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Leishmaniose visceral canina: avaliação da metodologia sorológica utilizada em inquéritos epidemiológicos.

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Academic year: 2017

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R evista da Sociedade Brasileira de M edicina Tropical 24(1): 21-25, jan-m ar, 1991

LEISH M ANIO SE VISCERAL C ANINA: AVALIAÇÃ O D A M ETODO LO GIA

SOROLÓGICA UTILIZA D A EM INQ UÉRITO S EPIDEM IOLÓGICOS

C a r lo s A . d a C o s ta , O d a ir G e n a r o , M a r t a d e L a n a , P a u lo A . M a g a lh ã e s , M a g n o D ia s , M a r i le n e S . M . M i c h a lic k , M a r ia N . M e lo , R o b e r to T . d a C o s ta ,

N e u z a M . M a g a lh ã e s - R o c h a e W ils o n M a y r in k

F o i rea lizad o um estudo com parativo da reação de im u nofluorescência indireta em elua tos de sangu e de cães infectados experim entalm en te com diferentes tripanosom atídeos. U tilizaram -se com o a n tig e n o p ro m a stig o ta s de L. mexicana, L. braziliensis e L. chagasi. Os resultad os m ostra ra m que a se nsibilid ade do m étodo f o i de 8 7 ,5 % p a ra o diagnóstico do ca la za r canino, independente­ m ente do antige no em pregado; e qu e ocorre reação cr uza da com Leishmaniose tegumentar em 75% dos casos e com doença de C h ag as em 8 3 ,3 % . L ev a n ta m e n to epidem iológico em área de

leishmaniose con firm a q ue a reação de im u nofluorescência em eluatos de sangue canino fo rn ece reações cr u za d a s em cães infectados com Leishmania braziliensis e L. chagasi. N ã o se verificou reação cr uza da p e la R F C . Sugere-se a utilização da reação de im un ofluo rescência n as ca m p a n h a s de sa ú d e pú blica , m a s é de se c h a m a r a atençã o p a r a o fa to de que as ta x a s de p o sitiv id a d e não devem ser u tiliz a d a s com o indicadores da p re valên cia do ca la za r canino.

Palavras-chaves: L a ishm ania chagasi. Calazar canino. Im unofluorescência.

A partir dos trabalhos de Chagas5, Deane e Deane^ e Alencar1, demonstrando a importância do cão na transmissão da leishmaniose visceral no Brasil, vários pesquisadores dedicaram-se ao estudo soroló- gico de cães infectados, visando obter métodos de diagnóstico que facilitassem a realização de inquéritos epidemiológicos, assim como melhor conhecimento da distribuição geográfica da leishmaniose visceral do nosso País.

Desses trabalhos, destacam-se aqueles que procuraram padronizar a técnica de fixação do com­ plemento no diagnóstico do calazar canino^ 11. Com o

surgimento do antigeno alcoólico7 e a demonstração da possibilidade de aplicação da reação de fixação do complemento em eluatos de sangue colhidos em papel de filtro1^, esta técnica tomou-se largamente

difun-Departamentos de Análises Clínicas e Toxicológicas da Faculdade de Farmácia e de Parasitologia do Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.

Departamentos de Ciências Biológicas do Instituto de Ciên­ cias Exatas e Biológicas e de Análises Clínicas da Escola de Farmácia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, MG.

Ministério da Saúde/SUCAM. Trabalho financiado pela FAPEMIG.

Endereço para correspondência: Dr. Carlos A. da Costa, Departamento de Parasitologia/ICB/UFMG, Caixa Postal 2486, 31270 Belo Horizonte, MG.

Recebido para publicação em 04/06/90.

dida e passou a ser usada pelo Ministério da Saúde para levantamentos epidemiológicos do calazar, no Brasil. Tal prática foi adotada até recentemente, quando a SUCAM (Superintendência de Campanhas MS), substituiu a reação de fixação do complemento pela reação de imunofluorescência indireta (RIFI). Embora tal substituição tenha sido justificada pelas facilidades técnicas proporcionadas pela reação de imunofluorescência, pareceu-nos que uma avaliação da REFI em eluatos de sangue de cães parasitados por outros tripanosomatídeos seria de fundamental im­ portância para melhor compreensão do valor deste método nos levantamentos epidemiológicos do calazar. Nossa preocupação deve-se ao fato de que, no Brasil, o

cão é encontrado parasitado tanto pela L e is h m a n ia

ch a g a si, quanto pela L . b r a z ilie n s is e pelo T ry p a ­ n o s o m a cru zi, sendo comum o encontro de áreas de superposição das leishmanioses tegumentar e visceral, bem como da doença de Chagas13.

