ) o u infec -ção pel o víru s d a imunodeficiênci a h u m a n a (HIV) nad a h á registrad o n a literatur a e m rela -ção a paracoccidioidomicose .

Apresentamos nest e trabalho dois relatos d e pacientes co m infecçã o pel o H I V , no s quai s s e diagnosticou a paracoccidioidomicos e e desta -camos a importância dest e fat o em noss o meio .

A P R E S E N T A Ç Ã O D O S C A S O S

C A S O 1

C. G . R ., 37 anos , branco, solteiro , trabalha -dor braçal , natura l d e Passo s e m Mina s Gerai s e procedente d e Campinas, Estado de São Paulo. Procurou o Ambulatóri o d e Doença s Sexual -mente Transmissívei s da U N I C A M P e m junh o de 1986 , referindo emagrecimento d e oito quilo s

em cinc o mese s e alteração n o hábit o intestina l há trê s meses , caracterizado po r aument o d o nú -mero das evacuações (três a quatro vezes ao dia), com feze s liqüefeitas . A parti r d e fevereir o d e 1986 noto u apareciment o d e placa s esbranqin -çadas n a cavidad e oral , qu e regredira m co m o uso d e Ketoconazol . Negav a febre, lesõe s cutâ -neas o u outra s queixas .

Nos antecedentes, ressalta-s e que morou e m zona rura l at é ao s quinz e ano s d e idade , tend o trabalhado n a lavoura d e cana-de-açúcar e algo-dão. Referia ainda ser homossexual (ativo e pas-sivo) h á 2 0 anos, com pouco s parceiros . U m do s seus parceiro s estav a send o acompanhad o e m nosso serviço co m o diagnóstico d e A I D S, sarco-ma d e K a p o s i e tuberculose pulmonar . Negav a uso d e droga s injetávei s e viagen s a o exterior . Negava qualque r doenç a pregressa de transmis -são sexual.

Ao exam e físico , alé m d e emagrecimento , não apresentav a qualque r outr a anormalidade .

Os exame s laboratoriai s realizado s nest a época demonstravam : Hemoglobin a (Hb ) 15,6 8 g%, Hematócrit o (Ht ) 47.75% , Leucócito s 4.60 0

m m3, send o bastonete s 12% , segmentados 62% ,

linfócitos 19% , monócitos 6% . Plaquetas e m nú -meros e aspecto s normais . Protoparasitológic o e exam e a fresc o da s fezes , negativos . R X d e tórax normal . Anticorp o ant i H I V reagent e po r duas veze s ( E L I S A ). Relaçã o O K T 4 / O K T 8: 0,7 .

O pacient e oasso u a se r acompanhad o am bulatorialmente co m consulta s bimestrai s man • tendo emagreciment o lent o e progressivo, diar -réia intermitent e e episódios d e monilías e oral . Laboratorialmente constatou-s e apareciment o

de plaquetopeni a (60.00 0 plaqueta s mm3) a par

tir d e fevereiro de 1987 . Na investigação d o qua dro diarréico , fezs e a hipótes e d e supercresci -mento bacterian o a nível de jejuno um a ve z qu e o test e d a D-xilos e fo i positivo ; o "clearence " entérico d e albumin a estav a aumentado, obser vandose má absorçã o de lactose co m intolerân cia e ausência de esteatorréia. A biópsi a d e jeju -no nã o evidencio u atrofi a d e vilosidades .

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-mes sorologico s par a sífils , citomegalia , tox o plasmose e hepatit e B , qu e resultara m negat i vos.

E m agost o de 1987 , o paciente passo u a apre

sentar febre alta (39 a 40WC), predominantemente

vespertina, emagreciment o acentuad o (sei s qui -los e m 3 0 dias) ; mantinh a diarréi a e monilías e oral. A o exam e físic o apresentavas e emagreci -do, descorado + + + , temperatur a 39,7C , se m linfonodomegalia. O fígad o er a palpáve l a set e cm e o baço a 1 0 cm d o rebord o costal , este últi -mo doloros o e endurecido . O s exame s labor a toriais colhido s nest a époc a mostraram : Hemo -grama-Hb 6, 5 g%, Ht-20,0%, V CM 82 , Leucócitos

2.500mm3 send o 7 % bastonetes , 77 % segmenta

-dos, 13 % linfócitos , 3 % monócitos . Plaqueta s

16.000/mm3. Transaminases: T. G. O. 30 (8 — 40u/

1), T . G . P . 4 1 ( 5 — 35u/l) . Temp o e atividad e do protrombina 14,5 s e 82%. Hemoculturas: cinc o amostras negativas . Pesquis a d e B. K. n o esca r ro: três amostras negativas. RX de tórax normal .