Em 1985, um levantamento soro-epidemiológico, utilizando a RIFI em eluatos de sangue de cães provenientes de áreas de leishmaniose visceral e tegumentar do Rio de Janeiro, revelou positividade para as duas doenças, mesmo sendo empregado

somente L . b r a z ilie n s is como antigeno8. Resultado

semelhante foi observado em São Paulo

Por outro lado, em estudos preliminares, tivemos oportunidade de observar que elevados títulos de

anticorpos a n ti-T r y p a n o s o m a c r u z i são detectados-no

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expe-C osta expe-CA, Genaro O, L a na M , M agalhães PA, D ias M , M ich alick M S M , M elo M N , expe-Costa R T, M agalhães-Rocha N M , M a y rin k W. L eishm aniose visceral canina: avaliação da metodologia sorológica utilizada em inquéritos epidemiológicos. R evista da Sociedade Brasileira de M edicina Tropical 24: 21-25, jan-m ar, 1991

rimental, quando se utiliza a RIFI com antígeno de

promastigotas de L e is h m a n i a .

As razões expostas levaram-nos a realizar um estudo do comportamento da reação de imunofluo- rescência indireta em eluatos de sangue de cães

experimentalmente infectados com L e i s h m a n i a

c h a g a s i, L . b r a z i lie n s is e T r y p a n o s o m a c r u z i, utili­ zando como antígeno promastigotas de diferentes es­

pécies de L e i s h m a n i a . Numa segunda etapa, reali­

zamos um levantamento epidemiológico para leish­ maniose canina na localidade de São José do Batatal, Município de Caratinga-MG, utilizando comparati­ vamente a reação de fixação do complemento e a reação de imunofluorescência.

MATERIAL E MÉTODOS

C ã e s e x p e r im e n ta lm e n te in fe c ta d o s

Foram utilizados 66 cães procedentes dos bio- térios do Instituto de Ciências Biológicas da UFM G e da Universidade Federal de Ouro Preto. Destes, 24 foram inoculados com 1x 10^ promastigotas da cepa

M CAN/BR/73/BH348 de L . ( V . ) b r a z ilie n s is , 24

infectados com 1 x 106 promastigotas dacepaM HOM /

BR/70/BH46 deL. ( L . ) c h a g a s ie 18 infectados com2

x 103 tripomastigotas metacíclicos da cepa Berenice de T r y p a n o s o m a c r u z i por quilograma de peso, via conjuntival.

As amostras de sangue para testes sorológicos (reação de imunofluorescência e reação de fixação do complemento) foram colhidas 5 meses após a infecção

nos cães inoculados com L . ( V .) b r a z i lie n s is e que

apresentavam lesão ativa no local do inóculo; e entre 4

a 24 meses nos cães inoculados com L . ( L . ) c h a g a s i,

quando já se havia comprovado a infecção através de mielograma. Nos cães experimentalmente infectados com T. c r u zi, o sangue foi colhido durante a fase crônica da doença, entre 3 a 21 meses após inóculo infectante.

C o n tr o le s

Como controles sem infecção, foram utilizados 30 cães com idade variando de 3 a 12 meses, nascidos e criados nos biotérios do ICB/UFM G e UFOP.

L e v a n ta m e n to e p id e m io ló g ic o d e L e is h m a n io s e c a n in a

Foram examinados 697 cães da localidade de São José do Batatal, Município de Caratinga-MG. Trata-se de região onde a leishmaniose tegumentar humana ocorre, mas onde não havia sido registrado nenhum caso de calazar humano ou canino. Foram coletadas amostras de sangue de papel de filtro para reação de fixação do complemento e imunofluores­

cência. Naqueles cães com sorologia positiva foram realizados exames clínicos e laboratoriais, inclusive biópsias de material de pele e vísceras para confecção de esfregaços por aposição, cultura em meio de N N N e inoculação em hamsters.

O b te n ç ã o d o s e l u a to s d e s a n g u e

Foi utilizada metodologia descrita por Coutinho8. Após incisão na orelha do cão, gotas de sangue eram embebidas em papel de filtro (Klabin 125) que era identificado, secado ao ar e conservado a 4°C até o momento do uso. Para eluição, confetes de 6mm de diâmetro da área embebida eram picotados e eluídos em PBS para reação de imunofluorescência (2 con­ fetes em 0,28 ml de PBS correspondendo à diluição de 1/40 do soro) e em solução fisiológica para reação de fixação do complemento (8 confetes em 0,28 ml de salina, correspondendo à diluição de 1/10 do soro). A eluição era realizada por 16 horas a 4°C.

S o r o lo g ia

A reação de fixação do complemento foi reali­ zada como descrita por Pellegrino e Brener^2 utili­ zando antígeno alcoólico7.

Para a reação de imunofluorescência indireta foram empregados antígenos constituídos de promas­ tigotas deL. ( L . ) m e x ic a n a , L . ( V . ) b r a z i lie n s is e L . ( L . ) c h a g a s i cultivados em meio de LIT3, em fase

exponencial de crescimento. A reação foi realizada quantitativamente partindo-se da diluição inicial de 1/40 do eluato. Como conjugado foi empregado anti IgG de cão marcado com fluoresceína obtido do laboratório CAPPEL.

RESULTADOS

Os eluatos de sangue de cães-controles, sub­ metidos à reação de imunofluorescência indireta, forneceram resultados negativos na diluição de 1/40 com os diferentes antígenos empregados.

Os resultados dos testes realizados com o material de cães experimentalmente infectados estão sumarizados nas Tabelas 1 e 2. N a Tabela 1 são apre­ sentados os resultados da reação de imunofluorescên­ cia indireta realizada com três diferentes antígenos em

material proveniente de cães infectados com L e i s h ­

m a n i a ( L . ) c h a g a s i. Constata-se que promastigotas de L . c h a g a s i, L . m e x ic a n a e L . b r a z i lie n s is apresenta­

ram a mesma eficiência em diagnosticar os casos de calazar canino, ou seja, foram positivos em 21 dos 24 casos. (87,5%).

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C osta CA, Òenaro O, L a n a M , M agalhães PA, D ias M , M ichalick M S M , M e lo M N , Costa R T , M agalhães-Rocha N M , M a y rin k W. L eishm aniose visceral canina: avaliação da metodologia sorológica utilizada em inquéritos epidemiológicos. R evista da Sociedade Brasileira de M edicina Tropical 24: 21-25, jan-m ar, 1991

T abela 1 - R e s u lta d o s da reação d e im unofluorescência indireta ( R IF I) em eluatos de san g u e de cães experim en ta lm ente in fectado s co m Leishmania chagasi, em p regando-se com o antigeno p ro m a s-tigotas d e diferentes espécies de Leishmania.

Título final da RIFI

Antígenos

L . c h a g a s i L . m e x ic a n a L . b ra z ilie n s is

N* 3 3 3

40 5 6 4

80 4 3 4

> 1 6 0 12 12 13

Total 24 24 24

N * = negativo na diluição de 1/40.

N a Tabela 2 são apresentados os resultados da

RIFI realizada com promastigotas de L . c h a g a s iem

eluatos de sangue de cães infectados experimental­ mente com L . ( L . ) c h a g a s i, L . ( V .) b r a z i lie n s ise com T r y p a n o s o m a c r u z i. Observa-se que na diluição de 1/40 o teste foi positivo em 87,5% dos casos de calazar, 75% de leishmaniosetegumentare83,3% dos casos de doença de Chagas, e que não há diferenças estatisticamente significativas entre os três antígenos empregados.