Foi realizad a ecografi a abdomina l qu e evi -denciou hepatomegali a co m morfologi a e p a drão sonográfico s normais . Esplenomegali a mo -derada. O baç o apresentav a múltipla s imagen s ecogênicas nodulares co m sombras acústicas, algumas dela s com o centro ecoluscente d e calcifi -cações anelares (Figura 1). A radiografi a simple s do abdôme n mostro u hépato e esplenomegalias com lesões nodulares calcificada s no baç o (Figu -ra 2) . A tomog-rafi a computadorizad a d o abd ô men revelo u hepatomegalia , esplenomegali a

com inúmero s nódulo s sólido s n o parênquim a esplênico, a maiori a dele s calcificado s e outro s impregnados po r contraste , compatívei s co m processo granulomatos o esplênic o (Figur a 3) . Não fora m constatada s outra s anormalidades .

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sença do P. brasiliensis a o exame direto (Figura 4). A cultur a e m mei o Sabourau d confirmo u o achado.

Foi iniciad o tratament o co m sulfametoxa zol trimetopri m n a dose de 480 mg/dia de trime -toprim, co m remissã o da febr e n o quint o di a d e tratamento. O pacient e passo u be m po r dua s semanas quando , novament e volto u a aprese n tar febre , pior a progressiv a do estad o geral . F oi medicado també m co m Ketocozano l e anfote -ricina B . Evolui u par a o óbit o doi s mese s após o iníci o d a terapêutica .

C A S O 2

S. S. , 2 9 anos , branco , solteiro , natura l e proc e dente d e Port o Ferreira , Estad o d e Sã o Paulo, procurou o ambulatóri o d e Moléstia s Infeccio -sas, referind o apareciment o d e mass a n a regiã o inguinal direit a e també m febr e noturn a h á 2 0 dias.

E m seu s antecedente s pessoais , ressalta-se o fat o d e se r homossexua l há 1 3 anos , se m pa r ceiro fixo ; tev e uretrit e gonocóccic a há quatr o anos.

Ao exam e físico apresentava fígado palpável a doi s c m | consistência normal e indolor ; baç o palpável a doi s cm ; mass a inguina l D d e mai s ou menos sete cm, consistência endurecida e su-perfície bocelada .

Os exame s inespecíficos mostraram: Hb-9, 3

g%, Ht-26,5% , VHS-63mm3 (primeir a hora) . Leu

-cócitos 3.20 0 mm3. Contage m diferencial : 11 %

bastonetes, 5395 - segmentados , 3 2 % linfócito s e

47Í monócitos . Plaqueta s 26.00 0 mm3. Protopa

-rasitológico: Giardi a lamblia . Eletrofores e d e

proteínas: normal . Ecografi a abdomina l mos trou imagens hipoecóides situada s na foss a ilía -ca direit a fazend o impressão no teto e na pared e lateral direit a d a bexiga . As imagen s sã o be m delimitadas e as duas maiore s mede m 5. 2 x 3.0 cm e 4.0 x 2.8 cm. A tomografi a computadorizad a de abdôme n mostro u hépato-esplenomegalias , adenopatia peri-pancreátic a e peri-aórtica e ex-tensa adenopati a e m cadei a hipogástrica, ilíaca externa e ínguino-femorais a direita (Figur a 5).

Realizada biópsi a d e linfonod o inguina l D. , parte d o material fo i homogeneizad o e suspenso

em salina , send o encontrad o P . brasiliensi s a o

exame direto . O estud o histopatológic o confir -mou o achado. Caracterizou-se ainda linfoma d e Hodgkin tip o celularidad e mista .

A complementaçã o d o estud o laboratoria l mostrou qu e a pesquisa de anti H IV fo i positiv a em doi s exame s pelo métod o E L I S A ; V . D. R . L. foi positiv o e m títul o 1/126 ; fixaçã o d o comple mento par a paracoccidioidomicos e resulto u ne -gativa.