T ab ela 2 - R es u lta d o s da reação de im u nofluorescência indireta (R IF I), em elua tos de san gu e d e cães experim en ta lm ente infectados com Leishmania chagasi, L. braziliensis e Trypanosoma cruzi,

em preg and o-se com o antigeno p ro m a stig o ta s de

L. chagasi.

RIFI na diluição de 1:40 Doença

positivos negativos total

N % N % N %

Leishmaniose

visceral 21 87,5 3 12,5 24 100

Leishmaniose

tegumentar 18 75,0 6 25,0 24 100

Doença de

Chagas 15 83,3 3 16,7 18 100

Com relação ao levantamento epidemiológico, dos 697 cães cujos eluatos de sangue foram subme­ tidos à reação de fixação do complemento, apenas um apresentou reação positiva à diluição de 1/10. Pro­ cedida à captura deste cão, foi constatado quadro clínico clássico de calazar. A pesquisa de parasitos foi positiva na cultura e nos animais inoculados com material de pele e vísceras. Análise isoenzimática

deste parasito mostrou tratar-se de L . ( L . ) c h a g a s i.

Os resultados da RIFI para estes mesmos animais, empregando como antigeno promastigotas de

L . c h a g a s i, revelaram 11 cães positivos à diluição de 1/40. Um dos cães era o mesmo que havia sido positivo na RFC, e no qual já havia sido confirmada a leishmaniose visceral. O exame clínico dos 10 cães restantes revelou aspecto normal em 3 e, nos outros sete, pequenas lesões tegumentares. Biópsia da pele desses animais foram inoculadas em hamster, ocor­ rendo desenvolvimento de lesão tegumentar em 4 casos. Os parasitos foram isolados e caracterizados

isoenzimaticamente como L . ( V . ) b r a z ilie n s is .

DISCUSSÃO

É inquestionável a contribuição dada por me­ todologias sorológicas nos levantamentos epidemio­ lógicos de doenças endêmicas, notadamente na leishmaniose visceral. Contudo, quando os resultados da sorologia são utilizados como medidores da pre­

valência da doença, é preciso ter-se um bom estudo da sensibilidade e, principalmente, da especificidade do método empregado. Caso contrário, pode-se estar manipulando taxas de positividade equivocadas o que leva a falso conhecimento da gravidade da endemia na região.

Isso posto, este trabalho foi desenvolvido face a preocupação com o fato de a SUCAM14 estar utili­ zando os índices de positividade observados em inquéritos sorológicos caninos, através da reação de imunofluorescência indireta, como indicadores das taxas de calazar canino no País. A preocupação justifica-se pelo conhecimento da existência de vários estudos demonstrando dificuldades na identificação específica dos anticorpos contra tripanosomatídeos através da RIFI, em soros humanos 26 810 Procurou- se por isso mesmo verificar se este fato ocorria também com material proveniente de cães. Para tanto, iniciou- se por testar eluatos de sangue de cães experimental­ mente infectados, utilizando cães criados em biotério, para evitar o risco de infectar cães aparentemente sadios, mas que poderiam estar com infecção inapa- rente, o que falsearia os resultados. Uma segunda preocupação foi a de avaliar sorologicamente os animais somente quando já houvessem decorrido pelo menos 3 meses do inoculo infectante, quando já havia

sido demonstrado o parasitismo por L e i s h m a n i a ou

T r y p a n o s o m a , e decorrido tempo suficiente para a formação de possíveis imunoglobulinas G específicas.

Quando se estabelecia o protocolo para realizar as reações sorológicas surgiu a questão de qual seria a

espécie de L e i s h m a n i a , dentre as que ocorrem no

Brasil, mais adequada para ser usada como antigeno na RIFI. Para responder a esta pergunta, realizaram-

se os testes comparando promastigotas de L . c h a g a s i,

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Costa CA, Genaro O, L a n a Aí, M agalhães PA, D ias M , M ich alick M S M , M elo M N , Costa R T , M agalhães-Rocha NM , M a y rin k W. L eishm aniose visceral canina: avaliação da metodologia sorológica utilizada em inquéritos epidemiológicos. R evista da Sociedade Brasileira de M edicina Tropical 24: 21-25, jan-m ar, 1991

encontradas no nosso meio, e que representam os três complexos encontrados na América.

Os resultados apresentados na Tabela 1 mos­ tram que a sensibilidade da reação, independente­

mente da L e is h m a n ia utffieada como antígeno na

detecção de casos de calazar canino, é elevada (87,5%), não havendo diferença significativa entre as três espécies empregadas. Sob o ponto de vista técnico a constatação é interessante, pois facilita a execução da técnica, mesmo em laboratórios que não contam com facilidades para cultivar diferentes espécies de

L e is h m a n ia . (Neste caso, sugerimos que seja utili­

zada L . m e x ic a n a , pela facilidade do seu cultivo in

v itr o ).

Feita esta abordagem inicial, partiu-se para avaliação da reação em aluatos de sangue de cães infectados com diferentes tripanosomatídeos. A aná­ lise da Tabela 2 revela que a reação fornece resultado cruzado, em altas taxas, com leishmaniose tegumentar (75%) e doença de Chagas (83,3%), de modo seme­ lhante ao observado com infecções humanas^ 8 Confirma-se, pois,' nossa preocupação inicial.

Uma vez concluído o estudo com cães expe­ rimentalmente infectados, foi realizado um levanta­ mento epidemiológico da leishmaniose canina, oca­ sião em que se procurou comparar a sorologia reali­ zada pela reação de fixação do complemento com a imunofluorescência indireta.

O número de testes positivos foi significativa­ mente maior com a RIFI (11) que com a RFC (01). Contudo, quando foram procedidos exames comple­ mentares verificourse que apenas um caso realmente era de calazar, e que este havia sido detectado por ambos os processos. Dos demais casos detectados pela RIFI, em 4 constatou-se tratar de leishmaniose

tegumentar causada pela L . ( V .) b ra zilie n sis. Isso

confirma os dados obtidos com material de infecção experimental e reforça atese de que a RIFI, em eluatos de sangue canino, promove diagnóstico de tripano­ somatídeos, não devendo seus resultados serem uti­ lizados como indicadores de infecção leishmaniótica específica.

Entendemos que os resultados aqui apresen­ tados permitem concluir que os índices atribuídos à

infecção canina pela L . c h a g a si, medidos pela soro­

logia com a reação de imunofluorescência indireta, não correspondem à realidade, haja vista que são comuns as áreas de superposição de calazar com leishmaniose tegumentar e doença de Chagas em nosso País13 e que, como mencionamos, o cão é encontrado parasitado pelos diferentes tripanosoma­ tídeos. Por outro lado, achamos que a utilização da RIFI em levantamentos epidemiológicos de infecção canina toma-se justificável a partir do momento em que ela for usada com objetivo de detectar cão parasitado e sua conseqüente eliminação,

contri-buindo assim para a diminuição das fontes de infecção de três importantes endemias do nosso meio. Contudo, ressalvamos que estes dados não devem ser usados como indicadores da prevalência do calazar canino, mas sim da taxa de infecção por tripanosomatídeos.

S U M M A R Y

A com pa rative stu d y w as m a d e o f eluates o f the blood o f dogs exp er im en ta lly infected w ith different trypanoso-m atids. U sing an tig en s prepa re d fr o trypanoso-m p rotrypanoso-m astig o tes o f

Leishmania mexicana, L. braziliensis a n d L. chagasi,

a ssessm en ts were m a d e b y th e ind irect im m unofluorescence test. T he results sh o w ed a sensitivity o f 8 7 ,5 % in the d iag nosis o f ca nine visceral leishm aniasis, in d ep end en t o f antigen used. C ross-reactions occurred in 75% o f cases o f cutaneous leish m a n ia sis a n d 8 3 ,3 % o f dogs w ith c h a g a s’ disease. A n ep idem iological survey in a n area o f leish­ m a n ia sis confirm ed th a t im m unofluorescence tests on eluates o f d o g s’ b lo o d g iv e cross-reactions betw een L . braziliensis

a n d L. chagasi. T he results suggest th a t such testing cou ld be useful in p u b lic health cam p a ig n s b u t atte ntion is draw n to th e fa c t th a t th e level o fp o sitiv e reactions ca n n o t be u sed as an in dic ato r o f the prevalen ce o f canine kala-azar.

Key-words: Leishmania chagasi. C a n in e kala -aza r. Im m unofluorescence.

AGRADECIM ENTOS

Somos gratos ao Dr. Sebastião Gonçalves de Lima, Diretor regional da SUCAM em Minas Gerais, pela facilidade proporcionada ao inquérito epidemio­ lógico, e aos Srs. Jair Cedlio de Paula, Raimundo Luiz Pinto e Floriano de Souza Oliveira, pelo apoio técnico.

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Referências

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