(5)

em acompanhament o clínico , mantendo-s e e m boas condiçõe s clínicas até o momento .

C O M E N T Á R I O S

A epidemi a d e A I DS assume , em nosso meio, números preocupantes . Segund o dado s d o Mi -nistério d a Saúde , fora m relatado s at é junho d e 1988, 3.687 doentes . Calcula-s e númer o superio r a 300.00 0 pessoa s entr e infectado s pel o H I V assintomáticos e doente s co m manifestaçõe s ini -ciais relacionada s à A I D S . Sabe-s e que , e m d e corrência d a subnotificação , esta s cifra s estã o subestimadas. Frent e a est a nov a realidad e h á expectativa d e com o s e comportarã o a s ende -mias brasileiras, de modo particula r a paracocci-dioidomicose.

A persistent e disfunçã o d o sistem a imun e na A I D S predispõ e a séri e d e infecçõe s já be m definidas n a literatura médica. As infecções fún gicas d e mod o gera l estã o entr e a s mais relata -das. Estudo s retrospectivo s d e casuística s nos Estados Unido s e n a Áfric a refere m incidênci a entre 5 8 e 81% , send o qu e cerc a d e 1 0 a 20 % dos paciente s co m A I D S morre m e m decorrên

-cia diret a desta s infecções6.

A candidías e d e orofaringe , esôfago , brôn -quios, pulmõe s e meninges , a criptococos e do s pulmões, meninge s o u disseminada , a aspergi -lose invasiva , a histoplasmose disseminada , es tão associada s a A I D S . O s fungo s causadore s destas doenças são patógenos oportunistas , qu e em hospedeiro s imunocomprometidos , causa m infecções d e severidad e variável , send o no s pa -cientes co m A I D S o curso de infecção e as mani-festações clínicas , freqüentemente mai s grave s que naquele s co m a imunidad e comprometid a por outra s causas .

T e m sid o relatado s caso s d e coccidioidomi -cose disseminad a em paciente s co m A I D S , qu e

estiveram transitoriamente1 o u qu e procede m

de área s endêmicas dest a micose1 1

Ainda nad a foi relatad o n a literatura, correla-cionando A I D S e paracoccidioidomicose . É n o entanto, possíve l suporse que indivíduos, com di -ferentes forma s clínica s dessa micose, poderão te r agravada ess a infecçã o e m decorrênci a d o com -prometimento d a imunidade, determinad a pel o

H I V , vist o qu e a imunidad e celula r é essencial na defes a do hospedeir o contr a a infecçã o pel o

P. brasiliensis .

Os caso s qu e relatamo s constitue m o s pri -meiros registro s d a associação d a paracoccidioi-domicose e infecção pel o víru s H I V .

No primeiro relato, presenciou-s e a evolução de paracoccidioidomicos e assintomátic a o u i n fecção à form a disseminada , n o períod o d e 1 4 meses, em que o paciente fo i acompanhad o apó s o diagnóstico d e infecção pelo H I V. Inicialment e apresentou sintoma s gerais , perda d e peso, diar-réia prolongada , monilías e d a cavidade oral, ca racterizando o grupo IV , subgrupo A , da classifi

cação d o Center s for Diseas e Contro l ( C D C )3 pa

-ra a infecção pel o H I V .

Durante o seguiment o verificous e a pro -gressão d a micose. O baço inicialmente nã o pal-pável aumentou d e volume, atingind o 1 0 cm aos 14 meses de seguimento. A presenç a de imagens nodulares co m calcificações , notadas ao s exa mes ecográfico , radiológic o e tomográfico, pres -supõe process o inflamatório co m necrose .

A punçã o aspirativ a d a medula ósse a permi

-tiu a identificaçã o d o P . brasiliensis . É lícito ,

portanto, concluir qu e se trata de forma dissemi nada d e paracoccidioidomicose . A refratarie dade a o tratament o nest e caso , atest a a gravi -dade desta forma clínica . Não se observaram ev i dências de qualquer outr o agent e infeccioso qu e justificasse ess a evolução .

No segund o caso , a propedêutic a dirigid a para o esclareciment o d a febre , tumo r n a fossa ilíaca e região inguina l direit a permiti u a caracterização d e linfom a d e Hodgki n tip o celulari dade mist a a o exam e histopatológic o d e linfo nodo daquel a região . Demonstrous e aind a nes -te mesm o ma-terial , a presenç a d e fungo s co m cápsula birrefringent e e gemulaçã o múltipl a

permitindo o diagnóstico d e P. brasiliensis, Est e

paciente est á em seguiment o e m noss o serviço, tendo-se obtid o bo a respost a com a terapêutic a convencional par a a doenç a d e Hodgki n e co m o uso d e sulfametoxazol-trimetoprim .

(6)

clínico e evolutivo o caso em tela, não se difere n cia do que já se conhece sobre a paracoccidioid o

micose associada a doença de Hodgkin8. A mico

se no momento atual, restringese ao comprome -timento ganglionar , não havend o evidência s cl í nicas de acometimento d e outros órgão s ou siste-mas.

O resultad o negativ o d a reaçã o d e fixaçã o do complement o par a a paracoccidioidomicos e pode se r decorrente d a limitação d a micose , ou, como j á s e verificou e m outra s infecçõe s fúngi

-cas, inclusiv e n a coccidioidomicos e n , d e efeit o

também n a imunidad e humora l determinad a pela infecçã o pel o H I V . N a paracoccidioidomi -cose d o hospedeir o imunocomprometid o po r causas diversa s d a infecçã o pel o H I V , est a rea

-ção é habitualmente positiva 1 3.

A medid a e m qu e a infecçã o pel o H I V va i se extendendo a regiões endêmicas de paracoccidioidomicose, é provável qu e outro s caso s ocor -ram de modo semelhant e a o que se verificou co m outras micose s profundas1 1 1 1 5 1 6 .

O equilíbri o entr e hospedeir o e agente etio -lógico no s caso s d e paracoccidioidomicos e infecção pode se romper co m a infecção pelo H I V e torna r mai s expressiv a a incidênci a dest a mi -cose com o infecçã o oportunístic a e m pessoa s que vivem nesta s regiões. Fato semelhante ocor reu e m algun s centros urbano s no s Estados Uni -dos, ond e s e verificou significativ o aument o d a incidência d a tuberculose , atribuíd o à concomi -tante infecçã o pel o víru s d a imunodeficiênci a humana5 1 0 .

Os médicos qu e desenvolve m atividade s e m áreas endêmica s d e paracoccidioidomicose pre -cisam considerá-l a com o infecçã o oportunístic a potencial e m paciente s co m A I D S e d e mod o inverso, pacientes com o diagnóstico dess a mico -se qu e fizera m part e do s grupo s d e maio r risc o devem se r avaliado s par a a infecçã o pel o H I V e A I D S .

S U M M A R Y

P A R A C O C C I D I O I D O M Y C O S I S A N D H U M A N I M M U N O D E F I C I E N C Y V I R U S I N F E C T I O N

We present tw o case s of paracoccidioidorn.y -cosis, on e occurrin g i n a n A I DS patien t an d th e

other i n a n H I V infecte d man . Thi s i s th e firs t report o f such association.

The first patient, which wa s already followe d for H I V infectio n (grou p IV-A ) presente d wit h high feve r an d hepatosplenomegaly. Plai n X-ray, ultrasound an d CT-scan o f the abdome n showe d solid nodule s i n th e spleen , some o f the m wit h calcification. Bot h th e direc t smea r an d th e cul

-ture of a bone marrow aspiratio n reveale d Para

-coccidioides brasiliensis . T h e patien t die d o f acute disseminate d Paracoccidioidomycosis .

The secon d patient, a man antiHI V seropo -sitive presente d wit h a mas s o n th e righ t lowe r abdomen an d inguina l region . A biops y o f th e mass showed the associatio n of Hodgkin's disea se o f th e mixe d cellularit y typ e an d paracocci -dioidomycosis.

With th e expandin g A I D S epidemi c w e be -lieve this report emphasizes the nee d to conside r Paracoccidioidomycosis in H IV infected person s in countrie s wher e thi s mycosi s is endemic . W e also sugges t th e inclusio n o f Paracoccidioido -mycosis a s a potentia l opportunisti c infectio n in thes e areas .

R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S

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(7)

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T O , N . S . — A c u t e p u l m o n a r y p a r a c o c c i d i o i d o m y c o s i s i n a n i m m u n o s u p p r e s s e d p a t i e n t . M y c o p a t h o l o g i a ( D e n

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Referências

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